O herdeiro das peças Roubadas
Na manhã seguinte, já no salão principal, eles foram presenteados com o horário semanal de aulas das mãos de Lambeth Smith, que parecia muito atarantado, com ar importante e nervoso.
- Potter, Potter, senhor Potter... – murmurava ele, procurando o horário na pilha que ele segurava.
- Talvez seja o mesmo horário do sétimo ano? – perguntou ele, trancando o riso. Rony soltou um forte ronco pelo nariz, e uma quantidade de suco de abóbora saiu por ele, respingando o jornal de Lilá Brown, que passava por ali. Ela olhou escandalizada para o ex-namorado, que ficou tom de ameixa, e saiu chorando novamente.
O professor encarou Harry com seus olhos aguados, e deu um sorrisinho nervoso. Recomeçou a procura pelo horário, e entregou-o a Harry dois minutos depois. Harry apanhou-o rindo-se por dentro, e deu uma olhada.
- Legal – falou ele, jogando para Rony ver. Os olhos do garoto passaram de cima à baixo no pergaminho, seus olhos se arregalando gradualmente.
- Poções, duas de Transfiguração, almoço... Duas de Feitiços... – Rony olhou desesperado para Harry. – que dia de cão!
- Pode crê... – suspirou Harry, passando o dedo distraído pela taça de suco, encarando a namorada que passava decidida ao lado de Hermione, Lilá e Luna.
Gina ainda não dera sinal de clemência... Harry passara a noite inteira sonhando com imagens difusas onde se misturavam Gina, que virava Malfoy, e de Malfoy aparecia um trem desgovernado que arrebatava Dumbledore para longe da sua visão.
- Vamos – falou Rony largando desanimado a colher de mingau que ele levava animado à boca, ao ver a namorada passar, insensivelmente soberba. Ele se levantou jogando a mochila por cima do ombro.
- Vamos...
Harry seguiu o amigo, os dois desceram as escadas de pedra no saguão agitado e chegaram à porta da sala de poções, onde um pequeno grupo de alunos esperava, nervoso, pela chegada de Slughorn.
- Olá, Harry – cumprimentou Ernesto Mcmillan, um aluno do sétimo ano que, como ele, passara no N.O.M. de poções. Era muito pomposo, mas um bom colega. Harry retribuiu o cumprimento com forçada animação. – Rony!
Rony, por sua vez, não respondeu. Hermione chegou pelas escadas naquela hora, olhando decidida para o teto, balançando os cabelos cacheados.
- Olá, olá... – falou uma voz animada vinda da escadaria de pedra. Horácio Slughorn vinha descendo as escadas, com uma pasta de couro na mão e a varinha na outra. – desculpem todos o atraso, desculpem todos o atraso!
Ele apontou a varinha para a porta, que se abriu imediatamente.
Todos entraram antes do professor, se sentando em seus lugares. Harry armou seu caldeirão entre Rony e Hermione, ignorando o amigo, que ficava espiando por trás dele para ter um vislumbre melhor da namorada, e a amiga que cantarolava resolutamente.
- Bom, bom, bom! – falou Slughorn, batendo palmas, animado. – tirem seus livros, tirem seus livros, por favor!
Harry tirou da bolsa seu exemplar de “Estudos Avançados no Preparo de Poções”, com as inscrições laterais e providenciais do Príncipe Mestiço; ou seja; Severo Snape.
- Abram na página... 367! Vamos, vamos! – apressou ele, andando animado entre os alunos. – e leiam sobre a Solução Para Induzir à Melancolia, vamos lá!
Harry abriu na página ordenada e viu uma página cheia de informações escritas no rodapé, alto e lateral do Príncipe.
- E preparem essa Solução em... Quarenta minutos, se me fazem o favor! – ele parou diante do caldeirão vazio de Harry e falou, em voz decididamente alta: surpreenda-me!
Harry começou a ferver a descuirana com as três gotas de suco-de-pinha, e leu no canto inferior direito “ferver? Que nada! Ponha pra esquentar até onde der”. Harry balançou os ombros, indiferente, e deixou a mistura fervendo, enquanto picava o gengibre e o visgo-do-diabo.
Rony, ao seu lado, picava o gengibre de tamanhos barbaramente diferentes, pois lançava olhares esquivos para Hermione, que por sua vez o ignorava com muito êxito, seus ingredientes perfeitamente cortados e reservados.
Harry olhou para o seu livro, e procurou a próxima instrução, enxergando com dificuldade devido à espessa fumaça que fazia os archotes da masmorra tremeluzirem bizarramente.
“Misture com o gengibre e o visgo, misturando no sentido anti-horário e adicione o pó de pufosos. Deixe tudo junto fervendo por quinze minutos e depois desligue o fogo, misturando por mais dez minutos.”
Mas ao lado o Príncipe adicionara um de seus convenientes comentários: jogue o restante no que já estava fervendo e ponha lá uns três dedos de ararambóia.
Harry fez isso, e, pra sua surpresa, a poção se tornou prateada com Slughorn mencionou que deveria ficar.
Hermione lançou um olhar apertado a poção do amigo, e continuou misturando febrilmente sua mistura ligeiramente acinzentada, ainda no ponto que Harry já passara haviam vinte minutos, graças ao comentário de Snape.
Rony deu uma olhada rápida no caldeirão de Harry e falou por entre os dentes:
- Achei que o livro estava na sala de perdidos, onde você escondeu ano passado!
- Passei por lá hoje quando precisei ir ao banheiro! Não resisti...
- Me dá uma ajuda – pediu ele veemente, misturando com fervor sua poção roxo-berrante.
- Você colocou uma pele de ararambóia inteira?! – exclamou Harry, arregalando os olhos para a coisa que parecia estranhamente tecido derretido no caldeirão do amigo.
- Tempo... Encerrado! – falou Horácio Slughorn ao lado de Harry, sobressaltando o garoto. – Harry! – exclamou, dramaticamente – que admirável! Admirável!
Ele pegou com um gesto largo uma concha da poção de Harry, que corou loucamente. Mostrou para os alunos com uma expressão de fervorosa admiração, e deu uma piscadela animada para o garoto.
- Ele é um puxa-saco! – exclamou Harry quinze minutos depois, sentado-se à sua carteira na sala do novo professor Smith – quero dizer, pra que todo aquele exagero? Ele me trata como um verdadeiro heróizinho, não é?
Rony não respondeu. Arrumava o material sobre a mesa, lançando olhares irritados para Hermione.
Ele tentara uma cantada na saída da aula de poções, mas a garota simplesmente o azarara com um feitiço da língua presa e saíra com uma grande presunção pela escadaria acima.
Gina, também, ignorava Harry com uma frieza mortal. Claro que ela estava exagerando, pensou ele, só por que ele respondera de mal com ela, naquele delicado momento voando à frente do trem desembestado da escola.
- Mas eu acho que ela esta somando isso à sua fuga no verão para Godric’s Hollow, sua saída d’A Toca para o largo Grimmauld, e...
- Rony – falou Harry entre dentes, quando o amigo começou a listar os motivos para o desencontro amoroso do amigo. – você deveria estar preocupado com o seu namoro, antes que ela aprenda um feitiço mais doloroso do que a língua-presa!
Rony pareceu considerar a insinuação, embora tenha ficado amuado com Harry. Molhou a pena desanimado e começou a rabiscar no canto do seu pergaminho “H.G.”, com um coraçãozinho perfurado por uma flecha de lado à lado.
Quando todos os alunos se sentaram em seus lugares, o professor entrou na sala de aula, apressado.
Arrumou suas coisas na mesa que pertencia outrora à professora McGonagall, e ficou um tempo arrumando as coisas inutilmente, apenas para adiar a hora de olhar para sua turma.
Os alunos começaram a pigarrear e dar risinhos bobos, e finalmente Smith se virou, com cara de quem gostaria de se afogar num copo de água. Ele encarou a turma com seus olhos azuis aguados, e deu um sorrisinho nervoso.
- Bom dia. – ele desencostou da mesa e começou a andar por entre os alunos, suas vestes verde-esmeralda cintilando devido a forte luz solar que entrava pela janela alta.
Harry acompanhou o homem com os olhos, esperando pelo começo da aula.
- Bem! – falou ele, batendo palmas para relaxar, com grandes movimentos de sua capa. – já me demorei demais no nervosismo.
“Meu nome é Lambeth Smith, sou o novo professor de Transfiguração, espero sinceramente cobrir bem o espaço da diretora McGonagall, então... Vamos à aula!”
- De um modo geral, vejo que a professora antiga abordou todos os assuntos... Necessários... Até o fim do sexto ano com vocês... Bom, bom.
Este ano, mais especificamente neste trimestre; vamos estudar a Transformação Humana Avançada, que consiste, alguém sabe?... Sim, senhorita?...
- Granger, senhor – respondeu Hermione, prontamente. – Transformação Humana Avançada consiste em tipos arriscados de auto-transfiguração, que pode oferecer grandes riscos ao próprio bruxo. Um exemplo é a transformação em Animago.
- Muito bem, senhorita Granger! – exclamou ele, impressionado. – exatamente o que... O que é... A... Exatamente – terminou ele, corando.
“Começaremos vendo, justamente, a transformação em Animago, como a srta. Granger tão sabiamente opinou.” – Rony fez uma careta emburrada, e se afundou em cima dos seus livros. – Bem, primeiro devemos nos perguntar, é claro, “O que É um Animago?” um animago, é, como vocês devem, é claro, saber; um bruxo que se transforma em animal, mas na essência, é nada mais do que um feitiço complicadíssimo que transfigura a pessoa numa espécie diferente de ser; uma coisa logicamente não-natural.
“Existem, pelo que se sabe, apenas oito animagos reconhecidos atualmente no mundo mágico, incluindo, é claro, a diretora McGonagall. Ela se transforma, naturalmente, num gato, e é facilmente reconhecida pela marca de óculos quadrados no rosto! – várias pessoas deram risadas, e ele riu contrafeito, fazendo sinal para diminuírem o volume das gargalhadas. – Mas, é claro, ela passou por uma série extremamente difícil de auto-enfeitiçamento, antes de poder se transfigurar com freqüência, e, me permitam dizer, ela se arriscou seriamente a nunca mais voltar à ser humana.”
Ele falava, Harry notou, com uma fervorosa admiração reprimida pela chefe, coisa que Harry achava muita graça.
- Mas não estamos aqui para falar da diretora, estamos? – Harry riu-se discretamente – Vamos aos animagos.
Ele apontou sua varinha para os fundos da sala, onde um projetor mágico se ativou imediatamente, reproduzindo sua imagem na superfície do quadro-negro. Smith também apontou para as janelas, que se fecharam uma à uma, com estrondo, e a sala caiu na penumbra.
- Animagos – falou a voz de Lambeth, lá de trás. – são distinguidos de animais normais por algumas características muito especiais: primeiro; ele mantém a inteligência humana, sendo quase impossível de se deixar ser adestrado, ou de alguma maneira tratado como um animal comum.
Apareceram nas imagens do projetor uma cobra recostando a cabeça na perna de uma criança, um cão lendo jornal (Harry se lembrou irresistivelmente de Sirius; Rony lhe lançou um olhar nervoso de esguelha.), um gato muito conhecido de Harry sentado à mesma mesa que ele via à sua frente, olhando imperioso para a sala, e um peixinho dourado sentado ao sofá, se mexendo incomodado.
“Segundo; as marcas características nas feições do animal...” – a professora McGonagall apareceu novamente, como gato, com aquelas marquinhas quadradas em volta dos olhos felinos. Parecia muito severo.
- E terceiro – uma imagem grotesca de um lobo enorme, andando sobre as patas traseiras, sendo dominado por três bruxos, apareceu na reprodução. – ele não vai ser um... Lobisomem.
Todos engoliram em seco. A imagem desapareceu do quadro, e as janelas voltaram a se abrir, iluminando os rostos assustados e constrangidos dos alunos. Smith andou novamente até a frente da sala, parecendo satisfeito que os alunos tivessem entendido bem a seriedade do caso.
- Um lobisomem pode ser distinguido dos lobos normais com muita facilidade, pelo formato do focinho, a cauda as orelhas mais apontadas pra trás, a capacidade de andar nas patas traseiras com facilidade, os olhos amarelo-vivos, entre outras coisas, que eu, particularmente espero que vocês nunca precisem ver.
Harry, que já tinha visto uma vez, não fez caso com a imagem de horror que o professor passava. Ele provavelmente nunca vira um lobisomem de verdade, nem lutado com um deles, tampouco.
- Mas um lobisomem não é, como alguém pode tolamente pensar, algo que se escolhe ser.
Não se pode se tornar um lobisomem uma vez na vida, para se “experimentar”. Uma vez lobisomem, lobisomem até o fim. Todo mês, na semana de lua cheia, a pessoa sofre terríveis mutações todas as noites, provocando sofrimento e medo de quem convive com este. Sim, srta. Granger?
- Professor – Rony deixou cair os livros no chão, na pressa de olhar para a garota. – o que acontece quando um lobisomem morde, hum, uma mulher?
Todas as garotas engoliram em seco, olhando para o professor.
- Morrem. – todas elas tampavam a boca, agora. Parvati Patil e Lilá Brown se abraçaram, soltando gritinhos. – mulheres não sobrevivem às mordidas fatais e altamente magicas de um lobisomem. Elas não possuem a capacidade mágica de se tornar esse monstro, que é naturalmente masculino, por isso morrem, ou nos casos mais otimistas, vivem dois minutos para contar história.
Todas as garotas, e os meninos, também, estavam ligeiramente desligados quando saíram da sala uma hora depois.
- Ele, hum, sabe do que fala, não é? – comentou Rony, no caminho pro almoço, empurrando pro lado a tapeçaria que escondia um dos atalhos que eles conheciam tão bem.
- É... Só puxa um pouco o saco da McGonagall, né?
Rony riu, balançando a cabeça.
Dois minutos depois, sentados no salão principal, Harry procurou Gina com os olhos.
Ela estava à dois lugares de distância, conversando animada com Luna, que migrara para a mesa da Grifinória e comia frango com uma coisa que parecia cobertura de chocolate. Era nojento, mas a cara da Luna.
Harry voltou a atenção para o seu rosbife, deprimido.
Garotas só serviam para fazer garotos sofrerem, pensou irritado. Simas era uma prova viva. Comia seu bolinho de peixe lançando olhares furtivos para Luna, que adicionara ket chup à sua estranha mistura. Gina olhava um tanto enojada, mas continuava a conversa. Hermione parecia ter pressa. Comia sua sopa de cebola com uma velocidade quase vertiginosa, e mal Harry tivera tempo de registrar o fato de que sua língua devia estar queimando, ela se levantou e saiu levantando poeira, a mochila enviesada no ombro.
Rony nem reparou. Tentava se esconder de Lilá, que passava pela mesa cabisbaixa, seus olhos muito vermelhos e inchados.
Logo depois Harry se levantou para ir até o banheiro, dando um tapinha nas costas de Rony, e saiu correndo pela porta. O sino bateria à qualquer momento, então encontraria Rony na aula de Feitiços, dez minutos depois.
No corredor do andar acima, ele avistou a porta do banheiro masculino, mas antes que pudesse abri-la, um par de braços puxou os seus com força.
- Mione! – exclamou, olhando pros lados, assustado – qual é?
- Harry... – falou ela, olhando nervosa para os lados, também. – eu andei pesquisando... Você sabe quem era a avó de Lambeth Smith?
- Que, quem?...
- Hepzibá Smith, Harry – falou Hermione com uma expressão significativa no rosto ansioso.
Então a memória de Harry atingiu sua compreensão. Hepzibá Smith, a mulher de quem Lord Voldemort roubara duas de suas Horcruxes e depois assassinara com veneno, colocando a culpa em sua elfo doméstica. Harry arregalou os olhos para a amiga, que, em vez de responder começou a procurar na mala alguma coisa.
Voltou alguns segundos depois com um pedaço de papel muito velho e embolorado.
Era um artigo do Profeta Diário que reportava o nascimento do neto da falecida Hepzibá Smith, Lambeth, que provavelmente virara noticia pelo fato de que a pobre Hepzibá fora uma velha muito rica de boa família, e aquele era seu único neto e herdeiro da fortuna. Isso por que a mãe da criança fora deserdada por ter fugido com o marido, mas Hepzibá, que soubera do nascimento eminente do neto pouco antes da morte, colocou a herança no nome do bebê.
Harry levantou os olhos, espantado, para o rosto de Hermione. Ela ainda o encarava com ansiedade, e um pouco de excitação reprimida.
- Harry, isso significa que ele deve ter alguma pista de que os artefatos que foram roubados, quero dizer – ela olhou pra cada lado com cautela antes de cochichar – ele era o verdadeiro dono e provavelmente tem o testamento, onde os nomes de todos os bens da mulher devem estar em seu nome.
Harry ainda olhava para o papel, completamente aturdido. Então aquela mulher que ele vira na Penseira de Dumbledore, que ele sabia ter sido indiretamente assassinada por Tom Riddle, tinha realmente um herdeiro?
E se ela tinha um herdeiro, e se esse herdeiro era Lambeth, e Lambeth estava em Hogwarts, ele podia ter alguma idéia para descobrir qual eram os bens que a mulher lhe deixara, e podia ter alguma idéia sobre quais eram os Horcruxes restantes...
- Brilhante, Mione! – falou ele, assombrado – onde conseguiu?
- No arquivo de profetas da biblioteca...
Nessa hora o sinal bateu estridentemente sobre as cabeças dos dois, e Mione saiu correndo, ajeitando a mochila. Quando Harry ia entrando apressado no banheiro masculino, porém, Hermione chamou seu nome.
- Harry? – ela parecia hesitante, olhava para os sapatos, balançando um dos pés, com os braços cruzados. Colocou os cabelos atrás da orelha e continuou falando para os pés. Harry achou muita graça. – o Rony... O Rony tem perguntado de mim, ou... Ou sentindo minha falta?... Quero dizer – ela gaguejava, nervosa, estudando seus cadarços – não que eu me sinta... Não que faça falta.
- Ele sente. Muito. Mesmo – falou Harry, sinceramente.
Hermione apenas sorriu, e saiu andando, incerta, para a sala de feitiços.
Harry chegou na sala com dois minutos de atraso, e depois de murmurar uma desculpa para o professor, sentou-se no seu lugar entre Rony e Hermione. O garoto olhava pro lado oposto ao da namorada, e ela olhava para as próprias mãos.
- Por que se atrasou? – perguntou ele com um sussurro.
- Banheiro... – Harry apanhou seu livro, sob o olhar inquisidor de Flitwick. O homenzinho pigarreou com sua voz fina. Harry olhou pra ele, nervoso, e ele apenas levantou as sobrancelhas. Harry mexeu os ombros, envergonhado.
- Classe – chamou ele, produzindo estalinhos com a varinha. Todas as conversas foram diminuindo aos poucos, e logo todos olhavam para o professor.
- Bem vindos ao último ano do curso de Feitiços – falou ele, sentando-se à sua cadeira, em que ele empilhara vários livros para possibilitar sua visão panorâmica da sala. – este ano os encantamentos vão torrar seu cérebro, mas é importante que vocês saibam o máximo possível para seus N.I.E.M. ’S.
Todos na sala prenderam a respiração, se entreolhando, murmurando freneticamente.
- Silêncio, rapazes, silêncio, pediu ele mexendo as mãozinhas.
Todos se aquietaram novamente, ainda apreensivos. O estomago de Harry pulsava incomodamente, como se ele tivesse engolido uma serpente viva. Rony encarava o pergaminho à sua frente, tão branco como ele.
-... E precisarão fazer os testes práticos, assim como nos N.O.M. ’S., se vocês esqueceram.
- Mas senhor, qual será o nível de dificuldade? – perguntou tolamente Lilá Brown, tremendo feito louca.
- Máximo, é claro! – respondeu o esganiçado Flitwick, com uma expressão de natural incredulidade no rosto.
Lilá abraçou Parvati novamente, e ambas caíram em um choro silencioso. Filio Flitwick revirou os olhos.
- Bem, começaremos com uma breve instrução sobre feitiços Camuflatórios, como o feitiço da desilusão; o texto está no quadro – ele fez um displicente gesto com a varinha, e um texto apareceu por mágica no quadro-negro.
Harry molhou a pena e começou a escrever. Ao seu lado, Rony procurava um pergaminho limpo.
Enquanto mexia nos papéis, no entanto, um pedaço pequeno caiu devagar aos pés de Hermione. A garota catou o papelzinho no chão e olhou e leu o que tinha escrito. Rony ficou branco.
Os lábios da garota formaram as palavras “H.G...” e seus olhos de repente se encheram de lágrimas.
“Ah, Rony!” ela se atirou por cima de Harry nos braços do namorado, ignorando o gritinho estridente do professor, que caiu da sua pilha de livros para o chão.
Harry ficou ali, no meio do casal que se beijava intensamente, querendo achar um buraco para se enfiar.
Os dois se soltaram, vermelhos. Rony ria, em êxtase, abraçando a namorada, que chorava de alegria.
Harry saiu por debaixo da carteira, ignorando as risadas dos colegas, sua cara mais vermelha do que os cabelos de Rony, dificilmente divisados através dos braços apertados de Hermione.
Flitwick chiava, escandalizado. Lilá abandonou a sala, chorando de se acabar.
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