O Presente de Natal de Ellen

O Presente de Natal de Ellen



Era uma noite gelada. A neve caía impiedosa sobre as folhas das árvores. Um branco sem fim era visto da janela de uma casa, grande como uma Mansão. De uma das janelas, com a luz ainda acesa, uma garota observava aquela paisagem.

Ellen já estava lá há alguns meses. Seus pensamentos maquinavam outra tentativa de fuga. Ela nunca estivera tão empenhada em tentar escapar daquela casa.

O primeiro motivo era o garoto. Não gostava de admitir, mas ele parecia persegui-la pela casa. Não parava de olhá-la durante as refeições e lhe lançava olhares que a deixavam nervosa, irritada e, ela também detestava admitir, com um certo receio, medo.

Segundo motivo, esse praticamente era conseqüência do outro, era que o Lorde estava obrigando-a á ir a uma festa. O Natal estava chegando, e na Mansão Malfoy eles pareciam comemorar todo tipo de festa. Ela não entendia porquê eles faziam tanta questão da presença dela, já que na primeira festa, ela ficara trancada no quarto.

Foi por causa dessa festa que ela começara a se empenhar em fugir e além de tudo, odiar ainda mais o garoto. Ela começou a se irritar com ele e só conseguia pensar em fugas. Estava de novo odiando o garoto pelo atrevimento dele. Nada poderia ter dado errado naquele dia com ela e por culpa dele, não conseguira fugir.

Ela começou a lembrar do que acontecera uma semana antes, quando ela finalmente descobriu que tinha 12 anos completos há quase 6 meses.

“Estava sentada no chão, emburrada e encarando a lareira da Sala de Estar, ou qualquer sala que fosse. Aquele dia fora péssimo, tudo dera errado. Não saber onde estava era o mínimo de seu azar.

O Lorde a estava observando, ou não, mas ela não conseguia pensar em nada além de xingamentos, maldições e qualquer outra coisa para tentar extravasar a raiva mentalmente. Na lareira á sua frente, as labaredas ficavam cada vez mais altas, mas Ellen não estava com medo de se queimar. Ela estava apenas péssima. Seu humor parecia exatamente com as labaredas da lareira.

Desmaiara mais de 10 vezes ( ela perdera a conta depois do 14) e ainda tinha que aturar o olhar indesejado do garoto e sua voz irritante, já que ele decidir falar com ela. Ela apenas lançou-o um olhar que misturava repugnância, surpresa e uma tentativa de olhar assassino. Ela prometeu á si mesma que não responderia. Mas sua promessa foi quebrada, quando ele insistiu na mesma pergunta pela 4ª vez. Ninguém merecia...

Agora estava sentada ali, tentando controlar a raiva de não destruir tudo que visse na frente. Respirava pesadamente e decidiu deitar-se ali mesmo. Xingar o mundo não melhoria em nada seu dia, já que ele estava perdido. O tapete peludo era realmente macio e isso ajudou a amenizar um pouco as coisas.

Ainda observando as chamas, ela achou ter visto como um relance a mãe chorando. Pensamentos tristes voltaram... era só o que faltava mesmo. O problema é que aquilo não era nem de perto o pior. Aquele dia foi cruel.

A porta do aposento se abriu devagar. Passos receosos se aproximavam deles. Não era o Sr. Malfoy. Ele tinha medo, mas sabia esconder. Poderia ser um Elfo, mas os passos deles eram bem mais leves do que os de quem vinha. Só sobrava a Sra. Malfoy.

Mas não foi uma voz feminina que falou, era um homem.

— Milord... eu... gostaria de... de fazer um pedido. – ele terminara a frase em um fôlego só parecendo que não teria coragem de fazê-lo de novo.

Draco Malfoy. Apesar de estar irritada com a presença dele não conseguiu deixar de ficar curiosa com o tal pedido, até que ele estava sendo corajoso. Devia ser importante, pra ele.

— O Natal está chegando e o senhor sabe... nós – ele foi interrompido bruscamente.

— Fale o quer, Malfoy. – Fora uma ordem seca, mal-humorada.

Ellen deu umas risadinhas perversas. Malfoy perdera o fio da meada, por causa do silêncio que se prosseguiu, mas suas risadinhas logo cessaram ao pensar naquele prólogo interrompido. Natal significava fim do ano e provavelmente já tinha passado mais de ano que estava com o Lorde e isso era o mesmo que... ter 12 anos! Sua depressão piorou, pensando que já se passara um ano e meio que não via a família. Mas seus pensamentos não pararam por aí.

Natal era uma festa comemorativa e os Malfoy provavelmente iriam comemorar essa data com uma festa. Se Draco estava ali, com certeza não era para lembrá-lo de deixar Ellen no quarto...

O coração de Ellen se apertou de medo. “Ele não pode fazer isso...”, pensou ela, arregalando seus olhos, apreensiva. “O Lorde não vai deixar...” Ela pensava em desespero, com algo dentro dela avisando-a de que aquela era uma sexta-feira 13 e que estava perdida..

— Gostaria de levar Ellen no baile que vamos fazer. – ele falara rápido e prendera a respiração. Ellen sentiu aquela tensão no ar.

“Ele não vai deixar, não vai deixar, não vai deixar...” Ela pensava, visivelmente alterada. Aquilo era o fim do mundo! Se não fosse a situação, com certeza ela já teria partido pra cima dele, por ter usado seu primeiro nome. Mas do jeito que estava apavorada com a idéia de ter que ficar aturando-o durante a noite inteira depois de um dia exaustivo, ela nem notara. Seu coração parecia um tambor de escola de samba. Não duvidava nada que o de Malfoy também não estivesse.

E quem decidiria esse impasse era justamente o Juiz bem ás costas dela.

Silêncio.

Ninguém respirava, nem ela que deveria estar dormindo.

A resposta veio como uma apunhalada.

— Vai ficar vigiando-a durante toda a festa, Malfoy?

Pronto. Ellen não tinha esperanças de que o Lorde mudasse de idéia, mesmo com uma chance mínima de que isso acontecesse. Voltou á respirar, derrotada. Malfoy também começou a respirar, mas estava aliviado. Ela sentiu, com certa raiva, satisfação naquele mínimo suspiro.

— Sim, Milord, providenciarei tudo que for preciso para evitar que ela escape.

Ellen já começava a pensar com ironia. “Não, vai providenciar tudo para que eu fuja, como se ninguém soubesse que ele faria isso!”.

— Estou te dando mais uma chance, Malfoy, mais uma e espero que você não a desperdice como da outra vez...

Ellen ouviu aquilo, estranhando. “Espero que você não desperdice como da outra vez...” Aquilo fora interessante, mas sua frustração era tanta que não pensou mais naquilo, durante o resto do dia.”

E agora estava ali, olhando pela janela sem ainda ter uma idéia perfeita de fuga. Ela se debruçou sobre o peitoril, frustrada. “Ok, Magia não é tão imprestável assim, pelo menos PROS OUTROS!” Ela pensou furiosa, batendo no peitoril com raiva. Virou-se de costas para a janela, com os olhos marejados de lágrimas. Não era tristeza, era raiva e frustração por ficar ali, praticamente esperando para o dia fatídico. Ela escorregou até sentar-se no chão, abraçando as pernas. Tentando se acalmar, ela apóia a cabeça entre os joelhos e tenta parar de soluçar.

“Se eu pudesse tomar ar fresco talvez eu pensasse melhor... mas a janela está trancada”. Pela milésima vez, ela tocou o vidro. Ou tentou fazer isso, já que sua mão ultrapassou o vidro, ou melhor, o nada. Não havia mais vidro! Ela pulou, olhando para a janela, estupefata.

Ela tinha certeza de que o vidro estava lá há minutos atrás! Mas agora o vento passava livremente, batendo em seu rosto, gelando-o, tanto por que estava frio lá fora, quanto pelas lágrimas que há pouco caíram de seus olhos. Ela não entendia o que havia acontecido, mas uma luz de esperança se acendeu. Ela olhou para baixo... talvez se pulasse na neve não doeria tanto.

Colocou um pé e depois o outro, se segurando nas laterais da janela... parecia ser realmente alto. Se tivesse algo para descer com mais segurança... Lençóis! Igual aquele filmes onde a menina ou sei lá quem fugia pela janela por lençóis amarrados um no outro. Desceu da janela e começou a amarrar todos os lençóis que achou. Amarrou uma das pontas no pé da cama mais próxima da janela (a sua) e então foi testar. Seu coração batendo de esperança e apreensão. Talvez fosse sua ultima tentativa, esperava que desse certo.

Desceu devagar, tentando não fazer o mesmo erro que dos mocinhos nos filmes que desciam bem no nariz de quem não podia ver. Conseguiu pisar no chão, estava um frio de gelar osso, mas ela não ia voltar só para conseguir um casaco. Olhou em volta e percebeu que estava do lado de fora, mas no fundo da casa. Precisava sair pela frente, pois os muros eram altos demais.

Rente à parede ela desviou das janelas, com as mãos e o rosto queimando de frio. Ela precisava sair dali... preferia morrer naquele frio do que voltar. Já tinha andado um bom pedaço e ninguém descobrira-a ainda. O Lorde ainda não voltara para o quarto para notar a sua ausência e ela esperava que ele demorasse mais.

Chegou em uma parte do caminho muito escura. Não dava para enxergar nada, e ela andava com cuidado. Mas pareceu que todo seu cuidado não foi o suficiente para o que aconteceu.

— Ai!

Ellen batera em alguém. Ela estava andando depressa demais e acabara derrubando a outra pessoa no chão junto dela. Não podia chamar atenção agora... não quando já estava quase chegando ao fim da casa, só faltando o jardim para atravessar.

Afastou-se depressa, arrastando-se no chão molhando sua capa. Mal acabara de levantar-se e a pessoa que trombara com ela acendeu uma luz. Draco Malfoy! Inacreditável! Aquilo já estava ficando ridículo!

Ela podia não estar no raio de luz que ele projetara, mas o rastro que sua capa fizera ele pôde perceber. Desesperada, ela tentou uma rota de fuga alternativa. Ela poderia dar a volta nele, mas não adiantaria, pois o luar a denunciaria. Poderia ser só uma silhueta, mas ele logo correria atrás dela.

Dar meia volta parecia mais sensato. Mas dependendo da posição, o luar a denunciaria do mesmo jeito. A única alternativa que restava era correr. Poderia atravessar todo o jardim e o pequeno pedaço restante na “corrida para a liberdade” e assim ficaria livre dos dias tediosos, e daquela festa ridícula..

Não pensou duas vezes e saiu em disparada na direção dele, passando ao seu lado. Seu plano precipitado dera certo, de novo. Ele se surpreendera e ficara parado, o que dera alguns segundos de vantagem para Ellen. Ela correu e percebeu que alguns segundos mais tarde, ele começou a seguí-la, lançando feitiços. “Não me abandona agora, sorte!” Ela pensou, olhando para trás para ver a qual distancia ele estava. Pior que ele estava bem perto...

Conseguira desviar do primeiro e do segundo feitiço, mas quase fora pega pelo terceiro. Ela ainda corria com força total, esquecendo da dor, do frio, de tudo. Seu objetivo estava no portão cerrado. “Talvez se eu pudesse escalar ele rápido...” Ela pensou, enquanto se aproximava do portão, ainda olhando esporádicamente para trás, percebendo que ele estava cada vez mais próximo. Ela nem sabia como estava conseguindo se desviar dos feitiços dele, considerando a pequena distância.

Ele já estava quase em cima dela, quando ela pulou em cima do portão para escalar. Ele não conseguia pronunciar feitiços, pois estava cansado demais. Ela estava quase no fim do portão, quando sentiu que ele pegou seu tornozelo. “Sorte, pelo amor de Deus, não me abandona agora!” Ela implorou mentalmente, olhando para Malfoy desesperada.

Ela cruzou seu olhar com o dele e percebeu que não existia nenhuma exultação nele. Parecia que ele estava apenas cansado e preocupado. Parecia... Mas ela já estava pensando demais! Tinha que continuar a subir, precisava chegar ao outro lado depressa!

Chutou a mão dele com toda a força que lhe restava, mas ele continuava a segurar com força. Eles estavam novamente em um impasse, sobre quem ganharia aquela luta.

E como na outra vez, foi o Juiz quem decidiu o vencedor.

Ninguém havia reparado que o Lorde saíra da mansão, correndo para o Portão buscando por Ellen. Ele observou a luta entre os dois até a hora que Malfoy agarrou o pé de Ellen e os dois pararam momentaneamente se olhando. Os dois assustados, os dois desesperados.

Mas ele não queria saber daquele estranho encontro de olhares, Ellen estava quase fugindo e ele iria impedir aquilo.

Ellen não viu mais nada depois do último e espantoso ato de Malfoy. Ele iria largar seu tornozelo, em desistência. Iria deixá-la fugir para a sua tão querida e sonhada Liberdade...

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N/A => Olha, eu vou viajar, mas não vai demorar muito pra mim voltar ^^

E eu gostaria que comentassem mais e agradeço aqueles que comentaram!
Espero que estejam gostando da minha fic, eu ainda sou novata aqui na floreios e também em escrever fics. É a minha primeira fic ^^

Respondendo aos comentários, conforme a fic for avançando eu vou dizer o que o Voldemort quer com a Ellen, mas vou ter que manter segredo ainda no começo, vai demorar acho que um bom tempinho. Espero que tenham paciencia até lá ^^

Novamente agradecendo os comentários, espero que comentem mais!

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