Antigos sentimentos

Antigos sentimentos




Assim que Harry e Ginny entraram no antigo quarto de Rony, Ginny ajudou o moreno a se deitar.


-Tira a blusa, Harry!- Ginny pediu enquanto conjurava uma bacia com água quente, algumas toalhas e bandagens.


-Como é?- Harry perguntou, se sentando incrivelmente rápido.


-Tira a blusa!- Ginny falou, repreendendo Harry com o olhar.


-Pra quê?- Harry perguntou, sentindo o sangue gelar, mas não sabia por que estava tendo essa reação. Ginny era uma das poucas pessoas que já o vira sem camisa, não sabia por que estava com vergonha dela. Ginny revirou os olhos diante àquela pergunta.


-Como você espera que eu cure esse corte com você de blusa, esperteza?- Perguntou. Harry corou ao perceber que sua pergunta fora um tanto quanto idiota, e lentamente tirou a blusa. Assim que viu o tórax bem definido do moreno, Ginny ficou um tanto quanto impressionada, definitivamente aquele não era o Harry Potter que ela conhecera.


-Feliz?- ele perguntou sarcástico, ao notar que Ginny o olhava fixamente.


-Ah! Cala a Boca!- Ginny resmungou e Harry riu.


Ginny começou a, cuidadosamente, limpar o corte com uma toalha que molhara com a água que conjurara, vez ou outra, esbarrava a mão na pele do moreno.


Harry sentiu um calor inexplicável o invadir, quando a mão de Ginny esbarrara em sua pele pela primeira vez, e quando isso se repetia esse calor só aumentava.


Ginny não podia acreditar que estava tendo as mesmas reações de quando tinha 11 anos. Estava tremendo e estava morrendo de vergonha, mas estava cumprindo com seu dever de médica, ou pelo menos tentando.
Harry suspirou ao sentir a mão quente de Ginny lhe tocar docemente no rosto, que tinha alguns cortes. Ginny pareceu notar essa pequena movimentação do moreno, pois logo parou de limpar um dos "cortinhos".


-Que foi?- Ela perguntou em não mais que um sussurro.


-Nada!- Ele respondeu, mas logo continuou-Eu só estava pensando que por mais que eu tenha sido feliz na França, alguns sentimentos não mudaram! Apenas "dormiram"!- explicou.


-De que sentimentos você ta falando, Harry?- Ginny perguntou, se sentando na cama do irmão e olhando para os olhos verdes do amigo.


-Esquece!- Harry respondeu, percebendo que falara demais. Ginny o encarou por um tempo, suspirou e deu de ombros. Ambos se levantaram ao mesmo tempo.


-Bom... Providencie esse antiinflamatório!- Ginny falou, enquanto escrevia algo num pergaminho.- Caso o corte venha a doer, me procure no St. Mungos.


-Pode deixar!- Harry respondeu, pegando o pergaminho da mão da ruiva. Ginny sorriu e se virou para sair do quarto, mas Harry a impediu, a segurando pelo pulso.- Obrigado.- Ginny sorriu mais uma vez, girou nos calcanhares.


Harry respirou fundo. Sabia exatamente o que estava sentindo pela irmã mais nova do seu melhor amigo, já que já sentira isso uma vez em relação a ela. Soltou o ar pela boca e a puxou pelo pulso. Ginny, pega de surpresa, perdeu o equilíbrio e caiu em cima de Harry, que conseguiu manter o equilíbrio.


Os rostos estavam muito próximos. Harry se repreendia mentalmente por ter puxando a ruiva, mas estava gostando da proximidade. Podia sentir o cheiro de jasmim que emanava do cabelo dela.


Não entendia o que estava sentindo. Não...Pensando bem, entendia muito bem o que estava sentindo. Não havia como negar. O que sentia não era carinho de amiga. Ginny já sentira aquilo em relação a Harry. Sentia o cheiro do perfume dele. E sentia que a pele dele era quente, uma vez que ele ainda estava sem camisa. Sentia o hálito dele com cheiro de hortelã. E antes que os dois se dessem conta os lábios se uniram e as línguas se procuravam com uma ansiedade muito grande. O beijo continha o amor de sete anos. Sete anos afastados. Ginny sentou suas pernas bambas e se segurou em Harry, que enrijeceu os músculos ao sentir o corpo da ruiva tão próximo do seu.


Assim que terminaram de se beijar, ambos continuaram abraçados, se olhando com os lábios entreabertos.


-Eu...-Harry começou, mas Ginny colocou os dedos em cima dos lábios dele e sorriu. Harry retribuiu.


-Não vou ficar brava!- Falou, piscando um olho de forma marota -Só não vou, por que eu gostei!- Harry a olhou surpreso. A ruiva sorriu novamente e se retirou.


-Merlin...Que mulher!- Harry sussurrou, antes de por a camiseta e descer.


Assim que chegou no térreo, Rony respirou aliviado ao ver o amigo:


-Como está se sentindo, Harry?- O ruivo perguntou.


-Bem...- respondeu sorrindo. Hellenna correu até o pai e o abraçou, chorando desesperada.- Hei...Calma!- Harry pediu pegando a filha no colo, mas pareceu que não adiantou nada.


Ginny, que acabara de sair da cozinha, viu a menina chorando abraçada ao pai. Olhou interrogativa pra Rony:


-Ta preocupada por causa do corte do Harry!- Rony informou, só mexendo os lábios.


Ginny olhou novamente para Hellenna e foi até o moreno. Harry a olhou como que pedindo ajuda. Ginny sorriu para confortar Harry e pegou Hellenna no colo.


-Calma!- pediu a ruiva, com uma voz doce. Hellenna a olhou com os olhos vermelhos e marejados. O rostinho lavado em lágrimas.- Por que chora?


-Por que eu tive medo de perder meu pai!- Sussurrou, abraçando Ginny e voltando a chorar.


-Não vai perde-lo tão cedo! Ele é bem teimoso...A teimosia dele é tão grande que até pra isso ele briga com tudo o que tem! E depois...Eu tenho certeza, que ele te ama! E às vezes o amor que sentimos pelos nossos filhos é suficientemente grande para vencermos as barreiras da morte!- Hellenna a olhou admirada e sorriu.


Harry olhava a ruiva, admirado. Ela dissera palavras tão doces, porém tão corretas. Era incrível como ela o conhecia. Sim, ele reconhecia que era bastante teimoso. E também admitia que só saíra vivo do confronto no qual Emily morrera por causa da filha. Por que a amava mais que tudo.


-Bom...Agora eu tenho que ir!- Ginny falou, depois de depositar um beijo na testa de Hellenna. Sorriu e abraçou Harry. - Até mais!- Falou para todos antes de desaparatar.




Alguns dias haviam se passado desde a festa de aniversario de Kath, Harry já havia voltado a trabalhar, claro que pedira missões leves, uma vez que ainda estava machucado, McGordon concordou imediatamente.


Harry havia matriculado Hellenna em uma escola trouxa, a garota não reclamara, adorava as coisas trouxas, mas obedecia ao pedido do pai de não mostrar muita curiosidade em relação aos métodos trouxas e de não falar nada sobre os bruxos. Dificilmente Hellenna recebia uma carta do padrinho, mas escrevia para ele todos os dias, e ele mandava uma carta bem grande para a menina todo fim de semana.


Outra pessoa para quem Hellenna gostava de escrever (apesar de ainda estar aprendendo e Harry era quem escrevia para ela) era Ginny. Desde que a ruiva lhe acalmara, Hellenna criara um carinho muito grande por ela, como se ela fosse sua irmã mais velha. Harry estava contente que a filha gostasse de Ginny.


Harry respirou fundo e soltou o ar pela boca, naquela manhã de terça feira pediram a presença dele em uma reunião de alta prioridade. Parecia que queriam que ele ajudasse a prender todos os comensais, obviamente ele aceitara a missão de imediato. Qualquer desculpa para pegar aqueles caras era bem vinda.




Ginny suspirou. Não estava conseguindo se concentrar no trabalho. Toda vez que ia escrever um relatório sobre determinado paciente, as sensações que sentira no beijo que trocara há alguns dias com Harry invadiam sua mente. Não podia continuar assim. Sabia que o único modo de tirar aquilo da cabeça era satisfazendo a imensa vontade que sentia de sentir a pele dele na sua, sua vontade de sentir novamente o sabor do beijo dele, mas isso não dependia somente dela. Dependia dele, em grande parte.


Se levantou e foi até a grande janela que havia em sua sala. Ficou observando a Londres trouxa, que como sempre estava movimentada. Suspirou. Estava pensando em pedir o resto do dia de folga e pedir autorização ao Harry para passear com Hellenna durante à tarde. É, talvez fosse divertido.




Harry suspirou outra vez. Não estava conseguindo se concentrar para ler aquele relatório. Sempre que começava a ler a imagem de Ginny encostada na árvore vinha em sua mente.


Soltou o pergaminho em cima da mesa, e apoiou a cabeça nas mãos, respirando fundo logo em seguida. Estava pensando em pedir o resto da tarde de folga e sair para dar um volta com Hellenna, e quem sabe chamar Ginny para acompanha-los...Quem sabe...


Bufou e revirou os olhos. Se levantou e foi pedir o resto de dia de folga, já que desse jeito não teria muito progresso.




Ginny bufou, e puxou o ar com força, para logo soltá-lo pela boca. Coçou levemente atrás da cabeça.


Voltou para sua mesa e começou a escrever avidamente para logo parar, uma vez que a imagem de Harry caminhando em sua direção veio em sua cabeça.


Revirou os olhos e foi pedir o resto do dia de folga.




Harry tinha acabado de chegar em casa, quando Hellenna veio correndo e o abraçou.


-Veio mais cedo?- Ela perguntou, ofegante.


-É!- respondeu -O que ce ta aprontando?- perguntou desconfiado.


-Nada de nada!- Ela respondeu depressa.


-Jura?- ele perguntou.


-Juro!- Hellenna respondeu, cruzando os dedos, sem que o homem percebe-se.


-Certo!- Harry concordou, ainda desconfiado. Forçou um sorriso, e colocando a filha no chão foi até o próprio quarto. Definitivamente, precisava entender o que estava sentindo em relação á Ginny. Suspirou. Não queria que fosse o que já sentira há alguns anos pela ruiva. Era só isso que queria.

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