Um Encontro Inesperado

Um Encontro Inesperado



PLAFT!

O som de um tapa e, logo após, a estridente voz de Ellen ecoaram pelo quarto. Ela parecia estar mais indignada e furiosa do que o normal.

— ATREVIDO!

Draco acabara de descobrir que acordar levando um tapa no meio da cara e, ainda por cima, ouvindo o atordoante histerismo de Ellen era realmente uma das piores maneiras de começar o dia. Principalmente porque ele acabara de cair de cara no chão. Nunca pensara que aquelas mãozinhas frágeis e delicadas pudessem bater com tanta mira e força, fazendo seu rosto arder terrivelmente..

Sua manhã realmente começara com perfeição!

Depois de alguns minutos tentando entender o que acontecia, frisando o fato de que Ellen ainda batia nele com o travesseiro, parando ocasionalmente quando cansada, ele finalmente descobriu o q acontecera.

A barreira de travesseiros sumira da cama e, pelas poucas palavras ditas por Ellen que ele conseguia entender, ele havia abraçado-a, durante a noite. Pelo jeito, ela acordara com ele abraçado á ela. Todos os travesseiros estavam esparramados no chão.

Ellen ainda estava furiosa com o que tinha acontecido, mas não tinha nenhum direito de culpá-lo. Além disso, aquilo podia ser apenas uma desculpa para espancá-lo, logo de manhã. Draco conseguiu imobilizá-la, antes dela conseguir fôlego renovado para futuros “ataques” com o travesseiro. Nesse momento, Draco reparou que tinha voltado ao normal, mas ainda usando sutiã, pijamas femininos e uma calcinha que apertava terrivelmente. Mas, ou ele tomava a poção, ou se protegia de Ellen. A segunda opção pareceu mais viável, no momento.

— Como você OUSOU me abraçar durante a noite, sujeitinho à-toa?! Traíra! – ela ainda falava, mesmo ofegante. Draco também ofegava, porém tinha força, ao contrário de Ellen.

— Quantas vezes eu vou dizer que eu não fiz nada com você, garota! – ele falava, enquanto imobilizava, com as pernas, os joelhos dela, que estava na quina da cama.

— Como eu vou acreditar em você? Você estava me abraçando de manhã, com todos os travesseiros jogados no chão! ME LARGUE, SEU TARADO! – ela falava, tentando se libertar das mãos que prendiam seus pulsos e das pernas que prendiam seus joelhos.

— Se você parar com esse ataque de piti e abaixar o volume, eu te largo. Caso contrário, vai ficar presa na cama o dia inteiro! – ele falava, com um sorriso se formando no canto da boca, enquanto segurava-a.

— Você está mandando em mim? – ela falou com os olhos faiscando na direção dele, parando repentinamente de se debater.

Ela tinha novamente aquele estranho olhar, tão parecido com o do Lorde que Draco ficou com medo. Porém, continuou segurando-a, respirando profundamente e encarando os olhos dela fixamente, com seu coração batendo tão rápido que chegava á doer.

Aquela guerra de olhares foi se arrastando por minutos, sem nenhum dos lados ceder, até que, finalmente, Draco desviou o olhar. Ellen era teimosa como uma mula empacada, mas ele não podia deixar de admitir que ela era inteligente e que os planos de fuga dela eram quase perfeitos. Nenhum havia sido completado, simplesmente por que, numa jogada de sorte, Draco estava por perto para impedi-la. Porque se não fosse ele, Ellen já teria escapado há muito tempo.

Finalmente Draco a soltou e foi beber a poção Polissuco. Como na noite anterior, Ellen obrigou-o a colocar uma venda sobre os olhos, para ela poder trocá-lo e se trocar também, Draco achou melhor não contrariar, já que se ela desse outro escândalo, todo o Caldeirão Furado iria subir pra saber o que era.

Como no dia anterior, ele foi primeiro ao Gringotes para sacar dinheiro suficiente para se alimentarem e comprarem algumas coisas.

No dia anterior, Ellen tinha visto a loja de varinhas, Olivaras, mas estava tarde e ela estava muito cansada para ir ver como era lá dentro. Assim que os dois colocaram os pés no Beco Diagonal, Ellen disparou na direção da Olivaras. Ela estranhou o fato de Draco ter escondido sua varinha, assim que adentraram á loja, porém preferiu não dar tanta atenção ao fato. Ela passou os olhos pela loja, que tinha um aspecto de abandonada, como se fosse desabitada há anos.

Quando ela se aproximou do balcão para examinar uma varinha ali repousada, ela ouviu um barulho e deu um pulo pra trás, escapando por pouco de uma avalanche de varinhas. O “monte” se moveu, indicando que havia alguém lá dentro.

— Bom Dia! – um senhor de idade saiu daquele entulho. Ele tinha olhos arregalados que fizeram Ellen se lembrar de luas cheias.

— Bom Dia... – disse ela, observando o excêntrico senhor que vinha atendê-la.

— Veio aqui para escolher uma varinha. Sim, sim...

Ellen apenas olhava, enquanto o velho resmungava sozinho, olhando as prateleiras. Ela olhou para o lado e se aproximou de “Draco”, para fazer uma pergunta.

— Você teve que vir aqui escolher uma varinha? – ela sussurrou.

— Claro que sim. Provavelmente, o Lorde também comprou sua varinha aqui. – ele sussurrou de volta para ela, enquanto também olhava Olivaras.

— E como você sabe qual é a varinha certa? – pela primeira vez, os dois pareciam se entender, enquanto encaravam Olivaras ali, arrumando as prateleiras que despencaram.

— A varinha que escolhe seu dono e não o contrário. Você vai ter que testar até achar a sua varinha.

— O que? Varinhas pensam? – ela perguntou, incrédula.

— Não faço a mínima idéia. Só sei que elas são únicas. Quando quebram, é um problemão pra arrumar outra.

— Então se eu quebrar a minha, não terei mais varinha? E já que a varinha só funciona com o dono, como posso usar a do Rabicho?

— Se você usar a varinha de outro bruxo, ela continuará funcionando, porém não terá um efeito tão bom. Eu já testei a varinha do meu pai e não deu muito certo...

— Mas você não vai comprar minha varinha. – ela falou, lembrando-se que ele falara que não iria comprar presente nem nada para ela.

— O Lorde mandou que eu comprasse uma varinha pra você, quando chegássemos aqui. Ele também mandou avisar que se você executar algum feitiço, sua estadia aqui será encurtada. – ele sussurrou. Aquilo era uma ameaça, já que o Lorde sabia que o que Ellen mais queria era ficar longe da mansão Malfoy.

— Ele é persuasivo. – ela comentou de um modo mal-humorado, pensando no que poderia fazer com a varinha, já que não podia fazer feitiços.

O Senhor Olivaras estava voltando, e Ellen ainda pensava no que poderia fazer. Talvez ela regesse uma orquestra invisível, ou movimentasse a varinha como uma bandeirinha, ou até imaginasse que a varinha era uma bengala e saísse capengando por aí...

— Desculpe a demora, mas precisei arrumar um pouco as prateleiras. Aqui está. – ele se aproximou, abrindo a caixinha, para que Ellen pudesse pegar a varinha de dentro.

Quando ela ergueu a varinha, Olivaras tirou-a imediatamente da mão da garota e foi procurar outra varinha. Ellen experimentou a nova varinha, mas, como a outra, Olivaras retirou-a da mão dela. Depois de várias horas “experimentando” as varinhas, Olivaras encarou-a bem. Depois, ele foi até os fundos da loja e voltou segurando carinhosamente uma varinha com aparência de antiga.

— Essa é uma das varinhas mais antigas que tenho. Foi feita especialmente para uma mulher. Experimente. – ele falou, indicando a varinha para ela.

Por algum momento ela admirou a varinha. Era bem bonita, adornada e, por um momento, ela sentiu que a varinha era muito parecida com ela. Ellen pegou a varinha, sentindo como se algo que sempre havia faltado na vida dela tivesse sido preenchido, e fez um movimento. Imediatamente, várias fagulhas saíram da varinha, indicando que esta havia encontrado seu dono.

— Intrigante. – Olivaras falara, encarando bem Ellen. – Achei que uma mulher mais forte teria sido a escolhida da varinha. – ele falara simplesmente, virando-se de costas, indo ver o preço da varinha.

— Isso é por que ele não te conhece. Se conhecesse, não diria algo tão idiota. – Draco resmungou, enquanto o via se afastar.

Ellen sorriu com comentário de Malfoy. Ela realmente infernizava a vida dele, pelo mesmo motivo com que ele brincava com ela. Era apenas diversão, não? Olivaras deu a conta para Draco que, depois de muito resmungar, pagou a varinha. Quando o senhor perguntou á Draco sobre a varinha dele, Draco disse que ele usaria a varinha de seu falecido pai.

Quando saíram, Draco parecia intrigado com alguma coisa. Ellen não conseguiu conter sua curiosidade e perguntou o porque daquele jeito pensativo.

— Algum problema, Draquinho? – sussurrou Ellen, enquanto carregava sua varinha, que estava embrulhada.

— Olivaras não costuma omitir do que é feita a varinha, mas dessa vez, ele não falou nada.

— Você parece conhecê-lo bem, não? – ela perguntou baixo, enquanto pegava a varinha lentamente, retirando-a da caixa, já que Draco parecia distraído. Quando conseguiu, fez uma magia para que as poções Polissuco sumissem dos bolsos dele e guardou a varinha novamente, com um enorme sorriso no rosto.

— Ele tem muitas manias e também tem uma boa memória, melhor do que deveria ter. Sabe sobre todas as varinhas que vendeu, sem exceções. – ele falou, sem perceber o que ela aprontava.

Depois de andarem um pouco, chegaram a um lugar, onde havia uma multidão em volta de algo. Draco segurou-a pela mão, para desgosto da garota, e começou á contornar as pessoas, para saber o motivo do ajuntamento. Quando descobriram, Draco fechou a cara instantaneamente. Havia um garoto, aparentando ter a mesma idade de Draco. Ele tinha cabelos espetados para todas as direções e uma cicatriz em forma de raio no meio da testa. Percebendo que devia haver alguma inimizade entre os dois, Ellen imediatamente bolou um plano de fuga, aparentemente perfeito.

— Quero vê-lo mais de perto. – ela falou, se aproximando mais do garoto, tentando ouvir o que as pessoas falavam.

Enquanto Ellen contornava o tal garoto, alguém bateu uma foto deles, causando uma explosão. Draco pareceu se desesperar e, até ela ficou assustada, posto que aquilo não era como os flashs das câmeras que ela conhecia. Draco começou á puxá-la na direção contrária, mas ela já estava ao lado do garoto.

— Olá! Me desculpe pela má-educação, mas minha irmã está realmente animada para perguntar-lhe algumas coisas! – ela falou, indicando Draco, que pareceu estar bem mais aterrorizado do que antes, se é que isso era possível.

Draco começou a gaguejar, se enrolando cada vez mais na tentativa de inventar alguma desculpa. Ellen aproveitou a distração para andar de costas, se misturando á multidão. Depois de ultrapassar a confusão, ela começou á correr desesperadamente, de volta ao Caldeirão Furado, segurando firme a varinha em sua mão. Ellen corria, e, ocasionalmente, olhava para trás, para se certificar que Draco não a seguia. Enquanto estava no meio de uma dessas “olhadelas”, bateu de frente com alguém, com tal força que caiu para trás. Depois do susto inicial, ela abraçou sua varinha, que havia caído ao seu lado, e olhou para cima, encarando a menina.

— Desculpe. – a garota falou, enquanto estendia a mão para ajudá-la a se levantar. – Você está bem?

— Es-estou, obrigada. – ela falou, gaguejando.

A garota parecia ter um ar bondoso, enquanto olhava para uma aparente garota de 11 anos, que havia se perdido de alguém.

— Onde estão seus pais? – ela perguntou, com os olhos castanhos encarando o rosto assustado de Ellen, que queria desesperadamente sair dali, antes que Draco percebesse que ela tinha fugido.

— Estão... Estão me esperando no Caldeirão Furado. – ela falou, tentando dar um fim na conversa. Quando Ellen olhou para trás, reparou que as pessoas corriam em várias direções, em desespero. Vários feitiços eram pronunciados em voz alta e sem direção aparente. O barulho de várias pessoas aparatando pôde ser ouvido. Pelo olhar que a menina lançou para Ellen, sua mentira não havia colado. Ela abaixou os olhos, tentando pensar em algo para dizer... ela nem conseguira formular uma frase completa, quando a jovem voltou a falar...

— Você não precisa ter vergonha de falar que é órfã. Não se preocupe, eu entendo! – ela falou, sorrindo. Sim! Aquela era uma ótima desculpa!

— É que... me perdi dos outros.

— Deu pra notar. – ela falou rindo e Ellen não entendeu muito bem o porque. Depois de olhar em volta, ela descobriu o motivo do riso: Ela estava correndo em direção ao Gringotes, e não ao Caldeirão Furado.– Já que estamos conversando, meu nome é Hermione Granger. E o seu?

Ellen observou Hermione, mais apreensiva do que antes. Será que deveria dizer seu nome verdadeiro para ela ou inventar qualquer outro, para não se comprometer?

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