Amarga Vingança, Doce Felicida

Amarga Vingança, Doce Felicida



Amarga Vingança, Doce Felicidade

Cinco dias passaram-se sem nada impressionante acontecer. Ellen estava sendo um anjo, ou ao menos não estava sempre em atrito com Malfoy. Ele já estava se achando o melhor, por conseguir dobrá-la. Ellen começava a descobrir mais sobre a casa e sobre caminhos. Sabia que o Lorde nunca a deixaria com tamanha “liberdade”. De certo modo, apesar de ainda querer sua vingança, descobrira como controlar Malfoy ao seu bel prazer. O que mais facilitava era que ele estava com a cega impressão de que a tinha sob seu controle.

O dia perfeito havia finalmente chegado, quando acordou na manhã do sexto dia depois do Natal. Ellen sabia que teria uma festa aquele dia, os Malfoy promoviam bailes em qualquer data comemorativa. Mas as festas como aquela eram as mais pomposas e ridículas. Era Véspera de Ano Novo.

Ellen havia acabado de acordar e estava em pé, observando a paisagem do lado de fora da janela. A porta foi lentamente aberta, e ela virou o rosto para ver quem era. Ao notar ser Malfoy, voltou o rosto de volta para a janela, ignorando-o completamente.

— Terá uma festa hoje… – ele começou cauteloso – e deverá participar como deve saber… – ela notou a insegurança em sua voz, era estranho, pois naqueles últimos dias ele estivera muito esnobe.

Parecendo desinteressada, ela continuou contemplando a janela, concordando levemente com a cabeça. Parecia tremendamente distante, mais até do que nos últimos dias.

— Vamos tomar o desjejum… Maaya irá arrumar um vestido para você e no fim dessa tarde irá prepará-la para a festa…

Virou-se para ele e caminhou até a porta, notando que ele ficara lá o tempo todo, parecendo temeroso de se aproximar. Seguiu-o até a Sala de Refeições, que já exibia um que de comemoração, mas que para Ellen, lembrava mais um funeral, esperando para começar sua próxima tortura festiva. Estava completamente imersa em pensamentos sombrios e cruéis.

Foi um dia normal, exceto pelo fato de que o humor da menina não se alterava por nada. Ao entardecer, Malfoy deixava-a sozinha com Maaya, a Elfa doméstica, que realmente lhe arranjara um vestido para aquela festa, não muito elegante, mas de uma beleza simplória. Não havia adornos no tecido de algodão. Nada. Nem um brilho nem um bordado. Era liso e preto, só. Maaya penteou seus cabelos longos com habilidade, fazendo um penteado simples, como o vestido.

Ela mirou sua imagem refletida com os olhos desfocados e um sorriso misterioso. Quando a Elfa terminou, Ellen observou-a, sorrindo ternamente em agradecimento, e recebendo de volta um enorme sorriso. Maaya admirava-a como se ela fosse um anjo. Um Anjo Negro?

— Vai comigo á festa, Maaya? – perguntou Ellen, passando a mão sobre sua cabeça.

— A Sra. Malfoy ordena que sim, o menino Malfoy acha desnecessário, mas Maaya quer segui-la! – ela dissera rapidamente a última frase e encolhera-se rapidamente para o pé da mesa, a fim de se castigar.

Rapidamente Ellen a afastou de qualquer objeto. Ellen deixava Maaya falar o que quisesse, mas ela ainda não se acostumara e vivia querendo se autocastigar por isso.

— É bom ouvir isso, Maaya. Ao menos alguém nessa casa não fica ao meu lado por interesse… – ela suspirou longamente, parecendo cansada – Realmente, sua companhia me deixaria feliz nessa noite… sempre me deixou… – ela lhe sorriu voltando os olhos para o espelho respirando fundo.

Maaya estufara o peito ao ouvir tais palavras, orgulhosa que fosse importante para Ellen. Mas ela rapidamente parou, olhando para a menina intrigada.

— Mas se o menino Malfoy não deixar que a siga, não poderei segui-la! Maaya não pode desobedecer a seus donos! – ela disse, estremecendo-se.

— Mas se ele não solicitar que você esteja presente, pode… – ela retrucara rapidamente ao ouvir Maaya. – Maaya, realmente preciso de você esta noite, por favor…

— A srta. não deve se importar com Maaya! Maaya não passa de uma simples serva!

— Não está muito longe de mim, Maaya… – ela falou apoiando o cotovelo sobre a penteadeira e encobrindo os olhos com a mão. – Não tem direito nenhum, apenas obedece… – ela finalmente deixou a cabeça cair, o braço que a sustentava sobre o outro, a cabeça por cima dos dois. Detestava pensar que vivia numa condição inferior á de uma mosca. Ao menos ela era livre para voar pra onde quisesse!

Ela observou Maaya sair silenciosamente do quarto, deixando-a sozinha. Suspirou, sabendo exatamente quem ela ia chamar, e ergueu a cabeça para observar sua imagem no espelho. Tocou a superfície lisa do espelho e acariciou sua imagem, que proporcionava recordações alegres e dolorosas ao mesmo tempo. Sua mente despertou em tempos tão distantes dela, aquele momento.

Ouviu a porta abrir e rapidamente se levantou encarando o visitante, deparando-se com Malfoy, que vestia uma capa elegante e cheia de adornos que chamavam tremenda atenção para qualquer um. Um sorriso petulante brincava naqueles lábios que lhe provocavam náuseas.

— Está pronta finalmente, não achei que fosse demorar tanto… – Maaya estava encolhida atrás dele com as orelhas abaixadas. – Vamos, Ellen… – ele lhe estendeu a mão.

Ela sorriu rápida e falsamente e caminhou na direção dele. Estendeu a mão enluvada e hesitou em tocá-lo, enquanto juntava estômago para o ato. Talvez estivesse exagerando... era só um simples toque. Mas não pôde prosseguir na reflexão, porque Malfoy logo agarrou a mão dela com pressa.

“Não vai durar mais que uma hora… nada mais…” ela pensava otimistamente. Antes que percebesse, já estava no meio da festa, sendo rodeada pelos convidados-urubus. Todos queriam falar com Malfoy, obviamente, mas o simples fato dela estar com eles, fazia com que sua presença fosse questionada. Depois que uma dúzia de mães, desejosas por um genro, perguntaram quase ao mesmo tempo quem ela era, a menina se aproximou do ouvido de Malfoy e falou, de modo que só ele ouvisse:

— Deixe-me ir ao banheiro, por favor… – ele olhara para ela, que estava com o braço transpassado no dele. Encheu o peito orgulhosamente e balançou a cabeça afirmativamente. Para ele, aquilo era um grande progresso.

Ela saiu da festa o mais rápido que podia, sem agüentar tanta pressão. Todas as mulheres olhavam-na com inveja, pelo simples fato de estar acompanhada por Malfoy. Ellen encostou-se a pia de costas para o espelho e lágrimas raivosas começaram a atravessar seu rosto lívido. “Se o Lorde só conseguiu me domar em um ano, não será o idiota do Malfoy que conseguirá em um dia…” pensou abrindo os olhos, respirando profundamente. Sua vingança começaria dali.

Virou-se para o espelho, analisando sua imagem abatida, mas com os olhos determinados. Secou com a luva as lágrimas que escorriam ainda por seu rosto, tirando suas marcas, e respirou profundamente para se acalmar. Ela precisaria de ajuda e só quem poderia ajudá-la era Maaya.

— Maaya! – ela chamou e esta apareceu imediatamente ao lado dela. – Ah! Que bom que está aqui Maaya… preciso que você pegue uma varinha para mim… qualquer uma Maaya…

— Maaya não pode! Varinha é proibida para Elfos domésticos, srta.! Não podemos usar! – ela guinchou alarmada.

— Mas é para mim, Maaya, por favor! Arranje uma varinha para mim!

— Maaya não pode… a senhorita vai usar para fugir!

— Juro que não vou, Maaya, prometo… – ela falou ajoelhando-se na frente da Elfa, que ainda desconfiava. – Acredite Maaya! Se for mentira minha, nunca mais olhe para mim!
Enfim, Maaya se condoeu e foi buscar a varinha ás escondidas. Não demorou muito tempo para ela voltar, tremendo dos pés a cabeça. Logo ela já estava no chão castigando-se. Ellen fez com que ela parasse imediatamente e levantou um dedo, indicando silêncio.

Levantou-se do chão e se observou no espelho, um sorriso de ironia estampava o seu rosto, enquanto começava a retocar seu vestido fazendo-o brilhar. Fez um belo penteado que prendia seu cabelo atrás, com uma presilha dourada em forma de borboleta. Colocou um colar, com um pingente vermelho-sangue que caia-lhe do pescoço. Não colocou maquiagem alguma em seu rosto, pois aquilo não a tornava mais bonita do que já era, usou apenas um lápis, para destacar seus olhos.

Deu uma rodada para ver se faltava alguma coisa. Sim, é claro, o vestido! Queria algo um pouco mais rodado do que aquele tubinho que a deixava ainda mais magra do que era. Com satisfação alargou as bordas do vestido, rodando-o e fazendo-o esvoaçar levemente. Ela se aproximou de Maaya, que a olhava admirada.

— Leve de volta, Maaya. Viu? Eu cumpro minhas promessas… – ela falou entregando a varinha que a deixara tão poderosa por alguns instantes. Quando Maaya sumiu, ela se dirigiu para a porta do banheiro, pois já devia ter se passado muito tempo.

Ela atravessou o corredor vazio e se dirigiu para a festa. Ao chegar, vários casais já bailavam no centro do salão, com estilo e graça. O som da música retumbava em seus ouvidos e aquilo a distraiu, de modo que não reparou um garoto se aproximar.

— O que faz uma dama andar sozinha assim, por uma festa tão bonita? – ele perguntou ao que ela se virou um pouco assustada. O garoto olhava-a interessado, e o frio dos olhos dele lhe causou certo receio.

— Falta de par… – ela disse, dando um sorriso sem-graça. Não gostava de nenhum dos convidados, pois todos eram estranhamente mal-encarados.

— Se este for o problema… vamos resolvê-lo… – ele disse sem cerimônias, estendendo o braço.

Ela aceitou seu convite, com o mesmo sorriso forçado, tentando ignorar o fato de que todos os meninos daquele ambiente eram irritantemente petulantes. Seus olhos encontraram Malfoy, ainda rodeado de garotas. Como ela conseguiria irritá-lo dançando com outro, se ele nem ao menos estava olhando pra ela? Então, Ellen teve uma idéia que faria aquelas garotas sumirem de vez.

— Espere um pouco, tenho que fazer uma coisa.

Ela então saiu do braço do garoto e caminhou diretamente na direção de Malfoy, acotovelando todas as garotas que estavam em seu caminho. Nada importava, contanto que conseguisse estragar a noite de Malfoy. Já fazia algum tempo que o seu lema mudara de “Fugir, nem que custe a vida” para “Se não sou feliz, ninguém mais vai ser”. Dera uma cotovelada em uma garota em especial. Não sabia por que, mas ela lhe causava certa ira, quando muito próxima á Malfoy.

Finalmente havia chegado á seu objetivo. Havia um sorriso meigo em seus lábios, enquanto ela o abraçava pelo pescoço, com o rosto próximo ao dele. Aquilo fez com que endireitasse a postura ainda mais, enquanto encarava assustado os olhos azuis e cintilantes da menina.

— Draco, querido, finalmente te achei! – sua voz saíra de um modo natural e alto, como se o conhecesse há anos. Não deixava de ser verdade, só que não eram tão íntimos quanto parecia. – Vou estar por aí, me procure mais tarde! – Ela piscou os olhos, de um modo provocante.

— O-o que? – Draco falou baixinho, enquanto seus olhos transpareciam completa confusão. Onde ela arrumara aquele vestido, aqueles adornos... aquilo tudo!
— E não se esqueça de avisar sobre o nosso noivado, amor. – ela ainda tinha aquele sorriso angelical no rosto, enquanto Malfoy arregalava mais os olhos e começava a gaguejar sem parar, lhe dando mais corda. – Não acredito que ainda não contou? – ela falou com um ar genuíno de surpresa. – Esta é uma boa hora para anunciá-lo, não? Ah, mas enquanto você o anuncia, com licença, um garoto está me esperando para a próxima dança e ela já está para começar! – ela virou-se para ir embora e viu a menina irritante, então pisou em seu pé propositalmente. – Oh! Perdoe minha falta de jeito, querida! Não a vi! – sorriu abertamente para a menina e voltou de encontro ao rapaz, mas dessa vez não teve nenhuma dificuldade, já que todos ainda estavam chocados com o que ela dissera, então deixaram à passagem livre.

Antes de dar a mão ao rapaz, virou-se para trás, lançando um sorriso maldoso e uma piscada de olhos sarcástica para um Malfoy paralisado. Todas as garotas e suas mães agora olhavam feio para ele e se afastavam.

Ela seguiu para o Salão onde estavam os dançarinos, posicionando-se para dançar. O olhar do garoto sobre ela incomodava-a, mas o sorriso hipócrita não saía de seu rosto. Quando eles finalmente começaram a dançar, sentiu-se leve, distraindo-se completamente. Todos os problemas foram mandados embora, á cada giro que davam, e não se importou com mais nada, além de deixar-se conduzir por mãos hábeis como as do rapaz.

A música parou de repente aos ouvidos de Ellen, totalmente absorta com aquele som tão reconfortante. Acordou nos braços daquele menino estranho com um sorriso bobo nos lábios, ao contrário dele que agora sorria maliciosamente para ela.

— Vamos para os jardins… está uma noite tão bela… – ele falara, enquanto ela se endireitava. Ficara totalmente apoiada nos braços dele.

Ela lhe sorriu, afirmativamente, observando as janelas onde as estrelas brilhavam intensamente, como seu vestido Negro. Olhou para o lado e avistou Malfoy. Ele parecia preocupado, tremendo levemente a mão que segurava a taça de vinho tinto. Suas juntas estavam totalmente brancas, devido á força que aplicava. Olhava-a perplexo, com o rosto completamente lívido. Ellen voltou o olhar para o rapaz novamente, e os dois seguiram juntos para o Hall de Entrada. Mas o barulho nítido de cristal se estilhaçando fez com que ela parasse e olhasse de novo para trás. Malfoy já não tinha mais a taça nas mãos. Apenas restara o vinho, que escorria por suas mãos e se misturava ao sangue, que gotejava lentamente no chão. Sorriu, com uma mórbida satisfação e voltou a caminhar, dessa vez bem mais feliz. Dois homens estavam parados, observando o casal.

— Não podem sair enquanto a festa está acontecendo… – falou um deles friamente.

— Oras, por que não? Sempre em qualquer festa promovida pelos Malfoy os convidados podiam sair… – retrucou o garoto olhando para os dois homens intrigado.

— Segurança. – foi a resposta curta e grossa do outro, que tinha uma cicatriz feia em seu rosto.

Ellen sabia por que ninguém podia sair. Precisa sair de lá com o garoto. Precisava fazer Malfoy sofrer.

— Faça-os nos deixar passar… – ela disse meigamente ao ouvido dele, olhando-o com uma expressão carente, com olhos quase suplicantes.

O garoto observou a expressão dela e isso pareceu dar-lhe mais ar para argumentar com os seguranças. Os dois estavam armados com varinhas, e isso era estranho, já que os convidados eram proibidos de portar varinhas dentro da Mansão Malfoy.

Depois de muita discussão, finalmente os seguranças cederam, fazendo o garoto garantir que não iria sair dos terrenos da Mansão. Ele prometeu sem saber nem por que precisava prometer algo tão banal, já que só iria sair dali com sua família.

— Os Malfoy’s estão estranhos estes últimos dois anos… nos desarmam, colocam seguranças nas portas para não deixar ninguém sair… – ele pareceu exasperado, enquanto ela sorria por dentro. Aquele tapete de neve lembrando-lhe o que havia passado junto de Malfoy.

Quando ele lembrara de sua real situação de prisioneira, prendendo suas mãos para trás e deitando por cima dela, obrigando-a á ser obediente á ele, que seria seu tutor por todo esse tempo. Ela tivera que se humilhar. Tivera que pedir “Por Favor”, para que ele saísse de cima dela, deixando-a lá, completamente morta e vazia por dentro. Depois daquilo, ela nunca mais sorrira de verdade. Nunca mais demonstrara nenhum sentimento, além o de repulsa. Era um corpo vazio e sem alma. Mas ela teria sua vingança. E quando conseguisse, talvez tivesse a chance de ser feliz de novo, em algum outro lugar.

E finalmente conseguira. Podia ver um pequeno filme em sua cabeça, mostrando várias e várias vezes a preocupação, decepção e medo de Malfoy, e o sangue escorrendo lentamente por seu braço. Não agüentando de curiosidade, observou as janelas da Mansão, e viu uma silhueta observando-os, sentados no mesmo banco que há cinco dias fora usado por ela e Malfoy.

—... Não acha, srta.? – falava o garoto para ela, que estava longe dali.

Ela olhou-o e confirmou com a cabeça, dando um sorriso satisfeito. Nem sabia com o que estava concordando, e não fazia a mínima questão de tentar saber. Seus olhos se dirigiram para o céu. Sim, agora seu jardim do Éden era totalmente real, e finalmente estava livre de ordens, proibições ou qualquer coisa.

Ela levantou-se de repente e começou a correr pelo jardim, pulando como uma criança, e deixando o garoto totalmente perdido naquela cena. Os cabelos negros eram iluminados por grandes cadeias de Luz, onde só havia ela e o garoto. Ela corria por todo o jardim alegremente, até finalmente se cansar e cair deitada sob a neve fofa. Nem sentia frio, seu coração pulsava com força e vontade.

— Hei! O que está fazendo? – o garoto perguntou completamente ofegante atrás dela, observando seus cabelos rebeldes sob a neve, uma das mãos ao lado do corpo enquanto a outra estava sob sua barriga, os olhos fechados como se estivesse dormindo em um tapete de nuvens.

— Estava com saudades de caminhar nos jardins… à noite… – completou respirando profundamente, e abrindo devagar os olhos, olhando em volta com tremenda satisfação. Liberdade. Nunca desfrutara tanto quanto naqueles pequenos momentos. Eram os mais felizes, depois de tanto tempo em cativeiro.

— Nossa parece que esta há anos sem caminhar… – ele falou admirado, com uma “fumaça” saindo de sua boca ao falar. – acho bom você não ficar deitada sobre a neve, vai acabar doente.

— Ninguém vai se importar… – ela disse sem pensar.

— Como assim? Você… não tem família? – ele falou dando alguns passos para trás estranhando-a.

— Tenho! Claro que tenho… – ela falou rápido, percebendo a gafe. Não poderia fugir de lá, primeiro porque não queria outro castigo igual ao último, segundo porque ainda queria desfrutar da raiva de Malfoy. – E acho que devem estar preocupados… mas está maravilhoso ficar aqui fora… – ela falara sonhadora, ainda sem mover um músculo para sair da neve.

— Vamos entrar, precisamos comemorar o Ano Novo… – ele falou estendendo a mão para ajudá-la a levantar-se.

— Sim… o Ano… Novo… – ela falara, parecendo entristecer com esse pensamento. – Mas quero ver a rua, vamos ao portão… – ela falou, aceitando a mão que ele oferecia.

— Tudo bem… – ele dissera sem compreender o porquê dela ter tanta satisfação em ficar ali ao relento.

Os dois começaram a caminhar, ela admirando cada canto dos extensos jardins da Mansão. Ao chegarem ao portão, ela viu a rua comum dos trouxas. “Como que as pessoas não reparam nesse casarão enorme?” ela pensava, enquanto admirava as casinhas simples, os pequenos sobrados e as lâmpadas da rua que iluminavam fracamente a estradinha por onde os carros passavam. Seus olhos marejaram á lembrança de sua vida comum de trouxa junto de seus pais. Abaixou os olhos e falou rapidamente:

— Vamos entrar? – começou á caminhar na direção da Mansão, sem esperar resposta.

O pobre garoto já não entendia mais nada, percebendo que ela guardava muitos segredos dentro de sua mente e coração. Ela limpou levemente a neve de seu vestido e seu cabelo e adquirira o ar arrogante de sempre. O garoto reparou nas constantes mudanças de humor dela, e percebeu que seria inútil tentar aproximar-se novamente, já que ela estava tão distante.

Quando chegaram à festa, Malfoy estava lívido de preocupação e raiva, abordando o garoto à sua chegada.

— O que estava fazendo com ela? – seus olhos faiscavam de fúria.

— Estava levando-a para passear nos jardins… por que colocou aqueles seguranças lá? São totalmente inúteis…

— Para sua informação, tenho boas razões para tê-los lá… ainda mais com você por perto. – ele lançou um olhar penetrante a Ellen, que analisava tudo de fora sem se manifestar.

— Por que não diz quais são? – o garoto também parecia alterado naquele momento.

— Não lhe cabe o direito de saber, apenas a mim e minha família… Vamos, Ellen! – ele falou, pegando no braço dela rudemente. Puxou-a para longe do garoto, mas ela logo conseguiu desvencilhar-se.

— Não tem direito de colocar a mão em mim! – ela falou de modo baixo, mas bem audível para ele, enquanto se afastava.

— Você sabe que tenho… – ele falou também no mesmo tom de voz.

— Não aqui… – ela falou com os olhos estreitos, antes de dar meia volta e sair correndo dali. Aquilo só enfureceu mais Malfoy, que deu uma olhada rápida para sua mãe, o que bastou para que todas as portas fossem vigiadas. Porém, a única coisa que Ellen fez foi voltar para seu quarto e se trancar lá. A menina ajoelhou-se no chão e abriu um sorriso satisfeito, com o coração batendo descompassado.

Vingança, Liberdade e Felicidade… Sim, ela mal acreditava que poderia conseguir tudo ao mesmo tempo. O que importava se a revanche dele fosse vir hoje ou amanhã? Apenas esses pequenos minutos de humilhação infligida, valeram por tudo que agüentaria.

— Não será em um dia que conseguirá me dobrar, menino Malfoy… – ela falou com desdém, respirando rapidamente. – Não será…

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