Cap 2 – Amores e desamores
Na hora em que caiu no colo de Harry, sentiu que todo o ar saira de seus pulmões. Não enxergou nada alem de um par de olhos verdes maravilhosos, diga-se de passagem, encarando-na, e uma boca já tão bem conhecida e explorada, vindo em sua direção.
O beijo, esperado, ansiado, desejado, com o qual sonhara todas as noites por dois anos, estava acontecendo. Mas quando Harry atingiu o pescoço da ruiva com a boca, foi como se levasse um choque, e todas as lembranças dos dois, e inclusive as dela sozinha, chorando a falta dele, voltaram em um segundo, e mesmo com certa relutância da parte dele, e de seu eu-interior, Gina abriu os olhos e levantou abruptamente do colo do moreno.
“Harry Potter, o que é que você acabou de fazer?” perguntou uma Gina indignada gritando e alto e bom tom, mas Harry apenas ria, não percebendo que a ruivinha falava mais do que sério.
“Bom...se você não entendeu direito, eu posso te explicar melhor...” respondeu se aproximando dela e a agarrando pela cintura. Mas antes que outro beijo acontecesse, a ruiva o afastou empurrando-o.
“Potter, o que você tá pensando? Que pode fazer tudo o que fez comigo, me fazer sentir como eu me senti, nas nuvens, depois me usar, se despedir, passar dois anos fora, e de repente voltar e BUM!! Você acha que pode me amar, desamar, passar um tempinho fora, e depois voltar...como se nada tivesse acontecido?”
“Mas Gin...” ele tentou se explicar
“Mas nada! Não, Harry!” negou ela veementemente “As coisas não são assim!” caminhou até a porta e a abriu “E se você quer saber, é melhor sair, ir embora daqui, porque no momento, você é a última pessoa com quem eu quero falar, e quem eu quero ver agora!” Suspirou resignada
“Gina, só me escuta!”’ tentou protestar caminhando até ela
“Não, Harry! Eu já te disse...não vou te escutar! Eu quero que você saia AGORA!” mantinha a porta aberta, pela qual ele passou, mas não sem antes olhar nos olhos de Gina e dizer...
“Só quero que você saiba de uma coisa...eu NUNCA te ‘desamei’, pelo contrário, eu sempre te amei...todos os dias desses dois anos e dois meses!”
E virando as costas, ele foi embora, deixando uma ruivinha completamente desolada, com os olhos marejados, e a cabeça com um milhão de pensamentos,
para trás.
******************FLASHBACK******************
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pelos, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Atrás da porta, Chico Buarque
Era uma tarde de final de outubro, e o outono já dava as caras. Entre a imensa multidão espalhada pelas ruas, estava uma ruiva, vestindo saia florida até o joelho, regata branca, um fino casaco rosa claro, sandálias rasteiras nos pés, e o cabelo solto. Acabara de cortá-lo, acabara de sair do cabeleireiro, um sorriso no rosto, apesar do vento frio. Entre tanta gente, não era capaz de ver muita coisa, tudo o que se passava em sua mente era que não via a hora de encontrar com o namorado e saber o que ele achara do cabelo novo. Nunca usara o cabelo tão curto, e nunca gastara tanto em uma roupa quanto a que estava na sacola vermelha a qual pendia em seu braço, mas essa era uma noite especial...tinha certeza que seria nessa noite!
Com um sorriso, percebeu ao atravessar a praça cheia de árvores, que caia uma tempestade de folhas amareladas, e por causa do vento, foi obrigada a fechar mais o casaco, tentando se esquivar do frio, que para ela, estava já ficando insuportável! Mas nem mesmo o vento gelado era capaz de tirar o sorriso em seu rosto, a alegria em seu coração, e ao invés de ficar nervosa pelo vento e pelo chumaço de folhas que se aglomerou em seu cabelo, deixando-o cada vez mais despenteado, sorriu e passou a sentir e curtir o momento de outra forma. Nada poderia estragar seu dia. Era a mulher mais feliz do mundo; amava e era amada pelo homem mais maravilhoso do mundo! Perdida em pensamentos, nem ao menos notou que se aproximava de seu prédio, apenas quando a Sra. Kurnein a cumprimentou saindo do prédio.
Ao chegar em casa, deixou as compras encima da cama, ligou o rádio e foi tomar um bom banho, se arrumar e se preparar para o namorado.
Abriu a porta e Harry entrou olhando maravilhado para a namorada, que usava um vestido vinho até os joelhos, frente única, de cetim, as costas inteiramente de fora, na região dos seios o vestido prendia em um broche de brilhantes, sandálias de sano finíssimo prata de brilhantes também, os cabelos soltos, curtos agora, três dedos acima dos ombros, e o rosto levemente maquiado. Gina estava linda, e ostentava um sorriso que valia mais do que a pulseira de diamantes que trouxera para ela como presente de despedida. Despedida...seria difícil dizer adeus à única mulher que amara na vida!
Jantaram, ouviram música, dançaram uma musica lenta um nos braços do outros, e acabaram no quarto, na cama, trocando juras de amor eterno e sorrindo como dois bobos.
Suspirou de olhos fechados e sorrindo, enquanto o moreno a ajeitava em seus braços para ela descansar. Nunca imaginou como era bom fazer amor com quem se ama, nunca imaginou como poderia ser essa sensação. Nunca, em um milhão de anos, imaginaria como era maravilhoso fazer amor com Harry Potter, o homem de seus sonhos, e agora seu homem!
Dormiram, acordaram, fizeram mais amor, dormiram novamente, e só acordaram quando os raios de sol já invadiam o quarto pela janela. Harry acordou primeiro, tomou banho, e foi fazer café, enquanto isso, ela acordou, escovou os dentes, lavou o rosto, vestiu uma camiseta velha e foi até a cozinha procurar por Harry, que fazia o café da manhã, e quando sentiu duas mãos o agarrando pela cintura e um queixo em seus ombros, sorriu e beijou Gina levemente nos lábios.
“Meu amor, assim não vale. Volta JÁ pra cama porque eu ia fazer surpresa!”
Ela riu
“Quer dizer então que você ia até fazer café e levar para mim na cama?”
“Sim...café com tudo que tem direito, desde ovos mexidos até suco de laranja, pão torrado com manteiga, queijo, bolacha recheada... E você só vai comer se me obedecer mocinha!”
Os dois gargalharam, e Gina, vendo que não havia opções, se rendeu e voltou para o quarto. Após comerem, rirem bastante e se curtirem, ela decidiu tomar banho.
Saiu de roupão, os cabelos molhados, penteados e ela parecia até mais corada, e com certeza, mais feliz e linda do que nunca, mas seu sorriso diminuiu quando viu Harry sentado na cama com uma caixinha de veludo pequena, e uma cara séria.
“Harry, aconteceu alguma coisa? Você tá bem?”
“Ginny, eu preciso falar com você. Um assunto muito, mas muito sério!”
Ela se aproximou e parou no pé da cama, esperando ele lhe explicar o que estava acontecendo.
“Harry, eu não to entendendo nada...fala logo antes que você me deixe louca!”
“Por favor, eu preciso que você saiba que eu te amo...e eu quero que você não fique brava comigo, e por mais difícil que seja, tente entender...”
“Harry...fala logo!” riu nervosa
“Mas primeiro...me promete isso!”
“Tá, ta, eu prometo...mas fala!”
“Bem...é o seguinte...eu recebi uma bolsa em uma das melhores universidades em relaçao ao meu curso do mundo!”
“Mas isso é ótimo, meu amor...”
“Uma das melhores universidades, onde apenas 100 pessoas no mundo todo são escolhidos a cada dois anos para fazer a especialização nesse lugar. Mas...ela fica em outro país. Ela fica na Austrália. E eu to partindo daqui duas semanas.”
Gina ficou pasma por um momento até que começou a gargalhar.
“Você ta brincando né? Não..porque só pode ser isso..brincadeira! Harry, amor, já falei que você me assusta com essas brincadeiras bobas, igual aquela vez que você falou que tinha quebrado as duas pernas andando de...”
“Ginevra, é sério! Eu vou partir daqui duas semanas, e eu sei que depois do que aconteceu ontem a noite, não podia mais adiar”
“Como assim? Como assim você ta indo? COMO HARRY, COMO?” ela se debruçou sobre ele, que agora já estava de pe também, agarrou-o pelo colarinho e começou a sacudi-lo de leve “Você não pode Harry! Você não pode em deixar sozinha aqui...por que você não falou antes?”
“Eu só tive a resposta faz três dias. Pretendia te contar contem, mas...”
“Mas o que? Preferiu dormir comigo primeiro né? Preferiu me iludir primeiro né seu desgraçado?!”
“Gina..eu amo você...não te iludi...”
“Ahhhhh não? Como não?” ela agora socava o peito dele, e gritava com ele, mas logo Harry segurou seus pulsos e ela foi obrigada a parar de agredi-lo.
“Gina, eu sei que não tem maneira fácil para se despedir de alguém, ainda mais se você ama essa pessoa, como é o nosso caso, mas eu te comprei um presente...pra você não esquecer de mim, e de que eu te amo muito, mais do que você imagina”
“NÃO, HARRY...NÃO!” ela atirou a caixinha azul contra a parede “EU NÃO QUERO PRESENTE NENHUM SEU! EU NÃO SOU NENHUMA PROSTITUTA PRA DORMIR COM VOCÊ E NO DIA SEGUINTE VOCÊ ME PAGAR E IR EMBORA, COMO SE ANDA TIVESSE ACONTECIDO!”
“SE VOCÊ VAI CONTINUAR ASSIM, TORNANDO AS COISAS MAIS DIFICEIS, EU VOU EMBORA AGORA MESMO!”
“ENTÃO VAI, SEU IDIOTA, VAI...” berrou ela aos prantos, e Harry se virou para realmente ir embora, mas então Gina correu até ele e segurou seu braço com força, arranhando-o “POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO? POR QUE VOCE VAI ME DEIXAR? EU NÃO VOU DEIXAR VOCE IR EMBORA...VOCE VAI FICAR AQUI...AQUI! NÃO...VOCE NÃO VAI! NÃO VAI!”
“PARA! Você está dificultando as coisas. Não faz assim, Gina. Por favor... eu tenho que ir, e você tem que entender, meu amor.”
Ela parou de arranhar o braço dele e soltou-se. Então, com as lágrimas ainda caindo de seu rosto, disse sua frase de adeus, antes de bater a porta do quarto na cara de Harry.
“Vai Potter. Vai, mas nunca mais volta! Eu nunca mais quero te ver, eu te odeio, à partir de hoje, à partir de agora, e não, eu não te desejo uma boa viagem. Quero que você se exploda, assim como o avião que você vai pegar! ADEUS!”
Após bater a porta, escorregou por esta até o chão, e chorou. Chorou como nunca chorara antes, chorou até as lágrimas se esgotarem, chorou até não agüentar mais, chorou até se sentir fraca e com dificuldade se arrastar até a cama, e mesmo deitada, chorou mais um pouco. Chorou por horas a fio. Dormiu, acordou, chorou, e isso se tornou um ciclo vicioso nos próximos dias. Não sentia vontade de fazer mais nada, nem de trabalhar, nem de ir para a faculdade, nem de sair, nem de comer. Trabalhava e ia para a faculdade porque sabia que era estritamente necessário, mas estava apenas presente em corpo, porque sua mente se encontrava nos olhos verdes, nos suspiros em seu pescoço, nos sorrisos dele, nas brincadeiras dele, e em uma última em particular...uma brincadeira de mau gosto, a qual não se divertira nem um pouco. Estava morrendo, pouco a pouco. Afundava-se cada vez mais na tristeza, e parecia que a luz no fim do túnel simplesmente não existia. Estava perdida...completamente perdida e sozinha no mundo!
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