Como dizer não à Molly Weasley
Ninguém recusa um chamado de Molly Weasley, muito menos Hermione Granger(sem Potter no bilhete). É claro que tudo parecia armadilha, Harry devia estar lá n’A toca e todas as pessoas ruivas tentariam juntar novamente o casal-maravilha. Entretanto, por mais incômodo que isso parecesse, ninguém poderia recusar um convite de Molly Weasley e ponto final. Hermione chegou pontualmente. Além de Arthur e Molly Weasley, apenas Rony e Pansy estavam lá, com o pequeno Arthur nos braços.
Hermione logo botou o menino no colo e ficou brincando de fazer cócegas. Molly disse para ela sentir-se à vontade que o almoço não custava a sair. Draco e Gina deviam estar chegando e Harry também estava a caminho. Hemione nem reclamou e Molly veio dizendo que os dois precisariam conversar, que o casamento era muito bacana, que os dois faziam um casal legal. Era bom que eles se acertassem e tal e coisa e que as dificuldades aconteciam mesmo, mas que ela tinha certeza que tudo ia ficar bem.
- Mas e se eu não quiser que tudo fique bem com o Harry?
- Mas minha filha, vocês são tão jovens e eram tão apaixonados.
- Passamos por uma guerra. Conte uns anos à mais que o normal. Molly, nós precisamos viver nossas próprias vidas sem um casamento sustentado por gratidão mútua.
- Mas vocês deviam conversar.
- Nós já conversamos bastante.
Molly não insistiu. Juntou Rony e Pansy e os recém chegados Draco e Gina para dizer que os quatro deviam conversar com o casal, já que eram todos amigos. Considerando que ninguém recusa um chamado de Molly Weasley, os quatro sabiam o que tinham que fazer. Disseram apenas que iam aguardar o momento certo. Harry não custou a chegar. Ficou na sala, com Arthur Weasley, conversando sobre quadribol. Perguntou pelos outros Weasley e Arthur foi listando os motivos deles não terem ido.
Almoço servido, elogios à comida. Molly ficou olhando para a cara dos dois filhos esperando que fizessem alguma coisa. Dividiram-se. Rony e Gina conversariam com Harry e Draco e Pansy com Hermione. Não pareceu apropriado dividirem-se em casais. Harry foi intimado a comparecer no quarto de Gina. Hermione foi intimada a ficar na cozinha com Pansy e Draco.
- Então, Harry, você sabe que essa conversa é culpa de Molly Weasley? – perguntou Rony.
- Imaginei. – respondeu Harry.
- E o que você quer? – Perguntou Gina.
- Queria minha esposa de volta. – ele respondeu, olhando nos olhos da ruiva, que ficaram um tanto tristes, mas que tentaram disfarçar.
- E ela? – Perguntou Rony.
- Continua precisando de um tempo, como na quarta-feira.
- E você vai fazer o que? – perguntou Gina.
- Absolutamente nada. – respondeu Harry.
- E a outra mulher? – perguntou Rony.
- Que outra mulher? – Gina se assustou.
- Perdão, Harry.
- Sem problemas, Ron. A Gina não tem cara de que vai sair por aí gritando que eu traí minha mulher.
- Com certeza não. – a ruiva retrucou.
- Você a viu depois da quarta-feira? – Ron perguntou, mas quem queria a resposta era Gina.
- Não.
- E você gosta dela? – foi Gina quem perguntou.
- Gosto sim. – Harry respondeu, olhando fundo nos olhos dela. – mas ela também é casada e eu não quero complicar a vida de ninguém.
- E Hermione? – perguntou Ron.
- Nós nem estamos mais juntos.
- E não vão voltar? – perguntou Gina.
- Acredito que não.
- Mas você não quer? – questionou Ron.
- Não sou só eu, Ron. Eu e Hermione somos duas pessoas que se respeitam e não precisam continuar juntas apenas para se machucarem mutuamente.
- O que mudou de quarta para cá?- perguntou Ron.
- Não sei. Conversamos. Acho que é melhor para ela ficar sozinha.
- E para você, o que é melhor? – Gina queria saber.
- Ainda não sei, Gina. Talvez eu deva conversar com a outra mulher e saber o que é melhor para ela.
- Você está levando essa mulher à sério, Harry? – perguntou Ron.
- Sim. Ela é fantástica.
***
Do lado Hermione Granger do ringue, quem começou foi Pansy:
- Certo, Hermione. Nós três sabemos que não temos toda essa intimidade, mas...
- Molly Weasley. – Hermione completou.
- Yeap. – soltou Draco.
- O que você quer fazer? – perguntou Pansy.
- Eu estou bem, querida. Só não sou mais uma mulher casada.
- Sem chance de reconsiderar?
- Sim, Pansy. Sem chance.
- Então não temos muito o que fazer à respeito. Fim de conversa. – decretou Draco.
- Bom, vocês sabem que a Molly não vai ficar satisfeita se não parecer que a gente insistiu no assunto. – Pansy tentou continuar.
- Perda de tempo. – concluiu Hermione.
- Ela tem um bom ponto. – tentou Draco.
- A gente pode pelo menos fingir? – insistia Pansy, quando Arthur começou a chorar e ela saiu correndo, sem se esquecer de dizer. – Draco, você sabe o que tem que fazer.
- Certo, Granger. O que eu tenho que fazer? – a pergunta, vinda dele, parecia bastante inquisitória. Hermione não sabia a resposta e se sentia inibida de estar no mesmo ambiente que ele sem nenhum disfarce.
- Você decide.
- Quer beber? – ele tentava ser espontâneo.
- Não acho uma boa idéia. – ela respondeu.
- O negócio é o seguinte. Eu estou de saco cheio desse almoço, mas a Gina vai custar a querer ir embora. A Molly quer que eu te convença a reatar o casamento e você está de saco cheio desse tipo de conversa. Nós saímos com o pretexto de conversar sobre isso num lugar neutro, enchemos a cara e não tocamos no assunto.
- Não me parece uma boa idéia.
- É perfeita, Granger.
- Se for para beber comigo, me chame de Hermione.
- E você me chame de Draco.
- Fechado.
Avisaram aos familiares e saíram. A única que sabia que ali morava alguma coisa próxima de paixão antiga era Pansy, mas ela jamais contaria qualquer coisa a qualquer um.
Draco levou Hermione ao Pub de sempre e não disfarçou os olhares em volta. Procurava Diana Carter, sem saber que ela estava parada na sua frente.
- Ok, Draco, você insistiu nessa história de bebida. Mas, sabe como é. Eu sou um pouco egocêntrica. Isso não vai funcionar se você não estiver presente.
- Desculpe. Eu estava...
- Procurando quem?
- Não sei.
- Como não?
- Eu não costumo falar sobre algumas coisas.
- Nem eu.
- Certo, Hermione. Então vamos parar de falar. Whiski para mim. Para você?
- Martini.
- Dry Martini?
- Não, darling. Gosto de Martini doce mesmo, com cerejinhas e gelo.
- Mulherzinha.
- Desculpe, mas eu sou mulher e gosto de bebidas doces.
- Tente um suco gummy então, darling. – ele disse, com uma entonação especialmente irônica ao dizer darling.
- Qual o seu problema com a palavra darling?
- É engraçado ouvir você tomando Martini e falando darling.
- Por que?
- Por que você é durona, brava. Me parece muito mais vodca ou sei lá. Cigarros.
- Eu não fumo.
- Nem eu.
- Então por que eu deveria fumar?
- Sei lá, Hermione. Jornalista, brava. Estressada. Achei que as pessoas descontassem suas frustrações em alguma coisa para manter o bom humor.
- Eu não sou bem humorada.
- Nem eu.
- Eu não desconto nada em cigarros.
- Eu bebo todos os dias. – ele disse, e ela pensou que a resposta automática seria “eu faço sexo”, mas não disse. Tentou manter-se natural e já não sabia se fingia sendo Diana ou sendo ela mesma.
- Eu talvez não tenha tantas frustrações assim.
- Eu sei medir isso.
- É? Como, senhor-sabe-tudo?
- Vire de costas.
- Para que?
- Certo. Daqui a uns martinis, você confia em mim?
- Sem chance.
- Só se vire.
Ela obedeceu, com medo. Ele afastou os cabelos dela e começou a massagear os ombros com cuidado. Depois com força. Ela sentiu-se naturalmente ofegante entrando em contato com aquelas mãos quentes. Ele sentiu vontade de se aproximar mais daquelas costas bem desenhadas. O cheiro. Tinha alguma coisa de familiar no cheiro dela. Sim. Era o cheiro de Diana Carter e ele teve que se aproximar ainda mais. O nariz chegou a tocar o pescoço de Hermione e ele tinha impulsos de começar a beijar-lhe a nuca.
- Ok. Estamos bem. Acho que a Molly não acreditaria que esse é o tipo de conversa que me faria reatar o casamento.
- Tudo bem. Me desculpe. Mas eu estava certo. Você é bastante tensa. Seus ombros são duas rochas.
- Eu nunca disse que era calma.
- Eu sei. Eu lembro.
- Certo.
- Qual perfume você usa?
- Mais um whiski?
- O perfume.
- Por que isso é importante?
- Nada.
- Acho melhor a gente voltar para a toca.
- E meu whiski?
- A gente toma outra hora.
- Você e o Potter. Por que acabou?
- Incompatibilidade de gênios te parece uma boa resposta?
- Não.
- Mas é só essa que você vai ter. E você e a Gina?
- Nós não acabamos.
- Eu sei. O que você procurava?
- Qual o seu perfume?
- Quer trocar respostas?
- Pode ser. Mas seu perfume não me parece um segredo de estado, Hermione.
- E o que você procura é um segredo de estado?
- Eu gostaria que não precisasse ser segredo. Mas é.
- O que pode ser tão grave?
- Uma mulher.
- E aquela história de vínculos e eu e Gina não transamos com outras pessoas. - Eu sabia que você ia fazer isso.
- Isso o que?
- Qual o perfume, Hermione?
- Gabriela Sabatini. Isso o que?
- Me deixar pensando coisas. Me deixar confuso. Qual a graça em me deixar confuso?
- Nunca parei para pensar. “Nossa! Hoje eu vou dizer isso só para o Draco Malfoy ficar confuso!” Draco! Minha vida se resume às suas confusões!
- Não se resume não. Você é bastante grave.
- Ok. Essa é a hora em que a gente volta e finge que você fez de tudo para que eu voltasse a ser uma mulher séria e casada.
- Eu não faria nada para que isso acontecesse.
- Draco. Isso significa que passou da hora de a gente voltar. Senhor marido exemplar.
- Você tem um segredo meu. Mas eu não tenho um seu.
- Como é o nome da mulher?
- Esse é um ponto desnecessário.
- E vocês...
- Com ela não. Ela nem quis me beijar.
- Me parece bastante sensata. Mas então você não tem um segredo. Você não fez nada.
- Nem tudo é sobre sexo, Hermione. Eu me envolvi.
- E está falando isso para mim por que motivo?
- Eu não tenho muitos amigos.
- E agora eu sou sua amiga?
- Poderia ser.
- Ok. Eu também não tenho muitos amigos.
- Então me conte um segredo.
- Tudo bem. Eu gosto do mesmo cara desde Hogwarts.
- O Potter é um cara de sorte.
- Eu nunca disse que era ele.
- Então passou da hora do seu casamento acabar.
- E o seu?
- Hermione, o meu nem devia ter começado.
- A Gina sabe disso?
- Tenho certeza que sim. Eu bebo.
E os dois voltaram para a toca. Cheiros na cabeça. Desculpas dadas à Molly. Despedidas feitas. Hermione foi ao hotel. Draco manteve-se na casa da sogra, pensando que talvez Hermione Granger pudesse ser Diana Carter e com medo de isso ser verdade, por que se fosse, ele realmente tinha escolhido a mulher errada na época da escola.
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