A mágica está em todo lugar
_Venham! Venham! Se aproximem e testem sua força! Quer ver o quanto você pode bater garoto?
Aquele pequeno grupo de adolescentes abria espaço entre as pessoas do Parque. Ninguém sabia se eram pelos cabelos vermelhos, ou pela tentativa de vestir roupas trouxas que eles chamavam atenção, mas quase todos paravam seus olhos neles por alguns minutos.
A sorte deles era que o mundo trouxa estava virando um lugar bem esquisito para se morar, de modo que nada mais parecia os surpreender como surpreendia antes.
_Fantástico! Fantástico!
O Sr Weasley liderava o pequeno grupo, indo á frente, parecendo fascinado com todos detalhes e luzes do Parque Starowisk. Gina vinha ao encalço do pai, observando tudo a sua volta com um pouco de tédio e desprezo. Gostaria muito de ter ficado em casa com a mãe, mas seu pai tinha insistido para que ela acompanhasse os amigos naquela “aventura”.
George e Fred caminhavam logo atrás do pai, enquanto falavam baixo entre si e faziam anotações em um pequeno bloco amarelo.
Finalmente, um pouco para trás, Rony, Hermione e Harry caminhavam devagar.
_Isso tudo parece legal não? _Harry comentou, enquanto seus olhos brilhavam, observando as luzes vindas dos mais diferentes tipos de brinquedos.
_Sim, é bem divertido quando se é menor. Mas agora, estamos numa escola bruxa. Isso é diversão para trouxas _Hermione disse, com pouco-caso.
_Mesmo assim, podemos nos divertir de algum modo _Harry tentou animar a amiga, mas tudo que recebeu foi um olhar seco e desanimado.
_Hey garotos! Se aproximem!
Artur estava mais adiante, com um rosto realmente radiante, enquanto apontava algo do seu lado. Harry, Rony e Hermione tiveram que caminhar alguns passos entre as pessoas para conseguir enchergar o que tanto tinha chamado a atenção do Sr Weasley.
_Eles fabricam nuvens! Nuvens carameladas! Pensei que só existia isso no mundo bruxo!
Hermione deu um gemido, observando a maneira como o homem parado na barraca de doces olhava para o Sr Weasley. Com um sorriso amarelo, ela se aproximou dele e sussurrou.
_Isso é apenas Algodão-Doce. Não é uma mágica! Eles apenas cozinham o açúcar e o colorem, produzindo esses fiapos que parecem algodão.
_Hum... tenho que experimentar um. _O Sr Weasley abriu sua carteira, que possuía apenas uma nota de dez dólares (que ele tinha conseguido contrabandear do Ministério, dizendo que era para “causas de pesquisa”) e comprou um Algodão. Puxou um chumaço do doce enquanto Gina também melava os dedos experimentando outro pedacinho. _Muito doce eu diria. Muito doce _O Sr. Weasley sentenciou, deixando o resto do doce para Gina. _Acho que vou experimentar alguma outra coisa.
_Que tal uma maçã-do-amor? _Os gêmeos disseram juntos, observando uma barraca cheia de frutas com uma ótima aparência.
_Maçãs? Ótimo, isso deve ser bom em qualquer lugar. Tomem garotos, por que vocês não vão brincar um pouco? Vou ficar aqui experimentando um pouco disso. E disso também _Ele disse, apontando para um monte de amendoim tostado.
_Eu tomo conta dele _Gina disse em um suspiro, acenando e se despedindo do resto do grupo.
_Ótimo. Nós dois vamos pesquisar por ai. Nos encontramos mais tarde neste lugar ok? _Fred disse, puxando George pela manga da camisa e sumindo no meio da multidão, sem nem dar tempo de Rony responder algo.
Agora estavam apenas os três, no meio daquele enorme parque lotado, sem saber para onde ir.
_Vem. Vamos dar uma volta. Quem sabe achemos algo que seja de graça _Harry disse, colocando no bolso a nota de um dólar que o Sr Weasley tinha dado para cada um.
_Ele tinha razão, isso é bom! _Rony disse, dando uma enorme mordida em sua maçã-do-amor. Os três estavam parados perto da grande Roda-Gigante, que girava devagar e brilhante. Como eles estavam encostados nas grades, podiam ouvir o barulho das engrenagens e dos carrinhos rangendo e balançando com o vento.
Cada um tinha em mãos uma brilhante maçã-do-amor, tudo que conseguiram comprar com suas notas de um dólar.
Acho que até este ponto, não fizemos jus ao grande Parque Starowisk. Ele era um dos parques mais antigos desta parte da cidade, e constantemente viajava por toda Grã-bretanha, parado em cada cidade e montando todo seu equipamento, como por mágica. Haviam grandes Carroséis perfeitamente desenhados, com cavalos que pareciam de verdade, com olhos de vidro e rabos de seda. As barracas possuíam os mais diferentes tipos de doces e guloseimas, e também pipoca e cachorro quente sempre quentinhos e esfumaçantes. As barracas de brincadeiras sempre pareciam diferentes das de outros lugares, mais bonitas e atraentes, apesar de serem sempre as mesmas brincadeiras de parque que costumamos ver.
Também haviam os habitantes do parque, o pessoal que trabalhava ali como entreterimento. Era quase um circo. Tinha aquele homem muito alto, quase um gigante (se bem que perto de Hagrid, com certeza ele não passaria de um homem mediano), a mulher barbada, os gêmeos, que na verdade possuíam o mesmo corpo, eram apenas divididos no tronco.
E o bando de palhaços, que junto com o casal de mágicos, percorria o parque entretendo a todos.
_Escolha uma carta _A mulher mágica disse a Harry, inesperadamente parando a sua frente, e lhe estendendo um baralho cor púrpura.
_Eu... ahn...
_Vamos Harry _Hermione o incentivou _Apenas escolha uma carta.
Harry puxou com cuidado uma das cartas, e virou-a para ver, sem mostrar a mulher. Era uma Rainha de Copas.
_Agora, ponha ela de novo no baralho, e misture. Eu tocarei o baralho com minha varinha e logo ela será a primeira carta do baralho.
Harry fez como a mulher mandou, mas com um gesto tedioso. Aquilo não era mágica, era apenas um pequeno truque trouxa. Apesar disso, era divertido observar como os trouxas se maravilhavam com algo tão simples.
Harry embaralhou as cartas, e estranhamente sentiu que elas ficavam quentes em suas mãos.
_Agora, me entregue o baralho e eu lhe entregarei sua carta.
Sentindo o baralho queimar em suas mãos, e um pouco assustado, Harry passou as cartas a mulher, que lhe sorriu e, com a mão enluvada, retirou uma carta e entregou a Harry. Harry apenas olhou para a carta, e viu a mesma Rainha de Copas.
Só que desta vez, o desenho do baralho olhou para ele e deu uma pequena piscada.
_Rainha de Copas não? _A mulher disse, sorrindo para ele e puxando a carta de sua mão _Isso significa amor á vista, ou um ótimo coração como companhia.
Dizendo isso, ela virou as costas e seguiu seu caminho, parando um casal mais adiante, e lhes estendendo o punhado de cartas.
_Trouxas. Eles acham que isso é mesmo mágica? _Ron disse com um sorriso, e puxou Harry pela manga _Venha, vamos dar uma volta por aí.
Harry não disse nada, mas apenas parecia um pouco mais espantado com aquela mágica do que deveria estar. Será que tinha sido ele que tinha feito a mulher do baralho se mexer ou era apenas mais um truque trouxa?
_Isso tudo é bem engraçado _Rony disse _Olhem só. Os trouxas são engraçados quando querem se vestir como bruxos _e apontou para um senhor, usando uma grande capa azul com estrelas bordadas. _E as varinhas? Você viu a varinha daqueles mágicos? São apenas um pedaço de madeira reto... Não tem nem pena de fênix, rabo de unicórnio, nada! Apenas um pedaço de madeira.
_Como eles esperam fazer mágica com isso? _Hermione disse, sorrindo.
_Vamos lá. Eles estão apenas se divertindo.
Hermione sorriu para Harry.
_Tudo bem.
_Ei, o que vocês acham de dar uma volta na Roda Gigante? _Rony sorriu, olhando para a imensa Roda iluminada ali perto.
_Não temos mais dinheiro _Harry disse num murmúrio.
_Tudo bem. Tudo que temos que fazer é entrar!
_Rony! _Hermione nervosamente disse, olhando para o amigo. Porém, Harry não parecia achar aquela idéia tão absurda quanto Hermione achava.
_Podemos tentar não?
_Não! Vocês não podem. Isso é moralmente ilegal.
_Vamos Hermione. Estamos apenas nos divertindo! Como os trouxas! _Harry disse, enquanto caminhava para a Roda Gigante _ Temos esse direito!
Com um pequeno suspiro, a garota girou os olhos e seguiu os amigos.
Os três se espreitaram pela pequena cerca, atrás da grande roda. Deram a volta pelo motor, e pela cabine do controlador, até encontrar uma pequena escada de metal corroída, e subir por ela.
_Quando a roda parar, tudo que temos que fazer é nos enfiarmos na fila e pronto!
_Isso não vai dar certo!
_Se quiser, pode ficar aqui Hermione.
_E é isso que vou fazer _Ela disse, zangada, virando as costas e voltando pelo caminho que tinham feito.
_Vem, deixe ela _Rony disse, puxando a manga de Harry e se esgueirando pela grade da fila. _Com licença, com licença _Rony dizia, enquanto passava por entre as pessoas. Os dois andavam depressa, para não dar tempo de ninguém reparar que eles não tinham pago, até que se puseram no final da fila, aguardando sua vez.
_Não olhe para ninguém _Rony disse, parecendo nervoso agora. Harry apenas deu um sorriso, e se pos a esperar. Ninguém chamou a atenção deles, até que a vez dos garotos chegou.
Devagar, a roda parou, com um enorme estalo, e a cabine se abriu.
_Vamos.
Harry tomou impulso para entrar, mas antes que se mexesse, uma garota saltou de dentro da Roda e trombou com ele, o fazendo desequilibrar-se.
_Oôô! _Harry disse, quase caindo.
_Opa. Peguei você! _A garota disse, o puxando pela malha da blusa, antes que Harry caísse de costas pela grade da Roda-Gigante.
_Você devia olhar por onde anda! _Rony se aproximou, ajudando Harry a se refazer do susto.
_Desculpas...eu apenas estava saindo... eu realmente não te vi e...
A garota parou e olhou para Harry, como se tivesse acabado de reconhecê-lo. Harry olhou para ela, envergonhado como sempre ficava nestas situações, mas então se lembrou que estava num parque cheio de trouxas, e que ali, ninguém o reconhecia.
Instintivamente, Harry passou a mão nos cabelos, os arrumando para cobrir a cicatriz.
_Olhe da próxima vez _Harry disse nervoso, dando as costas e entrando na Roda Gigante, sem olhar mais para a garota.
_Rony. Aquela garota. Ela estava olhando para minha cicatriz.
_Todos olham para sua cicatriz _Rony falou, olhando para a pequena janelinha da Roda Gigante, observando todo o parque de lá de cima.
_Todos bruxos. Não os trouxas.
Rony olhou para ele, e coçou a cabeça.
_É mesmo... Não sei, ela pode ter achado diferente. Os trouxas costumam notar tudo não é mesmo?
_Pode ser _Harry disse, coçando sua cicatriz em forma de raio.
_Ela está doendo?
_Não! Não. Não é isso. Faz tempo que ela não dói, não é isso. É só que... bom, sabe o casal de mágicos?
Rony balançou a cabeça afirmativamente.
_Acho que vi aquela carta se mover. A Rainha de Copas apenas me olhou e piscou para mim.
Rony franziu a sombrancelha.
_Vai ver que é só minha imaginação. _Harry concluiu, olhando para a janela.
_Papai costuma dizer que os bruxos estão em todos lugares. Alguns deles podem estar trabalhando por aqui, nunca se sabe.
_Pode ser. Pode ser.
Harry tentou não pensar mais naquilo e curtir seu passeio.
_Espero que saibam o quanto isso foi errado _Hermione disse, assim que os garotos saíram da Roda Gigante e foram ao seu encontro.
_Ninguém nos pegou. E você perdeu um passeio bacana.
Hermione não disse nada, apenas apertou mais o casaco roseado que usava contra o corpo, como se estivesse com frio ou apreensiva. Do jeito que ela mordia os lábios e tinha se calado, significava que algo a estava perturbando, e não deveria ser o frio.
_Hermione. O que você tem? _Harry apoiou o braço na amiga, que o olhou em silêncio por alguns minutos, e em seguida começou a falar.
_Escutem. Eu... eu estava apenas caminhando pelo parque, enquanto vocês estavam fora. E então parei perto do Carrosel. Sabe. Acho que vi um dos cavalos se mover...
Harry e Rony se olharam por uns minutos, e então Harry suspirou.
_Vamos. Temos que achar seu pai Rony.
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