Era uma vez uma Dança

Era uma vez uma Dança



A dor era lancinante. Draco não conseguia nem ao menos ficar de pé, pela recente joelhada que recebera entre as pernas. Como ele podia ter sido tão ingênuo a ponto de não notar o que Ellen pretendia? Ele conseguiu rir da própria burrice mesmo gemendo de dor. Fora golpe baixo da parte dela acertar seu ponto fraco. Sua guarda estava baixa e ele não teve tempo de se defender. Ele respirou, tentando acalmar-se e não prestar atenção à dor. Quanto mais pensasse nela, mais a sentiria.

Ele continuava a sorrir. Interessante. Conseguira finalmente arranjar um momento a sós com ela. Na verdade dois momentos se contasse com a hora que a visitara no quarto um pouco antes de irem ao baile. Ele já devia ter reparado que ela aprontaria algo quando ela disse aquilo, um pouco antes de sair.

“— Não esperaria tanto”.

Apesar de tudo ela era inteligente e ousada. Não tinha um pingo de respeito por ninguém de sua família e, ele mal conseguia acreditar, nem pelo Lorde. Ele não sabia como, mas ela parecia imune à morte, pois se ele fizesse tudo que Ellen faz, sua era certa.

Mas o que mantinha-na viva? Os Prós: Era inteligente - um ponto -, era ousada - dois pontos -, maldosa, com uma péssima índole. Parecia satisfazer-se com a raiva dos outros - três pontos. Os Contras: Desobediente - menos um ponto -, não segue regras - menos dois pontos -, respondona. Nada passa batido sem resposta da língua venenosa e afiada - menos três pontos.

Mas fazer esse raciocínio não levou a nada, pois ele voltara á estaca zero, e ainda não sabia o motivo da sobrevivência dela. Ela não era uma comensal perfeita. Na verdade ela era a PIOR comensal que poderia existir. A única coisa que importava á ela, era sua própria vida. O resto eram simples empecilhos.

Finalmente, ele percebeu que a dor havia amenizado. Quando se levantou e observou o baile acontecendo lembrou-se do que ela havia dito. “Vai procurando por aí enquanto arranjo um lugar bem longe de você para planejar e EXECUTAR meu próximo plano de fuga”. Ele precisava correr atrás dela de novo para impedi-la de alguma idéia absurda.

“Ela deve ter algo importante. Se o Lorde vai ficar aqui durante anos, eu também terei anos para conseguir dobrá-la. Principalmente se ela participar de todos os bailes. Ela vai ser minha”. Pensou ele, caminhando decididamente entre os convidados, dando uma última olhada na sacada, para ter certeza de que não havia nada escondido lá.

Ele procurava-a por todo o lado, evitando as garotas a qualquer custo. Finalmente conseguiu encontrá-la. Ela estava parada próxima á pista de dança, olhando os dançarinos, parecendo vidrada. Uma valsa estava sendo tocada. Ele se aproximou dela, que pareceu não notar. Aproximou-se um pouco mais e ela continuava sem notá-lo.

Ele se perguntava o porquê dela ela estar daquele jeito, quando ele idiotamente percebeu que a resposta estava na frente dele. Ela devia estar encantada com a dança deles. Que estranho! Era só uma dança! E se ela quisesse dançar?!

A oportunidade perfeita. Ele olhou em volta e percebeu que não havia nenhum outro menino disponível que poderia convidá-la. E mesmo que houvesse, ele iria obrigá-la a dançar com ele. Mesmo que isso significasse levá-la á força para a pista. Finalmente depois de se decidir ele chegou bem perto dela e falou:

— Dançam bem, não acha?

Ela se assustou e ele conseguiu arranjar a chance perfeita para alfinetá-la. Por que estava fazendo aquilo se ele queria tirá-la para uma dança? Só complicaria mais para ele, mas mesmo assim, não ia perder a oportunidade. Ela também faria o mesmo, apesar de provavelmente não querer dançar com ele.

— Fica mais bonita assim. – ele sorriu malicioso. Sabia que o feitiço de mudez não saíra ainda e que ela não poderia respondê-lo. Ele pensou satisfeito que conseguira, literalmente, deixá-la sem fala.

Ela amarrou a cara para ele e tentou falar, mas nada saiu, como da outra vez. Aquilo pareceu irritá-la mais, mas ao invés dela se aproximar, ela lhe deu as costas e começou a andar para longe. Ele não foi atrás, mas disse uma coisa que a fez estacar e se virar para encará-lo.

— Não quer dançar? – Ele previu certo. Ela estava louca para dançar e se ela parara e olhara para ele, a vontade devia ser grande, pois com certeza, ela recusaria o convite. – Estou te convidando.

Ela o olhou de cima a baixo, como se avaliasse os estragos. Draco não deixou o sorriso de lado, ele estava com vantagem dessa vez. Ellen olhou para a pista novamente e para os lados, procurando outro garoto. Como não achou, voltou a olhar para Draco, com um olhar que dizia que só iria dançar com ele, por ele ser a única opção. Ou ela dançava com ele, ou não dançava com ninguém.

E dessa vez, quando terminasse a dança ela não conseguiria escapar. Ellen estremeceu, olhou nervosamente para a pista e de novo para ele que continuou com o mesmo sorriso. Depois de mais alguns minutos, ela cedeu. Aproximava-se com lentidão dele, ostentando uma expressão que parecia que ele fedia terrivelmente. Ela parecia realmente repudiá-lo.

Ele a levou para a pista e se posicionou para dançar com ela. Ellen olhava para todos os lados menos para ele, e tentava ficar o máximo possível sem tocar os corpos. Mas toda essa resistência pareceu desaparecer, quando ele começou a conduzi-la pela pista. Ele tivera aulas de dança e sabia muito bem dançar com habilidade. Ele nem olhava para a pista. Apenas observava-a.

Ellen tinha mudado drasticamente. Há minutos, ela estava com raiva dele, tentando insultá-lo e já havia até insultado-o, antes do feitiço. Mas agora ela tinha se transformado no que ele com certeza nunca imaginaria!

Pareceu que toda aquela superfície insolente e rebelde tinha caído. Ficara dócil e frágil. Pareceu ter sido amansada e isso o deixou enormemente... confuso. Será que existia mesmo aquele negócio de fingir ser uma coisa para esconder outra? Talvez seu pai tivesse razão. “Pode ser resistente, mas nada é imutável”. Ele devia ter acabado de achar o ponto fraco tão bem escondido dela. Ela amava dançar! Mas como ele iria conseguir conquistá-la se dançando ela parecia estar em transe? Ela não parecia estar acordada e por alguma razão, ele achou que ela ficava mais bonita daquele jeito. Meio sonhadora.

Em um dos rodopios que fizera durante a valsa, ela se desequilibrou e começou a cair. Draco, mais do que depressa, amparou sua queda e finalmente conseguiu ver seu rosto. Ela estava sorrindo! Ela tinha um brilho tão especial em seus olhos, que parecia estar realmente confiando nele! Ela havia se entregado totalmente... ele só podia estar sonhando! E ela... estava tão bonita daquele jeito... Então um desejo imenso de que aquele instante fosse eterno assolou Draco momentaneamente.

“Não! Espera. Ela nunca vai ser nada além de uma medalha. Nada” Continuou a observá-la e sentiu um arrepio estranho, então saiu daquela posição para continuar a dança, quando ela encostou-se nele. Nunca que ela encostar-se-ia a ele em sã consciência! Ela devia estar em um estranho estado de espírito... só isso. Talvez acontecessem coisas como essa quando as pessoas conseguem realizar um sonho. Mas dançar era um sonho? Sonho estranho...

Depois de muito conflito de pensamento, a música parou, fazendo-no se arrepender. Ellen pareceu despertar de seu transe e ao notar que estava encostada nele, empurrou-o para longe assustada e com nojo. Ela passou a mão na boca como se tivesse... ele não conseguia pensar no que poderia ter acontecido pra ela querer limpar a boca tão apressadamente. Ellen olhava-o e empalidecia, limpando cada vez mais rapidamente a boca.

O que ele tinha haver com esse estranho desespero? Draco segurava a mão dela firmemente. Ela tentava fazê-lo largar, mas como ele havia prometido a si mesmo que não deixaria-na sair de perto dele, assim o fez. Fora rodeado de garotas novamente e sentiu-as tentando libertar Ellen, mas ele repentinamente chamara atenção para ela.

Arranjou todas as maneiras possíveis para que ela não escapasse de seu braço, até o fim do baile. Ela parecia furiosa por não ter conseguido se livrar dele e olhou para a sacada onde conseguira burlar a segurança. Imediatamente, Malfoy pensou que havia realmente algo lá. A primeira coisa que faria depois de entregar Ellen ao Lorde, seria verificar.

Não tardou muito o Lorde apareceu na escada e Draco finalmente soltou o braço de Ellen. Ele sorriu para ela, que o lançou um olhar assassino. No meio da escada, ela pareceu mudar de idéia repentinamente. Virou-se voltou até ele sorrindo.

Ele estava preparado para o golpe, mas não foi o mesmo. Ela acabara de pisar nos dedos de seus pés com o sapato simples que ele lhe dera. O Salto deles esfolou seus dedos.

— AAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!

Ele saiu pulando enquanto ela voltava a ir a direção ao Lorde com um sorriso satisfeito. Ele ainda pulava sentindo seus dedos latejando dentro do sapato, quando viu que ela dava uma ultima olhada nele, sorrindo perversamente, enquanto seguia o Lorde.

Ele suspirou e percebeu que ela não mudara em nada e que ele continuava a cair em suas armadilhas. Ele foi pulando para a sacada e começou a procurar por alguma coisa desconhecida. Procurou, procurou e procurou. Nada foi achado até que ele decidiu ir para onde a pegara com a cara mais culpada do mundo. Ela estava... retirando a mão dali.

Pegou a varinha e iluminou ao sacada e viu o porquê dela estar desesperada por ter sido vista ali. O feitiço tinha sido rompido. Talvez a força ainda não estivesse grande na hora em que ela fizera pressão. Naquele momento, havia um rombo onde cabia perfeitamente uma pessoa dentro. O feitiço estava se desintegrando vagarosamente. Ele ficou horrorizado, pois novamente ele conseguira interromper mais uma das fugas dela. Então ele começou a se lembrar.

“As meninas ainda o estavam rodeando quando ele sentiu aquele nervosismo repentino. Começou a mover as mãos, tentando afastar as garotas que não o deixavam em paz. Ele começou a suar e seu coração estava indo até a boca, até que teve uma idéia.

— Meninas, preciso ir ao banheiro. Com licença.

Como imaginara, elas ficaram guardando caixão em frente ao banheiro. Entrou e conseguiu aparatar dali, depois de colocar alguns feitiços para que as garotas não ouvissem o barulho do desaparatamento. Ele parou bem no meio das mesas, onde existia uma quantidade excelente de pessoas andando, para poder se esconder entre a multidão. Aquele nervosismo todo... por que tinha ficado tão nervoso quando Ellen sumira repentinamente? Não ligara no começo, mas agora ele finalmente começou a procurá-la, sem obter sucesso. Por quê? Ele foi tomar ar fresco para ver se tinha alguma idéia. Dirigiu-se a uma das sacadas e finalmente viu a silhueta familiar de Ellen. Correu e notou que ela fazia alguma coisa suspeita. Foi caminhando e quando chegou na sacada, falou:

— Planejando a próxima fuga?

Então ela o olhou e até o mais burro conseguiria notar que ela tinha aprontado alguma coisa...”

Será que esses estranhos nervosismos aconteciam quando Ellen estava conseguindo ou planejando fugir? Que coisa idiota de se pensar! Simplesmente era sorte. A Sorte não queria que ele morresse e ele agradecia. Mas mesmo assim não era bom confiar tanto. Precisava tomar cuidado com Ellen, pois ela era esperta e uma hora ela ainda acabaria enganando-o. Precisava ficar alerta.

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N/A => Eu sei, demorei uu~ mas eu estava tendo uns problemas aqui no PC que eu não achava o capitulo.

Eu espero que gostem ao menos o/ pra recompensar a demora.

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