Convidado Misterioso

Convidado Misterioso



A festa corria tranqüila. Hermione estava sentada em uma das mesas, com Rony e Harry, um de cada lado. Eles conversavam baixo, coisas de grande importância, relacionadas ao que acontecia no mundo mágico, naquele momento.

— Voldemort tem feito coisas estranhas nesses últimos meses. – falou Hermione, com um toque de preocupação na voz.

Rony estremeceu um pouco quando ela disse o nome de Voldemort. Ele ainda não conseguira se acostumar, apesar de não reclamar mais.

— Ele parece... meio quieto. – falou Harry, concordando com Hermione. – E isso preocupa, já que ele pode estar planejando algo grande.

— E agora acontece isso. – Falou Rony, olhando para Ellen que estava entre os convidados, conversando.

— O que ele planejava com a garota? – perguntou-se Hermione, também olhando para Ellen de soslaio.

— E dá pra saber o que um lunático pensa? – perguntou o ruivo olhando para a amiga, incrédulo.

— Rony, ele pode ser um lunático, mas é inteligente e é uma ameaça. Precisamos ao menos tentar. – Bronqueou Hermione – Temos que saber por onde ele anda para podermos surpreendê-lo antes do próximo passo.

— Mas dessa vez ele se superou, estou totalmente perdido. – reclamou Harry – Ao menos estou conseguindo achar as Horcruxes, mas destruí-las... como pode? Não sei como Dumbledore conseguiu. E, além disso... ainda está faltando uma. Onde será que Voldemort a escondeu?

— Harry... vamos encontrar um jeito, você vai ver. Mas, pelo menos por hora, precisamos tentar descobrir o que ele queria com a garota...

— Você conseguiu fazê-la falar? – perguntou Harry.

— Não, claro que não! Ela ainda está abalada com tudo o que deve ter passado. O jeito de ela falar é estranho... como se eu a conhecesse de algum lugar... Bem, ela leva uma varinha junto dela. Talvez poderíamos mandá-la para Olivaras. Ele poderia examinar e dizer quem é o dono da varinha... talvez algum comensal...

— Mas ela sabe fazer magia? – perguntou Rony, olhando incrédulo. – Ela não é uma nascida trouxa?

— Ah, Rony! Como eu vou saber? Talvez ela tenha observado algum comensal praticar, roubou-lhe a varinha e começou a imitá-lo. Depois pergunto á ela...

— Hermione, como assim estranhou o jeito dela falar? – perguntou Harry interessado.

— Eu... achei que me lembrava alguém... não sei. O jeito que ela fala me deixa um pouco... intimidada. – ela falou, mas então deu de ombros. – Mas deve ter sido impressão.

— Ah, nem contei que comensal apareceu no Beco, né? – comentou Harry num tom divertido – Foi o nosso... “amigo” Draco. Apareceu no meio da multidão logo depois de uma menina ter saído correndo, morrendo de vergonha de estar na minha frente.

Naquele momento que a palavra Draco fora pronunciada, Ellen, a poucos metros da mesa, aguçou seus ouvidos para o que diziam. Olhou para os três, vendo Hermione ao centro e mais dois garotos. O da cicatriz no meio da testa e mais um ruivo e, pela aparência, bem desleixado. O que falavam sobre Draco?

— DRACO? AQUELE...! – mas Hermione fez com que Rony calasse a boca antes de terminar.

— Aqui não, Rony! – Hermione falou sibilante para ele, Rony avermelhara-se. Não sabia se por raiva ou vergonha.

— Não é estranho? Estava conversando com a irmã dela, mas ela pareceu tão... – Harry não terminou de falar, antes de ser interrompido por Hermione.

— Irmã? Irmã de quem? – Ela falou, com uma voz urgente.

— Da garota seques... – Harry parou de falar, parecendo ter percebido algo – Mas ela não tem irmã... só ela foi seqüestrada...

Os três se olharam e disseram ao mesmo tempo:

— Polissuco.

— Acho que era por isso que o Malfoy estava vestido meio estranho, quando o olhei. – falou Harry, olhando para frente enquanto lembrava-se daquela cena bizarra. – Ele parecia vestir umas roupas pequenas. Meio...

— Afeminadas? – perguntou Rony, às gargalhadas – Imagine Draco com uma roupa de menina de 13 anos!

— Capa pelos joelhos... – falou Harry.

— Mangas quase nos cotovelos... – complementou Hermione.

— Saia apertada e curta... – falou Rony, com uma expressão pensativa.

— Calcinha pequena... – os três começaram a dar risadinhas.

— Sutiã pequeno, não se esqueçam... – falou Hermione rindo mais ainda.

— Acho que era por isso que ele estava andando todo torto. Imagina andar com aquela calcinha pequena toda enfiada? – falou Harry, com os olhos totalmente marejados, com as mãos sob o abdômen, sentindo uma dor pungente nos músculos – Não acredito que presenciei a cena mais hilária da minha vida e não parei pra morrer de rir! – Harry lutava para conseguir respirar, enquanto tentava não rir tão alto, para não chamar a atenção. Ao seu lado, Rony e Hermione tentavam fazer o mesmo.

Mesmo depois de muito tempo, os meninos continuaram a rir. Hermione não entendia o porque dos risos incessantes, já que não interpretara “calcinha pequena toda enfiada” no sentido masculino da situação.

Depois de um bom tempo, os risos começaram a diminuir, restando algumas risadinhas ocasionais. Rony, extraordinariamente, teve a iniciativa de voltar ao assunto anterior.

— Não acredito que o Malfoy tenha se atrevido a utilizar a imagem dela para poder capturá-la novamente! – falou Rony indignado. – E a roupa... – mais risadinhas.

— Rony, não foi isso. Malfoy estava lá para vigiá-la e ela conseguiu fugir quando ela deixou-o falando com o Harry. – explicou Hermione, sua expressão era pensativa.

— HÃ? Ela utilizou o Harry para o Malfoy não perceber que ela fugia? – perguntou Rony incrédulo.

— Claro Rony! E, na verdade, foi muito inteligente. Mas o que Malfoy fazia com ela no Beco Diagonal? – perguntou-se Hermione.

— Boa pergunta. – falou Rony naquele momento, também em dúvida.

— Bom, podemos saber isso mais tarde, quando a garota ficar mais calma. – Harry falou, já encerrando aquele assunto – Todas nossas dúvidas serão esclarecidas.

— Sabe o que lembrei agora? – Hermione recomeçou a rir, deixando Rony e Harry com expressões de incompreensão – Rony, você lembra das brigas entre o Harry e o Malfoy? Eram tão ferrenhas que, lembrando agora, chegavam a ser hilárias!

— Eu não tenho culpa daquela fuinha ser um almofadinhas com goma no cabelo. – defendeu-se Harry, ao que Hermione e Rony realmente começaram a rir da indignação dele.

— Bom, concluindo: O Draco é um babaca – encerrou Rony e nesse momento os três riram.

— Por falar nisso, o que será que o Draco está fazendo agora? – perguntou Hermione olhando para Harry e Rony.

Harry e Rony sorriram de modo maldoso, quando responderam em uníssono:

— Tirando a calcinha?

E lá vai mais uma saraivada de risadas. Inclusive as de Ellen que estava a alguns metros dali, ouvindo ainda. Era uma pena que estava sem Malfoy, já tinha agora muitas coisas com que alfinetá-lo. Como o próprio garoto da Cicatriz... um tal de Harry e... a calcinha.


O ser fatídico acabava de entrar na festa. Draco Malfoy atravessava a porta naquele momento, com uma fantasia, chamando a atenção de uma boa parte dos convidados, inclusive Ellen.

Tivera de arranjar uma fantasia às pressas para conseguir entrar na festa sem ser percebido. E, além disso, precisara arrumar uma fantasia que tivesse uma máscara também, pois sabia que o “Trio Maravilha” estava lá dentro, e, mesmo pintando os cabelos de preto, seria reconhecido. A fantasia era chamada de “O Fantasma da Ópera”. Fora a que mais se encaixava na ocasião.

Depois do primeiro impacto da sua entrada, as pessoas voltaram a fazer o que faziam, porém Ellen continuava a fitá-lo de um modo estranho. Será que ela o reconhecera? Mas as chances eram as menores possíveis! De um jeito ou de outro, ele teria que se aproximar dela sem tirar a máscara, para que pudesse se apresentar.

Caminhava pela festa, sendo seguido pelos olhares das garotas, tomando o devido cuidado para ninguém pisar em sua capa. Já se acostumara com os olhares de várias meninas. Todas eram “apaixonadas” pela postura aristocrática, pelo puro-sangue, pela beleza e riqueza e suas boas maneiras. Era bem próprio de sangues-ruins desprezíveis. Mas ele não se importava com ninguém além de Ellen, afinal, sua vida dependia disso. E sua sanidade, já que a mansão sem ela, provavelmente se tornaria um tédio.

Caminhava com displicência, tomando o cuidado de não chamar atenção do bando de “Adoradores de Trouxas, e, ao mesmo tempo, tentando aproximar-se o suficiente de Ellen, para tentar controlá-la á distância. Imperius era totalmente inútil. Como o Lorde o avisara, ela era totalmente imune á isso. Ele precisava pensar rápido em algum feitiço relaxante, para dopá-la. Assim, ela manteria a consciência, mas não se oporia na hora do seqüestro e nem faria um escândalo caso o reconhecesse.

Mas ele ainda não arranjara uma desculpa perfeita para poder se aproximar, sem tirar a mascara! Ele precisava arranjar esse momento antes que a festa terminasse, ou teria de atacar o “Trio Maravilha”, pois provavelmente eles a levariam para um outro lugar, sem ser a casa da Sangue-Ruim, que era bem mais fácil de ser invadida.

Finalmente o momento chegara. Algumas músicas estranhas começaram a ser tocadas. Eram batidas sem nexo, com sons altos e baixos intercalados, sem instrumentos tocados, além do tambor. Aqueles trouxas só inventavam moda mesmo, com essas músicas horríveis que irritavam os ouvidos aristocráticos de Draco. Todos dançavam individualmente, sem combinação ou passo, todos rebolando sozinhos em direções diferentes. Algumas pessoas rebolavam em conjunto e aquilo era mais ridículo ainda. Dança idiota. Idiota como aqueles trouxas imundos.

Ao se distrair, Ellen havia sumido. Maravilha! Precisava achá-la rapidamente, e agora com a multidão ali, poderia procurá-la sem chamar atenção, já que se tornara completamente desinteressante. Quando já estava ficando quase louco naquela barulheira, tudo parou. Ele já havia até saído daquela pista de alucinados, quando a viu. Uma cortina havia sido aberta, revelando um piano, com um homem sentado, preparando-se para tocar.

Ellen estava caminhando diretamente á ele. Mostrou um sorriso, um tanto malicioso, ao se aproximar.

— Vamos ver se sabe dançar sua música, Fantasma. – ela pronunciou, em um tom de desafio, olhando dentro dos olhos dele.

— Será um prazer. – ele falou, apesar de não ter nem idéia de que música seria tocada.

Pegou a capa pela borda, elegantemente, e jogou-a para trás, ficando de lado e estendendo a mão para ela. Ele sabia que quando ela dançava, parecia entrar em transe, e isso facilitaria a tentativa de seqüestro. Poderia enfeitiçá-la discretamente durante a dança, de modo que ela continuaria em transe, mesmo depois da música.

Reconhecia a música, já ouvira tocarem-na algumas vezes quando ainda era pequeno. Era uma música interessante para dançar, pois variava nos ritmos. Durante uma dessas variações para um ritmo mais lento, ele aproveitaria para tirar a varinha do cinto, e enfeitiçá-la, o mais silenciosamente possível.

A música começou a ser tocada assim que os dois se posicionaram para dançar. Draco observou que não havia mais ninguém além deles. Na verdade, todos abriram um espaço, para que apenas os dois dançassem, como se aquilo fosse um show, ou uma homenagem á Ellen.

Era um bando de inúteis mesmo. Além de trouxas, eram completamente alienados. Onde o mundo ia parar? Aquela corja de miseráveis merecia morrer.

Mas todos aqueles pensamentos desapareceram, assim que eles começaram a dançar. Ele sentia-se mais estranho do que da primeira vez que dançaram, com a diferença de que dessa vez, estavam dançando tão bem, que faziam algumas garotas suspirarem, desejosas de estar no lugar de Ellen. Ele sentiu desprezo por elas. Será que se Ellen fosse uma delas, ele também se sentiria do mesmo modo? Afinal, por que ele se preocupava tanto com isso? Por que era tão importante que Ellen gostasse dele? Talvez por saber que Ellen o tinha em suas mãos, ele queria que aquilo fosse recíproco...

Não! Estava devaneando demais, como sempre! Precisava executar seu plano. Finalmente, em um dos rodopios, conseguiu retirar discretamente a varinha e unir os dois corpos. A parte nua de seu rosto tocou a bochecha de Ellen, pondo-o em contato com sua pele acetinada, e ele sentiu o quão alheia ao mundo á volta ela estava. Ellen mantinha a cabeça um pouco inclinada para trás, e isso fez com que seu chapéu, que já ameaçava cair desde o começo da festa, caísse de vez, desmanchando todo o penteado, que como ficara preso por muito tempo, fez com que a cascata negra ondulasse pelas costas. Aquilo, somado ao olhar sonhador dela, fez com que a cena, vista do ponto de vista de Draco, se tornasse simples e estranhamente maravilhosa.

Ele começou a sentir todos aqueles sentimentos, que tentara sufocar todo aquele tempo, voltando, com toda força. A guerra voltara a ser travada dentro de si, mas ele não podia vacilar, não agora. Ele então se concentrou no feitiço e executou-o perfeitamente. Na primeira oportunidade que surgiu, guardou a varinha novamente, voltando á dançar, dessa vez mais leve, já que conseguira realizar a parte mais complicada do plano.

Finalmente tudo estava feito. Mas Draco sentia algo estranho dentro dele. Um curioso mal-estar, causado por seus pensamentos confusos. Sentia-se mal, por estar levando Ellen de volta para o inferno, mas afinal, era ela ou ele. Ele deu uma rápida olhada para ela, que ainda estava em seus braços, ainda em transe, exatamente como deveria. Os aplausos começaram e ele olhou em volta. A música irritante recomeçou, e todos voltaram a dançar daquele jeito estranho. Apesar de odiar aquela música, não poderia negar que ela viera em uma boa hora, já que precisava dribla o “Trio Maravilha” para sair dali. Só precisava passar pela multidão e levar Ellen para algum banheiro, para que pudesse aparatar dali. As pessoas só perceberiam o sumiço dela depois de um tempo, e até lá, os dois já estariam “sãos e salvos” dentro da mansão Malfoy.

Começou a conduzi-la, tentando disfarçar o máximo possível. Quem olhasse, pensaria que estavam apenas indo para um lugar, onde poderiam conversar melhor. Na verdade, todos estavam tão entretidos naquela dança louca, que nem mesmo repararam quando ele adentrou o banheiro feminino, parecendo realmente um fantasma, enquanto segurava Ellen nos braços. Ao chegar no banheiro, ele fez com que ela adormecesse, e pegou-a no colo. Aquele vestido não podia ser mais pesado.

Aparatar era fácil, aparatar á dois é que complicava. Ainda mais, porque aquela seria a primeira vez que ele faria algo do tipo. Tentou concentrar-se e se lembrar dos três D’s: Destinação, Determinação e Deliberação. Além disso, precisaria também se concentrar em Ellen, para que conseguisse levá-la junto. Não poderia deixar uma parte dela para trás, se não o Ministério logo localizaria a aparatação mal-feita e mandaria uma equipe para reparar os danos. Por fim, ele respirou fundo e abraçou-a, concentrando-se profundamente. Começou a pensar que aquilo dependia da sua sobrevivência, mas por fim, o que acabou motivando-o, foi a vontade de ter Ellen inteira.

Sentiu aquela sensação horrível de quando se aparata, como se estivesse passando por um túnel apertado, o que só piorava, posto que estava com Ellen junto. Por fim, bateu com os pés no solo da frente da Mansão. Olhou desesperado para Ellen, constatando que ela, felizmente, estava inteira, e ainda dormindo. “Ao menos meu troféu está inteiro, junto a minha pele”, pensou ele.

Passou pelo portão, lembrando-se da vez que Ellen quase tinha conseguido fugir, e depois quase morrera de Pneumonia e Hipotermia, já que a neve caía furiosamente e ela estava com roupas inapropriadas para a situação. Se tivesse fugido, teria morrido congelada lá fora.

Começou a subir as escadas lentamente, lembrando-se dos acidentes que ele produzia, há alguns meses atrás, para conseguir trocar algumas poucas palavras com Ellen. Não sabia se eram boas ou más lembranças, mas agora já faziam parte daquela casa.

Ele foi carregando ela pela casa, até o aposento onde o Lorde o esperava. Quando se aproximou da porta, que já estava aberta, viu o Lorde de perfil, analisando a lareira, com um sorriso malicioso nos lábios. Quando ele começou a se aproximar, o Lorde ergueu uma das mãos, para que ele parasse.

— Leve-a para o quarto. O elfo lhe levará até o novo. – ele falou, e logo em seguida, um elfo apareceu ao seu lado.

— Sim, Milord. – ele virou-se para o elfo e começou a seguí-lo.

Andaram por alguns corredores, com Draco olhando feio para os quadros que tagarelavam alto, perturbando o sono de Ellen, e enfim adentraram um aposento que o elfo indicou. Draco depositou a menina na cama com alguma dificuldade, já que ela ainda usava aquele vestido enorme, com uma aparência bem incômoda. Pelo menos não estava com aquele penteado, assim poderia dormir um pouco mais relaxada.

Mas no que ele estava pensando? Ele não tinha nada com Ellen, nada com a comodidade dela. Por que então ele pensava como se estivesse tentando consertar algo de errado que fizera com ela? Ele não fizera nada de errado, estava cumprindo ordens! Ficou furioso consigo mesmo e virou-se para sair rapidamente dali. Não queria vê-la, não enquanto estivesse conturbado com todas aquelas coisas idiotas em sua mente. Draco Malfoy não era do tipo que se apaixonava, apesar de no momento, não ter nem certeza de quem era.

Foi diretamente para o seu quarto, para tentar desanuviar os problemas que ele mesmo causara em sua mente. Precisava se autoconvencer de que aquilo era apenas uma fase e logo passaria. Estava apenas nervoso com o que havia acontecido naquele dia. A fuga dela, o castigo que levara do Lorde, aquela festa irritante com aquela música infernal... aquele dia fora realmente um show de horrores.

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