Ultrapassando Feitiços II
Capítulo IX
Ultrapassando Feitiços
Segunda Parte
Gina encostou-se no batente da porta e ficou a admirar o interior do aposento. Estava bastante escuro, muito embora uma pouca luz da lua entrasse por uma fresta da cortina e iluminasse a cama de Peter.
O garotinho dormia tranqüilamente, suspirando com calma de vez em quando, parecendo sorrir, como se estivesse tendo um sonho bom. Deu um beijo no filho antes de sair para a biblioteca.
Remexeu alguns pergaminhos empilhados sobre a mesa e sorriu ao notar que tinha dormido por mais de doze horas.
-Noctívaga...- ela observou, antes de assinar mais alguns convites tanto da sua festa como da de Peter, e enviá-los ou pela lareira, ou pelas corujas da casa.
Ainda ficou olhando por um tempo para o convite a ser enviado para Draco. A letra caprichada e o nome de casada... antes que se arrependesse ou de convidá-lo, ou de ter botado o sobrenome Malfoy, entregou-o a uma última coruja parada na janela.
-Entregue isso em mãos, OK?- ela pediu ao animal- Se não encontrá-lo, traga de volta!- e viu a ave sumir no céu escuro.
No entanto, assim que a ave desapareceu, Gina pensou se tinha feito o certo realmente, continuar usando seu nome de casada.
-Você ainda o ama, Virgínia...- uma vozinha da verdade falou dentro dela, ao que ela sorriu.
Ela olhou para a mão esquerda, observando a aliança que Draco lhe dera assim que se casaram. Era um conjunto de três anéis, dois de ouro branco e um de ouro, entrelaçados um no outro. No meio havia uma pequena e singela imagem de uma rosa cruzada com uma espada.
Com receio, e talvez medo, ela tirou a aliança do dedo e guardou-a na gaveta da escrivaninha, trancando-a com magia e chave logo em seguida.
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A escada estava com um efeito transparente, quase fantasmagórico e insólito. No lugar de corrimões, havia cascatas de flores brancas, que liberavam uma doce essência de baunilha. No chão estendia-se um tapete de nuvens, dando às pessoas a impressão de que estavam flutuando. O teto fora encantado para mostrar o céu estrelado do lado de fora, e a iluminação do ambiente ficava por conta das estrelas.
Vários convidados circulavam pela sala, todos vestidos de um modo muito fino e elegante. Os convidados que chegavam paravam à porta para cumprimentar a aniversariante.
Gina estava radiante em sua festa. Ostentava um belo sorriso no rosto, demonstrando uma felicidade que há muito não sentia, e um brilho no olhar que há muito não era visto. Seu vestido era vermelho, com um decote na frente que valorizava seu busto e um enorme decote nas costas, que chegava até o cóccix. O tecido fino e delicado caía-lhe até abaixo dos joelhos, em pontas recortadas e desiguais, dando charme ao visual.
Seus cabelos estavam presos num meio coque atrás, deixando apenas algumas mechas enroladas caírem sobre os olhos. Estes estavam mais castanhos do que o normal, quase num tom vermelho intenso.
Ela cumprimentou alguns convidados, todos vestidos elegantemente, e certificou-se de que todos estavam sendo bem servidos. Viu seus irmãos chegarem, Rony acompanhado de Hermione, Fred e Jorge sozinhos, Gui com sua nova namorada e Carlinhos com sua mulher. Seus pais chegaram em seguida, minutos depois.
-Você está linda, irmãzinha.- Rony falou, ao que Gina prontamente agradeceu, com um gracioso beijo no rosto.
Gina andou por entre os convidados, verificando se estava tudo correndo bem. A música estava ótima, os comes e bebes melhores ainda, o clima estava perfeito...mas ainda faltava alguém...e ela sentiu seu coração doer ao perceber que provavelmente Draco não iria aparecer.
Remo e Narcisa apareceram mais para o fim da noite, já quase madrugada. Gina perguntou algo sobre Draco para Narcisa, mas esta não soube responder nada a respeito.
-E Harry e Luna?- Gina riu com a pergunta de Remo.
-Bem, eles provavelmente estão num dos cantos dessa casa enorme...- ela reparou no olhar que Remo lançou a Narcisa e acrescentou- mas vocês podem usar a biblioteca se quiserem- e riu em seguida, ao notar que ambos ficaram corados.
-Eu estava mesmo querendo ver os seus livros, Gina...- Remo falou, mostrando um meio sorriso.
-Eu posso mostrar o caminho até eles, Remo...
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Ele beijou-a com carinho, passando a mão pelos cabelos soltos e macios dela. Ouviu-a sussurrar algo em seu ouvido, com um timbre de gemido ou algo muito parecido. Aquilo apenas instigou-o a continuar com as carícias.
As luzes ligadas permitiam que ele visse cada reação contorcida de seu rosto, e cada mudança de intensidade no brilho dos belos olhos azuis. O cabelo loiro dela já estava um tanto desarrumado, mas nada que um bom feitiço não resolvesse. Os seus, bagunçados por natureza, passavam despercebidos.
-Harry, eu quero te dizer uma coisa importante...- Luna falou, ofegante, apoiada na escrivaninha, sendo abraçada e tocada por Harry.
-Eu também preciso te pedir uma coisa...- sem esperar qualquer resposta, Harry retirou do terno uma caixinha preta, pequena e aveludada- Quer se casar comigo?- disparou, deixando Luna sem ar. Nesse instante, a porta da biblioteca se abriu e por ela entraram Gina, Remo e Narcisa.
-Oras, mas vejam quem está por aqui.- Remo disse de um jeito quase feroz, no sentido de malicioso e divertido- Estamos atrapalhando alguma coisa?
-Não, eu só estava pedindo a Luna em casamento.- Harry falou, parecendo frustrado, ao que Gina, Remo e Narcisa riam.
-E eu estava prestes a dizer pro Harry que estou grávida.- os três que tinham acabado de entrar riram, de uma maneira quase inocente, enquanto Harry olhava da mulher para os amigos, perguntando-se se aquilo era verdade.
-Isso é sério?
-Claro que é, seu bobo.- Harry pegou na mão de Luna e puxou-a para fora da biblioteca- Com licença, mas a Sra. Potter e eu temos assuntos sérios a tratar.
-Certo, assuntos sérios.- Remo debochou.
-Você nunca vai perder esse seu senso de humor, não é?
-Querida, eu convivi com o Sirius, o rei do humor, por longos anos, você queria o quê?
-O meu Remo Lupin está de bom tamanho.- ela disse, dando um selinho no marido.
-Ótimo, estou sobrando aqui.- Gina observou- Fiquem à vontade, OK? A biblioteca é de vocês.
Gina saiu da biblioteca, deixando os dois a sós. Mais uma vez ela voltou para o salão principal, e ficou conversando durante algum tempo com alguns convidados, antes de dirigir-se para a sacada.
O vento ainda estava um tanto frio, mas era agradável ao toque. O céu, estrelado e brilhante, parecia sorrir para ela.
-Sabe,- uma voz falou atrás dela, fazendo-a virar-se- uma tradição persa diz que durante uma noite elege-se um rei ou uma rainha, e este decidirá que rumo tomará uma conversa.- era Draco quem falava.
Gina fitou os olhos dos ex. marido, notando um brilho especial neles. Estava belo, como sempre, mas muito mais charmoso e atraente. Ela adorava quando ele deixava o cabelo sem gel, de modo que caísse sobre os olhos, dando-lhe um ar sensual. E combinava seus cabelos loiros com uma elegante veste escura, geralmente preta.
Ela viu-o colocar duas garrafas sobre o parapeito da sacada, uma de vinho e outra de água, e duas taças ao lado.
-Se o rei ou rainha encher uma das taças com mais água, significa que só tratarão de assuntos importantes. Se colocar o mesmo tanto de água e vinho, tratarão de assuntos importantes e agradáveis. Mas se encher de vinho, o assunto será apenas o mais divertido, para ambos. Você é a rainha da noite, Virgínia.
Gina estranhou o tom que Draco usava. Era distante e, por vezes, cortante, embora mantivesse vestígios do tom que ele, quando ainda casado, usava com ela. A mulher pegou a garrafa de vinho e analisou-a.
-Chardonnay...- percebeu, com um sorriso. Ele não se tinha esquecido disso, afinal- ótima escolha. Encheu uma das taças até a borda- Você vai querer?- ele consentiu, ao que ela encheu a outra taça também.
-Proponho um brinde.- ele falou, erguendo a taça- À nossa felicidade.
-Perfeito.
Draco acompanhou Gina até os jardins, onde ficaram andando por entre as várias roseiras que ali havia. Conversavam, principalmente, sobre o passado, épocas em que ambos estavam felizes um com o outro. Em momento algum Gina tocou no assunto da separação ou qualquer coisa a isso relacionada.
O tom de voz de Draco, ao poucos, foi-se tornando mais disperso, displicente e mais parecido com o que Gina conhecia. Ela também notou que o olhar dele ficava a cada instante mais cativante e, até, carinhoso, como ela costumava ouvir quando ainda eram casados. Os assuntos, por sua vez, estavam mais íntimos, de modo que ambos comentavam sobre as melhores noites que tinham tido juntos.
-Draco, espere um pouco aqui, sim? Vou me despedir dos convidados.
Quando Gina voltou, encontrou um Draco pensativo, absorto em idéias. Olhava para lugar nenhum. Ela conhecia aquele olhar, claro.
-Se eu te pedisse para dançar comigo- ela falou, ao que ele desviou sua atenção para ela- você aceitaria?
Ele largou a taça de vinho que segurava e virou-se para ela. Lançou-lhe um olhar charmoso e sorriu-lhe, pela primeira àquela noite. Naquela hora, Gina viu o seu Draco parado à sua frente. Ele estava ali, afinal. O cabelo como ela gostava, caindo sobre os olhos, o brilho carinhoso no olhar cinzento, o sorriso romântico e sensual em seus lábios. Ali estava o Draco Malfoy com quem se casara, que a fizera feliz durante anos...e não aquele que a deixara e que a fizera chorar...
Draco ouviu um belo tango começar a tocar. Apanhou uma rosa, colocando-a sensualmente nos lábios, e agarrou Gina pela cintura, colando o corpo dela ao seu. Estavam sozinhos no salão, já que era bem tarde e todos os convidados já se tinham ido.
Ela sorriu para ele, sentindo seu cheiro inebriá-la, como há muito não sentia. Ficou trêmula nos braços dele e seu coração disparou, tamanha proximidade. Ele ainda mantinha o mesmo cheiro doce e excitante. Gina apanhou a flor dos lábios de Draco, com os seus próprios lábios, e lançou-lhe um olhar instigante, afastando-se dele em seguida, para logo chamá-lo com o indicador.
Tango. Esta era provavelmente a dança mais sensual que podia existir. Havia todo um processo de movimento dos corpos, que se entrelaçavam e se separavam, e mais os olhares e aquela pose com a flor vermelha que passava de uma boca a outra, em um ritmo sedutor e envolvente.
-Perdeu o ritmo, querido?- ela falou, retirando a flor da boca e lançando-a ao ex. marido. Ele apanhou-a no ar e levou-a próxima ao nariz, de modo que pudesse sentir o aroma dela.
-Jamais, Virgínia!
Draco e Gina eram perfeitos dançando. Havia uma harmonia de movimentos entre eles que encantava qualquer um. E mesmo depois de tanto tempo sem dançarem juntos, ainda mantinham perfeita sincronia, além de ser notório o encaixe de seus corpos, e os passos, e os olhares sensuais e sorrisos provocantes.
-Tinha esquecido de como era bom dançar assim com você...- ele comentou, assim que a puxou para mais próximo de seu corpo. Ele botou a rosa no cabelo dela e aproximou sua boca do ouvido de Gina- Eu já disse que você está linda?- ela estremeceu nos braços dele.
Draco não sabia explicar o que aquela proximidade com Gina causava nele. Durante todos os meses que estiveram separados, não tinha mais pensado nela. Porém, naquele momento, a beleza dela o encantava, seu perfume o inebriava, sua mente não pensava...seu corpo reagia a um simples toque...
Sem medir seus atos, Draco roçou seu nariz ao de Gina e encostou seus lábios nos dela, sentindo o hálito quente e gostoso dela, aguçando-lhe os sentidos. Ela deixou-se levar pelo momento, até porque, mesmo se quisesse, não conseguiria impedir Draco de beijá-la. Seu corpo já estava trêmulo demais, sua boca ansiava por um beijo, seu corpo pedia pelo dele.
-Você lembra...- ela começou.
-Shhh...- ele pediu, passando o dedo levemente sobre os lábios dela e logo depois beijando-a.
A princípio um carinhoso, sem pressa. Porém, a cada instante, tornava-se mais agressivo e envolvente, apaixonado e excitante. As mãos dele passeavam pelo corpo dela, e ela fazia movimentos circulares na nuca dele, com os dedos.
Pela segunda vez, o beijo que eles trocavam era mais do que um beijo. Gina explorava a boca de Draco de um jeito ansiado, e ao mesmo tempo sensual. Seus corpos tremiam, seus corações batiam descompassados e, por vez ou outra, paravam um instante, deixando-os ainda mais sem fôlego. Dentro deles uma música parecia ecoar, incitando-os a continuarem e ousarem mais nas carícias.
Draco sentia-se, ainda, um pouco preso a seu próprio corpo. Seu coração dizia que queria o corpo de Gina colado ao seu, mas sua mente sussurrava que ele não podia, que era errado.
Aos poucos os sussurros desapareceram, dando lugar a um sentimento puro, que voltava com toda a força da saudade. Draco ousou passar a mão por toda a extensão do corpo de Gina. Deslizou seus dedos sobre o fino tecido do vestido, percebendo que, por baixo dele, ela não usava nada.
Gina, por sua vez, tremia com o toque dele, e assim como ele, sentia a necessidade invadir seu corpo, pedindo mais proximidade, pedindo aquela sensação de prazer infinito que só Draco, um dia, soubera lhe dar.
O sabor do beijo dele, somado aos toques e sussurros em seu ouvido, dava-lhe uma sensação de plenitude. Àquele momento tudo estava perfeito, mais do que certo. Os braços dele a envolviam como há muito ela queria, e o beijo dele já se tornava tão exigente que apenas mais beijos e mais toques não suportariam por muito tempo.
Tendo noção disso, Draco levou a mão aos cabelos dela, soltando, sobre os ombros, os cachos bem definidos e muito vermelhos. Em seguida, baixou uma das alças do vestido, parando por um instante para olhar a fundo os olhos dela. Estes tinham um brilho afogueado e doce, que visivelmente davam-lhe permissão para continuar com seu intento. Em instantes, Draco apreciava com carinho e, ao que Gina pôde ver estampado no brilho dos olhos cinzas dele, amor.
Um amor que há muito ela não via. Havia doçura e paixão, misturados com excitação e desejo. Era aquele brilho típico de quando os dois ainda eram casados. Um sentimento que os aquecia e os completava. Uma unção de corpos, um transbordamento de almas...
Nenhum dos dois falou nada, nem em consentimento e muito menos em protesto. Apenas deixaram-se levar pelos seus corações, que agora ordenavam que juntassem seus corpos logo, que se fizessem um do outro novamente, depois de tanto tempo separados.
Gina retirou apressada o sobretudo de Draco, jogando-o para longe. Abriu rapidamente a camisa dele, arremessando os botões, que ricochetearam nas paredes. Ele, por sua vez, desceu a outra alça do vestido dela, descendo-o até os ombros para logo o tecido fino deslizar pelo corpo dela e ficar esquecido no chão.
Ele apreciou o belo corpo dela por um instante, antes de atrever-se a tocá-lo. Delicadamente levou uma das mãos aos seios dela, envolvendo-o com carinho, ao mesmo tempo que apanhava seus lábios num beijo de tirar o fôlego.
Com a outra mão, puxou-a pela cintura até colar seu corpo com o dela, de modo que a distância entre eles diminuísse consideravelmente, tornando-se quase inexistente.
Por alguns poucos minutos Draco ainda manteve-se de calça, e apenas aproveitava o prazer que o toque dos seios dela com o seu peito lhe proporcionava. A pele dela continuava tão macia como ele se lembrava, e o beijo tão doce como sempre fora, e os toques tão carinhosos e arrebatadores como só ela podia ter.
Carinhosamente ele deitou-a sobre os degraus da escada, protegendo a cabeça de Gina com o braço. Com um mínimo esforço, desfez-se da calça e de qualquer outra roupa que ainda estivesse usando.
E ele ainda passou os dedos levemente por todo o corpo dela, fazendo-a tremer e gemer baixinho, para sua própria satisfação. As expressões de prazer do rosto de Gina deixavam Draco de um jeito que nem ele mesmo sabia explicar. Era como se ele estivesse completamente dominado por aquela mulher, e que apenas o prazer dela o satisfazia ao máximo.
E Draco certamente não esquecera como fazê-la sua. Não esquecera dos toques que a excitavam e nem das palavras que ela tanto gostava de ouvir quando faziam amor. E muito menos do olhar carinhoso e apaixonado que ele lhe lançava um instante antes de unir-se a ela.
Virgínia sorriu para ele, extasiada. Sentiu o corpo de Draco comprimir-se contra o seu, proporcionando-lhe sensações devastadoras e vibrantes, maravilhosas em toda sua plenitude. Ele finalmente voltara a ser seu, depois de tanto tempo e tantos sonhos.
Não conteve algumas lágrimas que escorreram pelos seus olhos. Draco, amavelmente, levou os dedos ao rosto dela, limpando as lágrimas, quebrando o contato visual quando deu-lhe um beijo apaixonado, acompanhado de movimentos ousados de seu corpo.
Como que não se contendo, Gina buscou os lábios de Draco para um beijo muito mais violento e excitante, assim que sentiu o corpo dele tremer com mais força, e logo em seguida, o seu próprio.
Draco deslizou para o lado de Gina, mantendo-a próxima o suficiente do seu corpo, de modo que a distância ainda fosse quase nula. Abraçou-a com muito carinho, suspirando em seu pescoço, provocando arrepios em Gina. Ambos estavam cansados, deveras, mas nenhum parecia saciado.
Com um olhar que Gina lançou a Draco, ele percebeu o quanto ela o queria, e pareceu saber que ele mesmo a queria como, talvez, nunca antes. Não se sentia satisfeito pelo amor que tinham feito, queria algo mais ousado e muito mais demorado, se possível, que durasse a eternidade.
Ele aproximou-se para um beijo, longo e demorado, até que suas respirações se acalmassem, durante alguns poucos segundos, para logo depois tornarem-se pesadas e sem ritmo.
Gina sorriu para ele, que sorriu de volta, beijando-a em seguida, e carregando-a para o quarto.
Draco colocou-a sobre a cama, coberta com lençóis de cetim, e a temperatura gelada do tecido contrastou bruscamente com os corpos quentes dos dois, causando-lhes arrepios ainda mais excitantes.
Até ali, ainda nenhum dos dois tinham falado qualquer coisa. No entanto, mesmo sem palavras, ambos sabiam que o amor que sentiam naquele momento um pelo outro, era capaz de ultrapassar qualquer feitiço e quebrar qualquer barreira que os impedisse de se amarem.
Não havia forças contra as quais lutar sem ter a certeza de que venceriam e ficariam juntos. Não importava o quanto aquela noite iria demorar, ou se aquele sonho ira durar para além daquele dia ou não. O que importava é que, até ali, estavam juntos.
Mesmo sem saberem o que estava acontecendo entre eles, o porquê de certas atitudes do passado, com aquele ato, naquele dia, saberiam que aquele era um amor para sempre. Teriam a certeza de que, a partir dali, ninguém seria capaz ou teria força suficiente para separá-los, ou deixá-los separados por muito mais tempo.
-Eu te amo, Vi...- ele sussurrou baixinho ao ouvido dela, aninhando uma Gina adormecida em seus braços. Segundos depois, ele adormeceu também.
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Virgínia abriu os olhos lentamente, e sorriu ao ver um par de olhos cinzas fitando-a com carinho. Draco sorriu-lhe de um modo gentil e até romântico. Em seguida passou as mãos pelos cabelos dela, levando uma mecha para trás da orelha, para que ele pudesse ver melhor os olhos castanhos e brilhantes dela.
-Eu preciso ir...- ele sussurrou, quase que num lamento.
-Você vai voltar?- ela perguntou, sentindo o seu coração doer por notar que ele já estava de roupas, muito embora sua camisa não estivesse em um estado muito apresentável, já que estava sem botões. Draco apenas aproximou-se dela, beijando com carinho sua testa.
-Eu preciso ir...- ele repetiu, afastando-se dela.
Gina não fez nenhum movimento para impedi-lo de ir. Algo em seu coração lhe dizia que, talvez, ele demorasse a voltar, e que não tão cedo ele seria seu novamente, mas que, um dia, ele voltaria.
Assim que ele saiu, no entanto, não pôde deixar de sorrir e relembrar da noite que passaram juntos. Cada toque, cada beijo, cada gemido era memorável. Cada sussurrou desconexo soava como música de insanidade e prazer.
Minutos depois, logo que levantou-se da cama e vestiu-se, percebeu um embrulho pequeno sobre sua cômoda, junto a um cartão.
“Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Carinhosamente,
Draco Malfoy”
Virgínia abriu o pacote e retirou de lá uma pequena flor de cristal, pouco menor que sua mão. A luz que incidia naquele prisma em forma de rosa, formava um mini arco-íris, o que aparentemente parecia uma áurea a circular o objeto. No interior dele havia uma outra flor, só que dessa vez colorida e muito vermelha e bonita. A mulher lembrava-se do dia em que vira aquela flor, numa das lojas do Beco Diagonal. Estava com Draco e Peter...
“O letreiro dizia ‘Jewel’. Numa letra arranjada e cheia de voltas, muito bonita e elegante. Na vitrine havia apenas um objeto, que chamou muito a atenção de Gina. Era uma flor de cristal, brilhante, delicada, do tamanho da palma dela. Bem modelada, com uma sombra estranhamente colorida ao redor dela, como se fosse uma áurea.
Ela riu. ‘Áurea só existem em humanos, Gin...’ – ela pensou ‘Será mesmo?’. Draco olhou para a flor também, mas nele aquele objeto não exercia tanto fascínio e admiração como apenas os olhos de Gina demonstravam.
-É bonita, não é?- ela comentou, passando os dedos no vidro da vitrine- Parece tão perfeita e singela...”
Ela não pensara que Draco lembraria-se do fascínio que aquele objeto exercera sobre ela naquela noite. Era algo muito mais forte que ela, que a incitava a olhar para o objeto, tentar descobrir a magia dele.
Até ali não tinha descoberto qual era o encantamento daquela rosa de cristal. Porém, o fascínio era o mesmo, a beleza era ainda mais evidente de perto, e ao toque pareciam pétalas de verdade, macias e leves, embora fosse cristal. O cheiro era adocicado e agradável, rosas...definitivamente rosas. O brilho era intenso... era perfeito...
-MÃE!- Gina olhou rapidamente para a porta do quarto e viu Peter parado, com um sorriso de lado a lado do rosto. Ela colocou a rosa de lado e abriu os braços para receber o filho.
-E então, meu amor, como foi na casa da Kathy?
-Eu queria estar aqui no aniversário da senhora, mas a senhora disse que a festa não era para crianças...- ele falou, com a voz ressentida, embora mantivesse um belo sorriso no rosto.
-Mas você não teria gostado da festa, meu amor. Ela foi chata.- ela disse, fazendo uma careta engraçada.
-Só tinha adultos, claro que tinha que ser chata. Adultos são chatos.- ele disse, ao que Gina fez uma cara indignada.
-Hei, eu sou uma adulta!
-Você é uma exceção à regra, mãe!- ele tratou logo em dizer.
-Ahan, sei! Você só diz isso porque é meu filho.
-E você é minha mãe que eu amo muito...- ele falou, dando um selinho nela- Eu te amo, mamãe. Parabéns.- e entregou-lhe um embrulho gracioso, pequenino.
Ela abriu-o e retirou de lá um pequeno cordão com um pingente de meio coração. De um lado era liso, apenas um brilhante de cristal. Do outro lado, gravado com letras caprichosas, estava o nome de Peter.
-A outra parte está comigo. Tem seu nome atrás- ele mostrou uma outra metade do coração, na correntinha em seu pescoço- Assim estaremos sempre juntos.- ela sorriu para ele, abraçando-o com força, sentindo lágrimas escorrerem abundantes pelo seu rosto.
-Eu te amo tanto, meu amor...- ela sussurrou, apertando-o um pouco mais, sem machucá-lo, como se quisesse que o filho nunca mais saísse de seus braços- Eu te amo, Peter...muito...muito...viu?- ele abraçou-a de volta, com toda a força que conseguiu reunir.
-Eu também te amo muito, mamãe, mais do que qualquer outra coisa nesse mundo todo...
Assim que se afastaram, Gina limpou as lágrimas e olhou para o filho, vendo uma cópia praticamente perfeita de Draco. A não ser pelo fato de que os olhos de Peter eram bem mais claros que os do pai e, de certo modo, transmitiam muito mais amor e carinho, e o gênio da criança não era, obviamente, de um Malfoy.
-Bota pra mim?- Gina estendeu o cordão e Peter apanhou-o, colocando-o em volta do pescoço da mãe.
-Está lindo.- ele comentou.
-Obrigada, meu amor. Obrigada por ser o filho que é para mim...
-Obrigado por ser a mãe que é para mim...- foi a resposta dele.
Gina não agüentou e abraçou-o mais uma vez, voltando a chorar, desejando mais uma vez que Peter ficasse ali, para sempre ao lado dela.
-Mamãe, a senhora está bem?
-Sim, Peter...eu só quero que você fique um pouquinho comigo, está certo?- Peter fez a mãe deitar-se novamente na cama, cobrindo-a em seguida, e deitando-se entre os braços dela.
-Está bem assim?- ele perguntou, aninhando-se mais nos braços da mãe.
-Está perfeito!- ela deu um beijo no alto da cabeça do filho, começando a entoar uma bela música, quase sussurrando. Peter acompanhava-a de vez em quando, nos trechos que conhecia da melodia. Em poucos minutos, ambos estavam dormindo, num abraço aconchegado e confortável.
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