A Fuga




Como já estava bem atrasada para o trabalho, Ginny decidiu ir para o hospital, afinal, era médica e não podia se dar ao luxo de faltar o dia todo e não avisar, sendo assim, se arrumou e se despediu de Harry. Aparatou.
Assim que chegou em sua sala, encontrou o médico do turno antes do seu. Sorriu amarelo:


-Desculpe o atraso!- O colega lhe lançou um olhar de reprovação.


-Que não se repita!- Ele falou mal humorado -Por causa do seu atraso tive que desmarcar vários compromissos!- E saiu, batendo a porta atrás de si.


-Oh, desmarcou muitos compromissos!- Ginny falou sarcástica, coisa que aprendera em seus anos de casado com Draco.- Aposto que esses compromissos são: dormir, comer, coçar a bunda e dormir!- Falou, irritada, para o nada.


Depois que se trocou, Ginny se sentou em sua cadeira e mandou chamar o próximo paciente, por meio de magia.


-Ah...Doutora Malfoy, graças a Deus a senhora chegou!- Uma velhinha gorducha entrou na sala com tudo, o que fez Ginny dar um pulo na cadeira e derrubar o tinteiro que estava do lado do seu braço.


-Sra.Wilter, seria muito pedir para a senhora bater antes de entrar? Caso contrario quem vai precisar de um médico sou eu!- Ginny repreendeu.


-Oh, desculpe Doutora Malfoy!- A Sra. Wilter falou, corando - Mas meu neto, doutora. Ele piorou!- Ginny se levantou.


-Onde a senhora o deixou?- Perguntou.


-A enfermeira o levou para a sala de medicação!- A senhora informou chorosa.


-Volte para a sala de espera, vou ver o que posso fazer!- Ginny recomendou, saído de sua sala e indo para a ala de medicação.- Como ele está?- perguntou para a enfermeira.


-Bom...Os pulmões...-Ela começou, mas Ginny não estava mais escutando. Os olhos do menino eram verde, o que a fez lembrar dos olhos de Harry. Se lembrou de como ele começou a sofrer por causa de simples palavras proferidas por uma criança que não entendia quase nada.-Doutora?- a voz da enfermeira a tirou do seu transe.


-Desculpe...-Ginny pediu, balançando a cabeça para afastar as lembranças, prestando extrema atenção no que a enfermeira falava. Depois de providenciar os remédios, Ginny começou a dá-los para o garoto, vez ou outra recorria á magia para fazer os pulmões do menino voltarem a funcionar.




Harry se jogou no sofá. Estava exausto, magoado, furioso. Hellenna tinha a capacidade de ser mais teimosa e cabeça dura que seus dois amigos, Rony e Hermione.


Ficara tentando conversar com a menina desde que Ginny fora embora, mas até agora tudo que recebera foi uma resposta seca o mandando ir embora.


Harry se deitou no sofá e colocou o braço apoiado na testa, e uma perna dobrada em cima do sofá. Fechou os olhos e respirou fundo.


-Quem sabe se eu chamar o Willian...Talvez ele consiga tirar essa menina de dentro do quarto!- sussurrou para si mesmo, mas logo tirou essa idéia da cabeça. Até a coruja chegar na França e Willian vir para a Inglaterra demoraria dias, e Hellenna não podia ficar dias sem comer. Ou será que ela herdara os poderes de Emily e conseguia?-Impossível...-sussurrou.- Ela não teve o treinamento adequado. Emily não conseguiu chegar a ensinar esse nível...


Harry se levantou e afastou esses pensamentos. Teria que tentar entrar no quarto da filha e conversar com ela.


-Lenna!- Harry chamou batendo na porta do quarto da filha.


-Que é?- Ela gritou, Harry percebeu que ela já estava ficando irritada, só esperava que os poderes da menina não aflorassem agora.


-Será que poderíamos conversar?- Perguntou cauteloso.


-Não, não poderíamos!- Ela berrou. Harry fechou a cara e bufou. Pelo menos agora ela respondia.


-Por favor, Lenna!- Harry insistiu.


-Eu já disse que não!- ela berrou com todas as forças. Harry fechou mais a cara e o vaso de planta que tinha ali perto explodiu.


-Escuta aqui, Hellenna, chega de bancar a menina mimada!- Harry gritou.- Abre a droga dessa porta que eu quero falar com você!


-O você quer, afinal?- Hellenna perguntou, depois que abriu a porta e apareceu, fazendo cara feia.


-Não adianta ficar com carranca!- Harry falou, bravo. Era difícil dizer qual dos dois estava irritado.- Escuta aqui, mocinha...


-Não!- Hellenna falou, tapando os ouvidos com a mão-Não quero ouvir você falar que vai se separar da mamãe!- falou, virando a cara e fechando os olhos. Harry se irritou mais.


-Escuta aqui -ele falou, se ajoelhou e forçou a menina a tirar a mão do ouvido-Eu não vou falar que vou me separar da sua mãe, pelo simples fato de que isso não vai acontecer!


-Belo exemplo que você me da!- Hellenna falou sarcástica - Vai ficar traindo a mamãe...Mas espera só ela voltar...


-Sua mãe não vai voltar!- Harry interrompeu.


-Quê?- Hellenna perguntou.


-Ela não vai voltar!-Harry repetiu.


-Por quê?- Hellenna perguntou, surpresa.


-Por que...-Harry hesitou, toda sua fúria foi esquecida naquele momento.-Por que sua mãe...Foi assassinada...-Harry parou de falar e ficou com o olhar perdido, estava revendo a morte de Emily. Hellenna ficou olhando para a cara do pai naquele instante. Não estava acreditando no que ouvira.


-Assassinada?- Hellenna sussurrou, Harry não respondeu. Hellenna voltou a olhar para o pai e o viu com o olhar perdido.-Pai?- chamou. Harry a olhou como se a visse pela primeira vez ali.- Foi por isso que saímos da França?


-Foi...-Harry falou vagamente. Hellenna o olhou desconfiada.


-Tem certeza? Por que você podia simplesmente aproveitar um momento em que a mamãe estivesse fora cumprindo alguma missão e ter saído da França, me trazendo junto! Ai quando eu te pego com outra mulher você usa a desculpa de que ela morreu...-Ela disparou, Harry a olhou com descrença, toda a sua fúria voltando.


-Você está dizendo que eu estou inventando que sua mãe morreu?- perguntando cerrando os olhos, fazendo com que eles virassem uma fenda verde.


-Quem me garante o contrário?- Hellenna perguntou, sem se deixar intimidar pela expressão mais que furiosa que Harry possuía, Harry desferiu um tapa na cara da filha.


-Escuta aqui, Hellenna Carollinne Potter...- Harry começou e Hellenna se encolheu, sempre que o pai a chamava pelo nome completo boa coisa não estava por vir.- Eu amei sua mãe mais do que a minha própria vida! Eu não teria coragem de abandona-la, e não vai ser uma fedelha cheirando a leite que vai dizer que eu estou mentindo quando digo uma coisa desse tipo! Eu não quero que você repita isso novamente! Entendeu?


-Entendi...- Hellenna sussurrou, os olhos se encheram de lágrima.


-Ótimo!- Harry falou, se levantou e foi para o próprio quarto, um outro vaso explodiu em quanto o moreno ia para o aposento.


Hellenna permitiu que seu corpo escorregasse pela parede e começou a chorar como nunca chorara em sua vida. Seu pai nunca lhe batera e nunca fora tão grosso. Pela primeira vez na sua curta existência, Hellenna conseguira levar o homem ao extremo de sua fúria.


Hellenna enxugou as lágrimas, decidida, tinha uma idéia na cabeça e iria realiza-la. Essa noite.




Ginny tinha acabado de se sentar na sua cadeira, quando uma coruja castanha com algumas manchas branca, entrou na sua sala. Ginny pegou o pergaminho e a coruja foi embora.




Preciso de você aqui em casa.


Acabei me descontrolando com a Hellenna.


Preciso conversar.


Com amor,


Harry.




Ginny suspirou e foi falar com seu chefe.




Harry estava deitado em sua cama, na mesma posição em se deitara no sofá, mais cedo. Ouvia barulhos pelo apartamento e supôs que Hellenna estava se preparando para fazer um "acampamento" em seu quarto, por um longo período. Ela sempre fazia isso quando brigava com ele.


Uma meia hora depois o apartamento caiu em um silêncio profundo.




Respirando fundo, pegou a bolsa em cima da mesa de seu escritório e aparatou.


O apartamento estava silencioso e a pouca iluminação vinha da lua, que passava pela janela da varanda que Harry provavelmente esquecera aberta.


Andou vagamente até chegar no quarto do moreno, abriu a porta com cuidado e o viu dormindo profundamente. Segurou o ar. Ele parecia um anjo. Os cabelos negros mexiam levemente devido à brisa que entrava pela janela. O semblante calmo, sereno e pálido fazia um contraste bonito com os cabelos revoltos.


Ginny sorriu travessa e cuidadosamente se deitou em cima de Harry, que soltou um resmungo ao sentir o corpo dela em cima do seu, mas não acordou. O sorriso da ruiva aumentou. Respirou fundo e começou a beijar a face dele como uma louca.


Harry não conseguiu segurar um sorriso e passou os braços pela cintura dela. Girou o corpo e fez com que ela ficasse em baixo e ele em cima.


-Assim não vale!- Ela falou, dando um tapa de leve no braço dele. Harry sorriu marotamente e deu um senhor beijo na ruiva.


Assim que se separaram pra pegar ar, Harry desceu um pouco o "objetivo" do seu beijo. Beijou a curva do pescoço de Ginny, para logo beijar o ombro dela, que estava nu devido a blusinha que ela usava.


O clima já estava bem alto, quando ouviram o barulho de uma porta se batendo com força. Harry olhou para a porta do quarto para logo olhar, confuso, para Ginny.


-Que foi isso?- Ela perguntou num sussurro.


-Não sei!- Harry se levantou e pegou sua blusa, que estava jogada no chão, e a colocou.- Eu vou ver! Você vem?


-Claro!-Ginny falou energeticamente. Se levantou e, também, pegou sua blusinha que estava no chão.


Harry pegou sua varinha e com ela em punho foi até o quarto de Hellenna, que era no final do corredor.


-Lenna?- perguntou batendo de leve na porta. Silêncio. Tentou abrir a porta e conseguiu. Entrou no quarto com Ginny em seu encalço e acendeu a luz.


-Cadê ela?- Ginny perguntou ao ver que o quarto estava vazio.


-Ah não...- Harry sussurrou, ficou com os lábios entre aberto e com uma expressão desesperada.


-Harry?- Ginny chamou, quando o viu cair de joelhos.- Que foi?


-Ela...-Ele puxou o ar com força -Ela fugiu!


-Como é?- Ginny perguntou confusa.- Ela pode ter ido ao banheiro!- tentou. Harry se levantou em um salto e foi até a porta da lateral esquerda do quarto. A abriu e olhou para dentro, para logo ficar nervoso e desferir um chute na porta.


-Harry!- Ginny repreendeu. O moreno não lhe deu atenção e saiu apressado do quarto. Correu até o elevador e o chamou com pressa. Ginny o seguia.


Impaciente, Harry correu para as escadas e as desceu correndo. Ginny tentou acompanha-lo, mas ele era consideravelmente mais ágil. Assim que chegou ao Hall de entrada do edifício, viu Harry sentado na porta, com as pernas cruzadas na frente do peito, o rosto abaixado e os dedos enterrados nas mexas negras.


-Harry...-Ginny o chamou em um sussurro e se ajoelhou do lado dele, o tocando levemente no braço. Harry ergueu a cabeça, os olhos verdes marejados e cheios de culpa. O moreno a abraçou.


-Foi minha culpa...- Ele desabafou, sussurrando no ouvido dela.- Se eu não tivesse me descontrolado...Se eu não tivesse gritado com ela...


-Ah, Harry...-Ginny sussurrou e o abraçou com mais força.

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