Batalha pela Horcrux
Harry olhou em volta, horrorizado.
Não podia ser verdade, não de novo...
Então o vulto que se dirigira à ele retirou a máscara, revelando um rosto feminino magro e belo, de pele morena, pálpebras pesadas e cabelos muito negros e lisos.
- Vamos, Potter – repetiu ela, com desdém – desta vez você não me escapa. Snape pode ter tido clemência de você, mas eu não terei!
- Ora, já lhe escapamos uma vez, não é? – disse Hermione com voz trêmula, porém tão desdenhosa quanto a de Belatriz Lestrange, sobressaltando a Harry.
- Cale-se, sua sangue-ruim nojenta! – respondeu a mulher, sem olhar para ela.
- REPITA! – exclamou Rony, erguendo ainda mais a varinha, recebendo olhares assustados de todos os comensais e de Mione.
Harry pensava rapidamente, enquanto Belatriz discutia com Rony, ameaçando-o com a varinha. Eram mais ou menos seis comensais, e eles eram apenas três. Mas ele sabia o que fazer.
Levantou a varinha para um dos comensais, e fingiu que ia desferir um feitiço, e ao mesmo tempo levantou o medalhão à sua frente, enquanto o comensal berrava “Avada kedavra!”, ignorando o grito de “Não!” de Belatriz.
Então o medalhão se quebrou, com um estrondo incrivelmente alto, como o de uma bomba sendo detonada, e todos foram iluminados por uma ofuscante luz verde. Toda a poeira no chão parecia ter sido levada por uma forte onda de impacto, que derrubou todos os presentes. Harry ouviu alguém berrar seu nome e sentiu uma mão agarrar seu pulso. Ele se assustou no momento em que viu tudo a sua frente desaparecer, e reaparecer de repente, depois de se sentir sugado por um caminho muito estreito, perdendo a respiração.
Caiu sentado atrás de um túmulo, ao lado de Hermione, que parecia decididamente em pânico.
Entendeu o que acontecera: ela acabara de fazer uma aparatação acompanhada com ele. Ele retribuiu seu olhar, perguntando, sem emitir som:
- O Rony?!
Ela balançou a cabeça freneticamente, espiando por cima da lápide. Harry imitou-a, e viu que os comensais estavam se levantando aos pulos, apontando as varinhas para todos os lados, alertas. Estavam em apenas cinco.
Rony não estava a vista em nenhum lugar. Harry estava completamente desnorteado. Começou, novamente, a pensar numa solução, mas nenhuma idéia brilhante lhe chegava.
De repente uma voz quebrou o silêncio tenso no cemitério.
- Ele está morto! – gritou uma voz, esganiçada. Harry sentiu-se desabar, não, não, não podia ser verdade, Rony não poderia morrer... – Crabbe está morto!
Harry pensou que iria berrar de alívio, mas se segurou. Mione, também, parecia estar muito aliviada, respirava com força, e várias lágrimas escorriam por seu rosto.
Então o pânico voltou ao cérebro de Harry, quando novamente um barulho de deslocamento de ar se fez ouvir.
A voz dos comensais se espalhavam pelos corredores estreitos, enquanto eles aparatavam, silenciosos, por toda a extensão do cemitério vazio.
Então, muito mais próximo, um som de aparatação sobressaltou Harry e Hermione, que levantaram as varinhas, trocando olhares de confiança.
- Harry? – chamou uma voz de desdém, novamente – vamos brincar de esconde-esconde de novo, Harry?
Agora os dois ouviam os passos se aproximarem, lentos e cuidadosos, sobre as pedrinhas do cemitério... Estava mais perto agora, cada vez mais perto... Mas Harry não podia mais se esconder. Sem nem ao menos olhar para Mione, ele se levantou, correndo o mais rápido que conseguia, lançando feitiços por cima do ombro, desejando com toda a alma que conseguisse encontrar Rony...
Então um feitiço imobilizador atingiu-o nas costelas, e ele saiu de cara na pedra, entre dois túmulos altos. Ele ouviu os passos de Belatriz atrás de si, andando lenta e debochadamente.
- Um... Dois... Três... – ela contava, quase como se cantarolasse – Comensais! – chamou ela, rindo-se – parece que achei algue...
- PETRIFICUS TOTALLUS! – berrou uma voz atrás da mulher, e ela caiu de borco, com um berro. Mione, vinha correndo, abaixada, sendo perseguida por diversos feitiços que quebravam as lápides no seu caminho. Diversos lampejos verdes disparavam, e ela, correu até Harry:
- Finite Incantatem! – ela murmurou, apontando para Harry.o garoto sentiu seus músculos recobrarem o movimento e se agachou, alarmado.
- Fica aqui! – sibilou ele para a amiga, olhando para seu rosto. Haviam vários cortes pequenos, e ela parecia a beira das lágrimas. – vou procurar o Rony!
Ele ouviu um tropel de passos correndo em sua direção. Se aprumando, ele apontou por trás de uma lápide alta, e berrou:
- Expelliarmus! – um comensal grande, provavelmente Goyle, voou quatro metros para trás, e caiu de costas sobre uma lápide, que se rachou no meio.
O garoto desatou a correr, ouvindo Hermione berrar para ele ter cuidado. Ele virou à direita no fim do corredor tortuoso, tendo tropeçado duas vezes, e correu pela alameda maior, sentindo vultos se aproximarem por todos os lados, lançando feitiços.
Quando ele chegou no fim da alameda, olhou para o lado e viu, com um baque desagradável, o corpo de Rony estendido no chão. Ele caiu de joelhos, trêmulo.
Um homem se aproximou dele, com a varinha estendida.
- AVADA...
Mas o corpo de Rony, afinal, ainda estava vivo. Levantando-se de um salto, o garoto berrou:
- IMPEDIMENTA!
O comensal foi atingido pelo feitiço, e seu corpo ficou temporariamente paralisado. Ele olhava, cheio de rancor, para Rony, que viera correndo até onde estavam ele e Harry.
- Você está bem? – indagou ele, por cima do ombro, para o amigo.
Harry fez que sim com a cabeça, ainda tremendo muito.
- Estupefaça! – gritou Hermione, que chegava correndo. Os garotos viram que o comensal havia recobrado seus sentidos, mas a garota fez com que ele caísse, desmaiado, de novo.
- Eu estuporei mais dois no caminho – disse ela, cansada. Apoiou-se nas pernas tremendo violentamente.
- Precisamos levá-los para algum lugar – disse Rony, se sentando numa lápide.
- Vamos aparatar na casa de entrada para bruxos... – sugeriu Harry, se levantando.
- Isso – concordou Mione. Os três se aproximaram, ainda com as varinhas em punho.
Harry fez força para imaginar o local para onde queria ir, e com um estalo, ele sentiu seu corpo viajar por entre luz e som, e ele apareceu no quintal cheio de mato atrás da casinha onde eles haviam chegado no dia anterior.
Harry embarafustou pela porta, e voou até a lareira. Apanhando um pouco do Pó de Flu no saquinho que comprara no beco diagonal, ele se ajoelhou e meteu a cabeça entre as cinzas.
“Largo Grimmauld, 12!” falou ele, apressado, e as chamas verde-esmeralda o arrebataram para longe, Rony e Hermione na sala empoeirada.
Ele abriu os olhos, e viu uma cozinha um tanto escura e subterrânea. Havia alguém sentado à mesa na sua frente.
- Professor Lupin? – chamou ele, com receio.
- Harry – exclamou o professor, virando-se para ele, estupefato. – está tudo...
- Não, professor, não está tudo bem! – falou ele, apressado. O homem se aproximou da lareira, parecendo alarmado.
- O que está havendo, Harry? Algum problema?
- Muitos – Harry inspirou com força. Ainda não era nenhum perito em aparatação. A viagem o havia cansado muito. – pra começar, estávamos eu, Rony e Mione no cemitério onde meus pais estão enterrados, e...
- Sozinhos?! – perguntou Lupin, irado.
- Agora não tem tempo, professor. – falou Harry – o que importa é que encontramos uma Horcrux no túmulo dos meus pais, e...
- Uma o quê?! - exclamou Lupin, arregalando os olhos.
-... e apareceram uns seis comensais da morte, liderados pela Lestrange, e eles atacaram a gente. Eu coloquei o Horcrux entre mim e o Crabbe, e quando ele lançou a maldição da morte...
- O quê?! – disse Lupin, ainda mais alarmado. – estou indo para aí imediatamente, Harry.
- Ótimo, estamos em Godric’s Hollow, venha logo, por favor!
- Ok, Harry, então saia, se me faz o favor – pediu ele, correndo para fora da sala, berrando “Ninfadora!”, “Olho-Tonto!”.
Harry deu um puxão para trás, e saiu na sala velha e embolorada, aos pés de Rony e Mione.
- Eles estão a caminho – Harry tranqüilizou Mione, que roia as unhas, nervosa.
Dois minutos depois três pessoas saíram da lareira, com as capas rodopiando e as varinhas nas mãos.
- Vamos lá, Harry – chamou Lupin, agitado.
Tonks mostrou seu distintivo de auror, e eles puderam sair pela porta da velha casa.
Aparataram na frente do cemitério, Harry agarrando o pulso de Lupin.
Meia hora depois haviam reunido todos os seis comensais num monte informe, no meio do cemitério, completamente inconscientes. Tonks elogiou Mione, que pegara sozinha três deles. A garota ficou escarlate, olhando para os pés.
- Bem, o ministro ficará realmente satisfeito... – aprovou Moody, com um rosnado que poderia ser considerado uma risada – parabéns, Potter, Weasley, Granger...
- Obrigado, senhor – agradeceu Harry, e sentindo realmente cansado, agora.
- Vamos, cada um pega um deles. Vamos leva-los para o ministério. Certifiquem-se de que eles estarão sempre inconscientes. Não queremos Voldemort no nosso encalço.
Moody apanhou o braço do corpo morto de Crabbe. Eles desapareceram, seguidos por Tonks, segurando enojada o braço de Belatriz, e Lupin, com um Goyle muito machucado agarrado em sua mão.
Eles reapareceram segundos depois, para apanhar os restantes. Depois que eles haviam desaparecido, agradecendo Harry e os amigos mais uma vez, os três se olharam e suspiraram, cansados.
- Mais um dia comum como amigo íntimo de Harry Potter – entoou Rony, com um suspiro, se sentando no chão coalhado de pedaços de lápides, e crateras fumegantes.
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