Nada Como uma Boa Fofoca

Nada Como uma Boa Fofoca



Draco estava lendo o mesmo livro que a muito tempo Ellen havia comentado. Ele escondia aquele livro em seu quarto desde o dia em que o Lorde havia mandado-o guardá-lo na biblioteca e, naquele mesmo dia, descobrira o que era tão importante que o Lorde não queria que ele soubesse. Sempre que podia, estava a ver os feitiços que havia ali dentro, pois era realmente interessante. Absorto na leitura, ele simplesmente não dava muita importância a algumas explosões que se seguia na casa, enquanto seus olhos passavam pelas palavras, absorvendo conhecimentos. Nunca havia realmente se interessado em ficar lendo os livros da Biblioteca da Mansão e descobrira que lá havia um arsenal gigante de feitiços de todos os estilos.

Depois de mais algumas horas, os barulhos causados pela casa começaram a se intensificar e ficarem mais altos. Tudo bem que já fazia alguns anos que o Lorde estivera ensinando algumas coisas a Ellen que fazia um barulho, que nem mesmo os feitiços de isolamento conseguiam fazer com que o som não reverberasse pela casa, mas nunca chegara àqueles níveis.

Fechou o livro calma e vagarosamente, olhando para a porta, escondendo-o em seu esconderijo. Foi até lá, abrindo-a com cuidado, observando o corredor. Os barulhos estavam bem altos e os quadros estavam totalmente agitados e berrando, como se estivesse acontecendo uma catástrofe. Foi seguindo em direção dos barulhos que tornavam-se cada vez mais altos e chegavam a níveis ensurdecedores, pensando se Ellen ainda estava viva depois da quinta explosão que ouvia. Talvez estivessem atacando a casa e Ellen poderia estar no meio. Quando o barulho praticamente tornara-se insuportável, ele finalmente viu o que acontecia.

Estava longe de ser um ataque. O Lorde e Ellen duelavam no meio do Hall de entrada e já haviam destruído mais da metade dos quadros, paredes, corrimões e portas. Draco estremeceu, enquanto via Ellen utilizar feitiços que ele nem em sonhos pensavam existir e com uma habilidade que nem imaginava. Descobrira que Ellen não brincava, quando dizia que podia acabar com ele em um agitar de varinha.

Por um triz um dos feitiços de Ellen não tinha atingido o Lorde e até mesmo o Lorde pareceu finalmente demonstrar alguma coisa no rosto ofídico. Um certo espanto, enquanto Ellen sorrira com um ar maldoso nos lábios. Um brilho perspassado no olhar de Ellen, enquanto repentinamente tinha-se feito uma pausa naquela guerra.

Não podia imaginar que Ellen pudesse igualar-se tão jovem com o Lorde das Trevas, já que provavelmente deviam estar brigando à horas seguidas sem parar. Nem Draco com todos os seus estudos se igualaria aos pés do Lorde. Ellen estava praticamente igual e era cinco anos mais jovem que ele.

Houve uma explosão forte, quando dois feitiços se colidiram no ar e todos os três, Draco, Ellen e o Lorde foram jogados para trás e agora Draco pensava seriamente se a casa não desabaria. Para os olhos incrédulos de Draco, viu quando o Lorde e Ellen novamente se levantaram, ambos feridos, cheios de arranhões e cortes pelo corpo, retornando aquela luta insana.

— Era nisso que queria que me tornasse? – Ellen tinha dito no meio da guerra, fora nesse instante que Draco notara que ela não falava os feitiços, enquanto lutava, fazendo-o arrepiar-se mais – Mais uma seguidorazinha, um pouco mais competente? – uma risada tinha cortado o ar naquele instante, Draco encolhendo-se inteiramente. Nunca vira Ellen rir daquela maneira, era impressionante como, dentre todos os risos que a ouvira dar, aquele conseguia ser de arrepiar a espinha. E ele que pensava ser o rei da cocada... ela o superava com o dedo mindinho.

— Tenho objetivos melhores pra você. – foi a resposta do Lorde e Draco reparou melhor, ele parecia extremamente satisfeito por estar sendo igualado com ela. Como ele podia ter satisfação de ter uma garota com poderes igualados ao dele!?

— Particularmente, eu preferiria estar fora do seu roteiro de objetivos. – Ellen acabara de desviar-se de um feitiço do Lorde naquele instante, olhando exatamente para o lado dele.

Draco não soube exatamente o que acontecera naquele instante, mas naqueles instantes em que os dois haviam trocado de olhares, ele tinha notado uma mudança mínima neles. Mas tinham voltado ao normal assim que ela voltara a encarar o Lorde.

Sentia-se inteiramente perdido naquele instante. Onde estava seu pai? Onde estava sua mãe? ONDE ESTAVA TODO MUNDO? Nem os elfos pareciam estar agora na casa, será que só ele tinha sobrado no meio daquela guerra? Precisava procurar alguma ajuda para tentar parar aquilo antes da casa ir para os alicerces.

A primeira opção para que a casa não ficasse nos alicerces era ele mesmo partir para um dos lados. Mas ele mesmo achou aquela idéia ridícula. Além dele estar arriscando a pele e praticamente não fazer diferença sendo muito leigo, sabendo apenas feitiços básicos, teria de se decidir entre proteger Ellen, a quem amava apesar de ela parecer simplesmente tê-lo aceitado como um “não-inimigo”... tudo bem, naqueles últimos anos ela tinha se aproximado mais dele e provavelmente na concepção dela devia ser um amigo naquele instante, nisso a conseqüência seria do Lorde querer matá-lo mais tarde por aquilo, isso se não aproveitasse o meio da guerra para este objetivo. Ou ter mais confiança do Lorde de ficar ao lado dele e tentar derrubar Ellen, o que quebraria a confiança dela nele, além de ter o risco dela poder acabar morrendo o que não era exatamente o que queria (se ele realmente fizesse alguma diferença na luta, já que provavelmente ele tinha mais risco de morte ali). Por alguma razão ele não achava que ela era capaz de matá-lo, não que não fosse realmente capaz... mas pq ela mesmo não iria querê-lo. Idéia idiota, já que ela tinha toda a capacidade possível para isso. Demonstrara isso antes mesmo de completar 15 anos...

Enquanto Draco distraía-se tentando salvar a casa, mas ao mesmo tempo, sem arriscar a sua pele e quebrar a confiança nem do Lorde nem de Ellen, não notara quando um dos feitiços do Lorde foi desviado por Ellen, indo exatamente na direção dele.

Mas Ellen tinha notado e sabia que Draco jamais agüentaria o impacto daquele feitiço. Como em um piscar de olhos, sem nem mesmo pensar no que estava fazendo, ela aparatou exatamente a frente de Malfoy. Recebera todo o impacto do feitiço, sendo jogada, junto com ele, na parede. Mas aquilo não era nada, perto de feitiços bem mais fortes que já recebera e ao menos Malfoy tinha servido de “almofada” para não bater direto na parede, como sempre tinha ocorrido. Ao menos ele serviu pra alguma coisa...

— Você está bem, Ellen? – Draco perguntou preocupado, percebendo que ela não tinha utilizado escudo algum para deter o feitiço. Sabia que ele provavelmente morreria se recebesse o feitiço e não entendera pq ela tinha feito aquilo.

— Saia daqui, seu idiota. – ela continuava a duelar com aquela perícia, levantando-se rapidamente. – Vai morrer.

Mas, logo depois de dizer isso alguma coisa começou a acontecer. Ellen tinha se ajoelhado no chão parecendo zonza, será que o feitiço tinha aqueles efeitos? Mas o Lorde, assim que a viu ajoelhar-se, parou de lançar feitiços, caminhando rapidamente até ela. Ou melhor, até ELE.

— O que eu disse para você, Malfoy? – O Lorde perguntou com os olhos faiscando na direção de Draco que continuava ainda encarando Ellen que parecia lutar com alguma coisa invisível. O Lorde parecia totalmente alheio ao que estava acontecendo com ela.

— Des... culpe, milorde. – ele falou levantando-se rapidamente do chão, se afastando assustado.

— Saia daqui imediatamente, antes que te transforme em comida para Nagini.

Como um piscar de olhos, Draco saiu correndo dali, mas antes percebendo que Ellen estava estirada no chão e o Lorde tinha se virado para o lado dela, levitando-a e levando-a para algum lugar o que queria dizer que não havia morrido. “Tenho objetivos melhores para você...” o que ele queria dizer com aquilo?

Ficou em seu quarto pensando, mas ficara até que poucos minutos perto do que pretendia ficar. Seu pai tinha entrado no quarto, parecia calmo o que Draco mal-acreditou, será que TODOS sabiam que ia acontecer aquilo e só ele ficara na berlinda?

— Draco, vá arrumar o Hall de entrada. – falou seu pai de um modo calmo, como se Draco só precisasse varrer o Hall e não praticamente reconstruí-lo.

— Pq não manda os elfos? – perguntou ele, incrédulo pelo pedido do pai. Não queria ficar com os ouvidos doendo, já que provavelmente os quadros estavam reclamando um bocado lá embaixo.

— Você mesmo falou que esta casa está um tédio, Draco, estou arrumando coisas para você fazer, então, vá lá arrumar o Hall de entrada. Agora. – completou o pai ao ver a reticência de Draco.

Draco levantou-se nervoso. Ele e a sua boca grande e orgulho de querer tentar conquistar Ellen. Agora tinha que ficar engolindo aquilo! Draco foi indo até o Hall de entrada com a varinha e estava resmungando tanto quanto os quadros lá embaixo. Não ouvia as reclamações, mas teve uma que lhe chamou atenção, quando começou a reconstituir as paredes e assim, colocar alguns quadros no lugar.

— Olha a destruição que aquela garota pode produzir. – comentava um dos quadros para um outro que já se posicionava em seu lugar. – E ainda junto do Lorde das Trevas fica em dobro. – tinha uma voz realmente irritante o quadro que falara. Uma voz falsa.

— Já não basta dois, vem ainda uma terceira para infernizar. O Lorde quer o que? Mais um inimigo a altura para tornar as coisas interessantes? – falou um quadro gorducho ao lado.

— Bom, ao menos o sonífero que o Lorde colocou na taça dela hoje no almoço deu efeito. Duvido que os dois parassem de duelar até o dia seguinte quando os dois desmaiariam exaustos. Se a casa sobreviesse até lá...

Não que Draco era chegado a fofocas, principalmente vinda dos quadros, os fofoqueiros de plantão da Mansão. Já não bastava ter que arrumar todo o Hall, ainda tinha que ficar ouvindo as reclamações, apesar de que aquelas estavam sendo mais interessantes de se ouvir. Ao menos não ficavam reclamando dos elfos que não faziam o trabalho direito de limpá-los, ou do pouco caso da família com os descendentes mais velhos, ou então como Draco era a vergonha da família... Esse provavelmente era o assunto que mais os agradava a falar, principalmente perto dele. Mas parecia que tinham arranjado um assunto mais interessante para falar aquele momento... e era tão interessante que também chamara o interesse de Draco.

— Acha que foi um sonífero que ele colocou na bebida dela? – perguntou um outro, com ar de quem não acredita.

— Seria estranho, admito, preferia que fosse veneno... mas, que eu fiquei sabendo, ele ensinou-a a perceber quando a comida contem poções. Sabe, naquela época em que ela ficou de depressão...

— Mas não há outra explicação, o feitiço que ele atirou era para atordoá-la e não para fazê-la desmaiar!

— Isso não tem importância agora!

— Isso mesmo. Você ouviu o que ele disse no meio da luta? – falou um outro quadro um pouco mais para cima.

— E você conseguiu com toda aquelas explosões e barulheira infernal? – falou o outro ao lado deste.

— Claro que ouvi. Ele falou ter objetivos melhores para ela do que torná-la uma comensal... o que deve ser? – retornou a falar o quadro ao lado do que perguntara.

— Bom, eu não sei, mas espero que seja rápida a eliminação desta garota. Ela é um demônio com uma varinha em mãos...

— Muito parecida com o Lorde... – comentou o quadro que começara a polêmica.

— E o Dumbledore. – falou logo em seguida um outro quadro mais afastado do núcleo dos fofoqueiros, mas logo se encaminhando para lá.

— DUMBLEDORE? – repetiram os outros quadros incrédulos.

— Vocês não viram? Ela salvou a vida do jovem Malfoy. Se ela fosse realmente parecida com o Lorde e com o demônio que falam, ela ia se importar com um panacão daqueles? Sabem que ele nem merece ter nosso nome...

“Eles não conseguem mesmo ficar sem falar mal de mim ao menos uma vez...” pensava Draco, enquanto continuava a ouvir o resto da conversa.

— Bom, parecida com o Lorde ou Dumbledore, ela precisa sair do meio de campo. Ela é apenas uma peça errante nesse jogo de xadrez. Uma pecinha incomodante, mas difícil de lidar. Não pende pra qualquer lado, é independente e pode desestabilizar o jogo.

— Esta peça logo vai sair do campo, não se preocupe com isso, meu caro. – falou outro quadro que chegava naquele instante.

— Como pode ter certeza? – falou outro e os ouvidos de Draco ficaram mais atentos.

— Ouvi uma conversa do Lorde com Lucio Malfoy. Parece que pretendem fazer a eliminação dela amanhã. – falou o quadro sorridente.

— Graças a Merlin... uma a peça a menos nesse jogo para ficar embaçando o meio de campo. – falou outro quadro aliviado.

Mas alivio não foi o que Draco sentiu naquele instante, apesar de saber que Ellen tinha apenas adormecido no meio da luta. Ela morreria no dia seguinte... ele precisava fazer alguma coisa! Mas o que? Ele não chegava nem ao mindinho de Ellen e ela era cinco anos mais nova que ele. Imagine com o Lorde... provavelmente nem na falange do mindinho...

Quando terminou de RECONSTRUIR o Hall de entrada, ele foi correndo para o seu quarto, mas mesmo na sua pressa viu sua mãe, Narcisa Malfoy, ainda encarando o Hall de entrada e retornando para um aposento qualquer que Draco nem quis saber. Provavelmente ela pensava como seu Hall de entrada, perfeito e maravilhoso, devia ter ficado um lixo.

Também no meio do caminho teve de parar, quando viu o Lorde. Draco na sua pressa esquecera de fazer uma proteção para o que acabara de ouvir, mas o olhar do Lorde passou muito de relanceio antes dele simplesmente passá-lo e Draco continuou sua corrida até o quarto. Provavelmente o Lorde não teria conseguido ver nada, só se estivesse sabendo o que queria ver. Bom, e o quadro entreouvira o que queria dizer que ele não sabia sobre as fofocas que estavam rolando pelos quadros...

Chegando finalmente ao quarto ele precisaria planejar alguma coisa para tentar salvar Ellen de um destino cruel, quando ela não tinha feito nada. Bom, ele deduzia que nada, retirando provavelmente umas 2000 respostas que ela teria dado para cada frase do Lorde, desobediência constante para as ordens dele e praticamente ter dado ataque de rebeldia e quase destruir a mansão... ta, ele tinha muitas razões de matá-la...

Tudo bem, Ellen não era o que poderia dizer de “Anjo”, mas ela poderia ter muitas razões para ser daquele jeito. Ela tinha sido retirada dos pais quando iria completar 11 anos, não tivera festa de aniversário alguma desde aquela época (depois, então, que Draco tirou ela de uma festa de aniversário quase perfeita, ficara ainda mais um demônio), ter que aturar as ordens do Lorde praticamente o dia inteiro, provavelmente ser jogada na parede mais dez mil vezes durante o treinamento, ter quase todas as fugas fracassadas e a única que deu certo ter voltado horas depois de ter conseguido fugir... bom, eram bons motivos para ela ser daquele jeito, só havia um estranho problema... Ellen jamais temera nada, nem ninguém. E o Lorde era particularmente de arrepiar espinhas quando estava furioso ou mesmo normal... imagina se o Lorde a deixasse com um comensal? Pobre comensal, ia pagar penas até da primeira geração da família... provavelmente Ellen o enlouqueceria e ele imploraria para o Lorde matá-lo, mas não deixar junto dela.

“Mas e o que eu faria?” Já tivera o privilégio duas vezes, tudo bem que na primeira... não fora muito bem sucedido. Mas na segunda até que tinha sido... “aceitável”. Na verdade fora exatamente alguns minutos antes do Lorde ter voltado que Ellen praticamente mudara da água para o vinho. Ou melhor, do vinho para a água.

Ele estava se desviando do que tinha que pensar! Mas agora como ele poderia salvá-la? Se considerasse os feiticinhos básicos de escola que tinha aprendido e a Magia Negra avançadíssima que Ellen e o Lorde utilizaram a menos de duas horas atrás, Draco estava fora do Planeta Terra em um instante. Salvar Ellen parecia totalmente impossível.

Mas então como o Testa Rachada sobrevivera ao Lorde desde o primeiro ano? Ele devia ter um feitiço poderoso para poder sobreviver! Mas finalmente algo iluminou os pensamentos de Draco. Seria naquela noite que ele faria seu plano de ação... mas ele jamais poderia esperar o que aconteceria no dia seguinte...

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