Uma coisa só
- Ficou excelente, Granger. A entrevista teve um tom íntimo e didático. Quem lê percebe que Gina se sente à vontade com você, mas não perde detalhes. Fantástico que você tenha conseguido não deixar muita coisa subentendida. A próxima entrevista dessa série é sua também, e será matéria de capa. - A editora do profeta diário disse à Hermione, com um sorriso no rosto e os pergaminhos da matéria pronta na mão.
- A próxima entrevista é com quem? - Hermione perguntou, sem tirar os olhos da pena que escrevia os classificados automaticamente.
- Luna Lovegood. - A editora ainda sorria.
- E qual a tônica que querem que eu dê a esta entrevista?
- A mesma que você deu à entrevista com a Guinevere Malfoy. Mesclando vida pessoal, profissional e a guerra bruxa. - A editora olhava, triunfante para Hermione, que levantou a cabeça e encarou-a com fúria.
- Não vou perguntar a respeito da Chang.
- Todos querem saber.
- Você quer saber. Eu não vou expor Luna Lovegood desta forma. Restringirei-me a perguntar sobre a guerra bruxa e seu emprego atual. O máximo que posso fazer é falar sobre sentimentos.
- Granger. Eu sou a editora.
- O que você está me pedindo vai contra a ética do profeta. É caso de sensacionalismo.
- Granger! - a editora disse, dura.
- Escute, a matéria vai ficar boa, vai ser interessante, a entrevista vai chamar atenção. Mas eu não acho que a sexualidade de Luna Lovegood interfira no fato dela ter sido peça importante na guerra bruxa.
- Se o jornal não vender pelo menos o que o da Guinevere vender, você vai passar a escrever os obituários.
- Aceito o desafio. - Hermione disse, com a sobrancelha erguida.
A editora saiu da mesa de Hermione sem nem dar adeus e foi pisando duro até sua sala. Hermione sorria enquanto ela andava. Ela não tinha como discutir com a melhor repórter do profeta diário. Não podia reclamar dos horários ou das pautas. Hermione sabia, como ninguém, vender exemplares de jornais para bruxos e trouxas.
A entrevista com Gina tinha sido uma das matérias mais rápidas que Hermione fizera. O texto introdutório fluiu durante a madrugada. Entrevistou-a na segunda, na terça pela manhã a matéria estava na mesa da editora.
A única pessoa a reclamar disso era Harry. Há tempos ele e a mulher sequer se beijavam como deviam. Ele dizia que ela trabalhava demais e que quando estava em casa não estava para ele. Ela insistia em dores de cabeça, cólicas, crises de vômito invisível. Todas coisas que uma simples poção podia curar. Harry devia estar subindo pelas paredes.
Hermione baixou a cabeça e decidiu se concentrar nos classificados. Já que tinha acabado cedo o trabalho dela, ajudava o colega com o dele. Mais tarde prepararia a entrevista de Luna.
***
Harry checava os relatórios com a cabeça na sala ao lado. Ainda não tinha tido coragem de falar com Gina. Aquela timidez não lhe era normal há tempos. Ele não se sentia à vontade para avançar novamente. Tinha um misto de medo de ser descoberto, medo de rejeição, angústia e culpa. Perdeu-se entre folhas e fotos e nomes. Não viu que havia, encostada à sua porta, uma ruiva de vestido verde e olhos castanhos. Ela não desviava os olhos dele. Os ponteiros do relógio teimavam em andar e Harry não levantava a cabeça. Ela, quase desistindo de falar com ele, respirou alto. Ele virou-se abruptamente.
- Bom dia. - Ele disse, meio gaguejante.
- Bom dia! - Ela disse, com um sorriso estampado no rosto. - Por que não veio trabalhar ontem?
- Eu vim.
- Veio? - Ela ergueu uma sobrancelha e segurou um sorriso. Por algum motivo inexplicável Harry tremia. Ele fez que sim com a cabeça e ela não disse nada imediatamente. Trancou a porta com um feitiço simples, fechou as janelas. Num aceno de varinha desceu as cortinas e se aproximou da cadeira em que Harry estava sentado.
A cada passo dela o coração dele acelerava mais. Ela lhe abraçou por trás, baixou a cabeça, beijando-lhe os ombros de leve disso, num sussurro:
- Você sabe o que eu quero.
- Gina, eu... Eu... É... Eu sou casado. Não posso. - Ele respondeu, sem segurar as mãos dela ou impedir que ela lhe roçasse, no pescoço, a boca.
- Eu também sou casada. - Ela ainda sussurrava e via que os pêlos da nuca dele se arrepiavam.
- Isso é errado.
- É? - Ela dizia em tom de desafio, roçando os dedos, de leve, pelo peito coberto dele.
- Eu prometi que não ia fazer mais isso com a Hermione.
- Fez sábado, domingo, hoje é terça. Um dia a mais não faz tanta diferença assim.
- Eu disse que ia parar. Eu pensei que eu ia parar. Eu quero parar.
- Então fala não para mim direito. - Ela disse, continuando a roçar os dedos, então na barriga dele.
Ele não disse absolutamente nada. É claro que ele queria tudo com ela. Queria mais do que já tinha tido. Queria tudo intensamente. Hermione talvez não ocupasse um espaço tão grande assim em sua cabeça. Não adiantava fingir que eles estavam bem, quando não estavam. E Gina estava ali. Corria todos os riscos, mas estava ali. Ele sentia a respiração dela em seu pescoço. Sentia as mãos dela subindo pela sua barriga, descendo e subindo pelas costas. Já não sentia então a mão. Ela tinha se afastado dele e tirava todos os papeis da mesa, jogando tudo sem dó no chão do escritório. Ela, então, empurrou a cadeira dele, afastado-a da mesa, e sentou-se no colo dele sem se preocupar em como ficaria o vestido. Ele a abraçou com força pela cintura e beijou-lhe fervorosamente os lábios.
Talvez ambos tivessem perdido o juízo. Alguém poderia aparatar ali a qualquer minuto. Mas a única coisa que importava, para ela, é que as suas mãos percorressem os cabelos dele no ritmo de sua língua. O beijo não tinha pudor algum. Ela oferecia o queixo, que ele mordia de leve, ele oferecia a nuca, que ela lambia, enquanto lhe arranhava as costas por baixo da blusa. Ele se levantou da cadeira com ela no colo. Tinha sido bom que ela tivesse limpado a mesa. Deitou-a ali e deitou-se por cima dela. Equilibrava-se nos próprios braços enquanto ela lhe desabotoava a blusa. Ela enlaçou os quadris dele com as suas pernas. As mãos dele lhe percorriam as coxas enquanto subiam o vestido verde-florido.
- Senhor Potter! - ouviu-se a voz da secretária batendo à portado lado de fora. Ambos se recompuseram imediatamente. E, enquanto Gina ajeitava os papéis sobre a mesa, Harry atendia a secretaria, tentando disfarçar qualquer coisa.
Quando conseguiu despachar a secretária de vez, Gina já tinha dado um jeito de ir para a sua sala. Harry sentou-se, ainda abismado, numa das poltronas macias que ficavam ali no canto.
Ela tinha chegado como um furacão. Tudo estava indo rápido demais ou era apenas impressão dele? Nunca conseguiriam fazer o que seus corpos e mentes mandavam? Nunca conseguiriam nada? Queriam, de fato?
Harry queria. Se ela estava ali, provocante, avassaladora e disponível. Ela também queria. Talvez ela tivesse passado a batata para ele. A vez dele de se aproximar e beijá-la sem avisar. Estaria ela tão sem chão quanto ele? Há duas semanas atrás tudo aquilo seria inconcebível. Ele amava a esposa, não?
Trancou-se com todos os feitiços que lembrava. Reforçou os feitiços anti-aparatação. Precisava pensar. Precisava se achar. Precisava lembrar quem era o Harry e o que o Harry queria.
Sempre achara Hermione uma bruxa encantadora. Sempre gostara do fato dela saber de tudo. De saber mais que ele. De instigá-lo e de ela não perceber o que ele queria. Sempre estava próximo. Sempre ouvia. Sempre gostava do cheiro dela. Jamais percebeu Gina, como mulher, em Hogwarts. A imagem de Hermione, vestida de vermelho no baile de hallowen do sétimo ano ainda era inesquecível. Ela parecia frágil. Estava tão bonita. Estava tão... a espera de alguém. Que esse alguém fosse ele, então. Beijaram-se pela primeira vez. Ela, depois disso, ficou um pouco distante. Ele respeitou. Posteriormente teve seu momento. Os dois começaram a namorar firme e ela era dulcíssima. Amava-a, definitivamente.
Faltava saber o porquê de amar Hermione, e não Gina; e o porquê de estar-se envolvendo com Gina sem amá-la. Não a queria machucar, definitivamente, mas não a tirava da cabeça. Tinha que saber o que sentia. Tinha que saber pra não ferir ninguém. Pra não se ferir depois. Quer queira quer não, para Harry sexo e amor sempre se fundiam numa coisa só.
NA_ Desculpa a demora... Eu tô passando pela fase mais maluca da minha vida. como se eu tivesse todo sentimento do mundo preso e solto na palma da mão. Não dá tempo de fazer arte. Lord Henry dizia que os poetas não vivem... Eu ando sem tempo demais. é coisa demais.
By the way, o capítulo 7 tá pronto e assim que eu conseguir revisar eu posto.
=**
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