Preparativos para o casamento
Harry não teve nenhuma folga nos dias que se seguiram. A Sra. Weasley estava apopléctica, muito eficiente, fazendo de tudo pelo casamento do primogênito. Harry, porém, se divertia imensamente a cada dia que passava, quase não largava Gina, que por sal vez estava sempre do lado do garoto. Do mesmo modo estavam Rony e Mione. Harry estava gostando muito desse namoro, embora admitisse que sentia falta das longas conversas em que os dois discordavam em tudo Hermione, agora, concordava sempre com Rony, e ficava quase o tempo todo elogiando suas sardas ou chamando-o por algum apelido romântico. Ele ficava vermelho como um pimentão, e Harry achava muita graça nisso.
O sr. Weasley fingia não ver Harry beijando Gina nas raras ocasiões em que ele passava em casa.
Isso por que o ministério o chamava todos os dias, de modo que ele não podia ajudar nos preparativos do casamento. Harry perguntava por novidades à respeito de Voldemort sempre que o homem chegava em casa, embora as noticias fossem muito escassas, mesmo dentro da Ordem.
O Profeta Diário noticiava assassinatos e desaparecimentos diariamente, como fora no ano anterior, embora não envolvessem muitos conhecidos, exceto uma notícia que dizia que Olho-Tonto Moody sofrera uma tentativa de envenenamento, mas Harry não confiou cem por cento na história: Olho-Tonto tinha mania de perseguição desde que saíra do cargo de auror no ministério. Haviam também soltado Stanislau Shumpike, condutor do Nôitibus, que tinha sido preso no ano anterior, injustamente. Harry, que o conhecia, havia pedido ao ministro Rufo Scrimgeour para solta-lo à algumas semanas, no funeral de Dumbledore, mas na época ele não parecia nem inclinado a faze-lo. Segundo ele, a comunidade bruxa gostava de ver “que algo estava sendo feito”, mas Harry, que conhecia o ministério com seus podres, e excessivos erros, nunca ficaria satisfeito com o serviço dos mesmos, ainda mais depois de eles terem negado a volta de Voldemort, chamado o garoto de mentiroso junto com Dumbledore, perseguido seu padrinho, inocente, por dois anos, ainda depois de tudo, tentarem convence-lo de se tornar garoto-propaganda do ministro.
Mas a sra. Weasley não se preocupava muito com isso. Ficava o dia inteiro preparando bolos, lavando travessas, indo até o Beco Diagonal pra comprar ingredientes, vestes, e outras coisas para o casamento. Parecia muito cansada com todo esse trabalho, mas ainda achava tempo para cozinhar as refeições da família, lavar as roupas, limpar a casa, e receber os membros da Ordem que apareciam periodicamente pra prestar relatórios. Todos pareciam um pouco atordoados sem Dumbledore, mas mantinham a discrição. Lupin e Tonks apareciam com mais freqüência do que os outros, mas Olho-Tonto apareceu dois dias antes do casamento, completamente amalucado e muito desconfiado. Na hora do jantar, por exemplo, pegou o pudim de carne e rins e cheirou-o longamente, como se estivesse decidido a encontrar veneno. A sra. Weasley, para a tristeza de Moody, vira, e inchou como um sapo-boi, antes de começar a berrar que se sentia insultada pela desconfiança do ex-auror. Ele, na defensiva, comera o frango bem depressinha, sem parar pra respirar, o olho-mágico mexendo muito rápido pra todos os lados. Harry, meio nauseado, desviara os olhos para o casal Weasley. O marido tentava convencer a mulher que não fora por querer, da parte de Moody. Ela estava num estado de nervos muito perigoso, e quando pegou o prato de Harry não foi com a suavidade como sempre o tratava, mas aos arrancos, arremessando-o com a varinha pra cima da atulhada pia. Harry, que nem terminara de comer, largou os talheres lentamente e escorregou pra fora da cadeira, subindo as escadas atrás de Gina, que batia os pés, xingando baixinho.
- Mamãe está completamente doida com esse casamento! – disse ela, como era de costume, parecendo um gato raivoso.
- Sue mã está dande o valorr que meu casament merres! Vece, come dame de honrr, deverria darr o mesme valorr – disse uma gutural voz de censura nas costas dos dois. Fleur subia as escadas graciosamente, e seu rosto estava com uma expressão de indignada incredulidade. Gina, por sua vez, bufou e continuou a subir as escadas.
- Ache mui falt de educação de sua parrt! – disse Fleur, flexionando os punhos muito cerrados. Gina ignorou-a completamente. Balançando os cabelos, saiu com o nariz empinado, e desapareceu na curva da escadaria.
O dia seguinte, véspera do casamento, foi extremamente agitado. Gina continuava emburrada com a mãe e a futura cunhada, e se trancou no quarto a manhã inteira, saindo apenas quando a mãe chamou-a no andar de baixo, para dar as boas vindas à mais nova hóspede. Gabrielle, irmã mais nova de Fleur, também seria dama, e chegou na casa aquela manhã, usando vestes muito grossas, como se estivesse geando na casa. Hermione lembrou a Harry, então, que era muito quente na França, de onde ela viera. A menina ficara muito animada quando vira Harry, por que o garoto a salvara no seu quarto ano em Hogwarts, quando ela fora presa sob a água, pelos sereianos que habitavam o lago da escola.
À tarde, a sra. Weasley saiu com Gui, Fleur, Gina e Gabrielle . Eles iriam até Madame Malkin, Vestes para todas as Ocasiões, no Beco Diagonal, onde iriam comprar o terno, o vestido de noiva, e os vestidos das damas de honra, Gina e Gabrielle. Harry, que estava sem nenhuma roupa para usar na festa, deu dinheiro a sra. Weasley pra comprar umas vestes de festa pra ele também. Rony usaria as vestes dadas por Fred e Jorge, no ano anterior, e Hermione comprara um belo vestido de trouxas. Fred e Jorge chegariam aquela noite de Londres, onde trabalhavam numa loja de Logros, chefiada por eles. Então, a casa era só de Harry, Rony e Hermione, e eles aproveitariam pra pôr os assuntos em dia.
Na hora que Gina desaparecia rodopiando pela lareira em chamas muito verdes, os três foram devagar pro jardim radiante de sol, e se sentaram no murinho de pedra do fundo do jardim cheio de mato dos Weasley. Observaram Bichento correr atrás de uns gnomos, e então Harry falou.
- Tenho que me mexer. O tempo está escoando. – ele falou isso olhando pro lado oposto, mas pôde jurar que os amigos haviam se entreolhado, e ele acrescentou:
- Vocês sabem que eu não posso ficar aqui. Eu pretendo ir à Godric’s Hollow no dia após o casamento, e não importam as circunstâncias.
- Nós vamos com você, cara. – ele olhou pra Rony, que por sua vez olhava pro gramado, e então o amigo voltou os olhos pra ele. – não vamos deixar você sozinho nessa!
- Não – disse Hermione baixinho, embora olhasse um pouco amedrontada pra Harry – iremos juntos até o fim. Você pretende mesmo ir até lá, não é?
- Sim – disse Harry com firmeza – já está na hora de ir atrás do meu passado. Já fucei um pouco demais no de Voldemort, tenho direito também, não é?
- O perigo vai junto com nós, Harry, eu penso que você sabe disso – disse Hermione, se levantando e indo andar de costas pros garotos. Ela parou e começou a se balançar sobre os pés, nervosamente, os braços cruzados. Então ela se virou, e havia uma lágrima no seu rosto – nós iremos até o fim, Harry, mas eu não acho que o fim vai ser o mesmo pra todos nós! Eu tenho medo do que nos espera no fim do nosso caminho. Coragem não vai ser o suficiente desta vez, Harry!
O garoto não respondeu na hora. Tentou continuar observando os gnomos fugitivos, mas Hermione o encarava insistentemente, e ele olhou pra ela, o resto inexpressivo.
- Eu sei. – ele se levantou, olhando dela pra Rony – mas eu vou assim mesmo. Já passou da hora de ir atrás. Chega de ver as pessoas ao redor morrendo. Eu posso tentar mudar isso.
Ele foi se postar ao lado de Mione, e eles olharam pra Rony. O garoto levantou os olhos, apoiando o queixo numa mão, e, então, com um suspiro, ele foi até os amigos e colocou a mão no ombro de Harry. Eles, então, se viraram e foram caminhando, abraçados, pra voltar a Toca, em silêncio, resignados.
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