Consequências



Nota: Música da vez > KoRn - Kiss

N/A de uma autora revoltada: A MELECA DO F.F. NÃO TÁ ATUALIZANDO O ARQUIVO COMO UM SÓ, ACHO EU QUE É PQ ESTÁ MUITO GRANDE, 142 páginas.... Só atualiza arquivo com menos de 90 páginas... Então o capitulo 6 ficará dividido em 2, ok?! Então teoricamente, vocês terão 2 capitulos de uma só vez!!! Bjs!

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Capítulo 6 - Conseqüências

A fortaleza continuava a mesma coisa do lado de fora. Fria, de paredes cinzentas e torres intermináveis. Todos sabiam que a fortaleza era bem mais que o castelo de Voldemort. Por ser enorme, a construção abrigava toda infra-estrutura do novo governo. Havia ainda o prédio do ministério, mas as coisas importantes aconteciam na fortaleza. E para aqueles comensais que eram mais “próximos” a Voldemort, havia também alguns dormitórios. A família Malfoy, por exemplo, tinham dois quartos e uma saleta.

Chegando ao castelo, Draco levou sua irmã até essa sala reservada aos Malfoy. Apesar de tudo, Kalena continuava sendo uma. Ela precisava descansar e aceitar a sua nova condição. Com Richard morto, sua irmã seria aceita pelo Lorde das trevas. Na saleta, Draco colocou delicadamente Kalena em um divã negro. Até ele temeu como ela reagiria aquela reviravolta. E sabia que ela não reagiria nada bem, afinal mesmo sendo um trouxa, ele era o marido de sua irmã.

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Lucius chegou com os outros. Ele estava eufórico. Foi, rapidamente, ao encontro de Voldemort. Tinha que avisá-lo sobre os resultados daquela visita. Claro que ele se descontrolou... que cometera erros que poderia travar a reeducação de sua primogênita, mas o saldo foi positivo. Matara o sangue ruim que ousou se casar com sua filhinha.

O mais importante para Lucius era que estava com os seus dois filhos, Kalena e Draco, como sempre quis. Assim que viu Voldemort sentado em seu trono, Lucius se ajoelhou. A sua voz demonstrava como estava excitado. Ele estava louco de ansiedade para falar que estava com Kalena em seu poder, como deveria ser.

-Milorde. – disse ainda prostrado perante Voldemort - já recuperei minha filha, senhor.

- que ótima noticia! - disse em uma falsa ansiedade. Voldemort torcia, em seu intimo, que essa menina tivesse apenas herdado o mesmo dom de sua mãe. - agora é só ela ser reeducada e assim será uma esposa devotada de um comensal que saiba apreciar a sua beleza e pureza de sangue.

-estou certo que ela será uma das melhores esposas, Milorde. – Lucius já estava de pé. Não havia motivos para continuar ajoelhado.

- a não ser que ela tenha herdado, além do dom, o gênio da mãe. Meio selvagem.

-sim, ela é meio selvagem e já deixou bem claro isso... Mas serei rígido com ela. Kalena nunca teve uma educação condizente à família Malfoy. Logo... logo, saberá qual é seu papel em toda essa historia. E se orgulhará de sua posição.

- fico realmente contente com a sua atitude. E Draco? Onde ele está?

-está cuidando da irmã. Como ordenado por mim. Os dois se apegaram rapidamente...

- quero falar com ele. – Voldemort cortou Lucius, não estava nem um pouco com vontade e tampouco tinha paciência para ouvir as baboseiras de seu servo. – Tenho a ligeira impressão que ele já tinha descoberto a irmã a mais tempo, e a estava encobrindo, estou certo?

-sim... mas creio que isso eu posso resolver, Milorde. Se o senhor permitir é claro.

- Será que você tem pulso forte com seus filhos, Lucius?

- claro que sim, Milorde.

- Mas mesmo assim eu quero ter uma conversinha com ele. – resmungou balançando a mão, fazendo um sinal nada educado para que o loiro se retirasse.

-peço a sua licença, Milorde. Quero começar a reeducação o quanto antes. Ela precisa se situar de sua atual situação - continuou Lucius com a voz untuosa.

- claro. – disse Voldemort olhando com um certo pesar para o trono vazio de Gina – mande Rodolphus vir aqui. Quero saber por onde anda Ginevra. O ultimo informante desapareceu e quero saber se o novo informante teve mais sorte.

- claro Milorde.

Lucius foi atrás de Rodolphus e deu o devido recado. Depois saiu de lá para ver sua filha. Agora com ela por perto era só “reeducá-la” para se tornar uma cidadã modelo. Preocupada em aumentar a quantidade de bruxos puros sangues na sociedade e em ser obediente perante o Lorde, ao seu pai e seu marido.

Mas esse era o maior problema. Kalena não era um exemplo de obediência. Os anos sendo criada no deserto com um monte de selvagem, a tornaram meio intratável. Nada condizente a uma legítima Malfoy. E sem contar que ela já dera provas suficientes que era bem parecida com a mãe.

Ao chegar à sala, Lucius viu uma coisa que fez seu sangue ferver mais uma vez e soltar um bufo impaciente. Draco ainda estava na saleta com Kalena. Ele parecia que estava afagando os longos cabelos negros de Kalena. Ao ver Draco lá, só fazia Lucius se lembrar que seu próprio filho o enganara e acobertava Kalena em sua fuga quase que desesperada.

- Draco!

Draco se levantou ficando frente a frente ao seu progenitor, encarando-o duramente. Ele tinha coisas a dizer para Lucius. Mas antes que pudesse reagir, ou até mesmo falar com ele, Lucius lhe deu um soco fortíssimo. O loiro perdeu o equilíbrio, indo de encontro ao chão. Ele pode ver que Lucius estava completamente transtornado por causa do que ele fez, ou melhor, deixou de fazer. Foi então que conseguiu ver o crápula manipulador que tinha como pai.

- você deveria ter me contado! Deveria ter entregado Kalena para mim. ELA É MINHA FILHA SEU INCONSEQÜENTE! Ela não é assunto seu! Você não tinha nada que enfiar o bedelho nos meus assuntos!

Draco levou a mão ao nariz, que sangrava bastante. Limpou o sangue com a manga da capa e se levantou. Se não fosse seu pai aquele soco não ficaria barato.

- Eu estava tentando trazê-la por vontade própria. – apalpou o nariz, tentando não demonstrar a dor que sentia. - Mas você chegou e estragou tudo matando o infeliz. Meses de preparação para nada! E ela é minha irmã, então é assunto meu também! Eu também quero zelar pela felicidade dela.

- antes de ser sua irmã ela é minha filha! – disse Lucius transtornado, apontando o dedo em riste para o jovem. Draco não tinha nada a ver com aquela história. Quantas vezes ele tentou pegar a guarda de Kalena. Mas todas as tentativas foram todas em vão. Agora que poderia ficar perto dela, Draco tinha atrapalhado.

-você está descontrolado. Não vou discutir sobre essa idiotice. - disse pegando sua varinha e apontou para seu próprio nariz e murmurou um feitiço que estancou o sangue e pôs o nariz no lugar. -Faça bom proveito da sua filhinha, querido pai. O problema vai ser quando ela acordar. - e saiu sem mais explicações. Estava fulo da vida. Seu pai era um tremendo imbecil mesmo.

Lucius ainda respirava ruidosamente. Draco era irremediavelmente parecido com Narcisa. Mas agora ele tinha que se acalmar. Seu maior e mais belo tesouro estava deitada no divã, dormindo um sono solto... Ele pode contemplar sua filha dormindo. Ela era tão linda. Tão parecida com a mãe dela. Ela lhe daria netos perfeitos. Mas a hora de discutir sobre netos chegaria. Antes era preciso tirá-la daquele feitiço. E conversar com ela. Foi isso que fez.

Kalena abriu seus olhos acinzentados e fitou o local para saber onde estava. Era estranho aquele lugar. Era tão frio e sem vida. Nem parecia que morava alguém lá. Depois de tentar analisar bem o local, não pode evitar chorar. Todas as lembranças dos últimos acontecimentos vieram de uma vez a sua mente.

A dor da perda de Richard era tamanha. E o pior foi à brutalidade no qual ele foi morto. Será que era errado casar com quem se amava? O que ela fizera de tão grave para ser privada de Richard? Ela não tinha culpa por ser uma Malfoy. Foi só depois de chorar bastante que percebeu que não estava sozinha.

- por que está chorando, Kalena? – perguntou seu pai, sentado com a cara mais sonsa e dissimulada.

-seu desgraçado! - gritou com força. Ela se virou para poder ver melhor o crápula de seu pai, mas permaneceu deitada e estava com o rosto banhado de lágrimas. Ela não tinha forças de se levantar.

- olha a língua, Kalena! Cadê a pouca educação que a sua mãe te deu?

- como pode? Meu marido! – Kalena estava tão desesperada que nem percebeu que ele tinha menosprezado a educação que Nefertiti tinha lhe dado

- que marido? Você é solteira, Kalena. – Lucius a olhava como se ela estivesse delirando. - Não há motivos de você chorar por uma pessoa que você nem conhece.

- que eu nem conheço? MAS É CLARO QUE EU O CONHECIA! Ele era o meu marido! Aquele que você matou friamente só porque ele era um nascido trouxa!

-quantas vezes vou ter que repetir? – continuou Lucius – você é solteira.

Ele se levantou lentamente. Lucius resolveu se aproximar de sua filha. Ele precisava tocar no rosto de Kalena para saber se a pele de sua filha era tão macia quanto a pele de sua amada Nefertiti

-Não me toca!! Seu desgraçado! Malfoy, eu te odeio! Eu te odeio tanto, você nem imagina! - gritou desesperada. Tinha que achar uma maneira de achar Draco e fugir daquele lugar.

- me odeia? Não Kalena... acho que não. Você é minha filha... sangue do meu sangue. E não há um Malfoy nessa família que se virou contra ela. E você não será exceção. No final você me respeitará como toda filha respeita um pai.

- eu nunca vou te respeitar! E eu sou uma Qadarf. Uma bruxa do deserto!

- Você é uma Malfoy! M-A-L-F-O-Y. E vai me respeitar e respeitar ao Lorde das trevas!

- prefiro a morte – Kalena se pos a falar em árabe e Lucius não conseguia entender nada. Odiava quando ela falava em árabe.

- fale em inglês! – sibilou Lucius já empunhando a varinha em direção de Kalena. Ele a faria respeitá-lo. Nem que para isso ele usasse imperius.

Kalena calou na hora. Mas não parou de chorar. Os olhos molhados dela refletiam medo e decepção que tinha de Lucius. Ela sempre teve medo dele. Do que ele era capaz de fazer para conseguir o que queria. Lucius percebeu que ela estava com medo dele. Não era bem isso que ele queria, mas Kalena, assim como Nefertiti, o tirava do sério e o obrigava a fazer coisas que não queria. Ele abaixou a varinha vagarosamente. Era a hora de ditar as regras que Kalena tinha que seguir.

- vamos decidir sobre seu futuro. Chega de ficar bancando a rebelde. É uma Malfoy! Não tem motivos para ficar fugindo de mim que sou o seu pai! E sem contar que você já deve saber que irá se casar com um comensal.

Kalena se encolheu no divã. Ela não queria isso. Depois que descobriu a verdadeira natureza de seu pai, resolveu que era melhor ficar longe daquele tipo de gente. E em seus olhos o rastro de medo ficou ainda maior.

- nunca me casaria com um comensal. Você sabe que abomino pessoas como você.

- como eu? Só eu? Draco também é não se esqueça. E devo dizer que ele não é o santinho que você imagina, ele fez coisas que você nem sonharia. – apoiou os cotovelos nas pernas e cruzou os dedos. - A sua mãe também seria se fosse um pouquinho mais consciente do seu sangue.

- a minha mãe nunca seria!

- permita levantar um parêntese, sua rebelde. Nefertiti poderia ser uma das melhores comensais. O Lorde ficou realmente interessado nela. Bonita e com talentos que a deixava ainda mais especial . Ela quase virou... Ela quase virou por mim. Mas aí veio uma proposta irrecusável. A proposta que Nefertiti batalhou tanto para conseguir. E a sua querida mãe deu no pé. Íamos nos casar! Eu a procurei por esse mundo. Mas ela do nada se achou no direito de fugir toda vez que ela pressentia que eu estava por perto!

- não manche a memória de minha mãe! – se pôs de joelhos no divã. Se ele pensava que mancharia a memória de sua adorada mãe com mentiras deslavadas estava muito enganado.

- cale essa boca! Eu ainda não terminei! Os anos se passaram e eu me vi na obrigação de me casar. Casei-me com Narcisa. Também era bonita, mas tinha algo que a deixava incompleta. Um dia quando estava saindo do banco, vi uma mulher. Mas não era qualquer mulher. Era a sua mãe. Mas também estava diferente. Alem de estar vestida com as roupas do seu clã, ela olhava para uma menina não mais que quatro anos brincando um pouco na frente. Eu me aproximei sorrateiramente e vi no pescoço a marca de nascença de um Malfoy. Era você. Fiz de tudo para ter vocês duas perto de mim... você ainda era nova e nem se lembraria que nunca tinha me conhecido. Mas a sua mãe era irredutível.

- o que tem a minha mãe a ver com essa obsessão de me ter debaixo da suas vistas?

- simples! Você era a minha filha com Nefertiti. Se eu não poderia ficar com a Nefertiti, ficaria ao menos com você! Por você, a sua mãe acabaria cedendo e se tornaria a minha mulher. Ela te amava.

- você me usaria só para ter a minha mãe sob controle?

- se você quiser colocar nesses termos... sim.

- louco! É isso que você é. – disse Kalena botando um fim naquela viagem ao passado.

- mas não vamos mexer no passado. Vamos decidir o seu futuro. – bateu de leve nas pernas, e deu um sorriso, que Kalena achou ser o sorriso mais forçado do mundo.

- eu... não... vou me casar com um comensal!

- você vai!

- você é o ser mais detestável na face da Terra! Você não sabe amar... você quis ter a minha mãe, tem Narcisa em seu poder e me quer como uma marionete de seus joguetes insanos! Você ama a ninguém!

Lucius calou-se diante daquela afirmação. Ele ficou encarando sua filha. Como as coisas mudaram. A sua filha sempre fora uma criança adorável. Claro que nunca aprovara a vida dela com os nômades, mas Kalena sempre se mostrava uma filha amorosa. Maldito dia que teve que matar Nefertiti. Se não fosse por isso, tudo seria diferente. Vendo naquela situação, Lucius se viu obrigado a mudar de estratégia. Ele tinha um trunfo na manga. E com certeza iria usá-lo a seu favor. . Sem tirar a sua máscara de frieza e hipocrisia disse:

- estranho... você já foi mais amável comigo.

- não sou mais!

- Você se lembra do dia daquela tempestade de areia?

- claro que me lembro! Após da tempestade, você matou a minha mãe... – baixou a voz, como se fosse a coisa mais vergonhosa do mundo admitir a si mesma que seu próprio pai não passava de um assassino frio e cruel. – mas o que tem isso?

- foi a ultima vez que você foi carinhosa comigo. Ficava toda orgulhosa quando me chamava. Percebo que é um tempo que não vai retorna... nunca mais

- Eu não sabia o monstro que você era. – Kalena estava fria com ele. Não o perdoaria pelas atrocidades que ele foi capaz de fazer.

- vamos fazer um pacto? - disse com a voz cheia de veneno e fingindo que não tinha ouvido o que Kalena tinha dito.

-o que é? – retrucou Kalena temerosa.

- você abaixa essa sua crista, se torna, ao menos, uma cidadã. Aceite um noivo puro sangue e comensal de minha escolha e ainda poderá se lembrar do sangue ruim. Ou... – Lucius se aproximou bem de Kalena. Eles estavam com o nariz muito próximos - eu apago e modifico a sua memória. Nem vai se lembrar do sangue ruim ou quem matou a sua mãe. Aí, no final, você irá me obedecer cegamente, como uma boa filha que sei que é.

Lucius sabia que tinha tocado bem no tendão de Aquiles de sua filha. Ela amava aqueles dois. Kalena tinha demonstrado diversas vezes que os amava mais que a si própria... Ele tinha certeza que ela cederia à chantagem, a mulher não admitiria se esquecer daqueles dois. Claro que o feitiço que a ameaçara era difícil, mas valia a pena para tê-la por perto.

Kalena sentiu um nó na garganta. Ele era mais louco do que imaginava. Estava sendo ameaçada e não sabia como agir. Ela nunca poderia imaginar que o seu próprio pai lhe ameaçaria daquela forma tão aberta. Não podia permitir que ele apagasse as únicas lembranças boas que possuía. Mas também não queria se ver tão presa a convenções que não era dela. Não disse nada, apenas virou a cabeça. Queria tanto que aquilo não passasse de um pesadelo.

- e então? – estimulou Lucius. Estava ansioso para ouviu o sim da boca de Kalena.

-está bem. – disse Kalena numa voz fraca e sem vida. Ele tinha vencido.

- Que ótimo! Estou vendo que você ainda é uma Malfoy nata. Sabe com quem se aliar. - disse Lucius ficando em pé. Só faltava uma coisa para selar aquele acordo - então venha aqui e dê um abraço no seu pai que estava morrendo de saudades de você. Você não devia ter sumido daquele jeito. Fiquei preocupado.

Kalena pensou por segundos a fio. Ela achava nojenta aquela atitude, mas se conteve. Levantou-se com dificuldade, ainda se sentia fraca, e se pôs de pé de frente ao loiro. Tudo isso era para ter os bons momentos de sua vida ainda em sua memória. Então o abraçou sem vontade. Olhou para o chão tentando em vão não voltar a chorar. Estava sentindo tanta falta de Richard... nunca mais voltaria a vê-lo. Não nessa vida.

Já Lucius fez o contrario. A abraçou com uma certa força. Estava morto de saudades dela. De sua bruxinha de cabelos negros. Ela era uma menina que sempre dera a ele alegrias. Sempre tão esperta e sagaz. Forte e ao mesmo tempo delicada. E sem contar no seu maior dom. Ela era um gênio na magia.

Depois de minutos de abraço, que para Kalena pareceu horas a fio, Lucius a soltou. O rosto dela estava lavado de lagrimas. E o sorriso que sempre chegava nos olhos havia morrido. Mas Lucius não se importou, logo voltaria ser ela mesma. Ele deu um sorriso de vitória para Kalena e disse:

-agora você vai para a minha mansão. Para a nossa mansão. Não sei se você sabe, mas estamos na Fortaleza das Trevas. E não podemos abusar da hospitalidade de Milorde, não é?

Kalena deu de ombros, estava pouco ligando onde estava ou para esse Lorde não sei das quantas. Ela queria velar seu luto. Isso ninguém, nem mesmo Voldemort, poderia tomar dela. A única coisa que queria era encontrar Draco e ter uma conversinha com ele. Estava temerosa por seu irmão. Lucius a pegou pela mão e a conduziu pelo castelo. Ele era grande e complexo. Cheio de corredores que deixaria uma pessoa não habituada, perdida.

Logo, pensou Lucius, ela se esqueceria que teve um caso com o tal de Richard. O bastardo sangue ruim não era digno dela. Mas agora ele estava embaixo de sete palmos de terra. Gargalhou intimamente, era isso que acontecia com as pessoas simplórias e sujas que tentavam se aproximar de um Malfoy.

Kalena parou abruptamente, fazendo com que Lucius parasse também. Lucius encarou com atenção. O que estava acontecendo? Será que ela não queria ir para a mansão? Ela parecia um tanto ansiosa e olhava para todos os lados. Tentou tirar a sua mão do aperto de Lucius, mas não conseguiu tirar. Ele a segurava firmemente. Kalena olhou bem para Lucius e disse com todas as palavras.

- Gostaria de ver o Draco...

- quem? – perguntou Lucius espantado. De todas as coisas absurdas que ela poderia pedir, ver Draco era ultima das coisas que Lucius poderia imaginar.

- Draco! Onde está o Draco? Gostaria de vê-lo.

- Bem... ele com certeza deve estar se explicando do porque não ter relatado onde você estava para o Lorde das trevas - disse Lucius estranhando – por que você quer saber tanto onde ele está?

-bom.. ele é meu irmão, não é!? Gostaria de conhecê-lo melhor... - forçou um sorriso para o pai que a olhava desconfiado.

- acho que você já o conheceu o suficiente. Para falar a verdade o conheceu até demais. Nunca vi Draco defender alguém com tanto afinco... com tanta devoção, como te defendeu hoje. – Lucius a puxou lentamente incentivando-a a continuar - acho que por enquanto vocês dois não poderão se ver sem a minha companhia. Pelo menos até ter certeza que Draco não irá te ajudar em qualquer fuga desesperada.

Kalena não conseguiu prender o sorriso. Lucius estava proibindo-a de ficar a sós com seu irmão. Draco estava se demonstrando um verdadeiro irmão. Apesar de tudo, Kalena estava tendo êxito em descongelar aquele coraçãozinho. Agora ele estava longe de seu alcance. Mas mesmo assim tinha que saber como os comensais os acharam e só Draco saberia responder.

- Mas por que não?

- por que não. – disse Lucius tentando dar um fim naquela discussão, mas vendo a cara triste de sua filha se viu na obrigação de explicar melhor –Você vai para casa descansar... outro dia você poderá vir aqui comigo e conversar com Draco.

-não vou sair daqui até vê-lo! - respondeu firme.

- eu já disse que ele está tendo uma reunião com o Lorde. – respondeu entre dentes.

- mas...

- você quer realmente conhecer o Lorde das trevas também? Sim porque os dois devem estar juntos. Sem contar que ele deve está recebendo uma punição a altura de sua insubordinação. Você quer ver seu irmão sofrendo por tal ato? Parece que não entende. Estou tentando te proteger!

Kalena arregalou os olhos. Não podia permitir que Draco fosse castigado por sua causa. Ela tinha que tomar alguma providência. Não conseguiria suportar a dor de ter sido a responsável pela sessão de tortura de Draco.

- Não foi culpa dele, Lucius. Por favor, quero vê-lo agora. Eu preciso desfazer esse mal entendido.

A suplica de Kalena era no mínimo estranha. Para Lucius era extremamente normal o castigo. Claro que Draco, depois da temporada no castelo em Vardo, nunca recebera um castigo. Mas dessa vez era merecido. Draco não tinha autoridade de esconder Kalena e mesmo assim se arriscou e a escondeu. Agora que agüentasse as conseqüências sem reclamar.

- ele levara crucius até aprender que tem que cumprir cegamente as ordens de Milorde. Ele desobedeceu a uma ordem direta. Ele não tinha o poder de te esconder.

- mas... você vai permitir que seu filho seja torturado? Ele é seu filho! Muito mais filho que eu!

- vou! Deixarei ele tomar umas cruciatus... assim ele aprende a não desobedecer.

- Não acredito nisso... Mas também, você não gosta de ninguém mesmo... - completou num sussurro.

Para Lucius era bem simples... se Draco cumprisse com louvor as ordens, ou o Lorde lhe daria um presente, ou lhe agradecesse. Se Draco não cumprisse as ordens, era devidamente castigado. Nada mais natural. Mas Kalena o olhava com incredulidade. Talvez por não ter sido criada por ele, aquele novo mundo parecia ser tão bárbaro. O único jeito era explicar.

- se ele tivesse cumprido a ordem, você, com certeza, já estaria nos braços do seu pai há mais tempo.

-eu sei mas... ele não fez por mal. Eu juro. Você não pode fazer nada para impedir esse castigo? Por favor, por mim... sua... filha. Pela sua bruxinha de cabelos negros...

- Kalena. -disse já amolecendo ao pedido da filha. Ela tinha pedido logo pelo apelido que ele lhe dera.

-por favor! - os olhos da morena estavam cheios de água. Prontos para chorar mais uma vez.

- me peça qualquer coisa Kalena, mas não isso. – disse Lucius se penalizando.

-é só o que eu quero. E depois farei o que você quiser. Agora, por favor... - respirou fundo ela tinha que apelar - pai, ajuda o meu irmão. Ele não merece.

-tá bom Kalena vamos. - disse retrocedendo – você herdou muito mais da sua mãe que possa imaginar.

Kalena pode ficar um pouco aliviada internamente. Estava bastante satisfeita consigo mesma. Lucius continuava o mesmo, era só marejar os olhos e fazer cara de coitada que ele caía que nem patinho. Era mais fácil que roubar doce de criança. Agora era só tirar seu irmão de lá.

A caminhada até o salão do trono fora bem rápida. Chegando ao salão, Kalena viu como o salão era absurdamente grande. As paredes eram feitas de mármore branco estupidamente polido. As colunas eram arredondadas e negras. Elas se cruzavam no teto abobadado. Em suas bases existiam pequenos detalhes em prata. As janelas eram compridas e estreitas e iam até o fim da parede. No chão era do mais puro e brilhante mármore negro. Ao fundo existiam dois tronos intercalados por uma escada. O que ficava no alto, era negro e de aspecto maléfico. Os pés e os braços eram de cobras se entrelaçando. No alto do encosto existia uma pedra de um verde peçonhento. Já o trono que ficava na base da escada era mais simples. Era praticamente lisa. Os únicos adornos ficavam no alto do encosto. Era um rubi enorme e devidamente moldurado por cobras.

Depois de ter analisado profundamente o egocentrismo de Voldemort, Kalena viu uma cena que desejou não ter visto. Ela viu seu irmão caído no chão respirando com dificuldade. Era de enlouquecer ver seu irmão naquele estado. Ela quis correr para ajudá-lo, mas Lucius segurou-a pelo pulso e balançou a cabeça negativamente.

§ (#.#) §

Voldemort estava lançando um crucius extremamente dolorido em Draco. Aquele moleque não tinha o direito de ter feito o que fez. Talvez, ele fosse condescendente com Draco se tivesse escondido só a sua irmã. Voldemort sabia que a menina tinha presenciado a morte da mãe. Mas não. Ele escondeu também um sangue-ruim, que por sinal era marido de Kalena. Draco sabia que sangues ruins estavam proibidos de se casarem com puros sangues ou mestiços. A coisa mais obvia a fazer era matar o infeliz. Mas não... Draco achou que poderia se arriscar e esconder o sujeitinho. Que arcasse com as conseqüências.

Ainda aplicando o corretivo em Draco, Voldemort percebeu que Lucius entrara no salão principal com uma mulher com o rosto banhado de lagrimas, longos cabelos negros e o olhar azul cinzento. Com certeza era a tal filha bastarda. Ele cessara a cruciatus em Draco, talvez fosse melhor torturar os irmãos de uma outra forma. Uma forma ainda mais prazerosa.

- mas olha quem está aqui Draco, é a sua irmã - disse Voldemort rindo da situação dos dois.

Draco apoiou os braços no chão e virou lentamente a cabeça para ver melhor quem estava lá. Ele encarou Lucius da forma mais venenosa possível, era um olhar do mais puro ódio. Depois voltou sua atenção a mulher que estava do lado do Malfoy mais velho. Deu um sorriso fraco para a irmã, ela era a maior vitima e mesmo assim ela queria vê-lo. Queria que ela soubesse que estava tudo bem, que não precisava se preocupar. Mas mesmo assim era impossível pedir isso a ela.

Voldemort percebeu que havia uma cumplicidade entre os dois. Ele achava que Draco ia odiar a irmã, pois tinha lhe tomando o primeiro lugar. Mas não. Entre os dois havia um laço que Voldemort não suportava. Seria muito mais fácil se os dois não se desse bem... se odiassem. Porém, ele percebeu que era impossível fazer com que tal coisa acontecesse. E tudo graças a Kalena. Pelo que Voldemort pode perceber, era ela a eterna compreensiva, que aceitaria seu irmão do jeito que ele era.

- vamos à devida apresentação. Você deve ser Kalena Malfoy, não é? - disse Voldemort ainda rindo da angustia de Kalena.

Mas Kalena parecia estar alheia ao que Voldemort falava. Ela queria pelo menos chegar perto de seu irmão e lhe abraçar. Queria que ele soubesse que havia nela uma pessoa que ia ajudá-lo na hora da dor. Mas seu pai ainda lhe segurava com uma certa firmeza e a impedia de realizar aquele desejo. Lucius percebeu que Kalena ainda olhava Draco e sem nenhuma disposição de responder a Voldemort. Puxou o braço da filha, fazendo-a prestar atenção nas palavras do Lorde.

- Sim, eu sou.

-Milorde. - murmurou Lucius para ela completar a resposta.

-Milorde. - repetiu Kalena ainda observando o irmão.

- é... realmente você se parece com a sua mãe. Um pouco rebelde.

Foi só então que deu a devida atenção a Voldemort. A morena crispou os olhos. Como ele ousava falar de sua mãe. Sua querida mãe. Não admitiria que ele ou qualquer comensal falasse mal de sua mãe. Se ele não tinha uma para lhe orgulhar problema dele e não dela.

-me orgulho muito desse fato. Minha mãe era uma pessoa maravilhosa. De uma estirpe que ninguém aqui será capaz de se aproximar.

- vejo que alguém aqui se orgulha de ser uma Qadarf. – continuou Voldemort rodeando Kalena e Lucius

- é... me orgulho. – disse Kalena desafiadoramente

- veremos até quando.

- me orgulharei de ser o que sou por resto de minha vida. – Kalena estava abusando da sorte, mas ela não estava se importando com as conseqüências

- Mas o que traz tamanha beldade para a minha reles existência? – Voldemort estava debochando de Kalena e não estava nem um pouco se importando com a insolência da jovem

-bom Milorde... minha filha queria de todas as formas ver o irmão. Então a trouxe... peço o seu perdão se estou sendo inconveniente - disse Lucius se intrometendo e olhando para o chão.

- era de se esperar essa atitude dela... já que ela se orgulha de ser uma Qadarf.

- mas logo ela irá esquecer que é uma Qadarf e só lembrará que é apenas uma Malfoy. – retrucou Lucius mais confiante

- é... tomara Lucius, ou do contrario serei obrigado a interferir na reeducação dela.

- eu posso...- mas Kalena não conseguiu terminar de falar. Voldemort levantou a mão, cortando-a sem nenhum remorso.

- claro... o doce amor fraternal. – quase cuspiu ao ser obrigado a pronunciar aquela palavra tão imunda e sem significado algum. - Mal se conhecem e você, Kalena, já está preocupada com Draco?

Kalena já estava em seu limite. O que ele conhecia sobre amor? Era seco por dentro. A única coisa que ele sabe é como angariar mais e mais poder. Ao contrario dele, ela era adepta da filosofia do amor. Amar era a única solução para melhorar o que ele estava destruindo. E só ensinando Draco a amar que ela, Kalena, sentiria que a sua missão estaria realizada.

-pois é... algo que você nunca saberá o que é. Todo mundo sabe que o senhor é oco.

Kalena tinha falado o que estava entalado na garganta havia anos. Ela poderia até falar que estaria mais leve. Lucius arregalou os olhos e apertou o braço da filha que estava falando demais pro seu gosto.

- cala essa boca Kalena. Perdoa a minha filha, Milorde. Ela é quase uma selvagem, não sabe o que diz.

- mas que mania de me chamar de selvagem! Não sou eu que saí matando! Pelo que eu sei quem sai matando a torto e a direito é que pode ser chamado de selvagem.

- Kalena! – sibilou Lucius. Ela já tinha ultrapassado todos os limites.

Kalena cerrou os olhos perigosamente para o pai. Quem ele achava que era para lhe chamar atenção. Era a mais pura verdade! Então viu o semblante preocupado de Draco. Será que tinha fechar a boca para não levar um crucius? Pela cara de Draco parecia que sim. Ela voltou a olhar Voldemort. Tinha que mentir. Odiava mentir. Então dando o seu mais belo sorriso falso, a La "Narcisa e Bellatrix", disse.

- Perdoe-me Milorde.

-cuidado garota! ou você pode se juntar ao seu irmão. Já que quer tanto ficar perto dele.

-sim, vou me lembrar disso Lorde. – disse ainda com o sorriso falso no rosto. Sua cara já estava começando a doer.

- pode levá-la para a sua mansão Lucius. A minha conversa com Draco ainda não terminou - disse Voldemort dando as costas para os dois.

-não! - gritou Kalena se desesperando. - não foi culpa dele. Eu pedi, implorei para que ele não contasse que tinha me achado. Queria me acostumar com a idéia. Por favor, não o machuque. Ele é o meu irmão! Eu fico no lugar dele.

Draco respirava pesadamente. Não conseguia entender como alguém podia questionar Voldemort daquele jeito por ele. Ainda pior... ela sugeriu que trocassem de lugar. Só para que ele não sofresse mais. Draco nunca faria isso por ninguém. Por que, então, Kalena estava pedindo aquilo? Ele que não merecia um pingo daquele afeto que Kalena demonstrava ter por ele. Voldemort nem sequer voltou a olhar para Kalena. A menina era muito mais valiosa que Draco. Aquela troca era totalmente desproporcional.

-ele devia não ter ouvido. O maior problema é que vocês dois estavam compactuando com um sangue ruim. Ou você acha que não sei? Dois puros sangues. Dois Malfoy escondendo um sangue ruim.

-vamos Kalena. Acabou! Com licença Milorde. Peço perdão mais uma vez por Kalena. - falou Lucius humildemente querendo tirá-la de lá o mais rápido possível.

-não podemos deixá-lo aqui pai. - protestou a mulher. Ia continuar até ter Draco são e salvo, mas Draco lhe lançou um olhar penetrante e pode ouvir claramente a voz do loiro em sua cabeça.

"não se preocupe, vou ficar bem. Agora saia daqui. Você não vai trocar de lugar comigo"

– invadiu Draco na mente de sua irmã. Estava tentando fazê-la não se preocupar e a melhor forma seria invadindo sua mente e lhe dizendo que ficaria tudo bem.

-O quê? Eu entendi bem? Você quer que ele seja torturado mais um pouquinho? - Voldemort franziu a testa demonstrando estar falsamente confuso. E logo em seguida deu seu típico sorriso insano e ainda olhando fixamente para a morena apontou a varinha para Draco e murmurou. – Crucius.

- NÃO!!!! – gritou, aos prantos. - Draco!!!

-venha. - ordenou Lucius que a segurou pela cintura e conduzindo-a para fora do salão. Precisou usar toda sua força para arrastá-la do lugar. As pesadas portas se fecharam, mas ainda podiam ouvir os gritos de dor que o loiro tentava em vão segurar.

Será que lá todo mundo era louco? Só ela tinha discernimento o suficiente para perceber que aquilo era uma sessão de sadomasoquismo? Vendo que não tinha voz suficiente para tirar seu irmão de lá deixou ser conduzida pelo comensal. Ela estava aos prantos. Perdera seu marido e agora o seu irmão estava sofrendo. Kalena sabia que Draco não era feliz, mas nunca pode imaginar que ele era torturado de forma tão cruel. Ela parou no meio do caminho e lançou um olhar de raiva para o pai.

- como você deixa seu próprio filho ser torturado desse jeito? Como? – gritou. Vendo que era insuficiente Kalena começou a bater no peito de Lucius. - ele é seu filho seu canalha! Ele foi criado por você! Custava dar um pouco de carinho a ele? Custava ter sido pai para ele?

-ele também é um comensal. E isso está alem de ser ou não meu filho. Draco tem obrigações, assim como eu e, em breve, você. Uma vez essas obrigações não cumpridas, ele irá sofrer punição. Nada mais natural. Você tem que entender isso Kalena. Agora vamos para casa, querida. – falou Lucius que a abraçou com muita força enquanto Kalena o batia.

Ela estava totalmente descontrolada. Mas vendo que o espaço era insuficiente para continuar a bater, Kalena apenas chorou. Que tipo de gente eram os comensais? Se é que eles eram gente. Antes de ser um comensal, Draco era filho de Lucius. Custava pedir por ele da mesma forma que pedira por ela? Não conseguia imaginar como alguém poderia ser tão frio assim. Ver o filho sendo torturado e não levantar uma palha para salvá-lo. Não era a toa que Draco tinha problemas em se relacionar com as pessoas, com um pai daqueles, pensou amargamente

-vamos, você não pode mudar o que está acontecendo com Draco. Você vai ver até ele vai te falar que o Lorde estava certo em puni-lo. Seria melhor se você aceitasse logo a situação e jurasse obediência ao Lorde das trevas. Aceitando a sua real condição nessa sociedade que tanto queríamos. Ou você acha que eu não sei que no deserto não se pode ser bruxo de verdade. Do contrário são mortos.

- mas lá éramos livres. Sabíamos que não poderíamos usar nossas varinhas, mas sabíamos como a magia do deserto era regida e íamos de acordo com ele. No final... as varinhas não eram necessárias.

- mas aqui somos nós que mandamos. Nada de se esconder. E se um de nós vá contra isso, nada mais justo uns crucius para clarear a cabeça.

-não consigo entender vocês... gostam de sofre, é isso? - perguntou entre soluços. Ainda sendo abraçada por Lucius

- ele não sofreria se tivesse cumprido a ordem dada. Ele desobedeceu... entenda Kalena. – Lucius acariciava a vasta cabeleira lisa e negra de sua filha.

-mas eu pedi, será que você não entende? – disse derrotada - Quero sair daqui. Só há tristeza aqui. Eu não agüento pensar nele sendo torturado.

-você não tem que se preocupar se Draco está ou não sendo torturado. A única coisa que você tem que se preocupar é com a sua nobre tarefa na nossa nova ordem mundial

Kalena respirou fundo, aquele papo de povoar o mundo com sangues puros tava enchendo. Será que era só para isso que ela servia? Ter filhos? Alguma coisa dizia que ela era estéril, pois ela já tivera varias tentativas com Richard e todas elas fracassaram.

- vamos logo, ok? - disse grossa.

- O.k! me dê a sua mão. Você ainda não tem licença para aparatar. Vai ter que ir comigo

- eu sei disso.

Kalena segurou a mão do pai, continuava séria e limpou as lágrimas que teimavam em cair por seus olhos cinzas, que tanto detestava. Os dois desaparataram

§ (#.#) §

Draco estava sofrendo no corpo pela sua insubordinação. Ele sabia que ia acabar acontecendo isso com ele. Por sua irmã, ele desobedeceu a uma ordem direta. Mas ele não falava nada. Uma palavra se quer de clemência. Foram bons aqueles meses só com a sua irmã. Com ela, Draco se sentia acolhido... respeitado. Ele tinha plena consciência de seus atos e sabia que seria punido por ter desobedecido a uma ordem direta do braço esquerdo de Voldemort, que por um acaso seria seu pai. Não gritou, não chorou, não mesmo, não daria esse gostinho ao Lorde das trevas.

Voldemort estava impressionado com Draco. Ele não era mais aquele moleque fracote que chorava por causa de uma cruciatus. Não... Ele era um comensal frio e calculista. O problema estava na irmã dele. Kalena. Pelo que pode perceber, Kalena fará de tudo para ruir com o treinamento de Draco. Ela sim... era perigosa. Mas sabia como lidar com ela. E ele usaria exatamente o mesmo sentimento que Kalena queria despertar em Draco para poder colocá-la em seu devido lugar.

- você tem alguma coisa a dizer ao seu favor, Draco - disse Voldemort interrompendo mais um crucius - ou você quer se lembrar como foi o seu treinamento em Vardo? Posso te mandar para lá novamente para passar uma temporada e ver se a razão volta a essa sua cabeça vazia.

-não Milorde. Não será necessário. Estou ciente de meus atos. - disse com certa dificuldade. Respirar doía tanto.

- eu gostaria de saber o motivo que te levou a desobedecer a uma ordem. Você sempre foi cumpridor de todas as ordens e então na hora de trazer a sua irmã para se casar com um comensal e tornar mãe de filhos puros sangues, você não a trouxe. Seria até plausível se você falasse que Kalena tem medo de Lucius. Até porque ele matou a mãe dela. Mas tem uma coisa ainda pior. O que realmente não consigo entender foi que você deu proteção a um sangue ruim... Isso sim, eu não tenho resposta.

-eu...não sei, senhor. – nem ele sabia o que motivou a esconder o Stuart. Sempre fora frio e cruel com os seus alvos, nunca ouviu um pedido de clemência, mas bastou aparecer alguém se dizendo sua irmã e lhe oferecendo um pouco de carinho e compreensão que ele vacilara em uma ordem clara e direta.

- você sabe que ela é importante... não é?

-sim, eu sei. - Kalena como uma bruxa poderosa e de puro sangue era extremamente importante para os planos do Lorde das Trevas.

Draco tossiu varias vezes, aqueles cruciatus estava lhe causando uma tremenda dor e falar era praticamente impossível e extremamente penoso. Voldemort sentou novamente em seu trono. Ele ficou observando o rapaz que ainda estava deitado e respirando ruidosamente. Agora que dera um corretivo em Draco chegou à hora dele saber onde estava a sua lealdade.

- agora você escolhe Draco, ou você volta a obedecer cegamente as ordem ou Kalena é quem vai sofrer em Vardo. Pois eu já percebi que você se importa com ela. Lá não é um lugar muito bom de se passar não é Draco? Fui claro?

-claríssimo. - puxou o ar com força, sua respiração estava descompassada. Não podia permitir que sua irmã passasse por tudo que passou em Vardo, não mesmo.

- agora pode ir. A sua irmãzinha deve estar morta de tanta preocupação.

Voldemort levantou de seu trono e saiu do salão principal deixando Draco estirado no chão. O loiro trincou os dentes, um dia Voldemort ainda iria lhe pagar por tanta humilhação. Às vezes torcia para que os rebeldes derrotassem Voldemort, mas era uma mera ilusão, o único que poderia fazer estava morto a mais de um ano. Ele se levantou com dificuldade. Andava devagar e respirava de forma que pudesse filtrar a dor. Ele iria para a mansão de seus pais não para vê-los, mas sim ver sua irmã.

Quando aparatou em frente da mansão, Draco viu algo que deu vontade de rir. Kalena estava sentada na escada, toda encolhida querendo passar despercebida, esperando por ele. Ela ainda estava com o rosto molhado de lagrimas. Parecia que estava em seu momento de luto. Mas de alguma forma Draco sabia que ela estava na escada por causa dele. Esperando para ver o resultado de tanto crucius. Kalena não era uma Malfoy comum. Nem seus pais fariam isso. Ficar esperando por ele. Só para saber se ele voltaria bem. Ela era, realmente, muito estranha para ele.

Kalena ouviu o barulho de aparatação e levantou os olhos. Apesar dos olhos cinzentos cheios de lagrimas, pode ver que era seu irmão. Lá estava ele parado a sua frente, olhando-a como se ela fosse a coisa mais anormal possível. Mas mesmo assim ele tentava dar um sorriso tranqüilizador, mas a imagem não conseguia passar o que ele tanto queria.

O loiro estava com vários cortes no rosto. Kalena levantou-se num pulo e correu para o irmão. Ela estava temerosa por ele. Era sua culpa que Richard estava morto. Era sua culpa de Draco ter levado tanto crucius. Sem que Draco esperasse, a morena o abraçou forte. Draco pode sentir o peso de sua irmã sobre as dores. E então deu um resmungo de dor.

- Você vai me matar Kalena. Você vai ver manchete no profeta "comensal morreu de amor de irmã"

Kalena se permitiu rir, mas era um riso morto...sem vida. Seu irmão estava se demonstrando um palhaço.

- Não seja bobo! Eu nunca te mataria - disse soltando o irmão e dando um beliscão no braço dele.

- Ai! Estou todo dolorido mulher! E você ainda me da um beliscão?

-coisa de irmão mais velho! - pegou na mão de Draco e começou a puxá-lo pela casa adentro. - vem, vamos cuidar desses ferimentos. Conheço ótimos remédios

Os dois passaram pelo salão principal e depois por uma sala intima. Nessa sala Kalena e Draco passaram por Lucius e Narcisa. Kalena fechou o semblante na hora. Ambos tinham tentado tirá-la da escada de acesso. Para eles, Kalena não devia se preocupar com Draco. Ele era forte e sabia o que tinha que fazer. Mas ela foi bastante grossa e deu um chega pra lá neles. Foi então que resolveu que quanto menos ela falasse com eles seria melhor

-você está bem meu filho? - perguntou Narcisa. A loira estava com o semblante tranqüilo, sabia que o filho era forte e não se deixaria abater por um simples cruciatus. Mas mesmo assim era mãe, tinha que perguntar.

-como nunca, mãe. - Draco deu um sorriso tranqüilizador para a mãe. Mas não era verdade, podia sentir todo moído por dentro. Aquela maldição era um saco. Não sabia como Gina há dois anos atrás conseguiu suportar tanto cruciatus, era uma garota tão frágil por fora, mas por dentro era uma muralha.

Aquilo fora a gota d’água para Kalena. Não conseguia entender como Lucius era frio e hipócrita. Até Narcisa perguntara a Draco se ele estava bem. Nem isso Lucius foi capaz de fazer. Por dentro Kalena ficou feliz em não ter sido criada por aquele monstro sem coração

-é muito engraçado. – sussurrou Kalena – monstro sem coração... hipócrita

-não fale assim dela. É a minha mãe. - disse firmemente.

-quem disse que eu estou falando da sua mãe Draco Malfoy? - disse com um tom de voz bem parecida com de seu pai.

- desculpa. Não sabia...

- onde fica as poções Draco? – perguntou Kalena respirando de forma que filtrasse a sua tristeza – Vou fazer uma que vai lhe tirar a dor

- estão no armário na cozinha.

-deixe que os elfos pegam pra você! – disse Narcisa

- eu tenho que fazê-la. Essa poção foi um descobrimento de antigas poções egípcias. Um elfo não vai saber fazer. E você vem comigo. – disse olhando para Draco.

-ok então, versão feminina do Snape. - disse sarcástico.

Os dois se puseram novamente a andar em direção à cozinha. Fez uma careta, não tinha gostado nada da comparação. E ela ia tocar na parte mais dói em um Malfoy. O ego.

- Não me compare ao seu professor

-se você diz. – Draco estava usando aquele tom de irmão mais novo, que adora implicar com a irmã mais velha.

- é... mas eu prefiro mil vezes os cabelos oleosos do Snape a uma forma transfigurada de uma certa... qual foi o animal? Doninha?

- aquilo foi um acidente. Professor maluco! Que nem era um professor... era um comensal disfarçado - o loiro se enchia de raiva só de lembrar que sua bela forma física fora transfigurada para uma doninha nojenta. - agora anda logo com essa poção.

- o bebezinho ficou com raiva, é?

-se você me chamar de bebezinho de novo vai se arrepender. - disse emburrado.

Ele quase não ia a cozinha. Mas Kalena fez tanta questão que foi para lá. Ao chegar na cozinha Kalena se pôs a fazer a poção. Ela era rápida para fazer. O que mais ele não sabia dela? Foi então que Draco se sentou em uma banqueta. Ela era muito boa em poções, disso Draco sabia. Mas havia mais... muito mais... Enquanto Draco divagava em seus pensamentos, Kalena ia arrumando, pacientemente, a poção em um copo. Estava pronta. Era rápida e o efeito muito satisfatório

-vamos lá Draco... faz biquinho – disse Kalena em uma falsa alegria.

Ela estava com um copo com um liquido semitransparente de um azul escuro. Draco pode perceber que por debaixo de toda aquela alegria, sua irmã estava destruída. Mas não podia fazer nada para mudar isso. A única coisa era fazer com que ela se esquecesse de Richard

-eu posso tomar sozinho, ok? - resmungou tentando pegar o copo da mão da morena que andava calmamente para fora da cozinha.

- opa! Você acha mesmo que é pra tomar assim? Vamos! Você vai deitar primeiro aí sim... vai poder tomá-la. – disse Kalena tirando o copo perto de Draco

-ai Kalena, que tanta frescura! Por Merlin. – Draco a acompanhou resmungando estava mais azedo que antes.

- o problema Draco é que essa poção também é sonífera. Você pode cair o no chão dormindo e acabaria se machucando ainda mais.

-hum, você quer me apagar é isso? - perguntou com a sobrancelha erguida. Talvez a fazendo rir um pouco a faria esquecer da dor.

- claro... aproveito tiro fotos comprometedoras - falou sarcasticamente

Mas antes que pudesse falar alguma coisa a mais Draco havia entrado na sala onde estavam seus pais. Kalena resolveu ficar na soleira, observando aquela cena como se fosse uma alienígena. Todos os três eram irremediavelmente loiros. E só ela tinha o cabelo totalmente oposto.

- entra Kalena – disse Lucius tentando integrá-la na família – a casa também é...

- Draco aqui não é seu quarto.

- Kalena... o nosso pai...

- entenda uma coisa... Lucius não tem filhos. Ele tem duas maquinas. Uma para reprodução humana e o outro para matar.

Lucius ficara sem fala depois dessa. Estava chocado depois daquilo. Era isso que ela se via... uma maquina? Ele sempre lutou bastante em ter a sua primogênita perto de si. Ela merecia ter uma educação condizente à família na qual ela pertencia. Tudo bem que ele queria ter netos puros sangues, mas falar assim... tão abertamente. Narcisa pode perceber que Kalena era bem franca e que por causa dessa “qualidade” ela poderia sofrer muito.

- nossa... você sabe ser cruel.

- agora na minha frente. Não quero ver ou ouvir o hipócrita do seu pai. Hoje não...

-hum... acho que você quis dizer, nosso pai. - disse não dando ouvidos à sua irmã e deitando-se no sofá perto de sua mãe.

-Draco é para seu quarto que você deve se deitar e não na sala!

-cara, você é maluca, mulher. - disse se levantando mal humorado. - resolve logo!

- Resolver? É isso que você quer? Que eu me resolva? Pois bem eu já tinha resolvido a minha vida...

- nossa! Quanto stress.. – disse Draco ainda com pouca vontade de se levantar

- você quer realmente saber por que esse stress, Draco? Bem vou refrescar a sua memória e de pessoas afins... – disse Kalena olhando fixamente para Lucius. – MEU MARIDO ESTÁ MORTO! E FOI DA MESMA FORMA TORPE E ESTÚPIDA COMO A MINHA MÃE FOI MORTA... É UMA VERDADEIRA SENSAÇÃO DE DÈJÁ VÚ

Draco engoliu seco, tinha esquecido completamente disso. Ele estava tão entretido na seção de tortura que se esqueceu que Kalena era quem mais estava sofrendo naquela casa. Abaixou a cabeça e se levantou bem rapidinho. Ele saiu sem pedir qualquer tipo de desculpas. Dirigiu-se para seu quarto acompanhado de sua irmã. Kalena o seguiu calada. Ainda estava em choque por causa da morte insana e bárbara de Richard. Ele era seu porto, sua vida e agora viveria em um pesadelo. Uma lagrima solitária caiu. Ao chegar no quarto Draco foi para o closet para se arrumar e depois deitou.

-me dê a poção Kalena. Depois pode ir se deitar, descansar um pouco

-aqui está- estendeu a mão com o copo. Draco pegou e bebeu de uma só vez. – me desculpe se gritei com você.

- tudo bem. – disse Draco parecendo uma criança

- agora descanse, tá bom?

-sabe, eu queria... - disse chamando a atenção da irmã. - queria que você soubesse que sinto muito. Não vou negar que queria ter enforcado bem lentamente o Stuart. Mas vejo que fiz bem em ter me segurado.

- tudo bem, querido. Agora não tem mais volta... Richard está morto e em breve eles vão, finalmente, me por cabresto. - disse Kalena arrumando a coberta em Draco como se fosse a coisa mais natural.

§ (#.#) §

Lucius os seguiu. Ele precisava ouvir o que os dois estavam falando. Viu que a porta do quarto estava encostada. ele então resolveu esperar e ouvir. Percebendo que a conversa era apenas sobre a poção, Lucius pode respirar mais aliviado. Ao ouvir a ultima coisa que Kalena falara, Lucius pode comemorar por dentro. Aos poucos ela cederia. Até ela mesma disse. Agora percebendo que teria a sua filha em suas mãos, ele, pessoalmente, ia levá-la para seu quarto

§ (#.#) §

Draco começou a se sentir sonolento depois que tomou a poção. Kalena tinha razão. Foi a melhor coisa ter ido para a sua cama e assim poder dormir. Mas com o pouco de consciência que lhe restava, ele disse o que atormentava a sua alma.

- não tive nada a ver com o ataque. Você acredita em mim, não é? - sua voz estava meio embargada, já sentia seu corpo relaxado.

-claro que eu sei, querido. Agora durma amanhã conversamos melhor

Draco segurou a mão dela. Era quente... confortavelmente quente. Então se deixou cair no sono da poção. Kalena colocou o braço de Draco por dentro das cobertas. Ele era uma criança... e uma criança sem rumo. Mas agora, Draco tinha a sua irmã para poder dividi as suas angustias. Kalena percebendo que Draco estava profundamente adormecido deu um beijo em sua testa. Saiu calada para o corredor. Não queria que ele acordasse assustado. Ao sair do quarto viu alguém que não queria ver. Era Lucius que a esperava.

- quero que saiba que você, para mim, não é uma maquina. É minha filha... minha querida e almejada filha... você é a lembrança viva de que eu e sua mãe podíamos ser felizes.

- veremos Lucius. A sua demonstração de sentimento paterno foi realmente tocante. – disse Kalena tentando não olhar Lucius.

- Só o tempo dirá quem está certo... Gosto de ver como você cuida de seu irmão. - disse Lucius dando um sorriso tentando esquecer o que tinham acabado de dizer. - Você agora é parte da família. Venha vou te mostrar seu quarto!

- você não passa de um cretino hipócrita

-olha a boca filha. Lembre-se das palavras do Lorde. Agora venha! Você precisa descansar - disse mostrando o caminho.

Kalena o seguiu calada. Queria dormir... quem sabe quando acordar estaria nos braços de Richard. E que tudo não passava de um sonho ruim... nada mais que isso. Lucius suspirou cansado, apesar da declaração feita por ela mesma, sua filha daria mais trabalho do que imaginava. Mas no fim venceria. Tinha que vencer. Parou frente a uma porta bem trabalhada, aquele seria o quarto dela.

- pode entrar Kalena.

Kalena abriu a porta e não ficou nem um pouco impressionada. O quarto era do jeito que sempre imaginou que fosse um aposento da casa dos Malfoy. O quarto era completamente lindo, digno de uma princesa. A cama era em ouro envelhecido com cara de ser bem antigo. De estilo clássico. Os lençóis era todo em um cetim negro. A camisola estava em cima da cama esperando a nova dona. Era tão negra quanto a roupa de cama. Kalena nunca gostara de dormir com aquela cor... querendo ou não, ela era supersticiosa e roupa de cama só branca. Mas como não ditava as regras... Lucius olhou para filha que olhava entristecida o quarto.

- o que foi, Kalena?

- se eu dissesse você com certeza vai me dar outro sermão... então é nada.

- certo... – disse Lucius se dando por convencido – foi Narcisa que escolheu como seria o seu quarto. Agora troque de roupa e descanse Kalena

Lucius saiu batendo a porta. Kalena se sentia desolada, aquele lugar lhe proporcionava tantas lembranças ruins. Não vendo alternativa foi se arrumar para poder descansar. Kalena se arrumou demoradamente. Ela estava decidida que iria guardar a roupa que estava usando. A roupa tinha o cheiro de Richard. Era a sua lembrança que a vida dela fora perfeita, ao menos uma vez. Ao chegar no quarto com a roupa antiga devidamente dobrada, Kalena viu um elfo de olhar divergente olhando para ela

-o que aconteceu? - perguntou com a sobrancelha erguida.

- sr Malfoy mandou a srta entregar a velha roupa - disse o elfo com uma voz enfadonha e mostrando a mão para ela

-como se eu fosse entregar! - debochou sentando na cama e se calçando.

- ele disse que se a srta falasse isso era para tomar a roupa à força. Por favor srta Malfoy. - a mão do elfo ainda estava estendida

-manda-o vir me tomar! - disse ficando em pé e segurando firmemente a roupa.

O elfo havia recebido ordens diretas de pegar a roupa e destruí-las. E caso a jovem srta Malfoy resistisse era para tomar a força e destruir de qualquer jeito. Então foi o que fez. Com a sua magia própria, o elfo convocou a roupa. Kalena ainda segurava com força sua roupa. Mas era quase que impossível segurar a roupa. Por um descuido mínimo, o elfo conseguira pegar as roupas de Kalena. No entanto antes que Kalena pudesse falar qualquer coisa, o elfo jogou as suas roupas no chão e com a sua magia tocou fogo na frente da jovem bruxa.

Kalena não conseguiu ficar calada e berrou com todas as suas forças. Aquelas roupas continha o cheiro de Richard. Continha o cheiro da lembrança que um dia Kalena fora livre para amar e casar com quem quisesse. Mas agora aquele cheiro era consumido pelo fogo que o elfo conjurou. Ela caiu ajoelhada em frente a pequena pilha em chamas. Chorava copiosamente. Como era possível existir um homem que manda destruir até uma roupa... O elfo, alertado por seu dono para não ser misericordioso com o desespero de Kalena, disse

-com licença srta, boa noite

O elfo saiu do quarto com Kalena ainda ajoelhada e aos prantos. Vendo que o resto do cheiro de Richard tinha sido queimado... virado cinzas. Não agüentando, a morena gritou em desespero e batendo as suas mãos no chão com toda as suas forças.

-EU TE ODEIO LUCIUS MALFOY!

§ (#.#) §

Narcisa olhou intrigada para o marido, que estava sentado na poltrona lendo um jornal tranqüilamente. Ela ouvira a ordem que Lucius deu ao elfo. Era uma ordem totalmente desnecessária. Narcisa sabia que Lucius gostava de trilhar sempre o caminho mais difícil. E com Kalena não seria diferente.

- Acho que ela não gostou muito - disse indiferente.

- ela não tem que gostar Narcisa. Onde tem cabimento, uma puro sangue Malfoy se envolver com um sangue ruim. Eu tinha que intervir. Draco não colaborou. Muito pelo contrário.

-oras meu amor, você bem sabe que o amor é cego! - ironizou lembrando o marido que algum dia amou uma bruxa adoradora de sangues ruim. - Não é mesmo?

- o que você está querendo insinuar, Narcisa?

- Eu não quero insinuar nada. Eu estou dizendo. Todo mundo sabe que Nefertiti não era flor que se cheirasse.

- vamos colocar assim Narcisa. – Lucius parou de ler o seu jornal. Narcisa não tinha sequer o direito de falar de Nefertiti daquele jeito. – você não chegaria ao chão que Nefertiti pisava. Eu me casei com você por que eu não a encontrei a tempo.

-claro, como se ela fosse aceitar se casar com um futuro comensal, não é querido? - respondeu a altura. Como ele ousava rebaixá-la daquele jeito.

- para o seu governo, ela ia se tornar uma comensal logo após a cerimônia de casamento. Você achou que eu não seria capaz de persuadi-la? Ou você acha que eu queria me casar com você?

- mas você acabou se casando! Agora é meu marido. - se levantou e andou sensualmente para o marido. Ficou atrás da poltrona e deslizou os braços pelo corpo do marido o abraçando. - É só meu e não deixarei que ninguém o tire de mim! - Deu um beijo no pescoço dele.

- Narcisa - disse quase se entregando ao veneno daquela mulher

- o que foi? Não gosta? Meu amor... você é só meu. Não permitirei que uma lembrança fique entre nós. - deu a volta na poltrona, tomou o jornal das mãos dele e jogou longe. Se sentou no colo do loiro e o enlaçou pelo pescoço. - Estou certa?

Lucius adorava quando Narcisa tomava a dianteira. Ele, então, parou de pensar e começou a agir...

§ (#.#) §

O dia amanheceu pálido e triste em Wiltshire. Na mansão, Lucius e Narcisa dormiam agarrados depois de uma tórrida noite. Kalena, entorpecida pela sua dor e desespero, dormiu no chão perto do que restou de sua roupa. Draco já tinha acordado. Ele não ouvira nenhum dos gritos de desespero de sua irmã. Nem mesmo o choro que se prolongou até altas horas da madrugada. Ele estava revigorado. Pronto para outro. Parecia que seu corpo estava novo em folha.

Jogou a coberta longe, estava sentindo um tremendo calor. Levantou e parou frente a janela, abriu as grossas cortinas verdes escuro e deixou que a luz do dia entrasse. Pela milésima vez naquela semana se perguntou onde ela estaria. A mais de meses que não sabia dela, nenhum dos informantes de Voldemort conseguiam encontrá-la. Definitivamente Ginevra Weasley tinha virado fumaça. Mas esse assunto era do Lorde e de Rodolphus e não dele. Era como se Voldemort soubesse da paixão secreta que nutria por aquela ruiva. Não poderia mudar isso, mas tinha que se conter e esperar que as notícias chegassem até ele e não o contrário.

Mas agora, ele veria se sua irmã estava acordada. Estava preocupado com ela. Será que ela acabaria como ele? Cederia? Draco jogou a roupa que antes estava usando no chão e foi tomar um bom e demorado banho. Merecia. Depois ele foi até seu armário pegar roupas limpas. Se vestiu vagarosamente e saiu. Ao por o pé para fora do quarto, percebeu que aquele dia seria bastante conturbado. O motivo era obvio. Ele viu que Lucius também estava devidamente arrumado para tomar o seu café da manhã. Mas o problema não era esse. O problema era que seu pai estava entrando no quarto, que com certeza, era de Kalena. E se ela tivesse acordada, os dois iam brigar ainda mais Apressou os passos, iria impedir qualquer tipo de agressão entre dois.

Na noite anterior, Draco pode perceber que sua irmã era tão venenosa quanto qualquer Malfoy. Se ela o desobedecesse da forma como desobedeceu na noite anterior aquela reeducação não daria certo. Só traria mais dor e raiva para Kalena. Draco se apressou para deter seu pai. Ele chegou logo após que Lucius tinha fechado a porta. Agora era certeza... eles iam brigar. Mas o que viu ao entrar no quarto foi a coisa mais estranha desses últimos meses que passara com ela. Seu pai carregando nos braços a filha adormecida. No chão havia uma pilha de cinzas que parecia ser a roupa que ela estava vestida

-o que aconteceu aqui?- perguntou entrando no quarto.

Lucius fez uma cara para que Draco calasse a boca ou pelo menos falasse mais baixo. Kalena tinha o mesmo sono leve que Lucius. Ao menor barulho e ela acordaria e a briga ia continuar tão ferrenha quanto naquela maldita noite que passou.

-então? - reduziu o tom de voz. - o que são essas cinzas?

- era a roupa de trouxa dela. Não quero vestígios dessa vida que ela teve dentro dessa casa. Nunca vi gostar tanto desses sangues ruins. Parece a mãe dela!

Lucius colocou Kalena em sua cama. Ela se aninhou no travesseiro como se abraçasse alguém e continuou a dormir. Lucius sentou ao lado dela e começou a acariciar a imensidão negra que era os cabelos de sua filha. Será que ela não entendia? Ele só queria o bem dela. E o melhor que Lucius achava era Kalena se ingressando nesse novo mundo que se abriu par ela.

Draco achou graça da comparação que seu pai fez. Ele pensou consigo mesmo que aquela era uma das melhores qualidades de sua irmã. Só ser parecida fisicamente com os Malfoy, nada mais. Talvez por isso que gostava tanto dela... Kalena era o seu oposto em tudo. Mas agora, cedo ou tarde ela irá se render e assim se tornará uma cidadã.

-Agora não importa mais não é? Só peço que não a obrigue a se casar tão cedo. Dê tempo a ela.

- eu sei que ela vai resistir à reeducação. É da natureza dela. Eu preciso tocar em algo que ela goste muito para atraí-la para o nosso lado.

- por que matou a mãe dela? – perguntou Draco interessado. Ele achava que tinha muito mais que atração física

- nunca entenderia. Nem quero que entenda.

- e agora? – disse Draco olhando sua irmã

- agora a única coisa que eu quero dela é que ela descanse

-ótimo. Mas então, alguma novidade sobre o novo grupo de rebeldes no sul da Ásia? – perguntou Draco, enquanto via seu pai afagando os cabelos de Kalena.

-tenho uma leve impressão que tem a mão... ou melhor o braço da sua amada, mas não vou contar ao Lorde, não é.

Draco engoliu seco. Então era por isso que ela desaparecera. Se for verdade o que Lucius falara... se for realmente verdade que Gina fazia parte de um grupo revoltoso, ele seria mandado para lá mais cedo ou mais tarde e dar um fim na rebelião. Em outras palavras. A lady das trevas tomaria finalmente o seu lugar de direito como esposa e fiel assassina do Lorde das trevas. E isso não deixava o jovem Malfoy feliz. Uma ardência em seu coração começou a incomodá-lo.

- tá vendo aquela caixinha de veludo que está no criado mudo perto de você? - disse Lucius olhando para as feições duras de seu filho

-sim, o que tem? – Draco sabia do que se tratava.

- traga-o para mim... é o anel do brasão da nossa família. Quando Kalena completou 11 anos, ela se recusou a usá-lo. Agora que ela está aqui.. eu vou arrumar no dedo dela

Draco abriu a caixa e pegou o anel. Era exatamente igual ao seu, só que mais feminino.

- Aqui está. - o entregou ao pai.

Lucius tirou a aliança dourada e lisa do dedo de Kalena. Ela não precisava mais dela. Pelo menos não a do sangue ruim. Ele colocou no dedo indicador de sua primogênita o anel de sua família. Ela tinha que por obrigação ostentar o nobre brasão dos Malfoy na mão esquerda. Era de platina com duas cobras se enroscando em todo corpo do anel e suas cabeças mordiam uma pedra verde e translúcida. Gravada na pedra havia um brasão com um "M" floreada com cobras.

- pronto. O ultimo vestígio de que ela era casada com um sangue ruim desapareceu - disse Lucius se levantando da cama. Olhava para aliança com um certo desprezo. Ele pegou a sua varinha e depois com um floreio simples a aliança desapareceu de sua mão.

Draco não disse uma palavra, apenas continuou olhando para a sua irmã que dormia tranqüilamente. Alheia ao presente que acabara de receber. Sabia que quando ela acordasse e não visse a aliança entraria em parafusos, e queria garantir que ele estivesse presente quando isso acontecesse. Lucius sentiu que a sua missão estava terminada. Quantas vezes ele tentou arrumar aquele anel no dedo dela. Kalena sempre conseguia se esquivar. Mas agora não. Ela estava finalmente com o anel. Em breve, ela estaria com a marca da cidadania e o anel de casada.

- a única coisa que falta é ela se tornando uma cidadã e assim reconquistando o privilegio de usar magia. Para se casar com um comensal, será um passo - disse Lucius radiante de tanta felicidade. Ele puxou Draco para fora do quarto de Kalena - vamos deixar Kalena dormir. Ela não teve uma boa noite de sono.

- eu até imagino. – disse Draco olhando para a pilha de roupa queimada.

- vou mandar o elfo limpar e depois darei um corretivo nele. – disse Lucius percebendo que Draco observava a pilha de roupas queimadas

- claro que sim. O elfo deveria ter tirado essas roupas daí - disse seguindo o pai. - Vá na frente Lucius, tenho que pegar umas coisas no meu quarto. Logo depois irei tomar café com você e mamãe.

- não vá acordar sua irmã - disse Lucius andando mais devagar pelo corredor

-claro que não, isso não passou pela minha cabeça.

Draco fez menção de entrar em seu quarto e quando viu que Lucius descera as escadas deu meia volta e se dirigiu ao quarto da irmã. Ela ainda estava dormindo. Era como se não tivesse acontecido nada com ela. Draco ficou observando sua irmã. Ela parecia tão serena dormindo. No que será que ela estaria sonhando? Depois de alguns minutos Kalena se mexeu na cama. Parecia que finalmente estava acordando. Kalena deu um sorriso ainda dormindo e se virou na cama mais uma vez, ficando de frente para seu irmão. Abriu os olhos devagar. Quanto mais ela abria os olhos mais o seu sorriso sumia. Ela piscou varias vezes, tentando se lembrar de onde estava. Mas antes que pudesse se perguntar onde estaria viu uma figura loira sentado perto de sua cama. Abriu um tímido sorriso, sabia que era Draco.

- bom dia, maninho.

- bom dia Kalena. Obrigado pela poção. Nenhuma poção que Severo costumava me dá é tão boa quanto a sua

- eu sei. Diz que a sua irmãzinha é a melhor! - fez graça e ficando sentada na cama.

- engraçadinha

- vou me arrumar. Fique onde está, quero ter uma conversinha contigo. – o semblante se fechara rapidamente.

Ela se levantou e começou a caminhar em direção do banheiro. Foi então que viu o anel com o brasão da família Malfoy. Ela lembrou bem do dia do seu aniversário de 11 anos. Lucius queria que ela o usasse, mas Kalena conseguiu enrolá-lo até falar que não o usaria. Draco ficou olhando para ela. O semblante fechado foi sendo substituído por uma cara de completa repulsa. Kalena também havia percebido que a sua aliança com o nome de Richard tinha desaparecido

- o que aconteceu com a minha aliança? - rangei os dentes. – eu quero a minha aliança de volta!

- quer mesmo saber da resposta ou já sabe dela?

- eu... eu tinha falado para o Lucius quanto eu tinha 11 anos que eu não usaria brasão de família Malfoy. Será que ele poderia respeitar um pouco as minhas decisões?

- e ele lá pergunta o que a gente quer? Lucius Malfoy acha que seus filhos serão à sua imagem.

-Olha qualquer dia desses, você ficará órfão de pai! - tentou tirar o anel do dedo, mas este parecia estar colado nela. Quase arrancou seu dedo fora, mas a porcaria do anel continuava intacto.

-poupe o esforço. Está enfeitiçada. - disse Draco tranqüilamente.

- como assim? – perguntou sem olhá-lo, estava mais preocupada em remover o maldito anel de seu dedo.

- o anel reconhece os herdeiros da família Malfoy e não desgruda nunca mais. O meu está comigo quando tinha 11 anos, Kalena. – Draco sacudiu o dedo com o anel e o mesmo continuou intacto. - Como você deve saber... é a idade que se recebe o anel - terminou Draco vendo a cara horrorizada de sua irmã

-O QUE? Não, não e não! Estou presa a essa coisa horrorosa para sempre!?

-se você quiser cortar o dedo... é por conta e risco.

- eu nunca vou cortar o meu dedo!

-então o jeito é ficar com essa 'coisa horrorosa' bem aí no seu dedo! - Draco estava se divertindo com a cara dela, era um misto de espanto, ódio e repulsa.

- será que ele não entende? Não quero nada que me ligue a família Malfoy. Começando por esse anel horrível.

- o anel não é tão horrível assim Kalena. Ele é o tema favorito de nós sonserinos. Cobras!

-não se esqueça que eu sou uma grifinória! com muito orgulho!!!!

- infelizmente... vai se arrumar para descermos e tomar café. To te esperando

Kalena deu um olhar nada simpático para o loiro e entrou no banheiro. Meia hora depois saiu de lá usando as roupas compradas por Narcisa. A cor da roupa só podia ser única... preta. A blusa tinha o decote arredondado e a manga curta era levemente bufante. A calça era reta sem muitos detalhes Mas o rosto dela, Draco não conseguia esquecer. Ele percebeu que ela estava tramando.

- será que Lucius saiu? Não to afim de vê-lo - disse terminando de arrumar a sandália

-Acho que não. Deve estar esperando a filha favorita para tomarem café como uma família linda e feliz. - disse descruzando os braços. - agora, o que você queria falar comigo?

- você tem que me ajudar a fugir. Eu tenho que ir até ao acampamento dos Qadarf no deserto

- não posso

- por que? – a morena ainda estava incomodada com o anel, e por fim girou-o no dedo, deixando o brasão para baixo. Tentando com certo sucesso escondê-lo.

- Kalena... eu não sei se você percebeu, mas eu fui punido por isso. Por te proteger do nosso pai e desse novo sistema.

- eu sei! Mas...

- mas o que? Não! O Lorde das trevas quer você debaixo das vistas dele. Da mesma forma que muitos estão. E eu nem sei o real motivo tanto empenho. Eu sei que você é poderosa, mas é só!

- Draco eu preciso...

- NÃO! Dessa vez eu não vou cair na sua lábia. Eu sou um comensal e você...

- pode parar por aí. Eu não quero brigar com você. – disse Kalena se virando e olhando para a janela. Uma lagrima caiu timidamente pelos seus olhos azul-cinza

- é só isso?

- não. Quem foi que nos dedurou? Porque eu tenho certeza que não foi você.

-não tenho certeza... mas já tenho o suspeito, ou melhor, suspeita.

- você tinha me falado que estava noivo. Você acha que foi por causa dos ciúmes da sua noiva?

-você não conhece a Pansy. Aquela ali é doente. Talvez hoje você tenha o desprazer de conhecê-la.

- talvez não.

- como assim? – disse Draco se preocupando

- nada... – Draco olhou-a profundamente tentando usar legilimens, mas Kalena era mais esperta e mantinha sua mente bloqueada sempre que possível.

- bem... se foi ela... vai se ver comigo. - deu uma pausa, cerrou as mãos.

- você quem sabe... nem sempre é bom se vingar.

- lá vem você dizendo que perdão é a melhor opção.

- e é verdade. Um coração cheio de raiva, zanga e ódio não faz bem a ninguém. A única coisa que você vai querer é revidar na mesma moeda. E isso acaba se tornando um ciclo vicioso. Você se vinga... a pessoa que você feriu vai querer vingança e não tem fim.

- tá bom, Kalena... – Draco não queria continuar terminar logo com aquele sermão. Era sempre a mesma coisa. Ele precisava saber perdoar e amar... e assim ia todo aquele sermão dela – vamos?

Kalena olhou bem para os olhos de Draco. Nem ele queria ajudá-la a fugir. Será que era tão difícil? Ela sabia o que deveria ser feito... sabia que poderia encontrar um meio... um meio de ficar com Richard. No final, até Draco se beneficiaria com a sua decisão. Ele entenderia e ficaria bem... e quem sabe ele não poderia se regenerar

- Draco... pode ir na frente. – disse Kalena confortavelmente sentada em sua cama. Com a cabeça a mil, ela precisava encontrar uma desculpa convincente para despistar o seu irmão

- você não vem tomar café da manhã?

- mas é claro! Essa sandália está difícil de arrumar e você deve estar com fome... pode ir.

- Kalena...

- não confia em mim?

- bem... talvez? – perguntou incerto.

- por favor, Draco. No fim tudo ficará bem

Draco percebeu que não tinha como discutir com sua irmã. Então resolveu descer. Mas havia algo de errado. Era a mesma sensação que teve quando ela tentou fugir. Mas agora não tinha com que se preocupar. Talvez ela tivesse falado a verdade. Ao chegar na sala de jantar, Draco percebeu que seu pai não estava mais lá. Ele estranhou. Até porque Lucius nunca perderia o primeiro café da manhã com a sua primogênita favorita. Foi então que viu sua mãe chegando na sala.

- onde está o meu pai, mãe?

- foi chamado pelo Lorde. – disse Narcisa despreocupada e indo em direção a sua cadeira.

- certo. – disse Draco sem pensar. Ao menos Kalena teria um pedido atendido. Um café da manhã sem brigas com Lucius. – Vou tomar... AI!

- o que foi, Draco? – continuou Narcisa tão despreocupada quanto antes. Ela estava tão despreocupada que nem fora capaz de olhar para o filho

- acho que o Lucius não foi o único a ser chamado. Eu fui convocado também. – Draco pode perceber que a conversa era bem séria. Não vendo alternativa diante do mau pressentimento que tinha sobre sua irmã, ele resolveu por sua mãe para vigiar Kalena – Mãe, eu posso te pedir uma coisa?

- o que?

- fica de olho em Kalena. – pediu Draco já quase gritando da porta principal.

- como? – perguntou Narcisa sem entender o pedido de seu filho. O absurdo era tanto que ela foi capaz de ir atrás de Draco para entender melhor o que ele tinha acabado de pedir. – eu entendi direito... vigiar a bastarda de Lucius?

- é mãe... vigiar a Kalena. Só você poderá chegar perto o bastante para vigiá-la sem criar bate-boca.

- ora Draco ela é bem crescidinha...

- eu sei... mas ela está tão depressiva. Lucius não devia ter matado o sangue ruim. Não na frente dela. – retrucou Draco se lamentando o rumo que todo aquele desastre da noite anterior poderia dar.

- já é um pouco tarde para lamentações, Draco.

- eu sei. Promete?

- ta Draco... eu prometo. Agora vai.

Narcisa praticamente expulsou seu filho de casa. Ele não poderia chegar nenhum segundo atrasado, do contrario ele seria punido novamente. Draco saiu correndo até o ponto liberado para aparatar. Não esperando um segundo aparatou para a reunião onde o estavam aguardando.

§ (#.#) §

Draco desaparatou na fortaleza. Ele andou rapidamente pelos corredores. Sabia que o Lorde das trevas não gostava de atrasos e aquela conversa lhe rendeu alguns minutos a mais em casa. Mas sobre isso ninguém, nem mesmo Voldemort, poderia impedi-lo. A partir do momento que ele conheceu sua irmã, Draco não parava de se preocupar com Kalena. Chegando na sala de reuniões, ele percebeu que era uma reunião do conselho. E quando Voldemort reunia Lucius, Bellatrix, Rodolphus, Rabastan, Severo e o infeliz do Victor Gambler, significava uma única coisa. Hogsmeade.

Draco e Victor nunca se deram bem. Draco o achava exibido, arrogante demais. Sem contar na maldita mania de Victor de se achar o ser mais belo da face da Terra. Mas os dois eram totalmente diferentes fisicamente.

Victor Gambler era um homem de 24 anos. Ele era alto e de porte atlético. Seus cabelos eram negros e médios; e o usava levemente caídos na frente. Os olhos eram tão negros quanto os olhos de Severo e continha um brilho de malícia neles. Os traços de seu rosto eram marcantes com um nariz levemente arrebitados. Draco cruzou os olhos com Victor e pareciam que saíam faíscas entre eles. O jovem Malfoy nunca entendera qual era a finalidade do Gambler no conselho. Voldemort sabia dessa inimizade entre eles, e parecia que fazia questão de os colocar no mesmo lugar sempre que possível.

- você está atrasado, Draco. – disse Voldemort lendo um pergaminho que Draco nem sabia do que se tratava.

- perdoe-me Milorde. Eu estava tendo uma conversa com a minha irmã.

- você não tem nada que se meter! – disse Lucius num sussurro áspero.

- não estou falando com você, Lucius! – retrucou Draco sentando-se no lugar reservado para ele.

- mas seu pai tem razão. – disse Voldemort parando de ler o pergaminho para ver o rosto de Draco.

- eu sei que não devo me meter, mas eu sinto que ela vai aprontar. É a segunda vez que eu sinto. Na primeira, quando eu a conheci – disse olhando para seu pai – ela estava quase embarcando em um daqueles navios.

- em um o que? – disse Lucius temeroso com a ousadia de sua primogênita. – ela não seria capaz!

- tanto é que quase embarcou. Quando eu consegui encontrá-la, Kalena e o sangue ruim seriam os próximos a embarcar. – disse Draco tentando não contar os detalhes.

- mas o que ela poderia fazer? Do que ela seria capaz de fazer depois de tudo? Chorar? – interrompeu Bellatrix rindo da preocupação dos dois Malfoy.

- não. – disse Victor para Bella. Não permitiria que ela falasse daquele jeito indecoroso. – ela já chorou o suficiente pela morte do Stuart. Agora Kalena vai agir. Ela vai por aquela cabecinha brilhante para encontrar um meio de ficar com o sangue ruim. E ela vai achar.

- você por um acaso a conhece? Nem sabe de quem estou falando! – disse Draco rispidamente a Victor.

- claro que eu sei quem é imbecil! Você está falando de Kalena Qadarf. Filha de Nefertiti Qadarf e Lucius Malfoy, que por um acaso seria o seu pai!

- como a conheceu? – Draco estava em níveis críticos de raiva. Se aquele infeliz acéfalo não calasse a boca, ele pessoalmente o faria.

- para e pensa... eu e ela temos a mesma idade. A diferença de meses e de casas. Eu sonserina e ela grifinória. Já descobriu de onde eu a conheci?

Mas antes que Draco pudesse retrucar, Voldemort socou a mesa com força. Seus olhos estavam injetados e vermelhos. A pupila estava como a de um gato novamente. Aqueles dois pareciam duas velhas tricotando e brigando. Ele ia por um fim nisso

- chega vocês! Preciso dos dois. E em breve vou agregar a ajuda da sua irmã, Draco.

- perdoe-me Milorde – dizem em uníssono

- Que seja. Já que o Draco tem tanta certeza que ela vai aprontar é melhor ficar de olho Lucius.

- sim Milorde.

- não posso perdê-la. Não com tantos adjetivos que ela tem.

- Milorde – disse Severo em uma voz bem untuosa – e com relação a Hogsmeade?

- Hogsmeade... aquela cidadezinha está se tornando uma dor de cabeça.

- mas Milorde...

- cale-se Bellatrix. Eu preciso descobrir uma forma de baixar aquela barreira. Não posso permitir que exista uma cidade rebelde bem no coração do meu império.

- as minhas tentativas têm se...

- as suas tentativas falharam Bellatrix. E você sabe muito bem que eu não tolero tal coisa.

- sim Milorde. Agradeço a sua misericórdia

- Milorde... – disse Rodolphus entrando na conversa – eu sei que a solução é equivocada, mas o ideal seria mandar a jovem Malfoy. Eu tenho quase certeza que ela descobriria rapidamente um meio de invadir.

- o ideal seria isso. Mas eu estou longe desse ideal.

- sabemos que ela é parecida com Nefertiti. E por causa disso a ultima coisa que ela fará é colaborar. Ela nos trará problemas... grandes problemas. – falou Rabastan para seu irmão.

- mas tem... – disse Draco. Ele sabia que não devia

- temos que arranjar uma forma de obrigá-la...

- isso não vai adiantar de nada, Gambler. A não ser que você queira mais problemas. – cortou Draco – ela está amargurada e fará de tudo para conseguir um “passaporte” direto para ao lado do sangue ruim. A não ser...

- a não ser o que Draco? – perguntou Severo. Ele já conhecia muito bem como ele arquitetava seus planos. E conhecia também como Kalena era. – você não está pensando...

- estou, Severo. Milorde, permita que eu mesmo vá.

- e por que? O ideal seria você me explicasse o motivo. Já que só Severo entendeu.

- bem. Eu mesmo irei e averiguarei essa barreira mágica. Depois... Kalena vai colaborar sem perceber...

- estou gostando dessa idéia Draco. – disse Voldemort realmente feliz e se levantando. – você pode ir hoje mesmo. A reunião acabou. Rodolphus.

- sim Milorde. – disse Rodolphus se levantando também

- venha comigo. Quero relatórios sobre a sua missão mal resolvida.

§ (#.#) §

Draco e Lucius voltaram para a mansão. Draco queria se despedir de Kalena. Ele sabia onde sua irmã estava e por isso subia as escadas de dois em dois. Lucius foi atrás de Draco. Antes que ele pudesse abrir a porta, Lucius o deteve.

- você tem certeza de que ela vai aprontar?

- tenho.

- é melhor não contar sobre isso e ficar de olho.

- concordo. Posso entrar agora?

- pode – disse Lucius dando passagem.

Ao entrarem, Draco percebeu uma bandeja de prata com o café da manhã. Ela estava vazia e em cima da mesa. Kalena tinha tirado uma das poltronas e a posicionou em frente da janela. Ela estava sentada lá olhando para o nada... através da janela. Vendo que havia gente no quarto se virou para ver quem é. Ao perceber que era seu irmão embolsou um sorriso cansado, mas nem esse sorriso se sustentou quando ela viu Lucius.

- tomou o seu café da manhã? – perguntou Lucius para sua filha

- parece. – retrucou olhando para a bandeja vazia.

- depois que vocês dois terminarem de se despedir quero que desça. Precisamos conversar.

- mais? – perguntou Kalena pasma. Ela sabia que ele queria apenas ditar regras e não conversar.

- mais!

- que seja. – Kalena retornou a olhar para o horizonte numa clara demonstração que não estava se importando com Lucius.

- não demore Draco – disse Lucius saindo do quarto

- o que você quer comigo? – disse Kalena sem nem olhar para o irmão

- vim me despedir – disse Draco.

- vai viajar para onde?

- vou a uma missão. Não posso contar para onde vou. Você sabe disso.

- é eu sei. – disse Kalena se levantando para abraçar seu irmão.

- Kalena. – retrucou Draco incomodado. Ele se sentia estranho quando recebia um abraço

- eu sei que você não gosta quando te abraçam. Mas você precisa saber o que é calor humano – respondeu Kalena, mexendo no cabelo de Draco como se quisesse bagunçar.

- pára...

- vai fazer biquinho de novo?

- não repete isso novamente... –respirou fundo e encarou-a. - promete que não vai fazer nenhuma besteira.

- não sou eu que faço besteiras. – disse Kalena, querendo distraí-lo

- promete?

- nada que eu vá fazer poderá te prejudicar.

- eu vou tomar isso como um sim. – disse Draco meio derrotado.

- vai antes que Lucius apareça aqui. – naquela altura, Kalena não estava disposta a ver seu pai em mais uma crise de ciúmes.

- não to nem aí.

- mas eu sim... toma cuidado.

- ta bom

- saiba que eu te amo. E que isso nunca irá mudar

Draco estava na porta quando aquela sensação de desconforto voltou. Aquelas palavras o deixaram angustiado. Mas não podia falar nada, do contrario seria tomado como covarde, fez uma careta que Kalena tomou como uma forma de agradecimento e soltou um sorriso para o loiro. Ele foi para seu quarto e arrumou rapidamente a sua mala. Depois de tudo arrumado e ter se despedido de sua mãe, desaparatou.

§ (#.#) §

Chegando às redondezas da cidade percebeu o quanto mudou. A antiga redondeza de Hogsmeade, cheia de gente irritantemente feliz, estudantes indo de um lado para o outro, morrera. Agora era uma verdadeira cidade sitiada. Havia comensais por todos os lados possíveis e impossíveis. Gente nova com cara que não queria estar lá, mas Voldemort não queria saber se eles iriam de boa vontade, se não fossem por amor, seria pela dor. Então o melhor a fazer era acatar as ordens e fazer parte daquele assombroso exército. Havia também gente mais velha que Draco conhecera ainda na sua infância

Uma coisa nos rosto dessas pessoas lhe chamou a atenção. Alguns estavam bem, apesar da apatia. Já outros berravam em agonia pedindo perdão pelas atrocidades que cometera. Mas o que mais espantou Draco foi o número exorbitante de gente morta congelada. Eles pareciam esculturas bizarras de gelo, retratando em seus rostos dor, medo e agonia. Os outros comensais pareciam não se importar nem um pouco em remover os corpos congelados. Era quase como um aviso muito sombrio de que se não ficassem sempre cem por cento alertas, o mesmo aconteceria com eles.

Ver aqueles corpos estirados e duros fez suas entranhas revirarem, eram tantos rostos conhecidos. Há algum tempo atrás pularia sobre eles, ou até mesmo pisaria neles, pois eram uns inúteis que não conseguiam nem se manter vivos, mas agora um aperto incômodo jazia em seu estômago. Suspirou encarando a barreira a sua frente, estava mais mudado do que pensava. A barreira era feita por uma muralha de bruma gélida, branca perolado. Ela era sem fim; impedindo qualquer um do lado de fora ver o que acontecia lá dentro. Fazendo ser impossível detectar qualquer movimento ou até mesmo um possível ataque dos rebeldes.

O loiro sentiu suas forças fraquejarem, há bastante tempo estava ali sozinho encarando a parede, mas nada lhe vinha a cabeça. Resolveu por fim procurar por um velho amigo. Talvez ele, que já estava por ali a bastante tempo, soubesse lhe explicar exatamente o que era aquilo. Passou os olhos em todos os cantos possíveis, aqueles olhos que fora obrigado a desenvolver enquanto esteve em Vardo, olhos de predador. Avistou ao longe esse velho amigo de Hogwarts, fez um sinal com a mão chamando o rapaz e este de imediato lhe reconheceu também. Despachou um comensal subordinado e caminhou ao encontro de Draco, mantinha em seu rosto belo e bem-cuidado aquele típico sorriso debochado de um sonserino.

- Draco Malfoy! O que traz o comensal mais dedicado neste cerco sem fim?

- como vai Zabini? - disse Draco voltando a sua atenção a parede gelada.

- bem. Apesar de não conseguir cruzar essa parede. – se aproximou do loiro e estendeu a mão. Ambos se cumprimentaram. - Draco... eu fiquei sabendo de uma história...

- é Zabini! – cortou o moreno antes que ele pudesse concluir. - Eu tenho uma irmã mais velha. – retrucou Draco olhando atentamente seu velho amigo. Ele estava tentando não transparecer muito protetor

- pensei que fosse boato

- mas não é! E essa parede? – o jovem apontou com o polegar para a bruma. Draco queria por um fim na noticia que ele tinha uma irmã. E a forma mais fácil era perguntar logo sobre aquela parede

- como eu posso dizer... ela tá dando uma surra na gente, literalmente. Não sabemos de onde isso se alimenta.- coçou o queixo, não podendo evitar encher o ato de charme. - Mas de uma coisa é certeza. Você já ouviu falar em Friedan?

- não sou um idiota. Magia do frio. O que tem?

- bem... essa parede é um exemplo de Friedan.

- essa magia foi banida bem antes do Lorde tentar conquistar o poder na primeira vez. – disse Draco friamente.

- ouvir dizer que é contemporânea ao nascimento de Hogwarts. – retrucou Blaise

- também ouvir isso. Esse tipo de magia mata todos os bruxos que o tentar.

- Não são todos os bruxos, Draco. Você sabe muito bem que existem bruxos no extremo norte do planeta que não morre

- Eu sei. O Lorde já sabe?

- saber... ele sabe. O Lorde não quer acreditar na possibilidade dos donos dessa magia tomarem partido.

- é... eu sei. Seria impossível! Eles não são exatamente um povo amistoso.

- então a tentativa de contato do Lorde com o Povo de Cristal não foi produtivo?

- que nada. Tem uma princesa que mandou um pequeno aviso ao Lorde. Se ele tentar mais uma vez chegar perto da barreira de contenção, ela não será misericordiosa.

- e qual foi à misericórdia dela?

- bem... ela mandou de volta todos com hipotermia. E olha que toda a comitiva estava com feitiço ultra-aquecedor.

- nossa. – disse Blaise impressionado

Draco se lembrou bem desse dia. Ele tinha acabado de viajar na sua primeira missão depois de Vardo, quando Voldemort resolveu ir para a extremidade norte do planeta com uma comitiva que seu pai fazia parte. Pelo que ele soube por seu pai, Voldemort e sua comitiva só ficaram dois dias lá. O primeiro dia eles tentaram se aproximar à barreira. Todos que foram nessa investida voltaram com uma forte crise de hipotermia. No segundo veio o recado. Voldemort se deu por vencido. Nem ele, com todo o seu poder, conseguiria passar por uma barreira de mil quilômetros de frio absoluto.

- mas há uma coisa de estranho nessa parede. – continuou Blaise

- e o que é?

- não são todos que se machucam pelo frio dessa parede.

- como assim?

- há comensais que não consegue ficar mais de dois minutos perto da barreira, mas são machucados. De acordo com eles, a parede obriga a reviver cada coisa que fizeram na vida. Já outros que morrem instantaneamente. Viram estátuas de gelo, como você viu lá embaixo. Mas no entanto, há comensais que não acontece nada. De acordo com eles, eles podem até ver uma sombra da cidade, antes de serem atirados a um quilômetro de distância. Sem contar que existem os desertores. Eles conseguem ver a cidade nitidamente e também encontram uma forma de entrar. Quando entram, não sai nunca mais.

- estranho. Isso é algo a se verificar.

- bota estranho nisso. Só que Bellatrix não estava interessada nessa informação.

- me responda uma coisa. Uma doida feita a minha tia vai pensar em detalhes dessa magnitude?

- você sabe que não. A sua tia queria por abaixo essa bruma como se ela fosse feita de concreto.

- típico da Lestrange. – resmungou Draco olhando para a parede novamente.

- Mudando rapidamente de assunto... como é sua irmã? É bonita? – perguntou Blaise mudando totalmente o foco da conversa e soltando um sorriso debochado.

- não te interessa, Zabini! – soou como um irmão protetor que ele tanto evitava transparecer. - Vim aqui por causa dessa maldita parede e não para te contar como a minha irmã é!

- OW!!! Estamos nervosos hoje!

- Blaise...

- Tá bom! Sem stress Draco. O que mais você quer saber?

- de tudo! E começa pelos erros da minha doce titia Bella.

- então é melhor você vir até a minha barraca para tomarmos alguma coisa. Porque os erros dela são muitos.

Draco acompanhou Blaise até a barraca. Depois de estar devidamente instalado em um quarto de médio conforto e sentado, ouviu seu amigo. Zabini contou por horas a fio cada erro de Bellatrix. O jovem Malfoy ficou realmente impressionado com tantos erros que uma comensal experiente como ela, era capaz de fazer. Depois de Zabini ter esgotado o seu relatório, Draco suspirou pesadamente.

- Cara, parece que sua tia está mais preocupada em babar nas botas do Lorde do que em pensar. – O moreno soltou uma risada, ficando logo sério. A cara de Draco não era uma das melhores.

-Não teve graça Zabini. – o loiro se manteve sério por segundos, mas logo caiu na gargalhada, sendo acompanhado pelo amigo. Bellatrix a cada dia dava mais bandeira sobre sua paixão por Voldemort; ele não sabia como Rodolphus agüentava tanta humilhação.

- é Zabini. – cortou o momento descontraído. - Eu vou ter que ficar para verificar como poderemos baixar essas defesas.

- vai ficar por quanto tempo?

- indeterminado

- por mim tudo bem.

- ótimo. – Draco se levantou e foi em direção à saída – vou começar por agora.

- quer companhia?

- não! Vou sozinho. A única coisa que eu quero é que mantenha seus homens longe de mim. Não quero ninguém enchendo a minha paciência.

- ok.

Draco foi até perto da parede. Zabini tinha razão. Aquela parede era estranha. Levantou a mão e a tocou, pode sentir sua mão esfriar rapidamente, como se estivesse segurando um cubo de gelo. No segundo seguinte sentiu uma força inexplicável invadir-lhe a mente e foi forçado a reviver o único beijo que dera em Gina. Era tão bom poder sentir mais uma vez aqueles lábios carnudos e quentes. Antes que pudesse matar a saudade que sentia, houve uma regressão. Ele se lembrou quando viu que tinha uma irmã que ele sonhou.

A cada lembrança que ele era forçado a se lembrar mais fraco Draco se sentia. Achou melhor se afastar o quanto antes, tentou puxar sua mão mas ouviu uma vozinha fraca em seu ouvido. Draco tentou ignorá-la; mas ela era insistente. Se sentiu sem saída, teria que ouvir de qualquer forma.

“a sua irmã corre perigo. Você é o único que pode salvá-la. Fazendo isso pode salvar a si mesmo.”

Toda aquela angustia que sentia por deixá-la sozinha aflorou de uma vez. Será que ela seria capaz? Será que Lucius não perceberia o que Kalena estava fazendo? Uma inexplicável e incontrolável raiva apertou sua garganta, se sentia culpado por deixá-la sozinha. Ela precisava dele. Gritou com toda as suas forças:

- isso não é da sua conta!!!!!

Draco se afastou o mais rápido possível daquela parede. Achando que estava a uma distancia segura, ele berrou com toda sua força. Nenhum feitiço idiota o derrotaria. Se sentindo fraco e sem nenhuma disposição, voltou para a barraca de Blaise. Ele ia descansar. Precisava disso.

Mas Draco não teria esse merecido descanso. Do nada veio um estrondo enorme na parte norte da muralha. Digno de uma guerra aberta em campos. Draco saiu da barraca muito rápido. Então ele viu que o caos estava instaurado no lugar. Havia gente correndo para todos os lados. O jovem Malfoy empunhou a sua varinha e saiu correndo para saber de mais detalhes. No meio do caminho ele encontrou quem estava procurando.

- Blaise – berrou Draco, pois o barulho era ensurdecedor.

- Draco. – respondeu Blaise um pouco mais aliviado ao ver o amigo

- o que está acontecendo aqui?

- acabei de receber o aviso que os revoltosos resolveram dar o ar da graça. – ambos se abaixaram ao mesmo tempo. Um feitiço passou cortante por eles e explodiu uma barraca.

- isso é constante? – indagou o loiro, ainda abaixado. Olhando fixamente para o norte. Contava mentalmente quantos tinham e sua mente trabalhava a pleno vapor.

- não. É a segunda vez que acontece isso. – Blaise correu e se atirou atrás de uma mesa caída e Draco o acompanhou.

- o que aconteceu na primeira?

- perdemos feio. A camuflagem dele é branca como a bruma. Já nós...

- tá, tá não precisa terminar. – o loiro se ajoelhou e olhou por cima da mesa virada. - Quem é o líder desse bando de desocupados?

- pra falar a verdade é um colegiado formado por Longbotton, sangue ruim da Granger, Weasleys e a minha Luna.

- o pateta do Longbotton? E vocês ainda perderam? – Blaise encrespou a boca e olhou feio para Draco. - vamos até lá embaixo. Talvez lá poderemos encontrar essa linda turminha de amigos para lembrar do passado.

Draco lançou um feitiço paralisante em um rebelde próximo, dando passagem para Zabini e logo em seguida correu para junto do moreno. Se dirigiram para o local da confusão. Draco pode perceber que entre a bruma havia gente de branco se camuflando. Sentindo o mesmo prazer doentio quando matava alguém, Draco pegou o primeiro de branco que apareceu em sua frente. Essa pessoa era alta e aparentava razoável na varinha. Mas para ser oponente de Draco Malfoy, razoável era sinônimo de morte certa para o adversário. A luta fora fácil para Draco, em poucos minutos o seu oponente jazia morto no chão. Era mais um naquele mortal tapete em preto e branco. E agora com manchas vermelho escuro.

Farejando mais um novo oponente, Draco viu que seu amigo estava duelando contra três rebeldes. Com um sorriso de escárnio, o jovem Malfoy resolveu balancear aquela luta. Não seria justo Zabini liquidar três de uma vez enquanto que ele estava ainda no um. Ele saiu correndo para poder ajudar. Mas antes que pudesse chegar mais perto, Draco fora atingindo pelas costas. O loiro deslizou pelo chão, machucando seu belo rosto. Não fora um feitiço muito forte, parecia mais uma forma de chamar a atenção do comensal para um novo oponente. Ele então se virou lentamente e viu que seu oponente era tão alto quanto o ultimo e usava uma máscara tão branca quanto a roupa.

Do nada o jovem de branco tirou a máscara e Draco viu sua fisionomia com mais clareza. O rapaz tinha cabelos ruivos e o rosto com manchas. O jovem vendo que Draco o analisava perguntou debochadamente

- por que você não arruma alguém para lutar contra você Malfoy?

- e quem seria o meu oponente? Você? - respondeu Draco com o mesmo tom de deboche. Sem qualquer tipo de apoio se levantou, ficando em posição de duelo.

- exatamente.

- ruivo... – falou Draco meio vago – e com sardas também. Você só pode ser um Weasley – retrucou Draco mais uma vez, mas dessa vez Draco já mostrara sua varinha. Ela estava pronta para matar mais um.

- parabéns. – retrucou – você acertou doninha albina.

a raiva subiu à cabeça de Draco. não gostava daquele apelido e só quem o chamava assim era o maldito trio maravilha. Sim, aquele era Ronald Weasley. Infeliz. Pagaria por todas as humilhações que o fizera passar na escola. Faria questão que sua morte fosse lenta e dolorosa.

- você deve ser o Ronald. O amiguinho de Potty

- nossa, doninha albina como você está bom de memória hoje.

- não me chame assim! – Explodiu. Draco não pensou nas conseqüências, deixou que suas emoções dominasse e atacou Rony. – Crucius.

Mas não atingiu Rony, ele tinha desviado a tempo. Estava divertido fazer aquilo com o Malfoy. Isso deixava o jovem comensal descuidado e presa fácil. Rindo da raiva de Draco, o jovem Weasley disse:

- esse seu gênio ainda vai te matar. Você deveria relaxar sentir o cheiro das rosas.

- por que você não para de resmungar feito uma velha e não lutamos como dois homens?

- pra que doninha?está tão divertido desse jeito.

- já falei de parar de me chamar assim. Crucius.

Mais uma vez Rony desviou a tempo do feitiço que o jovem Malfoy lhe lançou. Draco urrou de raiva e frustração. O seu tão conhecido alto-controle tinha-se tornado poeira. Ele não queria saber. Queria de qualquer forma matar aquele Weasley com as próprias mãos. Respirou fundo, uma idéia aflorou em sua mente e um sorriso sarcástico formou-se em seu rosto. E falou algo que, tinha certeza, feriria de morte seu oponente.

- me responda uma coisa, Weasley... como é a sua vida sem o Potty para você ficar babando? Sim... porque era a única coisa que você prestava... mas agora, com ele morto... sendo comida de verme.

Agora fora a vez de Rony perder a cabeça. Rony ficou de várias cores. Ninguém falaria mal de Harry na sua frente. Principalmente Draco Malfoy

- não fala assim do Harry.

- mas é claro que eu falo. Potty está morto.

sem querer saber Rony berrou: – Impediment Jinx (impedimenta)

Agora fora a vez de Draco desviar. Sorriu vitorioso, definitivamente aquele ruivo não tinha aprendido feitiços não-verbais. Draco retribuiu a altura.

- Confringo.

Os feitiços ricochetaram e atingiram dois combatentes quaisquer. Draco começou a rir da fúria do Weasley. Ele era mais fácil de irritar do que se podia imaginar. Por outro lado Rony estava com sua raiva em níveis críticos. Não permitiria que uma boca peçonhenta como a de Malfoy tocasse no nome de Harry. Draco vendo que estava no comando disse:

- por que você não imita o seu amiguinho Potty e também não morre?

- SEU DESGRAÇADO!!!! – Rony não pensou duas vezes e avançou para cima de Draco

Rony e Draco começaram a lutar de verdade. Draco estava enganado com relação a Rony. Ele sabia feitiços não-verbais. A luta estava feroz. Uma profusão de cores circundava o espaço que existia entre os dois combatentes. Minutos se perpetuaram. Draco viu que o Weasley não era como os outros rebeldes que matou. Ele era rápido nas retomadas e avançava de forma feroz.

A luta estava bem acirrada não se sabia quem iria ganhar. Mas Draco tinha certeza que o vencedor seria ele, já que ao contrário do Weasley, poderia usar todos os feitiços das trevas que conhecia a seu favor. Quando o jovem Malfoy estava se preparando para lançar um feitiço que poderia pender ao seu favor, ele ouviu uma sirene alta. Sem mais nem menos Rony o jogou para bem longe. Com um sorriso maroto o jovem ruivo disse:

- até uma próxima, doninha. Talvez eu não seja tão complacente com você!

- volta aqui Weasley! – berrou Draco com raiva ainda no chão.

Quem aquele pobretão era para lhe virar as costas. Draco levantou rapidamente para alcançar o ruivo, mas algo o impediu. Ouviu um berro muito alto nas suas costas. Ele sabia de quem era àquela voz. Era Blaise. O jovem Malfoy curioso virou-se para ver o que era aquilo. A única coisa que viu foi três rebeldes de varinhas em punhos e um Blaise voando. Parecia que os três executaram o mesmo feitiços. Antes que Draco pudesse fazer alguma coisa para fugir da colisão, Blaise havia aterrissado em cima dele.

As únicas coisas que Draco ouviu foi a gargalhada de Ronald e um feio barulho do punho de Blaise se quebrando. Draco conseguiu se desvencilhar rapidamente de Blaise mas já era tarde. Todos os rebeldes haviam se camuflado na bruma e desaparecido. Draco ficou furioso. Depois de vários minutos tentando extravasar sua raiva viu o pobre amigo gemendo de dor. Não tinha mais jeito. A única coisa sensata a se fazer, pensou Draco, era levar Blaise até a tenda-hospitalar para curar aquele punho quebrado. E foi exatamente o que fez.

§ (#.#) §

Quinze dias se passaram desde então. Vários comensais ainda se recuperavam do ataque sofrido. E o loiro estava inconformado, Weasley havia conseguido escapar. Se não fosse por Blaise ter caído por cima dele e o feito perder a concentração, o amante de trouxas estaria morto. Seria mais um para a listra quilométrica de assassinatos de Malfoy.

Mas algo ainda pior lhe incomodava, não parava de pensar em Kalena. Draco não tinha a menor idéia de como estava a sua irmã. E seu intimo rezava desesperadamente que Kalena não tivesse feito nada de estúpido, mas aquela voz, que o avisou quando chegou naquele sitio, o atormentava a cada noite.

De vez em quando, quando se lembrava de sua irmã e do beijo que tivera coragem de dar em Gina, Draco poderia ver quase que com clareza Hogsmeade. E pelo que viu a cidade tinha um ar de prosperidade e felicidade. Nem parecia que a maior parte do mundo tinha se sucumbido aos caprichos de Voldemort e seus comensais mais próximos.

Draco podia sentir que estava cada vez mais debilitado. Quanto mais tentava encontrar um meio de descobrir, mais ficava fraco e as suas lembranças mais felizes eram revividas. E sem contar da voz. Aquela voz atormentava a alma dele. Da ultima vez a voz falou algo que o deixou pensando. Ele se lembrava muito bem

“a sua irmã começou a descongelar um coração que pode ser generoso.”

Será que era verdade? Mas mesmo se fosse a única merecedora disso era Kalena... e Gina. Gina.... como será que ela estava? Será que lembrava do beijo? Ele pelo menos não ia esquecer nunca. Ia levar consigo o gosto e o calor daqueles lábios vermelhos e carnudos. Será que desejava revivê-lo ao menos uma outra vez, como ele tanto desejava?

Draco colocou mais uma vez aquela lembrança bem no fundo de seu inconsciente. Tinha que fazer isso, para o bem de sua sanidade e principalmente seu bem estar físico. Resolveu fixar toda sua atenção na barreira, era mais seguro que sonhar acordado. Puxou uma cadeira e a colocou frente à bruma e sentou-se. Seus braços cruzados e seu rosto concentrado.

Olhava fixamente para frente, respirou fundo e pode sentir sua mente desanuviar. Sensações boas começaram a fluir por seu estômago, estava preste a relaxar quando seus olhos quase desatentos captaram dois vultos envoltos à bruma. Draco sabia que não eram comensais da morte; levantou num pulo chutando a cadeira para trás e levantou sua varinha.

- Identifique-se!

- Olha só... – disse uma voz feminina e firme – é o Malfoy!

- veio brincar com a gente, Malfoy? – perguntou uma voz masculina e grave – porque eu to de saco cheio ver você rodeando essa barreira.

- Quem são? Responda!!!

- não ta conseguindo ver a gente? Que coraçãozinho mais nublado.

- oras Nev, não caçoe, ele não tem culpa de ter nascido sem coração. O que acha? Devemos nos identificar?

- não... deixe-o descobrir. – respondeu o rapaz com uma mórbida satisfação

Draco estava ficando irritado com toda aquela conversa. Estava boiando em todos os sentidos.

- Malfoy por que você não volta para casa? – continuou a jovem mulher para Draco

- claro que eu volto... assim que tiver a cabeças de vocês em uma bandeja de prata para dar de presente ao Lorde.

- como isso é nojento, Malfoy! – respondeu a moça.

- e se for a sua cabeça como presente? – respondeu o rapaz

- acho que será preciso no mínimo mil para conseguir isso. – respondeu Draco debochadamente

- e se tivermos mil aqui? Você, como é um bom comensal, vê apenas bruma e vultos. – respondeu o rapaz para Draco.

- Por que não saem dessa maldita bruma? Talvez eu possa falar se eu serei ou não subjugado. – O rapaz fez menção de sair mas a moça o segurou pelo braço.

-Nev... não

- Nev... Nev de Neville? – perguntou Draco pensativo. – Neville Longbotton?

- me deixa Luna. – respondeu o rapaz que estava definitivamente ignorando Draco.

- Lovegood! A ex-noiva do Blaise? Que ótimo! Matarei o Longbotton e levarei a Lovegood para o Blaise. – o comensal conversava consigo.

- Você vai ver o que vai levar daqui, imbecil. – respondeu Neville com a aparência de que estava sendo contido.

- Nev, é exatamente isso que ele quer.

- você não sabe o que eu quero Lovegood. Pelo que eu me lembro, Longbotton, você era o bobalhão que eu e os rapazes nos divertíamos.

- Malfoy quer calar a boca e voltar a lamber as botas de Voldemort? – falou Luna com um pouco de dificuldade

- Eu vou ter o prazer de ser o padrinho do seu casamento com o Blaise. – disse Draco não dando ouvidos para Luna – Temos ótimos tratamentos para jovens moças rebeldes. Nem vai se lembrar que foi uma. Vai ser toda sorrisos e carinhos para o Zabini. Como uma cachorrinha adestrada.

- agora já chega – esbravejou Neville – eu vou matar esse infeliz, Luna!

- Neville! Ele é perigoso. Você mesmo fica pasmo das noticias que chegam.

- Eu sou bem mansinho. Juro que não vou machucar ninguém... – disse Draco bem venenoso, se intrometendo na conversa dos rebeldes. – Por que não sai dessa proteção? Eu estou sozinho.

- a tentação é grande. ‘Tô querendo me vingar da morte de amigos!

- qual deles? Já matei muito.

- Nev, por favor. – disse Luna fazendo um grande esforço para segurar o moreno. - Se não quiser encarar a gente, Malfoy é melhor ir embora!

- não é a toa que te chamavam de Di-Lua. Eu estou louco para encontrar um para se vingar daqueles imbecis que já matei.

- pode até ser – respondeu Luna seca – mas o seu poder mágico tá sendo minado há quinze dias. Você está debilitado Malfoy.

- eu já disse... me encaram!

Um rapaz tão alto quanto Draco saiu da bruma. Ele olhava lívido de ódio para Draco. Draco pode perceber que era mesmo o Longbotton. Atrás dele saiu uma mulher loira e atraente. Era Luna. Ela não havia perdido aquele olhar sonhador.

- Neville não era necessário.

Antes que Draco pudesse lutar contra Neville, Luna o havia desarmado. Parecia que ela não queria briga. Draco ficou com muita raiva da atitude da jovem loira. Quem era ela para tirar a sua preciosa varinha?

- olha o que você fez, sua louca! – disse Draco procurando com o olhar sua varinha.

- isso, é um duelo e vai por mim, Malfoy... ‘Tô protegendo os dois. Vamos Nev.

Os dois se viraram para retornar a cidade. Mas antes que pudesse voltar, Draco havia lhe lançado uma crucius em Neville. Ele havia recuperado facilmente a varinha. O jovem rebelde berrava de dor. Já Draco ria descompassadamente no estado que Neville se encontrava.

- Neville! – berrou Luna desesperada

- bem feito. Isso é para mostrar a você, Longbotton que não se devem virar as costas para mim!

Luna estava histérica. Não permitiria que um comensal feito Draco machucasse seu namorado daquela forma. Draco observava a cena com prazer, mas tinha que se concentrar no serviço que tinha que ser feito. Com um ar de vitória e superioridade, Draco olhou para Luna e disse:

- Luna Lovegood você está presa em nome de Lorde Voldemort.

- não seja prepotente, seu imbecil! – gritou Luna para Draco.

Com um movimento brusco de sua varinha, Luna empurrou Draco para bem longe deles. Com o descuido, Draco foi arremessado e perdeu o contato da varinha novamente. Neville pode respirar mais aliviado. Luna, então foi ao encontro de Neville e o ajudou a levantar. Neville empunhou a sua varinha e junto com Luna foram lentamente até aonde Draco tinha aterrissado.

- você está em menor número, não sabe contar? – retrucou Neville

- mas se não sabe, ele vai aprender agora. – continuou Luna - Stinging Hex (ferreteante)

- Expulso – proferiu Neville logo em seguida

Os dois foram contra Draco com uma ferocidade incrível. Draco se levantou rapidamente e escapou dos dois feitiços. Rapidamente Draco recuperou a sua varinha e a briga entre os três começou. Com um sorriso na boca, Draco proferiu um feitiço que fez com que Luna e Neville sentissem que estava em um lugar sem ar. Mas rapidamente o casal rebelde conseguiu reverter tal feitiço e sem fazerem de rogados, os dois foram aumentando a intensidade e o nível de seus feitiços.

A saraivada de feitiços foi intensa. Draco pode perceber que os dois eram adversários a altura. A briga se perpetuou por mais alguns longos minutos. Os três estavam francamente machucados. Foi então que Blaise apareceu. O moreno estacou no chão, não conseguia se mover, olhava abismado para a mulher a sua frente.

Blaise ainda tinha uma quedinha por Luna. Mas como ela tinha ido morar em Hogsmeade, ele tinha desistido de tentar. Mas vê-la tão perto... Por um segundo vacilou, mas se recompôs e se manteve firme.

- chega!!!! – berrou Blaise e com a varinha ele se fez ouvidos pelos três combatentes. – Luna Lovegood...

- o Malfoy já me deu voz de prisão. – retrucou Luna sem nenhuma paciência e não querendo olhar de imediato para o jovem. Ela virou a sua varinha para Blaise. Seus olhares finalmente se encontraram– agora o problema é me obrigar a ir.

- estamos iguais agora. – falou Draco muito mal humorado

- acho que não, doninha albina. Olha ao seu redor, vocês estão cercados. Essa luta que nós tivemos foi apenas um divertimento – falou Neville

- droga. – resmungou baixinho. Draco viu que Neville tinha razão. A alguns passos atrás de Luna e Neville se fizeram presentes mais de vinte rebeldes. Todos armados e prontos para atacar a qualquer momento.

- falamos para você que se tivéssemos mais gente você não veria. – falou Luna tranqüilamente

- Draco... – chamou Blaise meio temeroso, seu pulso ainda estava enfaixado. No dia que caiu por cima de Draco, seu pulso foi quebrado em várias partes, mas ainda sim, se mantinha firme e forte. - eu tenho um recado do Senhor Malfoy.

- não vê que estamos cercados. – olhou impaciente para o moreno e apontou com a cabeça para os rebeldes.

- eu sei, mas a sua irmã está entre a vida e a morte. – sussurrou esperando que só o loiro ouvisse, mas não era bom em falar baixo. Luna e Neville também ouviram.

- o que? – disse Draco desesperado. Era isso que ela estava planejando. – ela... ela não fez isso.

O loiro não fez questão de disfarçar e Luna percebeu a dor e o desespero naquelas palavras ditas pelo Malfoy, se condoeu. Ela não era impiedosa ou usaria isso ao seu favor. Talvez sendo contra tudo aquilo que os comensais pregavam foi que Luna largou Blaise. A jovem suspirou cansada, era a coisa certa a se fazer. Levantando a mão berrou

- Não ataquem. Acabou. Podem retornar.

- Mas Luna?! – reclamou Neville, sem entender os motivos da loira.

- a diferença entre eles e nós está exatamente aí. – respondeu Luna um tanto seca. Os rebeldes obedeceram imediatamente, Luna parecia ser uma das líderes deles, Draco fez uma anotação mental sobre isso. Os rebeldes deram vários passos para trás, sumindo na bruma. – pode ir Malfoy. Resolveremos isso depois.

Luna puxou a manga do casaco de Neville, fazendo-o acompanhá-la mesmo a contragosto. Os dois caminharam lentamente para a parede de bruma, deixando Draco confuso e desesperado com a notícia de que sua irmã estava quase morta. Ele saiu correndo, deixando Blaise para trás, para o local mais próximo de aparatação sem levar nenhuma bagagem. Chegando lá, aparatou para a mansão de seus pais.


§ (Continua no próximo capítulo...) §

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N/A: alguém sabe como colocar as palavras em negrito, itálico, sublinhado???? ME DÁ UM TOQUE???
AGRADEÇO!
BJSSSSSSS!

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