Dilema de Vida ou Morte

Dilema de Vida ou Morte



Draco estava muito confuso depois de toda a confissão de um plano que ele fora envolvido sem saber e acabara se apaixonando por alguém que estava destinado a ser o futuro Lorde das Trevas. Alguém que na verdade sempre fora ele, mas dentro de um outro corpo. E ainda por cima, Ellen gritara algo em sua mente que ele não via nexo.


Estava paralisado, sem saber no que pensar... “Me apaixonei pela versão feminina do Lorde...” aquela frase se repetia diversas vezes, enquanto encarava Ellen sentada no chão, parecendo se enfraquecer cada vez mais, cada segundo que passava, parecia que um pouco das suas forças se esvaiam, como se tivesse sido envenenada.


Draco não sabia o que pensar, ele não ouvia o que estava acontecendo, enquanto seu pensamento havia travado, não conseguindo engolir sobre ter se apaixonado pela versão feminina do Lorde. Seus olhos encararam os de Ellen e foi como se ela conseguisse passar por eles uma mágoa sem igual, uma decepção... como se ele não visse o mais óbvio dos óbvios, como se a última esperança dela tivesse finalmente morrido. Então finalmente ele entendeu.


“Me apaixonei pela versão feminina do Lorde, mas então pq ele quer matá-la? Pq, então, ele colocaria uma Horcrux dentro dela, se no fim iria matá-la?” Pq na verdade não era a Horcrux que ele mataria... era a verdadeira alma de Ellen. A que olhava para ele naquele momento, magoada por ele nunca ter notado a diferença entre ela e a alma do Lorde. Por ele nunca ter reparado que ela existia. Agora ele via nexo no que ela havia dito!


Se só houvesse a Horcrux, então pq ela lhe dera um presente, para que ele não se sentisse solitário? Pq então, ela parecia ter se condoído por ele, quando ele lhe contara sua história? Pq ficava tão feliz por poder dançar? Pq salvara sua vida, em um duelo tão avançado, onde um deslize poderia levar à morte? Pq ela ficara encantada quando, finalmente, dera o primeiro riso sincero de sua vida? Aquilo não era característico do Lorde!


Se só houvesse Ellen, então pq ela iria lhe derrubar leite quente, pisar em seu pé e lhe dar respostas mal-criadas todo o tempo? Pq se vingaria dele dos piores modos? Pq ela iria sempre gostar de mandar nele? Ter sempre aquele tom autoritário e arrogante. Gostar de pisar nas pessoas, indiferente se aquilo machucaria profundamente ou superficialmente. Sempre ter aquele olhar frio e analítico.


Eram personalidades diferentes demais para pertencer a uma única pessoa!


Mas afinal, o que ele queria?


Ele queria a Ellen vingativa, fria, calculista. Ou aquela Ellen meiga, preocupada, atenciosa ao ponto de, mesmo com todos os seus próprios problemas, ainda ter tempo de pensar se ele ficaria solitário e fazer um relicário?


Finalmente ele havia entendido que sempre existira duas almas dentro dela. E, justamente a alma que ele havia se apaixonado, iria morrer quando ele completasse o ritual, pq na verdade o único empecilho para ele conseguir o que queria era a alma verdadeira dela. Ele finalmente se abriu para o que estava acontecendo, vendo que o Lorde já erguera a varinha, preparando para atirar o feitiço letal, que mataria aquela por quem tinha se apaixonado.


Ellen já estava deitada no chão, olhando para ele ainda, como se, mesmo com a sua mágoa, ela ainda quisesse morrer olhando para ele, seus olhos brilhavam e ele notou que ela estava chorando. Ela mesma estava deixando-se morrer, ele não podia deixar, não podia. Mas se ele interferisse, ele que iria morrer. Mas viver sem ela valeria a pena? Seria a mesma coisa? Claro que não, se era para morrer, que morresse à ambos. Imaginar sua vida sem ela, voltar ao mesmo marasmo de sempre? Nem pensar, se tinha que fazer alguma coisa, o momento era esse.


Num ato desesperado, instintivamente ele se jogou à frente dela, ou o máximo que dava, na distância que havia, e, erguendo a varinha pronunciou o primeiro feitiço que lhe veio à mente, não sabia nem mesmo o que iria fazer, ou que feitiço, ele não podia deixar de fazer alguma coisa e nem parar para pensar o que fazer, o momento era exatamente aquele. “Fui um tolo, era isso que ele queria, que eu acreditasse que só existia a parte má e assim, a parte boa, percebendo que eu dera para trás, não iria resistir à continuar existindo, facilitando o caminho dele para conseguir deixar só a sua Horcrux!”


Ele não soube o que proferiu, a única coisa que desejava era que o feitiço a salvasse, que o feitiço não a deixasse morrer. Foram segundos tétricos, quando repentinamente parecia ter acontecido uma explosão, uma luz branca muito forte, quando o feitiço letal parecia ter se chocado com o de Draco.


Todos estavam com os braços por cima dos olhos e tinham se atirado para o chão e, assim que a luz amenizou, todos, o Lorde, Draco e Lúcio, levantaram para ver o que havia acontecido, além de verem o estrago.


O gramado estava todo queimado, as árvores também pareciam mortas, sem folhas em um raio de uns 50 metros. Só havia um lugar com vida que era exatamente onde estava Ellen, esta ainda deitada sobre o gramado, com uma redoma de uma luz prateada à sua volta. Draco estava espantado, como Lúcio, mas o Lorde estava terrivelmente furioso.


Aquele maldito feitiço novamente! Virou-se para Draco, seus olhos vermelhos cintilantes, assassinos, furiosos...


— Você deixou de ser um ajudante para ser um empecilho, Malfoy. Eu não sei onde aprendeu esse feitiço, mas eu te garanto que ele não pode ser feito em você mesmo. E ninguém está aqui para fazê-lo por você. Dê adeus à sua vida.


Draco estava frito agora, enquanto o Lorde levantava a varinha, furioso. É, ele tinha razão, no livro dizia que aquilo só podia ser feito por outra pessoa e, ali, não havia ninguém que pudesse fazê-lo para ele, conhecia seu pai sobejamente. Mas, mesmo estando para ser morto, Draco o encarava sorrindo, pois ao menos ele morreria sabendo que finalmente tinha feito alguma coisa de útil na sua vida e que não vivera totalmente em vão. Pela primeira vez se sentiu corajoso diante da morte que praticamente era certa. Se ele se salvasse dessa situação, o que era improvável, ele saberia o valor da coragem e já sendo conhecedor do sabor da vitória.


Toda aquela situação era uma coisa muito irreal, Lúcio Malfoy ali, estava ainda estirado no chão, olhando do filho para o Lorde. Se o Lorde matasse seu filho... não era uma grande perda mesmo. Draco sempre fora um estorvo em sua vida, sempre atrapalhando e, sempre que precisava fazer alguma coisa, não fazia certo e quando não precisava, fazia a pior das besteiras. Mas ele, apesar de tudo, tinha de reconhecer que o menino tinha muita coragem. A coragem que ele nunca teve. Onde que aquele moleque estava com a cabeça de bater de frente com os interesses do Lorde, estragar seus planos e ainda sorrir mesmo sabendo que morreria? Será que havia alguma semente de loucura na família da Narcisa? Ah, claro que sim... aquela Belatrix não era sua irmã e não era uma total lunática? Será que ela passara o gene para Draco e todos os Blacks e seus descendentes tinham pré-disposição à loucura? Aquele Sirius Black também diziam que era louco...


Mas, enquanto Lúcio ficava pensando, ele notou algo, que nenhum dos dois estivera notando, pelo ângulo que estava. A garota estava se levantando do gramado esforçosamente, enquanto ambos estavam falando, ou melhor, só o Lorde. A Redoma Prateada a seguia, por onde passava, parecia que a Redoma fazia com que a vida retornasse. Que maldito feitiço Draco havia feito?


Repentinamente a Redoma Prateada parecia ter aumentado, mas nem Draco, nem o Lorde estavam notando isso. Mas Draco sentiu quando alguém caía sobre si, parecendo ter perdido o equilíbrio. Draco voltou-se para a pessoa, dando de cara com Ellen, agora em seus braços. Ela então, tentou falar, e falou com muito esforço.


— Eu... estou aqui... pra te proteger. – ela então sorriu, mas fechou os olhos logo em seguida, parecendo muito cansada mesmo.


Onde estava agora a cinidez fria, a arrogância e a altivez do Lorde? Tinha se acovardado dentro de Ellen, deixando a verdadeira na berlinda? Agora ele tinha a prova de que valia a pena, sim, proteger AQUELA Ellen, frágil, que tinha lhe ensinado o que era ser amado, mesmo que ela não o amasse do jeito que ele a amava, apenas tendo-o como um amigo.


Ele não sabia bem como ela poderia protegê-lo estando tão fraca daquele jeito, mas então percebeu que não estava só, que lutaria até o fim. Pq agora ele via um motivo para lutar. Não queria ser um fraco como o pai, vivendo à sombra de um poder que nunca seria dele, pois ele tinha descoberto que nada vinha fácil e que se o Lorde chegou à onde estava, ele também devia ter feito alguma coisa, ele só tinha escolhido o lado à seguir errado. Não queria ser uma sombra como seu pai, pq descobriu o sol no olhar de Ellen.


Quando olhou para o Lorde, pronto para lutar até o fim, percebeu que o Lorde é que não estava disposto, mas pq? O Lorde olhava para os dois com um ar estranho, era como se ele estivesse avaliando alguma coisa. Sim, ele estava mesmo avaliando.


O Lorde olhava para a Redoma Prateada e sabia que nunca conseguiria atravessá-la, nenhum feitiço seu iria destruí-la. Valia à pena viver mais anos como um nada? Não... mas ele iria esperar, ainda tinha um ano para conseguir completar seu plano e, com certeza, o corpo dela seria dele, custasse o que custasse. Mas no momento era melhor esperar.


— Você pode ter ganhado dessa vez, Malfoy, mas eu voltarei para pegar o que é meu por direito e você vai ser tão odiado por mim, quanto o Potter.


— Esperarei o tempo que for. – ele falou, compreendendo agora que, aquele feitiço que ele havia feito, estava à sua volta e que o Lorde era incapaz de atravessá-lo. Ellen acabou salvando sua vida e protegendo-o da morte certa!


Recebeu um olhar frio e indiferente, ele então olhou para Lúcio, que agora estava ficando de pé, olhando para o filho com ar um pouco irritado, mas ao mesmo tempo estava ainda um pouco amedrontado pelo que tinha presenciado, meio perplexo.


— Não espere que eu o aceite novamente em casa. – ele falou com ar arrogante de sempre.


— Não esperava outra coisa de você. Mas lhe garanto que ao menos eu deixei de ser uma sombra, pra ser uma pessoa. Você não merece nem minha piedade, pa-pai.


Lúcio pareceu se zangar, mas não revidou as palavras do filho, enquanto aparatava, provavelmente para a Mansão Malfoy. O Lorde também aparatou dali logo após, Draco sem saber qual destino. Mas ele sabia que estava vivo e ele tinha salvado Ellen.


A Redoma se desfez em um pó prateado, que começou a refazer toda a vida que o feitiço letal do Lorde havia provocado. Tudo à volta voltou à ter vida, mas então, quando voltou-se sorrindo para Ellen, ele enregelou-se totalmente. Pq Ellen não se movera nem milímetros, desde que se atirara em seus braços?

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