Um erro correto

Assim que terminou de avaliar o que realmente sentia em relação a Ginny (sem chegar a uma reposta convincente), Harry decidiu ir dar uma volta com a filha, já que tirara o resto do dia de folga para fazer isso. Porém ele não contava que logo que ele e Hellenna abriram a porta, Ginny estava parada em frente a esta, com a mão levantada para tocar a campainha. Feliz coincidência.


-Ginny?- Harry perguntou parecendo confuso. Hellenna não ligou para o pai e abraçou a ruiva.


-Olá, Harry!- Ginny cumprimentou o moreno com um abraço, depois que colocou Hellenna no chão.- Como vai?- perguntou se referindo ao machucado do moreno.


-Bem!- Harry respondeu sorrindo -Está quase completamente cicatrizado! Você é uma boa médica!- comentou e deu uma piscadela para a ruiva, que não pode deixar de sorrir.


-Obrigada!- Ginny falou, meio encabulada.


-Añ... Quer entrar?- Harry perguntou depois de um tempo.


-Na verdade...- Ginny começou, corando - eu vim até aqui para pedir sua permissão para levar a Lenna para dar uma volta por Londres, mas parece que você pensou o mesmo...Então eu...Eu vou embora!- A ruiva sorriu meio sem jeito, e se virou para ir embora, porém Harry a segurou pelo pulso.


-Quer vir com a gente?- perguntou, não estava sorrindo, mas enquanto esperava a resposta da ruiva ele mantinha os olhos atento às feições dela e os lábios entreabertos, o que Ginny considerou como uma oferta tentadora para um beijo.


-Não quero me meter no pouco tempo que vocês têm!- Ginny se lembrou de responder.


-A gente passa tempo demais juntos!- Hellenna respondeu pelo pai.- Já enjoei da cara dele!- Harry corou um pouco e Ginny riu com gosto.


-Por isso ela insiste que você venha com a gente!- Harry completou, lançando um olhar mortal a filha. Ginny sorriu e dando de ombros, concordou.


-Eu ainda acho que eu vou atrapalhar!- Ginny comentou, enquanto os três entravam no elevador vazio.


-Quando você estiver atrapalhando eu vou ser o cara mais lindo do mundo!- Harry falou sarcástico. Hellenna e Ginny trocaram um sorriso maroto. Hellenna balançou a cabeça de um lado para o outro, em um sinal negativo.


-Então, Harry, meu caro, eu vou atrapalhar!- Ginny falou.- Por que, de feio, você não tem nada!


-De lindo, tem tudo!- Hellenna completou e Harry corou furiosamente, o que arrancou risadas das duas.


-Certo...-Harry falou assim que assim que as duas pararam de rir.- Então, modéstia à parte, quando eu for o cara mais feio, você vai atrapalhar, Ginny!- O moreno falou, e Ginny e Hellenna trocaram mais um olhar traquinas.


-É só a gente fazer um elogio que esses homens já ficam convencidos!- Ginny comentou.


-E olha que esse ai...- Hellenna comentou, apontando para o pai-Quando começa a vir com esses papos de "modéstia à parte" fica uma eternidade se gabando!- Ginny riu e Harry corou mais (se é que isso era possível.)


-Não falo mais nada também!- Harry falou, fingindo estar emburrado. As duas riram e Ginny abraçou Harry.


-Tadinho!- Falou risonha -Ele levou pro lado pessoal, Lenna!- Hellenna começou a rir-Será que ele é do tipo suicida?- Hellenna riu mais e Harry se permitiu sorrir. Se fizesse mais do que sorrir com Ginny tão colada ao seu corpo, sabia que acabaria fazendo uma besteira.


-Vai, chega de Nheco, Nheco e vão bora!- Harry falou, sorrindo. Quando o moreno terminou de falar o elevador parou no térreo e a porta se abriu. Os três saíram e foram dar umas voltas pelo parque central de Londres.


Assim que chegaram, Harry "soltou" Hellenna, que foi correndo conversar com as outras crianças, deixando os dois adultos sozinhos.


-Então...Quer dizer que eu não sou o cara mais feio do mundo?- Harry perguntou, enquanto observava Hellenna ao longe.


-Não!- Ginny respondeu, também observando a menina ao longe.- Mas não se gabe por isso!- Falou, quando ele fez menção de falar.


-Certo...- Ele respondeu, depois de bufar.


-Quando você vai contar á ela?- Ginny perguntou, depois de um tempo em silêncio. Harry não precisou perguntar sobre o que a ruiva estava falando, logo compreendeu. Ginny queria saber quando Harry iria contar a Hellenna que Emily morrera. Harry não respondeu de imediato, o que fez com que Ginny se virasse para encara-lo, mas ele mantinha o rosto virado. Ginny segurou o queixo dele e o fez virar o rosto, fazendo com que ele a encarasse.


Ginny se assustou ao ver que os olhos do rapaz estavam cheio de lágrimas.


-Harry...-Ginny começou, mas Harry a abraçou a procura de conforto.- me desculpe! Eu... Eu não sabia que você ainda sofria com isso!


-Tudo bem!- Harry respondeu em um fio de voz. O que fez Ginny ter certeza que ele lutava contra as lágrimas.-Você não tinha por obrigação saber!- Harry puxou o ar com força pela boca para logo sair do abraço. Ginny viu que ele vencera sua batalha contra as lágrimas, porém em seu olhar havia tantos sentimentos: amor, ódio, tristeza, rancor...


-Harry...Você... Sei lá... Quer que eu conte pra ela?- Ginny perguntou cautelosa. Harry a encarou, parecendo julgar a possibilidade.


-Eu não sei!- O moreno sussurrou por fim. Ginny abriu a boca, mas desistiu de falar o que quer que fosse e a fechou novamente e voltou a prestar atenção no que Hellenna fazia. Ginny ouviu Harry suspira profundamente ao seu lado.- Eu te adoro, Gi!- Harry sussurrou. Ginny o encarou e viu que ele falava a verdade. Sorriu.


-Eu também te adoro, Harry!- Ginny sussurrou. Harry deu uma rápida olhada no que Hellenna estava fazendo e depositou um rápido beijo nos lábios de Ginny.


-Que tal um sorvete?- Ele perguntou sorrindo, com o animo renovado.


-Adoraria!- Ginny respondeu. E como duas crianças foram rindo e falando alto até que alcançaram Hellenna.


-Hei, garotona...-Harry chamou. Ginny riu. Hellenna se virou-Que tal um sorvete? A tia Ginny já aceitou!


-Demoro, filhão!- Hellenna falou e se despedindo das outras crianças seguiu o pai.


E nesse clima de alegria os três tomaram seus sorvetes, depois foram à um parque de diversões... Harry teve que admitir que não se divertira assim desde que Emily morrera.


Quando saíram do parque já era tarde da noite, e como Ginny aparatara em um beco perto do apartamento de Harry, o moreno não quis deixar a ruiva voltar andando para o apartamento dela, mesmo que este fosse bem perto.


-Harry, eu sei que é perigoso, mas eu tenho que ir pra casa!- Ginny argumentou.


-E qual o problema de você ir amanhã?- Harry perguntou em um sussurro, já que Hellenna dormira no caminho de volta para o apartamento.


-Eu não tenho onde ficar, querido!- Ginny falou sarcástica.


-Conhece aquela frase: "mi casa, su casa"?- Ginny falou que sim com um aceno de cabeça.- Então...Ela se aplica aqui!- Harry falou.- Dorme aqui, oras!


-Ta bom! Você venceu!-Ginny exclamou derrotada. Harry sorriu.- Só tem um pequeno probleminha, querido!- Ginny falou sarcástica.


-Qual?- Harry perguntou confuso.


-Pelo que a Lenna tava falando, só tem dois quartos! Ou seja, não tem quarto para visitas.


-Ah...Isso!- Harry sorriu aliviado.-Você vai dormir no meu quarto!


-E você, esperteza?- Ginny perguntou.

-Eu? O sofá está ai para...- Harry falou marotamente. Ginny revirou os olhos e sorriu.


-Você que sabe!- Sussurrou e permitiu que Harry a guiasse.


Assim que chegaram no quarto, Ginny se virou para Harry, ficando de frente para ele.


-Obrigada!- Falou sorrindo.


-Pelo quê?- Ele perguntou, sorrindo de volta.


-Por ser tão legal comigo!- Ginny falou, sorrindo um pouco mais.


-Eu já disse que te adoro?- Harry perguntou.


-Já!- Ginny falou, sorrindo -Eu já disse que te amo?- ela perguntou, não podendo se conter. Harry arregalou os olhos.


-Não!- Ele se lembrou de responder.


-Pois bem, eu te amo!- Ginny falou. A ruiva ficou na ponta do pé e beijou Harry.


No inicio Harry ficou surpreso e não teve reação, mas depois de um tempo estava retribuindo o beijo. Logo, além de se beijarem, as mãos percorriam os corpos, como se fosse a primeira vez que eles se encontravam.


E lentamente foram se despindo e se amaram pela primeira vez depois de sete anos.




Na manhã seguinte, Hellenna acordou antes do pai, o que era muito raro de acontecer.


Hellenna foi até a cozinha e pegou qualquer coisa na geladeira e foi assistir televisão e o tempo passou rápido. Estranhando o fato de já ser quase meio dia e seu pai ainda não ter levantado, Hellenna, em um raro momento de curiosidade, foi até o quarto do pai.


Assim que entrou no aposento, a primeira coisa que Hellenna viu foi roupas masculinas e femininas pra tudo que é lado, avançando mais um pouco pode ver Harry dormindo abraçado a Ginny.


Arregalou os olhos. Sabia o que aquilo significava. Sua mãe tinha lhe explicado que quando um homem e uma mulher estavam assim era por que eles tinham feito um ato de amor, mas ela só lhe explicara por que a loirinha havia "flagrado" Emily e Harry nessa situação. Hellenna sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Se seu pai tinha feito o tal ato de amor com Ginny queria dizer que ele não amava mais Emily, e que, conseqüentemente, eles iam se separar.


Hellenna saiu do quarto, fechando a porta cuidadosamente atrás de si e voltou para a sala. Se sentou no sofá, e dobrou as pernas, de modo que essas ficaram na frente do seu tórax, e enterrou a cabeça ali, chorando baixinho.




Assim que acordou, Harry olhou ao redor e a lembrança da noite anterior veio a sua cabeça. O moreno deixou escapar um sorriso. Bocejou e, tomando cuidado para não acordar Ginny, se levantou. Ainda bocejando, Harry se vestiu e foi até o quarto da filha e pode constatar que a menina já tinha levantando.


Foi para a sala e encontrou a menina toda encolhida no sofá chorando.


-Lenna?- Harry perguntou preocupado. Se sentou ao lado da filha e passou o braço pelo ombro dela, mas a menina saiu, agressivamente, do abraço.- O que foi?


-Você traiu a mamãe!- Hellenna gritou.


-O quê?- Harry perguntou confuso.


-Eu vi você e a Ginny, dormindo abraçados!- Hellenna falou, ficando de pé.


-Filha...


-NÃO ME CHAME DE FILHA!- Hellenna berrou. Ginny acordou assustada.


-NÃO ELEVE SEU TOM COMIGO, HELLENNA!- Harry gritou, bravo, para a filha.- Você não tem o direito de sair julgando minhas decisões!- Continuou, mas abaixou o tom de voz.


-Você traiu a mamãe!- Hellenna repetiu assustada, Harry nunca gritou com ela.- E eu te odeio por isso!- Harry arregalou os olhos. Hellenna saiu correndo para o seu quarto. Harry, que tinha se levantando, caiu de joelhos no chão e permitiu que as lágrimas caíssem por seu rosto.


-Harry?- Ginny chamou assim que entrou na sala e viu o moreno sozinho, ajoelhado com a cabeça baixa.- O que houve?


-Ela me odeia!- Harry sussurrou, sem levantar a cabeça.


-Quem te odeia, Harry?- Ginny perguntou se agachando do lado do moreno e o forçou a levantar a cabeça. Se assustou ao ver os olhos vermelhos e o rosto lavado em lágrimas.


-Hellenna...- Ele sussurrou, e se desvencilhando da mão dela se levantou e foi até a cozinha. Ginny suspirou, preocupada, agora que Harry estava conseguindo sorrir mais, acontecia isso. Estava cogitando se devia ou não ir atrás dele, quando ouviu o barulho de vidro se quebrando. Suspirou novamente e foi até a cozinha, viu, no lado oposto, cacos de vidro no chão, o que a fez pensar que ele jogou um copo na parede. Ele estava sentado no chão encostado na porta do armário que tinha em baixo da pia, ainda chorava.


-Por que ela disse isso, Harry?- Ginny perguntou, indo até o moreno e se agachando ao lado dele. O abraçou e permitiu que ele encostasse a cabeça em seu ombro.


-Por que ela viu a gente dormindo...- Ele sussurrou -Ela acha que eu estou traindo a Emily.- completou.


-Eu sabia que eu não devia ter ficado!- Ginny se repreendeu- A culpa é minha!- terminou, abaixando a cabeça. Saiu do abraço e se levantou, não tinha coragem para encarar Harry.


-A culpa não é sua!- Ele disse, se levantando e a abraçando por trás -A culpa é minha que não contei para ela o que aconteceu!- Falou, suspirando logo em seguida.


-Então conte agora!- Ginny aconselhou, fazendo um carinho leve no braço que ele passara em sua cintura.


-Ela vai ficar mais brava ainda!- ele sussurrou.-Vai me odiar mais ainda!


-Explique para ela o por que de você não ter contado antes!- Ginny falou, se virando e passando os braços pelo pescoço dele. Harry a abraçou e apoiou o queixo no ombro da ruiva. Não sabiam por quanto tempo ficaram abraçados, só sabiam que fora bastante tempo.-Foi um erro!- Ginny sussurrou, saindo do abraço e abaixando a cabeça.


-O quê?- Harry perguntou no mesmo tom, e a fez levantar a cabeça. A culpa estava no rosto da ruiva.


-A gente...-Ginny sussurrou.


-Foi o erro mais correto da minha vida!- Harry contrapôs. Ginny sorriu fracamente.


-Vou tentar falar com a Hellenna!- Harry fez menção de falar -Eu só vou explicar que por causa de uma coisa que você não teve coragem de contar, não há problema em acontecer o que aconteceu entre a gente!- E antes que o moreno pudesse falar algo, a ruiva saiu da cozinha.


Ginny andou pelo apartamento até chegar na porta do quarto de Hellenna, tento abrir, mas estava trancada. Deu três batidas secas na porta:


-Hellenna?- Chamou cautelosa.


-Vai embora!- Hellenna gritou, a voz abafada -É sua culpa se meu pai e minha mãe se separarem!- Ginny suspirou. O que Harry andara fazendo? A menina não tinha nem noção que a mãe não voltaria.


-Hellenna, abre a porta! Eu quero te explicar o que aconteceu!- Ginny insistiu.


-Eu não quero saber!- Hellenna gritou, a voz já não estava mais abafada -Vai embora!- Ginny revirou os olhos, contrariada, essa menina definitivamente tinha puxado Harry no quesito teimosia. Bufando, Ginny voltou derrotada para a cozinha.


-Como foi?- Harry perguntou, assim que a ruiva entrou na cozinha. Ele havia se sentado no mesmo lugar de antes, só que dessa vez não chorava, e mantinha uma expressão curiosa.


-Péssimo!- Ginny murmurou se sentando ao lado dele.- Harry?


-Sim...-ele respondeu vagamente.


-Você...Me ama, certo?- Ginny perguntou, indo se ajoelhar na frente dele. O moreno encostou sua testa na dela.


-Amar, amo...Mas acontece que esse amor está dormindo desde que eu conheci a Emily...Tudo que você tem que fazer é terminar de acorda-lo!- Sussurrou- Ele já começou a acordar, só não chega ao mesmo "nível" de antes! E eu não posso acorda-lo sozinho!


-Entendendo!- Ginny falou depois de um tempo. Harry não deu tempo da ruiva falar mais nada, pois a beijou.

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