O Último Embarque na plataform
Na manhã de partida para Hogwarts, Harry acordou com uma sensação estranha. Essa era a ultima vez que ele se prepararia para um novo ano letivo... O ultimo primeiro dia em Hogwarts.
Ele mal conseguiu assimilar essa idéia, Rony apareceu, desfocado, no seu campo de visão. Harry colocou os óculos as pressas, sentando-se na cama, que ainda era lamentavelmente encalombada.
- Precisamos levantar agora... Ele falou, apressado, enquanto apontava a varinha para as roupas no armário, que voaram para o malão ajeitadamente, junto com a saca de livros e o caldeirão. Enquanto as meias se enrolavam sozinhas, Harry se levantou, colocando a calça jeans e enfiando uma mau-humorada Edwiges na gaiola.
- Nunca tivemos tanta pressa... Posso saber a razão dessa correria? – indagou, na hora que ouviu passos correndo escada abaixo, e uma batida de mala que ecoava nos degraus de madeira maciça.
- Lupin não está – respondeu Rony, correndo atrás de Píchi com a gaiola na mão. Ele parou no meio do quarto, e, apontando a varinha para a coruja, falou “Immobullus!”; mas a varinha simplesmente fez um ligeiro estalo, e o quadro vazio na parede voou pelos ares. Rony parou, confuso, e enquanto almejava um modo de trazer a coruja de volta ao chão, ele continuou – e a Tonks se esqueceu de nos acordar...
No momento em que Rony apanhava a coruja no ar, mergulhando no ar e caindo embolado no chão, alguém socou a porta do quarto, berrando furiosamente:
- Já acordaram?! Levantem, rápido! – Hermione bufou, e eles ouviram seus passos apressados descerem novamente as escadas.
Rony revirou os olhos, enquanto se levantava com o nariz ligeiramente torto, a coruja piando alegremente na sua mão direita.
- Cala a boca, penoso idiota – falou ele, carrancudo, metendo a coruja na gaiola.
- Vamos – chamou Harry, apanhando sua mala e a gaiola.
Eles passaram pelos quadros que dormiam, roncando sonoramente. Ao passarem em frente ao quadro da Sra. Black, eles ouviram-na resmungar durante o sono “Ah, Sirius, seu grande idiota, abra essa cortina... Minha casa... Monstro... Sangue-Ruim”.
O garoto balançou a cabeça, e quando chegou até Hermione, que os esperava parecendo absolutamente furiosa. Chiava como uma chaleira fervendo, e ao ver os garotos, ela deslanchou um discurso baixo e furioso sobre a irresponsabilidade de Tonks.
- Ah, fica quieta, Hermione – falou Rony, massageando o nariz inchado e ligeiramente roxo.
- Vem cá – falou ela, ríspida – Episkey!
O nariz voltou ao normal, ao que Rony agradeceu, aliviado.
Nessa hora, eles ouviram o salto de Tonks batendo por toda a escadaria, e ela apareceu, afobada, no hall escuro.
- Desculpe, estava numa ronda ontem à noite, e acabei voltando tarde... Meu relógio...
- Tudo bem, vamos! – Hermione guinchou, apopléctica.
Eles saíram para a manhã fria. Harry olhou no relógio, onde se assustou ao descobrir que já eram dez e meia. Ele apressou o passo, arrastando a mala pelas ruas vazias próximas ao Largo Grimmauld. Quinze minutos depois eles entraram na estação de King’s Cross, onde eles se dirigiram, apressados, até o pilar entre as plataformas nove e dez. Ao chegar perto dali, a Sra. Weasley, com Gina no seu encalço, apareceu correndo, não se importando com os trouxas que chamavam nomes e erguiam os punhos para a mulher que pisava seus pés.
- Rony! – ela exclamou, quando chegou até os garotos. Parou, respirando profundamente, e depois abraçou o filho, que apenas retribuiu o abraço, sorrindo. Depois de abraçar os três, ela encarou-os, sorrindo orgulhosa.
- Sétimo ano! – ela exclamou, as lágrimas lhe aflorando nos olhos – que orgulho! Quem vocês vão salvar esse ano? – ela perguntou, sorridente.
- O mundo mágico, Sra. Weasley – respondeu Harry, ignorando os olhos arregalados da mulher – a senhora deveria estar acostumada, a essa altura. – ele deu um sorrisinho, deixando-se abraçar novamente.
- Prometam que vão se cuidar – ela pediu, ajeitando a gola das vestes de Harry.
- Adianta? – Rony ironizou, sorrindo para a mãe.
- Sra. Weasley... – chamou Hermione, e a mulher olhou pra ela, enxugando as lágrimas. – o trem sai em... Trinta segundos – ela usava uma voz displicente, mas estranhamente esganiçada.
- Oh, Deus! – ela exclamou, olhando para o relógio – vão, vão!
- Mãe – chamou Rony, se virando no meio do caminho para a passagem, atrás de Gina, que parou para ouvir. – nenhuma chance de um sanduíche de carne enlatada? – ele sorriu.
- É claro – a mãe do garoto retribui-lhe o sorriso, apanhando um sanduíche amassado, enrolado em papel-filme.
Os dois deram um ultimo abraço, e os meninos correram para a passagem que se abriu na plataforma Nove e Meia, onde o expresso de Hogwarts começava a se locomover, soltando fumaça branca sobre os pais emocionados. Correndo com o malão, Harry alcançou uma porta do meio, que Neville Longbotton segurava aberta para os amigos, e entrou com um salto.
Depois de ajudar Rony, Hermione e Gina a subir, eles saíram procurando uma cabine vazia.
- Aqui! – chamou uma voz etérea e sonhadora, na cabine pela qual eles haviam acabado de passar.
Luna Lovegood acenava para os cinco, sorrindo. Estava sozinha na cabine, a não julgar pela revista O Pasquim, que ela carregava debaixo do braço.
Os cinco entraram no compartimento, guardando as malas no bagageiro.
Quando eles se sentaram, no entanto, Mione se levantou de um salto, como se tivesse sido eletrocutada.
- Rony! Os corredores, monitorar...
- Ah – Rony fez uma cara de desapontamento, e se levantou, resignado, sob o olhar inquisitivo de Mione. – mas por uma hora – acrescentou aborrecido.
Os dois saíram abraçados, batendo a porta de vidro ao passar.
Harry se sentiu ligeiramente desconfortável: se esquecera novamente do fato dos amigos serem monitores. Gina deitou a cabeça em seu ombro, cochilando.
Neville e Luna olhavam pra ele, Neville parecendo hesitante, já ela até cantarolava, esperando que ele desse o primeiro passo na conversa. Harry desejou que ela começasse a ler aquela revista.
Mas como ela não tomava atitude, tomou ele:
- Me empresta a revista? – ele perguntou, num tom trivial e animado.
- Claro – respondeu a garota, mexendo a cabeça pro lado, ainda encarando o garoto.
Ele apanhou a revista, sem olhar para a dona. Ajeitando os óculos na ponte do nariz, ele olhou para a capa da revista.
Tinha uma grande manchete, que dizia ESTARA RUFO SCRIMGEOUR DOMINADO PELA MALDIÇÃO IMPERIUS? E em baixo tinha uma charge, como de costume bem ruinzinha, do ministro com os olhos completamente brancos, com os braços erguidos à frente grotescamente.
O garoto abriu a revista, e viu no índice mais noticias relacionadas a escândalos ministeriais e bobagens do tipo: “desvendando o mistério sobre os heliopatas”, ou então “estarão os gnomos de jardim no caminho do domínio do mundo?”. Harry, se lembrando dos gnomos pateticamente burros no jardim dos Weasley, soltou uma risada pelo nariz, que foi mal interpretada por Luna, que olhou pra ele e sorriu também, dizendo “Você também gostou da charge do pai do Rony?”.
Harry respondeu que não, e começou a procurar alguma noticia do pai do amigo. Achou-a na página 28, onde havia uma charge cômica do Sr. Weasley em cima de uma pilha de ouro, sobre uma legenda que dizia “Será Arthur Weasley o próximo ministro da Magia?”. Harry deixou escapar uma risada abafada, e acordou Gina, que olhou pra ele indagadora, e então, sob a indicação do namorado, olhou para a revista.
Aprumou-se imediatamente, começando a rir. Luna olhava para os dois, sorrindo educadamente. Neville nem olhava. Acariciava sua mimbulus mimbletonia, que atingira mais ou menos um metro e meio de altura, tentando não tocar nas pústulas que a rodeavam, para não enche-los de pus.
Enquanto eles iam lendo a matéria cômica, o tempo começava a se anuviar lá fora, as nuvens se tornavam cinza chumbo e raios cruzavam o céu de vez em quando. Alguns minutos depois, Harry devolveu a revista para Luna, que agora testava um feitiço para deixar as sobrancelhas roxas.
Nessa hora a porta se abriu, e Mione entrou seguida por Rony, que se largou no banco, parecendo prestes a desistir do cargo monitório.
- O carrinho do lanche já passou? - perguntou olhando para os bancos em volta, como se esperasse que alguns doces caíssem do bagageiro.
- Na verdade – respondeu Harry, se levantando para espiar o corredor de um lado e de outro – não ainda...
- É melhor passar depressa – retrucou Rony, massageando o estomago – pois estou morto de fome...
- Ah, Rony, você só pensa em... – Hermione estava falando mas de repente parou, olhando para a janela, onde um vulto negro aparecia e desaparecia do campo de visão.
- Mas que diab... – começou Rony, mas naquele momento um raio cruzou o céu, e Harry reconheceu um Comensal da Morte voando numa vassoura ao lado do trem... Mas não havia um só... Agora vários vultos entravam e saiam do campo de visão, muitos, dezenas deles...
- Saiam da cabine – falou Harry entre dentes para os amigos, puxando a varinha – saiam agora!
Todos puxavam a varinha, rápidos e alertas. Recuaram lentamente para o corredor com as varinhas em riste. Harry não podia acreditar... Não agora... Não naquele dia...
Quando estava no corredor, ele ouviu uma gritaria e vários alunos saíram aos atropelos de seus compartimentos, completamente desnorteados.
- PEGUEM SUAS VARINHAS! – berrou Harry para os alunos, quando viu vultos que apareciam aos montes agora dos dois lados do trem, voando imponderáveis, as varinhas nas mãos. – PEGUEM SUAS VARINHAS, NÃO HÁ SAÍDA!
Os alunos olharam pra ele, apavorados, e aos poucos começaram a puxar as varinhas, completamente perdidos, embarrando uns nos outros, se debatendo... Harry olhou para o lado a tempo de ver todos os comensais desaparecerem do campo de vista. Eles estavam voando sobre o trem, impossibilitando os garotos de saberem suas posições. Harry apertou a varinha com mais força, pensando com a velocidade das vassouras que furavam o ar a volta do trem. Então ele ouviu um alto estrondo e um vento imponderável levantou seus cabelos. Olhando pra trás, ele viu que um dos comensais arrebentara a janela, e agora se aproximava para entrar, acompanhado de vários companheiros. Harry mirou no homem que se aproximava e berrou, sem pensar duas vezes
- Petrificus Totallus! – ele se atirou para o lado na mesma hora em que o seu feitiço resvalava no corpo do comensal e se voltava contra ele próprio.
- Ele está usando um dos chapéus-escudo da Gemialidades Wealey! – berrou Hermione do seu lado, apertando seu braço.
- Precisamos pensar! – gritou Rony, desviando de um feitiço lançado por um dos comensais.
- Não poderemos usar as varinhas! – avisou Mione, afastando os cabelos que lhe chicoteavam o rosto, devido ao forte vento.
- Talvez sim! – exclamou Harry, com uma súbita idéia, que poderia dar certo. Não haviam muitas escolhas, de qualquer modo. – façam o que eu fizer!
Os amigos balançaram a cabeça vigorosamente, demonstrando seu consentimento.
- Accio Vassoura! – gritou ele, apontando para um dos comensais, que na mesma hora balançou perigosamente, e voou desabalado para dentro do trem em movimento, indo parar estatelado no chão atrás dos garotos. Os alunos em volta berraram apavorados, se empurrando e tentando manter distancia do homem caído no chão. Mas ele se levantou quase que imediatamente, apontando a varinha para Harry.
- VOCÊ VEM COMIGO, POTTER! – ele berrou, tirando a máscara que lhe cobria o rosto. Mcnair, o carrasco que quase matara Bicuço três anos antes.
- Ah, não vou não – respondeu Harry, dando uma piscadela para Rony, que imediatamente se jogou em cima do homem, lhe arrancando o chapéu.
Varias vozes berraram feitiços diferentes, e Harry viu que entre elas estavam Gina, Luna, Neville e vários alunos, com as varinhas tremulas apontadas para o comensal. Ele nem parecia humano mais, completamente desacordado e coberto de furúnculos, tentáculos, com varias partes do corpo inchadas e deformadas. O garoto ignorou-o e se virou para a abertura por onde o comensal entrara, e sem raciocinar, catou a vassoura dele no chão, montou-a e voou, veloz, para fora do trem, ignorando o berro alucinado de Hermione, que fora segurada por Rony. Harry subiu mais alto do que os comensais, que apontaram pra ele, abobados, e até diminuíram a velocidade, incrédulos.
Harry instigou a vassoura a voar mais rápido, e então furou uma nuvem fofa, começando a voar na mesma direção do trem, escondido pela massa branca. O sol quase lhe cegou, mas ele nem se importou. Os comensais deveriam vir atrás dele a qualquer hora, deveria estar preparado. Parou e começou a olhar em volta. De repente um vulto furou a nuvem rápido, como se fosse uma rolha.
Ele voou, veloz, e logo depois reapareceu, indo na direção de Harry, com a varinha erguida à frente. Na mesma hora em que ele berrava “Expelliarmus”, Harry se concentrou no feitiço escudo, e o raio de luz vermelha simplesmente resvalou nele, voltando-se para o comensal, que por sua vez também estava protegido, pelo chapéu, e o raio voou para cima, se perdendo dentro de uma nuvem.
Harry recomeçou a fugir para a direção do trem, sendo perseguido pelo Comensal da Morte, e novamente desceu para baixo da nuvem, mas parou logo em seguida, esperando o perseguidor. Quando ele apareceu, Harry berrou novamente “Accio Vassoura”, e a vassoura voou para ele, derrubando seu cavaleiro, que se perdeu na floresta lá embaixo, seu berro desaparecendo aos poucos.
Harry aparou a vassoura com a varinha, berrando “Immobullus”, e segurou-a para levá-la aos amigos no trem.
Ele derrubou mais três comensais no caminho, embora um deles lhe tivesse atingido com um feitiço Sectumsempra na lateral do seu ombro esquerdo, que agora sangrava bastante.
Com três vassouras sob o braço, ele entrou voando pela janela do trem, pousando em cima do comensal desmaiado.
- Toma – falou Harry, jogando as vassouras nas mãos de Rony, Hermione e Gina. – Luna – chamou ele, procurando a garota com os olhos.
- Sim – respondeu ela, aparecendo por trás de algumas garotas da Lufa-lufa que tremiam loucamente.
- Preciso que você fique aqui com o Neville pra cuidar desses alunos! – em caso de emergência dispare seu Patrono para o céu. – ele apontou com a varinha pra cima, explicando o melhor que podia. – nós viremos.
Ela balançou a cabeça afirmativamente, e Harry montou novamente a vassoura, sendo imitado pelos amigos e a namorada.
- Prontos? – perguntou ele, olhando para os três, que responderam com um aceno discreto da cabeça.
Eles voaram para fora em formação, Harry no meio com Rony, e as garotas em volta, todos com as varinhas erguidas.
- Feitiço escudo, no três! – avisou Harry, erguendo a varinha ao avistar dois comensais voando lado a lado na direção dos quatro. – um – ele olhou para Rony, que confirmou – dois – Hermione e Gina levantaram as varinhas, decididas – TRÊS!
Os feitiços saíram das varinhas dos dois comensais no mesmo momento em que os quatro garotos levantavam as varinhas, e os dois feitiços rebateram para seus autores. Os dois escapuliram por um triz, voando para lados opostos.
- GINA, MIONE, TIREM AS VASSOURAS! – Harry berrou paras as meninas, que responderam com um aceno de cabeça, baixando a altitude, mirando com suas varinhas nos dois homens – RONY! ARRANQUE O CHAPEU DESSE DA ESQUERDA! – Rony também confirmou, voando na frente de Harry, que observou os três agirem: Gina e Mione tirando as vassouras dos comensais com feitiços convocatórios, e Rony tirando o chapéu de um deles, durante sua queda. Harry se apressou a alcançar o outro que caia, e lhe tirou o chapéu.
Os quatro se reuniram novamente, e Harry fez um gesto para eles seguirem o trem, que avançara mais de duzentos metros, e agora haviam apenas dois comensais que esperavam pelos garotos com as varinhas em riste. Já estavam sem chapéu, provavelmente obra dos alunos no trem. Gina e Mione ficaram atrás dos namorados, esperando
Harry empunhou a varinha com Rony, como se fossem atingir os comensais, mas então se afastaram e as garotas foram à frente, lançando feitiços estuporantes nos dois, que se balançaram precariamente sobre a vassoura e caíram no trilho por onde o trem acabara de passar.
Os garotos esperaram um minuto e depois seguiram o trem que já estava muito a frente, voando velozes, com as varinhas erguidas, alertas.
Decidiram por voar ao lado do trem até a escola, como precaução. A tarde passou muito lenta, Harry já sentia frio e muita fome, mas preferia continuar na espreita... Os comensais haviam agido de forma muito ousada, perseguindo os alunos no caminho da escola, especialmente com todas as medidas que Harry presumia estarem vigorando com todo aquele caos.
Mas ele foi trazido de volta à terra com um leve sobressalto, quando Gina lhe cutucou o ombro esquerdo, apontando para o céu á frente deles.
O Patrono de Luna Lovegood, um testrálio prateado, pairava estranhamente sinistro contra o céu escuro, o sinal que Harry precisava para descer até o trem. Deixou os outros três na vigilância, e desceu com a vassoura velha do comensal da Morte Mcnair.
Quando ele chegou até a janela quebrada, Luna veio até seu encontro, correndo afobada.
- Harry, a gente encontrou o maquinista desacordado no primeiro vagão! O expresso está por conta própria, Harry! O que faremos?!
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