Surpresa!



Ellen observava a garota a sua frente. Pensativamente, ela se perguntava qual seria as possibilidades dela reconhecê-la se dissesse seu verdadeiro nome. Quase nulas. Primeiro: ela era uma completa estranha e bruxa. Segundo: Já deviam ter desistido de procurá-la. Terceiro: Para que bruxos iriam ficar procurando desaparecidos trouxas? Tudo bem, ela não era uma trouxa, mas nasceu trouxa e vinha de uma família trouxa.

— Ellen... Librith. – ela falou baixo, quando percebeu que exatamente aqueles prováveis 1% de possibilidade de reconhecimento da garota fora exatamente o que acontecera.


Hermione então a pegou pelo braço, olhando bem para ela, como se mal acreditasse em seus olhos. Quando encarou os olhos extremamente azuis fora que percebera que era Ellen, a menina que tinha sido seqüestrada por comensais da morte.

— Venha comigo. – ela falou de modo urgente, enquanto via que a confusão estava feita lá onde estava Harry Potter, seu amigo. Provavelmente Ellen devia ter fugido e os comensais deviam estar atrás dela.

Hermione a puxou para o Caldeirão Furado, pagando a Tom os dias que estivera hospedada ali, saindo do Caldeirão Furado com Ellen bem firme em sua mão. Hermione mal podia acreditar que ela ainda estava viva, apesar de não muito saudável, mas estava viva!

Ela tinha pego ônibus, ainda olhando para Ellen como se fosse uma alucinação e por outro lado, estranhava Ellen se agarrando a uma varinha, temendo perdê-la ou que ela retirasse dela. Que varinha devia ser aquela? Durante o percurso do ônibus ela começou a conversar com ela.

— Não se preocupe, não farei nenhum mal a você. – ela falou com um tom mais calmo e bondoso com ela, repousando o braço no ombro de Ellen.

— Quem garante? – ela falou de modo desconfiado para Hermione dessa vez.

— Muitas pessoas, se elas estivessem aqui. – respondeu, mas estranhou como ela falara, era um tom estranhamente insolente, até... um pouco orgulhoso. Isso lhe lembrava algo, mas não sabia bem o quê.

— Pra onde está me levando? – ela perguntou, ainda abraçando aquela varinha. Poderia levar ao Olivaras e descobrir de que comensal Ellen provavelmente devia ter roubado para escapar.

— No momento para minha casa, para depois levá-la a um lugar mais seguro.

— Como me conhece? – ela parecia fazer um interrogatório com Hermione.

— Você foi raptada por comensais da morte em uma estação trouxa. Por terem sido comensais a te raptarem, o Ministério está atrás de você desde então, apesar de agora eles não darem tanta importância ao caso, já que acham que você provavelmente deva ter morrido. Nenhum prisioneiro de Voldemort sobrevive mais do que alguns dias, admiro-me que tenha sobrevivido dois anos inteiros.

— Dois anos... inteiros? – ela arregalou os olhos para Hermione. Dois anos... significava que fazia 13 anos! – Quando que foi... 29 de julho? – ela perguntou com o coração apertado.

— Foi ontem. Hoje é dia 30 de julho. – Hermione imediatamente percebera que ela não devia ter noção do tempo que ficara prisioneira.

— ONTEM!? ONTEM FOI MEU ANIVERSÁRIO! – havia um ar indignado, mas logo em seguida, ela desanimou, abaixando a cabeça de um modo mais conformado, enquanto continuava a falar - Mais um aniversário sem comemorar... ao menos foi mais divertido que o de 12 anos... e menos confuso que o de 11... – ela falava com um desânimo que era de dar muita pena mesmo.

— Acalme-se... – Hermione percebera que ela tinha vagas percepções do tempo enquanto era prisioneira, mas não sabia exatamente que dia, horas ou que mês estava, apenas sabia o tempo que passara.

Ellen tinha se recostado em Hermione, totalmente inconsolável. Já era o 3º aniversário que não comemorava e passava como um dia normal. Sem ganhar presentes, sem ter nem mesmo um mínimo parabéns, sem descanso. Só mais um dia medíocre como todo o resto do ano. Fechara os olhos, ainda com a cabeça recostada em Hermione que estranhava inteiramente as palavras dela.

Ficaram em silêncio durante todo o percurso, enquanto Hermione pensava sobre as pequenas e estranhas frases de Ellen, mas achou por bem não ficar perguntando a ela o que passara enquanto era prisioneira e a quanto tempo devia estar foragida. Provavelmente não confiava em muitas pessoas, na verdade em ninguém, e parecia meio perdida e também entristecida.

Chegando a casa dos pais de Hermione, esta deu-lhe algo para comer e se nutrir. Enquanto ela comia na cozinha, começou a mandar cartas para avisar de que encontrara Ellen e que estava ainda viva. Enquanto ela escrevia, pensou se devia fazer uma festa de aniversário a Ellen.

Claro que deveria, pois Ellen sentia realmente uma falta enorme por não poder comemorar já dois aniversários seguidos e ainda iria ficar sem festa mais um terceiro... principalmente pq era muito importante também. Falara para os pais que era para cuidar de Ellen, pois ela precisava sair para providenciar algumas coisas.

Ela tinha ido até a casa dos pais de Ellen, que estava escrito em um dos folhetos que vira pregado em uma árvore a um ano atrás enquanto a Polícia trouxa ainda procurava por ela. Chegando a frente da casa, ela bateu.

Uma mulher atendeu, ela parecia normal, mas parecia ainda um pouco triste. Talvez a perda da filha tivesse realmente abalado a mulher e mesmo depois de 2 anos ela ainda não tinha se recuperado totalmente do seqüestro da filha. E também da desesperança que ela ainda estivesse viva.

— Desculpe incomodá-los, sei que não me conhecem, mas... eu achei sua filha hoje. – ela falou, indicando a foto de quando Ellen tinha ainda onze anos.

A mulher demorou até finalmente compreender o que ela dissera, arregalando os olhos assim que finalmente a informação fora processada. Então ela agarrou Hermione pelos braços, parecendo desesperada.

— Onde? Onde está minha filha? Fale-me, por favor! – ela falou e havia um ar até mesmo histérico em sua voz.

— Está em minha casa, ela parece ainda estar um pouco abalada pelo seqüestro, mas... poderia pedir um favor a senhora? – ela perguntou de modo calmo, tentando fazer com que a mulher também se acalmasse. Ela realmente não esperava uma reação daquelas, apesar de esperar alguma coisa como choque, ou algo parecido.

— Qualquer coisa... – ela parecia ter os olhos marejados e realmente, depois de alguns segundos ela começara a chorar.

— Ellen quer muito uma festa de aniversário, pois perdeu a de 11 anos e também de 12... você poderia organizar uma festa a fantasia para esta noite? – ela perguntou de modo delicado. – Precisa ser uma festa bem especial, para ela comemorar os dois aniversários que não teve e ainda comemorar que ela tenha voltado sã e salva, apesar de um pouco desnutrida. – ela sugeriu, enquanto observava a reação da mãe.

— Sim, sim... minha filha... viva. – ela falava como se mal acreditasse, ainda meio abobada com o que acontecera tão de repente.

Hermione tinha ficado junto com ela para fazer os preparativos, pois a mãe fizera questão. Queria perguntar muitas coisas sobre sua filha, sendo que a maioria Hermione não pode informar, pois não havia interrogado Ellen sobre aquilo.

Chegou finalmente a hora da festa começar. Hermione fora até sua casa, onde Ellen assistia a TV junto com seus pais e ela parecia mais calma, apesar de ainda parecer estar alerta, pois ela logo notara a presença de Hermione ali. E logo depois de notar, correra até ela, com um olhar estreito e desconfiado.

— Onde estava? – foi logo a primeira pergunta.

Hermione achou graça, novamente aquela sensação de que reconhecia aquele tom de voz assolou-a por alguns momentos, mas percebendo que ela realmente não confiava ainda muito nela. Pegou-a e levou-a para o seu quarto, sem nem mesmo ter respondido a pergunta de Ellen, deixando esta aborrecida e com ainda mais desconfiança.

— Onde iremos, você quer dizer? Venha, vamos nos trocar. – ela falou, enquanto começava a tirar várias roupas e conjurando máscaras. Coisas para festas a fantasia.


Ellen desconfiava muito da garota. Bem poderia ser comensal e ter inventado aquela história toda. Mas ouvira dizer que existia apenas uma comensal e que esta não era chamada Hermione e sim Belatrix.

Mas nada poderia garantir que ela não fosse uma informante. Quando pensou nisso, Ellen percebeu que estava era tendo paranóia de perseguição, simplesmente pq não queria voltar a não ter liberdade e ter que aturar o Malfoy, o Lorde, portas trancadas, ordens e tudo o mais que viria para que dificultasse suas fugas e tornar seus dias tediosos novamente. Tivera uma sensação de agouro o dia inteiro e não conseguira relaxar por um segundo, desde que Hermione simplesmente evaporara.

Quando ela começou a atirar os vestidos, eram todos vestidos estranhamente parecidos com fantasias. Vestidos de princesas, bruxas, alguns outros eram de época. Na verdade, a maioria era de época... e teve um que ela gostou bastante, apesar de ser um tanto, adornado demais e chamativo.

O vestido era do estilo da época de Maria Antonieta, última rainha da França. Chamou-lhe atenção as cores e também o estilo interessante do vestido; imediatamente o pegando para vê-lo mais de perto e sentir o pano.

O vestido abria-se em um decote em V, mostrando o dourado por dentro do vestido, sendo por fora de um vermelho-sangue, em veludo, contrastante com o dourado brilhante. Mas este ia até a cintura e pegava uma parte da saia, pela altura dos joelhos e abaixo vinha uma segunda saia de cetim vermelho, um pouco mais claro, com adornos dourados em suas bordas que iam até o chão, encobrindo seus pés. Por baixo havia vários saiotes brancos para dar a armação e deixar o vestido rodado.

— Quer vestir esse? – a garota perguntou, assim que Ellen analisou todo o vestido.

— É bonito... mas não quero vestir, não sei onde vou. – ela simplesmente falou, colocando o vestido de volta na cama. Não iria a lugar nenhum sem saber onde.

— Uma festa, para te animar. – a resposta não fora realmente o que convencera Ellen, mas achou que precisava relaxar, precisava tentar dar uma chance para a garota.

— Hum... tudo bem... mas não quero o espartilho apertado, eu não quero quebrar costelas e ficar com dificuldade de respirar. – Ellen queria realmente usar o vestido e ver como ficava nela, realmente vestir alguma coisa de estilo trouxa seria maravilhoso, depois de tanto tempo que vestia apenas aquelas capas largas e sem enfeites. Ela também era uma mulher e muito vaidosa quando queria ser também.

Hermione tinha vestido e a adornado. Não havia apertado muito o espartilho, como havia pedido Ellen e depois de umas boas duas horas, as duas estavam prontas para ir a tal festa que Hermione tinha dito.

Ellen não conseguia relaxar direito, um instinto de que alguma coisa iria acontecer na tal festa ficava atormentando-a o tempo inteiro. Esperava mesmo que pudesse relaxar naquela festa, pq daquele jeito estava realmente bem difícil ela conseguir “se animar” como Hermione dissera.

Ela não viu para onde iam e mal e mal percebeu quando chegaram a tal festa. Apenas seus pensamentos tornaram a retornar a realidade quando entrou na tal festa que Hermione lhe falara e seus olhos se recaíram sobre a mesa enorme e em cima escrito o...

Parabéns Ellen! 13 anos!

Seus olhos marejaram instantaneamente. Finalmente... sua festa de aniversário! Seus olhos então percorreram o salão lotado de pessoas e as primeiras que olhara fora seus pais que correram até ela para abraçá-la e beijá-la e uma sensação de segurança retornou quando aconteceu isso. “Casa...” pensava ela, enquanto lágrimas rolavam por seu rosto sem parar de tanta alegria.

Foi como se uma borracha apagasse aqueles dois anos que estivera aprisionada e ela começou a andar pela festa, revendo todas as pessoas e teve uma que mais impressionou-a. Era Lari. Lari estava sem o aparelho! Os dentes estavam agora certos e Lari tinha ficado bem mais bonita sem aquele trambolho no meio da cara, com toda certeza.

Depois de conversar um bom tempo com ela, ela observou um pouco mais para trás de Lari notando uns garotos que pensavam em roubar doces da mesa antes de ser servido os salgados. Sorriu, não conseguia resistir. Seus olhos brilharam e seu instinto cruel estranhamente havia aumentado. Como se tivesse sido cultivado.

Aproximou-se deles de um modo sorrateiro, tinha pedido a Lari para esperá-la. Precisava fazer aquilo, era como se uma parte dela chamasse, implorasse desesperadamente para fazer aquilo. Quando os garotos estavam para pegar os doces, ela finalmente falou e em sua voz havia toda a intenção cruel.

— Estavam com saudades, meninos? – um sorriso cruel estampava-se, enquanto todos os garotos olhavam-na assustados e instantes depois de reconhecê-la, começarem a suar frio, o que apenas estava fazendo com que ela se divertisse mais com a situação.

— Oi... Ellen. – falou um deles mais corajosamente.

— Foi ilusão dos meus olhos ou... vocês queriam roubar doces, antes da hora? – mais um brilho cruel e mais uma vez os garotos se encolhiam.

— Claro que não... nós... nós... – eles começavam a se olhar desesperados para dar alguma desculpa, pois ela os tinha pego bem quando estavam quase pegando os doces, o que não tinha desculpa convincente. E ela tinha feito de propósito.

— “Nós” estamos encrencados. – havia um ar cruel e igualmente divertido na voz de Ellen ao pronunciar aquilo. – Pq essa é a MINHA festa e os doces só vão ser servidos quando EU quiser.

Se não fosse por Lari, provavelmente Ellen iria mandar os garotos ao hospital e, com certeza, não era com as mãos que iria fazer aquilo. Principalmente pq não queria estragar o seu vestido. Iria utilizar a magia o que facilitaria muito mais o seu trabalho.

Foi apenas quando Lari veio falar com ela que ela parecia ter... despertado. Ela nunca tinha chegado a um ponto tão extremo de maldade contra garotos! Gostava de bater neles, mas não de espancar a um ponto crítico. Devia... devia ser simplesmente a saudade de poder bater em algum menino, já que não podia bater em nenhum enquanto estava dentro da mansão.

Durante o resto da festa, Ellen preferiu não chegar próxima a garotos, antes que aquele sentimento ficasse cada vez maior e ela pudesse matar um deles, provavelmente não tendo remorsos ou mesmo tendo prazer de o ter feito. E, naquele momento, ela achava abominável. Mas ao mesmo tempo, um outro lado dela sabia que mesmo ela achando aquilo, que ela provavelmente acharia extremamente divertido quando ela o fizesse.

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