Uma Virada do Destino
Cap. 3
No final da aula de Poções de quarta-feira, os nervos de Hermione foram esticados ao máximo. O amável e incapaz Professor Cluny, designou-lhes uma simples poção para liquefazer, usada para o preparo de outros ingredientes a serem usados em futuras poções. Isso fizera parte do seu currículo do sexto ano, e Hermione poderia preparar a poção dormindo.
Enquanto os outros Grifinórios e Sonserinos matavam tempo com o processo de preparação, ela se concentrou em seu caldeirão, cortando e agitando com uma concentração determinada para manter seus pensamentos ocupados e longe dos seus problemas. Do outro lado da sala, Draco Malfoy deu-lhe um longo olhar, tentando aparentemente irritá-la, mas ela o ignorou e manteve-se trabalhando. Desde o momento em que ele viu o emblema de monitora-chefe de Hermione na plataforma da estação King's Cross, Malfoy mudou seus métodos normais de molestá-la para uma maneira sutil e lasciva, que fosse tão cruel quanto não desejada. Suas insinuações sem fim e comentários dissimulados aumentaram além do possível nas últimas semanas, e dadas às revelações dos últimos dias, ela tinha certeza que Lúcio Malfoy dissera a seu filho algo do que ocorrera no Halloween.
Sua poção terminou, ela apagou o fogo, deixou-a esfriar e puxou seu livro de Runas para fora, mas as palavras impressas na página não conseguiam manter a imagem enfraquecida de Severo Snape afastada dos seus pensamentos. Estudos intensos e suas outras obrigações mantiveram sua mente ocupada nos últimos dias, mas aqui no domínio de Snape, onde o eco da energia tensa e dominação sarcástica dele mantinham a maioria dos estudantes quietos e obedientes na sala de Poções, ela não conseguia controlar seus pensamentos. A falta de sono tampouco a ajudou. Ler até tarde da noite, até ter a certeza de que cairia adormecida no momento em que estivesse sob as cobertas ajudara nas poucas noites anteriores, mas fora totalmente inútil. Deitada em seu quarto escuro com a mão em sua barriga lisa, ela tentava imaginar-se tendo uma criança.
As freiras que lhe ensinaram em sua escola primária, eram totalmente contrárias ao aborto. Por outro lado, a quantidade de crianças sujas, desnutridas, pobres e miseráveis nos comerciais que imploravam pelo dinheiro da caridade através do mundo tinham-lhe levado a se perguntar se haveria uma outra alternativa para aquelas mulheres. Entretanto, naquele tempo ela tinha apenas dez anos de idade, e o assunto não passara além de um debate acadêmico. Até porque ela era demasiado nova para estar interessada em sexo.
Agora, entretanto, ela fora jogada diretamente no problema. Um bebê estava crescendo dentro dela. Hermione estava deitada em sua cama por mais de uma hora, correndo suas mãos sobre sua barriga. O fato inegável de que fora violentada tornou-se um conceito irreal e quase abstrato, e as circunstâncias de como engravidou eram apenas secundárias frente ao fato de que estava grávida. Uma idéia chegou até ela, como que trazida pelo limite do seu sono, era que a criança seria um perito, um gênio em poções, devido a sua herança genética respectiva. E ela sempre poderia ensinar à criança como lavar o seu cabelo.
Os ruídos dos banquinhos raspando alto no assoalho de azulejo a assustaram, e ela recolheu apressadamente seus livros, enfiando tudo junto na mochila que carregava desde seu primeiro ano em Hogwarts. Esperando a possibilidade de se juntar à multidão de estudantes que saía, um delicado pigarro de garganta atrás dela a fez esmorecer.
– Senhorita Granger?
Relutantemente, Hermione virou-se para o Professor Cluny: – Sim, professor?
– Esta é uma aula de Poções. Eu apreciaria que você estudasse Poções aqui. Se você não foi capaz de terminar a tempo seu outro dever de casa, eu posso sugerir que você corte alguma carga do seu curso. – Vindo do Snape, um sarcasmo pungente seria esperado; de Cluny, era um interesse pesaroso e quase em um tom de desculpas. Hermione deu-lhe um fraco agradecimento e seguiu na trilha dos seus colegas de classe.
A porta pesada da sala de Poções mal tinha se fechado atrás dela quando uma mão forte agarrou seu braço e um corpo duro e morno empurrou-a de encontro à parede. – Olá, Sangue-Ruim. Perdeu alguma coisa?
– Somente meu almoço, se você não se afastar de mim, respondeu irritada. – Deixe-me, Malfoy. – Ela teve que inclinar a cabeça para trás para olhar na cara de Draco; ele crescera muito nos últimos dois anos e estava quase tão alto quanto Rony. Seu rosto aristocrático e o cabelo loiro platinado faziam com que várias meninas em Hogwarts fossem fascinadas por ele; Hermione, entretanto, não era uma delas.
– Oh, eu acho que não, Granger – Malfoy falou lentamente. – Seus dois amiguinhos deixaram você aqui, e agora eu a encontrei. Ainda não tenho certeza se você vale a pena, mas poderia ser divertido brincar com você. –A mão dele levantou seu braço e começou a deslizar sobre seus seios, lembrando-a mais uma vez de como eles estavam sensíveis desde a semana passada.
– Brinque você mesmo sozinho Malfoy! – Hermione estapeou as mãos dele, mas ele era mais alto e mais forte que ela, que arfou para trás quando ele agarrou seus pulsos e os fixou à pedra fria sobre sua cabeça. Ele empurrou o peito de encontro a ela enquanto a beijava brutalmente, pegando-a de surpresa. A língua dele estava quente quando escorregou entre seus lábios, antes da boca aberta deslizar ao encontro da sua mandíbula.
– Eu sei que o traidor do Snape a teve, Sangue-Ruim – ele sussurrou. A sensação dos lábios dele roçando a borda da sua orelha a fez arrepiar-se, enquanto que as próximas palavras a estarreceram: – Eu ouvi que você é realmente boa. E o que é bom para ele é bom para mim. – Malfoy enfatizou suas palavras com uma pressionando os quadris ao encontro dela, e o estarrecimento de Hermione explodiu em uma fúria repentina. A orelha dele estava apenas a algumas polegadas longe da sua boca, mas ela afundou os dentes no alvo tentador, fazendo com que ele soltasse um uivo e se jogasse pra longe dela.
Hermione tinha sua varinha em mãos num instante, na altura da virilha dele. – Vinte e cinco pontos a menos para a Sonserina, Malfoy, e eu juro que na próxima vez que você chegar perto de mim, eu lhe lançarei uma azaração tão feia que Madame Pomfrey terá que desfazer o feitiço antes que você possa fazer xixi outra vez!
Estancando o sangue que gotejava abaixo de seu pescoço, Draco disparou nela um olhar puramente venenoso: – Não finja que você é boa demais para se vender, Granger. Meu pai me disse o quão vagabunda você é!
– Ele disse mesmo? – Hermione exigiu, tremendo de raiva. – O que exatamente ele disse? Alguma coisa que você queira repetir na frente de um inquérito do Ministério?
O desprezo no rosto dele desapareceu com um mínimo toque de confusão, antes de retornar o seu escárnio habitual. A porta da sala de aula de Poções atrás deles se abriu, e rapidamente ambos adotaram expressões neutras quando o professor Cluny entrou no corredor. Ele piscou para eles, e em seguida sorriu para Hermione, obviamente não detectando nada fora de ordem.
– Ah, Srta. Granger. Madame Pomfrey estava justamente na rede flu, perguntando se você ainda estava aqui. Ela deseja que você vá até a ala hospitalar.
– Obrigada, professor. Eu irei até lá, então. A menos que haja algo mais que eu precise lhe explicar Draco? – Ela perguntou, com uma voz doce e maliciosa.
Sem esperar por uma resposta, ela jogou sua mochila sobre os ombros e seguiu seu caminho pelas as escadarias que a levariam para fora das masmorras. Manteve sua varinha a postos nas dobras de suas vestes, mas Malfoy não fez nenhum movimento de segui-la.
Diversos corredores e lances de escadas mais tarde, Hermione deixou-se entrar nos domínios de Madame Pomfrey e parou ao ver Alvo Dumbledore esperando por ela. Ele estava olhando para as altas janelas verticais, mas virou-se assim que ouviu a porta aberta.
– Boa tarde, Srta. Granger. Você está se sentindo bem?
Era uma pergunta apropriadamente genérica para se fazer a qualquer um que entrasse numa ala hospitalar no meio da tarde, mas ela sabia que o Diretor estava referindo-se especificamente sobre sua situação. Ela assentiu. Dumbledore ofereceu-lhe um doce do saquinho que sempre carregava consigo, tirando-o de um bolso de suas vestes, o qual ela recusou, e então ele pediu que ela se sentasse. Hermione sentou e empurrou sua mochila para baixo da cadeira arrastando-a com a ponta do sapato.
Olhando em torno do quarto, respondendo aos comentários aleatórios de Dumbledore com suas próprias observações ausentes, seus olhos se deslocaram para a cama ordenadamente preparada na extremidade da ala. Uma mesa pequena estava ao lado dela, nada incomum, mas nesta mesa havia um cálice de estanho e, ao lado dele, um béquer de vidro com um líquido esverdeado dentro, espumando com a condensação.
A porta assinalada como Ala de Isolamento se abriu, e Papoula Pomfrey fechou-a rapidamente atrás dela quando viu os demais ocupantes na sala maior. Seu olhar estarrecido recaiu sobre Hermione, mas suas primeiras palavras foram para Dumbledore:
– O Professor Snape está descansando, Alvo. Foi desgastante para ele, mas não acho que ele tenha se prejudicado ainda mais – A poção está pronta para você, Srta. Granger.
Obedientemente, Hermione levantou-se e seguiu Pomfrey até a mesa de cabeceira e a cama, enquanto Dumbledore deixou-se cair na cadeira abandonada e juntou seus dedos no colo, numa atitude de espera paciente.
Diversos biombos rolaram com a convocação de Pomfrey e circundaram o local em torno do leito. Quando ficou satisfeita com a colocação dos biombos, guardou uma que isolaria completamente a paciente do resto da enfermaria. A medibruxa colocou uma camisola dobrada na extremidade da cama. Ao lado dela uma pequena pilha de absorventes higiênicos, maiores e mais largos do que aqueles fornecidos todo mês às alunas que já tinham alcançado a puberdade.
O líquido verde gorgolejou calmamente enquanto Pomfrey o derramava no cálice de estanho. Quase imediatamente gotas embaçadas formaram-se no lado de fora, indicando como o conteúdo estava gelado.
– Você deve beber isto inteiramente, Srta. Granger, o mais rápido que conseguir. Quando terminado, eu quero que você vista esta camisola e deite-se na cama. – Pomfrey ofereceu-lhe o cálice e Hermione o pegou automaticamente. A poção rodou no recipiente, borbulhando nas bordas onde seus dedos aqueciam o metal frio.
Desde o momento em que Madame Pomfrey anunciara sua gravidez, Hermione sentia-se como se estivesse cercada por uma sensação estranha e desconexa. Mesmo quando Malfoy a abordou perto do corredor da sala de Poções, não parecia que aquilo fora real, tão imediato e perigoso como deveria ser. A única coisa que parecia inteiramente palpável neste momento era o cálice frio em sua mão. De encontro a esse frio cortante, uma criança latente em seu ventre, um possível gênio em poções, agigantando-se em sua imaginação.
– Eu não posso – ela disse calmamente.
Madame Pomfrey bufou contrariada.
– Srta. Granger, você tem dezessete anos.
– Dezoito – corrigiu Hermione.
– Dezoito, então. Persiste o fato de que você não é responsável por esta gravidez. Ninguém poderá julgá-la por usar essa poção.
Passos firmes atrás dela fizeram com que ela se virasse, encarando o rosto sábio e despretensioso de Dumbledore, que meramente arqueou uma única sobrancelha cinzenta.
– Dúvidas, Srta. Granger?
– Eu não sei por quê. Eu simplesmente não posso. – Empurrou o copo abruptamente de volta para as mãos de Pomfrey e andou num pequeno círculo, sentindo-se presa entre as duas figuras autoritárias Respirou profundamente e tentou pôr seus pensamentos em ordem, tentando dar razão aos seus sentimentos.
– Eu nunca tive realmente uma opinião sobre o aborto antes. Nunca pensei que algo assim que me aconteceria. Rony foi a única pessoa que pensei em ter como amante, e eu sempre pensei que seria inteligente o bastante para tomar as precauções, se eu precisasse delas.
– Você tem dezoito anos, Srta. Granger – Dumbledore comentou suavemente. – É sua decisão de ter ou não esta criança.
Hermione cruzou os braços sob seu peito, observando mais uma vez como eles estavam sensíveis. – Bem. Eu me decidi… Vou adiante e terei o bebê.
Apenas proferir essas palavras já lhe deu a sensação de ter tirado um enorme peso dos seus ombros. Ela estava razoavelmente certa de que era o oposto de como deveria se sentir, considerando as dificuldades que certamente encontraria, mas o leve sorriso que surgiu no rosto do professor Dumbledore a fez sentir-se muito melhor sobre sua decisão.
– Se isso quer dizer alguma coisa, Hermione, eu estou contente de todo coração. Uma criança é uma benção, não obstante as circunstâncias. Você terá um período difícil pela frente, não há nenhuma dúvida, mas eu lhe asseguro que terá meu total apoio e confiança em você. – O sorriso dele cresceu até que irradiou positivamente, e ele afagou a mão dela. – Eu estarei esperando ansiosamente para ver seu filho aqui em Hogwarts, daqui a uns onze anos.
Dumbledore deixou-a aos cuidados de Madame Pomfrey, que deu um muxoxo enquanto derramava a poção num frasco grande e o fechou.
– Esta poção só será eficaz pelas próximas trinta e seis horas, Srta. Granger. Se você mudar de idéia depois disso, será necessário preparar uma outra. E os riscos de usá–la vão aumentando à medida que o tempo passa.
– Eu não vou mudar de idéia – Hermione disse firmemente. Ela também ficou sabendo, quando leu sobre a poção, que era totalmente desaconselhada após dez semanas da gravidez, e ela já estava com nove semanas.
A mulher mais velha insistiu em puxar os biombos e em fazer-lhe um exame completo, que foi mais exaustivo que tudo o que Hermione já tinha enfrentado antes. Uma vez que estava vestida novamente, Hermione foi conduzida ao escritório de Madame Pomfrey, onde a medibruxa consultou um calendário e declarou que o bebê, muito provavelmente, nasceria no final de julho ou início de agosto.
– Estar grávida no verão é um sofrimento, minha cara. O único aviso que eu posso lhe dar é que quando o incômodo chegar, já vai estar quase na hora de você ter a criança. Eu acho que a mãe natureza planejou dessa maneira, mesmo.
Aliviada que o bebê não nasceria até depois que suas aulas terminassem, Hermione mencionou isso para Madame Pomfrey. E recebeu um longo olhar como resposta.
– Isso não significa que você continuará normalmente, Srta. Granger. Você terá que fazer diversos ajustes. Eu vou mandar notas aos seus professores, mas a primeira mudança que você fará é não testar mais poções. Nenhuma prática de duelo, nenhuma execução de encantos em você, e principal e definitivamente nenhuma transfiguração da sua pessoa. Você é jovem e saudável, mas transformar-se em uma planta envasada quando você está grávida é algo que nem Minerva tentaria. Demasiadamente perigoso.
– Isso significa que eu não poderei fazer as lições de Aparatação? –Hermione perguntou, horrorizada. – Eu apenas comecei as aulas!
– Naturalmente que não – Madame Pomfrey declarou. – Ser estrunchada durante uma gravidez é pedir por um desastre. Absolutamente fora de questão.
Ignorando o desânimo de Hermione, ela deu à menina um frasco de poções vitaminadas para tomar a cada manhã e uma recomendação para algumas leituras na biblioteca. Finalmente, parou de perturbar e deixou Hermione recolher suas coisas, surpreendendo-lhe completamente então, dando lhe um tapinha afeiçoado na bochecha: –Ter um bebê é muito trabalhoso, não há nenhuma dúvida sobre isso, mas tem suas recompensas. Então agora, use seu senso comum, cuide-se, e volte para me ver cada três semanas. Já faz muito tempo desde que eu fui uma parteira, mas ainda sou certificada. Se algum problema aparecer, nós podemos encaminhá-la ao St. Mungos a qualquer hora.
Dois passos depois de sair, um pensamento cruzou a mente de Hermione e ela parou abruptamente. Madame Pomfrey deu-lhe um olhar curioso.
– O Professor Snape – Hermione disse em uma voz gélida. – Ele precisa saber.
Os lábios de Pomfrey cerraram enquanto pensava, mas então ela a dispensou: – Ele está descansando agora. Eu vou informá-lo da sua decisão mais tarde.
As costas de Hermione endureceram – Eu acho que eu deveria dizer-lhe isso pessoalmente, você não acha?
Com um suspiro, Madame Pomfrey se rendeu. Os saltos estalaram através do assoalho de madeira enquanto ela a conduzia à ala de isolamento, onde pediu para Hermione esperar um momento enquanto verificava o professor. Algum tempo depois, reapareceu na entrada e fez sinal para Hermione entrar diretamente.
A arcada interna estava aberta, o quarto dele além de fúnebre estava tão escuro como estivera alguns dias antes. Uma forma preta estava sentada na mesma cadeira.
– Professor Snape? Posso falar com você, por favor?
– Eu não posso impedi-la, Srta. Granger. – Vindo de Snape, a observação breve era positivamente suave, mas o fato que ele não a encarava ainda deixava-a inquieta. – Você deveria se deitar – ele adicionou –, a poção que você bebeu fará efeito dentro de uma hora.
– Eu não tomei a poção.
O homem escuro assustou-se ligeiramente, denunciado apenas pela ligeira inclinação da sua cabeça. – Isto é extremamente tolo, Srta. Granger. Você não pode ser responsabilizada pelo que lhe aconteceu, e você não deve arcar com as conseqüências daquela noite. Não deixe o sentimentalismo grifinório nublar seu julgamento.
– Eu não tomei esta decisão por sentimentalismo, ou moralidade, ou qualquer coisa a não ser minha própria vontade. Todos insistem em dizer que a decisão é minha, e eu não vou mudá-la. Eu apenas quis deixá-lo ciente deste fato.
– E agora que eu estou ciente, o que você quer de mim?
Sua irritação acendeu, matando de maneira eficaz qualquer simpatia que ela tivesse por aquele homem. – Eu não quero nada de você, professor. Eu não estou pedindo nada, e eu não espero nada de você. O professor Dumbledore disse que você tinha o direito de saber, e eu concordei.
– Você considerou, Srta. Granger, que ter um filho de um Comensal da Morte é um convite certo para uma calamidade?
– Eu não tenho nenhuma intenção de deixar ninguém saber quem é o pai, professor Snape. Acho que somos muito escrupulosos para que mesmo uma parte da verdade venha à tona.
Snape assentiu secamente. Hermione virou-se para sair, mas voltou quando outro pensamento lhe ocorreu.
– Professor Snape?
– Eu estou cansado, Srta. Granger.
– Eu queria lhe perguntar sobre a sua versão dos eventos na noite do Halloween. – ela interrompeu, sem rodeios.
O silêncio foi a resposta às suas palavras, e Snape arqueou-se ainda mais sobre si mesmo. – Sua memória vai retornar, Srta. Granger – ele disse após um momento. – Eu dificilmente vejo motivo para retornarmos a essa história pelo do meu ponto da vista.
– Eu compreendo que isso é difícil para você – ela conseguiu dizer. – Mas não mais do que é para mim.
Ele olhou de relance para ela, e então se afastou. – O que Dumbledore lhe contou?
– Que eu fui atacada por Comensais quando deixei o Três Vassouras naquela tarde. Que você foi chamado para juntar-se a eles, e que Lucio Malfoy virou-se contra você e lançou-lhe uma maldição Império.
Snape assentiu. – Basicamente, foi isso o que aconteceu. Se você deseja saber os detalhes mais desagradáveis, Srta. Granger, eu recomendo que você espere sua memória retornar. Eu garanto que você não vai lamentar não ter ignorado tudo por um período maior, de fato, você desejará nunca ter recuperado as memórias daquela noite.
– É só que eu não recordo de nada. Eu simplesmente acordei no outro dia e descobri que estava grávida.
– E eu digo-lhe novamente que esta é a melhor opção. Isso é tudo, Srta. Granger?
– Não, professor, não é – ela revidou, sentida por sua dispensa. Se você vai continuar se martirizando, por favor, faça-o de uma vez. Saia deste seu sistema. Há uma guerra acontecendo.
– Foi o que eu ouvi – ele respondeu com uma voz apagada. Hermione ficou chocada com seu ataque de raiva, mas explodiu:
– Eu quero também dizer que não o responsabilizo por qualquer coisa você tenha feito naquela noite. O professor Dumbledore me contou que você estava sob uma maldição Império, e não era responsável por seus atos. Após refletir um pouco, eu concordei com ele. Eu posso nunca ter gostado muito de você, mas eu sempre o respeitei. Não pense que eu mudei de idéia, mesmo depois do que aconteceu.
Um outro assentimento duro respondeu à sua explosão. Com toda a dignidade que conseguiu juntar, Hermione deixou à divisória farfalhando, imitando inconscientemente a marca registrada dele. Quando passou por Madame Pomfrey, a mulher mais velha deu-lhe um olhar escandalizado, mas Hermione ignorou-a no seu caminho para fora da porta.
Por um longo tempo depois que ela já havia saído, Severo Snape olhava fixamente para a entrada vazia, perdido em seus pensamentos.
N/T- Espero que vocês estejam gostando!
sempre grata a minha beta Bastet pelo trabalho de betagem.
Comentários (1)
Acho que tem algo errado nessa história!!! kkk
2014-03-31