No primeiro dia - Parentesco



Capítulo 02
No primeiro dia – Parentesco


Cinco minutos para a meia-noite. Todos no dormitório masculino do primeiro ano dormiam profundamente.
Bem...quase todos.
Tiago Potter estava sentado no parapeito da janela ao lado de sua cama. Desde que todos haviam ido dormir, conseguira apenas cochilar. E até aquele momento, já tinha ido ao banheiro quatro ou cinco vezes, andado em círculos pelo quarto por quase meia hora, deitado em sua cama de dossel, por duas horas e por fim (não conseguindo com a última técnica) sentou-se no parapeito da janela, tentando contemplar os jardins do castelo, sem muito sucesso, pois não se via nada além de breu.
Após se assustar pela segunda vez com os repentinos roncos altos de Pedro, quando já estava quase dormindo, decidiu descer para a Sala Comunal. ‘Talvez’, pensou ele, ‘olhar a lareira se apagar fosse mais interessante do que a escuridão da noite’.
Vestiu seu robe azul marinho e silenciosamente saiu do quarto, passou pelo escuro corredor dos dormitórios e desceu os degraus de pedra em direção a Sala. Parou ao pé da mesma ao chegar ao fim, olhou em volta, avistou, em uma das mesinhas arredondadas, uma jarra d’água e alguns copos. Caminhou lentamente de encontro a ela. Pegou um dos copos, encheu-o até a boca e encaminhou-se para uma das confortáveis poltronas velhas em frente à lareira. Ao desviar-se ligeiramente de uma das poltronas, se deparou com alguém, dormindo profundamente no sofá de três lugares ao lado da poltrona escolhida. Lílian Evans, a garota de cabelos cor-de-fogo e olhos de esmeralda, agora fechados, dormia meigamente. Por alguns minutos, Tiago apenas a contemplou, paralisado, com o copo d’água a meio caminho da boca, se perguntando: ‘Será que ela se perdeu a caminho do dormitório?’ ou ‘Será que esqueceu qual das escadas leva para o dormitório feminino?’
Tiago não era muito fã de garotas, as achava burras e frescas. Tirando sua prima, achava todas as garotas idiotas. Não as imaginava com cérebro.
Enquanto o garoto ainda pensava em possibilidades, Lílian abriu suas pálpebras lentamente, deixando amostra, lindas pupilas verdes e sonolentas. Ao perceber o garoto a sua frente levantou de um salto.
- Que você está fazendo aqui?! – Perguntou ela com a voz fraca, mas fazendo com que Tiago finalmente percebesse que havia acordado.
- O que VOCÊ está fazendo aqui?! – Ele perguntou rispidamente, ignorando que ela tivesse perguntado primeiro.
- Sem sono... – Disse a garota inocentemente – Sabe...estava muito nervosa com todas essas coisas novas...e.... resolvi descer para ler um pouco – Completou apontando um grosso livro no chão. – E você...?
- Bom...é, acho que quase pelo mesmo motivo – Respondeu ele revisando suas suspeitas. Depois de um tempo pensando, Tiago perguntou: - Você é filha de pais trouxas, não é?
- Sim...é mais por isso que estou nervosa. Não sei nada sobre o mundo bruxo. Estou meio perdida. – Concluiu ela olhando para o chão.
Tiago pareceu pensar mais um pouco.
- Se quiser eu posso te falar algumas coisas sobre os bruxos... – Disse por fim.
- Claro! – Lílian se animou. Tiago colocou seu copo d’água intocado em uma mesa e se sentou em uma das poltronas.
Os dois passaram a noite toda conversando, ou melhor, Tiago falando coisas sobre os bruxos e Lílian engolindo cada palavra, como se sua vida dependesse daquilo. Depois de horas seguidas de bocejos exagerados, foram cada um para o respectivo dormitório (e Tiago concluiu que ela não havia esquecido qual era a escada e nem se perdido) e dormiram o resto da madrugada que ainda lhes restava, logo que bateram em suas camas.


- Acorda! Acorda! Tiago, você está atrasado...ou melhor, você está nos atrasando!
Tiago preguiçosamente abriu os olhos. Estava de manhã, Pedro, Sirius e Remo estavam envolta de sua cama tentando acorda-lo.
- Por que me acordaram tão cedo? – Perguntou Tiago se virando e colocando o travesseiro em cima da cabeça.
- Cedo? Você está louco? – Sirius explodiu, sacudindo-o por de trás do travesseiro.
- Quantas horas são? – Perguntou o míope com a voz abafada pelo travesseiro.
- São sete horas! O café da manhã já foi servido, caso você não tenha prestado atenção nos monitores ontem. – Alertou-o Remo.
- E eu tô morrendo de fome, bela adormecida! – Gritou Sirius arrancando o travesseiro da cabeça do amigo.
- Eu também! – Pedro ajudou-o.
- Está bem, está bem. Já estou indo. – Tiago finalmente levantou da cama, foi para o banheiro, saindo minutos depois arrumado e penteando os cabelos (para logo depois bagunça-los com as mãos).
- Vamos, agora? – Pedro perguntou agoniado.
Os quatro desceram juntos para o Salão Principal, que já estava muito cheio, e caminharam para a mesa da Grifinória, conseguindo milagrosamente, achar lugares para sentar. Logo depois, McGonagall passou correndo por eles, e lhes entregou os horários de aula.
- Transfiguração com a Lufa-Lufa, nossa primeira aula. – Remo comentou parando de comer quinze minutos depois de chegar. – Bem...acho melhor nós irmos. – Acrescentou se levantando.
- Mas falta muito para a aula começar – Reclamou Pedro olhando para suas torradas com geléia de uva.
- Não, Pedro, meu caro. Faltam quinze minutos. – Remo disse colocando o horário de aula na mochila.
- Então! Ainda faltam quinze minutos! – Argumentou Pedro.
- Pedro, por acaso você já prestou atenção no tamanho que tem este castelo? – Perguntou Remo o encarando.
- Remo tem razão. Vamos logo. – Tiago disse se levantando (não havia ao menos tocado na comida) e jogando a mochila sobre o ombro magro.
Eles saíram do Salão (sob protestos de Pedro, lamentando ter deixado duas de suas torradas) e caminharam em direção a sala de Transfiguração. Chegaram cinco minutos depois (pois a sala ficava no andar de cima).
Sentaram-se em cadeiras ao fundo da sala. Tiago estava um pouco desanimado, ficou sentado em uma carteira a frente de Sirius, olhando para a porta, mas sem enxerga-la. Estava longe, em seus pensamentos, dormindo de olhos abertos, talvez visitando o rei dos sonhos. E talvez por estar tão distante, mesmo seus olhos estando virados para a porta, ele não viu sedosos cabelos acajus atravessarem o portal.
Lílian passou pela porta da sala de Transfiguração alegremente, acompanhada por duas garotas.
Uma das garotas, a que vinha logo atrás de Lílian, era muito alta. Oriental, cabelos longos, escorridos e negros como a mais profunda vala. Seus olhos puxados e pretos, realçando em seu ar oriental, uma bela face rosada. Esta sorria radiante enquanto desfilava pela sala.
A outra logo após a oriental, era bem mais baixa. Pouco mais alta que Lílian. Seus cabelos eram pretos também, mas possuíam um corte estranho. Eram curtos e mal penteados, apesar de lisos. Os olhos eram castanho-esverdeados, revelando por trás dessas cores, um azul estranho. Apesar de parecer bem moleca, ainda parecia muito meiga e inocente.
Lílian olhou pela sala, procurando um lugar para se sentar, foi quando avistou Tiago, que parecia olhar para ela. Acenou para o garoto e foi em direção a onde ele estava.
- Olá, Tiago! – Exclamou ela sorridente, fazendo-o despertar, dando um adeus a Morpheus.
- Ahn... oi, Lílian. – Disse ele desanimadamente, dando um longo bocejo. – Conseguiu achar a sala.... – Deu mais um bocejo. Foi quando seus olhos caíram sobre a menina de cabelos mal arrumados. – Lu! – Gritou indo abraçar a garota. – Você tá muito diferente!
- Oi, Tiago! Pensei que tinha esquecido que me conhecia. – A garota retribuiu ao abraço sorrindo.
Sirius, Remo e Pedro pararam de conversar a tempo de ver os dois se separando do abraço.
- Que legal! Vocês já se conhecem. – Disse Lílian observando eles com uma expressão de: ‘Está bem. Agora podem me explicar.’
- Sim... Lily. Tiago é meu primo.

O pai de Tiago tinha dois irmãos. Uma irmã mais nova e um irmão mais velho. A irmã do Sr. Potter, Beatriz, havia se casado com Brandon Weiss. E tido dois filhos, Nick e Louise. Já o mais velho Sebastian, tinha tido uma filha, já com idade de ser avô, Penélope. Uma prima a quem enchia o saco de Tiago, e por isso ele achava as garotas mimadas e idiotas. Louise morava no interior, longe de Londres. Tiago pouco a via, só em finais de anos, mas a adorava. Eram da mesma idade e não havia outro garoto na família, a não ser Nick que era mais velho e não os ajudava nas bagunças.

Continuando...
Lílian ficou pensativa. ‘Como ela pode ser prima dele?’
- Calma, Lily. É pela parte da minha mãe. Por isso não tenho o sobrenome Potter. – Explicou Louise a garota.
- Hum... – Murmurou Lílian com uma expressão de compreensão no rosto. – Bom...então não preciso apresenta-los.
- Com licença – Sirius se intrometeu. Fazendo uma careta para Tiago. ‘Como ele pode não me apresentar?’ – Sou Sirius Black – Apresentou-se apertando a mão da prima de Tiago. – E aqueles dois são: Pedro Petigrew e Remo Lupin.
- Louise Weiss – Disse a garota sorrindo para ele, ainda com a mão sendo sacudida por Sirius.
- E eu sou Tammy. Tammy Currie. – A menina oriental se apresentou oferecendo a mão para Sirius apertar também. E as três garotas se sentaram perto deles.
Momentos depois, em que todos conversavam, uma curiosa criatura adentrou a sala. Pararam de conversar a medida que foram percebendo-a, apenas exclamando uns ‘olha’ ou cutucando os amigos e apontando para a porta.
Um gato. Caminhava lentamente até a escrivaninha do professor. O felino não parecia não se importar com os olhares que acompanhavam o seu trajeto... - Claro! Ele é um gato! Gatos não se importam com isso! – É, mais o que um gato faz numa sala de aula? – Segundos depois essa pergunta foi respondida. O gato se transformara em McGonagall.
Pode-se ouvir várias exclamações de susto neste momento, enquanto também pode-se ouvir palmas por causa da transformação da professora. Esta fez sinal de indiferença, como se fosse normal ela se transformar todo dia. Então os impressionados alunos fizeram silêncio.
- Olá, turma – McGonagall começou – Como já devem ter adivinhado...eu sou a professora de transfiguração de vocês. – Ela parou de repente de falar. Lílian havia levantado a mão. – Sim, srta....?
- Lílian Evans – Disse a garota euforicamente – A senhora é uma....
- Sim, srta. Evans – Cortou a professora, como se adivinhando o que Lílian iria dizer. – Eu sou uma animaga. – Ela concluiu, deixando mais outros espantados e muitos sem entender. – Quer dizer que posso me transformar em um animal. Que no caso é um gato. – Explicou a professora aos que não entenderam. – Mas creio que terão aulas sobre isso no futuro. Por isso não me questionem mais sobre esse assunto. – Ela fez uma pausa, esperando todos voltarem ao normal. – Como eu ia dizendo... A Transfiguração é uma das matérias mais complicadas. E que implica muito esforço já no começo do ano. Espero que se esforcem nessa aula, até por que eu não tolero brincadeirinhas. – Fez mais uma pausa olhando para a cara de cada aluno, como se prevendo quem seriam os mais marotos. – Muitos adultos não conseguem transfigurar nem um palito de dentes. – Disse como se para assustá-los. – Hoje vamos começar com uma Transfiguração simples. Quero que tentem transformar água em rum. – Ela pegou sua varinha de dentro das vestes, fez um aceno e a porta de um armário que havia na sala se abriu, saindo de lá uma caixa branca flutuante. – Srta. ..., poderia distribuir esses cálices para mim? – Perguntou a professora a uma Lufa-Lufa, apontando a caixa.
A garota distribuiu o conteúdo da caixa entre os alunos e se sentou. McGonagall lhes ensinou como fazer a transfiguração e todos começaram a tentar imita-la.
Ao final da aula, os resultados não foram muito animadores. Muitos cálices derreteram, outros ficaram com um conteúdo barroso, mas nenhum chegou tão perto de rum, quanto o de Lílian.
- Parabéns, srta. Evans. – Parabenizou-a a professora, analisando o seu cálice – Cinco pontos para a Grifinória – Concedeu depois, passando pela sala inteira, com uma expressão de desapontamento cada vez maior no rosto. – Bem... os resultados não foram muito bons. Mas eu não esperava mesmo que fossem no primeiro dia de aula. Pratiquem como dever de casa.
Quando a sineta tocou, eles guardaram suas varinhas nos bolsos e dirigiram-se para a aula dupla de poções. Atravessaram o castelo em direção as masmorras e chegaram à fria sala de pedra escura, sentando-se ao fundo novamente. Terminando de se acomodar nas carteiras, puderam ver a grande pança do professor, atravessar a porta.
Sorria radiante, por trás da bigodeira de leão-marinho, vestia veludo azul escuro e um colete com botões dourados, que quase saltavam cada vez que respirava, ameaçando deixar o tecido. Os cabelos arrumados (o pouco que havia sobrado) e grisalhos (apesar de ainda possuir a sombra de uma cor-de-palha). Andava curvado para trás, tentando agüentar a grande barriga, até a sua mesa, ao mesmo que observando atentamente cada aluno.
- Oh-ho! Olá! – Cumprimentou ele, mexendo a bigodeira. – Meu nome é Horácio Slughorn. E serei o professor de vocês por sete anos, eu espero. – Muitos não entenderam o que quis dizer com aquilo – Espero que apreciem a arte do preparo de poções. E para aqueles que tiverem interessados... – Ele sorriu mais ainda por trás do grande bigode. – eu poderia ensinar como preparar poções incríveis, das quais estão entre elas: A poção do amor, da felicidade, da sorte e muitas outras. – Muitos se ajeitaram nas carteiras mais interessados. – Mas creio ter de lhes prevenir, de que isso só ocorrerá quando forem mais velhos, meus queridos. – Murmúrios decepcionados. – Me desculpem, mas vocês ainda são muito jovens – Ele deu uma breve gargalhada. – Então por enquanto vou lhes ensinar a preparar uma simples poção calmante. Alguém saberia me dizer o nome de uma planta que é usada para essas poções? – Perguntou Slughorn alegremente. Ficando ainda mais feliz ao ver a mão de Lílian levantada. – Sim, srta. ...?
- Lílian Evans – apresentou-se Lílian – As Corcólides. Suas folhas e raízes são usadas para poções calmantes, mas suas sementes, se preparadas devidamente, podem ser um dos ingredientes da mais forte poção do sono.
- Oh-ho! Muito bem, srta. Evans! Cinco pontos para a Grifinória. – Exclamou o professor, espantado com a incrível resposta da garota. - Dividam-se em duplas, por favor. – Pediu ele, ao mesmo tempo em que procurando algo dentro das vestes apertadas. Por fim, tirou o que parecia ser um grosso graveto, ou sua varinha. – Os ingredientes estão no armário – Ele apontou sua varinha para um armário ao canto da sala. – e as instruções estão no quadro negro. – Fez um aceno com a varinha e apareceram palavras no quadro, como se uma mão invisível as tivesse escrito.
Os alunos pegaram tudo o que precisavam no armário e começaram a fazer suas poções.
Um tempo depois o professor passou pela sala observando as poções (ou gosmas verdes), que deveriam ficar lilás. Apenas um caldeirão havia ficado o mais próximo da cor: O de Lílian e Tammy, que haviam sentado juntas, ficara azul claro.
- Parabéns, srta. Evans e srta. Currie. Um ótimo começo! Dez pontos para a Grifinória. – O professor já estava mais do que encantado com o desempenho de Lílian, e concedeu esses pontos para a Grifinória sorrindo à toa. – Podem guardar seus materiais, coloquem um pouco de suas poções em cima da minha mesa e podem sair.
Logo, lá estavam os sete primeiroanistas indo para o Salão Principal almoçar.
- Isso é maravilhoso! – Exclamava Lílian, quando adentraram o Salão. – Este castelo é maravilho, as aulas são maravilhosas, tudo é maravilhoso nesse lugar!
- Calma Lily. Daqui a pouco vai se mudar pra cá – Alertou Tammy brincando – Vamos sentar por aqui. – Acrescentou apontando lugares na mesa da Grifinória.
- Mal posso esperar para a próxima aula. – Continuou Lílian sonhadora.
- Tudo bem, Lily. Agora coma algo, se não vai desmaiar de ansiedade e fome. – Pediu Louise oferecendo-lhe um prato.
- Está bem. – Lílian aceitou, ouvindo finalmente seu estômago roncar.
- Lu, onde o Nick está? Não to vendo ele... – Perguntou Tiago a prima, passando os olhos pela mesa da Grifinória.
- Ah, pode desistir. Não vai encontrá-lo aqui. Ele não é da Grifinória. – Alertou-o Louise, sem dar muita atenção.
- Mas... – Tiago não entendia como o seu primo podia não estar na Grifinória. Aliás, toda a sua família havia ido para essa casa, era como se fosse uma tradição.
E voltando os pensamentos a mesa da própria....
- Ele é da Lufa-Lufa. – Explicou ela ao primo, ainda sem muita atenção, na verdade ela estava mais interessada na batalha que travava com suas batatas fugitivas, que insistiam em não querer ser cortadas.
- Mas eu pensei que toda nossa família tinha ido pra Grifinória! – O garoto tentou argumentar, ainda não querendo acreditar.
- Bem.. – Ela realmente desistiu de tentar cortar a batata e olhou para o primo – na família do meu pai todos foram para a Lufa-Lufa. – Ela deu uma garfada na batata, que finalmente cedeu, como se tivesse sido pega de surpresa. – É serio, papai ficou uma fera quando soube que vim para a Grifinória. Mas mamãe achou ótimo, ela já tinha percebido que eu puxei pra família dela. – Ela olhou na direção das outras mesas, para algum lugar atrás de Tiago. E voltou a sua comida, dizendo por fim: - O Nick tá vindo.
Tiago olhou para trás e avistou-o a poucas distancias dele. Duas pessoas vinham andando na direção de onde estavam: Um garoto alto, magro, branquelo, de olhos azuis e cabelos castanho-claro. Acompanhado por uma garota morena com rastafari. O garoto sorria, enquanto a garota segurava firmemente e triunfante uma de suas mãos.
- Olá, irmãzinha! – Cumprimentou o garoto albino. Enquanto Louise comia lenta e avoadamente olhando para o prato.
Ela engoliu lentamente o que estava em sua boca e respondeu:
- Olá, Nick! – E sorriu amarelo para ele.
- Ora, vejam só! – Disse Nick percebendo Tiago finalmente. – Se não é meu priminho, Tiaguito! – Completou bagunçando ainda mais os cabelos de Tiago, que fez uma careta ao ouvir o apelido que o primo o chamou. – Sabe... Eu tenho uma dúvida que não quer calar. – Continuou Nick sarcasticamente. – Sempre achei que Louise não fosse minha irmã realmente. Acho que se enganaram.
Louise não se parecia com o irmão, ao não ser o formato arredondado do rosto. Mas o resto, ela havia puxado para a família Potter. Enquanto o irmão havia puxado ao pai, que possuía os cabelos ainda mais claros que o do filho.
- Você tem razão, Nick – Falou a garota fazendo uma careta para o irmão. – Você foi adotado. – Completou sarcasticamente.
- Hum-hum.... Com certeza. – Confirmou ele sarcástico, também. – Bom... agora tenho que ir. Tenho coisas mais importantes a tratar.
- Sei, sei... Mais uma você quis dizer... – Disse Louise rindo do que o irmão falou e olhando significativamente para a garota ao seu lado.
- Tchau. – Despediu-se Nick, fingindo não ter ouvido o comentário dela. Mas ao sair pode-se ver a morena que o acompanhava soltar sua mão e discutir com ele.
- Que relação amigável, você tem com seu irmão. – Sirius comentou vendo ele se afastar. – A minha com o meu é um pouco diferente.
- Qual é o próximo horário? – Perguntou Tammy, percebendo que o assunto: ‘Nick, o irmão safado’, não ia ser muito bom.

Antes da aula de Herbologia começar, já estavam eles indo em direção as estufas. E lá estavam todos os alunos apinhados em frente à porta da estufa número um. E lá estava também, a professora Sprout, pedindo que se organizassem.
-... por favor, façam filas. Em ordem! Em ordem! – Esganiçava-se ela.
Depois de finalmente todos entrarem na estufa, acomodaram-se em grupos de quatro, sentando-se em pequenas mesas envoltas por banquinhos.
Lílian, Louise e Tammy se acomodaram em uma das mesas e esperaram.
- Olá, posso me sentar com vocês? – Uma garota perguntou a elas.
Uma meiga garotinha, de pele morena clara e cabelos castanho-escuro, que usava um rabo-de-cavalo mal preso, pois os cabelos eram curtos.
- Claro! – Assentiu Lílian sorrindo e a garota se sentou no único banquinho que faltava ser ocupado. - Sou Lílian Evans. Você é...?
- Catherine Rilmer.
As garotas apresentaram-se e logo depois Sprout já começara a falar:
- Muito bem, muito bem... – Arfava a professora. – Todos já encontraram seus lugares? Okay, então vamos começar. – Ela respirou fundo – Nós começaremos com plantas simples. – Muitos pensavam: ‘essa palavra de novo’. – E hoje vão ter que recolher as sementes dessas plantas. – Ela mostrou uma planta rosada com bolinhas roxas. – Alguém saberia me dizer o nome delas?
Antes mesmo que Lílian pensasse em levantar a mão, Catherine a levantou.
- Hum...srta. ...?
- Catherine Rilmer. – Começou a garota calmamente. – São Denticíneas. Servem para fazer poções cicatrizantes e as raízes servem de comida para vermes e lesmas-lentas.
- Muito bom, srta. Rilmer. Dez pontos para a Lufa-Lufa – Concedeu a professora sem muito alvoroço. – Agora quero que um de cada grupo venha e pegue um vaso dessas plantas. – Os alunos foram se levantando, pegando um vaso das Denticíneas e voltando aos grupos. – Prestem atenção... Um de vocês vai ter de apertar a raiz, enquanto o outro pega a semente dentro da boca, quando a planta abri-la. Mas sejam rápidos, pois as mordidas delas doem. No total deverão haver vinte ou vinte e cinco sementes. Peguem o máximo que puderem. Podem começar.
Pois é... e assim, durante a aula pode-se ouvir várias exclamações de dor. Principalmente da mesa onde estavam Sirius, Pedro, Remo e Tiago. ‘Ai! Sirius!’
Toda vez que Tiago colocava a mão dentro da boca da planta para pegar uma semente, Sirius soltava a raiz dela, fazendo com que mordesse o amigo. Remo o censurava a cada mordida, enquanto Pedro se contorcia de rir junto com Sirius.
Quando a sineta tocou, eles foram para a última aula do dia: Dois horários de Defesa Contra as Artes das Trevas. E Tiago praguejando contra Sirius o caminho todo.
- Sirius, você me paga! – Dizia o garoto com as mãos inchadas e cortadas.
- Sirius! – Ralhava também Louise, olhando as mãos do primo. – Que brincadeira agradável que você inventou....
- Calma Lu. Ele só estava brincando. – Disse Tammy rindo junto com Sirius, mas parecendo não prestar atenção no feito dele, e sim, nele.
Passaram alguns minutos em que Tiago reclamava de dor e praguejava Sirius, este ria, Tammy idem; Lílian, Remo e Louise brigavam com Sirius, e Pedro... Bem... o de sempre.
- Afinal, onde está esse professor? – Perguntou Remo parando a discussão, vendo que o professor até aquele momento não havia chegado. – Ele já devia estar aqui, já faz vinte minutos que a aula começou.
- E quem garante que é ‘ele’ e não ‘ela’? – Perguntou Sirius querendo contrariar.
- É ele. – Diz Tiago querendo contrariar Sirius de qualquer maneira, por causa do incrível feito dele.
- E como você tem tanta certeza disso? – Perguntou Sirius debilmente.
Tiago já ia retrucar, mas Remo falou antes:
- Veja você mesmo.
Entrava na sala o professor, mais raquítico e com mais cara de bêbado e olheiras que nunca. Parecia estar de ressaca.
- Olá, me desculpem o atraso. – Todos o olhavam ainda se perguntando se deviam o chamar de professor. Langic tentava agora, acomodar vários pergaminhos que trouxera, em cima de sua escrivaninha. – Estava tendo problemas com uma turma de terceiro ano. – Justificou-se, ainda tentando acomodar todos os pergaminhos em uma pilha. – Bem... agora vamos começar. – Ele olhou para a turma sorrindo, mas esta olhava pasma para ele. – Vocês devem se lembrar... sou Neil Langic. – ‘ Não, serio?!’ pensavam alguns alunos sarcasticamente. Enquanto Pedro: ‘O nome dele é Langic?’ perguntava-se o garoto, realmente com dúvidas. Quase ninguém estava disposto a ter aulas com um ‘vagabundo, bêbado’. E ninguém parecia se importar que ele estivesse desconcertado. – Alguém poderia me dizer um animal das trevas? – Perguntou ele timidamente. Muitos saberiam dizer isso, mas naquele momento ninguém poderia dizer algo, estavam todos pasmos com o professor. Até Lílian, não se dispôs a levantar a mão.
E de repente uma ação.
Louise levantou a mão.
‘ Por que Lily não levantou a mão?’ pensava a garota. ‘ Será que ninguém aqui sabe um animal das trevas?’
- Pode falar srta. ... – Disse o professor alegre que alguém tivesse disposto a responder sua pergunta.
- Hum... Louise Weiss... O bicho-papão...
- Com certeza. Uma criatura que assume a forma do seu pior pesadelo pode ser realmente das trevas... Mais alguém? – Louise foi um ótimo exemplo para todos saírem do transe. Agora várias mãos estavam apontadas para o céu. – Uou! Que ótimo! – Langic não se cabia de felicidade. – Hum... Sr. ...

A aula havia sido realmente divertida, e ao final, ninguém mais duvidava que aquele fosse um professor. E quando a sineta tocou, saíram todos felizes com a aula que tiveram. E dirigiram-se ao Salão Principal para o jantar.
- Esse professor é muito legal, não é? – Lílian agora o adorava. – Só não gostei muito da Sprout e...
- Você só não gostou dela por que não respondeu nenhuma pergunta dela, e não foi mais um professor a pagar-pau pra você! – Disse Tiago.
- Isso não é verdade! – Protestou Lílian irritada. – Que garoto mais irritante!
- Mas eu só falei a verdade...
- Chega, chega.... Vamos parar por aí... – Remo interviu antes que houvesse uma briga séria.
Lílian assentiu calada, apenas lançando um ultimo olhar congelante a Tiago. Os sete caminharam pelo Salão até achar um lugar para se sentarem.
- Sabe... Eu não entendo por que os alunos do primeiro ano não podem jogar Quadribol. – Disse Tiago, cortando o silencio que havia se instalado no lugar.
- Nem eu... – Louise concordou. – Você pretende se candidatar a alguma posição?
- Quero ser apanhador. – Respondeu Tiago mexendo distraidamente no cabelo – E vocês, Remo, Sirius? Pedro?
- Eu realmente não levo jeito. – Remo respondeu.
- Bom... eu não sei, na verdade. Eu levo jeito pra muita coisa, aliás. – Disse Sirius sorrindo.
- Modesto você. – Comentou Louise, o observando e rindo.
- E você Pedro? – Perguntou Tiago percebendo que o garoto não havia respondido.
- Acho que também não levo jeito.
- Lily, você gosta de Quadribol? – Perguntou Louise a Lílian que não havia dito nada até aquele momento.
- Na verdade, Lu. Eu nem sei o que vem a ser isso. – Respondeu a garota com irritação na voz. E olhando de esguelha para Tiago continuou: - Parece que deixaram escapar esse ponto importante do mundo bruxo.
- Ah! Me esqueci! Desculpe. – Disse Louise que havia se esquecido que a amiga era filha de trouxas e não saberia coisas que não estão nos livros da Escola, sobre o mundo bruxo.
- Não, tudo bem. Acho que o Tiago esqueceu de comentar sobre esse detalhe sórdido ontem. – Disse Lílian lançando outro olhar congelante para Tiago.
- Desculpa. Eu esqueci do jogo. – Falou Tiago passando a mão nervosamente pelo cabelo. – Mas não são muitas meninas que gostam de Quadribol. – Continuou, mas agora falando em tom de acusação.
- Mas eu podia ser uma das que gostam! – Retrucou ela com raiva.
- Duvido! Você com certeza não é uma das... – Louise tapou desesperadamente a boca do primo com a mão, antes dele terminar a última frase.
- Deixa ele falar, Lu. Deixa... – Pediu Lílian raivosamente.
- Lily, nós temos que praticar a transfiguração de McGonagall, vamos! – Tammy ajudou à amiga, levando Lily para fora do Salão. Mas antes de sair completou: - Depois nos encontramos lá em cima, Lu.
Louise destampou a boca de Tiago e o olhou com censura. Enquanto isso Sirius e Pedro olhavam um Tiago emburrado, como se este fosse um alienígena. Remo havia despertado de um transe e ajudou Louise a censurá-lo.
- Isso foi ridículo! – Falava a garota baixinho. – Boa noite. – Encerrou dizendo isso e saindo sem dar mais uma palavra.

Já no dormitório, todos se trocavam em silencio. Tiago estava completamente sem fala. Jamais havia brigado com sua prima, até hoje. ‘Por causa dessa Evans, a Lu está com raiva de mim’ – pensava ele.

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