Oxfrom Fullham, O Inominável
Meia hora depois, após ter sido salvo do lago com Malfoy, por Rony e Hermione muito preocupados e eufóricos, Harry esperava ao lado dos amigos pela ajuda que viria de Hogsmeade. No momento em que o garoto saía do lago, Neville mandara uma coruja para a estação, e eles haviam respondido dizendo que chegaria um reforço dali à meia hora, o que Harry achou muito desaforo, depois de toda aquela luta. O trem, por fim, havia caído por completo no lago, mas na resposta da carta, eles diziam que o fato de que todos os alunos estavam a salvo já era mais do que suficiente.
Harry sentiu um orgulho descomunal do trabalho em equipe que eles haviam realizado enquanto se enxugava com um feitiço Secador e olhava os estudantes. Além de terem salvo à todos, haviam derrotado os comensais da morte de novo. Isso devia ser um tipo de recorde, pensou, a julgar pelo fato de que haviam saído ilesos.
O maquinista já estava com eles. Logo depois que viram Harry à salvo, Neville e Luna haviam saído buscando por algum sinal do homem, que eles pudessem ver do alto.
O homem foi facilmente localizado na beira do trilho, que, segundo ele, conhecia como a “parma dos pé”.
Já Malfoy foi um problema maior... O que fazer com o jovem comensal da morte? Harry passara bem uns dez minutos olhando para o garoto que eles haviam deitado no chão de pedra, pensando...
- Harry! – chamou uma voz enérgica, e o garoto se levantou de um salto, correndo ao encontro de Hermione. – Eles estão chegando! – avisou ela, tensa, apontando para o trilho, por onde um vagão vermelho e solitário, com um símbolo de Hogwarts na frente, vinha deslizando sonoramente.
Um minuto depois, três bruxos saltaram pela lateral aberta do bonde, um alto e completamente careca, que Harry não conhecia, um baixo e imensamente gordo, o professor Slughorn, e uma alta e severa, a agora diretora McGonnagall. Os três vieram correndo pelo caminho de ferro, as varinhas apertadas na mão. Ao chegar na fenda, fizeram juntos um grande floreio com a varinha e berraram encantamos que Harry não ouviu. Um caminho de pedra branca e brilhante uniu os dois extremos da ponte arruinada, por onde os três passaram, sem medo, para o outro lado.
- Potter! – chamou Minerva McGonnagall, derrapando diante dele com o chapéu enviesado na cabeça. – está tudo bem? Alguém ferido, alguém?...
- Não – respondeu o garoto com firmeza, escapando da mão da professora, que estava lhe apertando o braço insistentemente, com os olhos arregalados e um tanto tensos. Harry notou que ela parecia um tanto mais magra e pálida, com olheiras sob os óculos de aro quadrado. – todo mundo bem, menos o trem, que já... Hum... Literalmente, foi por água abaixo, entende?
- Bem – falou a mulher, arrumando o vestido com as mãos. – eu já sabia do ocorrido do trem, e do Sr. Malfoy, também, mas... Não esperava essa situação logo no primeiro dia...
Ela saiu falando sozinha pra verificar os alunos. Mal ela havia se afastado, rápida, outra pessoa parou diante de Harry, com a mão estendida.
Era o homem que descera do bonde junto com McGonnagall e Slughorn. Tinha uma feição seria e pomposa, quase sem nenhuma linha de expressão, sugerindo que ele dificilmente sorria. Seu nariz era grande e reto, com narinas muito redondas, e seus olhos eram negros e sem brilho, extremamente penetrantes. Sua careca era reluzente e muito branca, como seu rosto todo. Não tinha cor nos lábios, como um cadáver; impressão que era realçada pela grande quantidade de veias arroxeadas que se destacavam em sua face e cabeça.
Harry apertou-lhe a mão pálida, que ele rapidamente recolheu para dentro da capa negra de risca-de-giz muito elegante.
- Harry Potter – cumprimentou ele, com um aceno breve de cabeça. – Oxfrom Fullham – apresentou-se ele, sem olhar para Harry, e sim para a encosta rochosa, com uma expressão ligeiramente entediada no rosto. – Seu novo professor de...
- Defesa Contra as Artes das Trevas – terminou Harry, sério. – é, imaginei.
Harry não achou que seria muito adequado dizer para o homem que ele possivelmente iria embora do colégio antes mesmo de se acostumar com os caminhos do castelo, por isso apenas encarou-o com uma expressão de educado interesse.
- Você pode já deve ter ouvido falar de mim – recomeçou ele, novamente olhando para o garoto á sua frente, com aqueles olhos negros, opacos. – Sou um inominável. Do Departamento de Mistérios, você...
- É, eu conheço o lugar – completou Harry novamente. – estive lá há dois anos.
- Sim. Bem, fui chamado para lecionar em Hogwarts esse ano mais por sua causa. – falou ele, sem rodeios, parecendo decidido a contar tudo naquela mesma hora.
Harry levantou uma sobrancelha, sacudindo a cabeça, querendo parecer impressionado quando, na verdade, achava aquilo tudo muito previsível: era claro que eles iriam colocar alguém do ministério para vigiá-lo, provavelmente também para convencê-lo a ser o garoto-propaganda do ministro Scrimgeour, e...
- Mas eu vou ser bem franco – continuou ele, aparentemente sem perceber que Harry estava muito atrelado aos próprios pensamentos. – não vou ficar te importunando com as bobagens de Scrimgeour. Vou ser seu professor, e, na medida do possível, ajuda-lo com seu trabalho. – Harry desatrelou-se imediatamente, surpreso -, é, eu sei que você tem uma missão. – falou impaciente, interpretando corretamente a incredulidade de Harry. – Vou ajudar na procura das outras Horcruxes. – agora o queixo de Harry estava mais ou menos na altura do tornozelo – sabe, eu sou amigo de Dumbledore, que Deus o tenha, desde que ele se tornou professor de Transfiguração aqui em Hogwarts. Estudei o passado de Voldemort com ele, cedi informações ministeriais, do departamento, entende; e só não fui com ele à procura do anel de Gaunt em Little Hangleton por que estava muito ocupado, com a troca de ministros, e tudo o mais... -
Agora ele estava um tanto ansioso, meio inclinado sobre Harry, de modo que o garoto precisava ir pra trás gradualmente, antes que o homem lhe tocasse o nariz. – E eu pretendo, e muito, continuar de onde parei, ao seu lado. Alvo me falou perfeitamente bem de você, e eu confiava cegamente em Alvo Dumbledore. Estou preparado para ajudar seu homem de confiança – ele fez um novo aceno respeitoso com a cabeça.
- Hum – começou Harry, pensando em algo inteligente pra dizer. – é... Realmente. Ótimo. Realmente ótimo, ter alguém do meu lado, quero dizer... Alguém de confiança de Dumbledore.
E – Harry se lembrou, de repente. – os nossos assuntos... Digo... Você sabe... Bem, Rony Weasley e Hermione Granger são de plena confiança.
O outro acenou afirmativamente com a cabeça, se erguendo. Foi se juntar à professora Minerva sem mais palavra, deixando Harry sozinho e absorto.
Não sabia o por que, ou como, mas confiava sem questionar naquele homem, mesmo tendo conhecido-o à cinco minutos. Claro que lembrava ligeiramente Lorde Voldemort, com aquela palidez e tudo o mais, mas seus olhos opacos eram confiáveis, reconfortantes... Ele lembrava Sirius.
- Harry – chamou novamente a voz de Hermione. O garoto olhou pra ela. Começava a chover pesado, agora, embaçando a paisagem ao redor. – vamos – falou ela, cansada, indo na frente, com Rony, para a passagem sobre a ponte. De Gina, Harry só via as costas, pois ela fora na frente deles, decidida.
O garoto correu para alcançar Rony e Hermione, deixando para trás Luna e Neville.
- E a nossa bagagem? – indagou, para os amigos.
- Ah... – começou Rony, como se não tivesse pensado nisso.
- McGonnagall vai mandar elfos domésticos buscarem e secarem as bagagens, por magia. – ela falou isso de modo extremamente sentido e ofendido, mostrando que não esperava isso da sua professora preferida, mas estava resignada.
- Ah. – respondeu Harry, desconcertado, ignorando o olhar exasperado de Rony, que provavelmente queria dizer “É aquela palhaçada da F.A.L.E. de novo...”. Hermione, para o azar de Rony, viu e se desvencilhou do namorado, furiosa, correndo para se juntar à Gina. As duas desataram a cochichar, lançando olhares ressentidos aos namorados. As orelhas de Rony estavam em ponto de ebulição; vermelhas como dois pimentões de formato extravagante.
Ele não olhou para Harry, em vez disso continuou fitando as costas de Hermione, emburrado.
Vinte minutos depois eles estavam numa escuridão de breu, caminhando entre as árvores dos dois lados da estrada de ferro, as varinhas acesas brilhando misteriosas na noite.
Hogsmeade parecia bem mais próxima do alto, pensou ele, no final da última curva, ao que ele viu as luzes da cidadezinha, e Hogwarts mais atrás. Sentia cãibras dos lados do corpo e seus pés pediam socorro.
Quando subiu na plataforma, alguns minutos mais tarde, Harry sentou-se no banco completamente exausto, vendo o bonde vermelho da escola chegando ao longe. A professora dera prioridade à ceder espaço aos alunos feridos, que enchiam o vagão.
Todos os outros vinham a pé, escoltados pelos três professores e os monitores. Quase todos já estavam na estação, e quando os últimos chegaram correndo, seguidos pelo bonde, Harry se levantou para sair da estação de trem.
Foram todos pelo caminho de barro ladeado por pinheiros que recendiam à hortelã, e ao chegar ao fim dele, tomaram a carruagem puxada por testrálios para Hogwarts.
Quando passaram pelos portões ladeados por colunas encimadas por javalis alados, Harry notou que toda a estrada até a escola estava iluminada por postes baixos com globos de luz dentro, provavelmente por medida de segurança. Elas piscavam avermelhadas a cada carruagem que passava. Então só poderia ser um sistema de alarme bruxo para avisar sobre convidados indesejados.
Isso fez Harry se lembrar de Malfoy, que ele vira pela ultima vez sendo colocado no bonde.
Qual seria seu destino, agora? O que acontecera com sua mãe?
Harry não sabia...
Mas tinha certeza de que agora que Draco já era comprovadamente um comensal da morte, eles não hesitariam em prendê-lo.
Mas será que Malfoy deveria ser afastado de Hogwarts? Dumbledore teria querido isso?
Ele teria querido que Harry ficasse pensando no que ele iria querer? Esse pensamento fez a cabeça do garoto doer, e ele parou de pensar nisso, ao sentir a carruagem parar.
Abriu a porta e deixou Rony descer, então subiram juntos as escadas de mármore. Argo Filch aguardava no alto dela com seu sensor de segredo em riste, um sorriso maldoso deformando sua cara nojenta.
Quando chegou a vez de Harry, ele deu uma cutucada particularmente dolorosa num lugar extremamente sensível do corpo masculino. Quando as lágrimas subiram nos olhos, ele fingiu estar amarrando o cadarço, e saiu, com as pernas ligeiramente arqueadas, atrás de um Rony muito distraído, que olhava com os olhos muito apertados para Hermione.
Harry nem pensou em entrar no Salão Principal, que parecia confortavelmente quente. Na verdade, ninguém queria jantar antes de tomar um bom banho e trocar as vestes.
Harry subiu as escadarias correndo com Rony, tomou alguns atalhos conhecidos, e derrapou diante da Mulher-Gorda, que ajeitou as vestes de seda rosa e olhou inquisitivamente para os dois, esperando algum deles dizer a senha.
- Ah... – falou Harry, olhando hesitante para Rony.
- Trasgo lesado – falou uma voz feminina atrás dos dois, e o quadro girou pra frente no momento em que Gina e Hermione passavam pelos dois com os narizes empinados.
Rony encarou-as boquiaberto.
- Vamos – chamou Harry aborrecido. Os dois adentraram a sala comunal da Grifinória, um aposento redondo com confortáveis cadeiras e poltronas, mesas redondas de madeira polida, sofás e uma enorme lareira de pedra.
Harry atravessou a sala vazia e subiu a escadaria em espiral, se surpreendendo ao achar sua mala aberta e perfeitamente seca aos pés da sua cama de baldaquino com dossel.
- Ótimo – gemeu Rony, correndo para o seu malão. Depois de tomar um banho longo, Harry se trocou e esperou por Rony, e então ambos desceram para o salão, onde alguns já estavam sentados á mesa, esperando pela maioria.
Harry tomou assento no meio da mesa da Grifinória, ao lado de Rony e Simas Finnigan. Dino Thomas estava sentado a sua frente, ao lado de Lilá Brown. A garota, por sinal, se levantou e saiu correndo aos prantos quando Rony se sentou descontraído.
O garoto apenas sacudiu os ombros quando viu a garota sentar-se ao lado de Gina e Mione.
- Tudo bem – começou ele, resignado – agora temos, eu e o Harry, um anti-fã-clube.
Ótimo.
- Garotas... – comentou Harry, balançando a cabeça.
Dino apenas riu-se, acompanhando com o olhar o traseiro de Padma Patil, que passava ao lado da mesa nesse mesmo instante. Simas tamborilava o tampo da mesa, parecendo ansioso. Quando viu Luna Lovegood entrar no salão, então, ele pareceu murchar contra a sua vontade, se escondendo sob a mesa.
- Você está... Com a Luna... – Rony estava incrédulo, olhando de Simas para a garota. Quando Simas voltou à superfície, espiando para os lados, Rony caiu numa gargalhada gostosa, momentaneamente esquecido da discussão com Hermione.
Harry olhou para Luna, avaliando... Bem, ela certamente estava mais ajeitada. Seus cabelos estavam menos sujos e rebeldes, e os olhos pareciam menores. O colar de cerveja amanteigada, claro, ainda dava um ar amalucado, mas afora isso... Pensou no que Gina diria sobre essa avaliação, e instantaneamente desviou o olhar para as mãos.
Rony ainda ria, e Simas parecia mais vermelho do que se podia estar. Murmurava algo que soava como “não está mais tão feia...”.
Nessa altura o salão já estava cheio, e embora houvesse alguns poucos murmúrios e conversas, não era nada comparado ao costumeiro estardalhaço de conversas animadas que antecediam o jantar de Abertura do Ano Letivo. Certamente os acontecimentos da tarde ainda estavam frescos e perturbadores na cabeça dos alunos; ou talvez fossem os acontecimentos em longo prazo, como a morte de Dumbledore.
Nessa hora, então, a professora Minerva entrou, acompanhada de Slughorn, Fullham, um desconhecido e alguns outros já muito conhecidos de Harry, como Pomona Sprout, Filius Flitwick, Sinistra, Vector e mais alguns outros. Eles tomaram seus lugares à mesa principal, Minerva na cadeira do centro, onde antigamente ficava Alvo Dumbledore...
De repente ela se levantou, uma expressão séria no rosto, as duas mãos apoiadas no tampo da mesa. A conversa não parou com a mesma rapidez que acontecia no tempo de Dumbledore, mas o bruxo desconhecido de Harry bateu com a colher na taça de cristal, e o som fez o barulho diminuir aos poucos até cessar.
- Boa noite – começou McGonnagall, olhando séria por sobre os óculos para a escola reunida. – e bom começo de Ano-letivo.
“Devo, antes de tudo, pedir à todos desculpas pelo incidente do trem. – Harry achou a palavra ‘incidente’ um tanto leve para a ocasião, mas não fez comentários – espero que todas as bagagens tenham sido recuperadas com esmero pelos elfos.” (Hermione bufou pelo nariz do outro lado da mesa)
- Como vocês devem saber – continuou ela com voz grave – sou a nova diretora.
“As regras que vigoravam sob a supervisão de Alvo Dumbledore – ela fez uma pausa e fungou quase imperceptivelmente, e sua voz continuou um tanto mais fraca, emocionada – continuarão... A vigorar.” – ela parou para se controlar. Arrumou os óculos no rosto.
“As medidas de segurança serão ainda mais rigorosas, e não serão tolerados desrespeitos à tais regras de algum modo que possa arriscar a vida do próprio transgressor ou a vida de alguém do corpo dissente ou docente; - sua voz readquirira a secura habitual - ou a vida da escola como um todo.”
“De um modo geral, nada mudará nessa escola; as aulas – ela fez um gesto abarcando os professores na mesa – prosseguirão.”
- E por falar em professores, tenho a honra de apresentar os novos membros do nosso corpo:
“Oxfrom Fullham assumirá o cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, no lugar de Severo Snape.”
Ela apontou com o braço para o homem, que se levantou ereto e fez uma reverencia para agradecer as palmas educadas que receberam a noticia. Sua aparência possivelmente assustou um pouco os alunos.
“No cargo de professor de Transfiguração, anteriormente ocupado por mim, receberemos com orgulho o jovem Lambeth Smith, recentemente formado, Hogwarts, por favor!”
A escola imediatamente começou uma salva de palmas ao que o jovem professor se levantou, humilde, para receber os aplausos.
Tinha cabelos loiro-pálidos e meio ralos. Suas faces eram muito coradas e os olhos, aguados. Tinha uma barriga um tanto grande, mas uma pompa maior: usava vestes carmim muito sedosas com detalhes em ouro. Lembrava à Harry alguém...
-... E agora, por favor, vamos ao banquete.
McGonnagall se sentou, e todos os pratos e taças de ouro sobre as cinco mesas se encheram de comida e bebida; várias bandejas de carne, rosbife, batata-fria, macarronada, e travessas de tortas salgadas e pudins de carne lotaram as mesas, com garrafas de suco de abóbora à intervalos.
Harry, de repente, se viu faminto. Serviu-se de tudo o que conseguiu alcançar, comendo veloz e furiosamente.
Antes de olhar para Rony, imaginou que encontraria o amigo se empanturrando exatamente como ele, mas o amigo ainda olhava triste para Hermione.
- Cara – falou Harry, com a boca cheia de purê de batatas. – sai dessa... – engoliu tudo com força – ela vai voltar rapidinho. – Harry olhou para as meninas que riam tolamente no outro canto. – como a Gina – terminou com resignada amargura.
- É... – ele tirou os olhos delas, e começou a se servir. Quando foi apanhar uma coxa de galinha, porém, largou-o com um sobressalto. Uma cabeça prateada, semitransparente, encarava-o com uma expressão presunçosa.
- Parece que estar vivo não é tudo, não é? – caçoou soberbamente Nick Quase-Sem-Cabeça.
- Ah, cala essa boca – falou Rony, aborrecido, empurrando a cabeça do fantasma inutilmente.
- É... Olha só quem está por baixo agora... – comentou ele, saindo por inteiro da baixela cheia de frango.
- Vá procurar um machado cego, Nick Sem-Cabeça-Mais-Ou-Menos; ou seja lá o que for – retorquiu Rony debochado.
- Você nunca respeitou os fantasmas desse castelo! – exclamou Nick, dramaticamente.
- Ah, vá comer sabão – respondeu o garoto, indiferente. – opa! Fiz de novo... Você não poderia comer sabão nem que quisesse, não é?
Nick saiu flutuando para longe, muito sentido, trovejando contra os alunos mal-educados.
Rony parecia mais relaxado quando voltou sua atenção para a seleção do frango; como sempre, irritar os fantasmas levantou seu astral.
- Você não deveria fazer isso, Rony... – comentou Neville, incerto. – Nick é realmente legal conosco... – ele falou “legal”, mas ele provavelmente queria dizer “assustador”. Neville tinha medo até da própria sombra, todos sabiam.
Rony ignorou. Enfiou um peito de frango na boca e arrancou um grande naco com uma só mordida. Neville fez uma careta tremula, encarando as costas do fantasma que rondava um grupo de alunos que incluía os irmãozinhos Creevey.
Depois da sobremesa a professora Minerva se levantou para seu discurso, altura em que Harry praticamente explodia de tanto comer.
- Bom – começou McGonnagall, pedindo silencio com um gesto. – nesse momento acho preciso um discurso abarcando todos os acontecimentos terríveis que vem assolando nosso mundo e o mundo trouxa.
Ela fez uma pausa e encarou todos os estudantes nos olhos.
“Precisamos ter cuidado – falou ela por fim. – as forças das trevas estão se mexendo com uma velocidade assombrosa, e o mundo da magia está a um passo de sucumbir.”
“Ou nos unimos por dentro, ou não haverá amanhã para os bruxos de bem. Hogwarts esteve a ponto do domínio pelas forças de Vocês-Sabem-Quem. O aviso que dou é um: unam-se. Lutem. Não se rendam. Vocês não estão sozinhos, mas não podem contar com toda a ajuda, tampouco. As Duas Grandes Potências estão juntando forças. Assumam uma posição. Vamos nos preparar – ela parou novamente e encarou a todos, séria, um fulgor brilhando em seus olhos severos – Para uma Última Resistência.”
Quando ela terminou seu discurso, se abateu um silêncio anormal. Sem precisar de convite, os alunos se levantaram e saíram do salão, ligeiramente tensos. Harry olhou para Rony, na esperança de que o amigo tivesse prestado a atenção que Hermione prestaria, mas o amigo estava entretido com um tijolo de sorvete.
Levantou-se rapidamente e esperou Rony comer uma ultima colherada de Chocorvete de Morango, que infelizmente desapareceu da colher no meio do caminho para a boca do garoto.
Ele se levantou, aborrecido, e seguiu Harry para fora do salão cuja porta se fechou rangendo ao sair dos garotos.
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