Não se Esqueça
Draco nunca fora dormir tão feliz na sua vida como naquele dia, a voz de Ellen ainda a ecoar em sua cabeça “Muito obrigada, DRACO”. Respirou fundo, tentando se acalmar, parecia que finalmente conseguira ficar mais próximo de Ellen, mais do que poderia imaginar. Só depois de muito auto-controle, ele conseguiu dormir.
Só acordou no dia seguinte com muito esforço do elfo doméstico, ou melhor, acordara por causa de uma elfa doméstica, que insistia em ficar sacudindo-o. Ele acordou observando-a, logo reconhecendo-a, assim que bateu os olhos nas roupas que usava. Era Maaya, a elfa que tinha ficado como elfa particular de Ellen.
— O que está fazendo aqui, Maaya? – quando ele olhou à volta, notou que era realmente cedo, estava ainda nascendo o sol.
— Perdoe Maaya, mas Srta Ellen deseja ver o senhor na biblioteca e pediu-me para dar-lhe o recado... – fez uma reverência um pouco excessiva, então sumindo logo em seguida, deixando Draco abobado. Ele devia estar sonhando.
Como um raio, nem mesmo lembrando-se que estava de pijama, saiu correndo para a biblioteca. Chegou à porta desta, ainda fechada, observando-a. Sentia medo e ansiedade ao mesmo tempo, pq ela o estaria chamando para a biblioteca naquela hora da manhã? Nem havia comido o Café-da-manhã.
Ele teve coragem e abriu a porta bem devagar, olhando para dentro com cautela. Tinha acabado de lhe ocorrer que Ellen podia ter feito aquilo só para lhe fazer uma armadilha no dia seguinte, aquela hora da manhã!
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Ellen tinha acordado bem cedo naquele dia. Ainda eram cinco da manhã, quando pegou um pergaminho e uma pena. Mas pensou melhor, não era bom deixar vestígios do que faria. Largou-as, então sussurrando.
— Maaya! Venha aqui! – ela chamou baixinho.
Menos de um segundo mais tarde, lá estava Maaya, orelhas erguidas, encantada por ter sido chamada, mesmo que aquela hora da manhã. Por alguma razão a elfa naquele momento conseguiu irradiar a felicidade para ela, daquele jeito. Fazia tanto tempo que a elfa tentava animá-la que ela já perdera a conta. Bom, ultimamente ela sempre perdia a conta.
— O que deseja, srta?
— Dê um recado à Draco, mas não conte nada a mais ninguém.
— Claro, Maaya fará tudo que srta Ellen mandar. – a elfa pareceu se assustar com o que ela dissera. Um recado à Draco?
— Fale para ele ir até a biblioteca. Imediatamente, que eu vou estar esperando-o lá.
Enquanto a elfa desaparecia, Ellen saiu sorrateira pelos corredores para ir até a biblioteca. Não estava simplesmente indo contra as regras, já que o Lorde a deixara ficar perambulando pela casa como bem entendesse durante a manhã, mas queria que ninguém a seguisse ou ficasse espionando. E também, pq naquele momento não era bom ficar acordando as pessoas da casa, apesar de ser realmente divertido se o fizesse.
Ela correu até a biblioteca, abrindo a porta devagar, adentrando e fechando novamente. Começou a olhar as estantes rapidamente, vendo os títulos. Seu teste tinha que ser agora, se o Lorde ficasse sabendo com certeza tomaria alguma providência. De qualquer forma aquela seria uma brincadeira divertida.
Quando adentrou o corredor principal pela décima vez, algo no fundo do corredor lhe chamou atenção. Uma moldura dourada, bem trabalhada e um espelho. Um enorme espelho de corpo inteiro... ela se aproximou devagar e, observando-o, olhando para os próprios olhos azuis escuros que naquele momento praticamente haviam se transformado em negro.
A imagem começou a falar com ela, assim que a fixou bem, parecia raivosa, com um ódio profundo, uma revoltada.
— Ellen... Ellen... – era uma voz maliciosa, maldosa em todos os sentidos, o olhar era perverso, enquanto a encarava – você ama mesmo, aquele capacho que vive em função do Lorde? Claro que não... você o odeia, odeia!
Ellen automaticamente colocou a mão sobre o peito, enquanto via a imagem continuar ali, mas agora os olhos mudaram para um azul escuro, típico dela.
— Ellen, não escute essas bobagens! Ele é o único que te entende! Ele sempre tentou te agradar! Tentou melhorar esses dias péssimos que você tem desde os 11 anos! Você gosta dele! Ele é especial para você!
— Que bobagem! Especial!? – a imagem riu de um modo perverso, como ela bem sabia que dava freqüentemente, principalmente perto do Lorde – Especial em que? Na burrice? Talvez no mimo? Ou talvez seja pelo GRANDE E MARAVILHOSO nariz empinado? Você sabe que o odeia... ODEIA!
— Não acredite nela! Você sempre gostou dele! Não entende? Pq então você o chamou aqui na biblioteca? Você quer saber como ele é! Você sabe que ele tem alguma coisa dentro que você gostou! Que você amou!
— Cale a boca, ela já viu tudo que deveria! Mesquinhez, arrogância, ganância... tudo que ela precisava ver está na fuça dele, é só olhar!
— Não é! Ele é mais do que a sua aparência! Ele é...
Mas Ellen não conseguiu ouvir o resto da discussão que havia entre ambas as Ellen’s que falavam do espelho, trocando rápido, discutindo assiduamente. Virou-se rapidamente, pois havia escutado a porta se abrir. Lá estava Draco, ainda de pijamas, encarando-a com um ar estranhamente dividido entre assustado e ansioso. Quando olhou para trás novamente, só viu uma parede vazia, com a pintura branca. Onde estava o espelho?
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Draco encontrou Ellen bem ao fundo da sala. Ela o tinha olhado de relanceio, mas começara a olhar insistentemente para uma parede vazia, parecendo procurar alguma coisa. Ele se aproximou devagar, mas não via mais nada além de uma parede branca. E Ellen também parecia estar vendo a mesma coisa, apesar de tentar achar alguma coisa.
— O que está procurando? – ele perguntou cochichando, já que era muito cedo para ficarem falando alto.
Ao invés dela parar de procurar e falar o que era, ela continuou na sua busca, tateando a parede e também não respondeu a pergunta dele, apenas fazendo uma outra pergunta em seu lugar, uma pergunta que Draco não esperava tampouco.
— Já existiu alguma coisa aqui... tipo um espelho? – como Draco, ela também havia cochichado aquela pergunta. Enquanto a fazia, ela até mesmo batia com os nós dos dedos na parede para ter certeza da coisa que ela tentava procurar.
— Pelo que eu saiba... não. – ele respondeu, tentando saber o pq daquela pergunta.
— Deixa, então. – ela falou parecendo satisfeita com a resposta que provavelmente era infrutífera. – Você dorme que nem uma pedra, te chamei à uma meia-hora. – ela respondeu, enquanto o encarava. Draco a olhava um pouco paralisado, nunca achara que Ellen falaria com tanta normalidade com ele. Sim, ela não falava em um tom sarcástico de sempre, nem debochado! – Eu preciso de uma ajuda. Eu queria pegar um livro, mas ele é muito grosso e está muito alto. Será que você pode pegar pra mim? – ela falou, enquanto o puxava para uma das estantes.
Ellen tinha planejado naquela noite que ela quase nem mesmo dormira. Encontrar um livro grosso, por qual se interessaria e que estivesse à uma altura que ela não conseguisse alcançar. Ao menos não com as mãos e sem magia. E ela havia mesmo encontrado esse livro.
— Cla... claro, El... Ellen. – Draco ainda estava no seu estado de choque. A cada palavra de Ellen, mais ele ficava chocado, seu cérebro mal conseguia encarar o fato dela falando normalmente com ele, ela novamente o fazia se chocar com outro ato inesperado, como PEDIR ajuda.
“Estou sonhando, é só um sonho e por isso eu não preciso encarar isso como se fosse anormal, em sonhos tudo pode acontecer... é, é só um sonho da minha obcessão de sempre ter quisto conseguir ter uma conversa normal com Ellen”. Ele olhou para o livro que ela indicara. O Título realmente era interessante. “Segredos da Magia Antiga: pq são poderosas e quando usá-las” realmente o livro estava muito alto para ser pego e Draco havia esquecido a sua varinha, o que o obrigaria a ter que escalar a estante para buscar o livro.
Mas Draco não estava pensando que aquilo poderia ser perigoso, nem que existisse alternativas como voltar ao seu quarto para buscar a varinha. Ele simplesmente fez a primeira coisa que lhe ocorreu, começando a escalar a estante.
Ellen o observava um pouco espantada. Draco simplesmente não fizera nem mesmo um protesto para ajudá-la, nem mesmo havia pensado antes de começar a escalar a estante alta. Observá-lo ali debaixo era estranho, pois ele escalava todo torto, os braços e as pernas abertas, muito colado à estante e com aquele pijama, ficava ainda mais esquisito.
— Cuidado, Draco! – ela falou, quando viu ele escorregar um dos pés da estante totalmente empoeirada.
Ele olhou para baixo, olhando-a lá de cima e sentiu mais motivação para subir. Finalmente chegou no tal livro, que devia ter uns 7 à 8 centímetros de largura e obviamente era muito pesado, mas Draco não havia planejado aquilo e também, se era um sonho, não iria se machucar tampouco, iria conseguir pular dali de cima facilmente até carregando um mamute nas mãos.
Ellen achou que estava um pouco perigoso a imprudência de Draco lá em cima e, quando leu a mente dele, percebeu que ele estava confundindo a realidade com um sonho. Ao notar isso percebeu que ele iria se matar, se continuasse com aquela confusão e pegou logo a varinha. Não passou nem mesmo uns minutos de ter pego a varinha, houve um acidente. Enquanto Draco tentava tirar o livro, a estante começou a chacoalhar demais e quando ele conseguiu tirar, a estante desabou, com todos os livros. Ellen logo conseguiu fazer tudo levitar, inclusive Draco, antes que tudo esmagasse-o e também à ela. Havia livros espalhados pelo chão inteiro e, no meio deles, estava Draco, ainda agarrado ao livro que ela pedira. Ele se levantou, olhando para os lados um pouco assustado finalmente percebendo que ele não estava sonhando coisa nenhuma e que ele podia ter morrido de verdade.
Ellen se aproximou dele, guardando a sua varinha que ela também podia carregar consigo todo o tempo que quisesse, pegando o livro das mãos dele e sorrindo. Ocorreu-lhe dois pensamentos contraditórios nesse momento. “Ele foi um idiota imprudente.”. “Ele foi tão corajoso e prestativo!”.
— Obrigada, Draco. Desculpe o incomodo. – ela ficou duvidosa do que fazer naquele momento. Ela ficou parada uns instantes, ainda o observando.
— Não... foi nada. – ele falou com ar tão horrorizado, com os cabelos emaranhados e, provavelmente uma parte, estava em pé.
— Bom Dia, nos vemos no café da manhã. – ela falou sorrindo e dando um aceno com a mão livre que não segurava o livro embaixo do braço e saindo da biblioteca, deixando Draco.
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Ellen estava indo para o Café-da-Manhã. Já tinha escondido o livro para poder lê-lo mais tarde com atenção. Durante o resto da manhã que teria tranqüilamente, como todas as outras manhãs. Quando sentou-se à mesa, percebeu a falta de Draco. Onde ele estava? Mal acabou esse pensamento, Draco entrava por uma porta, o cabelo molhado e ainda parecia estar tremendo quando sentou-se à sua frente.
Uma parte dela estava rindo, ela quase havia soltado mesmo um riso quando vira aquilo, mas outra parte estava penalizada pelo estado em que Draco ficara.
— Tomou banho também? – ela perguntou, para tentar acalmá-lo um pouco. Com o desastre da estante, ela e ele ficaram empoeirados dos pés à cabeça, pois a biblioteca parecia desabitada a mais de anos e anos, como se nunca tivesse sido usada por ninguém.
— Suei durante a noite. – ele respondeu. Parecia que não queria dizer para os pais sobre o ocorrido pela manhã. Muito menos ela.
— Fez bastante calor mesmo. Mas agora está com frio, olha como está tremendo. – ela falou, enquanto ele mal conseguia segurar a xícara de tanta tremedeira.
— Eu acho que vou colocar uma blusa... – sua voz tremia também enquanto falava com ela. Ele levantou-se da mesa, sem nem mesmo pedir permissão alguma, enquanto saia correndo para o quarto colocar a blusa.
Aquele dia passou normalmente, ao menos para ela, enquanto planejava alguma coisa para fazer na manhã seguinte. Os dias passavam e à cada manhã, às 5:00, ela pedia para Draco fazer um favor para ela, mandando recados por Maaya. Draco agora aprendera a se beliscar antes de confirmar “Isso é um sonho”. A cada manhã os pensamentos sarcásticos de Ellen ficavam cada vez menos freqüentes que antes, apesar de que nada mudava com o Lorde.
Enquanto isso, ela também lia o livro no horário vago que tinha das 8 da manhã até o meio-dia, que era o horário de almoço e depois disso o Lorde ia para a sala de treinamento com ela. Numa dessas manhãs, durante seu horário vago para ler o livro, ela achou um feitiço... um feitiço interessante. Como um flash, o primeiro pensamento que lhe ocorreu ao ler aquilo fora Draco. Chamou por Maaya imediatamente para mandar Draco vir ali.
Ela encarava o feitiço, tinha deixado até um marcador de páginas dentro dele para não perder a página certa. Mas enquanto lia o feitiço e como produzi-lo, Draco adentrou o recinto, um pouco assustado com a pressa e pelo horário. Não era característico de Ellen chamá-lo naquela hora da manhã.
— Olhe esse feitiço que achei. – ela falou, indicando o livro para ele, exatamente no marcador de páginas.
Draco reconheceu o livro que ela lhe mostrava, enquanto sentava ao lado dela. Pegou entre as mãos, encarando as páginas amareladas pelo tempo. Mas mal começou a ler, percebeu alguém entrando no recinto tão logo ele havia entrado. Num ato automático, ele fechou o livro e ergueu a cabeça para ver quem era. O Lorde.
— Milorde... – ele fez uma reverência rapidamente, enquanto se levantava da cama dela, onde ela estava sentada para ler.
— Seus ensinamentos começaram agora mais cedo, Ellen. – ele falou ignorando completamente Malfoy. – E estou proibindo a ambos de se verem e se falarem, começando de hoje. – ele falou com um ar realmente muito, muito furioso.
— Sim, Milorde. – Draco falou, de cabeça um pouco baixa.
Ellen ficara com o ar mais impassivo que conseguira produzir em toda a sua vida, sem responder nada. Draco ficara um pouco chateado por ela não falar nada ou protestar contra o Lorde por eles nunca poderem mais se ver. Quando ele começou a sair do quarto dela e do Lorde, o Lorde o chamou de volta.
— Leve este livro daqui, Malfoy e guarde-o na biblioteca. – ele falou, antes que pudesse sair.
Draco olhou para o Lorde e depois para o livro que deixara sobre a cama dela. Voltou, pegando o livro, ainda com o marcador de páginas. Depois que o tinha em mãos, ele saiu do aposento sem falar mais nada, enquanto logo depois Ellen e o Lorde saíam também, mas pegando o corredor oposto.
Draco realmente se encaminhava para a biblioteca, mas assim que ficou de frente à ela, novamente seus olhos observaram o marcador de páginas. Ellen não o chamaria se o feitiço não fosse realmente importante... e o Lorde não o deixaria ler se o feitiço fosse ainda mais importante. O que teria naquele feitiço que Ellen tanto queria lhe mostrar e o Lorde esconder? Ele ficou alguns minutos até finalmente se decidir o que faria com aquele livro...
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Tinha-se passado vários dias e sempre às 5 horas da manhã Draco já estava desperto, de tanto que se acostumara a receber os recados de Ellen àquela hora da manhã. Mas ele sabia que não iria mais poder vê-la, nem mesmo no Café-da-Manhã, nem almoço, nem janta... Nunca mais. Faziam as refeições separados e nem mesmo se cruzavam nos corredores.
Mas enquanto ele suspirava, melancólico, ouviu a maçaneta da sua porta mover-se para abrir. Ele ergueu os olhos para a porta, já pensando em se levantar, pois só o Lorde fazia aquelas coisas. Mesmo elfos aparatavam ao lado da cama, não entravam pela porta. Mas ele ficou chocado quando viu quem entrava.
Ellen entrava furtivamente pela sua porta e parecia carregar alguma coisa em suas mãos. Fechou a porta e virou-se para encontrá-lo quase saindo da cama, espantado.
— Ellen? – ele cochichou baixo, enquanto a encarava na escuridão do quarto.
— É, sou eu. – ela falou enquanto se aproximava.
— Não deveria estar aqui. – não conseguiu controlar um mínimo de preocupação.
— Vai ser a única e ultima vez... – ela cochichou, quando levantou o que tinha nas mãos.
Draco pegou entre as mãos, era uma caixinha pequenina e, ao olhar mais perto e pela fresta de claridade da sua cortina, percebeu que estava adornada com um tipo de embrulho e uma fita. Draco ficou espantado.
— O que é isso?
— Um presente. Eu achei que iria ser um pouco doloroso pra você não poder mais me ver nem falar comigo... eu fiz isso então, pra não ser tão doloroso... – alguma coisa na voz dela parecia estar denotando timidez. – sabe... ah deixa, eu fiz... só tinha das 5 até às 7 pra isso, por isso eu demorei um pouco.
— Pra... pra mim? Sério? – ele falou, sua voz se elevou um pouco com a surpresa.
— Shhhiu! É, é pra você mesmo, idiota, pra quem mais eu daria? Pro Lorde? – ela falou com ar mais sério. – Mas eu preciso ir, antes do Lorde notar a minha falta. Volte a dormir também, você só toma Café-da-Manhã às 8 da manhã, então não adianta ficar acordado.
— Obrigado... – ele estava até com os olhos lacrimejando naquele momento. “Como você é um idiota mesmo, Draco, ta emocionado por uma coisinha assim, tão minúscula!” ficava pensando uma voz dentro de sua cabeça. “Você já ganhou presentes mil vezes maiores e provavelmente são bem melhores do que essa caixinha em miniatura!”. – Eu não... fiz nada pra você. – ele falou, mas assim que a olhou novamente, ela já havia sumido.
Draco voltou a dormir, pensando naquele presente. Não adiantava abri-lo naquele instante, pois não enxergaria nada naquele breu da manhã. Quando acordou novamente, ele havia se esquecido do presente. Ou melhor, ele achara que tinha sido um sonho, pois ele não tentara se beliscar naquele momento. Mas quando foi sair da cama, lá no criado-mudo estava a pequena caixinha, com um embrulho, apesar de rústico, mas bonitinho. O embrulho era negro, com uma fita verde, com as bordas em prateadas. Ele retirou o lacinho, percebendo que a caixinha tinha uma tampa, não precisava rasgar o embrulho.
Ele mordeu o lábio, o que teria dentro daquela caixinha que poderia fazê-lo lembrar dela? Ele abriu a tampinha, olhando para dentro igual a uma criança. O que encontrou dentro foi uma coisa inesperada.
Havia um colar prateado lá dentro e um pingente. O pingente era arredondado e quando o observou melhor, percebeu que havia um tipo de fecho e que o colar se abria. Os dedos foram até lá e quando abriram o fecho, uma música começou a tocar. Parou um pouco, escutando. Aquela não era a primeira valsa que ele tinha dançado com ela? Ele então abriu mais um pouco e tinha uma pequena foto onde ele podia ver que havia ele e ela, dançando. Como que ela tinha conseguido fazer tudo aquilo em tão poucos dias e tão pouco tempo? E pq ela havia até mesmo ter quisto lhe fazer aquilo, simplesmente do nada? Algumas vezes ele achava que Ellen tinha problemas mentais...
Mas ele ficou ali, meio abobalhado, olhando para o colar aberto, a música ressoando em seus ouvidos, enquanto a lembrança daquele dia recomeçava a ficar tão nítida em sua cabeça como se tivesse sido no dia anterior. Quando finalmente fechou o fecho e guardou o colar, havia um sorriso tão grande, mas ele ainda era muito pequeno comparado com a felicidade que estava.
Um impulso sem sentido tomou-lhe conta, quando ele saiu correndo pela porta de braços abertos e o maior sorriso do mundo, correndo sem rumo pela casa. Não se importava que os quadros berrassem, ou que xingassem, ou falassem mal, nada conseguiria estragar aquilo. Ele correu para fora da casa, onde havia um imenso jardim, que ele corria em círculos, depois dando voltas pela casa. Seus pés ficaram enlameados, sua calça ficou encharcada e quando ele tropeçou e caiu, acabou por estragar seu cabelo com a lama. Levantou-se e continuou a correr, agora sendo perseguido por Elfos que tentavam fazê-lo parar de correr sem sentido e com um sorriso, para eles, totalmente insano no rosto.
De uma das janelas da mansão, alguém ficava olhando aquilo com um ar ainda meio indeciso entre rir dos tombos de Draco ou sorrir pela felicidade em que Draco ficara. Ellen observava ele correr igual a uma criança lá por baixo, nos jardins, pensando se realmente fora uma boa idéia dar aquilo à Draco... fora um pouco complicado conseguir reunir tudo aquilo, mas nada era impossível, principalmente para ela.
Ela ouviu alguém adentrar a porta e foi quando isso ocorreu que ela parou de olhar para a janela. Não havia mais aquele ar indeciso em seu olhar ou expressões, a única coisa que havia era frieza e desprezo, enquanto ficava mais longe da janela.
— O que estava olhando? – a voz aguda era irritante, mas era suportável depois de tantos anos.
— Olhando os jardins, ao menos são coloridos. – sua voz não tinha tons, era sempre constante, como se nada a afetasse ou demonstrando insensibilidade.
Ela ainda não sabia para quê respondia as perguntas do Lorde, já que ele quase nunca acreditava nela concretamente. Como nas muitíssimas vezes, ele simplesmente atravessou o quarto, ela seguindo-o com os olhos até onde pode, pois ela não queria se virar para continuar a observá-lo, e olhou pela janela. Quando se virou, calmo ainda, ela percebeu que Draco devia ter sumido dali.
— Vamos tomar o Café-da-Manhã. – ele falou simplesmente, indo em direção à porta, sendo seguido por Ellen.
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