O Outro Lado da Moeda
Draco Malfoy mais uma vez andava pelo quarto nervosamente. Talvez pelos dias anteriores, realmente preocupantes, quando Ellen sempre tentava fugir com um vigor cada vez mais renovado. Tivera a impressão que nas primeiras vezes eram apenas testes de fuga, mas depois ela começou realmente as tentativas de fuga. O ruim é que ela não parava de inventar planos e mais planos mirabolantes, uns mais cabeludos que os outros, para poder realizar uma fuga extraordinária.
A maioria deles ele conseguira interromper, por algum milagre qualquer. Parecia que ele tinha um faro para novas tentativas de Ellen para fugir. Ele não ia deixar ela vencer.
Primeiro motivo: o Baile fatídico. Não queria ir sem alguém para poder fingir que ao menos tinha uma acompanhante. As garotas costumavam assediá-lo sem parar e a garota mais perto dele e disponível (graças ao Lorde, claro) era Ellen. Por mais que ela fosse um demônio encarnado, ele precisava dela.
Segundo motivo: Ellen em si. Ela era bem bonita e, o melhor ou o pior de tudo, era difícil de conquistar. Conseguir convencê-la de que ele era melhor que ela seria algo realmente merecedor de medalha. Estivera tentando arranjar um momento em que ela não estivesse sendo vigiada ou que o “observador” fosse visível. Um momento mais... “privado”. Mas ela sempre estava acompanhada por alguém, então, não adiantava quantas vezes tentasse, ela NUNCA estava sozinha. Bom, “nunca” é modo de dizer, pois conseguira pegá-la sozinha apenas quando estava em plena fuga. Que momento “calmo” para tentar conversar. Os “encontros” estavam sendo um lixo...
Foi em um desses momentos “calmos” que ele descobrira o quanto Ellen era um pequeno demônio. Quase fora pego em uma das armadilhas dela para conseguir fugir. O Lorde não percebeu e ele agradeceu por isso.
Seus devaneios não conseguiram ir muito além, pois aquela sensação ruim o estava atormentando cada vez mais e mais, até que ele explodiu.
— Coddy! Traga-me um casaco. Rápido!!!
Um elfo apareceu com o casaco que Draco solicitou. Ele pegou o casaco brutalmente e saiu correndo do quarto, colocando-o, um pouco desajeitado, durante a corrida. Quando chegou ao Hall Principal, ele parou de correr. Sua postura mudou para a habitual: nariz empinado, coluna ereta. Parecia que tinha uma multidão ali dentro. E para ele realmente tinha. Os quadros costumavam dedurar muitas coisas e ele os detestava. Recebera muitos castigos do pai por causa daqueles dedos-tortos enxeridos.
Depois de ultrapassar o Hall e passar a porta, que estava seguramente trancada, ele saiu ao relento. Um vento gélido açoitou seu rosto, aquela pele tão delicada. “Sou louco” ele pensou, enquanto começava a caminhar. Ele sentiu o bolso de suas vestes internas encostando-no e aliviou-se ao perceber que trouxera a varinha. Começou a caminhar, sem sair de perto da parede. Ele nem sabia porquê estava fazendo aquilo... era como se algo invisível estivesse guiando-o.
Ele descobriu, poucos minutos depois, o porque de estar ali. Ele adentrou em uma parte escura do caminho, não dava para enxergar nada, nem mesmo seu nariz.
— Ai!
Ele sentiu que trombara com algo MUITO frio e que se movia, ele não sabia o que era, mas não atacou. Pelo que ouvia, tentava evitá-lo. Levantou-se do tombo e o barulho parou estranhamente. Suas mãos automaticamente procuraram sua varinha dentro das vestes. Incrível! Ele não enxergava nada! Como podia estar tão escuro assim? E como podia ter sido tão burro por não acender a varinha? Talvez tivesse trombado até mesmo com... AH! A coisa era falante... só podia ser uma pessoa. Ele pegou sua varinha e pronunciou:
— Lumus!
Não havia nada no foco de luz de sua varinha. Nada nem ninguém. Mas ele tinha certeza de que ouvira e sentira algo bem sólido e frio. Uma pessoa gelada daquele jeito era incomum. Alguém mais estava ali e reclamara de dor e de surpresa junto com ele. Mas quem era o doido (além dele) que iria sair naquele frio? Ele observou melhor e descobriu marcas na neve. Parecia que alguma coisa tinha se arrastado e estava bem aos seus pés. Hey...espera um pouco... A única pessoa que provavelmente gostaria de evitá-lo e era doida o suficiente para sair naquele frio era...
Não dera tempo de completar seus pensamentos. A pessoa tinha passado rente a ele em uma corrida precipitada. Ellen. Ele se virou rapidamente na direção em que ela corria, se afastando cada vez mais dele. Estava estupefato com a coragem dela.
Mas aquela não era uma boa hora para admirar aquilo. Precisava correr e impedi-la do que quer que ela estivesse planejando fazer. Mas essa interrogação foi logo respondida ao perceber a direção em que ela corria. O portão!!!
Sem pensar, começou a acelerar e a atirar feitiços sem parar contra Ellen. Ele não sabia o que estava atirando, mas estava ficando cada vez mais cansado e sem fôlego. Não sabia porquê, mas Ellen desviava dos feitiços com certa facilidade, mesmo com a distância diminuindo cada vez mais.
Nada a atingia para que ela diminuísse a velocidade, Não havia alternativa, já que ele não tinha mais fôlego para atirar feitiços. Ele teria de perseguí-la na corrida e rezar para conseguir alcançá-la a tempo de impedi-la. Precisava de forças.
Ela estava escalando o portão quando ele conseguiu ficar realmente próximo dela. Mas seu fôlego para feitiços esgotara e não haviam forças nem para o mais fraco feitiço estuporante. Mas ainda havia para manter a própria vida.
Escalou apressadamente e conseguiu agarrar o pé dela firmemente. Ela o encarou e seus olhos transpareciam desespero. Ele não era o único desesperado ali. Por um momento, ele sentiu pena dela e começou a pensar na liberdade dela. Depois de alguns minutos, ele acordou para a realidade. Se ela fugisse o Lorde o mataria por não tê-la impedido. Ela olhou para seu tornozelo e tentou desesperadamente tirar a mão dele, mas aquela era a esperança de vida de Draco. Ele não iria largar facilmente. Ellen o olhou novamente e dessa vez a mão dele fraquejou um pouco, deixando-a livre pra fugir. Mas mal largara o pé dela, ela caiu sobre a neve fofa nos pés do portão, desmaiada. Ele olhou, respirando profundamente ainda grudado ao portão observando-a. Estava estarrecido.
Ele ainda observava Ellen “dormir” quando notou o Lorde vindo até os dois. Ele tinha dois sentimentos contraditórios irradiando de seus olhos vermelhos. Satisfação e ódio.
Draco já havia descido do portão quando o Lorde chegou até os dois. Um cobertor foi conjurado sobre Ellen e com uma maca invisível ela foi carregada até a Mansão. Draco seguiu o que ocorria com os olhos arregalados.
“Ela é completamente doida! Sair naquele frio sem casaco! Ela queria morrer? Ela tinha arriscado a vida para fugir. O que deu naquela cabeça?”
Ele passeava que nem um peru aflito na frente da porta onde Ellen estava praticamente “internada”. Preocupação era tudo que conseguira naquela noite. Ele observava os elfos correndo para cima e para baixo. Se Ellen morresse, ele não sabia o que seria dele. Talvez pó? Carvão? Adubo? Por que ele teve que ter aquela idéia idiota de sair? Se não tivesse saído, Ellen morreria. A culpa seria dele?
Ele já estava ficando confuso com seus pensamentos. Cada vez ele se desesperava mais e rezava para que ela sobrevivesse.
Ela precisava sobreviver. Primeiro por que se ela morresse, ele também a seguiria pro mundo dos pés juntos. Segundo por que se ela morresse, nem teria a oportunidade de ficar exibindo-a durante o baile. Isso se ele sobrevivesse até lá.
Draco estava meio atordoado com tantos “se” na cabeça. Ele percebeu que já estava dramatizando aquela situação. Desde quando ele ficou tão desesperado por causa de uma garota? Bom, desde quando ele poderia morrer se ela morresse. Ele estava certo de que morreria.
— Draco.
Seus pensamentos pararam imediatamente. O Lorde apareceu na porta e ele tentou fazer alguma expressão que não demonstrasse preocupação extrema a ponto de desespero. Imaginava que tinha conseguido. Não passou um minuto e seu pai apareceu. Draco poderia jurar que seu pai não entrara, será que se distraíra em algum momento?
— Sim, Milord? – ele fez uma reverência apressada. Por alguma razão, ele teve um súbito acesso de suor frio.
— O que está fazendo aqui ainda?
— Eu... só queria saber... como está a garota. – ele não ia falar na cara dura “vou viver ou morrer?”.
— Ela não vai morrer. – era claro que provavelmente ele respondera mais a pergunta mental dele do que a que fizera da boca pra fora.
— Então... eu vou pro meu quarto. – “Que burrice! Por que falou isso seu louco?” – Eu não tenho nada para fazer aqui. – “Belo concerto... é bom que isso dê certo ou eu estou frito” Draco sabia que não devia estar se “auto-retirando”. O Lord que decidia quem se retirava ou não.
— Ainda não. – com certeza, aquele conserto não colara. Os olhos dele brilharam com um pouco de raiva e Draco se sentira 10 vezes menor – Eu decidi que Ellen vai a todos os Bailes. – uma pequena pausa significativa enquanto o Lorde analisava Draco – E você vai ser o responsável por ela em todos eles.
Ele sairia pulando de alegria se a situação fosse outra. Com certeza teria mais tempo para conseguir conversar, calmamente, com Ellen. Mas a última frase é que ele não tinha gostado muito. Era óbvio que ela tentaria fugir e ele precisaria impedi-la em todas as suas tentativas. Ela teria de falhar sempre ou ele levaria a pior.
— Vou tomar todas as precauções, Milord. – era o mais sensato a dizer naquele momento.
— Pode ir.
Draco deu uma ultima olhada para seu pai ao lado do Lorde e flagrou um olhar extremamente conhecido para ele. Cumplicidade. Mas esse olhar não era lançado para ele e sim para a porta cerrada atrás dos dois. Provavelmente para Ellen. Caminhou para longe dali e finalmente sua mente, que estava mais abrangente dessa vez, começou a raciocinar.
Desde que o Lorde fora pra lá, a rotina da casa mudara drasticamente. Um grupo de Elfos fora resignado para ficar vigiando, em silêncio, Ellen pela casa e avisar onde estava e o que estava fazendo, apesar disso ser dito apenas ao Lorde. Além disso, seu pai estava fazendo coisas estranhas desde a chegada do Lorde e daquela menina estranha. Talvez a única coisa que parecia intacta ali era sua mãe, apesar dela parecer mais nervosa do que de costume.
Agora aquela decisão súbita dele. Era um tanto estranha aquela decisão. O Lorde não fazia nada sem ter um motivo por trás. E é claro que Draco não ia perguntar qual era o motivo desconhecido. Nem poderia reclamar, já que agora ele teria mais tempo para conseguir o que queria.
Estava chegando em seu quarto quando ouviu seu pai o chamar. Mas era possível? Todo mundo lembrou do nome dele aquele dia? Virou-se para encarar o pai que vinha pelo corredor, andando com calma.
— Eu preciso te dizer algumas coisas, filho. – Draco tinha olhado mais intrigado. Poucas vezes ele o chamava de filho e sempre que chamava, era pra dizer alguma coisa meio séria ou simplesmente para tentar amenizar uma bronca. – Vamos. Entre. – ele indicara o quarto de Draco que ele estava para abrir quando foi chamado.
Os dois entraram e uma curiosidade imensa já estava tomando conta dele. Seu pai se sentou em sua cama, ele não tinha um olhar carinhoso para ele, nem furioso, nem de decepção. Não demonstrava nada. Sentou-se ao lado do pai também e o encarou esperando que ele falasse alguma coisa.
— Bom, Draco, o Lorde vai ficar aqui durante alguns... anos.
Draco demonstrou uma cara de incredulidade ao ouvir aquilo, mas não conseguiu falar nada. A informação ainda estava sendo processada.
— Anos? Mas Ele ia ficar aqui apenas até achar um lugar melhor onde se esconder! Por acaso Ele vai demorar ANOS pra isso? – Draco ainda não conseguia acreditar no que o pai dissera. – pelo que sei, no máximo em meses se acha um.
— Se você acha, então se levante e fale isso ao Lorde das Trevas. – ele tinha estreitado os olhos e sua voz saiu um pouco nervosa.
Draco o olhou novamente incrédulo, com os olhos arregalados. Ele não era louco para fazer uma coisa daquelas. Quando se conscientizou que nada adiantaria protestar, falou outra vez.
— Quantos anos?
— Ele quem decidirá a hora que quiser sair. Mas creio que ficara aqui até ao menos a garota obedece-lo.
— Nunca. – fora tão natural que saíra aquela palavra que até mesmo ele se espantou.
— O que você quis dizer com isso, Draco?
— Nada, pai, eu só acho meio... difícil. Ela parece ser bem independente. – ele estava falando aquilo mesmo?
— Nada é impossível para o Lorde. Nada.
— Então Ele conseguiu arranjar alguém com um potencial de resistência bem forte.
— Pode ser resistente, mas nada é imutável.
Draco esperava sinceramente que sim. Mas tinha uma grande certeza de que não. Se Ellen preferia morrer numa tentativa de fuga a obedecer a uma ordem expressa de não tentar fugir... Ela parecia ter algum prazer em quebrar regras e desobedecer a ordens e por mais que o castigo fosse doloroso ela não desistia ou parava. Mas será mesmo que ela tinha consciência de que iria morrer congelada?
— Gostaria de acreditar no senhor. – sua voz saiu um tanto enfadada e baixa. Seu pai pareceu querer ignorar.
— Boa Noite, Draco. – ele levantou-se e foi para a porta sem deixar que Draco pudesse dizer alguma coisa.
Com a vinda e a estada (permanente para Draco) do Lorde e de Ellen em sua casa, a vida de Draco estava se tornando um pesadelo. Tudo que costumava fazer, não fazia mais. Agora só restava uma coisa. Conquistar a garota. Aquilo seria um passatempo interessante, já que ele sabia que Ellen nunca iria ser domada. Pelo menos era o que ela demonstrava. “Bem independente...” ele pensava enquanto deitava-se na cama e dormia.
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N/A => Desculpem a demora uu mas minha beta infelizmente estava muito ocupada mesmo e só conseguiu terminar de betar a pouco tempo.
Meu computador também estava muito lerdo graças a minha irmã que decidiu fazer um download do tamanho do mundo.
Bom, mas aí esta mais um capitulo ^^ juro que os próximos serão mais rápidos!
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