La família Malfoy



Capitulo 5 - La família Malfoy.

Um ano se passara desde a fuga de Gina. Parecia que ela estava sendo muito bem protegida, pois ninguém conseguia pegá-la de dentro do Templo. Mas Draco não tivera tanta sorte de fugir para um lugar onde a dor não o alcançasse. A vida não fora muito fácil para ele. Muito pelo contrário.

O treinamento que Draco teve com Voldemort, em Vardo, o tornou irreconhecível. A dor, o frio e o desespero de dois anos naquele lugar deixaram marcas profundas. O garoto mimado e inconseqüente dera lugar a um homem frio, sanguinário que sempre trouxera sucesso e êxito para seu Lord. Mas havia um lado em Draco que ele tentava desesperadamente matar. Subjugar o lado em que desejava ardentemente ser feliz.

Era um lado muito pequeno, mas ainda existia em seu coração. Um lado que sabia muito bem do que precisava para aflorar de vez. Draco sabia que se a visse novamente e que se ela pedisse para parar, ele jogaria tudo para o alto e correria para seus braços. Mas não podia, ela já tinha dono. Um dono realmente perigoso e que a caçava incansavelmente. Draco sabia que uma hora, esse maldito dono conseguiria pôr as mãos na pele de marfim de sua amada e a tomaria para sempre.

Voldemort fazia questão que seus comensais repovoassem o mundo mágico. Por Merlin! Talvez por isso que Draco finalmente se rendera aos apelos de seus pais, dos Parkinson e até do próprio Lord das Trevas, que estava achando toda a situação de Draco hilária. Ficara noivo de Pansy. E quem sabe teria um filho com ela, um puro sangue. Ele nunca poderia imaginar o quanto àquela garota poderia ficar chata, fresca, e mimada. Mais do que na época de escola. Ela era a cópia perfeita da sra. Parkinson. Mas Pansy tinha um ponto em seu favor. Ela era boa em manter as aparências e para as suas necessidades mais básicas.


Fora um pedido de noivado realmente muito estranho para ele. Draco tinha acabado de chegar de uma missão de extermínio nos Estados Unidos. Deveria matar o líder de uma célula rebelde de lá. Foi realmente fácil matá-lo. O líder era displicente e relaxado. Duas características imperdoáveis para um líder que deveria ficar nas sombras do novo governo, se não quisesse se juntar ao Potter. Draco havia adquirido a mesma mania que de sua amada, cortava a cabeça de seus oponentes sem nenhuma compaixão e a entregava para o Lord das Trevas, que fazia questão de colecionar todas as cabeças que seu mais novo Comensal lhe enviava.

Talvez tivesse se inspirado na coragem da própria garota que naquele dia fatídico, onde mais tarde se chamaria “a batalha de Hogsmeade”, decapitara o comensal. Aquela cena fora manchete de todos os jornais bruxos, como "a garota que enfrentou o comensal". Ele lera em Vardo o jornal e depois tivera detalhes sórdidos do próprio Voldemort. Que se gabava de como sua futura esposa se tornara impiedosa, como ele gostava.

Mas agora não importava em quem ele se inspirara. Draco andava, em passos firmes e orgulhosos, em direção ao salão principal. Voldemort o esperava, ansioso pelo presente que receberia do mais novo dos Malfoy. O jovem rapaz se fez presente no salão e em suas mãos carregava um belo embrulho. O Lord ficava realmente contente quando as cabeças vinham embaladas em presente. E esse não seria diferente. Ao chegar mais perto de Voldemort, Draco percebera que o bruxo tinha companhia... Muita companhia.

Conhecia muito bem todas aquelas pessoas e não estava gostando nem um pouco da presença delas. Era um grupo que se formava basicamente por: seus pais, Lucius e Narcisa, Pansy e os pais dela. Draco realmente não queria ver ninguém ou falar com nenhum dos cinco, mas parecia que seria impossível fugir daquela conversa. Draco passou calado por entre todos e se abaixou perante a figura negra. Voldemort sorriu para ele; ninguém poderia imaginar que Draco pudesse ser tão eficiente.

- trouxe o que te pedi, Draco? – Draco pode notar um tom quase imperceptível de felicidade e excitação. - Trouxe a cabeça de Dino Thomas?

-sim milord. Aqui está – Draco estendeu o pacote.

Voldemort sorria doentiamente, quase parecia uma criança esperando seus presentes na manhã de natal. Quanto menos líderes rebeldes, maior seria suas chances de eliminar tais insetos que os acompanhavam. Ele então abriu a caixa e agarrou algo lá dentro. Levantou a mão lentamente e entre seus dedos estavam presos os cabelos de Dino. Voldemort ergueu vitorioso a cabeça decapitada do rebelde, como se fosse o seu melhor troféu.

- perfeito mais uma vez, Draco. Parabéns por mais uma missão rápida bem sucedida. – Voldemort o parabenizava. Para qualquer comensal esse seria o melhor dia de suas vidas, serem notados pelo grande bruxo das trevas, mas para Draco não fazia diferença. Por tantas vezes já tinha repetido essa cena. - Não estava enganado com relação a você! Era preciso apenas um treinamento mais rígido e você se tornou o melhor comensal de sua geração.

Pansy, ao ver aquilo, teve vontade de vomitar. Era grotesco como ficara a cabeça do jovem rapaz. As feições de Thomas pareciam que tinha sofrido bastante antes de morrer, os olhos permaneciam arregalados. A senhora Parkinson levou as mãos à boca. Como era possível um rapaz tão novo, como Draco, ser tão cruel. Cruel ao ponto de matar com requintes de crueldade. Já Narcisa, continuou impassiva.

Voldemort com um aceno da varinha fez a cabeça de Dino sumir e aparecer presa em um armário ao canto da sala, onde outras cabeças decapitadas jaziam empalhadas e com aquela expressão aterrorizada.

- Draco... Draco... eu estou tento reclamações de você. Se é que é possível alguém ter queixas de você.

-posso saber que queixas são essas, milord? – perguntou se levantando e batendo na calça limpando traços de poeira. O Lord precisava de elfos novos, esses estavam se mostrando uns incompetentes.

- bem, há pessoas aqui que acham que você está na hora de se casar.

-é mesmo? - ergueu a sobrancelha olhando de relance para Pansy. Aquela menina se provara uma perfeita chata.

- eu mesmo disse que você ainda é jovem e que tem muito que aproveitar com mulheres lindas, e de puro sangue não se esqueça. Mas acham que você deveria constituir família e nos dar lindos puros sangues Malfoy.

-não acho que esteja preparado para casar tão novo e nem ter filhos... milord. - "muito menos com ela." – pensou.

Pansy já havia passado do estágio de ira para o estágio de insana. Como assim? Ela estava pronta para ter filhos loirinhos e com mesmo jeito de Draco, mas ele não estava? Ele queria era diversão as suas custas? Agora daria um basta e se casaria com ele, nem que ela precisasse levá-lo no laço!

-Draco! – exclamou furiosamente. - Nós namoramos há tanto tempo! Ainda estudávamos em Hogwarts! Isso foi na adolescência. – se controlou para não gritar. - Eu quero me casar, já!

- pois é Pansy... querida. Concordo plenamente que estamos namorando a tempo demais. Mas isso não é assunto para tratarmos na frente de todos. Não queremos aborrecer o Lord. - disse saindo, sendo seguido logo em seguida por Pansy. Não queria que aquela cena fosse presenciada por uma platéia.

Voldemort que não queria perder aquela ceninha patética de Pansy com Draco falou em um tom imperioso:

-Draco!

O loiro parou estático, respirou fundo. Virou-se devagar e encarou friamente o bruxo. Mais uma vez, Draco seria obrigado a acatar uma decisão que não era sua.

- sim milord. Há mais alguma coisa que eu possa fazer?

- talvez realmente fosse à hora de vocês dois ficarem noivos. Assim a Srta Parkinson ficará feliz! – disse Voldemort meneando a cabeça em direção de Pansy e querendo dar um basta naquela conversinha ridícula. Mas mesmo assim, o Lord das trevas continuava achando engraçadíssimo aquela conversa. Mas, muito mais engraçado era a cara do loiro, suas bochechas se contraiam em puro ódio. E o Lord adorava despertar esse sentimento nas pessoas.

-sim milord... talvez, uma outra hora, poderemos marcar o noivado com uma festa a vossa altura, mas agora se me dão licença. Tenho coisas importantes para fazer.

Draco abaixou a cabeça pedindo permissão e saiu do salão principal, Pansy batia o pé querendo saber o que faria. Voldemort a enxotou da sala com um movimento da mão. Obedecendo a Voldemort, Pansy foi atrás do namorado.

Draco estava chegando ao quarto, finalmente poderia tomar um bom banho e relaxar na sua cama. Aqueles dias nos Estados Unidos foram cansativos por vários motivos. Ele teve que lidar com gente estúpida, metida a valente e a esperto e finalmente com o acéfalo do Dino Thomas. Agora o que mais precisava era dormir. Mas uma voz profundamente chata se fez presente. Fechou os olhos numa vã tentativa de que a mulher evaporasse de sua frente.

-Draquinho... – chamou empurrando a porta que Draco fizera questão de fechar em sua cara. Mas não ligou e entrou no quarto dele.

- o que você quer Pansy? Estou ocupado. – disse Draco com uma voz profundamente cansada e irritada.

-você sabe o que eu quero! - disse abraçando o loiro por trás.

- estou cansado. – suspirou tirando nada delicadamente os braços magrelos de sua namorada de perto de si. - acabei de chegar de viagem será que eu poderia descansar um pouco? Amanhã, talvez...

-ai Draquinho... - disse a jovem Parkinson tirando a capa do loiro e jogando no chão. – eu fico aqui... Espero-te como toda boa cidadã tem que esperar por seu marido, para finalmente poder ter tocar... – deslizou as mãos pelo abdômen bem definido do namorado. - Deixa-me ficar só um pouquinho. - Draco fechou os olhos enquanto Pansy beijava seu pescoço.

A morena empurrou Draco para a cama, ele caiu deitado e permaneceu assim. Pansy faria todo o trabalho como na maioria das vezes em que não estava nem um pouco afim, a morena desabotoou as calças do comensal com uma certa voracidade. Draco fechou os olhos para não ver a cara da namorada. O seu corpo arfou em desejo, e a imagem de Gina lhe veio à mente. Pensou sentir o perfume da ruiva e deixou escapar um sorriso, notado por Pansy. A morena estufou o peito, estava conseguindo arrancar alguma reação do futuro noivo. Mas essa festa que Pansy tanto queria ia acabar rápido. Antes que ela pudesse continuar Lucius entrou no quarto com uma certa rapidez, sem bater é claro, como sempre fazia. Sem um pingo de educação, comensais não tinham tempo para tais futilidades.

- Draco, eu gosta... - mas Lucius parou no meio da frase. A cena que presenciava era bastante comprometedora e com um sorriso enviesado continuou. - posso voltar outra hora.

Draco se apoio nos cotovelos meio zonzo para poder ver melhor seu pai, Pansy olhava para o seu futuro sogro, ainda de joelhos na cama e completamente vermelha.

- Está tudo bem pai. -disse fechando rapidamente a calça, sentando na cama. – Pansy, depois nós conversamos.

A garota se inclinou para frente e sem que o loiro conseguisse desviar a tempo depositou um selinho em sua boca. Pansy saiu muito vermelha de vergonha e realmente contrariada. Mas Lucius não se importou com isso. Aquela garota não passava de uma qualquer com um sobrenome puro sangue.

- tem algo que você deveria saber. Algo que você vai estranhar.

- o que seria de tão importante? – Draco cruzou os braços olhando diretamente nos olhos do pai.

- você tem uma irmã mais velha – Lucius continuava em pé. Era algo que Draco deveria saber a muito tempo. Essa filha era, comprovadamente, uma superdotada... não só de inteligência, mas de perspicácia e magia.

-eu tenho o quê? - perguntou entre dentes, se levantou em um pulo. Ficou parado frente ao pai. Ele era uns poucos centímetros mais alto que ele.

- exatamente que você ouviu! Você não é nenhum estúpido; não que eu saiba...

-foi antes ou depois da minha mãe? - perguntou tentando se manter frio. Mas era praticamente impossível. O cretino do seu pai afirmara a ele que tinha uma amante!

- foi antes... bem antes de me casar com a sua mãe. Foi um namoro intenso e cheio de revés. Ela era um tipo selvagem, aonde o limite ia muito além do céu. Mas também não quis saber de mim quando eu descobri a existência dessa garota.

-menos pior. – disse - e onde está a bastarda?

- não a chame assim! – colocou o dedo em riste bem no meio da cara do filho. - Seu moleque insolente.

-e como eu deveria chamá-la papai? - perguntou irônico, suas palavras transbordavam veneno.

- a mãe dela poderia ter se tornado a sra Malfoy. Mas ela preferiu sarcófagos a mim, assim que descobriu que eu matava por diversão.

-hum... sei. Bom, e o que eu tenho a ver com isso?

- a sua irmã desapareceu depois que o Lord assumiu o poder. Ela é totalmente contra ao atual governo. Igual a mãe dela. – ajeitou uma mecha loira lisissíma que caiu frente ao seu rosto. Odiava que ver seu cabelo desalinhado. - Já tentei contactar a família materna dela, um bando de nômades do deserdo do Saara, mas ninguém sabe o seu paradeiro e desconfio que se soubessem não me contariam.

- e dai? O que eu tenho realmente a ver com isso? – já até imaginava o que ele queria com todo aquele rodeio. Sabia muito bem que ele era o melhor em rastrear fugitivos.

- simples Draco. Você terá que encontrá-la. – disse Lucius com uma voz monótona. Será que teria que desenhar para Draco o que ele queria?

Bingo! Seu pai era realmente previsível. Mas não, não procuraria a bastarda por vontade própria. Mas sabia que se não o fizesse Voldemort se meteria e acabaria sujando para seu lado.

-e por que eu? - Draco estava emburrado, se faria de difícil, quem sabe Lucius não arranjaria outro. Não sabia ao certo se era por ciúmes, não era mais o único herdeiro dos Malfoy. - mande outro! Um detetive de ponta de rua! Eu tenho trabalhos pendentes para Voldemort.

- o Lord quer conhecê-la pessoalmente e tenho certeza de que ele te mandará para encontrá-la custe o que custar. Ela não pode ficar por aí!

-e por que o Lord quer conhecê-la? Qual o interesse em cima de uma pessoa que ele nem conhece? Ou será que é você que quer tê-la para controlar os passos dela?

- simples constatação de que ela é uma Malfoy não é suficiente?

-está bem. Por enquanto vou engolir isso... mas não fique contente! Vou querer saber o motivo de tanta obstinação em procurá-la. Agora se me der licença... quero descansar. - disse abrindo a porta, um convite nada simpático para que seu pai se retirasse.

- você não quer saber como ela é? Ou será que já sabe da fisionomia dela?

-claro que não a conheço Lucius! Você ainda a via, durante todo esse tempo? Sim porque do jeito que você disse ela fugia de você como os rebeldes fogem de uma batida rotineira.

- claro que eu a via! – Lucius exclamou tão vivamente; por um instante Draco desejou que seu pai tivesse esse interesse por ele também. Mas logo passou, a raiva que sentia não deixava espaço para sentimentalismos baratos. - A última vez que a vi foi um mês antes da morte do Potter. Ela apareceu em uma das mansões, cheia de zanga. – Lucius estava ultrapassando da esfera normal de irritação que Draco conhecia. Parece que essa sua irmã mais velha conseguia tirar o frio Lucius Malfoy do sério.

-entendo... você tem uma foto? - tentava se manter imparcial frente a figura gasta de seu progenitor.

- tenho. - disse retirando de dentro de seu bolso uma foto e entregando-a ao filho. - o nome dela é Kalena.

-certo. vou fazer o possível. Agora quero ficar sozinho.

A foto era de uma linda mulher. Alta, morena, nariz fino e petulante e de olhos azuis acinzentados (marca registrada de todo Malfoy). Os cabelos dela eram compridos e de um negro nunca visto por ele. Eram brilhantes e sedosos. Ela aparentava ser bem mais velha que Draco.

Draco a observou sorrir docemente na foto. Um sorriso nada Malfoy. Parecia um sorriso sincero e sem nenhuma malícia. Do tipo que conseguia ver o que havia de melhor nas pessoas. Que acreditava que as pessoas eram capazes de fazer o bem. Sua meia irmã era muito bonita em todos os sentidos. Sentiu uma coisa estranha, queria sentir raiva dela por ser uma Malfoy, mas sentia o contrário. Mas não queria demonstrar para seu pai. Lucius era um infeliz que só conseguia destruir a vida dele. Depois de ver que seu serviço estava completo com Draco, ele queria arruinar com a vida dessa meia-irmã.

Lucius saiu de lá sem mais nem menos e deixou Draco com a foto da irmã. Draco empurrou a porta com força para fechá-la e assim poder dormir em paz.

- ai! - gritou uma mulher de voz esganiçada. - Draquinho... você me machucou. - disse Pansy esfregando o nariz ao entrar novamente no quarto. Draco se jogou cansado em cima da cama e jogou longe a foto da irmã recém adquirida. Pelo visto, Draco não conseguiria dormir sozinho naquela noite.


§ \~*~/§

Os dias se passaram rápidos e foram se convertendo em semanas. Draco estava trabalhando com empenho para encontrar a irmã. Mas ela provara ser mais esperta que qualquer bruxo. Ele sempre voltava no ponto de partida que ela deixou. A casa dela; situada no centro de Londres. Era um apartamento grande e luxuoso. Só sabia que no dia que ela fugira por causa do novo regime, Kalena arrumou um enigma bem intrigante e astuto. No meio da sala estava milimetricamente centrado dois espelhos e no meio um bilhete com poucas palavras. Esse bilhete se resumia assim:

"Decepção. É só isso que se resume. Você pode me vê agora?"

Draco achou que fosse enlouquecer por causa dessa grande incógnita. Sua irmã se provara que era muito mais inteligente que se imaginava. Tinha passado um pente fino nos registro de saída, mas nada. Não havia registro nem com o nome Kalena Malfoy, e nem como Kalena Qadarf (que era o sobrenome da mãe dela). A não ser que ela tivesse pegado algum navio clandestino que partiam com um monte de gente amedrontada. Mas havia alguma coisa em Draco que achava que ela estava em Londres ainda. Mais uma vez ele foi até a casa dela. Tinha que ver os espelhos mais uma vez.

Novamente entrou no apartamento abandonado, Draco perdera as contas de quantas vezes foi até aquele apartamento. Ele conjurou uma poltrona e se sentou frente ao espelho, matutando o que seria aquele enigma. Para quem ela mandara aquilo. Draco ficava observando atentamente o espelho, o que ela queria dizer com aquilo? Dois espelhos colocados um na frente do outro. Apenas refletindo. Coçou a cabeça manhosamente e foi então que se lembrou. Um espelho refletia eternamente a mesma imagem. E se eram dois espelhos, um refletia o outro infinitamente. Assim enganando o espectador de que tinha mais espaço alem dos espelhos Draco então percebeu o que ela queria dizer com aquilo.

-claro, os espelhos apenas enganam! Todos acham que ela pode estar aí "mundo afora", mas não! – bateu levemente na testa. Como pudera ser tão burro. - Ela ainda está aqui, em Londres. Se escondendo no último lugar em que Lucius a procuraria.

“Garota esperta.” – não pode deixar de pensar.

Draco saiu correndo deixando para trás os dois espelhos, o bilhete e a poltrona conjurada por ele. Agora era só ficar atento, ele a encontraria. Enquanto saía a procura dela se perguntava, se a encontrasse o que faria? Contaria para seu pai ou não? A curiosidade, acima de tudo o estava matando. Como será que ela era? Como será ter uma irmã mais velha?

Ele andava pelo beco diagonal tentando se acalmar. Seu coração palpitava descompassadamente, precisava se acalmar. Porque se o Lord o visse completamente transtornado devido à descoberta, com certeza iria ser motivo de chacota. O Beco havia mudado tanto... parecia muito mais a Travessa do Tranco do que propriamente o Beco Diagonal. Foi então, mergulhado em lembranças de um beco diferente, que encontrou seu pai, sua tia e Severo.

- o que foi que aconteceu, Draco? - perguntou Severo olhando para o jovem. Parecia que Draco estava ligeiramente transtornado.

-nada demais. Só andando! – disse Draco tentando esconder o real motivo de tanto transtorno - e vocês? O que fazem aqui?

- viemos buscar alguns ingredientes para uma variante da poção do morto vivo. – continuou Severo dando a Draco uma chance de se recompor e esconder o motivo de tanta exaltação. – No carregamento não veio certos tipos de ingredientes e dizem que tem uma ótima loja com ingredientes raros. O dono é um sangue puro, porém os vendedores são sangues ruins...

- poção do morto vivo? - fez uma careta. Não gostava daquela poção. – já ouvi falar dessa loja, mas nunca a visitei. Vou com vocês...

Draco foi junto com eles até a loja. Entrando, viu algo que o deixou ainda mais perturbado. A atendente. Apesar da moça não ser como na foto, havia algo nela que não saberia. A atendente imediatamente lhe chamou a atenção. Talvez fosse o mesmo sorriso doce de Kalena, mas esta dava esse sorriso ao outro atendente, não sabia dizer. Mas quando viu o grupo que Draco estava, ela logo tratou de tirar o sorriso do rosto e foi atendê-los, sustentava um olhar sério.

§ \~*~/§

Realmente Kalena não fugiu para outro país, pois tinha certeza que seu pai não a procuraria em um lugar tão perto dele. Muito pelo contrário. Ele a procuraria em lugares longínquos e no deserto do Saara, pois a família de sua mãe era nômade. Mas não lá... Bem debaixo de seu nariz. Kalena nasceu no Egito. Ela era fruto de um namoro fora dos padrões. Sua mãe, uma tradutora e egiptóloga mágica, era uma amante de trouxas e nascidos trouxas. Uma mulher de fibra, determinada e alegre. Seu pai, um riquinho mimado e egocêntrico, era um milionário que tinha por prazer torturar a todos que ele achava ser inferiores a ele. Em outras palavras um exemplo de Comensal da Morte. Rico, puro sangue, frio e calculista.

Mas agora não importava mais quem eram seus pais. Kalena era uma sobrevivente. E continuaria sendo. Ela se casara com um nascido trouxa, Richard Stuart, e era feliz com ele. Claro que faltava uma criança com a carinha de Richard, mas para Kalena era só uma questão de tempo. E também não poderia correr o risco de engravidar naquele país, onde um bruxo que se alto intitulava ‘Lord das Trevas’ estava mandando e desmandando. Não, não queria que uma criança pura e inocente vivesse naquele lugar horripilante.

Kalena e o marido trabalhavam em uma lojinha bem escondida no Beco Diagonal. Era uma loja de ingredientes raros e de poções prontas. Kalena com medo que seu pai ou irmão pudesse aparecer por lá, sempre transfigurava certas partes do corpo que poderiam denunciá-la, como os olhos e o nariz fino e petulante, que ela herdara do pai, e um pouco o cabelo também, já que era bem liso.

Era um dia que parecia ser normal para os parâmetros daquele estranho casal. Mas aconteceu algo que fez com que Kalena perdesse completamente o rumo. Draco entrara na loja. O reconhecera imediatamente, eles nunca tiveram oportunidade de ficarem cara a cara e até duvidava que Lucius tivesse lhe contado sobre a existência de uma bastarda, mas ela sempre que tinha oportunidade observava de longe o meio irmão. Sempre tão bonito, mas agora com o passar dos anos Draco se tornara um homem belo, assim como o pai.

No entanto o loiro não estava sozinho. Com ele estavam Lucius, Bellatrix e Severo. Para Severo era uma espécie de afronte entrar em um estabelecimento como aquele. Ele era um expert em poções. Não havia motivos para entrar naquele lugar, mas não tinha jeito; era o único lugar que tinha tais ingredientes.

Kalena mascarou o medo, outro talento herdado do Malfoy, e se dirigiu aos clientes, torceu o nariz discretamente, era um bando de comensais sanguinários. Lucius olhava para tudo com o nariz típico da família Malfoy, empinado... Detestava lojas que ainda mantinham sangue-ruins como funcionários...

- pois não, no que posso ajudá-los? – Kalena falava em uma voz baixa e temerosa.

Ela lançou um olhar a Richard para que ele não se descontrolasse. Bella se adiantou, também queria sair logo de lá. Aquela loja fedia a sangue ruim.

- bem, estamos procurando alguns ingredientes para uma variante da poção de morto vivo, sangue ruim. Recebo ótimas indicações, apesar dos atendentes não serem de um nível agradável.

-vieram ao local certo... – cerrou discretamente as mãos. Aquela mulher estava pedindo uma boa porrada, isso sim. - Se puderem me entregar a lista, eu posso arrumar rapidamente o que precisam.

Contudo resolveu ignorar os insultos, pois sabia exatamente com quem estava falando. Aquela mulher era uma bomba ambulante... Pronta para estourar. Não queria confusão com uma comensal de tão alto escalão.

Kalena pegou a lista na mão de Bella. A jovem estava com o cabelo preso em um coque frouxo e assim mostrando seu pescoço e uma marca de nascença. Era uma estrela de cinco pontas e um “M” meio torto no meio. Aquele penteado discreto fora o seu maior erro. Draco percebeu uma marca no pescoço da atendente. Mas não só Draco como também seu marido notaram a marca à mostra.

- Le. – chamou carinhosamente a mulher.

- sim Richard? - disse não dando muita atenção para o marido e arrumando os ingredientes em ordem para empacotar.

- o cabelo. - disse discretamente como quem não quer nada. Draco desviou o olhar fingindo não ter visto nada. O jovem Malfoy percebeu que o atendente era tão observador quanto ele.

A jovem passou a mão pelo cabelo e notou que sua marca de nascença estava à mostra e imediatamente soltou o cabelo. Ela rezava para que nenhum dos Malfoy tivesse visto a marca, caso contrário, estaria perdida. Lucius não entendeu muito bem o motivo da advertência do sangue ruim, mas deixou de lado, pessoas daquela laia não eram certos da cabeça. Draco observou seu pai que ainda parecia confuso e abaixou a cabeça para que ele não comentasse nada consigo. Bella, assim como os outros, estava louca para sair de lá. Não agüentava ver dois sangues ruins sem dar de presente uma cruciatus em cada. Mas havia algo de estranho na garota, talvez por isso, ela segurava seus instintos selvagens.

- vai demorar muito? – exigiu impaciente.

- não - disse Kalena humildemente- já estão todos...

-ótimo. – Bella cortou a mulher. Tomando o embrulho e saiu do lugar. Não agüentava mais ficar ali naquele antro... Ela não pagara por nada. Aqueles dois estavam vivos para servi-los e não para receber.

Porém Draco ainda estava intrigado com aquela mulher. Além de tudo, da marca e da forma de sorrir, ela não reclamara por não receber. Severo já estava no portal de saída quando se virou e viu que Draco ainda permanecia no mesmo lugar olhando para o nada e disse:

- vai ficar Draco?

-vai indo na frente... – Draco se virou e encarou o antigo professor por alguns segundos. – quero ver se encontro algo para uma poção que estou fazendo.

Richard e Kalena trocaram olhares alarmados. Será que o jovem comensal tinha associado aquela marca? Em um ato de desespero, Richard falou baixo para sua esposa.

- entra Le. Deixa que irei atendê-lo.

Kalena foi saindo bem devagar da sala para o laboratório, que ficava escondido por uma cortina decorada com símbolos místicos, mas estava com medo de que Draco pudesse machucar seu marido por causa dela.

Severo concordou com a cabeça e saiu, deixando apenas Draco e Richard sozinhos. Draco olhou de canto de olho e viu que Snape já tinha ido com os outros. Virou-se para falar com a mulher, mas encontrou apenas o homem a sua frente então disse imperiosamente:

- chame sua mulher. – o loiro segurava firmemente a varinha dentro do bolso. Um comensal sempre está vigilante. Caso contrário ele viraria a presa. - Agora!

- Eu posso atendê-lo com a mesma eficiência. É só dizer o que deseja – o homem o encarava. Não tinha medo daquele comensalzinho. Se pudesse quebraria em um milhão de pedacinhos cada osso daquele cretino.

-acho que você não sabe com quem esta falando, sangue ruim. – sibilou. Richard podia sentir todo o veneno que Draco exalava. - Chame-a agora.

- o que quer com ela? – perguntou. Estava disposto a enfrentá-lo para proteger sua mulher se fosse preciso. Ele não tocaria em sua esposa, só por cima de seu cadáver.

Draco gargalhou. Aquele sangue ruim realmente não sabia com quem estava falando

- Meu assunto é com ela trouxa. Agora a chame antes que eu perca o resto da minha minúscula paciência.

- deixe-a em paz! Não fizemos nada contra vocês. Por que nos persegue?

-acho que você não me ouviu direito, sangue ruim... – se inclinou no balcão, os dois homens sustentavam um olhar duro. - Chame-a ou eu mesmo o farei. - o loiro sacou a varinha do bolso tão rapidamente que Richard não teve tempo de reagir. E agora era tarde demais, Draco mantinha firmemente sua varinha apontada para o coração daquele verme imundo. Se aquele atendente não a chamasse, ele ia estuporá-lo e depois iria atrás da garota.

- PAREM! – gritou desesperada, tinha assistindo a tudo no portal do laboratório. Estava francamente amedrontada, mas nem por isso deixou de correr e se colocar em frente do marido como se fosse um escudo. - o que deseja senhor Malfoy?

-quero ver aquela marca! - disse Draco autoritário. Tinha quase certeza que a tal de “Le” era Kalena, sua irmã.

- que marca? não tenho marca nenhuma! Não sou uma cidadã. - disse Kalena se fazendo de desentendida. Se fosse convincente iria enrolar Draco.

-não se faça de estúpida. Mostre-me! – mesmo com a possibilidade de aquela moça ser sua irmã Draco não moveu um músculo, a varinha permanecia inabalada, voltada para os dois sangues-ruins.

- eu já disse senhor. - continuou falando com uma voz enfadonha e mostrando o braço esquerdo - não há marca aqui!

-ai não há mesmo. – semicerrou os olhos em pura impaciência. - Acha que sou o que? Um idiota? Pois saiba que não! Eu disse que quero ver a marca... Em seu pescoço. E quero ver isso agora!

- não - disse Kalena começando a chorar. Ele tinha visto a sua marca de nascença. A maldita marca que todo Malfoy nascia. Richard apertou a cintura da mulher, tentando lhe fornecer um pouco de conforto e segurança.

-não o que? Quer que eu mesmo o faça? Se quiser é só pedir. – continuou Draco. A sua voz pingava veneno e sadismo.

- Draco por favor... – sua voz saia num sussurro quase inaudível. - Eu te imploro. Você não é o Lucius. Não há necessidade... quase que patológica, de ficar me perseguindo... - Kalena tremia levemente.

Ela sabia da fama que Draco tinha. Seu irmão era cruel em todos os aspectos. Contudo havia algo nela que conseguia ver por trás daqueles olhos frios, um fio de esperança de regeneração. Draco semicerrou ainda mais os olhos, então ela sabia seu primeiro nome. Do que mais aquela bastarda sabia dele?

- exatamente por isso. Porque se eu fosse parecido com ele, você estaria perdida. Então? Vai me mostrar ou não? Ou será que terei que usar mágica para isso? – ele armou a sua varinha. Se ela o desobedecesse, ele não hesitaria a forçá-la.

- Draco... – Kalena saiu de trás do balcão e foi se aproximando lentamente de seu irmão. Ele precisava saber como ela era. – Eu não quero pactuar com uma sociedade que mata indiscriminadamente. A minha mãe não me criou para isso. Eu não sou uma fábrica com o único objetivo de ter filhos. Sou muito maior que isso! Sou melhor que isso...

-só queria tirar uma dúvida e a confirmação da marca já era o bastante. Mas você preferiu pelo jeito mais difícil e já respondeu por si só. - disse abaixando a varinha e dando as costas para a mulher rumou para a porta, mas Kalena correu e o impediu. Tinha que perguntar.

- você vai contar a ele? - disse Kalena preocupada e tocando levemente no ombro de seu irmão, o impedindo de sair.

-não se preocupe. – Draco deu um olhar significativo para ela e saiu batendo a porta atrás de si. A tempo de impedir que seu pai entrasse novamente na loja a sua procura.

Merda. Era mesmo sua meia irmã. E agora? Estava totalmente sem rumo.

Kalena viu seu irmão saindo da loja. Estava com medo que ele contasse para Lucius sobre seu real paradeiro assim que ele o encontrasse. Olhou para Richard temerosa. Será que era hora deles fugirem para outro país? Talvez eles fossem para a casa de seu tio e de lá... O deserto seria um ótimo esconderijo.

§ \~*~/§

Draco estava em um turbilhão de sentimentos. Era ela! Apesar de tanta transfiguração, continuava sendo ela. O sorriso que ela dera antes de entrar. A marca... Será que deveria contar onde sua irmã estava para Lucius? Mas uma coisa era certa, Kalena estava com medo de Lucius. Draco gostara do jeito dela. Ela era uma pessoa extremamente inteligente, determinada. Sacudiu a cabeça, tinha que pensar com a cabeça.

-DRACO! - gritou Lucius o olhando feio. Draco saiu do transe e encarou o pai. - está pronto para aparatar?

- vou para outro lugar. Não sei se você sabe, mas eu ainda tenho que encontrar a bastardinha que você fez!

- eu já falei... – o loiro mais velho trincou os dentes. - Não chame Kalena de...bastarda! – sibilou para o filho enquanto apertava violentamente o braço dele.

- que seja! – respondeu indiferente. Queria era mandar seu pai para o inferno junto com os outros comensais e Voldemort.

- a sua mãe quer saber se você vai vê-la ainda hoje.

- não sei. Mas não me esperem para jantar. - disse puxando o braço com força e logo em seguida aparatou.

Draco desaparatou perto de uma casa grande no litoral sul do Reino Unido. Mas ele não entrou. Caminhou em passos lentos até a beira de um penhasco próximo a sua casa. O mar batia furiosamente nas grandes rochas pontudas. Queria poder pensar no que faria com sua irmã. Ela era tão diferente dele. No entanto uma coisa era certa eles precisavam conversar, mas não sabia como. Talvez se a procurasse sozinho... Talvez se mostrasse que o atual regime era o melhor para eles, os bruxos... Eram tantas perguntas, mas tinha a certeza absoluta que ela não concordaria em falar com um comensal da morte. Assim, de cara. E o marido dela então, nem se fala.

Draco tinha certeza que era um sangue ruim. O cara fedia a sangue ruim a quilômetros. Ele, sim, seria um grande problema que tinha que ser resolvido. Mas como, ele não sabia. Pois se ele o matasse, a irmã com certeza não ia gostar e tudo iria pelo ralo.

Teria que por toda a sua boa educação e tentar conversar com ela de forma civilizada e gentil. Seu estilo comensal não cairia bem para aquela conversa. Draco ficou vendo o mar bater cada vez mais forte. Será que seria uma boa trazê-la para sua casa para conversar? Ele queria tanto vê-la sem toda aquela transfiguração. Com certeza, ela herdara uma beleza indescritível.

Mas ela não aceitaria vir de bom grado, não depois de tanta ameaça que ele fez contra o sangue ruim. Teria que forçá-la... Não, seria praticamente um seqüestro. E mesmo que não quisesse admitir, até que não era má idéia ter uma irmã. Alguém com quem conversar sem ser cobrado, alguém que pudesse vê-lo sem aquela máscara de frieza, não ser julgado como sempre fora.

Draco lutava uma batalha interior. Não sabia como se aproximaria de sua irmã, mas precisava tanto falar com ela. Resolveu esperar; talvez quando a poeira abaixasse. Talvez ela abaixasse a guarda e quem sabe escutá-lo. Todo mundo não fala que o tempo é o melhor remédio? Ele iria dar um tempo e assim os dois poderiam ter uma conversa decente e então iria tentar convencê-la a abandonar aquele sangue ruim. Kalena merecia coisa melhor que aquilo. Um Malfoy merece sempre o melhor.

E em pensar no sangue ruim, marido de Kalena, lhe veio mais um problema. E Draco sabia que era um grande problema. Porque se seu pai descobrisse que uma Malfoy era casada com um sangue ruim... não sabia do que ele seria capaz. Quer dizer, sabia muito bem o que ele faria e sua irmã não ia gostar nada, nada.

Já era tarde, ele tinha ficado horas sentado no penhasco pensando em uma estratégia de se aproximar da meia irmã. Draco resolvera se deitar, toda aquela proximidade com um sangue ruim lhe causava náuseas e a fome fugiu como os bruxos covardes que morriam de medo dele e seus companheiros de causa, estavam fazendo nesse exato momento. Mas o jeito de se aproximar de sua irmã não saía de sua cabeça. Draco bocejou... Estava cansado e resolveu dormir por ali mesmo, queria distância de Pansy e principalmente Voldemort. Caminhou lentamente rumo sua casa.

A casa estava meio abandonada, meio não, completamente abandonada. Eram poucas às vezes em que ele pisava seus lindos pezinhos ali. Os poucos móveis estavam por ali todos estavam empoeirados; ele subiu sem se importar para o seu quarto. A porta rangeu implorando por lubrificação, definitivamente se resolvesse morar por ali teria que fazer muitas reformas. No quarto principal tinha apenas uma cama velha, o colchão estava furado pelas traças. O loiro fez um feitiço rápido e conseguiu dar um jeito no colchão. O bruxo se jogou de qualquer jeito na cama. Que podia ser velha, mas até que era macia. O seu peso fez a cama ranger, virou para o lado buscando uma posição agradável, e pegou no sono rapidamente.

§ \~*~/§

No outro dia Kalena e Richard estavam dando passos decididos pelo Beco Diagonal afora. Deixando para trás a sua loja. Nem ela e nem Richard tinha conseguido dormir, pois estavam bolando uma rota de fuga segura para os dois. Nenhum dos dois carregava malas ou sacolas. Eles tinham que ir sem nada. Precisavam passar despercebidos. Ela ia fugir com Richard de qualquer forma e para bem longe da Europa.

Draco acordou com uma estranha sensação. Ele não conseguia entender o por que dela. Algo lhe dizia que sua irmã iria fugir da Inglaterra o mais rápido possível. Claro, ela sabia que ele teria que contar a Lucius sobre seu paradeiro. E ele tinha deixado bem claro que não a deixaria em paz. Se ele estivesse em seu lugar, também faria o mesmo. Quanto mais ele tentava afastar esse pensamento, mais ele ficava forte. Então finalmente ouviu a sua intuição. Levantou da cama em um pulo, colocou sua capa rapidamente. Ele tinha que vê-la agora, antes que fosse tarde demais.

Ao chegar ao Beco, Draco saiu desembestado até a loja de sua irmã. Talvez ainda a encontraria, mas a única coisa que encontrou foi uma plaqueta anunciando que estava fechado. Aquela sensação estava cada vez mais forte. Ele tinha a absoluta certeza que ela estava fazendo uma besteira. Então deu três batidas secas na porta, mas ninguém respondeu. Bateu novamente, só que mais forte.

- merda! – xingou irritado.- Merda... ela não tá... para onde ela foi?

Uma velha senhora que estava sentada do outro lado da rua via o desespero de Draco e abriu um sorriso cheio de buracos.

- o senhor está procurando o casal?

- sim... estou sua velha! Você os viu?

- sim... sim. Eu os vi. Sairam. Se me permitir um parêntese, eles estavam bastante nervosos.

- por Merlin... ela vai fugir. – falou mais para si do que para a velha senhora.

- não me parece que iriam fugir, sabe. – a senhora tinha uma voz um tanto sonhadora e parecia meio dispersa. - Foram com a roupa do corpo.

- eu lhe perguntei alguma coisa, velha? Suma da minha vista!

A velha agarrou com uma certa brutalidade o gato que brincava com sua meia velha e esburacada e saiu rapidamente, bufando. Ela achou sinceramente que iria ganhar algo em troca por ter falado sobre o casal. Mas ao invés disso, ela recebeu um carão. Draco, depois ter ouvido a confirmação de que Kalena tinha saído com o sangue ruim, ficou ainda mais apreensivo.

-pensa Draco, pensa... – esfregou as têmporas. Precisava pensar rápido.

§ \~*~/§

O jovem casal tinha conseguido chegar ao porto. Eles sabiam que era uma viagem cheia de dificuldades e que os comensais se divertiam nas custas de gente amedrontada. Mas se tivesse sorte, muita sorte, eles chegariam a salvos no porto de Rabat, em Marrocos, onde Richard tinha conhecidos, que já estavam providenciando um barco discreto que seguiria com os dois pelo Mar Mediterrâneo, onde desembarcariam em um porto clandestino em Alexandria. E de lá entraria em contato com a família materna de Kalena.

No porto, Kalena e Richard estavam enfileirados para pegar um dos poucos navios que saiam para lá. Foi uma dificuldade conseguir aquele tíquete. De lá os dois iriam para o mais longe possível de qualquer Malfoy. Para assim chegar ao Egito, onde teriam uma vida repleta de paz. Era o que eles esperavam.

§ \~*~/§

Draco ainda estava transtornado andando de um lado para o outro na porta da loja. Ela ia fugir e ele nem sabia por onde começar. Como poderia ser tão burro! Ele deveria ter carregado-a a força para a sua casa de praia. Draco respirou fundo. Não poderia se desesperar nesse momento.

-ela não tem como aparatar sem ser descoberta... ela não tem permissão. Nem usar pó de flú... Porque também está sendo vigiado. O único meio seria... – “pensa Draco, pensa.”- O PORTO! - gritou desesperado.

Draco então desaparatou para o porto. Ele tinha a mais absoluta certeza de que Kalena estava lá. Ele não estranhou com o que viu quando desaparatou. O cais estava cheio de pessoas desesperadas e amedrontadas com a Era das Trevas que estava começando. Estavam tentando partir pelo único meio que sobrava, não se importavam com o perigo.

“Bando de covardes, sangues ruins. Nem para morrer, são dignos.” – pensou fazendo careta.

O loiro passou despercebido. Afinal de contas quase nunca ia para um ataque com o rosto limpo, era sempre aquela máscara e a capa preta. Agora estava apenas com um conjunto preto discreto e o cabelo loiro um pouco bagunçado pelo vento. Algumas pessoas, na maioria mulheres, lhe lançavam olhares, mas não por terem o reconhecido e sim por que sua beleza chamava atenção. Não pode evitar estufar o peito em orgulho.

Draco estreitou os olhos, apreensivo para aquela multidão. Para ver se conseguia encontrá-la. Mas não foi possível. Ele começou a andar. Eram tantas pessoas que, sem se importar, começou a empurrá-las para o lado. Tinha que encontrá-la nem que para isso ele jogasse no chão a todos que estava fugindo. Depois de passar por um monte de gente amedrontada foi que viu o sangue ruim do marido de sua irmã na fila. Ele estava atrás de uma mulher miudinha e meio corcunda. Se ele estava lá partindo, ela também estaria indo embora junto com ele! Esperou por alguns segundos, onde estaria sua irmã. A mulher corcunda olhou para trás e seus olhos preocupados se encontraram com os de Richard que lhe deu um sorriso fraco.

Draco deu um sorriso de escárnio. “Peguei-te mulher.”

O jovem Malfoy se apressou, eles já estavam quase entrando no navio. Se ele a perdesse agora, não a encontraria nunca mais. E sem contar que havia uma “pequena diversão” com aquele bando de desesperados. Ele então, se espremeu entre as pessoas para poder pegá-la. Ele foi se aproximando do casal um tanto exótico, eles seriam os próximos a embarcarem e, com uma força um pouco exagerada, pegou no braço da mulher que estava na frente do sangue ruim e saiu puxando-a para fora da fila.

§ \~*~/§

O casal já estava quase entrando no navio. Em breve, Kalena e Richard poderiam respirar aliviados novamente. Nenhum dos dois sentia medo, pois o amor que sentiam um pelo outro supria qualquer temor. Para ela seria um alívio ver que Richard não seria ferido. Já Richard, seria um alívio pois nenhum daqueles dois comensais, que era o pai e irmão de Kalena, tocaria nela. Os dois ouviram, ao longe, gritos e resmungos de pessoas sendo derrubadas, mas não deram importância.

Estavam perto demais da tão esperada liberdade para querer arranjar confusão com algum furão de fila. O casal seria os próximos a embarcar. Kalena soltou um sorriso para o seu marido, mas isso foi antes do pesadelo começar. Um braço alvo e forte puxou de uma vez só Kalena. O rapaz deu um sorriso insano. Richard sabia quem era. Era Draco, o irmão.

- Te encontrei. Agora vamos!

- me larga, Draco! - disse a mulher corcunda.

-como se você achasse que isso fosse realmente acontecer. - segurou mais forte o braço dela, para que não escapasse. E sem qualquer pingo de educação ou cuidado começou a arrastá-la para longe do navio.

Richard saiu atrás deles. Não iria permitir que Draco levasse sua esposa para longe dele. Não ia permitir! Preferia sair no braço com aquele moleque que se achava muito importante, só porque era um comensal.

- largue-a seu pequeno merdinha. Ela não é nada sua! - exigiu Richard – se quer brigar, me encara moleque.

Porém Richard não poderia adivinhar o que aconteceria depois. Draco ainda segurando o braço da irmã com força se virou e acertou um soco no nariz do cunhado. Richard já ia retrucar, mas Draco se pós a trotar com a sua irmã no seu encalço. Não a deixaria partir naquele navio.

-vamos, antes que te achem!

Richard foi atrás de Draco, mas foi surpreendido. O jovem comensal pegou a sua varinha com a mão vazia no bolso interno de sua capa. Apontou-a para Richard, aquele sangue ruim era insolente, pensou Draco, e disse entre dentes:

-desapareça da vida de Kalena. – depois de dizer aquilo bem nas fuças do jovem rapaz pegou Kalena, que se debatia feito uma louca. Segurou-a num abraço nada reconfortante e apertando-a contra si desaparatou.

-NÃO! – gritou um moreno desesperado. Sua mulher tinha sido seqüestrada pelo próprio irmão.

§ \~*~/§

Os dois aparataram na casa de praia de Draco. Ele pode respirar mais uma vez aliviado. Tinha conseguido pegá-la antes que partisse naquele maldito navio. Não queria nem imaginar se algum outro comensal a tivesse encontrado. Mas ele pode ver nos olhos negros e transfigurados de Kalena que ela não estava nenhum pouco feliz. Mas ela iria entendê-lo. Ele fez tudo àquilo para protegê-la.

-Tire essa cara ridícula, você está horrível! – exigiu. Kalena lhe lançou um olhar furioso e ao mesmo tempo magoado. Olhou para o relógio, de qualquer forma o efeito da transfiguração acabaria a qualquer momento mesmo. Sem dizer qualquer palavra seu corpo foi se esticando e aquela corcunda horrível desapareceu e ela voltou a sua forma normal. Aquela que ele tinha visto na loja em que trabalhava.

Kalena estava furiosa com ele. Ela era dona do próprio nariz. Não ia permitir que nenhum frangote de cabelos desbotados a impedisse de ficar com o seu Richard. E tinha mais... muito mais. Quem era Draco para dizer tamanha barbárie? Richard era seu marido e Draco tinha que respeitá-lo. Ela nunca pediu para ser uma Malfoy.

Kalena sempre fez de tudo para se manter longe daquela família de malucos. Ela não conseguia entender por que Draco a arrastou até lá. Será que Lucius estava ali? Esperando-a? Kalena começou a olhar para qualquer canto escuro, pois se Lucius estivesse lá... ela tinha que correr... e correr bastante.

Draco ficou sem graça não tinha a intenção que sua voz saísse autoritária mas estava acostumado com aquele tom de comensal. Mas tinha que explicar os motivos de tirá-la daquela fila... ele não iria se perdoar se a machucassem. Respirou fundo tentando controlar seu tom de voz.

- olha Kalena, precisamos conver... - mas Draco não pode terminar; Kalena lhe deu um tapa na cara, pegando-o desprevenido.

-nunca mais ouse tocar no meu marido! Seu... seu...

Draco podia ver a fúria nos olhos dela, uma sombra acinzentada e gélida passou por aqueles olhos falsos. Definitivamente ela era uma Malfoy.

-você ficou louca? - esbravejou massageando o rosto. Ela tinha a mão pesada – eu tinha que conversar contigo, sua maluca.

- mas eu não quero falar com você! Nem com você e nem com Lucius! Que com certeza deve estar se esgueirando em algum canto escuro.

Draco pode perceber que sua irmã morria de medo de Lucius. Chegava a ser irracional o medo e o ódio de Kalena, disso ele tinha certeza. Mas porque ela tinha tanto medo e ódio contra uma pessoa que ela mal conhecia? Ele não fazia a menor idéia disso. Ou será que não conhecia essa história direito? Ele ia descobrir.

-você está vendo o Lucius aqui por acaso? - disse abrindo os braços e mostrando o lugar sujo e abandonado. Ela estava completamente irracional.

- não! Mas...

- mas o que? Lucius nem sonha que eu tenho essa casa.

- olha só Draco – disse Kalena se aproximando de seu irmão. Talvez se ela mostrasse que não tinha o menor interesse de ser uma Malfoy, seu irmão a liberasse - por anos eu fiquei distante de vocês. Não sentia vontade nenhuma de conhecê-los e você sabe o por que?

-imagino... mas me diga. Sacie a minha curiosidade.

- eu não quero ser uma Malfoy! Tenho nojo desse nome que sou obrigada a lembrar! Será que fui bem clara? – a mulher mantinha as mãos na cintura de forma autoritária, fez uma careta, não pode deixar de fazer uma pequena associação da cena com a sangue ruim da Granger que sempre quando discutiam ela fazia aquela pose.

-como água cristalina. – ironizou. - Mas nós temos um pequeno probleminha...

- e qual seria Sr. Malfoy?

-nosso querido papaizinho me incumbiu de te encontrar! E pelo que eu saiba... te encontrei... ele está louco atrás da filhinha querida.

- ele não é meu pai! – esbravejou furiosa, apontando o dedo indicador para ele, continuou. – Que isso não se repita.

-tá bom. Até parece que você não é minha irmã.

- o que você quer comigo, Malfoy? – disse em um tom formal demais. Kalena queria mostrar a Draco que ele era um estranho para ela.

Aquele tom formal o estava matando. Será que ela não reconhecia que eram irmãos? Sempre quis ter um irmão, mas nem Lucius e nem Narcisa achavam que era necessário pôr no mundo outro Malfoy. Draco já era o suficiente. E agora ele ganha de presente uma irmã e ela nem o chama pelo nome?! Isso era de doer lá no fundo. Ele, então abaixou a cabeça. Queria reunir toda a sua coragem para exprimir aquele sentimento.

- só queria falar contigo... conversar. E quem sabe conhecer melhor minha... i..irmã....

- você não vai contar a ele onde estou?

-não. Se bem que ele tá desesperado por causa da filhinha dele.

- eu juro que não entendo cabeça do Malfoy. - disse Kalena se pondo a andar de um lado para outro - um dia ele diz que eu não era a sua filha e depois fica me caçando feito um louco?

-é...aquela cabeça é meio desequilibrada... - disse dando um sorrisinho. - mas não... não vou contar nada, por enquanto. Como eu disse antes, só queria matar minha curiosidade sobre você.

Kalena o encarou mais uma vez. Se era curiosidade que ele tinha, então já havia sanado essa curiosidade.

- matou a sua curiosidade? Porque eu ainda tenho que encontrar o MEU marido. Você lembra dele?

-ah sim... – Draco não dera atenção para a última parte que Kalena falou – outra coisa. Meu pai não vai descansar enquanto não te encontrar. Só queria que você soubesse...

- o problema que ele é tão absurdamente bruxo que nem deu conta de decifrar um enigma tão fácil! Ao contrario de você.

- obrigado pelo elogio. Realmente ele não costuma pensar com a cabeça de cima... De qualquer forma, está avisada. Tome cuidado.

- você sabe que eu posso perfeitamente ir para o Brasil ou para o Egito. Lá as garras pútridas do seu Lord não alcançam. E nessa conta inclui Lucius.

Draco cerrou os olhos perigosamente. Ela era bem pretensiosa e rebelde. Duas qualidades condenáveis atualmente.

- se eu quisesse te fazer mal já teria feito há muito tempo, amadora de sangues ruim. Está avisada, agora eu te levo pra casa, antes que possam nos rastrear.

- sou uma amadora de nascidos trouxas com muito orgulho, sim senhor! Eu uso o meu músculo cerebral para discernir o que é ou não é bom para mim. Ao contrário de você que o deixa atrofiar!

- cala sua boca traidora! – cruzou os braços parecendo uma criança mimada.

- cala boca você, seu engomadinho! Engraçado, você realmente é teu pai escrito! Não se parece em nada com Narcisa. Se quer mesmo saber uma vez, no enterro de minha mãe, ela perguntou o motivo de tanto ódio e de recusar a ajuda de Abraxa. De me distanciar de todos os Malfoy. - disse Kalena olhando as duas pedras de gelo que eram os olhos de seu irmão.

-minha mãe foi ao enterro da sua? - perguntou intrigado, Narcisa não se encaixava no papel de mulher solidária para com outros com quem não tenham nada a oferecer.

- ela queria me conhecer. Queria saber como eu era. Mas acho que ela se decepcionou, ela achou que eu ia reclamar o meu lugar de primogênita da família Malfoy.

-entendo... sabe... – recomeçou a falar em seu tom normal, como quem não quer nada. - sempre quis ter uma irmã... - murmurou mais para si do que para Kalena. - bom... acho melhor irmos, seu marido deve estar preocupado... e não quero ser um homem morto.

Kalena se desarmou na hora. Toda a sua estratégia de mulher durona, que tanto treinava, foi para o chão. Aquela vontade que sempre teve, desde quando descobriu que tinha um meio irmão, de abraçá-lo veio à tona. Apesar das proezas dele banhadas de sangue relatadas no jornal, Draco continuava o mesmo menino necessitado de carinho, reconhecimento e compreensão que conheceu no Beco e no colégio ainda na adolescência. Ela nunca odiou Draco, nem por um segundo em toda sua vida. E agora, ele estava lá... doido para conhecê-la e ela estava bancando a rebelde e inconformada. Seu irmão não merecia ser o alvo de toda sua raiva e frustração. Mas sim Lucius.

- pensei que quisesse saber mais sobre mim... – lançou um sorriso tímido e totalmente desarmado para o loiro.

- e o seu marido?

- Richard deve está na loja.

-você responderia? – cruzou os braços e ergueu o queixo a olhando divertido.

-depende do que você perguntar sobre mim. Tenta e você descobre até onde pode entrar.

Draco tentou esboçar um sorriso, tanto tempo que não dava um sorriso. A família Malfoy não dava sorrisos... não demonstrava nenhum tipo de sentimento que não fosse ira ou indiferença.

- sente-se... - disse fazendo um movimento com a varinha e duas cadeiras apareceram.

-vamos à entrevista - Kalena se sentou. Ela deu um sorriso que nenhum Malfoy daria.

-ok... então...- parou um instante, queria perguntar tanta coisa que não sabia por onde começar. - soube que você é uma bruxa muito talentosa em poções... onde estudou? Em Hogwarts?

Draco sabia que era uma pergunta imbecil, mas não resistiu. Se ela for realmente de Hogwarts significava que ela já o conhecia. E ele, obtuso que era, não conseguiu enxergá-la.

- sim estudei em Hogwarts. Vi muito você fazendo gracinha... sendo grosso e mal educado. E sabe por que eu tenho essa impressão? Porque fui da grifinória... feito a minha mãe.

-grifinória? Um Malfoy na grifinória... credo! - fez cara de nojo. - desculpe. - acrescentou rapidamente ao ver a cara de poucos amigos da irmã. - se bem que a grifinória tem pessoas interessantes... conheci uma garota maravilhosa de lá... – balançou a cabeça afastando tais pensamentos. - mas isso não vem ao caso.

Antes que Kalena falasse algo, Draco se adiantou. Não queria levar outro carão ou perguntas indesejadas vindas de sua irmã.

- e como era sua mãe?

- a minha mãe? Ela era uma mulher realmente muito bonita não só por fora, mas principalmente por dentro. Ela tinha cabelos e olhos negros. Ela era egiptóloga mágica e de família nômade. Até eu completar meus onze anos eu vivia com toda a minha família, viajando. Mas aí veio a carta, tenho a cidadania inglesa, e tive que ir para Hogwarts.

-certo... e meu pai? Costumava te visitar? Ajudava vocês no que precisassem?

- quem? Lucius? Não... ele não me reconheceu quando vim comprar o meu material pela primeira vez. Fui toda sorridente pra ele. Ele era meu pai, afinal de contas. – suspirou triste. – Eu era tão ingênua, apenas uma criança ansiosa para conhecer o pai. Eu até o abracei, mas ele me chamou de sangue ruim e me empurrou. Eu caí. Depois que ele viu a minha mãe foi que percebeu o terrível engano. Mas tinha feito o estrago. Fiquei com medo dele... e depois...

-ahn... certo. Posso te pedir uma coisa?

- claro... é só falar. – Draco notou quando ela disfarçadamente limpou uma pequena lágrima que escorreu por seu rosto.

- será que... você poderia ficar em sua forma normal? - a curiosidade estava gritando dentro dele.

- mas é claro. Desculpa. Eu me esqueci de voltar ao normal - disse ela pegando um frasquinho com um liquido amarelo. Então tomou.

Draco observou Kalena se transfigurar para sua forma normal aos poucos, os cabelos de Kalena era tão lisos quanto o dele, porém negros como a noite e batia na altura da cintura. Os olhos eram expressivos e azuis acinzentados. Apesar de morena, ela tinha todos os traços finos e elegantes que um Malfoy tinha. Ele esboçou um sorriso de contentamento. Sua irmã não era tão diferente dele. E isso contava pontos para ela.

- mesmo que você não queira... tem a forma de um Malfoy. Linda como o irmão, modéstia parte.

Kalena dera mais um de seus sorrisos. Até parece que Draco era modesto... Só se o padrão que ele adotara for a de um pavão.

- é eu sei que sou parecida demais com Lucius. Digo desde agora que não gosto. E o que eu mais odeio é da cor dos meus olhos. Se eu pudesse os colocariam como os da minha mãe. Negros e brilhantes como duas perolas negras.

-bom... se você não gosta... não posso fazer nada. Mas são os nossos olhos que dão todo o charme! - e pela primeira vez se sentiu descontraído ao lado da irmã. Até que ela não era tão má assim... Estava até gostando da conversa. - Mas nós temos que ir... seu marido... lembra? Ou quer abandonar o sangue ruim?

- claro que eu me lembro dele. Eu poderia lhe pedir uma coisa, Draco?

-se estiver ao meu alcance...

- pare de chamá-lo de sangue ruim, por favor. Ele é seu cunhado e eu não gosto quando o xingam. E se voltar a repetir juro que te azaro. – completou divertida.

-só por que nós não nos conhecíamos antes. Senão eu não teria permitido esse casamento sem pé nem cabeça. Onde já se viu isso? Minha irmã casada com um... deixa pra lá – Draco franziu as sobrancelhas, estava se sentindo os irmãos Weasley defendendo a irmãzinha. - Claro... tentarei. Não sei se vou conseguir sempre.

- você quer saber mais alguma coisa? - disse se levantando da cadeira.

- você acha mesmo que um dia só é o suficiente para conhecer uma irmã que eu não conhecia? A gente vai conversar muito... mas por enquanto, você vai para aquela lojinha.

-então eu acho melhor ir. Richard deve está pensando que Lucius me pegou.

-ok, vamos. - disse estendendo a mão para a irmã. - teremos que aparatar juntos. Os comensais estão vigiando as aparatações...

- eu sei. Até porque.. "para os sangues ruins é terminantemente proibido usar magia e quem é puro sangue ou mestiço e não é cidadão terá a utilização de sua magia reduzida ao máximo. Salvo aqueles que abraçarem a fé terão seus poderes restituídos” patético! - recitou toda uma norma baixada por Voldemort.

Draco deu uma risadinha. Parecia que sua irmã era bem rápida para decorar as coisas.

- você aprendeu direitinho, maninha. – de repente, Draco ficou sério. Onde estava com a cabeça para ficar falando esses apelidos bobos. Era só ficar algum tempo com sua irmã que já o deixava mais fraco. Patético.

Kalena ficou observando seu irmão... parecia que ele queria se soltar, mas do nada Draco voltava a usar a sua máscara. Ela percebeu que tinha muito que ensinar a ele. Que seu irmão deveria ser mais feliz e menos... assassino.

- Draco você tem que aprender a se soltar. Se não você pode explodir de tanta repressão.

-Entenda uma coisa Kalena, Malfoys não se soltam!!!

- e comensais não deveriam está no poder, mas espere! Eles estão no poder agora. Acho que você tem todo o direito de sorrir de vez em quando.

-engraçadinha. Estou vendo o espírito Malfoy se manifestar em você?

- parece. Tenho essas tiradinhas de vez em quando.

- é... tomara que não seja só de vez em quando.

- vamos ou não vamos, Draco? Richard está me esperando querendo saber se vamos ou não embora daqui.

-não aconselho vocês saírem daqui. Não agora. Viajar por navio é muito perigoso... há comensais que costumam caçá-los. Talvez eu possa ajudá-los a se esconder... Pense na proposta.

Kalena soltou uma gostosa gargalhada. Será que ela ouvira direito? Será que por detrás daquela máscara de bom comensal existia um rebelde louco para se libertar? Se realmente existia, ela ia fazer de tudo para poder libertar aquele sentimento rebelde que vivia trancado dentro dele. Nem que para isso fosse tocar fundo em feridas não cicatrizadas de seu irmão.

-bom... você sabe.. – disse Draco tentando remendar o erro que fez. - até eu decidir o que fazer com o meu pai... – ao ouvir a resposta de Draco, Kalena parou de sorrir imediatamente o substituiu por um semblante preocupado

- ele não pode saber onde estou Draco. Você nunca entenderia isso.

- Por que não? Por mais detestável que ele seja, Lucius ainda é o nosso pai.

- você nunca entenderia. Prometa-me isso Draco!

-eu não sei Kalena! – Draco percebendo o rosto triste e preocupado, acabou se rendendo ao pedido de sua irmã – Está bem... só quero que você fique bem.. agora se você não quer a minha ajuda, tudo bem. Pode se atirar do precipício com seu queridinho marido trouxa que eu não ligo! - disse fechando a cara e ficando de costas para a mulher.

-claro que eu vou pensar na sua ajuda... mas eu preciso consultar Richard.

Uma duvida assombrava Draco; porque Kalena sentia tanto medo de Lucius. Não se agüentando de curiosidade perguntou:

-por que você odeia tanto o nosso pai?

- Draco, você é novo para entender o que aconteceu. Não entenderia que o seu perfeito pai não passa de um canalha ciumento.

-como assim? - perguntou sem se virar – tem alguma coisa a ver com a sua mãe?

- vamos embora - disse Kalena encerrando o assunto.

-mas..? Tem a ver com a sua mãe? O que aconteceu com ela? – Draco voltou a encará-la. Ele queria saber o que tinha acontecido. Tinha esse direito.

-ela morreu.

- eu sei! Mas como? – ele se aproximava dela. Kalena não ia escapar de explicar.

- eu já disse Draco. Vamos embora! Sou sua irmã mais velha, estou ordenando!

-mas você não manda em mim!!!!! Já sou maior de idade! – disse Draco venenosamente.

- ótimo homenzinho! Então vá correndo até a sua mansão e conte para o seu pai perfeito onde estou! O problema será se conseguirá por essa sua cabeça desbotada no travesseiro. Mesmo sabendo que você foi o causador do suicídio da própria irmã?

-ok... você venceu, sra. dramática. Vamos logo embora.

- obrigada Draco. Você não sabe como é importante esse voto de confiança - terminou dando um beijo na bochecha de seu irmão.

Draco ficou estático, ele recebera um beijo cheio de carinho, amor e respeito de uma irmã que mal conhecia. Nem a sua mãe demonstrava tal carinho com ele. Apesar de ter gostado daquele gesto de carinho, ele se afastou um pouco, não estava acostumado. Mas pelo visto, logo estaria se acostumando com os carinhos de Kalena. Ela realmente era diferente dele.

- me leva agora? – Kalena pegou a mão de seu irmão. Draco sentiu que ela transmitia um calor reconfortante nas mãos.

-claro. Não solte por nada. – Kalena concordou com a cabeça, ele segurou forte a mão da irmã e os dois aparataram.

§ \~*~/§

Os dias se passaram e logo semanas se transformaram em meses desde o dia que Kalena e Richard tentaram fugir por navio. Kalena, agora, recebia algumas cartas de Draco. Ele era sempre tão frio. Kalena sabia que todo o amor que ela sentia pelo seu irmão mais novo derreteria aquele coração gelado. Ele não sabia, Kalena tinha certeza que Draco também a amava. Como dois irmãos que foram criados juntos. E isso era o que mais parecia estranho, apesar do pouco tempo que se conheceram como irmãos, dava a impressão que os dois se conheciam há anos. A ligação entre os dois estava a cada dia mais forte do que eles podiam imaginar.

Kalena e Richard tiveram muito trabalho para poderem tornar habitável a casa da praia de Draco. O irmão mais novo de Kalena havia oferecido a casa para que eles pudessem se esconder. O jovem casal ficou feliz pela ajuda que Draco ofereceu. Bem pelo menos Kalena ficou. Richard tratava Draco com certo distanciamento, frieza e desconfiança. Draco também não fazia a menor questão de ter qualquer tipo de intimidade com o marido sangue ruim de sua irmã. Kalena observava os dois à distância. A convivência entre os dois estava melhorando bastante o comportamento de seu irmão. Mas ela não poderia mudar a natureza de Draco tão rapidamente. Não! Ele precisava de mais tempo.

Em uma das cartas trocadas, Kalena pediu a Draco que fosse até a casa de praia. Ela queria conversar muito com seu irmão mais novo. Havia algo no passado de seu irmão que ela não conseguia entender ou assimilar. E era mais que necessário esclarecer tudo. Draco aceitou o convite de sua irmã de bom grado, porém teve trabalho para se livrar de sua namorada “chiclete ambulante” e seu pai carrapato, mas foi ao encontro dela.

A casa de praia nem se parecia com que Draco deixara quando entregou a chave a Kalena. Ele percebera que não era apenas a fisionomia que sua irmã se parecia com um Malfoy. O bom gosto da tradicional família mágica parecia que era de sangue também. Ao ver seu irmão, Kalena soltou um de seus sorrisos mais acolhedores. Ela queria que ele visse nela um porto seguro onde poderia contar seus medos.

- Draco! Que bom que você veio! Eu precisava realmente falar com você!

-o que aconteceu de tão grave? Está faltando alguma coisa? Você está bem? – Draco parecia francamente preocupado com sua irmã. Apesar de tentar não deixar transparecer, o que era meio difícil. Já que a morena era de uma extrema habilidade em notar pequenos gestos.

- comigo nada – Kalena meneou a cabeça negativamente. – agora com você... na primeira vez que nos encontramos, eu falei muito sobre mim. Agora é a sua vez. Eu só quero saber uma coisa de você.

- e o que seria? - perguntou cruzando os braços vendo que seria uma total perda de tempo.

- o que fizeram de tão grave contra você? - continuou Kalena dando um carinho em seu irmão. E o puxou para se sentar. – como pode ser tão cruel? Como pode não ter consciência das atrocidades que faz? O que Voldemort fez com você?

O loiro puxou levemente as mãos que Kalena fazia questão de segurar entre as suas. Draco tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu, sentiu um nó na garganta. Kalena era o lado que havia de melhor e mais rebelde que ele poderia ter em toda a sua vida. Ela era de uma pureza e tinha um dom de acreditar que ele nunca tivera. Talvez a mãe de Kalena fosse muito melhor que sua mãe. Mas ainda assim amava aquela loira. Ele não tinha sequer coragem de dizer a ela, depois de enumerar as qualidades dela, o que sofreu naquele inferno chamado Vardo. E nem falaria. Ele levaria para o túmulo o que aconteceu no seu “treinamento”.

- você conhece muito bem nosso pai. Desde pequeno fui criado para ser um comensal... e é o que sou minha irmã... um comensal.

- tá... isso eu já sabia. Lucius me queria como uma fábrica de geração de puros sangues mas nem por isso eu cumpro com as expectativas dele. Só que não estamos falando de Lucius, e sim do seu mestre.

- você não entenderia... ninguém entenderia. – Não, ela não precisava saber. Não iria de forma alguma contar tudo o que passou. Pra quê? Para fazê-la ter pena dele? Nunca, esse tipo de humilhação ele não aceitaria.

- como pode achar que eu não seria capaz de entender. Tente, talvez você se surpreenda.

-desde pequeno me conformei com meu destino... Tentei mudar, mas... não pude.

- será que tentou? Lucius quando quer, ele sabe ser atraente... Sabe comprar as pessoas. Como uma boa naja.

-não posso Kalena... Eu sou um comensal e nada vai mudar isso. - disse se levantando e começou a andar de um lado para o outro. Aquela conversa estava deixando-o nervoso.

- você era meio mimado... encrenqueiro, um pouco arrogante, mas matar? Você viu a sua taxa de mortalidade? Você anda matando muito meu irmão. - disse Kalena que se levantou e de repente deu um abraço bem forte no loiro. Sentia que era isso que ele estava precisando. Apenas uma pequena demonstração de carinho sem segundas intenções.

Draco ficou rijo nos braços da irmã, se desvencilhou cuidadosamente do abraço. Não queria que ela ficasse triste por causa da recusa. Ele não merecia aquele carinho... aquele afeto. Ele era um monstro e sabia muito bem disso.

- Não preciso que me lembre quantas pessoas matei. Vejo seus rostos todas as noites! É isso o que eu sou... um assassino...

- Viu só! No fundo você tem um coração, nunca duvidei disso. Mas será que é isso que você queria? – insistiu. Talvez o convencesse a se afastar daquela vida terrível. - Será que nunca sonhou com um futuro diferente dessa miséria de consciência que você vive?

-não importa mais, ok? Agora é passado.

- Draco, por favor não se feche! Sei que não conversa com os seus pais e que fui muito leviana e egoísta em ter fugido sem ter te ajudado a trilhar um caminho diferente àquele que Lucius trilhou primeiro, mas por favor! Agora você tem a mim para conversar. - falou tentando abraçá-lo novamente.

-era tudo que você tinha para falar? - perguntou se esquivando novamente.

- tô vendo que você não quer falar das atrocidades que Voldemort lhe obrigou a passar. Esquivou-se feito uma cobra e só falamos de Lucius. Então é só. - disse Kalena endurecida depois de tantas chances e todas elas frustradas.

-então eu vou embora... - olhou em volta e continuou. - ficou muito boa a casa. Bom trabalho.

Kalena deu um triste sorriso. Parecia que Draco não queria que ela entrasse em seu mundo. Era como se ele estivesse habituado a viver no escuro e só. Então a única forma dela entrar no mundo dele era fazer com que ficasse o mais tempo possível longe da “fortaleza”. E era o que ela faria.

- fique para o jantar. Por favor...

- é... tem certeza?

-claro que tenho. – abriu um sorrisão tão característico. Até que não fora tão difícil assim.

- se seu marido san... – Draco quase falara sangue ruim de novo. Da última vez que o chamou assim houve um carão feio. Era melhor não contrariar, sabe como é... loucos não podem ser contrariados. Recomendações médicas. - se o seu marido não ver problema. Eu fico.

§ \~*~/§

Pansy estava ficando muito desconfiada de Draco. Ele, sempre que recebia uma carta com uma letra bonita e floreada, a despachava sem o menor remorso e desaparatava. Ela, com medo de ter sido trocada por uma qualquer, resolvera implantar em Draco um feitiço localizador. Não era mulher de ser enganada ou trocada. Dessa vez Draco não escaparia para os braços de outra mulher.

Draco aparatara em uma casa branca e Pansy aparatou também. A jovem bruxa percebera que era uma casa muito bonita, apesar de ser na praia. Pansy detestava mar. Agora ela mataria a vagabunda que tentava tomar o seu Draco, mas o que Pansy ouvira era muito melhor. Na casa havia uma mulher sim, mas ela não era ‘a qualquer’ que ela pensava. A mulher que vivia nessa casa era especial e Pansy poderia tirar proveito disso. E com certeza ela tiraria. Vendo o que viu, Pansy desaparatou para a fortaleza. Lucius ficaria muito contente em saber, e a agradeceria pelo resto da vida. Quem sabe ela não pediria em troca que o ‘sogrinho querido’ forçasse o filho a casar-se com ela em forma de agradecimento.

- Sr Malfoyyy. - cantarolou chamando o sogro que estava bolando uma estratégia de ataque na sala de reunião com Rodolphus.

Lucius respirou fundo buscando paciência. Muita paciência. Ele nunca fora simpático com mulheres acéfalas. E Pansy era uma mulher tremendamente irritante, se não fosse puro sangue... não sabia o que faria contra ela.

- o que você quer Pansy? Não sei se você percebeu, mas Draco não está aqui.

- é... eu sei, mas querido sogrinho... tenho uma bomba pro senhor. - disse com aquela voz irritante. Rodolphus fingiu não prestar muita atenção mas ouvia atentamente. - quero falar a sós com o senhor.

- receio que o que você tenha a me dizer, Rodolphus possa ouvir tranqüilamente.

-bem.. se for o que o meu querido sogrinho acha. – deu uma piscadela diabólica para Rodolphus e passou o braço pelos ombros de Lucius, trazendo-o para perto de si. O loiro faltou estrangular a morena, mas se controlou e apenas tirou nada delicado o braço da mulher. Talvez depois que ela desembuchasse ele a mataria dolorosamente. - O que vim falar é sobre uma certa pessoinha desaparecida... - cantarolou outra vez irritando os dois comensais ainda mais.

- fala logo Pansy! Ou eu não vou permitir que uma pessoa feito você se torne uma Malfoy!

-es..está bem... não precisa ameaçar... – Pansy estava com medo de que isso pudesse acontecer - bom, eu estava desconfiada que o Draquinho, meu amor,estava me traindo né. O senhor sabe como são os homens. Aí eu que sou muito esperta, o senhor sabe, coloquei um feitiço localizador nele! Sem que ele percebesse! – deu pulinhos e bateu palmas debilmente. Lucius estava a ponto de lançar um Avada na morena debilóide a sua frente. - Por que se aquele loiro pensa que vai me por chifres ele tá muito enganado! - disse pondo a mão na cintura.

- tá! e daí? - disse Lucius não dando importância.

-sim.. estou chegando lá. Hoje ele me dispensou e saiu sem dar explicações. Eu sou muito esperta e lógico não deixaria que ele me traísse... aí o segui! E o senhor não sabe o que eu vi! Sabe o que eu vi? O senhor não vai acreditar! - deu um gritinho excitada. Estava adorando a idéia de contar uma fofoca.

- deixe-me adivinhar, uma mulher?

-exato!!!!!! - deu pulinhos e bateu palmas. - o senhor é inteligente heim. – deu um tapa um tanto forte nas costas do sogro.

Lucius sentiu seus tímpanos quase estourarem por causa dos gritos e de toda aquela exaltação. Se ela gritasse mais uma vez, ele tinha jurado a si mesmo que daria um castigo que ela nunca se esqueceria. Será que ela não poderia ser mais objetiva? Ou será que aquela garota estava fadada a ser uma burra o resto da vida?

- Pansy, eu vou falar só uma vez. – levantou o dedo bem na cara da morena de forma ameaçadora. - se você gritar de novo juro que vou esquecer que você é uma puro sangue e lhe dou uma cruciatus. E não vai ter o teu pai para me segurar.

-calma, calminha. Eu o vi com uma mulher... mas não era uma qualquer que eu imaginava... e escutei a conversa!

Rodolphus também estava perdendo a paciência com aquela menina. Se Lucius não a fizesse, ele a faria e de maneira mais dolorosa e torturante possível. Lucius estava de saco cheio das voltas que aquela menina estava fazendo. Se for uma informação importante, porque Pansy não falava logo. Odiava aquilo.

- pelo menos uma vez na sua vida Pansy fale logo que quer falar! Ou suma da minha vista! Não estou para gracinhas. Eu e Rodolphus estamos trabalhando.

-ok, ok.. eu escutei o meu Draquinho chamando a tal mulherzinha de "irmã"! Ahá! – gritou dando um susto em Rodolphus. Lucius mantinha o rosto imparcial. - Eu sabia que o senhor ia gostar!

Assim que a ficha caiu, ficou estático. Kalena havia sido encontrada por Draco e aquele moleque estúpido resolveu escondê-la. Mas Draco não fugiria da punição. Não! Ele pessoalmente ia tomar satisfação do seu filho caçula. Ah se ia.

- Kalena? Você viu a Kalena? Onde? Fale mulher, onde? – Lucius estava começando a ficar transtornado. Aquela pirralha não falava do paradeiro de sua filha.

-bom... não sei o nome dela né... não consegui ouvir... Ela estava na casa que Draco comprou.

-Draco comprou uma casa? – perguntou Rodolphus que a essa altura já tinha se intrometido na conversa entre os dois quase parentes.

- comprou. Foi a pouco tempo. É uma casa de praia... e cá entre nós é um péssimo lugar para morar... eu detesto...

- Draco, então a encontrou e não me falou nada? - disse Lucius cortando sem a menor educação Pansy.

- é o que parece, Lucius... os dois irmãos mal se conhecem e já se uniram para se manter longe de você.

- engraçadinho! – falou Lucius venenosamente para Rodolphus. – Pelo menos eu tenho filhos, não é?

Rodolphus estreitou os olhos, como ele ousava fazer tal tipo de insinuação?

- O.k! Então Lucius é melhor você ir até lá e verificar se é realmente Kalena.

- e se for... você já imaginou? – disse Lucius meio insano

- já que você tem tanta certeza assim. Acho melhor você avisar o Lord antes de ir. - disse Rodolphus mais sério. - se você quiser, eu posso avisá-lo.

- eu vou querer sim... quanto mais rápido eu for... mais rápido tenho a minha filha perto de mim...

- eu também quero ir! – disse Pansy fazendo um bico enorme com a possibilidade de ficar.

- para que, posso saber? E o que você poderá fazer para me ajudar se for realmente a minha filha? Gritar no ouvido dela? - disse Lucius friamente. – só para você saber Pansy, Kalena tem o Q.I e o Q.M ¹ muito acima da média, já você? Bem... eu não posso falar isso de você.

- o que o senhor quer dizer? - perguntou com a maior cara de ponto de interrogação. - Não posso ir?

-não. Não pode - disse Rodolphus saindo da sala de reuniões para avisar Voldemort. - mas faça um favor. Avise Narcisa e Bella. Talvez elas vão querer ir.

-ãaaaaaaaaaaaah... está bem então. - disse fazendo biquinho.

Os dois foram correndo para lados opostos do corredor. Lucius estava louco para ver sua filha. Ela era a única recordação viva de Nefertiti. Já Rodolphus sabia que o Lord ia gostar de receber a notícia.

Lucius chegou até o pátio numa rapidez inimaginável. Ele estava completamente desnorteado. Não queria esperar por ninguém. Finalmente ele teria a filha novamente. A sua filha com a única mulher que ele amou. Em questão de minutos, Narcisa e Bellatrix chegaram e junto estava Pansy. Vendo Lucius tão desnorteado, Narcisa ficou desgostosa. Seu marido nunca ficou naquele estado por causa de Draco. Isso a deixava furiosa. Aquela bastarda não era melhor que seu filho, mas nem por isso Lucius não deixava de venerá-la.

- Lucius, você tem que levar a Pansy. Só ela sabe onde fica essa casa. – O loiro pareceu pensar por um instante, e balançou a cabeça afirmativamente. Tinha esquecido que não sabia exatamente onde ficava a casa de praia de Draco

-você está certa querida. Pansy, vamos! – ordenou, como se tivesse chamando um cachorro. - E nada de gracinhas ou idiotices!

-nossa sogrinho, que mau humor é esse?!

-você está começando a me irritar!

Pansy se escondera atrás de Bella. Era claro que Bellatrix não gostava muito de ser escudo de ninguém. A não ser do Lord das trevas. Mas dessa vez não ia reclamar... Estava gostando de toda aquela briga. Já Narcisa segurou o braço do marido, Pansy estava realmente irritando o comensal. E isso não era bom para a jovem.

- só ela sabe onde está a Kalena.

-está bem, está bem... anda Parkinson, desembucha. - ordenou para a morena que ainda se escondia atrás de Bella. A morena deu um tapa na mão de Pansy que segurava fortemente sua cintura. Lucius sabia intimidar alguém.

-que sentimento mais comovente Lucius... isso tudo é excitação de ver a sua linda primogênita de cabelos negros, é? – disse Bella rindo debochada para Lucius.

- cala boca Bellatrix! Se você é seca e incapaz de ter filhos... problema seu! – disse Lucius completamente descontrolado.

- como ousa falar assim comigo? Sabe com quem que você está falando? – Bella tinha pegado sua varinha. Não ia ser insultada dessa forma. Não de um ser inferior como Lucius.

- chega! – gritou Narcisa olhando para Bella. – Guarde essa varinha, Bellatrix! Pode voltar Bella, que eu e Pansy iremos para essa casa.

- vou também! – respondeu Bella a sua irmã – como pode Cissa? você vai aturar a bastardinha?

- Apesar de tudo... de não suportar a extrema traição de Lucius com Nefertiti, Kalena é a pessoa que tem menos culpa dessa imundice. Se tem uma coisa que tenho que agradecer, é a discrição que ela teve durante toda vida. Ela defendeu a imagem dos Malfoy. Ninguém sabe que ela é bastarda de Lucius!

- Calem a boca vocês duas! – disse Lucius pondo um fim naquela conversa. Ele não ia admitir que chamassem Kalena de bastarda. – se quiserem ir terão que calar a boca! Agora anda Pansy. Onde é essa casa?

- não vou falar onde fica. Eu levo vocês até lá.

-Pansy, eu vou torcer o seu pescoço lentamente! - exclamou Lucius se segurando ao máximo. Estava tão ansioso para ver sua filha e aquela garota estava enrolando.

-calma Lucius, Pansy vamos logo. - disse Narcisa dando um basta na discussão.

Pansy vendo que seria amparada por Narcisa deu a mão para ela e para Bella. A garota não seria louca de segurar a mão de Lucius. Não mesmo! Os quatro então desaparataram para onde estaria à bastarda de Lucius. Ao chegar lá Lucius sentiu um forte cheiro de mar. A menina Parkinson tinha razão. Ao longe estava uma casa branca de luzes acessas. Dentro dela estavam três pessoas. As sombras projetadas no vidro confirmavam isso.

§ \~*~/§

Draco adorava quando conseguia dar uma escapada para poder comer alguma coisa na casa de Kalena. Apesar da comida ser da culinária árabe, ele amava momentos como aquele. Sua irmã era ótima na cozinha. Mas tinha uma coisa que ele não gostava nem um pouco. Quando sua irmã ia para cozinha preparar algo, Draco tinha que ficar com o marido sangue ruim. E o pior de tudo era que não podia xingá-lo da forma mais apropriada.

- Malfoy. – disse Richard entregando uma taça de vinho.

- o que você quer Stuart? – Draco aceitou de bom grado a bebida. Não era porque Kalena não bebia que ele também tinha que se privar dessa maravilha.

- é verdade que estão dizendo por aí?

- depende. Do que está falando? – Draco esperou que Richard tomasse um gole da bebida antes dele. Vendo que o sangue ruim estava tentando matá-lo envenenado. Richard continuava com a mesma expressão, então o loiro não hesitou em também beber.

- nascidos trouxas estão terminantemente proibidos de se casarem com mestiços ou puros sangues. E aqueles que estão nessa situação, os casamentos serão anulados. Caso contrário os nascidos trouxas serão sumariamente mortos?

- receio que sim. O Lord não quer saber de mais mestiços. E isso é só o começo. Ele pretende usar os mestiços já existentes para purificar a sociedade mágica. – continuou Draco sem se importar.

- mas que inferno! – Richard tinha se levantado abruptamente e chutou com força a poltrona. A força fora tanta que a poltrona caiu para trás - O que eu fiz para merecer isso? Posso saber? Será que é pecado ser casado com Kalena? Só porque ela é filha de um puro sangue?

- para Lord é. – Draco saboreou um pequeno gole de vinho. Richard ia tocar em um assunto delicado, pensou ele. Draco estava feliz em seu intimo, pois isso significava que podia bater de frente contra aquele sangue ruim, sem que sua irmã achasse que era implicância dele.

- eu tô pouco me lixando para ele! – disse Richard com ódio de seu cunhado. O infeliz falava aquilo como se fosse a coisa mais banal.

Draco também se levantara. Nenhum sangue ruim ia criticar aquele novo sistema. Tudo bem, ele não tinha o que mais queria, mas mesmo assim o novo sistema era bastante confortável para bruxos feito ele. Ele se aproximou de Richard e falou em um tom bem assassino, aquele velho tom bem conhecido.

- você deveria ser grato, pois eu fiquei sabendo que vocês, sangues ruins, iam ser caçados feito animais se o Lord tivesse ganhado a primeira guerra. Tiveram alguns anos a mais. – baixou a voz para que só Richard escutasse. – deveria agradecer ao privilégio.

- e o que está acontecendo agora, comensal? Nós, nascidos trouxas, somos caçados da mesma forma. Não se pode isso, não se pode aquilo. Isso é a mesma coisa que morrer.

- então faça um favor a minha irmã... – o loiro se aproximou e com um sorriso enviesado continuou. - ...se mate! Há um penhasco a poucos metros de distância daqui. A minha irmã vai ser recebida de braços abertos por meu pai e pelo Lord das trevas. E em pouco tempo, ela não iria nem lembrar de você mais.

- impossível, comensal! Impossível. Sabe por que? – Richard encarou Draco da forma mais assassina possível. Aquele infeliz de cabelos loiros ia saber com quem estava se metendo.

- adoraria, sangue ruim.

- primeiro: eu sei da sua jogada. Tão solicito, tão amoroso e prestativo. Mas eu sei que a cada vez que não estou aqui, você coloca caraminholas na cabeça da minha mulher. Faz mil e uma artimanhas para que eu chegue sempre tarde da noite para dar sustentação às suas teorias de que não presto. Do mais que eu tento argumentar, parece que a sua palavra é lei.

- é mesmo? Que ótimo que a minha palavra pese mais que a sua. – deu um sorri de escárnio. Mais algum tempo e Kalena certamente largaria o imprestável e imundo do marido.

- e segundo: Você faz isso tudo para Kalena me abandonar e ficar do seu lado. Isso nunca vai acontecer espontaneamente porque ela me ama. E eu sei que é um amor que vai durar até depois da morte.

- duvido, sangue ruim. Já que estamos pondo as cartas na mesa, essa é a minha vez de falar. Você se acha tão bom, tão perfeito, Stuart. Que só agora percebeu isso. Eu estou fazendo isso há meses! A cada carta que ela me manda falando das brigas que ela tem com você, é um ponto ao meu favor. Mas sabe por que eu tô te contando só agora?

-fala imbecil presunçoso. – as mãos de Richard estavam vermelhas, tamanha a força que ele estava fazendo para não dar uns belos socos na cara daquele aguado.

- Porque você não tem provas. A cada vez que você implica comigo, dizendo que sou um comensal sanguinário e outros predicados que você fala, ela não acredita em você. Ela sempre vai falar para você que eu sou o irmão caçula problemático. Ela nunca vai desconfiar. E se você for falar que eu confirmei, ela simplesmente não vai acreditar.

No intimo, Richard sabia que Draco falava era a mais pura verdade. Quantas vezes eles brigavam por causa dele. E todas às vezes, Kalena não via a víbora venenosa que era seu irmão. Ela sempre tinha uma desculpa para a falta de caráter daquele infeliz.

- e então sangue ruim... vai querer contar para Kalena o que acabei de confessar? Não, né? Você não vai querer brigar com ela. Vocês dois são tão unidos, que com certeza, vai abdicar desse pequeno detalhe que você descobriu. – arqueou as sobrancelhas em deboche. - Agora me diga, como é saber a verdade e não poder contar? Sim... ela não vai acreditar em nenhuma palavra sua.

Richard não pensou e pegou no colarinho da roupa de seu cunhado. Aquele moleque ia levar um corretivo que nunca mais ia se esquecer. Draco foi pego de surpresa com a atitude de Richard. Será que Richard seria capaz? Mesmo sabendo que Kalena ia brigar com ele? Mas ele não ia deixar barato. Draco pegou sua varinha e ia tirar aquelas mãos imundas de sua roupa. Mas antes que qualquer um dos dois pudesse continuar Kalena entrou com os pratos e talheres para arrumar a mesa e viu aquela cena deplorável. Richard segurando Draco pelo colarinho e Draco empunhando a varinha para, com certeza, machucar Richard.

- o que significa isso?

Os dois olhavam para a morena envergonhados. Havia um pacto de não agressão dentro daquela casa, mas sempre acontecia algo entre aqueles dois. Draco escondeu a varinha mais que depressa, mas Richard não tirou as mãos do colarinho. A única coisa que ele fez foi dar um sorriso para ela e depois para Draco.

- querida... eu só estava ajeitando o colarinho de seu irmão. Pronto Draco... Tá arrumado – Richard espalmou a mão com bastante força em Draco.

- obrigado Richard. – O jovem comensal segurou o grito e a careta de dor, mas não fez nada contra Richard. Senão Kalena ia ficar do lado do marido e não precisava disso nesse momento. Estava prestes a fazer a irmã enxergar o retardado insignificante que era o Stuart.

- é bom que seja só isso. O jantar está pronto. Alguém pode me ajudar?

- pode deixar querida. Eu pego a comida. – Richard saiu mais que depressa da sala, deixando os dois irmãos sozinhos.

Kalena ficou olhando para Draco desconfiada. Não gostava de quando pegava Draco com a varinha. Draco tinha um certo olhar... um cheiro característico de assassino. Ela sabia do motivo de tanta conturbação. Aquela nova lei de purificação estava deixando os nervos de seu marido a flor da pele. Então resolveu conversar sobre essa nova lei que inventaram. Será que tinha dedo de seu irmão?

- Draco ficou sabendo da nova lei sobre matrimônio? – soltou como quem não quer nada. Olhou de canto de olho para o irmão, queria estudar todas as suas reações.

- fiquei. Não seria melhor se...

- não vou abandonar Richard. Vou ficar com ele até o final.

- mas... – tentou protestar, mas Kalena era uma mulher de opinião.

- não Draco! – disse Kalena dando um fim naquela conversa. Toda as vezes que Draco aparecia, ele sempre perguntava se era melhor abandonar Richard. Já estava ficando cansada daquela conversa.

-tá bom Kalena. Não falo mais! – falou Draco emburrando. Seria tão mais fácil se ela acabasse com aquela relação sem pé e sem cabeça.

Antes que Kalena falasse mais alguma coisa sobre isso, Richard apareceu com pelo menos dois pratos de comidas diferentes e arrumou na mesa. Kalena entrou na cozinha também para pegar o resto. Draco não quis falar nada com o sangue ruim. A única coisa que fez foi sentar no seu lugar e esperar pelo resto. Kalena apareceu da cozinha com o resto das coisas e com um sorriso anunciou o jantar.

§ \~*~/§

Lucius, ansioso por rever a sua filha, se adiantou ao grupo e praticamente correu para a casa. Kalena estava tão perto. A sua filha com Nefertiti. As outras o seguiram apressadamente. Narcisa pedia que Draco não estivesse mais lá. Pois ela sabia que Lucius ia querer prestar contas com seu filho. Lucius subiu de dois em dois os degraus da varanda. A ansiedade era muita, não conseguia se segurar. Ele nem pensou em usar as boas maneiras, sacou a sua varinha e mandou um feitiço que explodiu a porta.

§ \~*~/§

Kalena, Richard e Draco estavam sentados na mesa. A comida estava simplesmente maravilhosa. Para Draco momentos como aquele, eram raros em sua vida. Jantar em família... Kalena dava um de seus sorrisos para Draco. Ele retribuíra com um tímido sorriso. Talvez por isso gostava tanto de sua irmã. Ela sempre lhe proporcionava momentos perfeitos. Foi então que, naquele momento que Draco achava que era perfeito, ouviram o barulho da porta da frente se despedaçando. Instintivamente os três se abaixaram, um pó se levantou e o trio só pode ver os contornos de um homem que respirava em descompasso. Mais três sombras apareceram logo em seguida. Draco xingou baixinho, a poeira já tinha se dissipado e pode enxergar claramente quem eram os invasores; Lucius e companhia.

-ora ora ora.. o que temos aqui? - debochou Lucius olhando para os seus dois filhos. Kalena e Draco.

- Lucius - fora a única coisa que Kalena conseguiu falar abaixada. Aquele infeliz a achou

-pai, como...? - perguntou Draco se levantando. Ia tirar seu pai de lá. Do contrário todo o seu plano ia por água baixo. Se é que ele tinha um. Intrigas não eram, definitivamente, seu estilo. Era mais uma pequena diversão. Irritar Stuart era um santo remédio para seus momentos de ócio.

Richard também se levantou. Não ia permitir que comensal nenhum a seqüestrasse. Teriam que passar pelo cadáver dele. Mas antes que isso realmente acontecesse, ele ia ser o empecilho mais chato possível. Ele pegou Kalena pelo braço para que ela acordasse do transe e se levantasse. Cada segundo era precioso para a fuga de Kalena.

- Kalena corre. - disse Richard soltando e empurrando sua esposa para cozinha. Havia uma porta dos fundos.

Kalena começou a atender o pedido de Richard meio a contra gosto. Aquela atitude era outro motivo de briga daquele casal, mas Kalena nunca pode mudar aquela atitude que Richard sempre tomava. Ambos eram da casa dos bravos, e ela meio que entendia aquela atitude. Nobre, mas estúpida.

Bellatrix encarou por um tempo a cara daquele homem que protegia a bastarda de Lucius com a vida. Ela já tinha visto aquele rosto, mas aonde? Foi então que se lembrou. O sangue ruim da lojinha de ingredientes especiais. Ela havia sido atendida por uma moça um tanto calada, mas havia um homem com ela. A moça era Kalena. Óbvio! A hora que o sangue ruim falou do cabelo...

**Inicio do Flashback**

- Le

- sim Richard?.

- o cabelo

**Fim do Flashback**

O sangue ruim tinha advertido-a para esconder a marca de nascença da família Malfoy que, com certeza, ela tinha. Bellatrix começou a abrir um sorriso. A primogênita dos Malfoy era casada com um sangue ruim. Ela na verdade, não passava de uma vergonha da família de Lucius. Uma apreciadora de sangues ruins... Bella não agüentou, tinha que perguntar.

-você não é o atendente sangue ruim da loja de poções? – disse Bella rindo – é sim... a bastarda é igual a mãe dela... uma traidora do sangue mágico.

- cale essa boca, Bella. – Lucius cerrou os dentes, tinha certeza que se apertasse mais um pouco quebraria todos os seus dentes. Não ia admitir que chamasse Kalena de traidora.

-mas é o que ela é! Uma amadora de sangues ruins! – retrucou Bella. Apesar de Nefertiti ter salvado a vida dela, não redimia Kalena de ser uma traidora.

-não fale do meu marido assim, sua estúpida! –retrucou Kalena super nervosa. Ela não ia abandonar Richard naquela hora. Isso seria fraqueza. E fraca, ela nunca fora!


Draco olhava furiosamente para que Pansy também estava na “recepção” de Kalena. Será que a Parkinson tinha desconfiado dele? Logo hoje! Maldita seja aquela mulher. Custava ter ficado de boca fechada? Custava a ela ter discutido isso só com ele? Mas não ela saiu correndo atrás do seu pai para fofocar. Pansy pode perceber que a meia irmã de Draco tinha o sangue quente, pois ela retornara para bater boca com Bellatrix.

-Pansy... o que faz aqui? - perguntou Draco vendo a cara de terror da namorada. –Vem aqui vem. – fez um sinal para que ela se aproximasse e sussurrou perigosamente para a namorada. - foi você não foi?

-eu achei que fosse alguma bisca! Alguma vagabunda que estava tentando tirá-lo de mim... só que quando eu descobri, não poderia faltar com o meu sogro, né?

-olha só o que está acontecendo sua idiota! Se alguma coisa acontecer a minha irmã, você verá do que eu sou capaz de fazer contra você. – ele bem que queria dar um corretivo em Pansy, mas viu que sua irmã estava discutindo com Lucius e Bella ao mesmo tempo. Decidiu que resolveria aquela fofoca da Pansy depois - Quando estivermos à só teremos uma conversinha.

Draco se virou para a arena principal de brigas. Tinha que resolver aquilo, antes que Kalena pudesse sair machucada.


Kalena podia sentir o sangue quente nas suas veias. Ela era uma mulher do deserto. E isso significava que podia ser tão quente quanto o lugar que fora criada. E ninguém... nem Bellatrix e nem Lucius tinha o direito de xingar seu marido.

- vocês dois não passam de dois malucos marcados como gado e sem cérebro, pois o dono de vocês... o ser que vocês cultuam tão veementemente já tirou de vocês o poder de discernir o que é certo do errado há muito tempo !

- cala essa boca Kalena. E já aqui pro meu lado.

Lucius também estava muito exaltado. A última vez que brigou com Kalena lhe rendera a fuga de sua filha. E isso ele não permitiria novamente. Tudo bem que gritara que ela não era sua filha, era da boca para fora. Mas ela tinha acreditado a risca aquela barbárie que tinha dito. Kalena era a coisa mais perfeita que tinha feito.

- nunca!

Richard estava preocupado com Kalena. Ela não podia ficar nem mais um segundo. Ele tinha que tirá-la de lá.

- não me importo Kalena. Agora sai daqui. Vai pra bem longe - disse Richard levantando sua esposa pela cintura e para empurrá-la para a porta dos fundos.

Lucius não agüentou e urrou feito um louco quando Richard ousou pegar a sua filha pela cintura. Para ele, pessoas da estirpe daquele sujeitinho não tinham sequer o direito de olhar para Kalena. Quanto mais tocá-la. Mas antes que pudesse matar aquele infeliz, Draco o segurou com força. Não vendo alternativa, gritou:

- larga a minha filha, seu sujeitinho de sangue ruim! Ela não é da sua laia!

- Lucius se acalma! Por favor! – pediu Narcisa que se postou ao lado de Draco. Lucius estava de uma forma que ela nunca tinha visto.

- não Narcisa! Não até ter a minha filha comigo! Ela é minha propriedade!

Alheia a briga da família Malfoy, Kalena estava desesperada. Ela não fugiria sem Richard. Ele era tudo na vida dela. Mas parecia que Richard queria que ela fugisse sem ele. Não iria a lugar nenhum sem ele. Richard não entendia o motivo de Kalena não fugir. Quantas vezes ele falou que daria a vida dele para que ela fugisse das garras de Lucius Malfoy. Será que ela não podia ouvi-lo só uma vez e fugir?

-não Richard, não vou te deixar! - disse Kalena puxando o marido pela mão.

Foi então que percebeu o tamanho da confusão que se instalou na sala. Ela viu que Draco tentava, desesperadamente, impedir seu pai de avançar para cima deles. Mas mesmo assim só fugiria com Richard. Kalena olhava para Richard implorando que concordasse com ela. Mas no fundo sabia que ele não fugiria.

- você tem que ir embora! Tem que fugir para bem longe daqui. – disse Richard chorando - agora vai, meu amor... por mim

Lucius percebeu o que Richard tinha pedido. Ele não ia permitir isso. Foram dois anos de buscas incansáveis. E bem quando tinha Kalena tão perto do alcance das mãos, ela tentaria fugir? Não permitiria isso.

-não ouse se mexer Kalena!!!!! - gritou Lucius.

Mas Kalena fingiu não ouvir os gritos de Lucius. Ela atenderia o pedido de Richard. Mas antes a única coisa que queria era sentir o presente de Richard antes de fugir. Richard se curvou para capturar os lábios de Kalena. Ele, então, deu um beijo em sua esposa. Kalena percebeu com um peso enorme no coração que aquele beijo seria o último que receberia dele.

Draco segurava ainda mais forte Lucius. Seu pai estava totalmente descontrolado. E para Draco era uma cena nova e completamente aterrorizante. E o pior de tudo era que Kalena também não colaborava. Seria muito mais fácil se ela simplesmente ouvisse Richard e fugisse pela porta dos fundos. Mas ela preferiu presentear Lucius com um tórrido beijo na boca de Richard.

-pai controle-se! Por favor! Desse jeito não vai adiantar nada tê-la do nosso lado. Eu estava justamente tentando convencê-la de que ficasse no nosso lado. Para que ficasse...- Draco tentava convencer o pai que ele estava fazendo a cabeça da irmã.

-me larga Draco! – disse Lucius esticando seu braço ao máximo na vã tentativa de querer enforcar Richard – é só eu ter Kalena em minhas mãos.

- você não manda em mim Lucius! - gritou Kalena se afastando daquele tumulto – uma vez Draco me perguntou o por que de tanto ódio... a mesma pergunta a sua esposa me fez. O problema é que ninguém sabe é que você matou a minha mãe quando ela estava dormindo. E que eu vi tudo! Você não passa de um canalha ciumento, que não deixa ninguém ser feliz. – grossas lágrimas caiam pelos olhos não mais transfigurados da filha de Lucius. Era tão doloroso trazer à tona todas aquelas lembranças horríveis.

-me respeite! Sou seu pai!

Kalena estava tremendo. Aquela lembrança era um veneno para ela. E vivenciá-la era a pior coisa que tinha. Draco ficou pasmo com a revelação. Era por isso que ela não queria vê-lo. O próprio pai matou a mãe de Kalena. Matou-a de forma mais vil. Dormindo, achando que estaria à salva. E o pior de tudo foi que Kalena assistiu de camarote a morte da própria mãe.

- ela estava dormindo e você cego de ciúmes a matou! E por que? Só porque ela se negou ser a sua amante? Ela não queria ser a outra! Ela não queria ser o motivo da infelicidade de Narcisa. A mulher que ela mais respeitava... você nunca quis se arriscar... nunca quis largar tudo para ficar com a minha mãe. Era a única prova de amor que ela esperava de você... que você largasse tudo por ela... da mesma forma que ela estava largando tudo por você. Você não passa de um estúpido que tenho a infelicidade de tê-lo como pai!

Narcisa estava estática. Não conseguia imaginar seu marido tentando traí-la. Era inconcebível. Mas como se tratava de Nefertiti, Lucius ficava tão irracional quanto um animal selvagem. E o pior de tudo que ele tinha matado por ciúmes! Não só ela, como Bellatrix também ficou chocada com a revelação. Mesmo não aceitando Kalena, a bastada tinha razão em mantê-lo longe. Se fosse com ela, pensou Bella, tinha matado seu pai com requintes de crueldade como pagamento daquela tamanha atrocidade.

Lucius ficou sem ação. Kalena não devia ter contado. O seu maior castigo foi perder o respeito e a admiração que Kalena tinha por ele. Ele sabia que não deveria ter feito aquilo. Que foi uma atitude impensada, mas queria ter tanto aquela bruxa em seus braços que a negativa dela o feriu de morte. E não pensou duas vezes em matá-la. Se ela não fosse dele, não seria de ninguém. Mas Kalena o viu matando sua mãe e quando Lucius foi atrás dela para apagar aquela cena da memória, Kalena caíra em um buraco das escavações. E com o barulho da queda, o resto do bando acordou e foi ao auxílio de sua filha. E nunca mais teve a oportunidade de ficar a sós com ela e fazer o feitiço.

Draco soltou Lucius devagar. Parecia que, com a revelação daquele podre, seu pai se acalmara e até ficou com um pouco de vergonha. E foi em direção de sua irmã. Kalena precisava mais dele do que Lucius. Ele parou no meio da sala. Kalena respirava descompassadamente. Ela precisava sair de lá o quanto antes.

-Kalena, calma. Vai... eu cuido disso. - disse Draco ficando na frente da irmã. – Sai daqui, e leve seu marido, ok?

Mas parecia que nada conseguia acalmar Kalena. Ela estava em choque. E ela queria extrair aquele veneno todo. Nem que para isso tivesse que ruir a imagem de “respeitado pai” que Draco tinha de Lucius e “adorado marido” que Narcisa tinha.

-hipócrita! é isso que você é Lucius. Um filho da mãe hipócrita! Ir atrás de uma mulher que tem a hombridade de respeitar a sua legitima esposa... uma coisa que você não estava disposto a fazer... mesmo ouvindo um “não” a matou para não sentir o seu ego ferido.

- Kalena... chega! Não é para isso que eu vim! – tentou se fazer respeitar, mas era cada vez mais difícil.

- não importa para que você veio, Lucius! – Kalena e Richard já estavam bem pertos da porta e prontos para fugir novamente. – o que importa é que eu e o meu marido vamos fugir daqui! E nunca mais você vai me ver!

O sangue lhe subiu ainda mais. Ele estava em níveis críticos de raiva. Malfoys não se chafurdam em lama. Nem mesmo a mais rebelde deles. Nem que para isso ele mesmo sanasse aquele problema. E agora que Draco não mais o segurava, tudo ficou mais fácil. Lucius, então pegou sua varinha e escondeu na manga da capa. Ninguém poderia ver o que ele estava planejando para aquele sujeito.

- eu quero entender uma coisa... esse sangue ruim é o que da minha filha? – Lucius apontou a mão livre para Richard - Marido? Uma Malfoy não se casa com sangues ruins!

-Lucius vamos conversar em casa... Vamos embora! – Draco gritou quando viu que Lucius partiu para cima de Kalena.

Narcisa achou melhor ela mesma segurar seu marido. Talvez, pensou ela, ele a ouvisse e tentaria de uma outra forma aquela aproximação. Ela olhou para sua irmã para lhe ajudar. Mas ela percebeu que de lá não viria ajuda. Até porque Bellatrix e Pansy se deliciavam com a discussão. Nenhuma das duas estava disposta a colaborar para terminar com aquilo.

-Lucius, escute seu filho, vamos! - ordenou Narcisa segurando o peitoral de Lucius.

- a minha filha vem comigo! Não saio daqui sem a minha filha, Narcisa!

- você não tem filha aqui! Você mesmo a renegou! – berrou Richard. Ele ia proteger sua esposa dele.

- não estou falando com você! – sibilou venenosamente – tipos como você deveriam nem sequer olhar para ela! Você não tem noção do tesouro que foi capaz de me roubar!

- você não passa de um louco! – berrou de volta Richard.

- Richard – suplicou Kalena desesperada.

- e você Kalena, corre! – ordenou seu marido. Havia algo no tom de voz dele que Kalena não conseguia contestar.

Mas antes que Kalena pudesse se virar para passar pela cozinha, Lucius usou sua varinha para fechar a porta. Não permitiria que ela fugisse sequer daquela casa. Kalena ficou desesperada com aquele revés. Ela esmurrava a porta com força numa vã tentava de escapar. Tentou de todas as formas abri-la, mas ela não tinha a sua varinha para poder reverter aquele feitiço de Lucius.

- abre essa porta! – berrou Kalena.

- nunca! –retrucou Lucius. – eu já disse... você vem comigo!

-só se for o meu cadáver que você irá carregar! - gritou em resposta.

- você quer um cadáver, não é Kalena? Tem certeza? – Lucius deu um sorriso ensandecido. Ele daria esse “presente” para Kalena.

-Lucius, pare! – implorou Narcisa. – Pense em Kalena... Não vale a pena, querido. – a loira tentava em vão tirar aquela idéia insana da cabeça do marido.

Ela tentou puxar o braço do marido em direção contraria, mas ele era bem mais forte a jogou longe. Nada e nem ninguém o separaria de Kalena. Ela era uma Malfoy. E nada mais justo dela ser submissa ao patriarca Malfoy. Draco se desesperou ao ver a sua mãe gemendo de dor e correu para ampará-la. Ela estava caída perto da parede do outro lado da sala.

Kalena tinha desistido de esmurrar a porta. Ficaria do lado de seu marido até o fim. Vendo que Lucius andava em direção do casal, Kalena se fez de escudo para Richard, mesmo a contragosto do rapaz. Ela olhou penetrantemente para Lucius, não iria fraquejar naquele momento tão difícil.

- fica longe do meu marido!

-Kalena, sai daqui! - gritou Richard tentando tirá-la de sua frente. Ele era o homem e era ele que deveria defendê-la e não ao contrario

- não Richard! Ele vai te matar! Eu sei! E você que tem que correr!

Mas antes que os dois se decidissem quem ia fugir, Lucius pegou no braço de Kalena e a puxou para bem longe de Richard. Kalena quase voou de tão violento que foi o puxão.

- por que você não some da minha vida?

-não vou sem você. Anda... - disse puxando a mulher pela mão com violência.

- eu já escolhi o meu lado! Ele é ao lado do meu marido -tentando se soltar das mãos de Lucius.

-você não tem lado, Kalena. Você vai simplesmente me obedecer. E eu já disse para irmos embora dessa casa!

Kalena estava se debatendo como uma louca. Até que pisou com força no pé de Lucius. Instantaneamente ele a soltou. Ela saiu apressada em direção de Richard. Mas nunca chegaria a tempo. Lucius começou respirar com calma. Aquela pisada não iria impedi-lo de ter sua filha. Foi quando viu que Kalena estava voltando para o sangue ruim. E só então ele percebeu que ela daria a vida por aquele sangue ruim. E que a recíproca parecia ser verdadeira. Então Lucius apontou a varinha direto no coração de Richard e antes que alguém pudesse fazer algo para impedir, ou que Kalena chegasse perto de Richard, gritou:

- AVADA KEDAVRA!

A violência do feitiço foi tamanha que o corpo de Richard bateu no chão com um barulho estranho. Ele tinha morrido. E o seu crime foi apenas amar a sua esposa. Kalena berrou em desespero. Começou a chorar da mesma forma que chorou pela sua mãe. Ele não devia... Lucius não tinha esse direito. Ela se abaixou com o rosto molhado de lágrimas e abraçou com força o corpo de Richard. Ela sussurrava no ouvido de Richard as mesmas palavras, “eu te amo” sem parar. Como se fosse um mantra. Porém ela sabia que não tinha volta. E que não havia abraços ou juras que o trouxessem de volta.

Draco ajudou sua mãe se levantar. Ele estava pasmo. Claro que teve várias vezes que deu vontade de presentear sua irmã com a viuvez, mas vendo o estado que ela se encontrava ficou feliz em ter se controlado. Ela estava tão desesperada. Draco começou a ir com calma para perto de sua irmã. Ele tinha certeza que Kalena precisava dele. Mas não deu tempo. Lucius havia chegado perto dela antes.

Lucius achou aquela cena patética. Ele era um sangue ruim, ou seja um menos que nada. Kalena não deveria ter se rebaixado tanto. Claro que em pouquíssimo tempo ela se casaria com um comensal de sua confiança. E se esqueceria daquele infeliz que tocou nela. Era apenas uma questão de tempo. Vendo que sua filha ainda estava agarrada no corpo de Richard, ele resolveu puxá-la com força para se levantar. E deu certo. Kalena não demonstrou resistência e se levantou para ficar perto de Lucius.

- você é viúva. Se pensarmos melhor, você ainda é solteira. Agora anda. Vamos embora desse lugar. – Lucius olhou para Draco que estava perto dos dois – E você, Draco, conversaremos em casa.

Mas antes que pudesse dar o primeiro passo, Kalena havia perdido toda as forças, deixou-se cair no chão desesperada. As lágrimas rolavam sem parar. Não queria deixar o corpo de Richard sem um funeral descente. Ela sabia o que iam fazer com o corpo dele. Ele ia ser exposto como exemplo para àqueles que ousarem a desobedecer à nova ordem. Draco, vendo que sua irmã não sairia perto de Richard tão cedo, resolveu interceder.

-Pai, você enlouqueceu? Assim ela nunca ficará do nosso lado. Desse jeito ela vai te odiar para o resto da vida – disse Draco que se ajoelhou ao lado da irmã. -Kalena? - sussurrou.

Kalena percebendo que era seu irmão se jogou nos braços de Draco. Ele era o único que queria seu bem... naquela sala toda... ele era o único que conseguia entender a dor que Kalena sentia por causa da perda de Richard. Draco se deixou levar por aquele sentimento... era uma mistura de culpa com carinho que sentia pela única pessoa que não cobrava dele. E pela primeira vez Draco se permitiu abraçá-la.

-pai, vai embora... - disse Draco ainda abraçando com mais força a sua irmã.

- ela vem pra nossa casa. Já disse. Isso eu não abro mão. – cruzou os braços. Os dois estavam mais íntimos do que ele imaginava.

-TÁ! - exclamou impaciente. - agora some daqui.

Kalena não disse uma palavra sobre o que Draco tinha falado com Lucius. Nada... apenas chorava e soluçava nos braços do irmão. A dor que sentia pela perda de Richard era sufocante. E a única coisa que viu e desejou para sanar com aquela dor foi se juntar com Richard.

- eu quero morrer! Por favor Draco me faça esse favor. Me deixa ficar com Richard. Acabe com a minha dor... essa dor que me dilacera. Lucius só sabe me tirar. É a única coisa que ele sabe fazer. Primeiro foi a minha mãe e agora o meu marido. – soluçou descontroladamente, seu rosto branco estava bastante pálido e quase sem vida. - E por motivos banais... o que mais ele vai me tirar?

-se depender de mim, nada! Eu vou cuidar de você, pode deixar. – Draco pode sentir seus olhos marejarem. Sentia tanta pena da meia irmã. Primeiro a mãe, agora o marido.

- me deixa ir embora... me deixa ir para ficar com as pessoas que mais amo. – murmurou sem tirar os olhos do corpo de seu marido jogado sem vida no chão.

-não posso... você não gosta de mim? Deixaria-me? Deixaria o seu único irmão?

- meu irmãozinho... – Kalena tocou no rosto de seu irmão e deu um triste sorriso. Foi a única coisa que Draco pode entender. Porque depois ela começou a falar alguma coisa em árabe e não conseguiu entender mais nada.

Lucius não agüentava mais aquela ceninha. Ele foi por trás e a estuporou. Ela estava muito transtornada e não falava coisa com coisa. Quem em sã consciência queria morrer para ficar com aqueles que ama? Só uma pessoa fora de seu juízo perfeito.

- eu não pedi para você ir embora? – perguntou Draco segurando firmemente em seus braços a irmã estuporada.

-traga-a Draco! - mandou dando as costas e saindo da casa, sendo seguido por Narcisa que também sentiu uma nesga de compaixão por aquela menina. Tão nova e já sofrera duas perdas irreparáveis.

-nossa, essa visita foi melhor que a encomenda. - debochou Bella para o Pansy.

Pansy lançou um olhar irritado e assustado para Bella e saiu meio cabisbaixa. Draco pegou a irmã no colo, ela não era tão pesada. Muito pelo contrário. Então ele desaparatou para o castelo de Voldemort. No seu íntimo, Draco sabia que aquela noite só estava começando para ele.

*** Continua...***

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N/A (Oráculo): Oi gente, mil desculpas. Sumimos mas não foi por querer. As coisas resolveram cair em nossas cabeças. Principalmente na minha, último ano da Faculdade de Química não é fácil! Mas aqui está outro capitulo prontinho. Lembrando que estamos SEM BETA! Alguém sabe uma para nos indicar? Não estamos dando sorte com betas viu!
Ah sim, o próximo capitulo está prontinho também, mas só postaremos rapidinho se tiver no mínimo 10 reviews viu. Não dói clicar no botãozinho ao lado não viu!
Sim, vamos aos agradecimentos.

AGRADECIMENTOS:

- LauriAna* - Aí que isso. Bondade sua viu. Continue nos acompanhando. Bjs.
-Juliana – hehehe Não acabou não. Nós sumimos mesmo viu. Mas cá estamos outra vez. Espero que goste desse capitulo. Bjs.

-Biba-chan – Oi Biba. Calma, essa primeira parte – que está acabando, por sinal – tem muita T/G mesmo, mas logo logo esquenta D/G, ok? E sim, nós estamos com um sério problema pra arrumar uma beta, todas que arrumamos sumiram... ¬¬’ Se você tiver alguém para indicar agradeceríamos! Bjs.

-Patis – Tah ai o outro capitulo. Nossa, deixa de exageros. Uma das melhores? Que isso. Brigada viu. Bjs.

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