Flashback





Aorta pulsando sangue e paixão
Pele se segura pra não tremer
Pêlos eriçados, desejo.
Respira fundo, ar circula
Tenta se acalmar
Quer voltar ao normal; não pode
Quer ganhar a guerra; quer paz!
Imagem gruda, não sai da cabeça
Não há reação lógica
É desespero, curiosidade, vontade, medo
Aorta pulsa.

À flor da pele,
Aline Dias

Hermione acordou sozinha. Tomou um banho, vestiu-se com uma blusa grande, prendeu os cabelos num rabo de cavalo mal feito, e fez café. Tomava-o sentada na varanda. Tinha tido um sonho estranho à noite. Coisas de Hogwarts.
Não devia ter saído no dia anterior. Encontrar com Malfoy sozinha ainda doía. Ainda mais quando ela não era ela, e se sentia decadente por fazer o que fazia. Pela primeira vez não se sentiu livre. Talvez ainda fosse fiel a Draco. A imagem dele com Gina ainda martelava na cabeça. Deles se agarrando atrás duma pilastra. Dela que não queria acreditar no que via. Hermione se lembrava até de como respirava no dia. Ela quis chorar, mas não podia dar a entender que estava chorando. Ninguém podia ver. Respirou fundo e seguiu para a aula de transfiguração. Lembrava que tremia. Lembrava de tanta coisa... futucou algumas caixas que estavam no armário. Numa delas achou seu antigo diário empoeirado. Não pode deixar de sorrir. Começou a ler:

Eu choro por que sou escancaradamente romântica. Peco por idealizar a todos que conheço. Peco sem acreditar que exista o pecado. Eu acreditava nele quando não conhecia a magia. Mamãe me ensinou a acreditar num Deus, a seguir seitas que me pareciam vazias... Hoje já não faz lógica. Sou uma bruxa.
Não existe o pecado. Talvez nem o erro exista. O erro não existe sem o acerto. Se o acerto não existe como posso saber onde está o erro? É tudo tão confuso e tudo passa tão ao mesmo tempo na cabeça que eu não sei de nada.
Tenho vontade de chorar. Entupo-me de brigadeiro. Como compulsivamente. Elogiaram o tamanho da minha barriga ainda esse fim de semana. Por que então eu insisto em aumentá-lo? Eu estou confusa, caramba!
Tá. Eu tenho que enumerar as coisas. Tenho que contar o que aconteceu, o que acontece... Porque eu estou assim agora. A culpa é de um bruxo! Tinha que ser de um bruxo! Bruxas não ficam assim do jeito que eu estou por culpa só da tpm. Aliás, temos uma boa cura para isso. Uma poção, simples e rápida, que te deixa mais calma, mais relaxada... Dizem que vicia, se tomada em grandes quantidades, mas eu não me arrisco, tomo as duas xícaras necessárias e paro. Mesmo que a poção tenha um gosto maravilhoso... Mesmo que ela relaxe... Aaaaaaaaaah! Eu quero daquela poção! Que dia é hoje?
Putz, falta tempo ainda para a tpm.
Saco.
Sobre meu choro, o brigadeiro, o bruxo: Tudo começou com ódio. Um ódio recíproco. Parecia estar escrito nas estrelas que Hermione Granger e Draco Malfoy se odiariam. Ele era um nojento irritante que me humilhava por eu ter sangue trouxa. Eu era uma menina chata que irritava por saber demais. Não há o que irrite com tal eficácia um garoto arrogante, como saber que existe alguém melhor que ele. Sou melhor sim. Sempre fui. Sei que sou, mas não falo pra ninguém. Eu me esforço pra saber de tudo. Quase morro de cansaço, me esgoto, esqueço por vezes da minha casca, logo da casca que é o que mais gosto em mim.
Sim. Sou fútil. Gosto de ver a pele lisa e o cabelo com forma definida. Gosto de ver que tenho curvas. Não sou uma hipócrita que acha que pra ser inteligente existe a obrigação de ser feia, ou então de ser um ser assexuado. Nunca fui um ser assexuado. Sou discreta. Mas sei seduzir como qualquer mulher que se preze. Se eu tenho peitos e não estou amamentando, creio que a função deles é seduzir. Uso-os para conseguir o que quero. Uso sem que ninguém perceba. É o mais gostoso. Uso-os desde que percebi que eles existiam e tinham um belo formato arredondado. Amo meus seios. Amo minha boca. Amo meu corpo.
Mas o corpo eu não consigo usar pra irritar. O corpo fica meio esquecido. Por ser trouxa eu tinha que provar que era bruxa. Tinha que dar tudo da minha mente. Tudo. Tudo. Tudo. E saber demais irritava, como irrita.
Draco se sentia acuado por uma mulher mais inteligente que ele. Usava de golpe baixos para me machucar. Chamava de sangue ruim, implicava com meus dentes... Aumentou meus dentes sem imaginar que, depois, eles ficariam mais bonitos do que os deles jamais seriam. Mais inteligente e com um sorriso melhor. Mas, ainda sim, eu queria matá-lo. Sempre quis. Como quero agora.
Nunca mantive um diálogo com ele. Nunca nada. Acho que ele não sabe falar. Ou talvez não precise falar. Talvez pra Draco Malfoy as palavras não sejam mais que pó. Talvez os olhos dele dêem conta. Não sei. Não sei o que há naquela cabeça infeliz.
Sei que no sétimo ano ele estava diferente. Eu e ele. Sei que ele foi a primeira pessoa que eu vi na plataforma 9 e ½. Ele estava rindo com aqueles dois trogloditas amigos dele. Estavam falando sobre sei lá o que. E ele ficou olhando pra mim. Eu achei engraçado, olhei de volta e subi no trem, procurei uma cabine vazia. Ele nunca tinha estado tão bonito na vida. Mesmo fazendo esquisitices com os dois retardados. Ele tinha ficado sexy duma hora pra outra. Esqueci-me do ódio por instantes.
Parecia então que o Malfoy já não era o Malfoy. Era um cara que eu não conhecia e que me atraia pelos olhos azuis infantis. Ele me consumia por dentro. Ele nem implicava comigo mais. Não sei. Volta e meia eu me pegava olhando pra ele. E volta e meia eu via que ele estava olhando para mim.
Eu queria saber mais sobre ele. Eu queria saber quem era aquele cara que tinha tomado o corpo do meu inimigo. Harry e Rony me acharam. A gente conversou a ida para Hogwarts inteira. O trio continuava unido.
Eu acho que era tesão. Eu acho que eu tinha sentido tesão de verdade pela primeira vez aquele dia na plataforma. Agora não sei falar direito. Já faz tempo. Quase um ano... Ele estava bonito. Ele tinha ficado bonito dum ano pro outro.
Eu continuava achando ele um babaca. Ele era o Malfoy! Era, então, um babaca bonitinho.
Eu sei é que o tempo passou e hoje eu estou chorando por causa dele. Não. Eu não devia chorar. Ele está com a Gina agora. Eles estão felizes. Eu não fui mais que um flerte ao acaso pra ele. Ele não devia ter feito o que fez.
Sei que ele me confundiu a cabeça inteira. Me fez de gato e sapato sem ao menos me beijar.


Hermione lembrava que pretendia publicar o que estava no diário como um romance. Talvez mudasse os nomes das personagens, mas achava que a história merecia o status de livro. Ela tinha escrito tudo junto, sem datas. Sabia que tinha mudado o dia por nunca escrever em dias seguidos com a mesma caneta. Era um velho tique que perdurava.

Eu queria conhecê-lo. Sete anos vendo-o sempre sem saber quem ele era. Vinha-me uma curiosidade louca à cabeça! Ele era mau, não era? Ele era filho de comensal. Ele tinha uma bunda maravilhosa. Ele tinha uma nuca quase perfeita. Se o cabelo terminasse reto seria perfeita. Mas a nuca, com uma pontinha de cabelo ao centro, também tinha seu charme. Não; a nuca não era tão bonita assim... Algum defeito o filho da mãe tinha que ter. Se bem que... Ah! Fisicamente ele parecia ser perfeito. Eu queria descobrir-lhe a barriga. Queria saber se tinha pêlos, se era definida ou não. Eu queria virá-lo do avesso.
Pareceu-me, então, que o meu desejo era o mesmo que o dele. Os olhos por vezes se encontravam. Hoje é tudo muito abstrato, não conseguirei descrever com detalhes todas as situações em que isso aconteceu. Foram inúmeras. Lembro-me especificamente de uma:
Estávamos ambos numa reunião com todos os monitores e veio a hora do intervalo. Nessas horas todos se dispersam. Vai cada um para o seu canto. Eu fiquei na sala discutindo algo com um garoto lufo. De novo não me lembro o que. Não importa. Tive sede. Já não agüentava mais ouvir o lufo falar. Dei uma desculpa e fui saindo apressada da sala. Girei a maçaneta, e como eu estava olhando para o chão topei com a pessoa do outro lado da porta, que estava querendo entrar. Levantei a cabeça, brava. E vi que aquele era o Malfoy. Nenhum dos dois se mexeu. Ficamos uns cinco segundos olhando um para a cara do outro, dum jeito assim, desconcertante. Abaixei a cabeça e prossegui. Ele devia me achar uma retardada.
Percebi que ele entrou e pude então soltar todo ar que estava preso em meus pulmões. A reunião prosseguiu maçante. Em duas semanas de aula já tínhamos montes e montes de problemas. Eu estava exausta. Nem esperei Rony para ir dormir. Ele ficou lá, com o Creevey, eu começava a desconfiar que os dois tinham um caso. A idéia era engraçada. A imagem dos olhos do Malfoy ficou na cabeça feito tatuagem. Minha maldita timidez não me tinha deixado sorrir.
Sorrir por que?
Eu tinha me esquecido que se tratava de Draco Malfoy e que flertar com ele não era como flertar com qualquer outra pessoa. Não era simplesmente jogar charme. Era um cara indecifrável. Isso me instigava. Isso começava a me fazer mal. Esse cara vinha me consumindo com aqueles olhinhos infantis. Eu me sentia um cachorro, vivia de abanar o rabo pra quem por hora era meu dono. Não era paixão. Não era amor. Era só um menino que me ocupava a cabeça. Só isso.
Mais flerte. Mais trocas de olhares. Nenhum diálogo. Mais toques de joelhos. Mais timidez retardada. Mais ignorância. Não saber nada é o tipo de coisa que faz agonizar. Quem era ele? O que ele pensava do mundo? Que tipo de música ouvia?
Aquele mistério todo me invadia e me fez não poder tirar a cabeça de Draco. Era ele e ele e ele, feito tatuagem.


Hermione ria. Tatuagem... Ele parecia era porre de LSD daqueles que volta e meia voltam. Ela lia aquilo e parecia sentir tudo de novo. Sentia reascender a paixão que sabia ser impossível, e sentia a dor da rejeição. Lembrava da cara dele no pub. Lembrava que ainda o queria, mas não podia. Logo logo, tudo voltaria ao normal. Continuou a ler.

Aconteceu dele voltar a me irritar. Ele era tão babaca. Ele bebia mais cerveja amanteigada que qualquer um nas festas e já chegava nelas bêbado. Ele não tinha classe alguma. Ele acertava as perguntas na sala de aula. Ele ficava cada vez mais bonito.
Eu ficava cada vez mais perdida. Não era certo gostar do jeito que eu gostava de Draco Malfoy. Consegui por fim me concentrar no NIEMS. Ele sumiu da minha cabeça, até me interessei por outro cara. Tudo corria extremamente bem até o Hallowen.
Fui com cabelo alisado e um vestido vermelho-sangue. Estava extremamente recatada, mas estava linda, posso jurar. Pela primeira vez, desde que eu entrei em Hogwarts, todos foram à caráter na festa de Hallowen.
Entrei no salão ao lado de Lilá e Parvati. Parvati usava calças. Lilá brincava dizendo ser minha filha. Passamos o começo da festa buscando um “marido” para Lilá, mas tinha que ser auror. Quase a casamos com o Hagrid. Ela não quis; tinha que ser auror, não é?
Deu-se que o tempo passava e Draco Malfoy não dava as caras. Quando ele chegou só pude notar uma coisa: ele estava mais lindo do que eu jamais tinha visto antes. Ele não me cumprimentou. Está certo que ele não era meu amigo, mas a gente, ultimamente já trocava “ois” e “tchaus”. Ele foi falar com todas as garotas. Todas pulavam em cima dele. Senti uma ponta dum ciúme que já não me percorria há tempos. Então, surgida nem sei de onde, Pansy veio falar comigo. A gente estava conversando desde o começo do ano. Éramos monitoras-chefes. Pansy parecia ter caído num barril de whiski de fogo.
-Hermione, você viu o Draco?
-Vi sim.
-Ele está muito bonito. Você tem que ficar com ele. Tem que pedir pra ficar com ele. Se você não falar com ele eu falo. Mas falo pra ele ficar comigo.
-O que?
-Ele disse que se você chegar nele ele te beija.
-Ele disse?
-Se você não for eu vou.
Eu não podia negar: Pansy era uma mulher muito bonita. Ela era minha amiga nem sei desde quando e ela era amiga de Draco desde sempre. Tive ciúme. Se ela pedisse, ele ficava era com ela. Eu tinha que tomar uma medida. Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu tinha que beijar Draco Malfoy de qualquer jeito. E tinha que ser naquela noite. Mil coisas passaram pela minha cabeça e eu me aproximei de onde Draco estava dançando com uma garota da lufa-lufa. Ele parou de dançar com ela e dançou com mais duas e eu continuei parada esperando eu ainda não sabia o que.


Hermione se lembrava nitidamente daquela cena. O coração batia forte. Tentou se distrair. Lembrar daquilo ainda trazia muita coisa à tona. Mas tinha que ler tudo que estava escrito naquele diário. Aquilo era Hermione Granger da forma mais crua.

Ele tinha parado de dançar com Lilá quando eu coloquei a mão no ombro dele e disse num surto de coragem:
-Você vai dançar comigo .- Respirei fundo - Você vai dançar comigo e vai me beijar.
-Granger, você é da Grifinória. - Eu quis bater na minha própria cabeça quando ele disse isso ao pé do meu ouvido na hora que a gente já tinha se abraçado pra dançar a música que estava tocando.
-O chapéu queria me colocar na Corvinal. - Eu disse em tom de brincadeira tentando salvar nem sei o que.
-Não dá, Granger. Mas eu posso dançar com você, se você ainda quiser.
Eu levei um fora. Se eu já não soubesse o que foi depois eu diria que foi o maior fora da minha vida. Mas eu não podia descer do salto. Dancei com ele. Dancei até poder dar uma desculpa pra sair desnorteada pelo salão principal. Bebi umas duas cervejas amanteigadas. Encontrei-me com Pansy novamente.
-Você falou com o Draco?
-Falei Pansy.
-E ele?
-Ele me deu um toco.
-Como assim? Procura ele, fala com ele.
-Não vou procurá-lo. Não vou nada. Quer uma cerveja amanteigada?
Eu não sei onde eu estava com a cabeça. Pansy bebeu uma cerveja amanteigada e pouco depois estava no banheiro feminino vomitando. Voltei pra perto de Lilá e Parvati e contei a Lilá o que tinha acontecido. Ela disse que se eu tivesse pedido ela falava com Draco, que eu era cabeça-dura, e mais um monte de coisas que na hora eu não ouvi. Eu ainda estava triste. Ainda estava abalada. Mas eu tinha que melhorar. Eu tinha que aproveitar a festa a qualquer custo. Rony tinha sumido com Luna em algum canto. Fiquei conversando com Lilá, Parvarti e Simas, que insistia em puxar assunto com Parvati o tempo todo, ela fazia cara de que não agüentava. Foi quando eu topei com Harry e a gente conversou sobre algum assunto trivial. Voltei pra perto das meninas, achei um marido pra Lilá e voltei a dançar. Harry chegou por trás de mim, a gente começou a conversar de novo. Ele me perguntou alguma coisa que eu não entendi direito o que era. Me aproximei. Ele repetiu e eu continuei sem entender nada. A gente gritava por causa da música. Eu comecei a lembrar que a gente não andava mais tão juntos desde que eu virei monitora chefe. Eu olhava nos olhos dele, que eram muito verdes, mais do que eu podia me lembrar. E os olhos verdes dele se aproximavam dos meus. A gente se beijou no meio da pista de dança. Ele era pra ser meu amigo, não era?
Ele foi embora da festa antes de mim. Eu fiquei lá sozinha enquanto ele provavelmente já dormia. Eu gostei muito do beijo dele. A Lilá me deu os parabéns por ter ficado com o menino que sobreviveu. Quando eu vi, o Draco estava falando com o professor de defesa contra as artes das trevas. Fui pra perto deles e disse num impulso.
-É mentira.
-O que?- o professor falou.
-Isso aí que o Malfoy ta falando é mentira.
-Não, não é não.
-Estou falando de uma garota da Drumonstrang, ele dava aula lá. Foi por causa dela que eu não fiquei com você. Eu não ia ser cachorro de ficar com você pensando em outra garota.
-Não tem problema mais. Não sei se você viu, mas eu acabei ficando com o Harry. Eu nem tô pensando nisso mais. - Na hora eu realmente não estava.
-Vi sim. Olha, isso vai parecer estranho, mas a gente pode ser amigo. - me pareceu realmente estranho, era com o Malfoy que eu estava falando. Ele era arrogante e não gostava de mim e eu era louca de ter avançado em cima dele.
-Por mim tudo bem. Só amigo?
-Só amigo.
-Então só amigo. - apertamos as mãos e eu saí sem rumo pelo salão estranhando tudo aquilo, mas extremamente feliz. Eu gostei de beijar Harry e estava satisfeita. Dancei mais, acudi a Parvati que estava brava com o Simas. Vi o Rony se agarrando com a Luna num canto e reparei que ela tinha os olhos abertos. Por sorte ela não me viu, mas eu achei aquilo estranho.


Hermione riu lendo isso, um ano depois daquela festa ela teria notícias de que Luna tinha saído de casa pra morar com Cho. É claro que Luna tinha os olhos abertos, é claro que ela não queria nada com Rony.

Eu ainda andava sem rumo pelo salão quando Neville e Ana Abbot apareceram perto de mim. Quando eu vi, eu tinha cruzado com Draco novamente. Então estávamos os quatro, eu Ana, Neville e Draco. A Ana começou a olhar para a minha cara dum jeito esquisito e olhava para Neville em seguida. Comecei a ficar receosa, quando ela começou a falar:
-Por que você dois não ficam? - Ana olhava para mim e para Draco. Eu pensei em responder alguma coisa, mas me mantive muda.
-Dá um beijo nela Draco. - Neville dizia e eu juro que o odiava naquele instante. Eu queria fugir dali. Naquela hora não era o Draco que eu queria. E, quando eu vi, ele estava com a boca perto da minha. Ele me beijou e eu não pude mexer sequer os lábios. Fiquei como uma estátua de gelo.
Eu não podia ser dele naquele instante, e naquele instante meu mundo caiu. Ele reparou que eu não queria e me soltou. Eu pensei que podia me arrepender. Mas estava fora do meu alcance. Eu simplesmente não podia beijá-lo. Aquela noite foi das mais contraditórias da minha vida. Lembro que, depois, ainda fiz Draco dançar comigo. Ainda ouço a voz de Lilá falando:
-Não fica com ele!
E lembro, como se fosse hoje, quase seis meses depois do acontecido, da minha cara diante do espelho quando eu cheguei ao dormitório. Eu não sabia se tinha feito certo. Mas eu não podia ter feito nada. Embora, naquela hora, como hoje, quisesse aquilo mais que tudo.


Hermione fechou o Diário antigo. Apertava as mãos e batia os pés. Aquilo tudo estava adormecido, mas nunca tinha sido resolvido. Ela não sabia se queria ou não resolver, mas tinha a impressão de que precisava. Respirou fundo e foi guardar o diário dentro da caixa no fundo do armário.




N/A:
- Embora o Harry e a Gina tenham pouco destaque neste capítulo, ele é extremamente importante para o andamento da fic. As coisas estão começando a se encaixar.
- Espero que agora alguma coisa tenha passado a fazer sentido, Anna fletcher.
- Laurinha Malfoy. Esse foi o mais rápido que eu consegui postar!
- Anna Karla, vê se não se vicia em ficar aí em Cuiabá e volta pra aula, ta?
- Debi, eu gosto muito de Realismo sim. Ainda viro um Machado de Assis, ou Nelson Rodrigues, ou Clarisse. =]

Pessoas todas, valeu o apoio, ta? Eu tenho trabalhado bastante, o capítulo 5 já está escrito, mas eu não sei quando vou ter tempo de sentar e revisar. Desculpas mil pelas demoras bizarras.

Aproveitando, então o espaço: Leiam Overdose na Floreios e Borrões; Campo de Força e Veneza no 3v.
Em breve, também: Depois do Bar, uma short que a Marcelle Blackstar betou. Na Floreios e no 3v!

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