Os bons nunca morrem
Capítulo 20 – Os bons nunca morrem
I know I was born and I know that I'll die
The in between is mine. (I am mine, Pearl Jam)
Harry lançou-se sobre a cama do seu quarto, sentindo-se mais cansado do que se tivesse corrido a maratona de Nova Iorque. Os últimos dias tinham sido uma espécie de prova à sua resistência e dedicação, uma vez que o mundo de Ginny se vira subitamente centrado em Will.
A jovem apenas deixava o hospital para ir até à sua casa tomar um banho e mudar de roupa, dormindo praticamente todos os dias no sofá do quarto de Will. Harry reveza-se com ela, permitindo que ela se demorasse um pouco mais nas suas visitas a casa ou caso surgisse algum contratempo na loja.
Enquanto se revirava na cama, procurando uma posição que o reconfortasse, o moreno pensou que a hesitação dela em deixar o hospital tinha, na verdade, uma justificação muito simples: ela tinha medo de não estar lá quando chegasse o momento. Quando ela se permitia descansar e olhá-lo directamente nos olhos, Harry podia ler claramente a vontade de estar com o amigo no derradeiro instante, dando-lhe a mão e segurando-o um pouco mais à vida.
Por vezes, o moreno sentia-se amargurado pelo rumo que os acontecimentos haviam tomado, agora que pareciam finalmente ter encontrado a felicidade. Mas assim que os seus olhos recaíam naquele jovem deitado numa cama, sem data certa para morrer, nem esperança de viver, todos os sentimentos menos nobres se esvaíam e restava a tristeza e a vergonha pelo seu egoísmo.
Havia também Belle. Desde o dia em que Will fora internado, a garota parecia ter se embrenhado num mundo fascinante, mas muito longínquo. Ela sempre se dera bem com o americano e, caso não a conhecesse tão bem, sem dúvida teria associado o seu novo estado à realidade da condição do amigo. Mas algo lhe gritava que tudo aquilo tinha sido uma enorme coincidência, que o quer que fosse que incomodava a sua irmã ia um pouco além disso.
Julgando pelo olhar que ela deitara a Draco, quando ele aparecera para visitar Will no hospital, seguido de uma retirada fulminante e pouco discreta, ele poderia jurar que ele era o responsável pelas atribulações de Belle.
Resolvendo que talvez aquilo fosse algo que ele pudesse ajudar a resolver, o moreno acabou por se erguer e seguir pelo corredor, rumo ao quarto da irmã. Ela estava sentada à secretária, fitando o vazio da parede em vez dos livros de estudo que jaziam à sua frente.
- Um milhão de dólares pelos seus pensamentos. – disse, encostando-se ao umbral da porta de braços cruzados e expressão vagamente curiosa.
- Os meus pensamentos não devem valer nem meio dólar, neste momento. – resmungou a garota em voz baixa.
- Eu me pergunto se um certo loiro arrogante e mimado tem alguma coisa a ver com a sua súbita queda de valor no mercado…? – Belle suspirou, perante aquelas palavras.
- E eu me pergunto porque as pessoas vivem perguntando coisas para as quais sabem a resposta. Não seria mais útil e produtivo utilizar essas perguntas para questionar sobre algo que se queira realmente descobrir? – fez girar a cadeira de rodinhas, encarando o irmão.
- Talvez as pessoas precisem simplesmente de ouvir da boca das outras. Ou talvez perguntem isso porque não querem, podem ou devem, perguntar aquilo que realmente lhes interessa.
A jovem olhou-o por longos momentos, como se o avaliasse. Por fim, levantou-se e sentou-se na cama, de frente para ele.
- Nós discutimos, ele me beijou, eu o beijei, nós discutimos novamente. – olhou para as próprias mãos, como se fossem a causa de todas as suas inquietações.
- Bom poder de síntese… – Harry sorriu e a irmã não pôde deixar de o acompanhar, meio envergonhada. – Você gosta dele?
- Eu não sei. – respondeu, sincera – Ele não me é indiferente, caso contrário nós não viveríamos discutindo.
- Isso já é, sem dúvida, um avanço. – o moreno fez uma careta, aludindo a quão óbvio aquilo havia sido para ele. Aproximou-se, sentando-se no chão em frente a ela. - Você pretende fazer alguma coisa a respeito?
- O que é suposto que eu faça?! – impacientou-se ela – Que chore? Fique olhando para o tecto e não consiga dormir, fique sem fome e inquieta? Me odeie por nem saber o que sinto, ao certo? Adivinha, eu já fiz tudo isso! – caiu para trás, ficando esticada na cama.
- Falar com ele seria uma ideia interessante. – sugeriu o moreno, bocejando.
- E você? O que há? – Harry lançou um olhar inquisitivo à irmã, que rolou, ficando de barriga para baixo, a cabeça pendendo na ponta da cama – Sempre que não consegue dormir e vem aqui, tentar dar uma de psicólogo comigo, é porque tem algo te incomodando.
- A Gi vai acabar doente se continuar nesse ritmo, Belle. Eu sei que ele precisa dela, isso nem está em questão, mas eu sinto que aquele lugar suga a vida e a felicidade de qualquer um.
- Eu compreendo…mas há mais alguma coisa que te preocupa, eu sei. – olharam-se nos olhos e Harry suspirou, resignado.
- Arthur ligou hoje, Belle. Tudo bem como ele a Lily! – acrescentou rapidamente, vendo a irmã arregalar os olhos e erguer-se de forma brusca – Ele ligou para dizer que eu preciso voltar para lá.
- Voltar? – repetiu ela, desconcertada – Por quanto tempo?
- De início, apenas o suficiente para colocar novamente em ordem os negócios. Tudo aquilo que eu tenho em comum com Arthur está sendo administrado com mestria, mas existem muitas coisas unicamente da minha responsabilidade. Inevitavelmente, eu vou ter que ir morar lá se quiser manter o meu património intacto. Além daquele outro assunto.
- A Gi…ela…já sabe? – Belle percebeu, pela cara do irmão, que acertara no ponto crítico.
- Não. – admitiu ele, o semblante carregado – Eu não consigo colocar uma coisa assim nos ombros dela, agora. Mas, pelo que o seu pai me disse, eu devo ir assim que for possível.
- Você tem que lhe contar, Harry! – insurgiu-se a morena – Ou está pensando em só passar lá para dar um adeus antes de ir para o aeroporto e voltar para a Sicília?
- Eu sei disso! – exasperou-se – Em breve, ela irá perder uma pessoa que ela ama muito. Eu não posso lutar contra algo assim, dando mais uma razão para ela se sentir miserável!
- Ela merece saber. – Belle deslizou para o chão e envolveu o irmão num abraço carinhoso – A Gi vai ter que tomar uma decisão importante, é justo que saiba o quanto antes. A honestidade é o melhor caminho Harry, mesmo quando é a solução mais dolorosa.
A morena sabia o quanto aquilo seria penoso para Ginny. Ficar junto de Harry, agora que tinham se acertado, seria a coisa razoável a ser feita. Contudo, a ruiva construíra toda uma vida em Nova Iorque, uma vida que a sustentara quando tudo parecia ser irreparável. Abdicar do seu trabalho, que tantos frutos dera, seria uma decisão angustiante.
- Você está certa, eu vou falar com ela. Aliás, eu vou agora mesmo para o hospital. – o irmão deu-lhe um beijo leve e saiu, deixando-a novamente entregue aos seus pensamentos confusos, povoados por um jovem em cujos olhos habitava um Inverno tempestuoso, mas estranhamente atraente.
Harry vestiu um casaco quente, protegendo-se do frio da noite, e dirigiu até ao hospital. Durante alguns instantes, limitou-se a ficar sentado no interior do carro, revivendo na memória a sua longa história com Ginny. A primeira época de convivência, na solarenga e pacata Sicília, parecia pertencer a uma outra vida, em que ambos ainda desconheciam o alcance dos seus sentimentos. Naquela altura, Harry já descobrira o quanto a amava, o quanto ansiava por amá-la mais e mais, mas desconhecia ainda até onde esse amor o levaria e o que seria capaz de fazer por ele.
Em nome desse amor, ele abdicara de uma vida para viver uma outra, edificada numa base incerta e quase desesperada. Seria justo pedir a Ginny que também deixasse tudo, agora que era ele a exigir-lhe? Não, não podia pensar assim. O amor não podia funcionar como uma barganha, em que as cedências eram feitas em regime de alternância. O amor deveria ser generoso e paciente.
Respirou fundo e saiu para o frio nocturno, ainda que por breves instantes. Logo caminhava pelo corredor dos quartos, absorto em pensamentos e imagens desconexas, até chegar ao quarto 113. Entrou de mansinho, tentando não incomodar o jovem que dormia na cama. A maquinaria apitava ocasionalmente, garantindo que o coração de Will insistia em bater.
Olhou em volta e viu a garota, sentada no sofá com a cabeça descaída. Dormia um sono inquieto, pois à medida que se aproximava, Harry reparou que ela tremia e agitava-se levemente, debatendo-se contra algo que apenas ela podia ver.
- Gi… – soprou baixinho, fazendo uma carícia nos cabelos ruivos que caíam sobre a sua face. Ela despertou instantaneamente, como se esperasse ser acordada, e o seu olhar voou para a cama onde o americano repousava. Harry conseguiu ler o medo naquelas íris cor de chocolate.
Ela esperava o momento em que fosse acordada e ele não estivesse mais lá. A dor e o cansaço demarcados na cara dela, normalmente rosada e luminosa, produziram o efeito de um ácido corrosivo no peito de Harry. Sabia também que, naquela noite, não lhe traria nenhum conforto: apenas uma preocupação adicional.
- Oi… – ela tentou sorrir, mas não conseguiu mais que um esgar de desânimo – Pensei que tivesse ido para casa?
- Eu fui – sentou-se perto dela, abraçando-a. Ela encostou a cabeça ao peito dele, relaxando um pouco – mas não conseguia dormir de qualquer jeito. Resolvi voltar para ficar com você.
- Hmhm – o moreno espreitou e viu que a ruiva fechara os olhos, estava prestes a adormecer naquele abraço convidativo. Mas ela não podia, não agora. Ele precisa dizer-lhe, ou perderia toda a coragem.
- Eu preciso te contar uma coisa. – o tom de voz dele, mais do que o conteúdo, trouxe a ruiva de volta à realidade num segundo. Rodou, de forma a ficar deitada com o rosto voltado para o dele, olhando-o bem nos olhos. - Eu tenho que regressar à Sicília.
A garota mordeu o lábio inferior, sentindo uma garra cruel apertar o seu coração.
- Bom, eu adoraria ir mas você sabe que eu não posso. Não agora. – lançou um breve olhar a Will, que continuava adormecido – Vou ter saudades, mas quando você regressar teremos tempo para cuidar disso. – sorriu, um sorriso mais verdadeiro do que o normal dos últimos dias. O moreno sentiu-se quase criminoso por estragar aquele momento de paz. Desviou os olhos e reuniu todas as suas forças.
- Eu não vou voltar. – sentiu a tensão imediata que se apoderou do corpo dela, envolto pelos seus braços.
- Quê? – ela colocou uma madeixa para trás, num gesto nervoso – Eu acho que não entendi bem.
- Eu tenho que voltar a viver na Sicília, Gi. Eu sou preciso lá.
- E eu preciso de você aqui! – protestou a ruiva, diminuindo o tom após ver que Will se inquietara no seu sono.
- Eu sei. – olhou-a nos olhos, para que ela visse a sua própria tristeza - Eu queria estar contigo, principalmente nesse momento, mas há coisas inadiáveis.
- Que negócios são mais importantes do que isso, Harry?! – ela começara a vacilar, as lágrimas escorrendo, e Harry compreendeu que a exaustão tinha ganho uma batalha dentro dela.
- Não são apenas negócios. – deu-lhe a mão, gentilmente, mas ela afastou-se revoltada. Colocou a cabeça entre as mãos e resolveu ser completamente sincero – Há novas pistas sobre o Firenzzi. Se nós queremos apanhá-lo, eu preciso ir até lá e garantir que tudo seja feito.
Aquela informação acertou em cheio a ruiva. Tudo rodava na sua cabeça: Harry, a relação que tinham retomado, Will, Firenzzi. Os dois homens que ela mais amava, ainda que tão diferentemente, estavam prestes a abandoná-la, enquanto o mais odiado ressurgia na sua vida.
- Eu quero que você venha comigo, Ginny. – a voz de Harry imiscuiu-se no seu delírio. Uma onda gélida percorreu-lhe o corpo, uma angústia e desespero que ela não sabia nomear.
Num impulso, apontou lá para fora e saíram do quarto para uma sala de visitas do outro lado do corredor.
- Eu não posso, nem quero, abandonar o Will. Eu sei que ele vai morrer, mas ele ainda não partiu, Harry! – a expressão na face da ruiva demonstrava o ressentimento por ter de passar por tudo aquilo naquele momento tão delicado – E eu tenho uma casa, um trabalho que me realiza, amigos que me preenchem. Você pede que eu abandone tudo isso e espera que eu faça exactamente o quê?
Harry encostou a testa à parede fria e nua, reconhecendo o egoísmo daquele pedido. Ele precisava ir. Por uma vez teria de ser ela a escolher segui-lo ou desistir de tudo o que haviam lutado por conquistar.
- Eu espero… – ele virou-se e olhou-a, sentindo-se igualmente perdido – que você faça aquilo que o seu coração mandar. Eu segui o meu quando foi a minha altura de escolher, Ginny. Eu não posso continuar essa luta sozinho. Agora é apenas quem você é e quem você pretende ser.
- Eu pretendo ser feliz. – as lágrimas escorriam novamente pelas bochechas da ruiva.
- Tudo bem. Eu não peço que venha comigo, muito menos agora. Acredito que quando quiser, saberá onde me encontrar. O meu avião parte amanhã à noite.
Ela apenas acenou e Harry sentiu-se incrivelmente diminuído. Uma parte de si, aquela que Ginny era, recusava-se a enfrentar, pela derradeira vez, o sentimento de pertença. E ele estava apenas demasiado cansado de lutar sozinho contra tudo e todos. Tal como ele lhe dissera, dessa vez seria apenas ela e a sua escolha.
Aproximou-se dela, que se encostara à parede e fechara os olhos, desejando desaparecer. Sentiu que a sua boca era magneticamente atraída para a dela e deixou que a distância diminuísse.
Aquele podia ser o último beijo que lhe daria. Seria apenas o primeiro do resto da sua vida, se estivesse unicamente nas suas mãos. Mas não estava.
A simples ideia não voltar a beijá-la, tocá-la, amá-la, destruiu-o por dentro, numa explosão violenta. Talvez se a tocasse tudo fosse incrivelmente mais simples. Mas algo lhe dizia que se a tocasse nunca partiria e isso, infelizmente, estava fora das suas opções.
Parou a uma curta distância dela, a respiração profunda e sôfrega acariciando a pele macia dela. A ruiva permanecia de olhos fechados, como se esperasse que ele fizesse algo que a devolvesse à vida. Ele simplesmente não foi capaz de a beijar. Ansiava por isso, cada fibra do seu ser gritava por ela. Mas não foi capaz.
Limitou-se a ficar ali, vendo de perto as lágrimas cristalinas que caíam dos olhos dela. Demasiado longe para a sentir, demasiado perto para não a amar ainda mais intensamente.
Lentamente, beijou-a na testa.
- Eu te amo, Gi. Me perdoe por não poder te dar aquilo que você precisa, agora.
Quando ele partiu ela ainda não abrira os olhos. Talvez se os mantivesse fechados por tempo suficiente, quando os abrisse nada daquilo fosse real. Talvez.
- Harry…? – Belle deu duas pancadas secas na porta, antes de a abrir e entrar. O irmão estava de costas e empilhava roupas dentro de uma mala, de forma mais ou menos aleatória.
- Pode entrar. – a voz dele era seca e dura e a morena percebeu que a conversa não poderia ter corrido pior.
- Eu vim saber se você precisa de alguma coisa? – a garota torceu as mãos, indecisa quanto à melhor forma de agir naquele momento.
- Não. – o moreno parou os movimentos frenéticos de atirar roupa para dentro da mala e sentou-se na cama. A irmã olhou-o atentamente e reparou que duas grandes olheiras sulcavam os belos olhos verdes e que ele parecia derrotado como raramente o vira. Excepto num dia, há já muito tempo, na bela Sicília. – Na verdade…. há sim uma coisa que pode fazer por mim.
A irmã aguardou que ele se pronunciasse, o olhar fixando-se numa moldura que estava em cima da cama. Uma fotografia dele e de Ginny, tirada na noite de passagem de ano.
- Tome conta dela. – o olhar dele seguira o dela, aparentemente. Ela não precisava perguntar a quem ele se referia – Esteja por perto. Ela vai precisar de alguém, quando chegar o final.
Belle olhou o irmão nos olhos e acenou afirmativamente. Ele retribuiu o aceno e levantou-se, voltando de novo para a mala.
- Eu…eu tenho pena que você não possa ser essa pessoa, Harry. Eu sei que ninguém a confortaria como você.
Ele parou a meio de um movimento e ela sentiu, mais do que viu, o corpo dele tremer. Rodeou-o rapidamente e viu que ele chorava, os olhos crispados e a dor estampada em cada linha da sua expressão. Abraçou-o de forma delicada, sentindo que era a coisa certa a fazer. Um abraço de mãe, irmã e amiga.
Quando ele já se acalmara e a presenteara com um sorriso brando, ela decidiu que estava na altura de o deixar sozinho.
- Eu tenho que ir até à faculdade, falar com alguns professores e ver a data de um exame. Você fica bem, italianinho?
- Claro. Até logo. – a irmã saiu pela porta. Terminou de arrumar a mala para a viagem e foi até ao estúdio. Ali, em cima do cavalete, uma tela por terminar. Um quadro que mal começara a ser, que tinha tudo para dar certo. Tal como ele e Ginny.
Pegou num pincel e, quase sem dar conta, desenhou um círculo negro no meio da paisagem floral que pintara anteriormente. Tudo se resumia aquilo, afinal. A vida era um enorme círculo, sempre acabava onde devia começar, tudo retornava inevitavelmente ao ponto de partida. Parecia-lhe lógico que a história da sua vida, com a única mulher que amara de verdade, terminasse precisamente no sítio onde começara. A ilha italiana chamava-os para retornarem e completarem o seu próprio círculo.
A campainha despertou-o dos seus devaneios. Não esperava nenhuma visita e foi com alguma surpresa que se deparou com Draco Malfoy parado na soleira da porta, com um ar de quem não sabia muito bem como fora lá parar.
- Erm…Potter.
- Sabe Malfoy… – começou o moreno – Você é péssimo nessas coisas de ser simpático e cordial. E, acredite, eu teria o maior prazer em bater a porta na sua cara nesse exacto momento. Mas, inexplicavelmente, eu acho que nós precisamos falar e eu estava pensando em te procurar mesmo.
- Estava? – aquela informação surpreendera Draco.
- Sim. – reforçou Harry – Nós temos um assunto pendente. – afastou-se da porta, fazendo um gesto para que Draco entrasse.
O olhar do loiro recaiu na mala que Harry carregara até ali e ficou pálido e desconcertado.
- Você vai viajar? – perguntou de chofre. O moreno ergueu as sobrancelhas, dando a entender que aquela pergunta era um pouco óbvia. Mas acabou por sorrir, condescendente.
- Julgo que a pergunta certa não é essa, Malfoy.
O loiro irritou-se de forma automática. Não estava nem um pouco disposto a aturar o Potter e as suas ideias mirabolantes. Bom, então porque fora até ali mesmo? Ah, sim. Ele adorava aturar a irmã do Potter e as suas ideias mirabolantes.
- E qual seria, santo Potter?
- A Belle vai viajar? – Harry imitou o timbre baixo e arrastado do loiro, sorrindo depois candidamente. Draco corou e afastou os olhos do outro.
- Erm…isso…eu…ela vai? – acabou por atirar.
- Não. – o sorriso do moreno abriu-se ainda mais – Ela vai ficar aqui, continuar a cursar a faculdade de Veterinária. Na verdade, ela nunca foi tão apaixonada pela Sicília quanto eu e nem tem os meus motivos para voltar para lá. Muito menos agora…
Draco fez um ar interrogativo, encostando-se à parede da sala. Harry colocou-se em frente a ele, de braços cruzados.
- Muito menos agora… – repetiu – que te encontrou.
O italiano teve a sensação de que acertara um murro no queixo de Malfoy sem sequer se mover. O outro apresentava uma cara incrédula e ultrajada, de quem tinha sofrido a maior afronta.
- Eu…nós…nos odiamos. – aquilo soara mais um auto-convencimento do que uma tentativa válida de convencer Harry.
- Mesmo? – o moreno fez uma expressão surpreendida – Você sai beijando todas as pessoas que odeia? Bom, sendo assim, talvez eu não deva ficar a sós com você por muito tempo.
Aquilo estava sendo mais divertido do que pensara. Draco rangia os dentes, como uma fera enjaulada, pelo que Harry pensou que talvez devesse aligeirar as coisas.
- Eu pensei que pelo menos você já teria ultrapassado essa ideia de implicação com a Belle, Malfoy. Depois do que aconteceu, quero dizer.
- Ela te contou? – Draco fez um ar sofrido, como se Belle tivesse revelado uma coisa indecorosa.
- Sim. – um meio sorriso voltou aos lábios de Harry – Ela estava muito confusa. Eu estou certo de que ela já sabe o que sente por essa altura, mas o impacto do momento foi muito forte.
- Hm… - o americano não parecia capaz de articular mais nenhuma frase.
- Eu preciso saber o que você quer com ela, Malfoy. Eu já tenho as minhas ideias formadas, mas eu realmente quero saber de você. O que sente por ela?
- Eu…não sei. – resmungou o loiro, baixinho – Mas isso me mata por dentro. Eu nunca me senti tão vivo como quando estava discutindo com ela ou quando a beijei. É uma descarga de adrenalina tão forte, como se fosse capaz de fazer qualquer coisa apenas para voltar a sentir aquilo.
- Malfoy, eu não pretendo uma declaração de amor: eu nem sei se é amor que você sente realmente, e ainda que fosse não deveria ser eu o primeiro a saber. Eu só quero saber se você gosta dela. Não vou permitir que brinque com a minha irmã.
- Eu gosto dela! – Draco quase gritou para Harry – Só não sei o quanto, ainda!
- Óptimo. – Harry percebera tudo, mesmo o que o loiro não dissera. Descobrir o nome para aquilo que ele descrevera era um trabalho somente dele e de Belle – Nesse caso, talvez fosse uma ideia interessante procurá-la hoje à noite. Eu não estarei mais aqui para atrapalhar.
- Eu pensei que você me odiava…?
- Oh, não. – o jovem encolheu os ombros – Eu guardo o meu ódio para quem o merece e, acredite, você é a menor das minhas preocupações. Mas eu sinto desprezo, óbvio, depois de toda a nossa história isso seria inevitável.
- E está empurrando para a sua irmã um homem que você despreza? – Draco readquirira toda a sua atitude desafiadora, olhando-o de igual para igual.
- Bom, como eu não serei obrigado a te beijar, penso que posso viver com isso. – sorriu de forma malandra e recebeu em troca um dos sorrisos meio frios do loiro – Basta um passo em falso, Malfoy. Um passo em falso e eu terei o maior prazer em partir a sua cara, bela e aristocrática. – o rosto de Harry fechara-se numa máscara séria. Os olhos dele encontraram os de Draco e este soube que o moreno cumpriria o juramento. Com prazer, ainda por cima.
- Isso é uma ameaça?
- Um aviso. Considere um conselho, talvez o primeiro e último que terá de mim e que deve zelar para cumprir.
- Boa viagem, Potter. Não posso dizer que o meu coração esteja chorando a sua partida, mas…
- Eu não ousaria esperar nada mais de você, Malfoy. Cuide da Belle para mim, ok? – seguiu o loiro até à porta.
- Se ela deixar… – Draco sorriu e voltou-se para partir. Quando já entrava no elevador, voltou atrás e apertou a mão de Harry.
Família maldita. Já não conseguia odiar verdadeiramente nenhum deles, nem o seu rival de toda a vida. Afinal, aquilo que já ouvira dizer tantas vezes deveria ser verdade: podemos sempre esperar coisas grandiosas de um inimigo leal e valoroso.
Belle olhou em volta pela centésima vez. O seu irmão estava na fila do check in, enquanto ela espera ansiosamente que Ginny resolvesse aparecer. Não podia acreditar que ela não viesse para se despedir, ainda que não pretendesse segui-lo.
O tempo passava e a hora do voo estava perigosamente perto. Harry não falava no assunto, tentava conversar de qualquer outro tema corriqueiro, mas Belle lia nele uma enorme tristeza.
Quando uma voz metálica e fria anunciou a partida do avião com destino a Roma, onde Harry faria escala, ele sorriu brevemente – um sorriso que não chegou aos seus olhos – e avançou para a abraçar.
Durante longos instantes limitaram-se a sentir o enorme carinho que tinham um pelo outro. Eles eram irmãos, para todas as horas, e estariam sempre perto um do outro. A distância não era o mais importante na sua relação, porque os laços que os uniam eram fortes e resistentes, capazes de se esticarem e cruzarem todos os continentes e mares.
A garota não conseguiu evitar que uma lágrima morna escorresse dos seus olhos, a tristeza pela partida do irmão juntando-se à decepção que ele devia sentir naquele momento. Ele sorriu novamente e limpou-lhe a face com a ponta dos dedos, como se lhe dissesse que tudo estava bem. Tudo ficaria bem.
Ele pegou uma maleta que levaria consigo no avião e avançou para a porta de embarque. Parou a uma curta distância e olhou em redor uma última vez, voltando-se depois para a morena.
- Eu realmente pensei que ela viesse… – acenou-lhe e partiu.
- Eu também, Harry. Eu também. – Belle deixou o aeroporto cabisbaixa, sentindo um grande ressentimento para com a irmã.
Só algumas horas mais tarde ela saberia que, à hora que Harry embarcava no avião, o coração de Will parara pela primeira vez.
A ruiva estava de saída, em cima da hora para chegar ao aeroporto e poder despedir-se de Harry, dizer-lhe que o amava independentemente do que viesse a acontecer. Quando cruzava a porta, as máquinas que monitorizavam o amigo dispararam em alarme.
Correu para perto dele e viu que o traçado estava plano. Com um sentimento de pânico crescente, premiu o botão vermelho de emergência e dois médicos entraram no quarto.
Ela ficou ali, num canto, olhando para Will. Passaram alguns instantes e os médicos estavam prestes a desistir, uma vez que ele não reagia a nenhum procedimento. Fechou os olhos e chamou-o, um soluço apertando-lhe a garganta.
- Will…eu ainda não estou pronta. Você ainda não pode ir.
E como que atendendo ao seu pedido, ele teve uma convulsão e o coração voltou a bater. Depois de garantirem que ele estava estável, e administrarem nova medicação, os médicos deixaram o quarto. Ela sentou-se perto dele e deu-lhe a mão. Não poderia ir embora, não correndo o risco de que ele resolvesse partir na sua ausência.
Nos dias que se seguiram, ele teve mais três paragens cardíacas. Todas as vezes ela chamara-o, dizendo que ainda não era o momento e ele acabara sempre por voltar. Os médicos surpreendiam-se em cada uma daquelas vezes, já que nenhum deles acreditava que ele fosse resistir à próxima.
Um dia, quase duas semanas após a partida de Harry, ele apresentara uma melhoria assinalável. Pela primeira vez em muito tempo, estava absolutamente consciente e capaz de falar. Ela alegrou-se, um recanto de si ainda preenchido pela esperança de que existisse uma salvação possível, de que Will conseguisse aquilo que ninguém mais conseguira alguma vez fazer: deter a morte.
Olhou para ele, sorrindo após contar-lhe uma história engraçada de uma cliente que a perseguira só para conseguir um retrato fiel do seu cachorro de estimação. Ele sorria também, os olhos castanhos rodeados por uma cova escura. Estava bastante mais magro, o aspecto de alguém que lutara até à exaustão absoluta, os lábios quase brancos e ressequidos.
- Will… – Ginny tentava tomar coragem para perguntar-lhe algo que a atormentava – Você tem medo da morte?
Ele olhou-a profundamente, como se a medisse. Voltou o rosto para a janela, por onde se escoavam os últimos raios de sol.
- Sim. Eu gostaria de dizer que não, uma vez que irei enfrentar o julgamento dos justos e saber se a minha vida teve um sentido. Mas eu estaria mentindo, Gi. Eu não quero morrer, ninguém pode possivelmente desejar isso.
Ela apertou-lhe a mão com um pouco mais de força.
- Mas, no fundo, é isso que nos define, não é? Todos sabemos como foi a nossa vida, pela forma como morremos. E eu sei que a minha valeu a pena, apenas porque você estará ao meu lado. Ter você aqui afasta o meu medo.
A ruiva sorriu-lhe, uma lágrima teimando em cair.
- Ginny… – ele voltou-se e olhou-a directamente nos olhos – Eu preciso que você me deixe ir.
- Não! – a garota colocou a testa sobre as mãos unidas – Eu não consigo.
- Mas é preciso. – ele estava sério, mas calmo ao extremo – Olha para mim, Gi. Olha! – pediu – Eu estarei sempre aqui, quando olhar para uma criança que brinca, o sol que nasce, uma pessoa que ainda é capaz de sorrir no final do pior dia da sua vida. Nunca vou te deixar completamente, mas preciso que você me deixe partir agora.
Ginny desviava os olhos dele, mas era difícil separar-se daquela imagem. Ele estava cansado, demasiado cansado para continuar aquela luta sem sentido.
- Prometa, Ginny. Eu necessito disso.
- Eu…eu…
Foram interrompidos pela entrada da enfermeira, que vinha mudar o soro. Will suspirou, mas pelo olhar que lhe lançou, Ginny viu que o assunto apenas fora adiado, não esquecido.
Saiu do quarto e foi até uma área de descanso na cafetaria, pedindo um chá. Sentou-se perto de uma grande janela de vidro, engolindo junto com o líquido fumegante as palavras de uma promessa que ela sabia ser indispensável.
Quando voltou ao quarto, ele parecia novamente adormecido. A noite já tragara os últimos raios de sol e uma bruma gelada erguera-se do chão, pairando sobre a cidade.
Sentou-se perto dele e relembrou cada momento precioso que tinham passado juntos. Ela devia-lhe muito do que era, do que conseguira ser e fazer. Ele nunca pedira nada em troca, excepto aquilo, o último e mais difícil dos pedidos.
As máquinas apitaram de novo e ele debateu-se levemente. A respiração dele estava rasa e superficial, os punhos fechados com força como se sentisse muita dor. Ela levantou a mão para tocar na campainha, mas parou quando sentiu que ele a olhava.
Os olhos dele não estavam totalmente abertos, mas falavam-lhe claramente. Diziam-lhe aquilo que a sua boca já não era capaz de pronunciar, que o deixasse ir agora e terminasse com aquele sofrimento.
As mãos dela prenderam-se nas dele e retribuiu o olhar ainda forte dele. Ela ainda não formulara as palavras de libertação e o rosto dele crispava-se de dor e agonia.
Ginny percebeu que aquela seria a sua maior prova de amor, muito maior do que prendê-lo a uma vida que já não era dele. Seria uma prova para a eternidade.
- Vai, Will. Eu vou estar aqui até ao fim e depois disso.
As lágrimas caíam descontroladamente, mas ela permanecia firme.
- Ela vai estar à sua espera, o seu anjo. E eu ficarei mais segura, porque agora o meu anjo vai morar no céu também.
Uma nova convulsão, mas ele ainda a olhava.
- Voltaremos a ver-nos, Will. Eu acredito nisso, porque você me ensinou a acreditar. Não porque existe um céu ou um inferno, mas porque é o desejo nos nossos corações. Descansa agora.
Ele fechou os olhos e ela abraçou-o, sentindo o último sopro de vida que habitava aquele corpo.
- Boa noite, Will.
Ela juraria que ele sorrira, antes de partir. Era apenas aquilo que ele estivera esperando, que ela estivesse pronta para dizer adeus. Ou até breve, pois para aqueles que amam muito, não tem a menor diferença.
Quando separou o corpo do dele, beijando-lhe a testa uma última vez, foi até à janela. A escuridão reinava agora, envolta em bruma. E ali, no meio do nada, um vulto.
Apertou os olhos, tentando ver melhor. Abriu a janela e colocou o rosto de fora, sentindo a frescura da noite acariciar-lhe a pele. Ela estava viva. E ele também, de uma forma diferente.
Olhou o vulto e sorriu. Um jovem de cabelos castanhos desaparecia no meio do nevoeiro, de mãos dadas com uma menina. Então, ele não estava só. Nunca mais nenhum deles estaria só.
O funeral de Will foi uma cerimónia bonita e simples. Todos os amigos estavam lá, Belle e Draco incluídos. A comunidade em que Will trabalhava apareceu em peso e Ginny sentiu que aquela seria uma outra forma de ele permanecer vivo: honrar a sua memória, continuando um trabalho que ele apenas começara.
A missa fora dada por um dos tutores do jovem no seminário, chegando a emocionar-se em algumas passagens. A ruiva falou diante de todos sobre o legado que ele deixara, e que cabia a cada um deles manter vivo.
O mais difícil fora ver o caixão descer, sentindo que a terra estava engolindo um pedaço muito importante da sua vida. Mas fora amparada pela irmã, que não a deixara só um minuto desde a noite em que ele morrera, como se estivesse cumprindo a sua própria missão, e pelas palavras que ecoavam na sua cabeça. Palavras de esperança e vida que tinham trocado, uma despedida muito mais valiosa.
Colocou uma flor sobre o túmulo dele, beijando-a docemente antes. As lágrimas silenciosas que caíam não eram dolorosas, mas um escape para uma dor ainda recente. Em breve secariam, a dor diminuiria e a saudade ficaria para sempre. A saudade, esse sentimento agridoce, ligado a quem tem boas memórias que não se repetirão da mesma forma, com os mesmos rostos.
Belle avançou e depositou uma flor, bem como um envelope. Ginny ficou algo curiosa, mas olhando com atenção percebeu que a carta não era da morena. Aquela letra era familiar e pertencia a Harry. Aparentemente, ele tinha algo para dizer a Will e ela tinha a impressão de que o amigo não precisaria ler aquelas palavras, ainda que pudesse, para saber o que elas continham.
Enquanto caminhava para casa, depois de ter olhado uma última vez para a eterna morada de William Fortune, Ginny tentou ordenar os pensamentos. Passou pela loja e recolheu as dezenas de recados que se tinham amontoado com aquele tempo de ausência forçada. Quando entrou em casa, o vazio que encontrou assustou-a.
Ela tinha um trabalho. Amigos. Mas não tinha Harry.
O cheiro dele estava em todos os lugares, em cada recanto daquela casa e em cada pedaço de si mesma. Ele era uma parte insubstituível da sua vida, que nada nem ninguém conseguiria ocupar por muito tempo. Ela pensara apenas nele, no quanto queria que ele estivesse ali durante as cerimónias fúnebres de Will, mesmo estando acompanhada por imensas pessoas que também desejavam o seu bem e lhe davam carinho e conforto.
De que servia ter uma vida organizada e ordenada se não tinha quem mais queria? O seu orgulho e independência seriam o bastante para ocultar a falta que ele lhe fazia, o enorme espaço vazio na sua casa e na sua vida?
Não precisou de mais de um dia para decidir que não. Will estava algures, olhando por ela, e tinha deixado uma mensagem de vida. Era da sua responsabilidade fazer de tudo para que desse certo.
Ela iria ser feliz. Em Nova Iorque, em Paris, no Japão. Ela seria feliz onde estivesse o seu coração e, naquele exacto instante, ele esperava por ela na inesquecível Sicília.
- O que quer, Drácula? – Draco seguira Belle até casa e a morena acabara por perder a paciência, como seria de esperar.
- Você. – ele olhou-a sério e compenetrado – Um grande homem foi enterrado há momentos e eu compreendi a efemeridade da vida. Eu decididamente não quero morrer amanhã, sabendo que não fiz o que mais desejava.
- Não me diga, couve lombarda. Os seus desejos me interessam o mínimo. – voltou-se e ia seguir adiante, quando ouviu novamente a voz dele.
- Não quer saber o que eu mais desejava, lagartixa morena? – o tom era de desafio absoluto. Um desafio irresistível para a garota e ambos sabiam disso.
- Me ilumine.
- Simples… – avançou tão rapidamente que, no tempo em que Belle piscou os olhos, já estavam colados – Te beijar.
- Infelizmente, não podemos ter sempre o que desejamos. – o sorriso dela era retorcido, tentando ocultar a vontade louca de beijá-lo logo.
- Bom, dessa vez eu não vou ter você só porque eu posso. Eu não vou forçar, não vou pedir, muito menos implorar. Dessa vez, o beijo vai acontecer porque você também quer.
Belle ergueu o queixo, altiva.
- Então, suponho que você vai morrer desejando. – com um esticão, soltou-se dos braços dele.
- Eu não desisto fácil, Belle. Muito menos quando quero tanto, tanto, uma coisa. Mas pode escrever que antes de eu voltar a tentar, você já terá corrido para mim para me implorar por um beijo.
- Eu não beijo sapos, Malfoy.
- Nem quando eles podem virar príncipes? – gritou-lhe ele, rindo, enquanto ela praticamente corria pela rua, tentando fugir dele e daquilo que não escolhera sentir.
- Não quando os anfíbios em questão não demonstram nenhum tipo de sentimento ou atitude nobre. – retribuiu, já bem longe.
Quando entrou em casa e viu as dúzias de rosas que se espalhavam por todo o lado, Belle teve certeza que acabara de engolir um enorme sapo.
N/A – Antepenúltimo capítulo, gente. Eu estou quase chorando enquanto escrevo, por isso apenas imagino o quão emotivo vai ser escrever os últimos dois capítulos dessa história. Respondendo a algumas questões: teremos Arthur e Lily (sim, a acção HG termina na Sicília), teremos um vislumbre do que aconteceu à Deirdre, teremos Firenzzi (risada maléfica), teremos Draco e Belle. Quem gosta desse casal (e parece que é muita gente \0/ a Belle conquistou todo o mundo) vai ter uma surpresinha especial. Eu espero ter feito uma despedida à altura do Will, emotiva mas não chocante. O importante não é o sofrimento da morte, mas o renascimento da vida. Obrigado pelo carinho de todos, sem excepção: vocês me inspiram nos piores momentos. Deixem reviews (por favooooooooor), dizendo o que acharam e expressando os vossos desejos para o final da fic. Quem sabe, não acabam sendo atendidos? Ahauhua.
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