Cap 4 – Madrugada perigosa
“Ginny, eu acho que eu não entendi direito...você deixou de vir na minha festa de aniversário e esperou até as 2:30 da manhã pra atravessar a cidade e vir aqui me dar...parabéns?!”
“Foi um erro né? Desculpa, eu não devia ter vindo...não devia ter vindo, ainda mais a essa hora! Foi tudo culpa minha, tudo culpa minha! Desculpa, eu já to indo embora...” falou tudo muito rápido, virou as costas e se apressou para chegar até a porta, mas então foi Harry quem se desesperou para agarrá-la pelo braço e impedi-la de ir.
“NÃO! Não se preocupe, eu não me incomodei, eu estava acordado mesmo. Mas...já que você veio até aqui, podia me dar um abraço...” pediu com cara de cão pidão, mas completou rapidamente ao ver a cara que ela fez “Não se preocupe, um abraço amigável, pelos velhos tempos de amigos. E daí você podia também sentar, tomar um chá comigo e me explicar o que te trouxe até meu humilde apartamento!”
“Primeiro, de humilde esse seu apartamento não tem nada! Segundo, não era você que tava tomando vodka até agora pouco, e agora vai tomar chá? E terceiro, bem...já que eu já estou aqui...” Gina o abraçou um pouco receosa, mas ele correspondeu apertando a ruiva forte em seus braços. Ficaram assim por alguns muitos segundos, até que ele, relutante, se separou e resolveu fazer logo o chá, voltando cinco minutos depois.
“Então, aqui está seu chá madame, agora, se a senhora pudesse se explicar...”
“Bom, é o seguinte, eu não pude vir porque já tinha outro compromisso marcado e não podia cancelar, peço desculpas! E como estava agora na rua, tinha acabado de sair da casa de uma amiga, que mora perto daqui, e tava com peso na consciência de não ter te falado parabéns nem de ter ligado, resolvi passar aqui. Idéia maluca né?” perguntou fazendo uma careta, que o fez rir. Como era bom tê-la por perto novamente!
“Totalmente, mas foi bom, foi muito bom! Sinceramente, foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos!” respondeu olhando fundo nos olhos dela, que desviou o olhar rapidamente.
A conversa seguiu por mais cerca de uma hora e alguns minutos, até o primeiro bocejo de Gina alertá-la sobre o horário.
“Harry! Olha a hora, já são quatro e quarenta e cinco da manhã!”
“Nossa, eu nem tinha idéia de como o tempo tinha passado, se você quer saber.”
“Nem eu. Mas já ta tarde, é melhor eu ir andando.” Levantou, pegou a bolsa e o casaco, mas Harry a interrompeu.
“Espera! Você vai de metro até sua casa a essa hora da noite? Tá louca né? É pedir para ser seqüestrada ou assaltada!”
“Ai...você acha mesmo que tem esse perigo todo?”
“Claro! Com todo respeito, mas pela sua segurança, você não acha melhor dormir aqui e amanha, assim que amanhecer, você vai?”
“Ah, Harry, eu não sei...”
“Não se preocupe, pode ficar com meu quarto, eu durmo no outro, que uso de escritório e lá tem um sofá-cama.”
“Tem certeza? Eu não quero incomodar, não se preocupe, eu sei me cuidar, posso voltar de táxi qualquer coisa.”
“Gi, pára com isso, eu já te falei, prometo que não vou nem sair do sofá, e a hora que você acordar pode ir, não precisa nem me dar tchau.” Ele sorriu com os olhos brilhando.
“Tudo bem, mas olha, então me deixa dormir no sofá, não quero roubar seu lugar!”
“Não se preocupe com isso, eu insisto! Você é minha convidada, pode dormir no meu quarto, minha cama é mais macia que aquele sofá, e eu não quero que você tenha uma má impressão quanto à minha hospitalidade.”
“Certo então, senhor Potter. Mas exijo arrumar o sofá cama para o senhor!” brincou. É parecia que haviam feito algum progresso.
Arrumou o sofá para ele, pegou uma camiseta larga emprestada como pijama e foi deitar-se. Como era difícil dormir sentindo o cheiro dele no travesseiro, nas cobertas, na camiseta. Sua cabeça estava a milhão, e seu corpo dava sinais de que necessitava de Harry. Não, não podia! Iria se controlar, dormir um pouco e quem sabe antes das nove não estava em casa já? Continuou mais cerca de vinte minutos pensando e pensando e tentando não pensar, até que uma hora seu corpo deu sinal de que suas forças já estavam esgotando e ela conseguiu finalmente dormir.
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Dormir parecia uma tarefa impossível, ainda mais sabendo que a mulher dos seus sonhos e a qual ele desejava poder passar todos os dias da vida dele estava dormindo em sua casa...em outro quarto, em outra cama, separada dele!
Não conseguiu resistir, por mais que tivesse prometido à ela que ficaria longe do quarto, não pode evitar se levantar e vê-la dormir, e só assim conseguiu acalmar um pouco seus pensamentos e dormir depois de um certo tempo.
Acordou no dia seguinte já passava das dez. levantou-se, foi até o banheiro, lavou o rosto, escovou os dentes e foi preparar café da manhã para ele e sua convidada. Ao chegar na cozinha deu de cara com a própria fazendo café e já vestida, penteada, parecendo pronta pra ir.
“Bom dia, ruivinha. Acordou cedo, pelo visto.”
“Bom dia!” ela sorriu “Acordei até tarde demais, tenho coisas a fazer e resolver em relação à faculdade.”
“Humm. Pelas minhas contas, esse deve ser o último ano, certo?”
“Sim, último ano, penúltimo semestre. Sempre o mais complicado!”
“Com certeza. Dormiu bem?”
“Maravilhosamente! Adorei sua cama!” assim que fez o comentário ela ruborizou. Talvez não tivesse sido muito feliz com as palavras acabadas de serem ditas. “Colchão muito bom, quero dizer...” tentou consertar, o que o fez gargalhar.
“É sim, muito bom! Já tá de saída? Não vai nem tomar café da manhã comigo?”
“Obrigada, mas já abusei muito de você, fora que eu tenho muita coisa pra resolver!”
“Magina, abusou nada! Não quer ficar mais um pouco mesmo?” perguntou esperançoso
“Não é só problema de querer ou não, é problema de poder, e eu não posso! Mas obrigada por tudo, Harry.”
“Já falei, não precisa agradecer... Aliás, eu queria te pedir um presente de aniversário.”
“Prossiga.” Falou desconfiada
“Eu queria poder retomar as coisas entre nós. Eu queria poder recomeçar. Eu quero uma chance nova para nós!”
“Harry, você sabe que não tem como nós termos uma nova chance...” retrucou impaciente
“Pode ser que não como namorados, mas quero recomeçar uma amizade com você! Quero uma nova chance de amizade contigo. Sempre prezei muito sua amizade e sinto sua falta! Por favor Gi!” pediu com a famosa cara de cachorro... “Por favor...” pediu novamente
“Está bem! Não garanto que as coisas vão ser como antes, mas nós podemos tentar retomar a amizade. Meu telefone continua o mesmo, quando quiser me liga que nós marcamos algo, certo? Agora eu tenho mesmo que ir Harry. Brigada por tudo de novo!” pegou sua bolsa e seu casaco, deu um leve abraço nele e foi embora, deixando um moreno estupefato na cozinha, se beliscando para saber se aquilo era sonho ou não.
Ele e Gina seriam amigos novamente, quem sabe aquela não seria uma chance para se reconciliarem?!
“É, quem sabe...” falou em voz alta, cheio de esperanças, e um sorriso bobo no rosto.
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