Reflexões



Ellen se arrependera de ter saído com sua blusa preferida no dia de seu sequestro. Se ela soubesse, poderia ter pegado a que mais odiasse para acabar servindo de coleira improvisada para aquele... aquele...!

- Você está estragando a minha gola! - ela reclamava quando, pela décima quarta vez, ele a arrastava pelo corredor.

- Já lhe ofereci outras roupas. - respondera no usual tom insensível. Isso significava que já tinha se acalmado, ou melhor, controlado da recente discussão.

- Já disse que não vou usar aquelas vestes largas e feias! - uma conversa entre os dois comumente terminava, caso se prolongasse, em um castigo. Nela, óbvio.

Simplesmente ignorou-a e jogou-a no aposento, onde normalmente a mantinha aprisionada quando não estava tentando fazê-la treinar magia, trancando a porta, deixando-a novamente sozinha com o cheiro de mofo e a escuridão.

Pelo visto, naquele dia, milagrosamente, ela poderia dizer que ele estava em seu estado “amável”, pois simplesmente parecia ter ignorado sua última fala para não acarretar no segundo castigo consecutivo naquele dia. Não sabia há quanto tempo estava ali, mas era mais do que um dia.

A primeira providencia dele, após a primeira conversa, foi retirar todas as quinquilharias que carregava no bolso de sua jeans. Até em seus bolsos secretos! Parecia conhecer todos os seus segredos! E sentia muita raiva por sentir-se um livro tão aberto, principalmente pra alguém que nunca vira na vida!

No que ela supôs serem os próximos dias, trancou-a naquele quarto mofado em que se encontrava - onde deixara apenas um colchão como “conforto” - e aparecia para ficar arrastando-a até outros aposentos mais iluminados. Entregava-lhe uma daquelas varetas e tentava fazê-la repetir palavras sem nexo e movimentos esquisitos.

No entanto, ela simplesmente debochava dele, não fazendo nada do que ordenava. Na primeira vez, poderia dizer que era por ignorar que, desobedecendo-o, acabaria recebendo uma tortura. Na segunda, por esquecimento. Da terceira em diante provavelmente era masoquismo.

Não, ela não gostava de sentir dor, mas era especialmente divertido vê-lo furioso e - estava mais do que na cara, estava bem embaixo do nariz! - que ele não pretendia matá-la, apesar de parecer ter completa capacidade de fazer isso.

Mas naquele dia finalmente decidira ver se aqueles movimentos unidos com aquelas palavras sem sentido funcionavam. Bom, haviam funcionado, mas não como o esperado...

Ele queria que fizesse surgir luz na ponta de sua varinha. Preferia que fosse na ponta do dedo, para não precisar daquela vareta, ou varinha, como ele gostava de corrigi-la, mas não vinha ao caso no momento. Primeiro tinha que imitá-lo, o que era particularmente irritante. Para ela, era a típica cena de dois retardados que não tinham mais o que fazer além de agitar pedaços de galho.

Depois de muita repetição, decidira ensiná-la a pronunciar o “feitiço”. Sílaba a sílaba. Não era tão difícil. Não parecia tão difícil.

Primeira tentativa... decepção. Nada tinha acontecido. Segunda tentativa, a mesma coisa. Nesse momento, vira um sorriso no rosto dele – ou o que parecia ser um - e percebera que o homem-ratazana ria atrás da porta, deixando-a mais irritada. Na terceira, perdera a paciência e gritara para a varinha fazer alguma coisa, quando indicara o chão.

Imediatamente, o chão despedaçou e uma nuvem de poeira subiu ao ar, enquanto o barulho nítido de uma explosão era ouvido. Ela caíra em cima de destroços, sentando-se, tossindo por causa da densa poeira, ainda tentando compreender a situação.

A poeira parecia ter sido varrida do ar com um vento anormal, revelando o estrago acontecido. Ele estava de pé, observando os destroços e vira um brilho de satisfação em seu olhar. Não, era impressão sua, devia ter visto um brilho de insatisfação pela destruição que causara. Não sabia definir e não estava pensando nisso enquanto também observava... Se ela fizesse aquilo na escola cada vez que se irritasse com um garoto...

Olhou para cima, vendo que tinha feito um rombo no teto onde era o piso do segundo andar. Agora parecia interessante aprender aqueles movimentos e palavras sem sentido. Elas não faziam efeito só com ele.

- Por hoje foi o suficiente. - ele simplesmente dissera e a varinha saíra voando de sua mão mais uma vez. Ele não podia fazer isso agora que finalmente decidira se interessar!

Aquile foi o motivo da discussão daquele dia e o porquê de ter recebido um castigo – que já começava a despontar seus efeitos colaterais, agora que relaxara deitada sobre o colchão velho e puído. Tudo estava latejando, reclamando, ardendo e ainda sentia o peso do cansaço por suportar a dor. Mas jamais se arrependia quando fechava os olhos e dormia.




A euforia de conseguir explodir o chão durara muito pouco. Isso se devia a ter deduzido que só conseguia produzir magia quando carregava aquela varinha, mas isso só ocorria durante os treinos. Concluiu, por fim, que magia era imprestável na situação em que se encontrava. Precisava arranjar outros meios de fugir, principalmente fora das vistas dele, porque – claro – ele sempre a impedia através de magia só para irritá-la ainda mais. Magia prestava para todo mundo, menos para ela.

O tempo foi passando, dando para perceber que aquela casa era pequena demais para conseguir fugir fora das vistas dele e também que não dava para lutar com ele com as magias que lhe eram ensinadas – a maioria, na sua opinião, completamente inúteis. Em que situação seria útil ela saber a magia que transformava um fósforo em uma agulha? Não, pensando bem... talvez fosse útil se necessitasse para arrombar uma porta. Mas não tinha a varinha, nem o fósforo. A conclusão era óbvia...

Ali dentro descobrira que sua rotina havia modificado. Primeiro, não sabia quantos dias, semanas, talvez até mesmo meses haviam se passado depois que fora sequestrada. Segundo, ao invés de aprender coisas comuns, como matemática, geografia, história, aprendia magia. Mas, diferentemente da escola, dormir durante a explicação não era apenas receber uma advertência. Era bem pior. E responder ao “professor”, nem se fale. Finalmente a última e terceira mudança: simplesmente não havia sábados, domingos ou feriados. Se não existia nem horário, ia lá existir coisas tão banais quanto isso?

Durante os momentos de ócio que obtinha após o treino forçado, sua mente divagava entre várias indagações. Durante o tempo que estava ali, percebia que o menor dos deslizes que Rabicho, o homem-ratazana, fazia, era seriamente punido. Não apenas o dele, mas como os do que o visitava com alguma regularidade.

No entanto, ela o insultava, fazia pouco-caso, desobedecia-o ocasionalmente quando lhe dava vontade... e, no entanto, o máximo que recebia era uma tortura do que achava ser alguns minutos – que ele bem sabia não surtir o efeito de fazê-la obedecer-lhe por medo. Obviamente, se algum dos outros o fizesse, teria quase certeza que ele mataria. No sentido literal da palavra.

Mas por que? Por que havia se dado ao trabalho de sequestrá-la e começar a ensinar a usar magia? E como ele sabia que ela podia fazer isso? Será que todos tinham essa capacidade? Será que ela tinha sido a azarada nesse mundo enorme de acabar sendo a “escolhida”, a dita cuja? Ela até podia imaginar a casa dela e ele por cima apontando o dedo com um sorriso maligno naquele rosto horrível.

Eram tantas perguntas sem respostas que pudessem fazer sentido que sempre acabava por desistir de respondê-las.

Após algum tempo, decidira pegar a mania de ouvir através das paredes e das portas, produzindo o máximo de silêncio possível para distinguir alguma palavra. Fazia sempre que possível, quando sabia que ele tinha “visitas”, principalmente quando estas tornaram-se cada vez mais frequentes. Mas não tivera muito sucesso na sua busca por respostas, apenas percebendo que alguma coisa estava acontecendo, agitando o ambiente, apesar de que nem com isso ele a retirava daquela monótona rotina.

Um dia, enquanto fazia sua rezada meditação deitada sobre seu colchão puído, a luminosidade do corredor invadiu o quarto, cegando-a, como era comum naqueles tempos, por alguns segundos. Ao conseguir recuperar a visão, a primeira coisa que vira fora o par de olhos que a observavam, depois percebeu as expressões sérias, o que era incomum.

- Levante-se e venha até aqui, Ellen. - ele sibilara em sua direção. Havia um ar realmente perigoso naquele momento. E isso era demonstrado em cada traço daquele rosto ofídico.

Talvez fosse pelo modo incomum com o qual ele a havia tratado que decidira fazer o que ele havia dito, pois em outras circunstâncias acabaria por aderir a uma acirrada discussão sobre o atrevimento dele ao usar o seu primeiro nome, apesar de que faria a mesma coisa se soubesse o verdadeiro nome dele e não aquele provável apelido de guerra, Lord Voldemort.

Assim que havia se aproximado, na maior lentidão possível, apenas para sorrir com ar malévolo por estar irritando-o propositalmente, este pegara em seu braço, assustando-a levemente pelo ato repentino, mas ficara ainda mais quando o mundo enegreceu.

A escuridão parecia sólida enquanto parecia ser arrastada por um túnel estreito demais, sem ter espaço nem mesmo para respirar. Sentia-se completamente imobilizada, apenas sabendo que a mão dele agarrava seu braço e não parecia desgrudar dele, como se houvesse uma cola. Então, a luz se fez novamente, como num passe de mágica, enquanto seus pés sentiam o baque do chão que se solidificava e o ar que adentrava seus pulmões desesperadamente.

Estreitou os olhos, incômodos com aquela luminosidade intensa, e, pelo pouco que conseguia enxergar, estava longe de ser a casa onde estava sendo mantida. Não havia poeira, nem teias, nem cheiro de mofo. Os móveis eram bem conservados e aquele lugar era ainda maior que o que estivera e mais novo. Provavelmente habitado.

Ao conseguir se acostumar melhor com aquela luminosidade que se originava de um enorme lustre no teto, cheio de velas e todo tipo de penduricalhos que fariam sua mãe enfartar sobre como limpá-lo, examinou as paredes que se abarrotavam de quadros e mais quadros todos com características comuns. Quadros de família, provavelmente, indicando antigas e perpétuas tradições seculares.

Ao centro estendia-se uma majestosa escadaria, ao seu lado estendia algumas portas e de cada lado um corredor que dali dava para o fundo daquela casa, ou melhor, mansão. Aquilo devia ter empregadas aos montes pra manter aquela limpeza impecável!

Enquanto analisava tudo, distraindo-se com um tipo de armário onde guardavam troféus, ouviu alguém começar a descer a escadaria, fazendo-a erguer os olhos para o alguém. Quanto tempo já fazia que não via outros rostos além dos de Rabicho e dele?

O homem tinha um ar aristocrático, usava vestimentas negras dos pés ao pescoço, contrastando com o cabelo loiro, e utilizava adornos prateados, como o broche que usava para prender sua capa e os anéis que usava nas mãos. Mas seus olhos encaravam principalmente seu rosto. Era bom lembrar-se que ainda existiam pessoas normais no mundo!

Manteve-se em silêncio, esperando até ele se prostrar a frente de ambos, mas seus olhos acinzentados encaravam apenas ele, logo levando uma das mãos ao peito e fazendo uma reverência respeitosa.

- É uma honra que tenha escolhido minha humilde casa para se hospedar, Milorde... – Ellen não conseguiu deixar de dar um sorrisinho de lado para aquele comentário. Duvidava muito que estivesse tão honrado assim. Aquela honra estava com cara de ser sem escolhas.

- Arrumou tudo o que ordenei? – o Lorde cortou-o com certa rispidez, parecendo ter ignorado o comentário anterior.

- Sim, está tudo pronto. - respondera sem qualquer rodeio enquanto erguia-se. Olhou para o lado e chamou, alto – MAAYA!

Suspirou, conformada que ele gostava de sempre deixá-la no escuro sobre qualquer tipo de assunto, sem dar muita importância ao ato estranho do homem. Ouvir palavras estranhas já não era tão anormal quanto parecia. No entanto, quando abaixara a cabeça deparara-se com uma criatura, meio encolhida, entre os pés deles.

A pele era verde, enrugada e usava trapos tão surrados e puídos quanto os seus estavam, pela recusa de ter de usar aquelas vestes largas e feias - ele não ia vencer pelo cansaço, não ia. Seus olhos eram enormes e azulados e encaravam cada presente ali com pavor. Isso era mais acentuado por manter as pontudas orelhas para baixo, como um gato assustado, e seu corpo frágil, magrelo e desnutrido tremer.

Enquanto se perguntava que criatura era aquela, olhando-a fixamente e ignorando os outros presentes do aposento, uma porta foi aberta em algum lugar do hall de entrada. Mas ela pouco deu importância a esse fato, até o causador desse barulho decidir se pronunciar.

- Quem é essa garota? – a voz era arrastada que nem o outro, mas era mais fina e logo ela percebia que aquele devia ser o filho daquele senhor a sua frente. E teve certeza quando o olhou.

Era um rapaz com os traços característicos da família. Cabelos loiros, olhos acinzentados, rosto delgado. Isso tudo pôde ver pelo canto dos olhos, pois ele não tinha o respeito suficiente dela para encará-lo de frente, principalmente com a conotação de desprezo com a qual pronunciou aquela simples fala. Apesar do olhar atravessado e frio na direção dele, estava irritada.

- Quem mandou que ele viesse aqui, Malfoy? – aquela fala parecia vir de muito longe enquanto parecia encarar o rapaz e este fazia o mesmo com ela.

- Ninguém, Milorde! Eu... cuido disso pessoalmente! – nesse momento, ela desviou seus olhos para o sr. Malfoy – agora ela sabia o sobrenome da família! - que parecia ter ficado ainda mais pálido que o normal de sua pele branca. Os olhos dele voltaram-se para o rapaz de forma furiosa, mas conseguia notar que havia mais do que apenas fúria em suas feições. Havia medo. Só não sabia exatamente se era medo por ele ou pelo filho. – Saia daqui, Draco, imediatamente!

A frieza de seu olhar, que demonstrava o quanto parecia repudiá-lo tanto quanto o recém conhecido Draco parecia demonstrar o mesmo, fora substituída por divertimento malévolo, recebendo um olhar assassino, enquanto ele desaparecia pela mesma porta que aparecera, sem falar mais nada. E a força empregada no ato de fechá-la só satisfez mais ainda seu ego aviltado.

Mas, como nada de agradável naqueles tempos durava o suficiente para sentir-se feliz, alguém muito atrevido a empurrara para a frente, fazendo-a automaticamente observar rancorosamente o autor do ato.

Continuou a sustentar o mesmo olhar durante poucos segundos, mesmo descobrindo ser o Lorde, quando decidiu por virar-se e descobrir ser encarada pela criaturinha feia e amedrontada, amenizando seu olhar. O provável seria que deveria segui-la e foi o que fez.

A criatura andava pelos corredores como se os conhecesse de cor e salteado, mas tudo parecia extremamente igual, tirando alguns vasos e esculturas. As paredes ali dentro eram peladas de qualquer adorno além das portas que estendiam-se em todas as direções que olhava. Aquilo podia abrigar facilmente mais de 200 pessoas!

Se pretendia alguma fuga naquele momento, enquanto via-se fora das vistas dele finalmente, calculou que se perderia com uma facilidade descomunal. E, enquanto estivesse perdida, a criatura que a guiava, obviamente, teria duas reações: ou tentaria impedi-la ou iria correndo avisar seu sequestrador. Em ambas as reações, seria apenas mais uma fuga frustrada. Não, era melhor esperar para quando estivesse só. Contentou-se em apenas seguir a criatura para qualquer que fosse o lugar que a estava levando.

A criatura parou em frente a uma das tantas portas iguais daquela mansão enorme e abriu-a, abaixando a cabeça respeitosamente para que ela adentrasse o aposento. Assim que colocara os pés para dentro a porta fora trancada, mas aquilo não era mais novidade.

Seus olhos passaram rapidamente pelas duas camas existentes no aposento, onde a seus pés ficava a janela, sem cortinas. Ambas tinham as cabeceiras grudadas à parede da porta e um criado mudo ladeava suas cabeceiras com um abajur em cada. Na parede esquerda, via-se uma porta.

Aquele era o quarto dos sonhos de muitas garotas. As paredes eram revestidas por um papel de parede verde-claro e havia espaço suficiente para colocar todos os pôsteres de tudo que desejasse nelas. Aquela penteadeira enorme poderia abrigar milhares de maquiagens e bijuterias, além das quinquilharias como cartas de amigas, desenhos ocasionais, diários... seus olhos passaram para a porta do lado direito com ar interessado, seguindo até ela, para explorar.

Assim que a abriu, observou que era um closet. Seus olhos imediatamente viram as poucas peças de roupas, indignando-se. Eram as mesmas roupas largas e feias que andara oferecendo à ela fazia um bom tempo! Como era teimoso! Fechou o armário com um pouco mais de força do que o necessário enquanto virava-se para o outro lado do aposento.

Fora outro choque, quando dera de cara com o espelho da penteadeira. Aquela imagem não podia ser ela! Simplesmente não podia!

Estava irreconhecível. Sua imagem era medonha, tétrica. Nojenta. Sua mão lentamente quiseram constatar com o tato que o que estava vendo, mesmo àquela distancia, era real. Precisava ter certeza.

Infelizmente, seu tato lhe mostrava que tudo o que via era verídico. Seus dedos passaram lentamente por seu cabelo, antigamente tão limpo, mas que naquele momento era praticamente óleo puro junto com gordura que já estava se transformando em caspa, além de toda uma poeira que se misturava. Seu cabelo não estava mais brilhante... estava duro. Doía-lhe tocar seu couro cabeludo de tanto tempo que não lavava. Deslizou a mão por sua face, que agora não estava nem um pouco macia. Estava acinzentada pela imundice em que estava vivendo. Havia longos caminhos negros que atravessavam impiedosamente por baixo de seus olhos. Terríveis olheiras marcavam seu rosto, outrora tão bonito. Ossos no rosto eram ressaltados pela má-alimentação. Ela estava áspera como uma lixa e havia trilhas avermelhadas de espinhas em seu rosto. Ela estava horrível!

Em toda a sua vida, ela nunca imaginou chegar a tal ponto de imundice. Já fazia um bom tempo que suas recordações não afloravam, mas naquele momento elas voltaram á sua mente de tal forma que tinha a impressão que ocorreram no dia anterior.

“- Filha, vá logo tomar banho! Quer ficar que nem uma mendiga?

- Calma, mãe! Até parece que eu vou ficar uma mendiga do dia pra noite! Já vou, já vou...

- Trate dessas espinhas também! Já está virando um ralador de queijo!

- Tá bom, mãe... tá bom! – ela já estava aborrecida. Até parece! Ela tinha uma espinha aqui e outra ali!”


Agora ela realmente parecia um ralador de queijo. Um ralador de queijo esquecido, empoeirado e enferrujado. Suas mãos tinham uma camada de poeira unida com suor, o que as deixava com um aspecto nojento. Ela sentiu que uma lágrima rolara de seus olhos, limpando aquela imundice. Mas aquela lágrima não era suficiente para limpar toda a dor que ela tinha pela falta de seus pais. Um filete transpassava seu rosto devagar, deixando um rastro limpo em seu rosto, enquanto desviava o olhar para a janela, tentando livrar-se daquela imagem terrível.

Caminhou até a janela, tentando abrir o vidro e conseguir respirar, sentir o sol direto em sua pele, qualquer coisa para se livrar daquela sensação terrível. No entanto, assim como a porta, esta também encontrava-se trancada, frustrando-a. Afastou-se, tentando descobrir o melhor lugar para se esconder daquele espelho, pois ignorá-lo era difícil. Decidiu ir para o closet e esconder-se por lá, pelo tanto de tempo que conseguisse.

Aquele closet não podia ter a porta melhor localizada...

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