Prongs e Padfoot
N.A.: Obrigada pelos comentários e pela compreensão das pessoas! Só peç que não vão se animando muito com a rapidez do capítulo sete, porque ele já estava uma boa parte escrito quando minha mãe me proibiu... O oito certamente irá demorar bem mais.
Srtá. Grint: Olha, a autora da melhor fic Fred/Angelina que eu já li... Obrigada pela presença, que bom que você gostou dessa minha humilde história! Beijos!
Gabriela Twilight: A fiel Gabriela, a única pessoa que lê a Perfume e deu as caras nas minhas songs... Obrigada! O Snape, às vezes ele age meio estranho, é porque ele tem muito ciúme da Lily... Nesse capítulo também tem alguma coisa, confira! Quanto ao Faunt, parabéns! *toca aquela musiquinha* Você acertou! Esclarecimentos maiores no texto aí embaixo e no capítulo oito... Sim, é difícil pro Sirius, como também é difícil pro Remie, amar a mesma garota que o James. Complica a situação... Valeu pelo comentário e pelo apoio, beijos!
Ana Bolena Black: *olha atônita para os cinco comentários da Ana* OK, vamos lá... Que bom que você gostou do capítulo 5; eu, sinceramente, não achei que ficou bom, mas se você gostou, ótimo! Não, você não está doida; como o Floreios tem o péssimo costume de fazer logout sem nos consultar, eu atualizo por partes, e naquela hora eu ainda não havia colocado a última frase do capítulo... A cena J/L ficou legal mesmo, né? Quanto ao Wormtail, não ache fofinho esse ato dele não; só vai complicar a vida dos Marauders. Obrigada pelo comentário e pela compreensão!
Danny Evans: O Severus só está começando a mostrar seu lado sombrio... *risada maligna* Realmente, se a Alice e a Daisy não tivessem feito aquilo, a Lily não ia contar... Eu não gosto de torturar vocês... bem, talvez só um pouquinho. É que eu mesma não sei pra quem torcer, daí isso reflete na fic... Não fique com muita pena do Sirius não; depois as coisas complicam... Valeu!
Dark Princess: O final do capítulo ficou triste mesmo... E eu sou má com eles, sim... E o pior é que nem sei se vou poder me retratar com eles nesta fic, porque eu não sei qual dos quatro fica com a Lily... *batendo a cabeça na parede* Que bom que você gostou e obrigada pela compreensão! Beijos!
Gaby Evans Potter: Temos que entender o Six, e levar em consideração que ele nunca foi muito de pensar... Que bom que gostou do sete! Quanto à briga do James e do Sirius, é temporária... A definitiva vem depois... Eu falei definitiva? Melhor ficar quieta antes que eu fale demais... Beijinhos pra minha leitora mais maluca! *tentando imaginar a Gaby dançando conga pela casa*
Bruh ternicelli: Na verdade, o meu plano é o James descobrir agora, mas depois se reconciliar com o Sirius, e os dois se concentrarem mais em afastar o Severus da Lily, porque o Severus vai mostrar o quanto gosta dela logo... Que bom que adorou o capítulo! Tomara que goste desse também! Beijos!
Flavinha Snape Kal: Que bom que você viciou na minha fic, daí você não deixa de ler nunca... Até eu tenho inveja da Lily, com os quatro atrás dela... Eu não saberia qual escolher! Eu tenho uma noção sim, serão 20, contando com o epílogo; eu sei que é pouco, mas é que eu faço capítulos bem compridos... Valeu!
Prizinha: Aaaah, uma leitora nova! *capota* Eu também não sei quem eu escolheria... Imagine, James Potter, Sirius Black, Remus Lupin e Severus Snape aos meus pés... Eu ficava com os quatro! Pena que poligamia é contra a lei... Obrigada pelo comment!
Thássia: Concordo com você, notas são uma merda... Matérias de cálculos são uma merda, o primeiro ano do segundo grau é uma merda... Fazer o quê, né? C'est la vie... Que bom que gostou do capítulo! Beijos!
alanitinha: Aaaah, outra leitora nova! *capota de novo* Que bom que você lembrou de olhar pra ver se eu tinha atualizado... É, Remus/Lily formam um casal lindo mesmo, aliás, eu gosto de tudo quanto é tipo de casal envolvendo a Lily, até mesmo Severus/Lily... Já passei na sua fic e adorei mesmo. Obrigada pela compreensão, e beijos!
Ana Carolina_Patil: Aaaaah, mais uma leitora nova!! *capota pela terceira vez* Que bom que gostou da fic! Geralmente, o povo passa na Shining Like a Diamond, passa na Incondicionalmente, mas chega aqui e não gosta da Perfume por causa do shipper... Ainda bem que existem exceções! Obrigada por ter comentado lá! *vermelha* Você acha que eu escrevo bem mesmo? Não é pra tanto! Obrigada de novo, e beijos!!
N.A.: Tomara que gostem desse capítulo... Acho que não ficou nem a sombra do que eu queria que ficasse, mas espero ansiosamente a opinião de vocês!
Já haviam se passado duas semanas. As duas semanas mais longas da vida de James Potter.
Ele nunca se vira tanto tempo com uma questão séria lhe atormentando a mente. Via Sirius na mesa, olhando para ele, rindo ou fazendo alguma piada, e sentia o coração queimar de confusão, remorso, decepção, e, principalmente, ciúmes. Tinha ouvido alguns garotos falarem dos ciúmes que tinham de suas namoradas, e ele sempre considerara aquilo algo fútil e sem razão. Agora os entendia perfeitamente.
E o pior era não ter pra quem contar. De repente, se dera conta que Sirius
era o seu confidente. Não se sentia com ânimo de falar com mais ninguém. Remus, ele já estava com aquela aparência frágil e etérea, como se, de tão magro, fosse sumir no ar. Não queria preocupar o amigo. Já Wormtail iria dedar tudo para Sirius na primeira oportunidade, provavelmente. E quanto a Frank, eles nunca tinham sido amigos tão íntimos assim para que ele chegasse e falasse dessas coisas. Sentia-se absolutamente perdido.
E Lily. Ele não podia acreditar que ela beijara Sirius, e ainda lhe dera esperanças, naquela noite. Sentia raiva, sentia-se ferido, machucado, e não podia deixar de amá-la. Porém, ele mesmo percebeu, seu amor sofrera uma mudança. De afeto quase inocente, passou para um amor ciumento e um tanto possessivo. Ele sentia-se queimar por dentro ao vê-la, ao pensar em todos que ela deveria ter beijado. Pensar em Sirius.
Como ele pudera beijar Lily, sabendo muito bem o que o amigo sentia por ela? Sirius o considerava seu amigo? Será que tinham vivido apenas mentiras, durante os sete anos em que se conheciam?
É por isso que ele estava deprimido. Acho que ele se sente culpado, James.
“Adianta muito se sentir culpado. Fez mesmo assim.”
Você sabe como o Sirius é, ele não pensa. Faz as coisas e só depois se arrepende. Você já perdoou tanta besteira…
“Mas não tem como perdoar essa. Ele… ele me traiu. Sabe que eu amo Lily, e me traiu.”
O Remus foi capaz de perdoar ele quando ele fez aquela bagunça toda com o Snape. Por que você não é capaz de perdoar ele só porque ele beijou a Lily? Você ouviu ele dizer que ela não falou nada, que disse que precisava de um tempo.
“A mesma coisa que ela disse pra mim.”
É… Mas qual é o problema de ela ficar com ele? Você não seria capaz de deixá-la com ele?
Não. Ele não era capaz. Daria muita coisa por Sirius, inclusive sua própria vida, mas Lily… Lily era o seu bem mais precioso, a razão do seu viver. Só de pensar em viver sem aquele sorriso fantástico, ou pior, com aquele sorriso fantástico voltado para Sirius, era uma idéia assustadora e dolorosa. Pegou-se com os olhos queimando apenas de pensar nisso.
E a indecisão que já corrompera Remus, para depois atormentar Lily, e daí visitar Sirius, visitou os seus próprios pensamentos, enquanto ele se deitava no dormitório, olhando para o dossel da cama e desejando ardentemente que o mundo acabasse.
— James está estranho — comentou Frank, após ver o amigo de cabelos bagunçados deixar o Salão Principal quase sem tocar na comida.
— Concordo — disse Remus, tomando um gole de suco de laranja, pensativo. — Ele tem falado pouco, não come, não faz piadas…
— Parece que agora é o James que foi atingido pela depressão conjunta — disse Daisy.
— Essa coisa pega, hein? — comentou Frank, dando um tapa sonoro no ombro de Remus, que foi para a frente resmungando. — Daqui a pouco vou ser eu!
— Não sei se vai ser você, mas não precisa me matar por causa disso — reclamou Remus, esfregando o ombro. — Sabe de alguma coisa, Sirius? Eh… Sirius?
Sirius fitava pensativamente o linho branco da toalha de mesa, como se a estampa da toalha fosse uma obra de Da Vinci.
— Sirius! — chamou Alice.
— O quê? Alguém falou comigo?
Todos suspiraram.
— Eu perguntei se você sabe por que o James tá assim — repetiu Remus pacientemente.
— Assim? Assim como?
— Assim, triste, deprimido, sem comer direito…
— E por que eu saberia isso?
— Hum… Quem sabe por que você é o melhor amigo dele?
— Não é por isso que eu tenho que saber das coisas. Eu e James somos seus melhores amigos e nem por isso você conta as coisas pra gente.
— Concordo plenamente com o Sirius — disse Frank. — Você nunca conta nada, Remie.
— Eu não conto nada porque eu prefiro guardar meus problemas só pra mim — disse Remus irritado. — Algum problema?
— Você não deveria fazer isso! — repreendeu Alice. — Isso envenena as pessoas por dentro!
— Que eu saiba — disse Remus, a respiração desigual —, nós não estamos discutindo se eu conto meus problemas ou não. Estamos discutindo sobre o James. Alguém sabe se aconteceu alguma coisa?
— Faz umas duas semanas que ele tá assim — comentou Peter.
— Eu não sei de nada concreto — disse Sirius.
Remus correu os olhos pela mesa e todos balançaram a cabeça negativamente.
— Então… OK. Vamos ter que fazer o James falar.
— Ah, bonito, hein, Remus Lupin? — disse Daisy com as mãos na cintura. — O James tem que falar, você pode ficar quieto, né?
— Ah, me deixem em paz, vocês também — disse Remus, mais grosseiro do que pretendia, se levantando da mesa e sumindo pelo Saguão de Entrada.
Os outros ficaram observando Remus sair.
— É… — comentou Frank. — Isso realmente pega.
Um sábado. Noite.
Severus Snape olhava pensativo a paisagem, debruçado na janela da Torre Sul. O que ele estava fazendo tão longe de seu dormitório, naquela noite em que os ventos frios do fim do outono provocavam arrepios nos alunos, nem ele mesmo saberia dizer.
Havia dias que não era mais o mesmo. Que se sentia fraco e infeliz, e ainda por cima confuso. Não só com as estranhas conversas com Faunt, mas também por causa de Lily. Estava certo de que a amava, mais do que nunca. Mas não sabia qual era a opinião dela sobre ele (certamente não boa, já que ele a chamava de sangue-ruim até o fim do quinto ano). Não sabia como afastar os nojentos Marauders de sua querida Lily… Via James Potter e Sirius Black cercando-a o tempo todo, observava eles se abandonarem em contemplações mudas de sua beleza como ele mesmo fazia… E cada vez que via isso ficava mais inquieto, pois sabia que não tardaria o momento em que eles tentariam corrompê-la…
Muito antes que Faunt parasse atrás de si, ele já tinha ouvido seus passos e sabia que era ele. Numa última tentativa de ser deixado em paz, fingiu ignorá-lo, mas não pode mais fazê-lo quando ele pousou a mão em seu ombro.
— Você de novo — ele suspirou, cansado.
— Eu de novo — disse Faunt.
— Por que você nunca pára de me atormentar?
— Porque eu realmente preciso falar com você. Se for para você acreditar, eu posso até contar qual é a minha relação com a Eileen.
Severus olhou para Faunt longamente, avaliando a proposta.
— Escuto o que você quiser falar, se prometer me deixar em paz depois disso.
— Prometo.
— Então pode falar.
Faunt inspirou profundamente.
— Não aqui. Qualquer um pode nos ouvir. Amanhã, às nove horas, na minha sala.
Severus fez que sim. Um sorriso verdadeiro se abriu no rosto de Faunt. Por um instante, Severus pôde enxergar através da aparência sinistra do homem, e ver uma pessoa. O verdadeiro Jason Faunt, na sua alegria dos anos de outrora. A mudança o deixou francamente impressionado.
— É melhor que você vá para o dormitório. Se… Filch te parar nos corredores… só diga que estava comigo e que eu te dei permissão para ir até o dormitório naquela hora. Ele vai acatar.
Dizendo isso, Faunt saiu. Deixando Severus pensativo. O que será que o professor poderia ter a dizer a ele? No que isso poderia ajudar no entrelaçado de enigmas que era sua vida?
Sozinho na Sala Comunal, naquela fria noite de sábado, aconchegado perto da lareira, Remus escrevia furiosamente num pergaminho. O poema saiu inteiro de uma vez só, como se estivesse sendo psicografado e não escrito naquele instante, com todas as forças de sua dor.
Sempre achara que escrever era um modo muito pobre de manifestação de sentimentos, um analgésico muito leve para a dor de ficar em silêncio. Mas na situação desesperada em que se encontrava, qualquer alívio era bem vindo, qualquer mínima ajuda era aceita com aflição.
Quando terminou, avaliou o processo. Espantou-se ao ver o tamanho de seu desespero naqueles versos.
Noites passadas em claro
Gemidos sufocados no travesseiro
Olhos ardidos de lágrimas
Lágrimas por te amar e não poder dizer
Lágrimas por te sentir e nada poder fazer
Por sentir rachar meu coração despedaçado!
Morre a pretendida confissão nos lábios
Desabafo meu inferno apenas em alfarrábios
E cá estou eu, moribundo e condenado!
Noites passadas em claro
Gemidos sufocados no travesseiro
Olhos ardidos de lágrimas
Lágrimas por amá-los demais pra confessar
Por estar em silêncio vendo-os disputar
Seu amor inocente enquanto morro desprezado!
Sofrimento, solidão, desgraçada ironia
Ver teus lábios rubros, morrendo de agonia
Deixar-me consumir em amor desesperado!
Noites passadas em claro
Gemidos sufocados no travesseiro
Olhos ardidos de lágrimas
Dor, por que não traz contigo o fim do meu viver?
Porque sempre tenho eu de suplício padecer?
Afogar o meu amor em versos desbotados?
Lágrimas por ver teus cabelos e não poder tocá-los
Por ver teus olhos verdes e não poder admirá-los
Por tentar esquecer e ser sempre derrotado!
Noites passadas em claro
Gemidos sufocados no travesseiro
Olhos ardidos de lágrimas
— Será que jogo os versos na lareira? — perguntou, olhando para aquele fruto do amor sem esperanças.
Sentiu um súbito carinho pelo pergaminho. Desafogara seus sentimentos nele e agora o jogava fora?
Levantou-se e apanhou a mochila, abrindo sua pasta e colocando o rolo de pergaminho dentro.
Mal sabia que, ao fazer isso, estaria selando o destino dos Marauders.
Dia seguinte. Tarde. Domingo.
James contemplava o teto do dormitório, deitado no seu beliche. Ali, tomado por uma letargia tão diversa de seu habitual espírito animado, sentia como se todas as dores do mundo doessem nele. Não sabia o que fazer, não sabia o que falar, só sentia que, se continuasse sem dizer nada, se continuasse com aquela cara de paisagem enquanto via Lily e Sirius trocando olhares, iria ter um ataque epilético.
Foi quando ouviu o ranger da porta, que em seguida bateu com um baque desagradável, mas não desagradável o suficiente para afastar Sirius Black do quarto. Com a goles debaixo do braço, gritou a plenos pulmões:
— Que é isso, Prongs?! Esqueceu do treino de quadribol de hoje à tarde?!
Como não houvesse resposta de James, Sirius começou a sacudir o beliche onde estava o amigo, forçando-o a se virar para ele.
— O que foi, Sirius?… — perguntou, cansado, e com raiva só de olhar para aquele rosto, que agia como se não tivesse feito nada.
“Olha só como ele é cínico! Se eu estivesse no lugar dele, não olharia na minha cara!”
Você está exagerando, James…
— O que foi?… — repetiu Sirius inquieto. — Você deve estar à beira da morte, James, pra ter esquecido do treino de quadribol que você mesmo marcou! Tá todo mundo lá embaixo te esperando!
— Ah, quadribol… — murmurou James. Não sentia a menor vontade de fazer alguma coisa que não envolvesse dormir. — É verdade, quadribol. Desmarca o treino então. Não tô a fim de ir.
O queixo de Sirius caiu.
— Meu Deus, o caso é grave mesmo — murmurou impressionado. — James, acorda, o jogo contra a Sonserina é sábado que vem! Se a gente não treinar, vamos perder!
James esfregou os olhos.
— OK, mas já digo que desse treino não vai sair muita coisa…
Preguiçosamente, ele se levantou, se espreguiçou e apanhou sua Silver Arrow, enquanto Sirius o esperava, os pés batendo no chão de impaciência.
— Terminou a sessão de beleza? — perguntou, quando James foi ao banheiro bagunçar o cabelo. — Você vai pra um treino de quadribol, não pra um concurso, tá, miss Universo?!
James sorriu para si mesmo. Sabia que estava irritando Sirius. Dane-se o troféu e o campeonato, desde que aquele cachorro vadio pagasse por ter colocado os olhos na sua Lily.
Oh, a vingança do século. James Potter demora no banheiro e deixa Sirius Black irritado. É impressionante a grande astúcia do plano.
“Ah, não enche o saco.”
Isso, ferre a Grifinória toda só para uma minúscula satisfação pessoal.
“Falei pra não encher o saco. Já tô saindo, se isso te deixa feliz.”
Ótimo, agora se concentre no treino. A Taça de Quadribol não tem nada a ver com seus dramas pessoais. Se você quer ser lembrado por toda a eternidade como o capitão que perdeu a Taça após seis anos de vitórias consecutivas…
“Você sabe como me assustar, né? Olha, estou descendo a escada com o maldito traidor. Satisfeito agora?”
Sim.
“Nojento.”
— Alôôô! Terra chamando Prongs! — exclamou Sirius, agitando os braços na frente do rosto de James. — Em que planeta você tá, hein, cara?
— Em Vênus — respondeu James áspero.
— Ah, Vênus… Marte é mais divertido, cara. Marte é o planeta vermelho.
— Ah, Sirius, cala a boca.
— Ele fala que eu caí na depressão, mas eu estou vendo bem quem é o depressivo — disse Sirius como se falasse com uma terceira pessoa.
— Eu já falei, Sirius, cala a boca. Não sei se percebeu que eu não estou de bom humor, então, pelo amor de Gryffindor, uma vez na sua vida, fica quieto.
Sirius murchou, com aquela expressão de cãozinho abandonado em dia de chuva, mas James não se comoveu nem se desculpou. Sentia a raiva pulsando em suas veias.
Quando os dois chegaram ao campo, Gideon Prewett, Caradoc Dearborn, Dorcas Meadowes, Eric Munch e Sturgis Podmore esperavam-nos.
— Ah, então achou o desaparecido, né? — exclamou Dorcas risonha.
— Quase dormindo na Sala Comunal — disse Sirius.
— Foi mal, pessoal, estou meio doente, esqueci do treino — disse James coçando a cabeça. — E além de tudo estou de mau-humor, então vamos começar logo essa coisa. Sirius, Caradoc, Gideon, fiquem a postos, vou jogar a goles. Vão visar o gol da Dorcas, óbvio. Eric, Sturgis, fiquem atentos quando eu soltar os balaços. Vou observar um pouco, depois soltarei o pomo. Agora, voem.
Todos fizeram acenos afirmativos de cabeça e partiram para o alto em suas vassouras. James apanhou a goles e a atirou para o alto, no que ela foi imediatamente apanhada por Sirius com um rasante. Em seguida, James soltou os balaços, e eles voaram pelo ar em sua trajetória louca e perigosa.
James subiu com a vassoura e ficou observando o aspecto do treino. O time estava afiadíssimo. Sirius, Caradoc e Gideon faziam estratégias de passe ousadas, usando manobras e formações de ataque como ele instruíra. Seria quase impossível para um goleiro defender essas tentativas, a não ser, claro, se esse goleiro fosse Dorcas, que, com força nos braços e fazendo movimentos de vassoura para diminuir o impacto da bola sobre si, defendia particularmente bem e atirava a goles para James, que a repassava a algum dos artilheiros. Já Sturgis e Eric postavam-se perto dos jogadores, e, a qualquer tentativa de aproximação de um balaço, os dois rebatiam a bola com maestria, impedindo que atrapalhassem as jogadas dos artilheiros. Viu Caradoc passar a bola para Gideon. A goles era vermelha. Como os cabelos de Lily…
Concentre-se, seu idiota. Não vá ficar pensando nisso agora. Você tá ficando paranóico.
“Todas as garotas da escola são doidas para ter uma chance com o Sirius. E se Lily também for apaixonada por ele?”
Você sabe que Lily não é como todas as garotas. Espere até ela dizer o que sente. Daí você se preocupa.
“Pra você, que só aparece na hora em que te interessa, é fácil. Não consigo… Não vou conseguir compartilhar Lily… Nunca…
Egoísta.
“Não é egoísmo! Eu daria tudo por Sirius, mas não posso dá-la! Eu não vivo sem ela, não há sentido sem o sorriso dela, não me peça algo que está além das minhas forças…”
Se realmente a amasse, seria capaz de deixá-la ficar com o Sirius.
“Eu a amo demais para conseguir suportar outra pessoa com ela! Não me julgue!”
— Ei, James! — disse a voz de Dorcas, lá do gol, despertando-o do devaneio. — Você não vai soltar o pomo?
— Ah, é, vou — disse Prongs se lembrando de repente.
Ele desceu até a caixa onde estava guardado o pomo e o libertou no ar. Ainda teve uma breve visão das asas douradas da bolinha antes que ela sumisse no ar.
“OK, concentração…”, foi o que pensou, subindo no ar com a Silver Arrow, focalizando o campo.
Rodeou os jogadores por algum tempo, procurando qualquer vestígio de um reflexo dourado, até que o viu pairando a alguns metros de Sirius. Em menos de um segundo, uma idéia sinistra lhe ocorreu.
Posicionou a vassoura, deitou-se no cabo e disparou-a como se fosse uma flecha em direção a Sirius; o amigo recuou, evitando a colisão por centímetros.
— Ei, olha por onde voa! — disse, aborrecido, pois a manobra de James impedira que uma boa jogada fosse concluída.
— Foi mal, Padfoot! — disse James com um sorriso muito maroto no rosto. — O pomo estava pertinho de você!
— Tá OK… — disse Sirius, apanhando a goles e saindo para armar outra jogada.
A cena se repetiu mais duas vezes. Ao final do treino, Sirius já tinha percebido que a “depressão” de James tinha a ver com ele.
— O que será que eu fiz?… — resmungava para si mesmo, caminhando para o vestiário.
Biblioteca.
Lily ficara chocada com o resultado de sua última tarefa de Transfiguração. Apenas “Aceitável”, e ela precisava de no mínimo um “Excede Expectativas” se quisesse ser alguma coisa na vida, conforme explicou histérica a Alice e Daisy. No fundo, ela sabia porque não conseguira tirar uma boa nota… O nervosismo a tornava confusa.
Tentando recuperar o atraso, logo após terminar os deveres de Feitiços e Herbologia, correu para a biblioteca. Apanhou uma dezena de livros e colocou-os em cima da mesa, lendo um após o outro com concentração, os cabelos ruivos caindo por cima das páginas, sem perceber que dois pares de olhos a observavam.
Duas mesas à frente, num canto isolado da biblioteca, os olhos mel de Remus Lupin fitavam Lily desde que ela entrara no recinto, fitando o brilho acobreado que as velas de luz trêmula causavam em seus cabelos. Ele se sentia aflito, transcrevendo várias passagens de livros sobre o planeta Netuno no pergaminho, mas sem conseguir realmente se concentrar no dever. Pensava em Sirius e pensava em James, e estava atento a qualquer mínimo gesto da ruivinha.
Algumas mesas para o lado, o olhar de Severus Snape nem de longe era tão discreto. Seus olhos negros e profundos fitavam a garota sem disfarce, admirando cada detalhe daquele rosto angélico, da perfeição de porcelana daquela pele. Meditava em como ela poderia ser tão bonita e ainda assim não ter nem um pouco de vaidade, ser uma garota gentil e defender as pessoas que precisavam. Via seus dedos delicados virando as páginas do livro, pensando em como seria sentir o toque deles em seu rosto, e, sem perceber, aproximou do rosto a mão que havia tocado levemente na mão dela.
Foi então que, por um instante, olhos dourados e negros se cruzaram no ar, e Severus e Remus perceberam que estavam observando a mesma garota.
Severus assumiu uma postura defensiva, flexionando os dedos longos com ar ameaçador, como um escorpião que prepara as pinças. Já Remus lançou um desafio mudo no ar. Nenhum dos dois se atrevia a desviar o olhar, como se estivessem brincando de não piscar e Lily fosse o prêmio.
Serenamente inconsciente de que se travava um duelo silencioso por ela, Lily continuou lendo calmamente até erguer os olhos verdes e se deparar com Remus logo à sua frente, olhando para algum ponto ao seu lado. Virou a cabeça para ver o que ele estava fitando, e viu Severus Snape.
Surpresa, observou-os como se estivesse assistindo a uma partida de tênis, virando a cabeça de um lado para o outro. Nenhum dos dois se apercebeu que o objeto de suas atenções percebera seu duelo incomum. Divertida, Lily deixou-se ficar apenas olhando.
Passaram-se alguns minutos, até os olhos dourados de Remus cansaram-se de olhar para a figura estranha do garoto ao lado da amada e se voltaram para a ruivinha. Um súbito rubor afluiu às suas faces ao perceber que ela o fitava, e ele afundou a cabeça no livro de Astronomia, rezando para ela não ter notado a comoção com que ele o olhava.
Intrigado com o que desviara a atenção de Remus, Severus olhou para o lado e viu Lily, agora olhando para ele. Para seu completo horror, sentiu as maçãs do rosto queimarem de vergonha. Num átimo, juntou seu material e saiu quase correndo para fora da biblioteca.
Sem assimilar a natureza da estranha ocorrência, Lily voltou à sua leitura. Remus voltou ao seu trabalho, porém mais desatento que antes. Agora, ele sabia que havia mais um rival no páreo. E suas chances de ficar com a ruivinha diminuíam a cada segundo. Sentindo um soluço apertar a garganta, ele vasculhou o livro até achar mais uma menção a Netuno e pôs-se a copiá-la, lágrimas umedecendo o pergaminho.
Salão Principal. Jantar.
Algumas ausências eram notáveis nas mesas das casas. Primeiro, o popular James Potter, que saíra do vestiário após o treino de quadribol e ninguém sabia informar onde se metera. Depois, o estudioso Remus Lupin, que não saíra de nenhum vestiário após o treino, mas cujo paradeiro era igualmente ignorado pelos demais. Na mesa da Sonserina, era visível a falta de Severus Snape, cujos colegas de dormitório relatavam que se trancara no quarto e não deixara mais ninguém entrar. E, na mesa dos professores, era clara a falta do professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
— E onde é que está o James, Sirius? — perguntava alguém do “fã-clube do Potter” pela milésima vez.
— Já falei que não faço a menor idéia! Será que vocês não têm nada melhor pra fazer não? — respondia o rapaz irritado.
Depois que o importuno se afastou, Sirius lançou um olhar aos amigos. Lily, Alice e Daisy seguravam o riso. Já Frank e Peter não se davam a tal trabalho.
— Que foi? — perguntou Sirius agressivo. — Não sei por que todo mundo acha que eu sou um boletim diário sobre o Prongs! Pô, sou o amigo dele, não a babá!
Frank chorava de tanto rir, e Peter, entre as gargalhadas, perguntou:
— Mas você não faz mesmo a menor idéia de onde está o James?
— Já disse que não! — exclamou Sirius exasperado. — O cara esquece o treino de quadribol, se distrai no campo, quase me atropela umas dez vezes com a vassoura, vai pro vestiário sem falar com ninguém, sai antes de todos, você espera ainda que eu saiba onde ele está?!
— E o Remus? — perguntou Frank.
— Eu vi ele na biblioteca — comentou Lily entre garfadas, evitando os olhos cinzentos do rapaz à sua frente. — Estava brigando com o Severus.
Todos se entreolharam.
— Remus, brigando? — repetiram Sirius, Peter e Frank, de olhos arregalados.
— É — confirmou a ruivinha. — Não do jeito que vocês estão pensando — acrescentou, ao ver o espanto dos três. — Ele e o Severus ficaram se olhando de um jeito que, se olhar matasse, os dois já estavam enterrados.
— Será que o Ranhoso fez alguma coisa pro Remie? — perguntou Peter.
— Não o chame assim, Peter! — repreenderam as meninas.
— Ih, olha lá, o Seboso faz sucesso com as gatinhas — zombou Sirius. — Eu nunca tive três garotas me defendendo.
— Sirius! — exclamaram as meninas e Frank.
— Que foi? — perguntou o rapaz, de boca cheia, migalhas voando para fora da boca.
— Ah, Sirius, você é um porco — disse Daisy girando os olhos para o teto. — Por falar nisso, o Severus também sumiu, né?
— Vai ver está lavando os cabelos — disse Sirius. — Demora muito para ele conseguir tirar aqueles litros de óleo do cabelo, por isso se atrasa para o jantar. Ah é, lembrei, ele nunca lava o cabelo.
As garotas bufaram impacientes, enquanto Frank e Peter riam.
— Ah, não dá pra falar a sério com você, Sirius — resmungou Alice.
— Ainda bem — disse Sirius sorrindo. — A vida não ia ter nenhuma graça se eu fosse sério.
— É, não teria — admitiu Lily, para em seguida corar.
Sirius voltou para ela os seus olhos, no momento quase prateados e penetrantes, e a ruivinha sentiu algo no seu estômago se agitar, baixando a cabeça para o prato. Ninguém conseguiu captar esse movimento a não ser Peter.
Nove horas. Sala de Faunt.
Uma batida discreta e depois um leve ranger de dobradiças anunciou a entrada de Severus Snape no escritório do professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Ele encontrou o homem debruçado à mesa, corrigindo uma pilha de pergaminhos com um olhar rápido mas avaliativo. Viu-o muxoxar enquanto lia, riscando com uma pena vários pergaminhos.
— Francamente, barretes-vermelhos serem derrotados com cerveja amanteigada…
— Ham, ham.
Faunt virou-se para o lado. O seu rosto se iluminou de súbita alegria, enquanto ele guardava os pergaminhos e se encaminhava para receber o visitante.
— Severus! — disse ele, como se fossem amigos de longa data se revendo. — Que bom que veio mesmo! Quer um chocolate?
Ele indicou uma caixa de bombons abertas em cima da mesa. Severus não pôde deixar de lembrar-se de Lily.
— Não, obrigado.
— Eu estava corrigindo umas redações sobre barretes vermelhos, você não faz idéia das besteiras que escrevem…
— Pare de enrolação — cortou Severus. — Nós não somos amigos, por enquanto. Por isso, em vez de ficar falando inutilidades, vamos direto ao assunto.
Faunt sorriu novamente, o motivo Severus não podia imaginar por quê. Ele não sabia o quanto era parecido em personalidade com Eileen Prince; e não sabia como aquele “por enquanto” era animador para um homem em frangalhos.
— Está certo, Severus. Vamos ao assunto. Sente-se, por favor.
Com um gesto de varinha, Severus fez uma cadeira voar pelo ar e parar confortavelmente atrás de si, para em seguida se acomodar.
— Não sei por onde começar — confessou Faunt.
— Comece como quiser. — disse tranquilamente. Finalmente Faunt o deixaria em paz, e aquilo era, se não animador, pelo menos confortante. — Talvez, possa começar dizendo o que você sabe sobre a minha mãe.
Faunt inspirou fundo, como um homem que se prepara para uma longa batalha. Vasculhando sua mente, ele se pôs a resgatar do fundo de sua memória acontecimentos que pareciam pertencer a uma outra vida, a uma outra pessoa…
— Lee, o que você vai ser quando sair de Hogwarts? — perguntou Jason, curioso, para a amiga ao seu lado.
Estavam sentados embaixo de um carvalho que debruçava seus galhos no lago, admirando o céu de um imenso azul. Ao contrário do habitual, a expressão de Eileen não era irritada ou mal-encarada, mas sim pensativa e tranqüila. Nesses momentos raros, Jason a achava ainda mais bonita.
— O que disse, Jay? — ela perguntou. — Estava distraída.
— Eu perguntei o que você vai ser quando sair de Hogwarts — repetiu Jason paciente.
— Não sei — disse ela dando de ombros. — Ainda não decidi.
Os dois ficaram em silêncio por um momento. Eileen contemplava o céu, os longos cabelos encaracolados e negros emoldurando o rosto pálido e provocando um interessante contraste. Jason se abandonou por alguns instantes à contemplação da garota. Até ela perguntar:
— Que é que está olhando?
— Nada — disse Jason, olhando para o céu também. — Lee… por que você não vira jogadora profissional de bexigas?
A risada de Eileen encheu os ares. Era uma risada gostosa e argentina, que soou como canção aos ouvidos do amigo.
— Ah, Jason, só você pra ter uma idéia tão idiota.
— Não é idiota — defendeu-se ele. — Eu nunca vi alguém fazer o que você faz com uma bexiga nas mãos.
— É, mas seja lá o que eu for ser, eu espero que seja mais do que uma jogadora de bexigas — ela sorriu, para voltar a fitar as nuvens.
— Você tem que decidir logo… Os NOMs estão aí. Você vai fazer a orientação vocacional com o Slughorn sem saber o que quer ser?
— Não tem pressa. Só o que eu sei é que quero ser alguém especial.
— Você já é especial, Lee.
— Não, eu não sou. Sou só a capitã do time de Bexigas… E ninguém liga pra mim…
— Eu ligo — disse Jason com firmeza.
Outro sorriso se formou na face de Eileen.
— Obrigada, Jay.
Eles tornaram a olhar para o céu, e observar o lento movimento das nuvens por mais algum tempo.
— E você, Jason, o que quer ser?
— Eu?
— É.
— Eu… não sei. Acho que… quero ensinar. Ser professor.
— Professor? — repetiu Eileen surpresa. — De quê?
— De Defesa contra as Artes das Trevas, oras. Acho que não quero deixar Hogwarts nunca.
A risada de Eileen encheu o ar.
— Jason, você é um maldito CDF.
Jason riu junto com a amiga.
Então a encarou. Por um instante que a ele pareceu infinito, ele ficou contemplando a imensidão dos olhos negros da garota, a doçura de seu sorriso, seus lábios róseos e finos num lindo conjunto.
Sem saber direito o que estava fazendo, nem por que estava fazendo, rolou para o lado. Agora, estava colado com Eileen, e enlaçou sua cintura com um braço, prendendo-a no chão. Os olhos dela estavam levemente surpresos, sua respiração ofegante.
— Jason, o que você…?
— Psiuuu — replicou Jason, deslizando a mão pelo rosto pálido de Eileen. — Não fale nada. Não pense…
Ele mesmo já não estava pensando. Se aproximou. Com puro deleite, observou as pálpebras de cílios longos e negros se fecharem. Aproximou-se mais…
Os lábios agora se tocavam, num beijo quase infantil; Jason sentiu as mãos de dedos longos da garota se juntarem atrás de sua nuca, puxando-o para mais perto, para um beijo mais profundo; acariciou os lábios dela com a língua, pedindo passagem, e sentiu intenso prazer quando ela os entreabriu, permitindo que ele deslizasse a língua para explorar aquela boca por tanto tempo desejada…
— Faunt?
A voz de Severus o despertou para a razão. Estivera perdido em devaneios, lembranças desaparecidas no tempo, de um Jason Faunt que não existia mais.
— Desculpe. Estava apenas me recordando.
— Queira ter a bondade de começar logo — disse Severus, fazendo um gesto com a mão.
Uma mão de dedos longos como a de Eileen.
— Está bem, Severus, vou começar dizendo quem eu sou… Jason Faunt… a pessoa que mais amou Eileen Prince durante a sua passagem pelo mundo…
Ele observou o queixo do rapaz cair.
Onze horas.
Já fazia algumas horas que James estava debruçado na janela do corujal. Aquele lá era seu refúgio desde criança, quando brigava com Peter, quando recebia um passa-fora de Lily. Quando queria pensar.
Mas agora ele não queria pensar. Pensar significava lembrar da traição de Sirius; lembrar como talvez a garota de seus sonhos fosse apaixonada pelo seu melhor amigo. Ele já tinha lido histórias assim, mas nunca pensara que algo assim pudesse acontecer consigo. Não acreditava que seria capaz de um “sacrifício sublime”. Sacrificar sua esperança de conquistar o coração da ruivinha era sacrificar sua vida. Cada pensamento seu lhe soava amargo e cheio de ironia.
Passos contra o chão de pedra. Não havia o que temer; estava coberto pela Capa da Invisibilidade. Era justamente o que queria ser no momento, invisível. Provavelmente devia ser algum aluno vindo despachar uma coruja na calada da noite, ou algum monitor vindo inspecionar, ou mesmo o zelador Filch, seguindo qualquer barulho…
Foi quando a porta se abriu e James viu a pessoa que menos queria ver naquele momento.
— Prongs? Eu sei que você tá aí — disse Sirius.
Segurava o Marauder’s Map. Maldita a hora em que concordara em fazer aquele mapa. Malditas todas as horas que Sirius Black fingira ser seu amigo.
Sirius se aproximou, um dos braços esticados para a frente, o olho grudado no mapa. James nem se mexeu. Agora, se esquivar só serviria para aumentar a sua raiva, sua aflição interna. Era chegada a hora de deixar tudo bem claro.
A mão de Sirius esbarrou em James. Desde que saíra do campo de quadribol, Sirius estava se perguntando o que diabos ele fizera, revendo todos os seus atos para com James nas últimas semanas. Só esbarrou em seu beijo com Lily no corredor, mas julgava impossível que James soubesse. Tinha certeza de que Lily não tinha contado a ninguém, porque ela era diferente… Ela não era como as outras, que sairiam por aí gritando a plenos pulmões que beijaram Sirius Black. O outro que sabia era Peter, mas Peter não contaria nada, tamanho era o seu medo de que os Marauders brigassem… Ou contaria?
Com um puxão, Sirius arrancou a capa do amigo, e se viu de repente encarando dois olhos castanhos e profundos.
— James.
— Sirius.
Ficaram se encarando por um momento. Sirius perguntou, num sussurro:
— E então? Vai contar o que tá te atormentando?
James continuou em um silêncio indiferente. Então Sirius explodiu, agarrando os braços de James e sacudindo o amigo magricela:
— O que você acha que está fazendo, seu retardado?! Acha que eu não percebi que você tem evitado todo mundo? Que tem me evitado? Que, hoje de tarde, você estava me atrapalhando de propósito? Que merda, o que foi que eu fiz?! E quer fazer o favor de olhar pra minha cara enquanto eu estiver falando?!
James se desvencilhou de Sirius. Seus olhos castanhos faiscavam.
— Ah, é? Quer dizer que nem imagina o que tenha feito pra mim, Padfoot? Sempre soube que você não tinha consciência, mas nunca pensei que você não tinha respeito pelas coisas dos amigos! — disse, alteando a voz.
— Do que é que você está falando?! — disse Sirius igualmente alto.
— Eu sei muito bem o que aconteceu naquele corredor do lado da Sala Precisa! Eu ouvi tudo o que você falou pro Wormtail! — exclamou James.
Sirius paralisou-se. Por alguns minutos, James receou que ele tivesse tido uma síncope, tal a palidez de seu rosto. Ele deu um passo para trás e cambaleou. Depois, com óbvio esforço, perguntou:
— Você… o que você ouviu?
— Tudo — disse James áspero. — Logo depois que a McGonagall começou a brigar, percebi que você não estava na Sala Comunal e pensei que tinha ido se arrumar para irmos atrás do Remus, então subi as escadas. Primeiro ouvi o Peter dizendo que você não podia contar pra mim nem pro Remus, então fiquei curioso e parei para escutar. Daí escutei tudo.
James engoliu em seco como se estivesse prestes a vomitar. Sirius tremia.
— Cara… eu… foi sem pensar…
— Lógico que foi sem pensar — disse James friamente. — Desde quando você pensa, Sirius? Você pensou em mim, por acaso?
— Por Gryffindor, James, não faz isso…
— Se afaste de Lily!
— O quê?!
— Se afaste de Lily! Ela é minha, tá entendendo? Eu sempre gostei dela, faz anos que eu a amo, que eu tô investindo, não vai ser você que vai atrapalhar!
Sirius esperara todos os tipos de reação de James. Esperara que ele ficasse magoado, e mesmo furioso; que dissesse que gostava dela e que ele não deveria ter feito isso, ou alguma coisa assim. Mas não esperara ver James exigindo a posse de Lily.
Antes que pudesse refrear seus instintos, disse sibilante:
— Eu não vi seu nome escrito nela, Prongs…
— Ela é minha, tá entendendo?! — disse James completamente descontrolado. — É minha!
— Desde quando? Não sabia que você tinha que comprar as garotas para se garantir! — disse Sirius, uma sensação crescente de raiva se apoderando de seu peito.
Foi o suficiente para que James avançasse para o amigo. Sirius mal pôde segurá-lo pelos pulsos magros, como um touro furioso avançando.
— Você me traiu. Você sabia como eu a amava, e me traiu!
— James, calma!
— Calma uma ova! A Lily é minha!
— Não é!
— Se afaste de Lily!
— Nunca! Eu a amo tanto quanto você, e se ela me quiser, eu serei dela!
— DESGRAÇADO!!!
A mão de James se libertou do aperto de Sirius e acertou um soco em sua boca, fazendo-o voar para trás. Sirius bateu contra um poleiro, fazendo corujas guincharem fantasmagoricamente.
— Filho da puta — murmurou Prongs.
— Esse não é exatamente o xingamento que mais me atinge — disse Sirius com cinismo, limpando o sangue dos lábios.
— Ei, o que está acontecendo aqui?!
James e Sirius se viraram imediatamente para a porta do corujal, esperando ver Filch, McGonagall ou Malfoy — mas era Frank, correndo na direção deles e se postando entre os dois.
— Vocês endoidaram, é? Estão fazendo o maior barulho! O que aconteceu? — disse ele, olhando de James, que ofegava, para Sirius, largado no chão.
— Um acidente — mentiu Sirius, levantando. — Caí.
A marca do punho de James era bem visível. Frank não acreditou, mas achou que se insistisse só iria piorar a situação.
— Não sei o que estavam fazendo, mas é melhor irem pro dormitório agora.
— Vai nos denunciar, Frankie? — perguntou James, a voz soando levemente insinuante.
— Sabe que não — disse Frank lançando ao outro um olhar reprovador. — Sou mole como o Remus. Agora vão, senão Filch aparece e quero ver.
Sem dizer palavra, os dois grifinórios saíram do corujal. Deixando para trás um Frank extremamente intrigado.
— Tem alguma coisa estranha acontecendo…
N.A.: *sorrisinho tímido* Gostaram da poesia do Remie? Eu que escrevi... Digam o que acharam dela, por favor...
Aí vai a prévia:
Paz temporária. James e Sirius agora estão numa silenciosa disputa por Lily. O fato é que, sem as investidas constantes dos dois, Severus finalmente tem o caminho até a ruivinha livre. Devoção, servidão, escravidão...
"— Meu coração está em suas mãos, Lily. Cabe a você decidir o que fazer com ele."
N.A.: Renovo o convite: quem se interessar, dê uma passadinha nas minhas songs!
Incondicionalmente
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Shining Like a Diamond
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Os Outros
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É tudo o que eu tenho a dizer. Comentem! :)
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