O Parque de Diversões

O vento batia com força na janela da casa numero 4, da rua dos Alfeneiros. Fazia um barulho angustiante, misturado com o som das folhas que dançavam pela rua, sendo levadas pelo vendaval.
Do outro lado da janela, um garoto de cabelos pretos bagunçados, acompanhava tudo silenciosamente.
_Apresem-se! _Ele escutou o tio dizer, enquanto via sua figura roliça aparecer no jardim. Logo, apareceram mais duas figuras. Tia Petúnia e Duda, seu primo. Agora ele não era mais tão gordo como costumava ser. Era gordo ainda assim, mas estava mais alto e forte. Apesar de ter crescido tanto, parecia que ele tinha se esquecido desse detalhe, já que usava roupas que estavam pequenas para ele, curtas na altura dos tornozelos e nos punhos da manga _Andem, andem, não queremos nos atrasar! _O tio continuou, enquanto sua família preenchia todo seu pequeno carro azul.
Logo, o carro começou a trepidar, avançou para trás dando ré e seguiu seu rumo pela rua dos Alfeneiros, se tornando cada vez menor e menor, até sumir. Não por magia, é claro, mas apenas pela distancia que tinha tomado.
_Finalmente um pouco de paz _O garoto disse, olhando para sua coruja, que o acompanhava em seu poleiro, quieta, mas com os olhos muito vivos, como se entendesse tudo. Até um pio agudo ela soltou, em resposta, levando um carinho como troco.
Harry então se espreguiçou um pouco, e em seguida, abriu sua porta. Os Dursley, aqueles que ele chamava de “tios” (Sim, eles realmente eram seus tios, infelizmente. Mas quando dizemos “tios”, pensamos logo em pessoas alegres, que nos recebem em casa com bolo e limonada. Não era o caso dos Dursleys. Na casa dos “tios”, Harry só tomava limonada...azeda) tinham o deixado trancado. Mas Harry tinha feito uma cópia extra da chave, sem que eles notassem.
Desceu as escadas então, e caminhou até a cozinha, onde roubou um punhado de bolinhos com creme e os guardou no bolso. Juntou também um pacote de bolachas, e encheu uma grande taça com cereais e leite.
Ia ser realmente bom àquela noite de paz.
Ainda mais que as férias estavam tão próximas de seu fim, e Harry não via a hora de retornar a sua escola, Hogwarts, e finalmente se ver livre, mais uma vez, de seus “tios”. Para se distrair enquanto enchia sua boca de cereal, Harry folheou uma daquelas revistas de fofocas que tia Petúnia costumava ler. Havia dúzias delas, e como nós, os trouxas sabemos, depois que você lê uma ou duas, as demais começam a ser muito repetitivas e cansativas. Harry, que não tinha muito, ou quase nenhum interesse na vida daquelas pessoas, logo deixou as revistas de lado e passou a dar uma volta pela casa.
Ligou a TV, em seguida desligou, e então ligou mais uma vez, se divertindo apenas com a imagem aparecendo e se apagando, aparecendo e se apagando. Sentou-se na imensa e confortável poltrona do tio Valter, e relaxou.
Foi então que algo o chamou a atenção. Era um folheto, um pequeno anúncio sobre um Parque de diversões, que estava vindo para cidade.
Na foto, uma imensa e brilhante roda-gigante.
_Uau.
Harry nunca tinha visto uma roda-gigante. Sabia claro, o que era um Parque de Diversões, e alguns brinquedos que haviam nele. Tinha lido sobre isso uma vez, em um dos livros de história de Duda. Um grande carrossel, barracas com guloseimas e atrações de todos os tipos. Inclusive, mágica trouxa!
_O Senhor Weasley adoraria isso! _Harry disse consigo mesmo, ainda observando o folheto. Sentiu de repente, pela primeira vez em sua vida, à vontade de ir há algum lugar que não fosse do seu mundo. Não sabia se existiam parques para os bruxos, pelo menos nunca havia escutado falar sobre um.
Dobrou então, com cuidado, e o guardou no bolso da calça. Em seguida, levou seu pote de cereais para a cozinha, o lavou e guardou em seu devido lugar, secando a pia em seguida para que a tia não notasse que ela havia sido usada.
Em seguida, subiu devagar as escadas, como se tivesse que tomar cuidado para não fazer nenhum barulho que incomodasse. Força do hábito.




Quando a gente quer muito uma coisa, geralmente ela custa a chegar. Como por exemplo, quando estamos caminhando para uma festa, e o caminho de ida parece muito mais longo que o caminho que você faz na volta, mesmo eles sendo os mesmos.
Faltavam apenas cinco dias para Harry sair da rua dos Alfeneiros em direção a Toca, casa de seu amigo Ronald Weasley, e depois, para Hogwarts. Porem, aqueles cinco dias custaram a passar, e para Harry pareceram cinco meses.
Mas então, finalmente o dia chegou, e Harry não sabia se era ele que ficava mais contente ou seus “tios”. Tio Valter até ajudou a arrastar seu malão para fora, mas antes que Harry pudesse sequer pensar em agradecer, os tios bateram a porta em suas costas, o deixando na rua.
_Tenham um bom ano também _Harry disse com uma voz zangada, puxando seu malão pela estradinha de tijolos em frente à casa dos tios. Quando chegou na calçada, apenas olhou para os lados e estendeu a mão, como se fizesse sinal para um ônibus que se aproximava.
_Ei Petúnia, olhe. O garoto ficou louco! _Tio Valter sussurrou de dentro de sua casa, enquanto espiava por uma frestinha da janela da sala. Tia Petúnia e Duda se espremeram na janelinha, procurando ver também. Duda começou a rir quando viu o primo fazendo sinal para a rua vazia.
Foi então que eles viram aquela nuvem mais densa se aproximando com extrema velocidade, com os faróis ligados, e aos poucos, tomando o contorno de um ônibus. Ele vinha tão rápido, que os Dursleys mal conseguiam o acompanhar com os olhos. Porem, quando o ônibus parou, bem diante sua casa, tia Petúnia desmaiou, e Duda e Valter não puderam ver mais nada, por que tiveram que a socorrer.
Quando puderam olhar para a janela novamente, o sobrinho já tinha desaparecido.





_Harry!
Harry apenas sorriu, ao ver o amigo de cabelos vermelhos e sardas no rosto se levantar da mesa e vir em sua direção. Assim que terminou de cumprimentar o amigo, pode ver que todos estavam ali. Os gêmeos, Gina (que estava cada vez mais bonita) e Hermione.
_Que bom ver você _Hermione se aproximou, quando Rony finalmente o soltou.
_Vamos com calma garotos! Temos muito tempo pela frente e Harry precisa descansar _O Sr Weasley disse, enquanto arrastava o malão de Harry e fechava a porta _Acho que podemos deixar a conversa para amanhã.
Rony soltou um suspiro desanimado, mas Hermione apenas estendeu os lábios e deu um beijo leve na bochecha de Harry.
_Tenha uma boa noite Harry, nos vemos amanhã!
Ela virou-se e puxou Gina consigo. A garota apenas acenou para Harry e em seguida, acompanhou Hermione pro quarto.
_E então, como foram suas férias? _Harry perguntou a Ron.
_Boas! Sabe, fomos visitar Carlinhos de novo, e agora eu até aprendi algumas coisas de egípcio. Tutanesk aka me significa “Bom dia!” Ou será que é “Cuidado com a cobra?”.
Harry sorriu, e os dois amigos foram para a cama.




_Harry, achei isso em seus bolsos quando fui lavar suas roupas _A Senhora Weasley disse, na manhã seguinte, colocando sobre a mesa alguns pequenos pertences de Harry. Ele, Ron e o Sr Weasley estavam sentados à mesa, tomando seu café da manhã.
_Muito interessante! _O Sr Weasley disse, sendo mais rápido que Harry e pescando a moeda de um pence que Harry tinha no bolso _Dinheiro trouxa! Olhe como as moedas são pequenas! E leves! Não é a toa que eles vivem perdendo o dinheiro em todo lugar.
Harry sorriu, pegando o resto de suas coisas. Uma bola de gude roubada de Duda, um passe de metrô e algumas figurinhas. E também aquele papel dobrado, do qual Harry nem se lembrava mais. Abriu, procurando ver o que era, e assim que viu a imensa roda-gigante se lembrou.
_Sim! O parque de diversões! Sr Weasley! Veja.
Rony também espichou os olhos, enquanto Harry passava o papel para seu pai.
_Que interessante! Muito interessante!
_O que é? _Rony se intrometeu.
_É um Parque de Diversões _ Harry anunciou, enquanto enchia a boca com mais um pedaço de pãozinho. _ Sabe, um lugar aonde os trouxas vão e...se divertem.
_Eles precisam de um lugar para se divertir? _Rony perguntou.
_Acho que sim _Harry disse, dando os ombros.
_Fantástico! Fantástico! Acho que vi isso em algum lugar! _O Sr Weasley parou, parecendo pensar em algo _Onde?
_Existem Parques para Bruxos? _Harry perguntou.
_Oh não. Não, definitivamente não. Nós não precisamos destas coisas Harry.
_Mas seria fantástico complementar um parque com um pouco de mágica...
_Isso seria garoto! _O Sr Weasley disse, com uma voz sonhadora, a mesma voz que ele fazia quando falava de qualquer coisa trouxa que admirava, como telefones, carros e principalmente, aviões. _Bom, mas tenho que ir. Você me deu uma ótima idéia Harry! Uma excelente idéia!
Dizendo isso, Artur se levantou e vestiu seu chapéu e seu paletó, se despedindo em seguida e partindo para seu trabalho, levando consigo o anúncio do Parque de Diversões.




_Olhem.
Artur se sentou à mesa naquela noite, assim que chegou do Ministério, e abriu um comprido e colorido livro em frente aos olhos de Rony, Harry, Hermione e Gina. Os gêmeos, que estavam jogados nas poltronas da sala, nem se deram o trabalho de se levantar para ver o que o pai estava aprontando daquela vez.
_Puxa! _Rony disse, olhando para aquilo.
Era uma grande ilustração, que ocupava duas páginas do livro. Um imenso parque, com uma Roda-Gigante, um Carrossel, uma Montanha-Russa que cortava a folha bem ao meio, além do vendedor de balões, as barracas de comida e tudo mais.
_Eu já fui em um desses com meus pais _Hermione disse, e Rony olhou para ela como se aquilo fosse algo que ela NÃO podia ter escondido dele. _É apenas algo normal para os trouxas, sabe, eles se divertem, e tem mágicos. É tão estúpido _Ela menosprezou, se afastando e indo ao encontro dos gêmeos Weasley, que continuavam deitados sobre as poltronas.
_Ótimo! _O Sr Weasley sorriu, animado, enquanto fechava o livro _Deste modo, será você que vai nos guiar a uma visita ao Parque de Diversões Starowisk, amanhã à noite.
Rony arregalou os olhos, que só não ficaram maiores que os de Hermione.
_Sr Weasley. É um lugar para... trouxas.
_E daí? Não podemos freqüentar o mundo deles por acaso? Claro que podemos! Vai ser fascinante! Fascinante! _Ele disse, subindo as escadas.
_Papai endoidou de vez _Gina disse, desanimada, também caminhando para a sala e se jogando no sofá, perto de Hermione.
_Que nada! Vai ser animal! _Fred disse.
_Vai ser ... _George completou _Wicked! _Os dois disseram juntos.
Gina e Hermione apenas se olharam.
_Vai ser legal Gina _Harry apoiou a garota _Afina, nada pode acontecer de errado.
_Não. Não é seu pai que vai ficar lá, maravilhado e bobo com todas aquelas coisas, fazendo você passar vergonha! _A garota disse, emburrada.
Harry não respondeu, mesmo por que daria um dedo seu por ter seu pai ao seu lado, durante o passeio ao Parque de Diversões.
_E nós vamos aproveitar e pesquisar novas mágicas trouxas! _Fred se aproximou, com os olhos brilhando.
_Eles estão assim _Rony comentou baixinho para Harry _Desde que a loja começou a dar certo. Agora estão fazendo produtos até para o Ministério, e uma dúzia de artefatos trouxas.
Harry se lembrou da loja Gemialidades Weasley, da qual tinha colaborado com o capital inicial, mas que agora prosperava com merecimento. Eles já haviam aberto duas novas lojas, uma em Hogsmeade e outra em plena Londres. O local era disfarçado por um latão de lixo. Ás vezes, quando você abria a tampa, um grande palhaço animado saltava lá de dentro, ou então o latão espirrava uma grande quantidade de cascas de fruta podre, papéis amassados e restos de comida na pessoa.
Era engraçado para quem olhava, mas nada agradável para quem era atingido.

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