Entregue pelo Bisbilhoscópio



Harry, depois de contar cada detalhe da história pros revoltados Rony e Hermione, Harry ainda tentava entender, enquanto via todos os convidados se servirem, às seis e meia, toda a história que Severo Snape contara. Poderia ser uma invenção? Harry já cometera o erro de duvidar da integridade ou da inocência de alguém, e na ocasião estava errado. Sirius Black era inocente.
Harry, na verdade, considerava, e até muito, a história de Snape, pois toda ela fazia todo sentido.
Ele sentiu uma raiva sem tamanho ao pensar que Pedro Pettigrew estivera ali na casa dos Weasley, como rato, na véspera do casamento. E eles achando que Bichento estava atrás de um gnomo! Mas Snape nunca fizera bem o tipo de Harry. Eles tinham um ódio mútuo, mas, pensando bem, o homem nunca fizera mal á ele. Claro, excluindo as tentativas de expulsão, sempre frustradas.
Mas fora esse rancor, ele nunca ferira Harry, embora suas mãos comichassem para estrangulá-lo de vez em quando.
-... Mas eu realmente acho que ele esteja dizendo a verdade, quero dizer, ele... Harry! Harry! Você está me ouvindo?
A voz de Hermione despertou-o do devaneio, e ele olhou pra ela, ainda meio desligado.
- Sim... Sim, é claro.
- Como eu ia dizendo, ele deve ser inocente, quero dizer, se ele veio até aqui, digo, quem não deve, não teme! Então ele provavelmente está mesmo com a consciência limpa, não é?
- É Mione, mas talvez você esteja novamente com aquela mania de defender professores...
- Ah, fica quieto, Ronald. – respondeu ela, agitando as mãos.
- Mas, sabe. – continuou ele, como se a namorada nada tivesse dito – Eu acho que você deveria era prestar mais atenção nas presas do seu gato. Ele ainda não esqueceu a favorita dele... O nosso amiguinho Perebas.
- Eu não tinha como saber, Ronald! – defendeu-se a garota, corando – ele vive correndo atrás de gnomos, e...
- Mione – disse Rony, rindo-se – eu estava brincando.
Ele passou os braços pelos ombros da garota, na mesma hora que Gina aparecia, parecendo irritada, e, depois de beijar Harry, ela se endireitou, bufando:
- Aquela Gabrrielle não pára de correr atrás de mim! Fica dizendo que eu, como dama, devo ficarr com a noive! Ela é irritante, sério! Uma pequena Fleuma
Harry sorriu, olhando pela janela, onde Gabrielle passava, procurando por alguém. Gina se abaixou um pouco mais no sofá onde os quatro se sentavam, como se quisesse desaparecer do mapa.

Às duas e meia da manhã todos os convidados já haviam se despedido dos noivos e ido embora. A sra. Weasley dormira numa poltrona, com um pratinho e um garfo nas mãos. A comida estava como era de se prever, deliciosa. O bolo tinha dezessete andares, e os noivos no topo lançavam olhares nervosos pros convidados lá em baixo, como se tivessem receio de serem comidos junto ao bolo.
Mas, no todo, a festa transcorrera muito bem. O jantar fora servido no jardim. Haviam montado muitas mesas redondas, com lanterninhas de luz branca no centro. Nas árvores, novamente se encontravam as fadas, parecendo muito aborrecidas, e entre elas algumas lanternas verdes que brilhavam, misteriosas.
Harry nem ao menos jantara. Ficara matutando durante todo aquele tempo, e foi com um grande susto que ele percebera, de repente, a ausência se todos os convidados.
Nessa hora, então, Fleur entrou, abraçada a Gui, parecendo exausta, mas muito feliz.
- Viemes nos despedirr – disse ela, com a voz animada.
- Oh, Gui! – soluçou a sra. Weasley, se atirando nos braços do filho, e passando um braço pelas costas da nora também. Fleur se assustou, mas também abraçou a sogra, parecendo bem contente. – adeus, então, e boa lua-de-mel! - disse a senhora, tentando sorrir, ajeitando a gola do relutante filho.
- Oh, serra! – disse Fleur, piscando para o marido.
Depois disso, os dois pegaram suas malas e, indo até o portão, eles acenaram para todos na casa: a sra. Weasley, o sr. Weasley, Rony, Fred, Jorge, Gina, Harry e Hermione. Todos retribuíram, felizes, quando os dois desaparataram, num movimento das roupas.
Todos estavam nas camas menos de vinte minutos depois. A sra Weasley, antes, pedira quetodos ajudassem, com suas varinhas, a arrumar a bagunça. Então ela, o sr. Weasley, Harry, Mione, Rony, Fred, e Jorge se colocaram de costas um para o outro, formando um círculo. Todos disseram, em bom som:
- Arrumar!
E tudo voltou ao seu devido lugar, algumas coisas desapareceram no ar, as cadeiras da cozinha se arrumaram na mesa, as louças foram voando graciosamente até a pia, os restos de comida junto, e todas as sujeiras desapareceram do chão, toalha de mesa, e tudo o mais.
Então, sonolentos, eles se viraram para subir as escadas. Os Weasley pais nada sabiam sobre Snape, e Harry não pretendia que eles soubessem: já fora muito ruim desrespeita-los e sair por ai, depois de todos os seus cuidados.
Mas ele não pretendia ficar na casa, mesmo não tendo que contar: naquela madrugada ele iria embora, e Rony e Hermione não iriam junto. O garoto não se perdoaria se algo acontecesse aos dois, justamente agora, que eles haviam se entendido. E eles não poderiam provar mais lealdade do que já haviam provado, por isso Harry não ficaria nem um pouco sentido se eles não fossem junto com ele.
Então, ele foi se deitar depois de Rony, quando o amigo já estava dormindo. Harry estava completamente vestido, com uma jeans, uma camiseta branca e uma jaqueta. A varinha ele levava no bolso traseiro das calças, junto com a pequena chave do seu cofre, no Gringotes.
Ele se deitou na sua cama de armar, no chão do quarto de Rony, e ficou olhando pro teto, até que deu três horas da manhã. Ele se levantou, checando o amigo, para ver se ele estava realmente dormindo, e, pegando o malão pela alça, ele começou a sair desajeitado e silencioso, do quarto, mas no meio do caminho, um alto som de apito ecoou pelo quarto. Harry, cerrando os dentes, olhou pra baixo, à procura do dono do barulho, e viu e seu bisbilhoscópio de bolso, um pequeno pião de vidro que apitava e brilhava com luz vermelha quando algo suspeito acontecia por perto, caído ao lado do colchão, perto de umas meias velhas do tio Valter. Ao mesmo tempo, Rony acordava, os olhos arregalados, puxando a varinha da mesa de cabeceira. Ele sentou-se na cama, olhando de Harry para o pião, que agora girava muito rápido, apitando. Ele sorriu astutamente, levantando as sobrancelhas, novamente.
- Indo a algum lugar? – perguntou, levantando-se, e revelando estar completamente vestido, também. - Pois a Mione sabia que você ia aprontar uma dessas, de nobreza... Ela está sempre certa... – acrescentou ele, sorrindo bobamente.
- Vocês não tem que ir, é sério... Eu – mas ele parou de falar, pois o bisbilhoscópio recomeçara a girar, brilhando e apitando loucamente.
- Mamãe e papai! – sibilou Rony, histérico. – Pra cama! Pra cama! – disse ele, sem emitir som, apontando pra cama no chão. Harry agiu mais do que rapidamente. Largando a mala e tirando os óculos, ele se deitou e puxou a coberta até o pescoço, junto com Rony, e agarrou o bisbilhoscópio na mesma hora em que a porta voava das dobradiças, e alguém irrompia pelo portal, empunhando a varinha. Então as feições do sr. Weasley, alerta, se materializou no meio da caliça que se desprendia da porta recém estourada. Harry fez uma cara inocente, sem se descobrir. O senhor ficou olhando de um para o outro, na hora em que a mulher colocava a cabeça, nervosa e atenta, por trás das costas do marido. O bisbilhoscópio parara de apitar, e permanecia silencioso na mão suada de Harry.
- Papai – disse Rony, forjando uma voz de sono – o que aconteceu?
- Ouvimos um apito... Achamos que era o alarme anti-invasores... Mas... Tudo bem – disse o bruxo, guardando a varinha no bolso do roupão.
Nesse momento Gina e Mione apareceram na porta, parecendo assustadas. Num instante Harry contou a história pras duas, dando uma piscadela imperceptível pra Mione. Ela pareceu entender, assentindo a cabeça, e abriu ligeiramente o roupão, mostrando uma calça jeans e um tênis. Harry sorriu pra dentro, ainda olhando inocentemente pros Weasley pais.
- Pra cama! – disse a sra. Weasley, enérgica.
- Mione – chamou Harry, numa súbita inspiração, quando a amiga se dirigia até a porta – você pode me trazer aquele livro seu, do Slinkhard... Eu estou meio sem sono, e...
- Ok – disse ela, fazendo cara de entendimento – eu pego, vamos, Gina...
Quando o sr. Weasley consertou a porta, murmurando “Reparo!”, e todos saíram do quarto, os meninos esperaram alguns segundos, deitados em silêncio. Momentos depois eles ouviram passos leves no outro lado da porta: tinham razão, a sra. Weasley ficara mais um pouco pra se certificar de que eles iriam dormir.
Então os dois se levantaram rápidos, e enquanto Rony mandava todos os seus pertences ( ficaram bem arrumados: era um tipo de especialidade nova do garoto) para o malão com a varinha, Harry se levantou, pegou o bisbilhoscópio e lançou um feitiço Silenciador nele. Depois, os dois esperaram, nervosos, por Hermione.
Então ela apareceu, suada, usando um casaco rosa de moletom e capuz, trazendo seu malão e a cesta com Bichento. Harry, de repente, percebeu a ausência de Edwiges, e xingou baixinho, olhando em volta. Não podia partir sem a coruja. Então, com mais uma súbita inspiração, ele foi até a janela, abriu-a com a varinha, e apontou-a pro céu. Pigarreando, ele murmurou:
- Accio Edwiges!
Ele esperou, nervoso, e de repente um vulto branco começou a se aproximar da janela, voando com rapidez e piando assustado.
Edwiges entrou, como uma bala, de costas e caiu nos braços estendidos de Harry. Então ela deveria estar dormindo muito perto dali... Talvez nas árvores, com Errol. Harry levou-a até a gaiola e deixou a coruja entrar sozinha, enquanto ele já fechava a portinhola e saía, apressado, atrás de Rony e Hermione.

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