A Memória Persistente.



Na verdade, Charlie não tinha certeza exatamente do que o havia acordado de repente no meio da noite. Mais tarde, ele poderia pensar que havia sido uma vaga sensação de mal-estar, o sentimento de que tudo não estava bem com o mundo. No entanto, o mais provável, foi um súbito desejo por biscoitos de chocolate.

Ele levantou-se e pulou dentro de uma calça de pijama de flanela e uma camiseta, e desceu as escadas para a cozinha, caminhando em silêncio com os pés descalços. Ele atravessou da sala-de-estar para a cozinha, e ascendeu o fogo sobre o bule no fogão com uma leve pancadinha de sua varinha e um murmuro “incendius”. Preguiçosamente, ele Convocou um pacote de biscoitos do armário e começou a comê-los metodicamente, dando uma olhada com distração para o relógio na parede, como ele sempre fazia. Ele estava atrasado, ou adiantado dependendo como alguém olhava para ele, ele podia perceber através da janela que o céu lá fora estava cinza brilhante. Parecia também como se tivesse acabado de chover.

A chaleira tinha começado a ferver. Ele levantou sua mão e a puxou para fora do fogão - então parou, e olhou de novo para o relógio na parede.

Bang! A chaleira caiu no chão quando de repente os dedos inertes de Charlie liberaram seu aperto no cabo, e água fervente respingou no seu pé, mas ele dificilmente reparou. Ele já estava cruzando o cômodo rapidamente em direção a parede quando o relógio forjado de ouro parou de funcionar, inclinando sua cabeça para trás, e olhando para o relógio com uma incompreensão que beirava o choque.

Havia um ponteiro de outro para cada nome de uma criança Weasley ou para os pais cravado nele - o de Percy dizia “trabalho”, o de Bill, “casa”, e o de Fred e George parecia ser “em uma festa selvagem. Não esperem acordados!”. E havia seu próprio ponteiro, firmemente colocado em “visitando família”.

E então tinham os ponteiros que diziam Ron e Ginny. Nem dos dois estava marcando “em casa”, ou “viajando”, ou ainda “perigo mortal”. Em lugar disto, eles estavam fazendo algo que Charlie nunca tinha visto antes - se mexendo em círculos ferozes varrendo a face do relógio, repetidamente, sem direção e incessantemente, como se seu pequeno irmão e irmã estivessem indo para algum lugar, para algum lugar tão longe que nem a mágica do relógio era capaz de encontrá-los...

***

Quando Ginny virou o Vira-Tempo, o mundo desapareceu sob pés de Hermione. Foi como usar o Vira-Tempo que McGonagall tinha dado a ela, e ao mesmo tempo não, foi como se este sentimento tivesse se amplificado cem vezes. Ela experimentou a si mesma em um fundo furta-cor como se fosse arremessada de um canhão, tudo girando atrás de seus olhos em uma mistura de cinza. Ela levantou sua mão e pegou alguma coisa - a mão de Ron - ela agarrou os dedos dele e os segurou com uma terrível força. Ela o sentiu segurando a mão dela em resposta, e um alívio desesperado a inundou - Ron estava vivo, ele retornou a apertar a mão dela, ela não estava sozinha. Ela respirou de alívio - ou pelo menos tentou.

Não havia ar. Ela respirou de novo, em descrença, mas seus pulmões estavam vazios. Eu estou morrendo, ela pensou, e um medo desesperador correu pelas suas veias. Sentindo isto, ela lembrou de Harry. Ela não podia morrer. Ela tinha que ficar viva por Harry, para protegê-lo. Sem ela, Harry poderia morrer. Este Harry que sobreviveu o segundo ano da vida dele em tudo provou que foi possível manter alguém vivo os amando bastante.

Sua visão foi de repente dividida em cacos de luz azul, e na segunda divisão ela viu Harry, de fato ela o viu, tão claramente como se ele tivesse parado diante dela. Ele estava sentado com suas costas para uma parede azul, suas mãos atrás dele, e suas roupas estavam rasgadas como se elas tivessem sido retalhadas pelas garras de algum animal selvagem. Seu corpo magro sucumbiu como se ele estivesse exausto, e ela não podia ver seu rosto - sua cabeça estava arqueada, seu rosto escondido pelos cabelos negros, e ele estava … coberto de sangue.

Ela se jogou na direção dele, mas a visão desapareceu, o mundo se selou novamente. Ela sentiu a mão de Ron raspar na sua, mas seus dedos escorregaram, tacando brevemente agora - e ele se foi.
Não! Ela tentou pegar Ron com sua mão, mas ela não podia nem ver nem sentir nada além do que um puxão, uma névoa cinza gélido, e a corrente do Vira-Tempo em volta do seu pescoço -.

“Oh!” Hermione arfou em voz alta quando de repente a névoa cinza sumiu e ela foi arremessada duramente, batendo suas mãos no chão. Seus joelhos desmoronaram e por um momento ela permaneceu imóvel, apenas pegando ar, seus olhos comprimidos fechados.

Quando ela os abriu, a primeira coisa que viu foi um céu azul brilhante. Isto foi desconcertador. No entanto, nem tão desconcertador quanto a percepção de que ela não estava mais conectada a Ron e Ginny através da corrente do Vira-Tempo.

Ela se arremessou no chão, sentando e olhou para tudo em sua volta desordenadamente.

Cascalho. Ela estava sentada entre uma massa de cascalho, remanescentes de alguma estrutura gigantesca que tinha sofrido um maciço episódio de destruição: pedras quebradas e vidros esmagados espalhados pela terra; os troncos das árvores arrancados do chão, suas raízes apontadas para o céu. O ar carregava um cheiro de madeira queimada: piche pegajoso, cedro sendo queimando impetuosamente. Gigantescas listas nas pedras quebradas mostravam onde tinham estado um dia as paredes: uma ainda estava ornada com os pedaços remanescentes de tapeçaria, a outra ostentava uma escadaria que terminava abruptamente em direção ao céu.

Os olhos de Hermione viram tudo isto como se escaneasse a cena, mas ela dificilmente percebeu isto. Ela estava procurando, seu coração aos pulos…

Lá. Um relâmpago vermelho.

Ela se levantou e correu em direção a ele, vacilante sobre as pedras quebradas do pavimento e pedaços deformados de metal que pareciam como se tivessem sido derretidos por alguma grande explosão. Quase tropeçando sobre a grande pilha de pedras esmagadas, ela contornou uma esquina e viu Ron.

Ele estava ajoelhado sobre ums pilha de pedras quebradas, olhando ao redor com uma triste expressão. Hermione voou sobre ele e jogou seus braços ao redor dele e o abraçou impetuosamente antes que ele tivesse um segundo para reagir.

"Oww..gerroff Hermione. Nao precisa me sacudir. Eu não sou um Martini,” ele disse, parecendo quase satisfeito, de qualquer forma. “Eu estou bem. Eu aterrissei bem. Por um segundo ali eu achei que deixado cair a Capa de Invisibilidade,” ele acrescentou, puxando brevemente a Capa prateada de seu bolso e a mostrando para ela antes de enfiá-la de volta no bolso. “Eu dei um giro horrendo”.

Ela o libertou, e sorriu - Ron estava todo coberto de poeira e cinza que seu cabelo vermelho flamejante estava listado de branco, e ele estava indescritivelmente imundo. Ele imediatamente pareceu saber exatamente por que ela estava rindo.

“Você parece estar tão ruim quanto eu estou,” ele apontou, esfregando sua bochecha com a parte de dentro de sua manga que serviu para redistribuir a poeira sem de fato removê-la. “Não acredito que você não esteja”.

Mas Hermione voltou a realidade rapidamente. “Ginny--".

Ron empalideceu debaixo das camadas de poeira. “Ela não está com você?”.

“Eu estou aqui,” veio a voz de Ginny. Hermione virou-se e viu a figura magra de Ginny escalando um troco de árvore arrancado. Como Ron, ela estava imunda, seu rosto e braços listados de preto com cinzas e sujeira. “O que aconteceu aqui?” ela perguntou de mau-humor, jogando seu cabelo flamejante para trás. “Parece que Fred e George colocaram para funcionar o grande mundo de Filibuster Firecracker”.

“Conseqüências de uma batalha mágica,” disse Hermione resumidamente, e tremeu. Estava frio, a despeito do brilho do sol. Ele identificou isto como uma luz do sol de inverno. O que fazia sentido - se um tempo virou podendo levá-los de volta para uma época, certamente isto poderia levá-los de volta para alguma estação do ano. Ela apenas desejou que ela tivesse vestido algo mais quente.

“Deve ter sido uma puta de uma batalha,” disse Ron, parecendo impressionado. “Eu nunca tinha visto nada tão destruído. Deste jeito que está, um impacto direto de um meteorito poderia contar como benfeitoria para esta região”.

“Mmm,” concordou Hermione, não realmente escutando.

Ron esticou seu braço e tocou a bochecha dela levemente. “O que é, Hermione?”.

“Eu estou apenas me perguntando onde está todo mundo. Por que queria o Vira-Tempo nos trazer de volta para um lugar onde tudo está destruído? Nós devemos ter chegado depois da batalha como Salazar...”.

“Onde nós estamos?” perguntou Ginny, olhando em volta.

“Exatamente onde estávamos,” disse Hermione. “O Vira-Tempo nos move no tempo, não de lugar. Então, parece que seu pai estava certo - A Toca foi um castelo, algum dia. Apenas foi destruído até as suas fundações. Mas deve haver algum sobrevivente...”.

“Sobreviventes!”.

Por um momento, Hermione pensou que estava escutando um eco. Então, olhando para cima, ela viu alguém se equilibrando sobre o declive da rocha arrancada onde ela, Ron e Ginny estavam em pé.

Instintivamente, ela foi para trás, tentando empurrar Ron e Ginny para trás dela. A luz do sol estava atrás da pessoa em pé acima deles, então ela podia ver claramente apenas a linha de sua vestimenta de bruxo ou bruxa, a varinha em punho, olhando para baixo, para eles. “Sobreviventes!” a pessoa gritou novamente - era a voz de um garoto - e Hermione percebeu que ele estava falando sobre eles. “Vocês estão bem aí embaixo?” ele chamou.

“Nós estamos bem,” Hermione falou de volta. “Mas, nós não somos sobreviventes...eu quero dizer, não literalmente. Nós--".

Aparentemente, o garoto decidiu que esta afirmação merecia mais investigação. No espaço de um instante, ele tinha saltado para baixo de sua rocha e aterrissou levemente com seus pés diante deles, ainda segurando sua varinha.

Hermione fez um pequeno som como se limpasse sua garganta, e o encarou.

Era Harry.

Mas não era Harry como ele era agora, não o Harry de quase dezessete anos quem até agora a assustava com o seu crescimento e o fato de que ocasionalmente (nem tão freqüente) ele precisava se barbear. Este era Harry como ele tinha sido na primeira vez que ela o viu, pequeno e magro e com onze anos, com seus olhos verde-escuros, o maior traço de seu rosto ainda redondo com os últimos vestígios da infância. Mas este garoto não tinha os olhos verdes; não usava óculos, e na sua testa não tinha nenhuma cicatriz. Como um jogador de Quadribol da Gryffinória, suas vestes de bruxo eram escarlates, ainda que possuíssem um corte antigo. E talvez a coisa mais surpreendente sobre ele era que ele os olhava com nenhuma surpresa.

“Vocês são os Herdeiros, não são?” ele disse, levantando seus olhos marrons muito levemente. “Eu estive esperando por vocês”.

***

“Demônios, Demônios, Demônios?” Narcissa disse, empurrando o pesado livro de volta para Sirius que estava do outro lado da mesa. “Quê título”.

“Isto é o que eu disse,” Sirius deu uma risada. Narcissa sorriu de volta para ele. Ele parecia dez anos mais jovem do que ele tinha esta manhã - ainda preocupado, as linhas de tensão em volta de sua boca e seus olhos, e ele repetidamente checava o bracelete preso em volta de seu pulso para ter certeza de que o Encantamento Vivicus estava ainda produzindo luz, mas o olhar sem esperança de manhã tinha ido embora de seus olhos. Ela sabia que isto ocorreu devido ao fato de que Lupin estava bem, e estava feliz por ele.

Ela tocou a capa do livro que ele tinha levado ligeiramente para o andar superior com a palma de sua mão. “Onde você pegou isto, de qualquer forma?”.

“Snape,” disse Sirius, parecendo satisfeito com ele mesmo.

“Você contou para ele sobre o demônio na cela?” Narcissa estava surpresa.

“Bem, isto apareceu na conversa. “Então, Sirius, como vão as coisas? O que você esta dizendo? Um servo do inferno pegou você? Eu tenho um livro para você?””.

“De alguma forma, isto não soa com alguma coisa que Severus poderia dizer”.

“Severus,” imitou Sirius bem humorado. "Ikkle Sevvie. Eu não tenho escutado ninguém chamá-lo de Severus, exceto Dumbledore, por anos. Não que eu não o chamasse assim--".

“Não,” disse Lupin, aparecendo na porte de entrada, “se eu me lembro, você usava chamá-lo de Cara de Idiota”.

“Bons dias,” admitiu Sirius amigavelmente, girando para cumprimentar seu amigo. Lupin tinha colocado roupas limpas para substituir as que ele tinha rasgado durante o Chamado, e ainda que, de maneira nenhuma ele pudesse ser descrito como alguém de aparência relaxada e descansada, ele parecia muito melhor.

“Você está pronto para ir?” ele perguntou a Sirius.

Sirius confirmou com a cabeça.

“E onde é que vocês dois vão?” Narcissa intrometeu-se na conversa com aspereza.

“Godric´s Hollow,” respondeu Sirius, ficando em pé. “Remus tem uma teoria de que o baú que combina com a minha Chave está em algum lugar em Hollow. E eu acho que ele pode estar certo”.

“Godric´s Hollow?” Narcissa olhou para Sirius. “Não é lá que...?”.

“Sim,” ele disse de maneira suscita, colocando sua longa capa cinza de viagem.

O tom de Sirius desencorajava perguntas, então, ao invés disto, Narcissa ficou de pé, colocou suas mãos nos ombros de Sirius, e deu um beijo nele de despedida. “Volte logo”.

“Eu voltarei. Me envie uma coruja se você achar alguma coisa de interessante no livro”.

“Eu enviarei,” ela disse, e acenou para ele enquanto ele Desaparatava, junto com Lupin.

Narcissa ficou parada por um momento, olhando para o lugar que Sirius estava antes de desaparecer. Ultimamente, ele tinha começado a parecer menos como um noivo e mais com uma infreqüente visita. Ela sabia que ele não tinha escolha, e apreciava tudo o que ele estava fazendo para ajudar Draco; sabia que ele estava preocupado com seu filho também pegando alguma aflição dela. Ainda assim, ela sentia saudades dele, quando ele ia embora. Sirius tinha muitas coisas que Lucius não tinha - era engraçado, quente, generoso, e geralmente agia sem violência.

E, é claro, não era nada ruim que ele fosse absolutamente sexy.

***

Harry estava sentado no chão da cela com seus braços para trás. Ele não tinha muita escolha - ele não podia ver suas amarras, mas suas mãos estavam algemadas atrás dele, ligadas por uma longa corrente de adamantio redonda afundada profundamente no chão. Ele não podia se colocar de pé, e não podia se mover mais do que um passo para longe da parede. Não era confortável - ele estava todo dormente, suas roupas estavam rasgadas e encharcadas de sangue. E seu cérebro estava latejando.

A cela estava como tinha estado antes. A mesma mistura de mobiliário de aparência estranha, o mesmo gigantesco armário. Os guardas que o tinham arrastado para lá tinham atirado sua espada em um canto do quarto. De onde ele estava sentando, ele podia vagamente ver o cintilar do rubi ornando o punho.

Ele escutava a voz de Draco na sua cabeça, divertido, rindo. “Não é necessário apenas saber como segurar uma espada, Potter. Você tem que saber qual extremidade fere o inimigo”. E a mesma voz lenta, com uma inflexão levemente diferente. “O que você quiser fazer com ele. Isto não me interessa”.

Harry fechou seus olhos, tentando bloquear de sua mente as outras coisas que esta voz dizia. Coisas sobre seus pais. A memória disto não mais o fazia sentir raiva, ao invés disto, abria um profundo e sombrio poço de tristeza dentro dele que ameaça dividir seu peito em dois. Ele não tinha sentido esta infelicidade com alguma coisa antes...bem, quando ele tinha pensado que tinha perdido Hermione para sempre, a perdido para Draco por causa de sua própria estupidez e cegueira. Ele recordou d’ele em pé, do lado de fora de Hogwarts na chuva, segurando a estúpida gata de Hermione, que estava rangendo e arranhando seu peito, e viu ela e Draco descendo correndo as escadas. E ele os odiou. E percebeu que a pior emoção que ele poderia já ter sentido era: nem tristeza ou culpa ou agonia física, mas a dor de odiar a pessoa que ele mais amava no mundo.

Ele estava enganado, de qualquer forma. Ele não tinha perdido Hermione. Draco tinha, e ele a amava tanto quanto Harry. Ou quase tanto quanto. E Harry sabia, percebendo isto agora, que ele podia ter percebido isto antes se ele tivesse parado para pensar sobre isto, que se tivesse sido ele no lugar de Draco, ele nunca teria lidado com a perda dela com metade da graça que o outro garoto tinha feito. Talvez, o amor-próprio não fosse sempre uma falha, quando isto dá a você força para sacrificar o que você amou.

Um frágil lampejo de alguma coisa parecida com culpa se espalhou e morreu sob suas costelas. Ele ainda estava furioso com Draco pelo o que ele tinha dito sobre os pais dele. Muito mais furioso com ele por contar a verdade do que se ele tivesse inventado alguma mentira para fazer raiva nele. O que deu direito a ele de ocultar uma informação como esta? Que ele tinha encontrado os pais de Harry, tinha falado com eles? Tudo bem, não os pais dele de verdade, apenas sombras deles, mas ainda assim. Harry teria dado qualquer coisa apenas para ver as sombras de seus pais como eles tinham sido quando estavam vivos. Havia uma certa ironia sombria no fato de que tenha sido Draco a falar com eles, mas Harry não estava certamente com humor para apreciar isto.

Ainda havia uma pequena e irritante voz no fundo de sua cabeça que disse que Draco apenas tinha feito o que ele também teria feito. Ele não parecia particularmente feliz ao fazer isto, ao contrário, na verdade ele parecia destruído. Tanto quanto Harry imaginava, ele parecia como se tivesse ferido Hermione, ou Ron - Ele deu um solavanco contra suas correntes quando sua visão de repente ficou obscurecida e o mundo descascou no centro como uma laranja. Como se convocados pelos seus pensamentos, ele repentinamente viu Ron, e Hermione tão claramente como se eles estivessem parados diante dele. Ele escutou o chiado agitado do vento, viu que Hermione estava segurando a mão de Ron com força e os olhos dela estavam procurando, vasculhando, olhando - ela parecia repentinamente vê-lo; ela puxou com violência sua mão da de Ron e gritou seu nome , “Harry!”.

O mundo fechou-se novamente. E Ron e Hermione tinham ido, sumiram como se ele nunca os tivesse visto, e o único som que permaneceu no cômodo foi a da sua própria respiração áspera e a pancada das correntes em seus pulsos. Ele piscou e balançou a cabeça negativamente. Pequenos diamantes negros de exaustão mancharam sua visão, mas de qualquer forma, ele não viu nada pouco comum. O cômodo estava vazio, como tinha estado instantes antes. Com alguma coisa próxima de um sorriso, ele lembrou da voz de Ron falando para ele, Escutar coisas que não estão lá não é um bom sinal, Harry, nem mesmo no mundo dos bruxos.

***

Foi exigido dos guardas apenas um instante para arrastar Harry para fora do cômodo. Isto poderia ter levado mais tempo se ele tivesse lutado contra eles. Mas ele não lutou contra eles. Ele os deixou levá-lo, e ele olhou para trás já perto da porta, olhou de volta em direção a Draco mas Draco não olhou e Harry não pareceu ver Fleur olhando para ele, tampouco. Ela não estava certa se queria encontrar seu olhar, tampouco. Ela tinha a sensação de que sabia como ele olharia para ela. Com raiva em cada linha de seu rosto, como se ele tivesse olhando para Draco...

Ele virou-se para Draco e para seu mestre, o homem que ela estava ligada, quem drenava poder dela com cada respiração que ele dava como um fio prateado enrolado em um carretel. Slytherin se colocou de pé com o seu Herdeiro diante do corpo morto da manticore. Ele o levantou alto, acima da cabeça e o abaixou, duro e rapidamente, e retalhou a barriga do mostro por sobre a sua armadura tão facilmente como uma faca fatiando um pão de forma.

Fleur sentiu um pequeno toque começando em suas orelhas. Ela estava cansada, tão cansada. Salazar e Draco começaram a se movimentar diante dela como se ela estivesse usando óculos instáveis. Slytherin puxou sua espada arrancando o braço do mostro fora e abrindo a barriga da manticore, derramando sangue por todo o chão como uma fonte e ela viu Draco olhar para cima e para ela quando o sangue correu em direção a ela. Então, o mundo ficou de cabeça para baixo e o chão a atingiu, duramente. E então houve uma escuridão.

Fleur acordou lentamente, flutuando para fora do estado de inconsciência em direção a luz. Ela estava deitada sobre alguma coisa macia, e olhando para os lados, ela percebeu que era uma cama. Muito devagar, ela se sentou, sentindo pontadas de dor em seu pescoço, dorso e ombros quando ela fazia isto.

Ela soube imediatamente onde ela estava: o quarto em que ela havia dormido na noite anterior, e a noite antes desta, ainda que a cama tivesse sido feita e ela estivesse deitada por cima das cobertas, que eram pesadas, de um material preto aveludado. Grandes retalhos do mesmo material preto estavam enrolados nas pernas da cama, e cobriam a janela, deixando o quarto clareado apenas por uma luz branda de tochas de metal dependuradas na parede. A espada prateada e verde de Draco estava apoiada contra a parede. Uma tapeçaria que tinha pintado nela uma gigantesca cobra verde estrangulando um leão estava dependurada na lareira, na qual uma chama de fogo flamejava em dourado e vermelho.

Sentado próximo ao fogo, meio-escondido nas profundezas de uma enorme poltrona, estava Draco.

Ele tinha tido obviamente tempo para se lavar e se limpar: seu cabelo prateado brilhava limpo e claro e se enroscavam em cachos úmidos contra a sua têmpora, e ele tinha lavado o sangue de suas mãos e rosto. Ele estava muito pálido, seus olhos escuros e manchados com sombras azuis, mas ele parecia controlado. Ela lembrou de tê-lo visto, na primeira vez que ela foi a Hogwarts, sentado na mesa da Slytherin próximo a Viktor Krum. Ela não tinha contado para ele quando ela o viu de novo neste verão que ela lembrava dele, porque ele tinha mudado tanto que estava quase irreconhecível. Não que ele parecesse muito diferente mas ele simplesmente estava diferente, um pouco estranho, um pouco incipiente, ela não podia definir totalmente.

Ele levantou suas sobrancelhas para ela. “Você está acordada? Isto foi totalmente um desmaio dramático que você executou. Muito bem”.

Ela se sentou, colocando os braços dela em torno de si, e tremeu. “O que você está fazendo aqui, Draco?”.

“Eu estava percebendo que este era meu quarto”.

“Este é meu quarto”.

Ele forçou um sorriso, um sorriso estreito, apertado, como a lâmina de uma faca. “Aparentemente isto significa que nós teremos que dividí-lo. Isto não é doce? Eu teria registrado uma queixa sobre esta situação de morar num quarto, mas eu estou muito ocupado tentando não ser assassinado pelo Cara Morto para fazer isto”.

“Não o chame assim”.

Draco colocou uma perna sobre o braço da cadeira e se inclinou para trás. A luz das tochas atingiu seu cabelo prateado com faíscas brilhantes. “Eu o chamarei como eu quiser”. Ele deslisou seus olhos para o lado, passando por ela, e ele forçou um sorriso desagradável. “Não é isso mesmo?”.

Fleur deu uma olhada para onde a contemplação dele tinha ido, e viu, sem surpresa, um dos servos vestidos de cinza de Slytherin em pé em um canto do quarto, silencioso, o rosto escondido pelo capuz. Eles andavam sempre em três, estes servidores, ela parou de reparar a presença deles.

De repente, Draco pulou de sua cadeira, um bonito salto que o pôs de pé e dentro de segundos ele cruzou o quarto. Ela sempre admirou o quão gracioso ele era, a fazendo lembrar de alguns de seus primos veelas que pareciam mais flutuar do que caminhar.

Ele se aproximou do servo vestido de cinza, e coçou a garganta.

O servo olhou para ele, seu rosto ainda escondido sob a pesada sombra da dobra do manto, e nada disse.

“O que você é?” perguntou Draco, com uma curiosidade felina. Ele abaixou sua cabeça, tentando ver sob o capuz. “Vampiro? Metamórfogo? Ou um pequeno, triste e patético lobisomem?” O servo levantou sua cabeça ao mesmo tempo em que seu capuz deslizava para trás e Fleur capturou um vislumbre desagradável de uma pele escamosa, branca e grandes olhos vermelho-rosados. Ele estava olhando para Draco com medo. “Aha. Criatura asquerosa, origem desconhecida. Isto parece ser tudo o que eu consigo dizer de você com estas partes. Você foi Chamado para cá?”. A criatura estava em silêncio. “Eu implorei a você para partilhar...não?” Draco deu uns passos para trás, seu olhar de consideração se transformando em um olhar homicida. “Bem. Então saia daqui”.

O servo não se moveu.

“Eu disse saia daqui,” disse Draco arrogantemente, todos estes anos tendo elfos domésticos realizando cada capricho dele, levantando e entonando sua voz. “Eu sou Herdeiro de Slytherin, você sabe. Eu comandarei os exércitos do Lorde das Cobras. Isto talvez te ensine a ficar do meu lado, o lado bom”.

“Meestre...” ele começou em um tom de voz quase triste.

“Este é o espírito”. Draco parecia aprovar tal atitude. “Agora saia daqui. Vá correndo para mim em uma pequena missão. Me traga um Mai Tai”.

A criatura parecia desnorteada. “Um Mai Tai?”.

Draco ascenou com a cabeça energicamente. “Um Mai Tai. Com uma sombrinha. E não volte até você ter um. Eu não me importo se você tiver que ir a Londres por isto. Eu sou o Herdeiro de Slytherin e meus caprichos devem ser satisfeitos”. Ele foi devagar, parecendo duvidoso. “Esta bem. Trote agora,” disse Draco, fechando a porta depois que ele passou. Então ele parou, e olhou de volta para o lado da porta. “Não esqueça a sombrinha!” ele mugiu. “E tenha certeza que seja uma sombrinha verde!”.

Ele bateu a porta e virou-se para Fleur. “Eu deveria ter pedido um drink para você? Eu poderia ter pedido, mas você não merece isto. Enfim, nós estamos sozinhos finalmente,” e o olhar que ele deu para ela era desagradavelmente especulativo. “Nós não estamos?”.

“Você nunca está realmente sozinho, não aqui”. O coração dela estava batendo dolorosamente rápido. Ele respirou profundamente, e um pouco devagar. “Draco...”.

“O quê?” Ele estava encostado no batente da porta, olhando para ela. Sua expressão não era agradável.

“Você estava falando sério sobre o fato de ser comandante/líder dos exércitos dele?”.

Draco deu de ombros, cruzando seus braços sobre seu peito. “Assim ele disse, depois que você desmaiou, portanto eu suponho que você não se lembre. De acordo com a profecia, ele e eu estamos destinados a governar o mundo juntos. Eu me tornarei um general com um elegante e justo uniforme. Se não conhecido como O Chefe do Cargo de Execussão de Pessoas que Slytherin não gosta de ver pela frente. Ainda que eu tenha esperança de que ele não ambicione me vestir de cinza fora de moda”.

“O que mais aconteceu?” ela disse em voz baixa. “Depois que eu desmaiei? Ele estava apunhalando a manticore...”.

“Ele o abriu cortando,” disse Draco categórico. Ele descruzou seus braços e voltou para a poltrona, se jogando sobre ela. “Ele o abriu cortando e ele pegou alguma coisa de suas tripas. E então vieram seus servos e eles nós trouxeram para cá. Eles carregaram você....espere um segundo,” ele acrescentou, sua expressão se escurecendo, “não era eu quem deveria estar fazendo perguntas para você? Eu estou supondo que você não sabe o que está acontecendo?” Ele balançou sua cabeça, inclinando para trás. “Eu não devo a você nenhuma informação”.

Devagar, ela mexeu suas pernas para o lado da cama e as testou. Elas pareciam ser capazes de sustentá-la. Ela colocou-se de pé e foi em direção a Draco e se ajoelhou ao lado de sua cadeira. Ele parecia assustado pela proximidade dela, mas ele não se moveu. Havia um tipo de calma desconfiada nele, um tipo de calma assassina que poderia ter a deixado apreensiva em outras circunstâncias, mas ela estava muito assustada com a situação deles para sentir isto. “Eu não sei!”. As palavras saltaram de seus lábios antes que ela pudesse reté-las. De repente, isto era de uma monumental importância para ela, que ele soubesse a verdade. “Eu não sei - ele me disse que ele queria vocês dois para matar o monstro, isto foi tudo, ele nunca me disse nada sobre os planos além disso, ele nunca falou sobre Harry--".

“Eu não acredito em você,” rosnou Draco. “Eu aposto que ele falou para você o que ia exatamente acontecer--".

“Não! Ele não --".

“E você nos arrastou através do labirinto e então você nos deixou lá, com esta manticore para morrer”. Sua voz veio como uma explosão chiada, seus olhos cinzas brilhando de fúria.

“Não--eu não sabia que tipo de monstro estava lá, eu juro isto”.

“Mas você sabia que tinha um monstro lá, não sabia? E eu estou certo que você está contando a verdade. Espere um minuto, não você não está. Porque você é uma vaca mentirosa e você teria me vendido fatiado no Beco do Tranco (Knockturn Alley) se você pudesse ganhar bastantes galeões com isto”.

Fleur resistiu a urgência de dizer a ele que ela desconfiava que ela daria mais Galeões por algumas de suas partes do que por outras.

Em vez disto, ela disse, “Não foi por mim que eu fiz o que fiz. Foi pela minha pequena irmã, por Gabrielle--".

“Eu não quero ouvir mais nenhuma de suas mentiras,” ele falou abruptamente, a cortando. “Me dê uma informação útil ou saia da minha frente. Esta é a sua escolha”.

Remotamente, ele se perguntou por que ela não quis esbofetear seu rosto. Foi porque ela estava tão cansada, tão cansada que ela mal podia ficar em pé? Ou porque ela sentia uma necessidade de fazer algo, alguma coisa para expurgar o olhar no rosto de Harry quando os guardas o rodearam...

Informação útil? Ela levantou seus olhos para Draco rapidamente. Seu rosto estava imerso na sombra, a luz flamejante do fogo da chama do feitiço Epicyclical tão brilhante que parecia queimar no fundo de sua garganta. “Draco, você deve se preparar. Ele virá ver você logo, e então isto será...difícil”.

“Difícil?”.

“Ele testará você. Sua força. Ele mostrará a você coisas...coisas terríveis, coisas que você não pode nem imaginar”.

“Eu posso imaginar algumas coisas bem ruins”. Draco completou com um dar de ombros. “Ora, eu vi Severus Snape de pijama. Nada pode me aterrorizar mais”.

Sem pensar, ela levantou sua mão e agarrou seu pulso. “Eu estou falando sério”.

“E eu também”. Havia um divertimento febril e malicioso nos seus olhos prateados-escuros quando ele olhou para ela. “Este pijama, ele tinha pequenos corações nele. Era horrível”.

“Estas coisas são piores. Elas são tão ruins que você pode morrer com elas”.

Draco não respondeu por um momento. Então, ele se inclinou em direção a ela, tão próximo que ela podia sentir a respiração dele nos cabelos dela, e disse calmamente, “O que importa para você se eu morrer?”.

“Eu me importo--".

“Não, você não se importa”. Sua voz estava calma, seus olhos nos dela especulativamente. “Eu não costume me enganar com as pessoas,” ele disse. “Eu estava errado sobre você. Eu não irei perdoar você por isto”.

“Eu disse para você. Isto não foi minha culpa”.

Ele deu uma pequena tossida rindo. “Não é sua culpa? Okay, um de nós bebeu e eu estou triste em dizer que não foi eu”.

Ela levantou sua mão de novo e pegou a manga dele. “Me deixe explicar, me deixe contar para você por que -minha irmã --".

Ele tirou a mão dela tão violentamente dele que a mão dela bateu contra a ponta da mesa, mandando um choque de dor para seu braço. “Não me toque”.

“Eu sei que você percebe que isto é mentira -".

“Sim, bem, isto deve ser porque você mentiu para mim. Engraçado como estas coisas funcionam”.

Um repentino lampejo branco de raiva ascendeu dentro dela, e ela podia sentir sua respiração se tornar curta. É claro, isto estava acontecendo freqüentemente, nestes últimos dias. “Você é a pessoa certa para falar sobre mentiras,” ela sibilou. “Depois que eu vi você virando as costas para a única pessoa na sua vida que já foi um amigo para você”.

Draco empalideceu. Ela viu sua mão ir para trás e se perguntou por um momento se ele iria acertá-la, e resolveu que se ele fizesse isto, ela deveria acertá-lo de volta. E então, uma voz passou cortando com um zunido de raiva e exaustão na cabeça dela, uma voz que os manteve fixos no lugar, imóveis como borboletas presas dentro do copo.

“Criança,” disse Salazar da porta da entrada. “Quando vocês terminarem de....lutar um contra o outro, eu requererei a atenção de vocês”.

***

“Esperando por nós?” Hermione repetiu fracamente, ainda estarrecida.
O garoto que parecia o Harry acrescentou. “Não há muito tempo. É melhor você virem comigo agora mesmo”.

“Não tão rápido,” disse Ron, tentando empurrar Ginny e Hermione para trás dele. Isto foi sem sucesso, desde que ambas resistiram ao esforço dele em ser o protetor delas com barulhos murmurados de indignação. “Quem é você? Por que nós devemos ir para algum lugar com você?”.

“Ron,” interrompeu Ginny empurrando seu braço. “Você não consegue ver que ele é igualzinho ao Harry?”.

“E isto automaticamente faz dele alguém digno de confiança? Se ele fosse o sineiro da morte do Professor Vector, você iria seguí-lo até a casa dele?”.

O garoto estava olhando para eles como se eles estivessem loucos. “Quem eu pareço?”.

“Um amigo nosso,” disse Hermione, dando na mão de Ron uma pancada de advertência com os dedos. “Você disse que você estava aqui esperando por nós? Como você sabia quem nós éramos, e como você sabia que nós estaríamos aqui? E você deve ser...deve ser um Gryffindor. Você não é?”.

O rosto do garoto se estreitou. “Godric Gryffindor era meu pai”. Ele olhou para as garotas, e ele gesticulou para elas uma breve saudação. “Meu nome é Benjamin”.

Ginny parecia impressionada. “Ele fez uma saudação formal,” ela disse, cutucando Hermione. “Os garotos não fazem mais isto”.

“Eu fui educado para ser cortês com as mulheres,” disse Benjamin, olhando para elas duvidoso. “Até mesmo se elas se vestem como homens Trouxas”

Ron continuou olhando para ele desconfiado. “Como nós saberemos que você é quem diz que é?”.

O garoto suspirou, e levantou suas mãos para os ombros dele. Ele puxou para frente alguma coisa que brilhou sob o raio da luz do sol - era uma longa e afiada espada em uma bainha de , prateado escuro, toda ornada com desenhos brilhantes de flores e animais e folhas que fluíam juntos da palavra Gryffindor. A bainha da espada estava cravejada de pedras escarlates que compunham a forma de um leão.

Ginny prendeu sua respiração, olhando para a bainha. “Harry tinha esta espada com ele na Câmara Secreta. Esta é a espada de Gryffindor”.

“Sim, é,” disse Benjamin, e olhou duramente para ela. “Você é a Herdeira de Helga. Você parece com ela como ela devia ser quando era mais jovem”.

Ela concordou com a cabeça. “Eu sou Ginny”.

“E você é a Herdeira de Ravenclaw,” ele continuou, olhando para Hermione. “Ela esteve esperando por você”. Seu olhar fixo se voltou para Ron. “E você....o Herdeiro de Gryffindor? Eu não acho que você seja...”.

“Cabeça-vermelha?” colocou Ginny com um sorriso travesso.

“Eu não sou Herdeiro de ninguém,” disse Ron parecendo um grande sofredor. “Apenas mais um ao longo da cavalgada/caminho, aparentemente”.

Benjamin parecia confuso. Hermione colocou rapidamente, “O que você quis dizer quando falou que nós não tínhamos muito tempo?”.

“Nós não temos”. A voz de Benjamin estava baixa. “Rowena...”. Sua voz fallhou. “Você verá quando nós chegarmos a ela”.

Sua voz estava tingida com infelicidade. Ele afastou seu manto vermelho em torno dele e saiu sem olhar para trás. Parando apenas para observar e dar de ombros para os outros, Hermione o seguiu, Ginny e Ron atrás dela.

Benjamin seguiu seu caminho através do cascalho como se isto fosse uma paisagem familiar. Hermione andava desajeitadamente para acompanhá-lo e caminhar perto dele. Ela estava explodindo de curiosidade. “O que aconteceu aqui?”.

Ele olhou para ela incredulamente. Hermione não pode reprimir um pequeno estremecimento. Era bizarro ver tal olhar de olhos negros vindos do rosto de Harry. “A guerra,” ele disse.

“Entre quem?” Hermione estava quase certa de que sabia a resposta, mas ela queria ouví-lo dizer isto.

Derrapando em um aclive com uma confusão de rochas e pedaços de rochas quebrados, Benjamin balançou sua cabeça. “O Lorde das Cobras recrutou um exército,” ele disse. “Ele marchou contra a Casa dos Bruxos e contra aqueles que um dia foram seus amigos...você não sabe de tudo isto? Não é como uma aula de história para você?”.

“Me dê este prazer,” disse Hermione.

O garoto deu de ombros. “Tudo bem. O Lorde das Cobras criou um exército de duendes, metamórfagos, e criaturas híbridas meio-humanas. Todo o mundo bruxo tinha entrado na batalha. Do nosso lado, nós tínhamos os gigantes, unicórnios e os dwarves”.

“E os dragões?” perguntou Ginny, se juntando a eles.

Benjamin bufou. “Freqüentemente, os dragões não escolhem lados. Eles assistem. Eles têm um senso de humor engraçado, os dragões. Mas Slytherin tem algum tipo de controle sobre eles”. Ele parou e olhou em torno dele para um escombro. “Este era o Castelo de Hufflepuff,” ele disse. O que não está queimando até as fundações pelo fogo dos dragões, foi destruído em conseqüência de uma maldição”.
“Que maldição?” Hermione perguntou. Ela não pôde deixar de pensar na maldição que Sirius tinha sido acusado de realizar, que tinha despedaçado uma parte de uma rua e matado vinte Trouxas. Como muito mais forte esta maldição deve ter sido.

“Rowena explicará isto para você,” disse Benjamin quando eles deram a volta por uma esquina formada por uma parede quebrada e saíram para um espaço aberto e ensolarado.

Hermione arfou. A paisagem estava quase reconhecível como aquela que circundava A Toca e Ottery St. Catchpole. Campo aberto se estendia diante dele, até onde os olhos pudessem ver, o céu azul em forma de arco sobre suas cabeças. Salpicando o campo, em grupos e linhas, estavam centenas, possivelmente milhões de tentas de bruxos, algumas pequenas, outras grandes, e de todas as cores do arco-íris. Foi como a cena na Copa do Mundo de Quadribol, no entanto, esta cena de agora era umas cem vezes maior. Bandeiras mágicas estavam estendidas sobre suas cabeças em um balanço com o vento de inverno: ela viu o vermelho de Gryffindor, o azul de Ravenclaw, o dourado de Hufflepuff. As faíscas de fogo das fogueiras irradiavam luz e calor entre as tendas, e ela podia ver uma dúzia de figuras confusas, algumas claramente humanas, outras nem tanto.

"Eu não acredito," exclamou Ron atrás dela, soando impressionado. “Eu tinha visto fotos de campos como este nos livros-texto, da rebelião dos duendes. Eu nunca pensei que eu veria uma ao vivo”.

No caminho para o campo, eles passaram pelo o resto do que tinha sido um fosso e que um dia seria a pedreira. Pedras soltas deixadas lá embaixo, e uma fina camada de água suja cobrindo o fundo. Hermione não podia deixar de olhar quando eles cruzaram o fosso em cima de uma fina placa de madeira. Em algum lugar lá embaixo havia sido deixado um incalculável tesouro, mas ela não estava mencionando o Vira-Tempo que seria um dia de Ginny.

Revelando-se, o campo forneceu mais uma bizarra visão. Hermione, Ron e Ginny estavam bem atrás de Benjamin quando ele seguiu seu caminho através das tendas, tentando ignorar os olhares esquisitos que eles estavam recebendo. Hermione supôs que eles tinham uma aparência bizarra - ela desejava que tivesse alguma outra coisa diferente de jeans e blusa, mas então ela não possuía nenhuma veste de bruxos de mil anos. De qualquer forma, nenhum dos habitantes do campo tinha uma aparência tão comum assim. Ela começou a desejar que ela não tivesse abandonado Trato de Criaturas Mágicas depois do quinto ano - havia todo tipo de besta e pessoas-bestas correndo para lá e para cá, algumas ela reconhecia, outras ela apenas desejava reconhecer. Tinham centauros trotando decididamente e parecendo austeros, orelhas pontiagudas, mulheres arrogantes em longos vestidos de seda que só podiam ser elfas, e um número muito curto, muito felpudo, criaturas de aparência raivosa que estavam sentados em volta das fogueiras do acampamento
fazendo retinir as grandes canecas de bronze umas nas outras e cantando com vozes desafinadas.

Benjamin parou, e com um sussurro de “Espere aqui”, para Hermione e para os outros, mergulhou em uma pequena e azul tenda.

Ron levantou sua mão e tocou os braços de Hermione. “Você parece gelada”.

“Eu estou com frio. Está congelando. E estes pequenos homens cantores estão me deixando nervosa”.
"Dwarves," mumurrou Ron, no ouvido de Hermione. “Eu li sobre eles na aula de história. Pequenos e desprezíveis besouros mas bons lutadores. Deixe-os bêbados, que eles correram em volta da perna de alguém apunhalando o joelho”.

“Eles são formidavelmente felpudos,” colocou Ginny, olhando para os Dwarves com desconfiança. .

“E sexo, feminino e masculino, parece ser opcional,” observou Ron. Como se eles tivessem o escutado, os Dwarves olharam para cima e fitaram os três com os pares de pequenos olhos vermelhos. Um instante depois, eles tinham voltado a cantar mais alto e rouco do que antes.

As chaminés estavam sujas na Senhora McFry.

E eu acreditaria que elas estavam pior na Molly O’Clue.

Mas a chaminé limpa disse, com um brilho nos seus olhos

“Eu tenho uma grande ferramenta aqui para limpar o cano da chaminé!”

Eu posso até ser um minúsculo limpador de chaminé

Com um minúsculo rosto minúsculo

Mas eu carrego uma vassoura que faz chorar a mais forte das garotas

Você não irá me alugar, alugar, alugar o seu fogão?

Benjamin colocou sua cabeça para fora da tenda. “Ela disse que ela quer ver os Herdeiros,” ele disse, olhando para Hermione e Ginny. “Apenas os Herdeiros”. Ele olhou para Ron. “Você terá que esperar aqui”.

“Não”. Hermione balançou sua cabeça antes que Ron ameaçasse dizer alguma coisa. “Nós não iremos sem Ron”.

Benjamin parecia como se ele não acreditasse que a tivesse escutado corretamente. “Vocês não irão o que?”.

“Nós não iremos sem Ron,” Hermione repetiu. “Você não pode dizer isto para ela?”.

Benjamin deu um passo para fora da tenda, puxando a sua aba que fechou atrás dele. “Eu não acho que você entendeu,” ele disse, sua voz esganiçada de raiva. “Ela está morrendo. Ela é a maior bruxa de nosso tempo, e ela está morrendo. Ela deu tudo o que ela tinha na derrota contra o Lorde das Cobras e ele a matou. Ela está apenas se mantendo viva um pouco mais porque ela queria ver você. Ela está esperando por você. Ela tem sido como uma mãe para mim a minha vida toda e nestes dois dias que passaram, eu a tenho assistido sofrer e esperar por você, então me desculpe se isto está parecendo como se eu não gostasse de você, mas até eu estou interessado em saber por que você é a única razão pela qual ela ainda está aqui e sofrendo, com dor, e-“.
“Benjamin!” Hermione interrompeu, chocada. “Me desculpe. Nós não sabíamos”.

Ele concordou com a cabeça, obviamente envergonhado de sua erupção.

Hermione trocou um rápido olhar com Ron e Ginny, que estavam ambos tão obviamente desconcertados quanto ela. Não mencionando que foi difícil assistir alguém que parecia tanto com Harry estar com raiva e infeliz, ainda que eles soubessem que ele não era o Harry.

“Eu esperarei aqui fora,” disse Ron calmamente. “Está tudo bem”.

Benjamin concordou com a cabeça. A aparência triste em volta de seus olhos relaxou um pouco. “Eu esperarei com você”. Ele voltou-se para a tenda, e puxou a aba para trás a abrindo para Hermione e Ginny. Ginny hesitou por um momento, então abaixou a cabeça entrando na tenda; Hermione parou na entrada, e olhou de volta para Ron. Ele retornou o olhar ansioso dela, os olhos azuis brilharam sob os cabelos cobertos de fuligem dele, e acenou.

Ela mordeu o lábio dela. “Ron, cuidado. Não vá a lugar nenhum. E não comece um briga com os Dwarves. E -".

“E não coma muito chocolate que eu ficarei doente. Eu não vou brigar com os Dwarves, Hermione. Entenda-se com eles você”.

“Apenas é que eles parecem que tinham feito, tipo, um monte de...você sabe,” disse Hermione, imitando (expressando-se com a ajuda de mímica / pantomima) o gesto de algumas erguidas de canecos e viradas.

“Chupando o polegar?” arriscou Ron, olhando para ela curioso.

“Bebendo,” sibilou Hermione exasperada.

“Não olhe para mim assim. Eu não sou o único que precisa de explicação para a mímica de dedo dela”.

Hermione deixou cair as mãos dela e olhou para Benjamin. “Cuide dele,” ela disse, ignorando o olhar furioso de Ron e totalmente consciente de quão tolo isto parecia, dizer para um garoto de doze anos cuidar de outro quatro anos mais velho. Mas ela não se importava. Com um último relance de olhar para ambos, ela mergulhou na tenda azul atrás de Ginny.

***

Porque as proteções em torno da velha casa de Lily e James impedirem Aparatações em um raio de meia milha, em vez disto, Lupin e Sirius Aparataram na Rua Principal de Godric’s Hollow. Godric’s Hollow era uma pequena e inofensiva cidadizinha de bruxos exatamente no lado Gales na fronteira com a Inglaterra.

“É verde, Remus, realmente verde,” Lupin lembrou que James tinha lhe contado na escola, e ele tinha pensando inicialmente que James queria dizer que a exuberante terra Galega em torno de sua cidade natal era verde. Mas não, ele não quis dizer a cidade em si, que era de fato verde - a fachada das lojas ao longo da Rua Principal eram pintadas com tons que iam do esmeralda ao verde-limão, salpicados com tons de azul, branco e dourado. Um vermelho da bandeira Galega tremeluzia acima das cabeças deles com uma teimosa brisa, seus dragões dourados se agitando acima das palavras Y Ddraig Goch Ddyry Cychwyn.

Ruas de pedras um pouco estreitas contornavam as lojas e as casas. Mesmo distante, Lupin podia ver a elevação das montanhas atrás da cidade, verde escuro e cinza. Apesar do tempo estar claro na Mansão, ali estava nublado; o céu estava colorido de azul-cinzento e estava ameaçador. Lupin tremeu e puxou a gola de sua capa de viagem em torno de suas orelhas.

Se algum dos habitantes de Godric’s Hollow reparou que dois bruxos tinham de repente Aparatado no meio de sua cidade, eles não mostraram isto. Ninguém olhou para Sirius ou Lupin enquanto eles seguiam seu caminho descendo a rua que conduzia para fora da cidade, passando por uma loja de doces com uma placa dizendo Mistura! Chocolates na janela (uma fotografia escurecida de Victor Krum aproximando-se contentemente de uma pilha de pacotes de doces. “Mistura! A nova marca de doces pessoalmente endossados pelo famoso Apanhador Búlgaro”.) e um bar chamado O Caracol e Alface.

“James e eu costumávamos jogar dardos ali,” disse Sirius, enquanto eles passavam sob a marca, que parecia ser feita de verdadeiras folhas de alface, e nas quais um animado e pequeno caracol estava se satisfazendo com mordidas. “Era o único jogo que eu era melhor do que ele”.

“Você poderia ter sido um decente jogador de Quadribol se eles tivessem deixado você jogar em uma motocicleta,” Lupin deu um sorriso. “O que aconteceu com sua moto, de qualquer forma?”.

“Hagrid a teve por um breve período. Ele me devolveu depois da libertação, mas eu não tive vontade de usá-la. O último lugar que eu voei foi...bem, aqui, e - de qualquer forma, eu tenho uma Buckbeak agora”.

“Então, onde ela está?”.

“Eu a deixei guardada no meu cofre em Gringott’s. Por quê? Você quer pegar emprestado?”.

“Não é realmente o meu meio de transporte favorito, mas obrigado”.

“É um imã para garotas, esta moto”.

“Isto é gentil”.

“O que me faz lembrar. Você está pensando em levar quem para o casamento? Porque Narcissa tem esta amiga que não tem ninguém para ir com ela, e eu acho que você poderia concordar em fazer para nós um favor e ser o escolta dela. Ela costumava ser um Auror e ela realmente gosta de cachorros, então esta coisa de lobo provavelmente não será um problema...”.

Lupin parou no meio da rua e olhou para seu amigo com uma profunda suspeita. “Você está tentando me manipular, Sirius?”.
“O quê? Não,” disse Sirius, parecendo indescritivelmente sagaz. “Nunca...”.

“Sirius...”.

Sirius abandonou todo o esforço em fazer de conta. “Oh, vamos, Aluado. Você precisa sair mais. Encontrar alguém. Eu sempre achei que eu seria o último solteirão, mas você...bem, você não está entediado?”.

Lupin rosnou. “Para a sua informação, eu levo uma rica e variada vida social”.

“Oh, eu sei. Toda noite é Bruxo Perigo seguido pela leitura de toda a sua edição anterior de Semanário de Aritmancia, e uma xícara de chocolate quente...”.

“Eu sou um lobisomem, Sirius”.

“E eu sou de Gêmeos. Todos nós temos nossos problemas”.

“Você apenas me quer no mesmo barco que você, oh, arranjar um casamento para alguém. Quando isto vai acontecer, de qualquer forma?”.

“Narcissa programou para 15 de Agosto”.

“Você quer dizer “O 15 de Agosto”?”.

“Foi o que eu disse. 15 de Agosto. Isto é um problema?” Sirius virou-se e sorriu para o amigo, empurrando os cabelos pretos que o vento tinha colocado em cima de seus olhos. “Você tem planos? Ou é...” A voz de Sirius de repente falhou, os olhos dele se arregalaram. “Não é...”.

“A lua cheia,” disse Lupin sem rodeios. “Eu não acredito que você programou seu casamento na lua cheia”.

“Aluado,” exclamou Sirius, parando imóvel no seu caminho no meio da rodovia que tinha deixado para trás a Rua Principal e subia a montanha para a casa dos Potters. Ele parecia não ser capaz de decidir se ria ou se parecia envergonhado. “Eu parei de ficar de olho em luas cheias depois de Hogwarts...você pode ainda ir ao casamento, você sabe...”.

“Não,” interrompeu Lupin se endireitando, começando a andar de novo. Sirius correu atrás dele. “Eu acho que eu ficarei em casa e, oh, não como a festa de casamento”.

“Eu quis dizer que nós podemos mudar a data”. Sirius soou agressivo. “É como se não houvesse casamento sem você, eu quero dizer que você se propôs a ser meu padrinho. Aluado, não fique aborrecido”.

“Eu não estou aborrecido”.

“Você está”.

“Eu não estou”.

“Você esta. Eu posso perceber”.

“Talvez,” cedeu Lupin, parando imóvel no seu caminho e virando, suas mãos nos bolsos. “Mas isto tirou de sua mente o lugar para onde nós estávamos indo, não é? A propósito, nós estamos aqui”.

Sirius parou também, todo o jeito nervoso repentinamente reprimido no silêncio enquanto ele viu passar o ombro de seu amigo nas ruínas justamente sobre a subida da montanha.

Ela tinha sido queimada até as fundações da última vez que Lupin a tinha visto e ela nunca tinha sido reconstruída de volta. Ele duvidava que ela pudesse ser vista por aqueles que já não soubessem onde ela se encontrava. Ela parecia simplesmente uma ruína ou um lugar deteriorado coberto de grama: desagradável e hostil. Era deste modo que este tipo de mágica funcionava.

Eles avançaram, Sirius primeiro, e Lupin atrás dele, observando os ombros de Sirius endurecerem enquanto ele captava uma vista da casa em ruínas - realmente uma rede de pedras agora, esparramadas pela terra, mostrando onde as paredes tinham estado, a pedra da entrada fora do lugar, a porta onde ele tinha visto James e Lily em pé, acenando um adeus...

O vento frio levantou e jogou o cabelo de Lupin em seus olhos. Ele o penteou para trás, tremendo, e retirou o capuz de capa de viagem. Ele olhou para o lado em direção a Sirius.

Sirius não tirava os olhos da casa, bem, não exatamente para ela, mas passando por ela, em direção às crescentes montanhas cinzas distantes. A aparência de inquietação controlada foi embora de seu rosto e seus olhos estavam cheios de memória e sofrimento.

“Sirius...está tudo bem com você?”.

“Eu estou bem”. Sirius puxou sua capa a apertando em torno dele, e começou a andar em direção à casa. Lupin o seguiu, misturando curiosidade com preocupação com Sirius. Isto, ele sabia, poderia ser mais duro para seu amigo do que era para ele. Ele conhecia a casa de James antes anos de James e Lily se casarem, mas Sirius a conhecia das férias de verão que ele passava lá entre os períodos letivos de Hogwarts; quando Sirius não teve mais para onde ir, os Potters o adotaram. Ele tinha dito para Lupin uma vez, não há muito tempo atrás, que ele estava contente que os pais de James tivessem morrido quando ele tinha vinte anos, que eles nunca iriam acreditar que ele, Sirius Black, que eles tinham tratado como um filho, tinha traído cada ato de bondade deles da pior maneira possível.

Eles estavam em pé agora no que tinha sido o quintal dos fundos dos Potters. Não estava coberto de grama como era de se esperar: o feitiço que mantinha a casa escondida tinha o efeito colateral de manter a propriedade em um tipo parcial de estagnação. A grama estava comprida, alcançando quase os joelhos de Lupin enquanto ele andava com dificuldades atrás de Sirius, que estava os conduzindo com alguma finalidade em direção a um canto do quintal. Ele parou na base de uma árvore perene muito alta, e a fitou.

Lupin surgiu atrás dele, arrastando seus pés através da grama. O vento fazia um murmúrio que ressoava através das folhas. Ele olhou para a árvore, que estava quase com uma aparência comum ainda que obviamente oca: havia um buraco escuro no tronco na metade acima de sua cabeça. “É uma árvore, Sirius”.

“Eu sei disto”.

“Esta árvore quer dizer algo para você, ou é apenas algum tipo de interesse florescido pela horticultura em geral?”.

Em resposta, Sirius sacou rapidamente sua varinha e apontou para a abertura no tronco da árvore. “Accio,” ele disse, como pássaros voando para fora de um pombal, objetos começaram a sair da árvore - objetos de formas irregulares e pequenas. Lupin abaixou a cabeça quando uma caixa passou assobiando em sua orelha direita, e se virou para olhar intrigado para Sirius.

“O que a...?”.

Sirius se colocou de pé parecendo pensativo enquanto o último objeto voava em direção a ele, e ele o pegou em sua mão.

“James e eu costumávamos usar esta árvore como uma espécie de...arca do tesouro. Para manter as coisas que nós não queríamos que seus pais vissem. Ele uma vez me contou que esta árvore tinha estado aqui por centena de anos, e gerações de Potters a tinham usado como um esconderijo. Eu pensei...” sua voz falhou quando ele se ajoelhou na grama, e Lupin se ajoelhou com ele, para examinar a pilha que tinha sido coletada sob os seus pés.

Alguns objetos eram familiares. Lupin reconheceu, com uma dor forte, a caixa de Lápis da Realidade Mágicos de Zonko’s. “Fazem seus esboços criarem vida!” que tinha sido usada para desenhar o Mapa do Maroto. Uma pilha de cartas. Ele não as tinha visto antes, mas ele reconheceu a letra de Lily. Sirius tocou sua mão sobre elas, e as colocou de lado. Um saco de Feijões de Todos os Sabores enfeitados com arco-íris. “Eu lembro destes. Vocês não queriam comer o roxo porque eles causavam alucinações, é claro que isto era apenas um rumor...”.

“Sim, e você e James testaram o rumor enfiando três roxos na farinha de aveia de Snape no café-da-manhã. Foi o dia que ele quase se afogou no lago porque achou que o lago era uma passagem mágica para a Terra das Pessoas de Caramelo”.

“Sim, isto foi muito engraçado,” Sirius deu uma risada. Então, rapidamente ele se tornou sóbrio. “Não, não foi. Foi muito insensitivo de nossa parte”.

Lupin olhou para ele em descrença. “Sirius, você catou um feijão roxo enquanto eu não estava olhando?”.

Sirius deu uma risada de novo e jogou os feijões para o lado. Ele levantou uma caixa de madeira e moveu para trás a tampa. Lupin olhou dentro, e sentiu seu coração diminuir uma batida. Um livro encadernado de amarelo. Então você quer ser um Wolverine (espécie de lobo devorador): Como se tornar um Animagus em doze difíceis passos. Pilhas de pergaminho, anotações, escritas todos com a letra bem cuidada e infantil de James. Ingredientes que nós iremos precisar: pele de cobra moída, sangue de dragão, pele triturada de boomslang, espinho de salamandra...Nota: perguntar a Lily pela chave do Encantamento na sala de aula então nós podemos trabalhar neles...deve estar quase completo com o processo para a próxima lua cheia...

E Lupin tinha fechado seus olhos porque a claridade da imagem de James irrompeu como um relâmpago contra o interior de suas pálpebras; James em pé na Floresta Proibida, esperando a transformação, o rosto levantado para o céu de noite, olhos cheios de imensidão e estrelas. O tempo se comprimiu como um acorde, e ele ouviu a risada de James - Sirius sempre era o mais risonho, mas James era aquele que ria primeiro; ele estava, diferente de Sirius, sempre pronto para ser feliz, para estar satisfeito. Lupin sempre achou que era por causa da diferença da infância de Sirius e de James mas então Harry, Harry com sua infância terrível e seus anos passados trancados sob a escada, ainda conseguiu ser como James neste aspecto: ele não precisou de muito, além dos amigos dele, para fazê-lo feliz. Enquanto que Draco era mais parecido com Sirius, com isto era difícil dizer se feliz era uma palavra que seria apropriadamente aplicável para um dos dois.

Ele escutou Sirius limpar a garganta dele, fechou a caixa, e a deixou perto dos pés deles. Lupin olhou em volta - havia outra pilha de cartas, que, julgando pelo fato de maioria delas estarem decoradas pequenos corações brilhantes e estrelas cadentes e parecia ser de pessoas nomeadas Ashley, Carole e Amy, eram sem dúvida de antigas namoradas de Sirius, e que apresadamente Sirius empurrou para o lado. Havia uma pilha de velhos cartões de Quadribol, incluindo de Lugo Bagman que forçava um sorriso e piscava os olhos com júbilo, e de Ivan Wronski que sem dúvida valia uma considerável soma de Galeões hoje em dia. Sirius colocou os cartões de lado. Por último, havia uma pilha de fotografias de bruxos amarradas juntas com uma fita que Sirius escorregou para dentro do bolso. Finalmente, ele se sentou sobre os calcanhares dele, limpando o pó de suas mãos, e balançando sua cabeça.

“Não era o que você queria?” perguntou Lupin, levantando suas sobrancelhas.

“Não,” disse Sirius devagar, “não, havia uma caixa, James me falou sobre ela. Eu podia jurar...” Ele de repente saltou sobre os seus pés, estalando seus dedos. “É claro,” ele exclamou. “Isto está enterrado sob as raízes. Se afaste um segundo, Aluado”.

Duvidoso, Lupin fez isto.

Sirius sacou sua varinha de seu bolso. “Accio pá!” ele entoou.

Os olhos de Lupin se arregalaram. “Uma pá? De onde, Sirius?”.

“De qualquer lugar mais próximo,” disparou Sirius. “Oh, e abaixe a cabeça,” e Lupin abaixou a cabeça enquanto uma pá de bom tamanho passou assobiando sobre sua cabeça e posou ao alcance de Sirius. Lupin cruzou seus braços observando com uma mistura de exasperação e divertimento enquanto Sirius dobrava as mangas de sua capa e atacava a base da árvore com a pá. Ele não quis pensar o que os bons habitantes de Godric Hollow’s poderiam achar de uma pá voadora passeando sobre suas cabeças.

Como o jeito de Sirius desencorajava ajuda, Lupin sentou em um tronco de árvore e observou enquanto seu amigo cavava o duríssimo solo com a ponta da pá. No final das contas, Sirius tirou sua capa de bruxo e a jogou no chão, e então seu suéter teve o mesmo destino. Lupin considerou oferecer uma ajuda, mas então pensou melhor. Ao invés disto, ele tirou uma barra de chocolate Mistura! do seu bolso e começou a mordê-lo de um modo resignado. Evidentemente, eles estavam tendo ali um agradável e longo tempo.

***

Draco abaixou sua mão devagar e se virou para olhar Slytherin.

O Lorde das Cobras estava parado na porta-de-entrada, e Draco podia dizer pela mancha de sangue vermelho-escuro na ponta da veste dele que ele ainda não tinha trocado suas roupas. Seus olhos estavam acessos, febris, e dois pontos de cor queimavam fortemente suas bochechas. Ele não parecia estar nem muito vivo, nem ao mesmo tempo conservava a outrora aparência de morto, mas sim alguma coisa entre os dois, decididamente em alerta, vivo.

Draco escutou Fleur se colocar atrás dele. O forte cheiro bom que saia do cabelo e das roupas dela pareciam mais fortes, talvez pela proximidade com o fogo. Isto o fazia ficar um pouco tonto.

“Mestre,” disse Fleur, e inclinou a cabeça dela.

Draco não se moveu. Slytherin deu uns poucos passos em direção a eles, até parar no centro do quarto. “Garoto,” ele disse para Draco. “Você não irá me cumprimentar?”.

“Eu não irei chamar você de Mestre,” disse Draco no mesmo tom.

Slytherin parecia calmo. “Eu não esperaria que você o fizesse”.

Draco estreitou os olhos dele. “Como você gostaria que eu chamasse você?”.

“Seria suficiente,” disse Slytherin, “que você me chamasse de Pai”.

“Sim, você sabe que esta palavra não tem realmente muito boa associação para mim. Talvez eu pudesse chamá-lo de outra coisa? Como...Nigel? Soa amigável”

Slytherin sorriu. “Depois desta noite, você se sentirá diferente. Você sabe o que eu tenho planejado?”.

“Eu estava esperando por uma noite na opera, jantar, talvez algumas flores, então nós passearíamos sob as estrelas...você faz um movimento, eu digo para você que eu não sou este tipo de rapaz...”.

“Eu não entendo o seu senso de humor,” disse Slytherin.

“Eu tinha a impressão de que você não ia dizer isto”. Draco lutou contra uma urgência louca de rir. “Eu tive uma idéia. Nós podíamos pedir sushi e não pagar”.
Ao lado de Draco, Fleur dava um pequeno grunhido aterrorizado.

Slytherin sorriu de novo. Foi o mesmo sorriso privado de alegria, sem humor, mais um tipo de espasmo muscular do que uma expressão de corrente prazer. “Venha comigo,” ele pediu, “vocês dois,” e ele andou para fora do quarto.

Fleur se lançou atrás dele.

Draco os seguiu mais devagar.

Eles passaram por uma série de corredores estreitos e finalmente emergiram em um muito largo cômodo, quase em forma circular, as paredes revestidas com as mesmas pedras brutas como o resto do castelo. O cômodo estava quase vazio salvo por um largo círculo escrito com giz no chão de pedra, e um conjunto de tecidos complicadamente entrelaçados colocados contra a parede mais distante. Eles pareciam ser esculpidos de ossos de dragão, porque eles eram mais brancos do que marfim, e o desenho intricado que os ornava foi preso com lascas de java, prata e malaquita. Eles eram muito bonitos, e Draco imediatamente se perguntou o que eles estariam escondendo.

Isto o fez olhar para o lado em busca de Fleur. Ela estava pálida e parecia como se ela fosse desmaiar.

Slytherin andou em direção ao centro do cômodo, até que ele parou bem no centro do círculo escrito com giz. Então ele levantou sua mão esquerda para Draco.

“Venha aqui,” ele disse.

Muito relutantemente, Draco o seguiu. Ele sentiu um corte estremecido passar por ele quando ele cruzou a linha marcada com giz. Então, ele ficou em pé no círculo com Salazar Slytherin. O ar dentro do círculo parecia bem uns dez graus mais frio do que o ar do resto do cômodo. Draco percebeu que ele tremia, o frio parecia vir de algum lugar dentro de si.

“Agora,” disse o Lorde das Cobras. “Você prefere sofrer de pé, ou quer se ajoelhar?”.

Draco pestanejou, não querendo acreditar que ele tinha escutado corretamente. “Sofrer?”.

“A escolha é sua. Eu não acredito em nada que não seja por livre e espontânea vontade,” disse Slytherin, sua voz seca e fria como pele de cobra. Sua mão de repente se moveu com a velocidade de um ataque de cobra, e agarrou a frente da veste de Draco. “Você acha que eu confio em você?” ele perguntou, chegando seu rosto para mais perto do de Draco, os olhos pretos fitando dentro dos olhos prateados. “Não obstante a sua pequena charada hoje mais cedo, você não tem feito nada mas você tem me combatido desde o dia em que eu me reergui. Você não acha que eu não conheço você. Eu tenho tomado suas medidas, visto os seus sonhos, eu sei do que você é capaz e incapaz de fazer. Por que você acha que eu deixei você ir da primeira vez que nós nos encontramos? Você estava tão forte na época, você poderia ter me derrotado facilmente. Agora você está fraco. A espada está drenando de você sua magia assim como a sua batalha contra a manticore drenou de você sua força e que machucou sua face drenando de você o sangue. Se eu escolhesse fazer a verdadeira charada agora, você não poderia me parar”.
A voz de Draco subiu arranhando sua garganta. “O que faz você pensar que isto foi uma charada?”.

Slytherin soltou a contenção que estava fazendo nas vestes de Draco. “O que faz você achar que isto importa?” ele disse, quase gentil, e colocou suas mãos nos dois lados do rosto de Draco. Espinhos correram através dos nervos de Draco a partir do lugar onde os dedos frios o tocaram, traçando uma linha de sua maça do rosto até debaixo de seus olhos. “Do seu próprio modo,” disse o Lorde das Cobras, “você é particularmente inocente”.

“Oh, não.” A voz de Draco estava dura. “Isto é uma coisa que eu não sou”.

“Sério?” Slytherin deixou cair suas mãos do rosto de Draco. “O que você tem feito? O que tem feito para você?”.

“Tudo.”

Slytherin balançou sua cabeça. “Não. Nem tudo”. Ele levantou uma mão. “Agora me dê sua mão. Sua mão esquerda”.

De forma entorpecida, Draco deu sua mão a ele. Ele sentiu como se tivesse sido separado de seu corpo e estava voando em algum lugar sobre suas cabeças, olhando para baixo, para o círculo e para as duas pessoas em pés nele.

“Eu perguntarei a você de novo,” disse o Lorde das Cobras. “Você prefere sofrer de pé, ou quer se ajoelhar?”.

Houve um silêncio. Finalmente, Draco disse, “De pé”.

“Eu achei que você ia dizer isto,” disse Slytherin, e virou a palma da mão de Draco para cima, empurrando suas mangas para seu cotovelo enquanto ele, expondo a pele marcada de seu antebraço, seguia as pequenas veias azuis.

"Potestatem patris nostrae in tenebris invoco," sibilou Slytherin, soando quase como Harry falando língua de cobra, e de repente o giz do círculo brilhou em chamas, um anel de fogo queimando em torno deles. Slytherin deu um riso, e desta vez havia felicidade em seu sorriso, e uma luz em seus olhos, ainda que isto pudesse ter sido apenas o reflexo do fogo. "Bruciatura!" ele gritou.

Um rasgo branco de dor atravessou Draco como se Slytherin tivesse enterrado uma faca no seu braço. Ele gritou, e por mais que ele quisesse ficar em pé, ele achou que não poderia - seus joelhos estavam como se as suas pernas tivessem sido tiradas debaixo dele, e ele atingiu o chão com suas mãos, Slytherin largou a contenção que fazia no braço dele. Ele se contorceu e se enroscou, consciente apenas destes momentos de dor que atravessava seu braço, corria por suas veias, ameaçava parar no seu coração. Agonias brilhantes brancas explodiam atrás de seus olhos: estrelas, constelações, explodindo galáxias, pintando de prata a parte interna de sua pálpebra.

Então, tudo parou.
Draco estava deitado ainda, seus olhos fechados, esperando. Como a dor não retornou, ele abriu seus olhos e se sentou devagar, tudo doía, seu braço queimando com se tivesse sido marcado a fogo. Ele virou a palma para cima, já sabendo o que ele poderia ver, queimado de preto e ferido na pele de seu antebraço. O crânio com sua mandíbula aberta, os mesmos buracos dos olhos vazios zombando dele agora como eles tinham zombado dele do lugar deles no braço de seu pai. Signo serpens.

A Marca Negra.

***

O lado de dentro da tenda azul, como o interior de muitas tendas de bruxos, era completamente diferente do exterior. Hermione e Ginny se encontravam em um belo quarto de dormir ornado com paredes de pedra. Uma lareira, que descia na parede norte e era rodeada por muitas pedras esculpidas, soltava fumaça e expelia um fogo vermelho-dourado. Tapeçarias e arcas de metal, todas elas capturavam a luz do fogo e reluziam e perdiam a cor em harmonia. No fim do cômodo tinha uma cama de aparência pesada, cortinas estendidas atrás, e na cama tinha uma mulher deitada no meio dos travesseiros. Ela era apenas um esboço escuro e sombrio quando Hermione virou se rosto para longe do fogo, embora ela parecesse estar se movendo, e se sentando. Ela falou, então, das sombras.

“Chegue mais perto,” ela disse.

Hermione pegou a mão de Ginny e juntas elas caminharam em direção a cama. Quando elas se aproximaram, as sombras se dissolveram em claridade e Hermione foi capaz de ver a mulher na cama com mais clareza. Ela estava sentada contra os travesseiros amontoados, escondida em vestes que de alguma forma, particularmente caprichosas, lembravam Hermione da cor que ela tinha escolhido para ela próprio usar como vestido de festa: pálido, azul etéreo. Ela tinha os cabelos castanhos desarrumados e a pele pálida cor de pêssego como mostrava o próprio tapete dela na parede do castelo de Slytherin, mas apenas sem a mancha de tinta na sua bochecha. Ela parecia mortalmente cansada quando ela se inclinou e esticou sua mão em direção as garotas. “Então existe outra de mim no mundo agora,” ela disse, gentilmente, e tocou levemente as pontas do cabelo de Hermione. Os olhos dela estavam obscurecidos com tristeza quando eles se moveram para Ginny. “E outra de Helga. Justamente tão bonita quanto ela foi”.

Hermione e Ginny estavam ambas sem fala. Rowena parecia entender isto. “Por favor, sentem,” ela disse, e indicou um baixo banco do lado da cama, amontoado com os mesmos travesseiros de aparência macia.

Elas se sentaram. Hermione teve receio, quando Benjamin disse que Rowena estava morrendo, que elas entraram na tenda imaginando ver uma mulher que estava terrivelmente ferida, ou delirando, mas Rowena apenas parecia muito, muito cansada, a pele dela tão pálida que Hermione acreditou que pudesse ver através dela, pudesse ver o sangue logo abaixo.

“Você parecem que estão com frio,” disse Rowena, olhando para Ginny e Hermione.

Hermione concordou com a cabeça. “Era verão onde nós estávamos. De Quando nós viemos,” ela se corrigiu.

Rowena sorriu de modo cansado para ela, levantou sua mão, e tocou o Lycanthe preso na corrente em volta do pescoço de Hermione. “Eu estava aterrorizada com a idéia de que isto pudesse ter sido destruído,” ela disse. “Quando Salazar partiu, ele estava segurando isto na mão dele. Isto desapareceu junto com ele. Eu fico satisfeita que isto tenha encontrado o caminho dele para você. Eu posso usá-lo por um instante?”.

“É claro. É seu,” disse Hermione, e puxou a corrente sobre sua cabeça, entregando para a mulher mais velha sem o usual sofrimento que por um segundo acompanhava cada renuncia.

Segurando-o na claridade com a mão esquerda dela, Rowena estendeu a sua outra mão em direção as garotas. "Pectogarmentius!" ela disse.

Uma leve sensação de formigamento atropelou Hermione, seguida por um sentimento de surpreendente entusiasmo. Olhando para baixo, ela viu que seu jeans claro e sua blusa tinham se metamorfoseado em uma longa capa, leve, de lã azul escuro, sobre um vestido também de lã. Ela olhou para o lado para uma surpresa Ginny, que estava agora vestido roupas semelhantes mas de cor verde escura. Hermione estava impressionada. Ela tinha pensado em usar um feitiço de aquecimento nas suas roupas mais cedo, mas mudar a substância e aparência das coisas ao mesmo tempo era avançada Transfiguração e ela não estava certa de que teria conseguido isto.

“Obrigada,” disse Rowena, como se Hermione tivesse sido a única a fazer um favor para ela, e entregou de volta o Lycanthe.

Hermione olhou do Lycanthe prateado para a velha bruxa. “Você é uma Magid,” ela disse. “Você não precisa disto”.

“Mas eu estou morrendo,” disse Rowena, suavemente. “Eu suponho que Benjamin tenha dito isto para você. Não me restam muitas forças agora. Não - está tudo bem. Eu queria fazer um pouco de mágica. Eu senti falta disto nestes poucos dias que se passaram. E não se preocupe. Os centauros têm em feito uma poção que me manterá viva todo o tempo que for necessário para falar com vocês”.

Hermione limpou sua garganta, mas sua voz ainda saiu estridente. “Benjamin,” ela disse. “Ele é o primeiro Herdeiro de Gryffindor?”.

Rowena confirmou com a cabeça. “Eu posso ver pela sua expressão que você o reconheceu. Ele é igual ao Herdeiro no seu próprio tempo como ele é igual ao pai dele”.

Hermione confirmou lentamente. “Ele é muito parecido com Harry”.

Rowena pestanejou. “Henry? Com o Rei?”.

Hermione balançou sua cabeça. “Não é abreviação de alguma coisa. Apenas Harry. Ele parece um pouco com Godric. Mas ele é um Magid. Como você”.
“Eu imaginei que ele viria com você,” disse Rowena. “Se você está aqui, isto quer dizer que Salazar ressurgiu de novo. Onde está Harry?”.

Não é justamente isto que eu desejo saber, Hermione pensou miseravelmente. Sua garganta parecia que tinha se fechado. Ginny olhou para ela e apertou sua mão.

“Slytherin o capturou,” ela disse finalmente. “Nós não sabemos onde...”.

“Ele o capturou? Capturou o Herdeiro de Godric?” Rowena empalideceu ainda mais, se é que isto era possível. “Capturou-o onde? E como?”.

Hermione relatou muito rapidamente a história de sua própria experiência sendo rapitada por Slytherin, e então o encontro deles com ele nA Toca. Quando ela terminou, Rowena expirou suavemente.

“Ele deve ter encontrado uma Fonte,” ela disse, virando-se para Hermione. “Quando você se encontrou com ele pela primeira vez, ele estava fraco. Ele tinha apenas se reerguido. Ele não tinha nenhuma fonte de poder. Ele deve ter encontrado uma Magid desejosa em ser uma Fonte para ele”.

“Então, ele está forte de novo?” perguntou Ginny.

“Apenas temporariamente,” disse Rowena. “Uma Fonte é destinada a ser usada como um amplificador de poder, um artifício para focar. Não se pode contar com uma Fonte para prover de magia um bruxo carente. Uma tal conexão pode drenar a Fonte e matá-la lentamente. Ele necessitaria de uma outra Fonte logo, e de outra, e de outra”.

“É para isto que ele quer Harry?” Hermione perguntou de forma entorpecida.

“Não. Ele não desperdiçaria o Herdeiro de Gryffindor com isto e além disto, uma Fonte deve ser desejosa. Ele sabe que isto não pode ser mantido - ele está escorando seus poderes nisto todo o tempo que ele precisa para encontrar a Esfera”.

Ginny parecia tão desnorteada quanto Hermione se sentia. “A Esfera?”.

“Eu esvaziei Slytherin de seus poderes antes de aprisioná-lo,” disse Rowena, um pouco ofegante.
“Por causa da espada, ele não pode ser morto. Então eu fiz a segunda coisa mais importante; eu o aprisionei congelado, ocultei seu corpo em seu castelo que está igualmente escondido, a salvo daqueles que sabem o que está lá. Seus poderes, eu drenei para dentro de uma Esfera, e porque eu não pude destruí-la, eu a escondi em um outro lugar onde ela pudesse ser protegida por um feroz monstro que o próprio Salazar criou. Então, se ele se reerguesse de novo, ele estaria fraco e sem poder. A menos que,” ela acrescentou, “ele possa pegar a Esfera de volta. Ela não pode ser esmagada ou destruída, mas ela pode ser aberta. Ele teria sucesso ao tentar fazer isto...”. Ela balançou sua cabeça. “Mas ele não poderia matar a manticore. Não fraco como ele está. Isto é muito remoto”.

Hermione repentinamente teve um insight da criatura gravada na caixa que continha o Vira-Tempo de Ginny. “Uma manticore?”.

Rowena confirmou com a cabeça. “Está escondido dentro da manticore, que é em sim mesma imortal e impenetrável a maior parte dos tipos de dano mágico. Ela teria que ser morta por alguém para retirar dela a Esfera”.

“Mas se ele fez,” disse Hermione. “Se ele matou a manticore, e se ele tiver a Esfera - então, o que acontecerá?”.

“A Esfera só pode ser aberta na presença dos quatro Herdeiros. Cada um deve tocá-la, e falar um Encantamento de Abertura, e eles devem fazer isto por escolha. Palavras faladas sob a Maldição Imperius seriam ineficientes”.

“Slytherin sabe disto?”.

“Não. Mas ele é esperto. Ele me conhece, também. Ele escutou o Encantamento que eu pronunciei para aprisioná-lo, em primeiro lugar. Com o tempo, ele pode concluir isto”.

“Então, ele não irá machucar Harry,” disse Hermione, seus ombros relaxando em alívio. “Ele não pode - ele ainda precisa dele”.

Rowena olhou para ela, e Hermione percebeu que os olhos azuis dela lembravam os de Dumbledore. Eles eram tão firmes e calmos, tão penetrantes. “Você o ama,” ela disse.

“Sim,” disse Hermione, se sentindo incapaz de mentir. “Mais do que qualquer coisa no mundo”.

“E quanto ao Herdeiro de Salazar?” Rowena disse suavemente. “E quanto a ele?”.

Por um instante, Hermione pensou que Rowena estava perguntando se ela amava Draco também, e ela simplesmente a encarou. Foi Ginny quem respondeu. “Existe um Herdeiro de Slytherin, se é isto que você quer dizer”.

“E ele se juntou a Salazar?”.

“Não. Ele foi seqüestrado, junto com Harry, se não ele estaria conosco. Ele não pode se juntar a Slytherin, de qualquer forma. Ele simplesmente não pode”.

“Talvez ele não tenha se juntado a Salazar ainda,” disse Rowena gentilmente. “Mas isto é o que a profecia disse que irá acontecer. Isto foi profetizado. Me desculpe, se ele é um amigo de vocês”.

Ginny balançou sua cabeça em recusa.

Hermione concordou, “Draco não faria isto”.

Rowena hesitou. “Este e o nome dele?”.

Hermione estava surpresa. “Sim,” ela disse devagar. “Draco Malfoy”.

“Malfoy,” imitou a mulher na cama. “Isto soa como o que Salazar considera como brincadeira, este nome. Mal fait, uma má ação. E produzir um Herdeiro foi o pior disto”. Rowena estava olhando para longe em direção à janela. “Eu desejo poder acreditar na bondade dele, para o bem de vocês”. Ela virou-se para Hermione. “Mas você o ama. Não ama?”.

Hermione arregalou os olhos, e nada disse. Ao lado dela, Ginny retesou levemente.

“Amor é uma força cega,” disse Rowena. “Se ele é verdadeiramente o Herdeiro de Salazar, então no seu sangue corre magia negra. No tempo em que Salazar criou a veela que deu à luz ao filho dele, ele tinha ido tão fundo nas Artes das Trevas que quando ele foi ferido, ele não sangrou sangue mas fogo. E eu sabia disto e continuei não acreditando que ele pudesse me ferir até que foi tarde demais”. Ela ergueu seus olhos para Hermione e Ginny. “É possível estar tão errada sobre alguém que você amou, que você acha que não pode nunca confiar de novo. Eu espero, para o bem de vocês, que isto não venha a acontecer. Você seria capaz de matá-lo, se isto viesse a acontecer?”

Hermione sentiu o sangue agitado emergir através de suas veias. “Matar Draco?” Ela fechou seus olhos, a imagem dele contra o interior de suas pálpebras, sorrindo como ele fazia apenas para ela, seus olhos cinzas se escurecendo em um tom de azul-cinzento, a boca se elevando nos cantos. Ela não podia se imaginar matando ninguém, muito menos um amigo, muito menos Draco. Era uma impossibilidade ridícula. “É claro que não”.

Todo o corpo de Ginny estava vibrando com a tensão junto dela. “Nenhum de nós poderia ferí-lo. Nenhum de nós poderia. Nós queremos saber como parar Slytherin, não Draco. Ele não é assim. Eu o tenho visto fazer coisas boas, coisas heróicas. Ele salvou a vida de Harry, e de Hermione. Ele pode ter magia negra correndo nas veias dele, mas no fim é escolha dele, não é?”.

“Salazar tem um jeito,” disse Rowena, “de não deixar muitas escolhas. O que é importante para ele - para Draco? Qual é a coisa mais importante no mundo para ele?” ela perguntou a Hermione.

Hermione quase sorriu. “Além dele mesmo?” Ela pensou por um momento. “Harry”. Lágrimas brotaram de repente do interior de suas pálpebras. De modo decidido, ela as enxugou para longe. Com uma voz pausada, ela disse, “Eu tenho algo para te dizer. Quando nós usamos o Vira-Tempo, quando nós estávamos no entre-Tempo, eu achei que eu o vi, vi Harry. Apenas por um segundo. Ele estava em um quarto azul, seus braços estavam presos para trás. Não era nenhum lugar que eu tenha visto antes”.

E eu não vi Draco com ele, ela pensou, mas afastou este pensamento de sua cabeça. Fique quieta. Isto não significa nada.

“Eu sei onde ele deve estar,” disse Rowena, se sentando. “Se ele é um Magid, existe apenas uma prisão na terra que pode detê-lo. Salazar a construiu ele mesmo. Ele pretendia me prender nela. E adamantio, em quantidade suficientemente grande, é azul”. Ela mordeu o lábio dela, parecendo distraída.

A cabeça de Hermione estava girando. “Harry está em uma cela de adamantio? Isto não quer dizer que é impossível resgatá-lo?”.

“Eu posso contar para você como entrar na cela agora,” disse Rowena com ponderação. “No futuro, de qualquer forma...Salazar pode ter mudado as proteções”.

“Bem, se eu for lá agora, e uso o Vira-Tempo,” disse Hermione avidamente, “isto deve nos levar de volta no tempo...para Harry”.

Ela se recostou. “Toque isto e diga mobiliarus, e isto funcionará como uma Chave de Portal que levará você para o castelo dele. Leve Benjamin com você. Ele pode levar você para dentro da cela, e a Chave de Portal trás...”.

Houve um barulho na porta da tenda. Benjamin empurrou sua cabeça para dentro. “Você chamou por mim?”.

“Escutando atrás da porta, Bem?” Rowena sorriu. Então seu sorriso murchou um pouco. “Tem alguém com você?”.

“Bem, sim mas eu não estava indo para...”.

“Não”. Rowena se endireitou. “Faça-o entrar”.

Com um olhar embaraçado, Bem entrou na tenda e segurou a aba aberta para Ron seguí-lo. Parecia que tinha começado a nevar, tinham pequenos flocos brancos caídos sobre os cabelos vermelhos de Ron. Ele olhava curioso para todo o interior da tenda, dando conta da elaborada mobília e a coleção de armas penduradas na parede.

“Venha aqui,” disse Rowena para ele, e estendeu uma mão.

Parecendo ainda mais curioso, ele obedeceu. Hermione assistiu enquanto ele cruzava o cômodo até a cama, suas mãos enfiadas nos bolsos dele, sobrancelhas levantadas.

“Você é um Adivinho,” disse Rowena, sem rodeios, olhando com atenção para ele. “O sétimo filho”.

Ron tirou suas mãos dos seus bolsos com espanto. “Um o quê?”.

“Um Adivinho. Eles não são comuns no seu tempo?”.

Hermione sentiu sua boca cair aberta. “Mas Ron odeia adivinhação!”

“Ele não deve ter tido um professor adequando, então,” disse Rowena tranqüilamente.

“Não é que isto é verdade,” Ron forçou um sorriso, que parecia surpreso, mas não totalmente descontente por ter sido creditado com um talento inesperado.

“Deixe-me olhar para você,” disse Rowena, e Ron deu um outro passo para mais próximo dela. De repente, ela levantou a mão dela, puxou a cabeça dele para baixo e o beijou levemente na testa. “Seja muito cuidadoso,” ela disse. “Jure que você será”.

Parecendo muito alarmado, Ron endireitou-se. “Eu, uh, eu serei. Eu prometo”.

Rowena concordou com a cabeça. “Obrigada”. Ela se recostou contras os travesseiros. “Você pode ir agora”.

Ron concordou desconfortavelmente. “Certo. Eu...devo ir”.

Ele deu um passo para trás, quase tropeçando em Benjamin, que pegou seu braço e o conduziu para fora da tenda, enquanto Ron olhava para trás por cima de seu ombro até a aba da tenda fechar atrás deles.

Ginny tinha uma expressão de estarrecimento no seu rosto. “Por que ele deve ser cuidadoso? Ele está em perigo?”.

“Ser o sétimo filho e ser um adivinho é um dom, e como todos os dons, é uma espada de dois gumes. Parece que ele não tem sido treinado de nenhuma maneira, mas com algum treinamento, ele pode ser poderoso. E poder atrai perigo”.

“Nós não sabemos disto,” disse Ginny, com convicção.

Rowena fechou seus olhos como se estivesse exaurida.

“Nós devemos ir,” disse Hermione gentilmente. Ela colocou-se de pé, e impulsivamente se pegando a mão de Rowena. “Existe alguma coisa que você queira nos perguntar, alguma coisa sobre o futuro?”.

Rowena balançou sua cabeça. “É melhor se eu não souber, eu acho”. Ela sorriu gentilmente para elas. “O futuro não pode ser tão ruim, pode, se ele gerou vocês duas, e seu amigo Adivinho. E seu Harry”.

“E Draco,” disse Ginny com firmeza.

“E ele também,” disse Rowena com a mesma gentileza. Ela olhou em direção a janela. “É melhor que vocês irem”.

Ginny alcançou a mão de Rowena e a apertou, parecendo como se ela fosse chorar. Então ela se virou e correu.

Hermione olhou em seguida para Ginny e hesitou. Tinha alguma coisa insistente em sua mente. “Rowena...” ela começou.

“Sim?”.

“No passado...eu quero dizer, seu passado...Helga e Salazar...eles...eles já...”. Sua voz falhou. Sentindo-se muito estúpida, ela sabia que estava rosa em volta das suas orelhas. “Você sabe”.

Os olhos azuis de Rowena cintilaram através de seu cansaço. Ela se inclinou, e em um murmúrio de conspiração, disse, “Você sabe, eu sempre me perguntei isto. Nós todos crescemos juntos, e Helga...Helga era muito bonita, e ela sempre cuidava dele quando ele adquiria algum ferimento...eu sempre suspeitei que havia alguma coisa, mas eu nunca tive nenhuma prova. Eu direi para você uma coisa, de qualquer forma,” e pela primeira vez, Rowena de fato deu um sorriso. “Ela era a única pessoa no mundo que ainda podia dizer para ele o que fazer”.

***

Um pouco, um gemido sem esperança soou quebrando o silêncio. Por um terrível momento, Draco pensou que isto tivesse vindo dele. Então ele percebeu que isto vinha de Fleur. Girando ao redor, ele viu o rosto dela -- ela estava branca como papel, e lágrimas estavam escorrendo pelas suas bochechas.

Slytherin deu um impaciente suspiro. “Fleur, se você não pode se controlar, por favor, vá. Vá, e descanse. Você precisa reunir suas forças”.

Com um breve, miserável aceno, Fleur correu para fora do cômodo.

“Mas ela não pode, ela pode?” Draco perguntou, levantando sua cabeça.

“Ela não pode o quê?”.

“Reunir suas forças. Ela está morrendo”. Isto não foi uma pergunta. “Ela não está?”.

“Nós todos estamos morrendo”. Slytherin não parecia nem comovido, nem não comovido pelo tema da conversa, nem pelo fato de que ele tinha um garoto esparramado sob os seus pés como se ele nunca mais fosse se levantar de novo. “Ela está apenas morrendo um pouco mais rápido do que a maioria. Com repouso, ela viverá o tempo que for preciso para fazer o que eu requeri dela”.

“E eu acho que eu sei o que é isto,” disse Draco. “Nós dois em um único quarto, com só uma cama...o que você está tentando fazer? Nós não somos cocker spaniel, você sabe. Você não pode simplesmente nos mudar de um lugar para outro para que nós acasalemos”.

“Mas fazer isto me divertiria,” disse Slytherin. “É claro, seria igualmente divertido eu enforcar vocês dois em cima de uma sepultura de um escorpião”.

“Acasalar é melhor,” disse Draco apressadamente. Sua mente estava apenas metade na conversa: a outra metade estava voltada principalmente para o imenso esforço que parecia ser se colocar sentado e de maneira mais específica havia um outro pensamento insistente, isto doe. “Eu irei embora então, e irei ver se Fleur -".

“Você ficará exatamente aqui”. A voz de Slytherin passou por ele como um chicote. “Eu não terminei com você. Eu estou só apenas começando”.
Slytherin fez um gesto rápido com a sua mão esquerda, e Draco foi colocado de pé. Suas pernas o sustentavam muito pouco. Ele podia sentir o suor frio pingando pelo seu pescoço abaixo, veloz e gelado.

“Eu preciso de sua lealdade,” disse o Lorde das Cobras, “de sua obediência. Mas não é porque eu preciso de você que eu vou deixar você me dar ordens. Eu dou ordens para você. Meu poder é maior”.

“Eu disse que você era fraco,” disse Draco. Ocultar o seu conhecimento sobre a situação não parecia ser mais tão importante assim. “E se você é tão forte, por que você precisou de nós para lutar contra a manticore?”.

“Uma pergunta esperta”. Slytherin não parecia nem um pouco agitado. “Eu não tenho meus poderes agora, isto é verdade. Por isto, eu tenho usado Fleur. Mas ela está quase drenada, rapidamente ela não terá mais serventia para mim. E quando eu abri a Esfera, todo o meu poder retornará para mim”.

“Bem, então o que você está esperando?” Draco falou entre os dentes. Ele pressupôs que a Esfera fosse o objeto brilhante que Slytherin tinha tirado do corpo da manticore. “Abra isto”.

“Primeiro,” disse Slytherin, “o garoto Gryffindor deve morrer”.

Harry. Draco sentiu como se alguém tivesse reunido no cômodo toda a miséria e tensão, e comprimido duramente isto dentro de seus vasos sanguíneos. Então ele se lembrou do olhar no rosto de Harry quando ele disse, “Faça o que você desejar com ele, isto não me importa”. E o olhar no seu rosto quando ele lhe contou sobre os pais dele. Harry o odiava agora. Isto era tudo.

“O que a morte de Harry tem haver com todo o resto?”.

“Enquanto a Esfera não for aberta, eu não terei meus poderes. Enquanto eu não tiver meus poderes, eu não sou eu mesmo realmente, e os demônios não podem me encontrar para requerer o pagamento que eu fraudei anos atrás. Eles não vêem como as pessoas vêem; eles sentem a essência de uma pessoa, sua centelha de vida - e a minha centelha de vida está na Esfera. Primeiro eu devo acalmar os demônios com sangue, o sangue de um Herdeiro meu que também seja um Magid. Então, meus poderes podem regressar para mim, eu poderei reter a espada. E o Inferno ficará satisfeito”.

O Inferno está agora satisfeito. O que o demônio no sonho de Draco tinha dito para ele, ao dar a ele a espada. O sonho que era realidade - não a sua própria memória, mas a de Slytherin, ao fazer esta mortal barganha.

“Você não pode matar Harry,” ele protestou.

O sorriso de Slytherin se estreitou. “Você ainda o defende?”.

“Eu não o estou defendendo.” Draco endireitou-se. “Você não conhece a história dele? Ele derrotou o mais poderoso, imortal Bruxos das Trevas de nosso tempo quando ele era um bebe. Sua vida é encantada, literalmente. Há algum tipo de proteção nele. Eu não estou certo se seria uma boa idéia para você apenas lançar nele um Avada Kedavra. O último cara que tentou isto passou treze longos anos de sua vida como um projétil de banana na Bulgária antes que ele tivesse seu corpo de volta”.

“Fleur me contou,” disse Slytherin, parecendo levar em consideração as palavras de Draco. “Ela também me contou que o seu Lorde das Trevas conseguiu retornar ao poder, e atacou Harry. Então, ele deve ter se esquivado deste encantamento de alguma forma”.

“Bem, você com certeza sabe,” Draco falou entre os Dentes. “Rabicho contou a Hermione que você o matou. Voldemort, eu quero dizer”.

Slytherin bufou. “De modo algum. Na realidade, nós nunca nos encontramos. Eu simplesmente falei para Rabicho que o convencesse a estar ao meu serviço. Não,” ele acrescentou, “que eu não vá matá-lo, quando eu tiver os meus poderes de volta”.

“Não há respeito entre ladrões?” questionou Draco.

“Não é útil deixar um Bruxo das Trevas vivo jogando no campo,” disse Slytherin. “Você aprenderá”. Ele sorriu friamente. “O que você disse apenas me fez lembrar de algo muito interessante. Eu poderia simplesmente usar Fleur como uma tentativa para jogar a Maldição da Morte no seu amigo, mas ah de mim, para o propósito do ritual deve ser a minha mão a tirar sua vida. Um simples Encantamento Sanguinus deve ser suficiente para assegurar que eu possa ferí-lo sem repercussões”.

Draco fechou os olhos dele. Havia um zunido nos seus ouvidos e seu braço pulsava como se ele tivesse sido rasgado por lobos selvagens.

“Você está sentindo dor,” disse Slytherin, soando de forma abstrata curioso. “Não está?”.

“Sim,” disse Draco através dos dentes cerrados. “Você sabe que eu estou”.

“Certamente você sabe algum simples encantamento contra dor. Por que você não usa sua magia? Você não é um Magid? Você não é meu Herdeiro? Você se curaria com um pensamento, se você me deixasse te mostrar como se faz isto”.

Draco balançou sua cabeça. “Não importa. Isto não doe. Exceto pelo fato disto ser realmente doloroso. Mas não, eu não estou interessado”.

“Draco,” disse o Lorde das Cobras, e Draco se sobressaltou um pouco. Era raro Slytherin pronunciar seu primeiro nome. “Você não pode resistir em usar o seu poder. Você teme perder sua alma, sua identidade. Mas que identidade você tem? Isto foi dado a você pelo seu pai, empurrado à força para você por aqueles que você chama de amigos. Você já não se entende mais. Você vê o mundo de forma tão simples, como mal e bem”.

“Eu tenho visto ambas,” disse Draco. “Maldade e bondade. Eu sei que elas existem”.

“É claro que elas existem. O pacto que mantém o mundo unido clama pelos opostos; a escuridão e a luz, a uniformidade e o caos, o corpo e o espírito. Cada metade precisa da outra para sobreviver. Sem demônios, não haveria anjos. Sem Slytherin, não haveria Gryffindor. Sem Draco Malfoy...”.

“Não haveria Harry Potter,” disse Draco sem rodeios. “Eu entendi. Eu não sou estúpido”.

“Então não se comporte como se você fosse. Você tem poderes que muitos matariam para possuir. Use-os. Faça o que você desejar com eles”.

“Boa tentativa,” Draco disse amargamente. “Você não pode fazer o bem com poderes vindos do Inferno”.

“Por quê não? Existem anjos da morte, assim como anjos de destruição. E todos os demônios foram um dia anjos, e serão de novo algum dia. Talvez você não seja nem uma coisa nem outra, nem anjo nem demônio, nem puramente mau nem puramente bom, mas você é o Herdeiro de Slytherin e você me pertence. Você tem poderes. Use-os”.

“Por quê?” Draco perguntou. Ele podia sentir seu rosto ruborizando com o sangue inflamado. “Então eu posso ser como você? Por quê, quando isto não me deu nenhum prazer em usá-los? Talvez você goste de invocar os poderes do Inferno, mas eu não. Eu não seria feliz, sendo o que você é. Isto já passou pela sua cabeça?”.

“E você é feliz agora?” A voz de Slytherin tinha descido algumas oitavas, se tornando macia e serena. “Eu poderia fazê-la amar você,” ele disse, e Draco hesitou. “A poção do amor foi insatisfatória, eu sei, visto que ela sabia que era uma situação falsa. Depois de tudo, isto funcionou apenas como um castigo. Mas eu poderia fazê-la amar você e ela não saberia a diferença”.

Draco fechou os olhos dele, vendo Hermione no vestido vermelho dela quando ela caminhou até ele na clareira do acampamento do dragão, recordando o olhar no rosto dela, sofrimento misturado ao desejo e a traidora arrogância que ele tinha sentido sabendo que estas emoções eram para ele, estas lágrimas eram para ele, não para Harry desta vez.

“Não”. Ele abriu os olhos dele, afastando para longe a memória de Hermione. “Existe um preço,”’ele disse, “para a alegria como tal”.

“Existe um preço para tudo,” disse Slytherin. “Para cada vantagem dada a você, você pagará um preço. Para a sua aparência, existe um preço. Para seus talentos, existe um preço. Para sua força, existe um preço. Para um segundo dom de vida que retira você da morte, existe um preço. Você está em débito com o equilíbrio das coisas, Draco Malfoy. Você tem recebido mais do que você mereceu. Você estava destinado a pagar este débito servindo. Servindo a mim. Isto é a que você estava destinado. Lute, ou você pagará de um jeito ou de outro. O que você acha que acontecerá com os dons que você recebeu, Draco, se você não os usar?”.

Draco escutou a voz de seu pai na sua cabeça. O que acontecerá com o relógio se você o girar para trás? Ele quebra.
“Cale a boca!” Draco escutou a própria voz como se ela viesse de muito longe, forçando sair entre os dentes serrados. “Eu não quero ouvir mais nada”.

“Então não ouça mais nada,” disse Slytherin friamente. “Veja”.

Ele virou-se e apontou sua mão para a parede onde tinha tecidos pesados dependurados, seus desenhos brilhantes de dragões retorcidos, tão brilhantes que machucavam os olhos de Draco, o fundo parecia tinha sido polido com uma lixa.

Uma fagulha disparou da mão de Slytherin, e os tecidos se afastaram, dobrando para fora para revelar o que tinha sido escondido atrás deles.

Era um espelho. Draco deu uns passos para frente, observando com curiosidade. Quando ele se aproximou, o espelho parecia fazer o corpo crescer em tamanho e familiaridade. Estava tão alto que ele estava, figurado como um diamante perpendicular e espessamente forjado em dourado, e estava em pé sobre dois grandes pés arranhados. Um talento artístico muito grande tinha feito o modelagem da moldura, que era animada com as formas de folhas e animais. Supracitado na extremidade mais alta do espelho estavam três palavras esculpidas: Nosce Te Ipsum.

Parecia, ele percebeu, muito semelhante ao Espelho de Ojesed - o qual ele só tinha visto quando ele tinha estado uma vez em Hogwarts, sabendo o que ele era e o que ele, Draco, veria no espelho, e o que Hermione não iria ver. Mas a imagem deste estava impressa na sua mente.

Como, ele se perguntou, isto poderia ser um aparelho de tortura? “Você sabe, existe esta coisa sobre mim, eu de fato gosto de me olhar em espelhos. Chame-me de louco, mas -".

“Você não é louco. Apenas muito, muito irritante”. Slytherin levantou sua mão e segurou Draco pelo braço, o puxando até que ele parasse em frente ao espelho, olhando para baixo, para os pés dele.

“Este não é o espelho que você está lembrando,” disse Slytherin, atrás dele, a respiração fria dele no pescoço de Draco, o fazendo estremecer. “Este não é o Espelho dos Desejos, que mostra aos homens o desejo dos corações deles. Este espelho foi feito ao mesmo tempo que aquele outro, para ser seu oposto. Este espelho não mostra para você o que você quer. Exatamente o contrário”. A mão dele deslizou ao redor do pescoço de Draco para ajustar seu queixo, e forçou sua cabeça para cima. “Este espelho é chamado o Espelho do Julgamento. Mostra a você o que você realmente é”.

O que você realmente é.

Um estremecimento como um raio de luz atravessou Draco, e ele tentou girar para longe, mas Slytherin o segurava fortemente com um aperto feito aço, o braço dele cruzava a garganta de Draco. “Não. Eu não irei olhar”.

“Você irá”.

“Eu não irei”.
“Abra seus olhos,” sibilou o Lorde das Cobras, e balançou Draco rudemente.

Os olhos de Draco saltaram abertos.

E ele olhou.

***

Saindo da tenda de Rowena, o brilho frio do céu azul gelado ferroava os olhos de Ginny. Ela olhou ao redor desconfortavelmente procurando por Ron, e o viu quase imediatamente - como sempre, seu cabelo vermelho-flamejante o marcava como um farol. Ele estava sentando no longo banco de madeira, falando animadamente com um grande grupo de -.

“Veelas?” disse Ginny, arregalando os olhos dela de surpresa. “Aqui?”.

“Elas têm andado a esmo desde que o Lorde das Cobras foi derrotado,” disse Benjamin, que tinha aparecido atrás deles silenciosamente. Tinham flocos de neve branca caídos nos cabelos pretos dele. Ninguém parece ser capaz de chegar nelas e mandá-las embora”.

Hermione saiu da tenda atrás de Ginny, deixando cair a aba que fechou a tenda. Ela deve ter pego a última observação de Benjamin, por que ela bufou. “Não parece que Ron esteja tentando com esforço” ela falou entre os dentes. “Não é?”.

Ginny estava inclinada a concordar. Ron parecia como se ele estivesse tendo o momento de sua vida, cercado por garotas bonitas que estavam todas olhando para ele admiradas. Suas bochechas estavam vermelhas brilhantes por causa do frio e ele estava gesticulando animadamente enquanto ele falava, descrevendo elaboradas parábolas no ar com seus braços sarnentos. “Ele está provavelmente falando a elas que ele inventou a pontuação,” Hermione acrescentou de modo irritante. “Ou a roda. Ou -".

Benjamin arregalou seus olhos negros. “Você quer dizer que ele não é realmente o mais jovem Ministro da Magia de todos os tempos, no seu tempo?”

Ginny gargalhou enquanto Hermione emitia faíscas indignada. “O quê! Ron? Honestamente!”.

“Oh vamos, Hermione, isto não faz mal nenhum,” Ginny deu uma risada.

“Isto não faz mal nenhum,” Hermione exclamou, e empurrou Benjamin pelos ombros. “Vá...o resgate, você consegue, né?”.

Dando a ela um olhar de “Por quê eu?”, Benjamin andou com dificuldade em direção a Ron.

Ginny sorriu, mas parou quando ela percebeu que Hermione ainda estava totalmente enfurecida como um gato raivoso. “Hermione, realmente,” ela disse, tão diplomaticamente quanto ela podia ser. “Você não pode se sobressaltar cada vez que alguma garota olhar para um de seus rapazes, você sabe. Bem, a não ser Harry”.

“Eu não faço isto,” Hermione começou com raiva, então parou, e sorriu com melancolia. “Oh, tudo bem. Eu sei o que você quer dizer. É apenas que...bem, é Ron. E ele é o meu melhor amigo, e ele merece coisa melhor do que algumas prostitutas veelas de cabeça-vazia”. Ela forçou um sorriso. “Não que elas sejam necessariamente todas prostitutas, mas você sabe...eu apenas quero que ele tenha alguém tão maravilhoso quanto ele é. Eu quero que ele tenha o melhor”.

“Oh”. Ginny sentiu uma explosão de afeição por Hermione. Com todas as brigas deles, algumas vezes era difícil lembrar o quanto Ron e Hermione realmente se importavam um com o outro. Mas eles se importavam. “Isto se estende a Draco também?”.

“O que você quer dizer?” Hermione perguntou, e Ginny se virou para olhá-la. Os cílios negros dela estavam ornados com brancura: cinza, e neve, e sua pálida pele luminosa reluzia como a luz brilhante do sol. O Lycanthe brilhou prata contra seu peito. Ela parecia muito bonita, e muito controlada. Ginny mordeu o lábio dela e avançou com esforço. “Bem, eu quero apenas dizer, Draco e eu...se existisse um Draco e eu...e eu não estou dizendo que existe...mas se existisse...”.

“Ginny,” disse Hermione firmemente, se inclinando em direção a ela, e a beijando na testa. “Você é a melhor”.

“Eu perdi alguma coisa?” disse Ron, derrapando com Benjamin nos calcanhares dele. “Todos estão sendo beijados? Eu receberei um beijo também”.

“Apenas se Benjamin quiser beijar você,” disse Hermione cruelmente.

Benjamin parecia horrorizado. Aparentemente, ele não tinha percebido que como Herdeiro de Gryffindor, ele seria chamado para fazer tais extremos sacrifícios.

“Eu estou surpresa que você não tenha conseguindo pelo menos uma delas para beijar você,” Ginny deu uma risada, apontando seu queixo em direção a veela.

Ron parecia humilhado. “Eu estava apenas explicando Quadribol...”.

“Você disse a elas que você inventou o Quadribol,” colocou Benjamin tristemente.

“Sim, bem...”. Ron estava agora especialmente mais vermelho do que estaria com o frio. “Eu não quis dizer nada antes, mas, o que vocês duas estão vestindo, de qualquer forma?”.

Ginny deu uma olhada para si mesma. Hermione fez o mesmo. Ambas estavam vestindo as vestes de inverno que Rowena criou para elas. Ginny, primeiramente, tinha estado muito contente de ter alguma coisa para vestir ao invés de seu pijama de verão fino coberto de cinzas. Os vestidos eram feitos de uma lã de seda fina, e ela estava certa de que eles eram encantados para não serem desconfortáveis e espinhentos, mas para serem particularmente macios e justos. Ela amou a cor verde escura do seu, também.

“Eu acho que eles são muito bonitos,” disse Hermione, atirando seu cabelo para trás.

“Você parece ótima,” disse Ron para ela, e voltou um olhar severo para Ginny. “O seu está muito justo. Ela não podia ter dado a você alguma coisa...mais larga?”.

“Este é o modo que eles costuram,” fugou Ginny. “Você está apenas com inveja que você não tenha nada para vestir”.

Ron bufou com zombaria. “Como o quê? Calças justas, ou qualquer outra coisa que eles usam aqui?”.

Benjamin olhou furiosamente para ele.

“Não há nada de errado com calças justas,” Ron acrescentou apressadamente.

“Já chega”. Hermione revirou seus olhos. “Todo mundo se segure em mim,” ela anunciou, “agora,” e Ginny levantou sua mão com pressa para segurar o braço de Hermione, vendo Ron e Benjamin fazerem o mesmo. Hermione tocou o Lycanthe no pescoço dela. “Mobiliarus,” ela disse, e o mundo em torno deles girou para longe na escuridão.

***

Fleur levantou seus olhos enquanto a porta do quarto batia aberta, e Draco entrou.

Ele parecia diferente.

Não era nenhuma óbvia e clara mudança física. Mas havia algo de selvagem em seus olhos, e uma palidez mortífera em sua pele. Ele parecia como alguém que tinha tido numerosos e terríveis pesadelos em uma rápida sucessão e que ainda não estava certo se ele tinha acordado completamente.

“Esta criatura trouxe para você as suas bebidas,” ela disse em voz baixa, gesticulando com o queixo dela em direção a mesa baixa perto do fogo na qual elas estavam colocadas, particularmente inacreditáveis, em uma fila de grandes copos enchidos com álcool e ornados na borda com pequenas sombrinhas verdes. Os copos tinham sido claramente encantados para que os cubos de gelo não derretessem.

“Bem, eu serei amaldiçoado,” disse Draco, olhando. Então ele riu. “Literalmente, também,” ele acrescentou, caminhou para o fogo, pegou um copo, jogou a sombrinha para o lado, e esvaziou o copo.

Fleur se sentou, olhando para ele. “Draco, o que você está fazendo?”.

“Ficando bêbado,” ele disse, e bateu o copo de volta sobre a mesa. “O que isto parece?”.

“Isto é uma boa idéia?”.

“Isto é uma boa idéia?” ele imitou, estreitando seus olhos para ela. “O quê, você não acha que eu mereço alguns momentos de diversão? Isto separaria tão belamente os momentos de morte e de mutilação”.

“Ele mostrou para você o Espelho, não foi?” perguntou Fleur, olhando para ele severamente.

Draco riu. Isto fez um frágil, mas explosivo som. “Quê Espelho? Eu não sei do que você está falando. Ele queimou todo o meu braço, então ele me arrastou para me mostrar o exército que eu comandarei. Dementadores, lobisomens, vampiros, coisas nojentas com chifres saindo de detrás de suas orelhas...é como um encontro no clube dos inimigos. “Onde apenas o solitário e nojento se torna sócio””.

“Draco...você está se sentido bem?”.

“Como se eu tivesse sido atingido por um relâmpago depois que o Expresso para Hogwarts passou por cima de mim. Mas me deixe beber um pouco mais disto, e eu me sentirei ótimo”.

Ele engoliu outro Mai Tai.

Fleur mordeu o lábio dela, e esticou sua mão. “Por favor...venha se sentar”.

“Próximo de você?” Draco repentinamente jogou na lareira o agora copo vazio. Ele se quebrou, e o fogo assobiou com os últimos resquícios de álcool, queimando como lenha cortada. “Eu acho que não. Eu prefiro beijar um dementador. E do jeito que as coisas estão indo, parece que eu poderei ter isto, já que é com eles que eu andarei por aí no próximo milênio”.

“Milênio?”.

“Sim, eu irei viver para sempre. Você não ouviu? Eu terei vida eterna com Slytherin. Eu supunho que ele acredite que isto é um algum tipo de grande prêmio, mas eu o conheci há apenas uma semana e já não agüento ficar perto dele, eu estou menos que excitado. Eu não quero exatamente a eternidade com o cara. Mas, hey, pelo menos o meu novo uniforme não é cinza. Você gosta dele?”.

Ele abriu seus braços. Fleur, que não tinha notado que ele já estava vestindo algo diferente, olhou para ele com indiferença. “É preto. Tudo o que você veste é preto. Você parece o mesmo”.

“Bem, você não está determinada a ser difícil”. Ele deixou cair seus braços e caminhou em direção à ela. Ela podia se ver refletida nas pupilas dilatadas dos olhos dele. Ele estendeu a mão dele e colocou os dedos dele sob o queixo dela, levantando a cabeça dela. Ele cheirava à álcool e à raiva, e as mãos dele estavam tremendo tão violentamente que depois de um instante, ele a largou. “Se você estava se perguntando se você tem vida eterna,” ele disse com uma calma malevolente, “você não tem”.

Ela sentiu lágrimas brotando do fundo de seus olhos. “Eu sei disto”.

“Bom. Eu odiei você por receber uma surpresa asquerosa”.
Ela fechou seus olhos e sentiu duas lágrimas escorrem queimando pelo caminho que elas passavam pela sua bochecha. Normalmente, ela teria vergonha em chorar na frente de alguém, mas ela estava muito cansada para se preocupar com isto.

Ele deixou sua mão cair do queixo dela. “Anime-se,” ele disse, em um tom que a fez pensar em um punho de ferro empacotado com uma luva de seda. “Mariposus,” ele murmurrou com um sopro, e ela olhou para cima, os olhos dela se arregalaram para ver uma correnteza de luzes multicoloridas explodirem dos dedos dele. A luz se transformou em umas cem brilhantes borboletas, agitando e mergulhando, e ela suspendeu de volta sua cabeça para vê-las, lembrando como Draco tinha estado envolvido no quarto dela na escola e as borboletas que ela tinha conjurado tinham aterrizado nos ombros e nas mãos dele.

Ela olhou para ele duramente, tentando avaliar se ele lembrava também, mas os olhos dele estavam escuros e ilegíveis. “Incindio,” ele murmurou. Fleur endureceu de horror quando dúzias de coloridas borboletas explodiram em pequenas chamas, como minúsculas, incendiadas estrelas. Draco olhou para baixo, para ela, o reflexo das fagulhas abundando os olhos dele.

“Isto foi horrível,” ela disse em poucas palavras, quando a última chama se apagou.

“Olha quem está falando”. A capa dele tinha se desafivelado. Ele foi para trás e fechou a cravelha, que era de bronze, e era trabalhada na forma de duas serpentes com as caudas ligadas. Ele deu a ela um sorriso gelado. “E com esta agradável memória para esquentar você, eu irei deixar você”.

“Me deixar? Onde você está indo?”. Ela estava surpresa com o desespero na sua própria voz. Mesmo malévolo como Draco estava atualmente sendo, ela não queria ficar sozinha.

“Eu estou devendo uma pequena visita a Harry. Para coletar algum sangue. Seu Mestre precisa disto para um feitiço. Algumas pessoas colecionam moedas, ele coleciona amostras de sangue de prisioneiros indefesos”. Terminando com a capa dele, ele deixou cair suas mãos. “Agora existe um cara que sabe realmente como fazer sua própria diversão”.

“Não vá,” ela murmurou, sem realmente saber o que ela estava dizendo. A exaustão tornou difícil para ela focar seus olhos corretamente.

“Ficar? Com você? Quê doce”. Atravessando a porta, ele parou perto dela, se inclinou, e afastou o cabelo dela para longe de sua orelha, roçando sua bochecha gentilmente com as pontas geladas dos dedos dele. Ela sentiu a respiração dele contra o pescoço dela quando ele se curvou sobre a orelha dela e sussurrou, “O sangue, eu estou indo recolhê-lo...isto está também em suas mãos”.

Ela estremeceu sem falar quando ele tirou a mão dela para longe, se virou, e caminhou para fora do quarto, batendo a porta atrás dele.

***

Demônios! parecia ser um livro tão longo, detalhando e quase incompreensível que Narcissa logo se desesperou em criar algum sentido útil para isto. Eram cinco horas e ela estava apenas no Abbadon, Rei das Profundezas. Abbadon é o chefe dos demônios da sétima hierarquia, o rei dos gafanhotos, ou demônios insetos (descritos como tendo o corpo de um cavalo alado de guerra e o veneno das caudas curvadas dos escorpiões). Como descrito em Revelações, Abbadon abriu os portais das profundezas e liberou sobre a terra sua multidão de demônios gafanhotos...

Narcissa bateu sua cabeça na mesa. Por quê não? Não havia ninguém em volta para vê-la. “Demônios gafanhotos,” ela suspirou. “Me poupe”.

“Demônios gafanhotos não são brincadeira,” veio uma voz seca atrás dela. “Eles podem realmente arruinar um piquenique”.

Ela se virou, a mão dela no seu peito, e viu uma familiar cabeça e ombros boiando na lareira. Olhos negros a observavam estreitamente.

“Severus,” ela disse. “Você me assustou”.

“Me desculpe”. Snape inclinou sua cabeça. Ele sempre possuiu um quase arcaico conjunto de maneirismos fidalgos, ela se lembrava disto da época em que ele e Lucius tinham sido próximos. Ele não era do tipo de beijar a mão, mas ele saudava, e se levantava para as mulheres quando elas entravam na sala. Isto sempre a impressionou em divergência com o outro lado dele de comportamento mais severo. “Eu estava procurando por...”.

“Sirius?”.

Snape parecia tão levemente astuto. “Sim”.

“Bem, ele não está aqui. E eu não sei quando ele irá voltar. Eu posso entregar a ele uma mensagem?”.

Snape hesitou por um instante, então acenou com a cabeça de forma curta. “Eu achei que ele poderia querer saber que eu traduzi as cartas de fogo na parede da cela onde...” Sua voz falhou.

“Onde Lucius morreu? Você pode dizer isto, Severus”.

“Onde ele foi assassinado”. Snape levantou um pedaço dobrado de pergaminho. “É um encantamento de expulsão de demônio”.

“Você quer dizer que é um encantamento para invocar um demônio”.

“Não, eu quero dizer o que eu disse. Eu acho que ele deve ter chamado alguma coisa, não gostou do ele viu, e tentou bani-lo. Em vão. Eu acredito que a maldição de expulsão é para um demônio especifico também, mas desde que Sirius tomou emprestado meu texto de demoniologia, eu não posso fazer uma comparação”.

“Ah,” disse Narcissa. “Bem”. Ela estendeu sua mão para o pergaminho, e depois de um instante de hesitação, Snape o entregou. “Eu darei isto para Sirius quando ele retornar”.

“Muito bem”. Snape acenou com a cabeça de forma curta, e desapareceu.

Narcissa se sentou por um instante, olhando para o pergaminho em sua mão. Então ela se levantou, foi até a sala de visitas, e com um rápido "Alohomora!" abriu o alçapão que levava ao calabouço.

Ela nunca gostou muito dos corredores sob a Mansão dos Malfoys, e eles eram muito piores quando ela estava sozinha e no estado tenso em que ela estava atualmente. Ela esticou sua varinha para o alto, tentando aumentar sua iluminação. Ela deu um suspiro profundo quando ela alcançou a porta do calabouço antes de puxá-la para abrir. Ela fez um barulho de algo que está enferrujado e isto produziu um arrepio em sua espinha.

O demônio estava acordado, como ela esperava. Ela particularmente duvidava que tais criaturas dormissem de alguma maneira. Ele olhou para ela com os olhos vermelhos redondos quando ela se aproximou de sua cela.

Sem rodeios, ela parou imóvel na frente dele e disse: “Demônio. O que você quer?”.

Os olhos redondos dele se arregalaram. “O que quer qualquer prisioneiro? Ficar livre”.

“Eu não posso libertar você. Mas eu posso mandá-lo de volta ao Inferno”.

O pequeno rosto deformado dele refletia sua dúvida. “Você poderia fazer isto? Por quê?”.

“Porque eu quero fazer uma barganha com você. Eu mandarei você de volta ao Inferno, em troca de um favor seu”.

O rosto do demônio se expandiu em um gracejo feio. “Uma barganha, eh? Me fale mais...eu sou todo ouvidos”.

***

O passeio para frente no tempo foi muito parecido com o que tinha sido o passeio de volta no tempo.

A Chave de Portal depositou Ron, Ginny, Hermione e Benjamin nos degraus da fachada do castelo de Slytherin. Hermione e Ron tropeçaram, mas se mantiveram de pé; Benjamin e Ginny aterrissaram mais graciosamente, ligeiramente como gatos.

Uma vez dentro, o castelo estava silencioso, o mesmo tipo de sensação do castelo da Bela Adormecida, como se ele estivesse fora do tempo. Nenhum sopro de vento movimentava as tapeçarias quando eles se apresaram atrás de Benjamin pelos corredores estreitos de pedra, nenhum som de pássaros vinha através das janelas abertas e sem vidros. Não houve necessidade de derrubar nenhuma proteção na prisão de adamantio: a porta estava aberta.

Eles estavam na cela e Hermione quase gritou: as paredes eram exatamente da cor azul que ela tinha visto na sua visão de Harry. Ela viu muito pouco a confusão de estranhas e pesadas mobílias, por toda a parte, as tapeçarias cintilantes. A idéia de que ela poderia estar somente em pé no espaço que Harry estava, ainda que mil anos antes, fez com que ela se desesperasse. Ela puxou Ron e Ginny em direção a ela, unido os braços com eles, quase esquecendo de dizer adeus a Benjamin. Foi Ginny quem o puxou em direção a ela e o beijo na bochecha em agradecimento. Ele ficou rosa, e então Ginny girou o Vira-Tempo, e o quarto, as tapeçarias, as paredes brilhantes, e o envergonhado Herdeiro de Gryffindor desapareceram em uma mistura prateada.

Não foi tão ruim desta vez - frio e sem ar e intenso, mas Hermione manteve o aperto de mão com Ron e Ginny bem estreito. Quando o mundo finalmente se arrumou de novo, ela estava ainda de pé, os braços dela ligados aos deles. Ela abriu os olhos dela.

O quarto era o mesmo. Paredes azuis. As mesmas tapeçarias, desbotadas pela idade e pelos anos agora. A mesma mobília. E lá, contra a parede mais distante, sentado Harry.

Ele parecia exatamente como ele estava na visão dela: os braços amarrados para trás, coberto de sangue, rasgado e arranhado. Mas ele estava vivo, e não tirava os olhos deles com assombro. Ela cruzou o quarto correndo e se jogou para ele, colocando os braços dela em torno dele. Sua camisa estava rasgada, dura de sangue, e isto arranhou os dedos dela. Ela sentiu os músculos das costas dele se contrair quando ele se esforçou para mover as mãos dele em direção a ela, para colocar os braços dele em torno dela, e unir o corpo dele ao dela. Seu rosto estava pressionado contra os cabelos dela. “Hermione,” ele disse, sua voz emitindo um som de descrença e surpresa. “Hermione...”.

“Sou eu,” ela disse, o segurando com mais força. Ela podia ver, por sobre os ombros dele, as ligações que o mantinham preso: duas claras bainhas em torno dos pulsos dele de uma grossa corrente que estavam ligadas ao que parecia ser um grande grampo de adamantio enterrado no chão. O aspecto disto a aterrorizou. Ela queria, mais do que qualquer outra coisa no mundo, ser capaz de libertá-lo, e não podia imaginar como isto poderia ser feito. Tentando não pensar nisto, ela se atirou novamente e beijou o rosto dele impetuosamente, apesar dele estar salpicado de sangue e sujeira, e acariciou os cabelos dele. “Sou eu...você deve saber que eu encontraria você”.

“Eu tinha esperança de que você me encontraria,” ele disse, sua voz seca e tensa, ocultada pelos cabelos dela. “Eu estava com tantas saudades de você. Eu achei que eu tinha ouvido sua voz esta manhã, dizendo meu nome, e eu acreditei que isto significava que eu devia estar morrendo, e ouvindo o que eu mais queria escutar antes d’eu -".

“Shh”. Ela beijou a boca dele, a fechando. “Harry, eu amo você”.

“Eu sei. Eu amo você também”.

Eles ficaram sentados juntos por um longo momento, os braços apertados de Hermione em torno dele. Finalmente, ela o soltou e se sentou para trás.

“Quanto tempo você deixou o pobre cara sem ar,” disse a voz de Ron atrás dela.

Hermione levantou os olhos; então Harry fez o mesmo. Um sorriso gigantesco se espalhou pelo rosto dele quando ele viu Ron e Ginny. Ele parecia como se não soubesse se ria ou chorava. “Eu não posso acreditar que vocês estejam aqui,” ele disse.
“Vamos, você sabia que nós viríamos atrás de você,” disse Ron amigavelmente, dando um sorriso para Harry. “Nós somos os seus amigos. Nós não deixaríamos que nada acontecesse com você. Bem,” ele acrescentou, diante do inegável estado sangrento de Harry, “com exceção do cativeiro e dos horríveis ferimentos, é claro”.

Harry balançou sua cabeça. “Isto não é meu sangue”.

“Bem, eu teria odiado ver o estado do outro cara,” disse Ron, parecendo impressionado. “O que você fez - o descascou?” Ele deu um sorriso. “Era o Malfoy?”.

O sorriso de Harry desapareceu como se ele tivesse sido apagado de seu rosto.

Ron parecia preocupado. “Você não matou o Malfoy, não foi? Isto será difícil de explicar quando nós voltarmos para casa. Você receberá uma detenção, com certeza”.

“Onde está Draco?” Ginny perguntou, ajoelhando-se do outro lado de Harry e tocando seu ombro levemente.

“Ele está provavelmente apenas em outra cela, certo?” disse Hermione, sentindo um mal-estar espetando suas costelas. “Certo, Harry?”.

Harry suspirou, e inclinou a cabeça dele para trás. “Eu não matei o Malfoy,” ele disse, um pouco amargo.

Então ele contou a história do que tinha acontecido nos dois dias passados, deles acordando na cela de adamantio, da Fleur vindo para resgatá-los, neste ponto ele foi interrompido por ambas, Ginny e Hermione, fazendo barulhos sibilados confusamente. “Fleur? Mas...ela é...ela é uma tal...” Hermione começou.

“Uma o quê?” perguntou Ron, parecendo muito entretido.

“Uma vadia!” anunciou Ginny, ficando rosa em volta das orelhas. “Bem, ela é,” ela acrescentou defensivamente, captando o olhar divertido de Ron. “Draco me contou que ela praticamente o raptou e suplicou a ele por sexo e...” ela parou, percebendo como isto soava.

“Esta é a história dele,” bufou Ron. “Suplicando a ele por sexo...sim, certo!”.

“Ela é má,” disse Harry.

Todos eles se viraram e olharam para ele. “O quê?” disse Ron.

“Ela é má,” disse Harry, e continuou a explicar para eles sobre o passeio no labirinto, os guardas metamorfogos, e o que tinha sido colocado do outro lado da porta de adamantio. Quando ele tinha lutado contra a manticore, Hermione ficou pálida e sentiu como se ela estivesse pronta para vomitar, lembrando da foto do Conto sobre Animais Mágicos do animal com suas duas linhas de razoáveis dentes, seu ferrão mortal. “Ela estava em comum acordo com Slytherin. Foi tudo um truque para que nós matássemos a manticore para ele. Uma vez morta, os dois apareceram juntos e Slytherin ordenou aos guardas para me arrastar para fora dali”.

A mão de Hermione voou para boca dela. Se a manticore estava morta, então Slytherin possuía a Esfera. E se ele possuía a Esfera...

“Eu não posso acreditar que Fleur fez isto!” Ginny exclamou. “Eu quero dizer, eu achava que ela tinha algum escrúpulo. Ainda que, aparentemente não”.

Ron parecia igualmente chocado. “Oh, cara. Eu desejo poder colocar as minhas mãos nela. Não desta forma, também,” ele protestou apressadamente, ao olhar de Hermione.

“O que aconteceu com Draco?” Ginny perguntou. “Ele está em outra cela? Slytherin o feriu?”.

Harry abaixou seus olhos. “Não exatamente”.

Houve um curto silêncio. Alguma coisa está errada, Hermione pensou. Ela se inclinou em direção a ele e colocou a mão dela na bochecha de Harry, gentilmente virando a cabeça dele para que ele a encarasse. “Harry, amor, o que é que é?”.

“É sobre o Malfoy,” disse Harry. “Ele--".

Um rangido.

De repente, um som batido se espalhou no ar pela cela. Hermione olhou rapidamente em direção ao som, e viu um grande quadrado negro começando a aparecer na parede mais distante.

“Ah, inferno”. Harry tinha se tornando branco. “Alguém está vindo. Vocês têm que sair daqui”.

Ginny levantou-se e esticou sua mão para o Vira-Tempo, mas Ron se colocou de pé logo depois dela e segurou sua mão.

“Não. Nós não podemos deixar Harry”.

“A Capa de Invisibilidade,” disse Hermione, desesperadamente. “Ron --".

Mas Ron já tinha pegado a capa. Hermione colocou-se de pé com um salto enquanto Ron se apoiava contra a parede. Ela e Ginny se aconchegaram para perto dele e ele jogou a capa exatamente ao redor dos três enquanto o espaço negro na parede mais distante se abria em sua completa extensão e Slytherin entrou, vestido de vestes verdes e pretas das quais ela se lembrava no primeiro encontro deles. E depois dele, vieram dois guardas, vestidos com vestes cinzas.

E depois deles, Draco.

***


Algumas horas se passaram, e Lupin estava entediado. Ele tinha comido todo o chocolate dele, e brincou de alguns jogos da velha com ele mesmo rabiscando no vazio com as embalagens do doce. E enquanto isto, Sirius não estava chegando a lugar nenhum com sua pá. Sendo Sirius, é claro, ele não admitiria isto.

Finalmente, Lupin jogou para o lado o pau que eles estava usando para desenhar as figuras rústicas e divertidas na sujeira, e ficou de pé. “Sirius!” ele gritou. “Isto está beirando ao ridículo. Você me deixaria ajudá-lo?”.

Sirius deixou cair a pá irritado cruzando os braços dele sobre seu peito. “Certo. Vá em frente”.

Lupin se colocou de pé. Com uma ponderação séria, ele desafivelou a capa cinza de viagem que ele estava usando, a colocando no chão, caminhou novamente para a árvore, e colocou as mãos dele ao redor dos dois lados do tronco.

E empurrou.

Rrrri p.

A árvore foi arrancada do chão tão facilmente como se isto tivesse sido um nabo que Lupin tivesse arrancado pela raiz. Respirando dificilmente, ele a empurrou para o lado, e ela caiu no chão com um barulho ruidoso e forte, seu tronco descansando no topo da parede. As raízes da árvore feridas como as pontas das mãos, e o espaço escuro mais abaixo foi revelado.

Lupin se virou, limpando o pó de suas mãos, para ver Sirius olhando, e murmurando em um volume abaixo de sua respiração. Lupin, com sua audição sensível, foi capaz de distinguir algumas palavras claramente: exibicionista,dado, e força de lobisomen super-humano meu -.

“Ahem,” ele interrompeu. “Nós não estamos com um curto tempo?” Ele forçou um sorriso. “Ou apenas com um curto temperamento?”.

Sirius devolveu o sorriso forçado, então se ajoelhou. O espaço oco debaixo da árvore tinha obviamente sido projetado pelos homens: era raso e forrado com pedra para mantê-lo úmido. Quando Lupin se aproximou, ele percebeu o brilho agudo de luz vindo do lado de algum metal dentro do buraco. Era uma longa caixa de algum tipo, que Sirius a apanhou e a levantou em direção à luz. Muito transparente para ser adamantio, Lupin suspeitou que isto era feito de algum tipo de adamantio derivado. Uma expressão de ansiedade cruzou o rosto de Sirius quando ele virou a caixa, correndo seu dedo polegar sobre o material liso, e parou com o seu polegar na fechadura de forma irregular e escura. Alcançando o interior do seu bolso, Sirius puxou a chave prateada cravejada com pedras vermelhas, e deslizou a extremidade da chave para o interior da fechadura.

A caixa produziu um ruído abrindo tão facilmente como se tivesse sido fechada apenas ontem. Colocando-a no chão, Sirius virou a tampa para trás, e tirou de dentro dela o objeto que estava colocado lá dentro. Ela longo, tão longo quanto seu braço, e era feita de prata. A bainha da espada, totalmente cravejada com desenhos brilhantes de flores e animais e folhas que mostravam juntos complexamente a forma da palavra Gryffindor.
***

Draco parecia o mesmo, mas também não parecia mais o mesmo.

Suas roupas estavam diferentes, ainda que não fosse isto, não exatamente. Ele estava vestido de preto como sempre: camisa e calças pretas, botas pretas, capa preta, ainda que ela fosse marcada com linhas prateadas e brancas, e fosse amarrada no peito por correntes de bronze entrelaçadas na forma de serpentes. O branco da capa marcado com linhas se contrastava com as roupas pretas e combinava para fazê-lo parecer irreal, mais como uma peça de xadrez do que com uma pessoa. De fato, ele parecia como se tivesse sido purificado de seus elementos mais essenciais, como se tudo o que fosse desnecessário tivesse sido queimado. Pele branca, olhos pretos, cabelos prateados, e a corrente dourada do Encantamento Epicyclical reluzindo na sua garganta.

Ele estava de pé ombro a ombro com o Lorde das Cobras, e em suas botas, eles tinham quase a mesma altura. Slytherin levantou sua mão, a colocando no ombro de Draco, e Hermione, que se lembrava com sofrimento deste toque agonizante, queria gritar para ele, mas não o fez.

“Draco,” ele disse. “Eu deixarei isto para você. Você sabe o que fazer”.

Draco inclinou sua cabeça e começou a cruzar o quarto em direção a Harry. Os guardas o perseguiam tão silenciosamente como fantasmas. Harry levantou sua cabeça quando Draco se aproximou, olhando para ele firmemente, e não mudou a expressão quando Draco graciosamente se abaixou sobre os joelhos dele na frente de Harry, e então seus olhares estavam no mesmo nível. Seu rosto estava pálido e imóvel, mas seus olhos estavam vivos; ele encontrou e sustentou o olhar de Harry: os olhos verdes e prateados, as cores do Lorde das Cobras.

“Bem, Potter,” ele disse finalmente, e o tom lento de sua voz emitiam flechas de fogo gelado atravessando as veias de Hermione. “Dá a impressão de que você tem se colocado em uma desagradável situação aqui dentro”.

“Eu não me coloquei nesta situação, Malfoy,” disse Harry igualmente. “Você o fez”.

“Você não deveria ter matado aquele basilisco no segundo ano,” disse Draco, no mesmo tom de conversa, como se Harry não tivesse falado. “Você realmente desagradou o velho Slythie. Se você não tivesse feito isto, talvez ele tivesse deixado você vivo, mas agora...”. Draco forçou um sorriso quando Harry fez um involuntário movimento em direção a ele, e as algemas de adamantio se chocalharam. “Vamos apenas dizer que eu não iria querer estar em suas correntes”.

“Ontem você estava em minhas correntes,” disse Harry igualmente. “Mas eu suponho que você tenha articulado uma saída, não foi, Malfoy? Seu maldito traidor,” ele acrescentou, sem expressão, como se tivesse apenas dizendo, “Bom dia”.

“Não me diga que você está se sentindo traído, Potter,” Draco murmurrou. “Que adorável”.

Harry revirou seus olhos. “Olha, nós podemos nos livrar da provocação obrigatória e apenas pular rapidamente para o objetivo desta pequena visita?”.

“Talvez a provocação seja o objetivo desta pequena visita,” disse Draco indiferente. “É certamente a parte divertida. Ainda que possivelmente não de onde você está sentado. Me conte um pouco mais sobre como quão traído você se sente, por quê não? As brilhantes ligações de nossa amizade se romperam, e isso é tudo. Me conte o quanto você sentirá minha falta”.

“Eu não posso,” Draco disse, “Eu ainda não cheguei na parte da Aritimancia onde nós tratamos de números tão pequenos que eles não existirão até o próximo ano”.

“Isto é,” Draco disse, “supondo que para você, haverá um próximo ano. Ou até mesmo uma próxima semana. Vamos encarar isto, Potter, até mesmo a idéia de esta noite não está parecendo algo sobre o qual você possui algum conhecimento”.

As correntes de Harry chacoalharam quando ele se inclinou para trás contra parede em um gesto exasperado. “Olha, o que você quer, Malfoy?”.

“O que eu quero? Paz mundial, Potter. Um casaco de pele que se estragará na chuva. Um cabo de vassoura que quebre duas vezes a barreira do som. Oh, e um pouco do seu sangue”.

“Meu sangue?”

Draco virou-se e olhou por sobre o ombro para um dos guardas sem rosto, vestido de cinza. “Solte seu pulso,” ele disse, e enquanto o guarda levantava sua mão em direção a Harry, Draco deu de novo uma risada. “Seu pulso esquerdo”.

Hermione sentiu seu coração despencar para o estômago. Aquele sorriso... ela não via este tipo de sorriso no rosto de Draco em meses. Era um tipo asqueroso de infantilidade, sorriso divertido,o mesmo sorriso que ele sorriu três anos antes quando ele parou no corredor para lhe dizer que o dente dela era muito grande, que os Druidas poderiam tê-los usado para objeto de veneração, e todos os Slytherins riram.

Ela se perguntou se eles iriam rir agora. Provavelmente.

Ela não podia imaginar como Harry mantinha uma tal expressão de indiferença enquanto o guarda levantava sua mão e nada gentil fez alguma coisa com seu pulso esquerdo que estava libertado da algema. Se fosse ela, ela teria gritado para Draco, o chutado com seu pé. Ela queria fazer isso agora, da mesma forma que queria correr e colocar as suas mãos nos ombros dele e o forçar a lhe prometer que ele estava apenas fingindo.

Assim que os guardas soltaram Harry, Draco levantou sua mão e a deslizou para dentro do bolso da camisa de Harry. Quando ele a retirou, ele estava segurando o canivete de Harry. Ele olhou para o guarda, e o guarda entregou o recém libertado pulso de Harry tão impessoalmente como se fosse um lápis. Harry não lutou ou tentou se afastar, apenas observou Draco com dos olhos verdes estreitados enquanto ele abria o canivete com um tapa e testava sua ponta com um dedo.

Ao seu lado, Hermione sentiu Ron tenso, e ela segurou firmemente o braço dele.

Draco virou a mão de Harry para cima no seu pulso de forma que isto manteve sua palma para cima, e colocou a ponta da lâmina contra a parte de dentro do pulso de Harry. “Você se lembra,” ele disse, ainda em tom de conversa, “quando você cortou abrindo minha mão com isto?”.

“Eu fiz isto para salvar sua vida,” disse Harry. Ele não se moveu, mas Hermione, tão perto dele, ela pode ver o sangue escorrendo do pulso para seu pescoço, sentindo um medo vagaroso e nauseante varrer sobre ela. Como poderia Harry estar tão calmo, tão sangue-frio? Ela sabia que ele não estava calmo - ela podia ver que o suor escurecia as costas de sua camisa, emplastando os seus cabelos negros nos seu pescoço. Mas ele não mudou a expressão. Ele aprendeu isto com Draco, ela pensou.

Draco olhou para baixo, e ela viu seus olhos de relance. “Que você teria feito por qualquer um”.

“Eu não poderia dividir meu sangue com apenas qualquer um”.

“Oh, sério?” A voz de Draco pingava sarcasmo e outra coisa mais. “Eu estou convencido de que você deseja agora ter me deixado morrer quando você teve a chance”.

“Não,” disse Harry, calmamente mas com convicção. “Não. Eu teria feito a mesma coisa de novo”.

A mão de Draco que segurava o canivete tremeu quase imperceptivelmente. Hermione, tentando desesperadamente não se mover, viu as mãos Del, e o coração dela diminui uma batida. As mãos de Draco estavam sempre imaculadas, bem tratadas, as unhas perfeitas em meia lua. Agora elas estavam ruídas, com sangue vivo debaixo delas e tinham marcas profundas na palma de sua mão onde, talvez, suas unhas tinham sido cravadas. O que ele tinha feito? O que havia sido feito como ele?.

Draco se restabeleceu. “Boa tentativa, Potter, mas é um pouco tarde demais para me comover. De qualquer forma, Eu acreditei que você tinha mais fibra do que isto”.

“Caía morto, Malfoy”.

“Eu já fiz isto, amigo”.

“Se, na primeira vez, você não teve sucesso,” disse Harry imediatamente, “tente de novo”.

Draco contraiu seus lábios e assobiou. “Boa resposta. Tomando aulas com alguém mais esperto que você, Potter? Sirius está dando para você algumas pistas?”.

Harry riu. Foi um tal som inesperado que Hermione quase pulou. Os olhos de Draco tornaram-se vazios. “O que é tão engraçado, Potter?”.
“Eu estou apenas me perguntando,” disse Harry, “o que Sirius diria se ele soubesse o que você estava fazendo com o canivete dele agora mesmo”.

Desta vez, Draco saltou, e a ponta do canivete entrou ainda mais no braço de Harry. Draco puxou com força o canivete enquanto o sangue brotava ao redor das extremidades do corte, e escorria, respingando no chão.

Um dos servos vestidos de cinza se adiantou e pressionou um pedaço de pano quadrado sobre o corte que sangrava. Em um momento, ele estava ensopado de vermelho. O pano foi retirado, e o servo se afastou, impelido para trás em direção a Slytherin, que estendeu uma mão para ele.

Hermione evitou olhar, nauseada. O que ele fará com o sangue de Harry?.

Harry aparentemente não tinha tal preocupação. Ele estava ignorando seu braço que sangrava, olhando para Draco em vez disto, e o olhar em seu rosto era horrível. Hermione achou que se Harry em algum momento olhasse para ela assim, ela iria querer morrer.

Por enquanto, Draco estava muito branco e parecia um pouco como se ele tivesse para ficar doente. Ele fechou o canivete com um tapa, e o colocou de volta no bolso de Harry. Havia sangue nas mãos dele agora e sangue derramado na sua capa branca.

“Malfoy,” disse Harry, tão calmamente que Hermione teve que se esforçar para ouví-lo. “Você não tem que fazer isto”.

“Eu morrerei se eu não fizer”. A voz de Draco era monótona, e Hermione estava assolada pela sua escolha das palavras - não ele me matará se eu não fizer, mas eu morrerei. Como se isto estivesse completamente fora de seu controle.

“Existem coisas piores do que a morte. Eu suponho que você saiba disto”.

Um pouco da antiga faísca de maldade cruzou a expressão de Draco. “Você e seus amigos me trouxeram de volta,” ele pontuou friamente. “Eu suponho que você me subestimou, Potter”.

“Não. Eu superestimei você. E agora nós pagaremos por isto”.

“Tudo tem seu preço,” disse Draco, com uma voz ausente, como se ele tivesse recitando alguma coisa que ele aprendeu de cor.

“E o que eu estou pagando?”.

“O que você tem me feito,” disse Draco sem rodeios.

Harry parecia incrédulo. “O que eu tenho te feito? Eu não tenho feito outra coisa para você do que salvar sua maldita vida, e tomar o seu partido, e confiar em você! Eu deixo você vadiar por aí com a minha namorada mesmo sabendo como você se sente sobre ela -".

“Minha vida nunca precisaria ser salva se isto não tivesse sido por você!” Draco berrou. Manchas vermelhas de raiva salpicaram suas bochechas. “Se não tivesse sido por você, eu teria sido um sevo leal de Voldemort e do meu pai. Eu nunca teria lutado contra eles, nunca teria sabido o que era querer lutar contra eles, querer ser alguma coisa diferente,” e ele sublinhou o diferente como se fosse uma terrível palavra. “Meu pai poderia estar vivo, se isto não fosse por você”.

Harry empalideceu, sua expressão socada e indignada obscurecida. Hermione sabia exatamente como ele estava se sentindo. Ela sabia como Draco se sentia a respeito de Harry. Como ele podia dizer estas coisas?”.

E mesmo assim ele as estava dizendo. A raiva em seus olhos era real; eles pareciam estar expelido faíscas prateadas. “Eu suponho que você saiba o que é ter um destino, não é, Potter?” ele rangeu os dentes. “Mas você sabe o que é se ser tocado por ele? Lutar e lutar cada segundo de cada dia até não sobrar nada de você a não ser pedaços ásperos e tudo o que você quer é morrer e ter alguma paz? E então você aparece, brincando de herói, me dizendo que você nunca desejou que eu morresse. ‘Não eu. Nunca’. Bem, é claro que você não desejou. Eu não vivo na sua cabeça do modo que você vive na minha. Eu não sei por que isto aconteceu, apenas aconteceu. Eu não tento mudar você. Você tenta me mudar. E você tem feito minha vida se tornar insuportável-“.

Choque rapidamente cruzou o rosto de Harry, seguido por raiva; ele estava se esforçando para ficar de pé, e tinha se jogado para frente de modo que a corrente o segurava, estava sendo puxada em toda sua extensão. Hermione podia ver as argolas de metal cortando o pulso dele. “Não é minha culpa estas coisas terem acontecido!” ele gritou para Draco. “Eu nunca escolhi nenhum de vocês! Eu não posso mudar o que eu sou!”.

“E nem eu posso!” Draco gritou de volta, e puxou para cima a sua manga esquerda repentinamente, expondo seu braço, o mostrando para Harry. Ele puxou a manga de volta rapidamente, mas não antes de Hermione ver, assim como Harry deve ter visto, a impressão negra da Marca Negra queimada na pele do seu antebraço.

E Harry estava em silencio. Ele se inclinou para trás, e a corrente chocalhou quando ela bateu nas pedras. Ele não parecia mais com raiva, apenas abalado. “Então, isto é o que tem que ser,” ele disse, devagar.

“Isto é o que sempre foi,” disse Draco sem rodeios. “De verdade, nós não somos diferentes, você e eu - nós somos o que nós nascemos para ser. Nós estamos apenas em lados opostos da interseção, isto é tudo. Eu lamento por isto, Potter. E lamento por você”.

Ele soava triste. Hermione sentiu o coração dela bater mais devagar, como se o sangue dela tivesse engrossado para a consistência de caramelo. Isto não está acontecendo.

“Tudo isto é besteira,” disse Harry firmemente. “Isto é sobre escolhas, Malfoy. É a sua escolha que faz isto”.

“Eu fiz a minha escolha há muito tempo,” disse Draco.

“Viva com isto, então,” disse Harry. “Desde que você avalie sua vida”.

Draco se colocou de pé. “Eu planejo viver. Minha vida com isto - este é o objetivo”.

Harry levantou sua cabeça para trás e olhou para Draco, que deslizou seus olhos para longe.

“Pelo menos me diga como eu irei morrer,” ele disse, calmamente. “Você me deve isto”.

Draco olhou para ele por um longo momento. Seus olhos estavam escuros, quase sem expressão: eles eram apenas olhos humanos, os olhos de um garoto, e eles já tinham a morte neles.

“Quando isto acontecer,” ele disse. “Será rápido”.

E ele caminhou de volta em direção a Slytherin.

***

“Então esta é a sua barganha?” disse o demonio, olhando estreitamente para Narcissa. “Você me mandará de volta para o Inferno, em troca desta informação?”.

“Eu sei que Slytherin tentará matar um dos dois. Ou Harry, ou meu filho. Para evitar a realização da barganha que ele fez com vocês. Eu quero saber se há algum modo disto poder ser evitado, que você pode ser forçado a capturá-lo ao invés de –“.

“Os poderes do Inferno não podem ser forçados”. Os olhos do demônio se dilataram em círculos concêntricos vermelhos e dourados.

“Como pode o fim desta barganha ser consumada? Como isto se completa? Explique”.

O demônio balançou sua cabeça. “Tire a proteção da cela”.

“Explique primeiro”.

O demônio balançou sua cabeça. “Eu estou ligado à barganha que nós fizemos, isto é inquebrável para mim. Esta é a minha natureza. Esta não é a sua natureza. Os humanos são mentirosos. Tire as proteções da cela e fale o Encantamento de Expulsão, e então eu contarei a você o que você quer saber”.

“Jure primeiro,” ela disse. “Jure que você na me ferirá quando eu soltar você. E jure que há um modo de Slytherin receber o que merece, no lugar do meu filho ou Harry”.

“Eu juro isto,” disse o demônio, e Narcissa caminhou em direção as barras da cela, e, como Sirius tinha mostrado a ela, desfez as proteções. Feito isto, ela apontou sua varinha para o Demônio e leu em voz alta as palavras do Encantamento de Expulsão do pedaço de papel que estava em sua mão. Ela não estava nada feliz em usar o encantamento que Lucius tinha usado, especialmente um que tinha (possivelmente) resultado na sua suja morte. Mas ela viu que ela não tinha muita escolha.
Quando ela chegou ao fim do encantamento, uma empobrecida chama saltou e circundou o demônio. Ele sorriu, jogando para trás sua cabeça, esticando sua mão para o fogo.

Narcissa jogou no chão o pergaminho que ela estava segurando. “Agora me diga!” ela gritou, acima do fogo que crepitava e do som da risada do demônio. “Me diga o que eu quero saber!”.

O demônio parou de rir, e olhou diretamente para ela. “Na original barganha, Slytherin nos prometeu um herdeiro Magid de seu próprio sangue, e isto é o que nós tomaremos. A menos que o Lorde das Cobras seja persuadido a abrir mão da espada para nós, de bom grado, com suas próprias mãos, ao invés de nós tirarmos dele”.

“Com as próprias mãos dele?” Narcissa imitou fracamente.

O demônio concordou com a cabeça.

“Mas ele nunca fará isto!” ela gritou furiosamente, e se lançou em direção às barras, mas o fogo as tornou vermellas e quentes, e ela recuou. “Ele nunca fará isto!”.

“Realmente não é meu problema,” o demônio respondeu, e desapareceu com um piscar de olhos em uma explosão flamejante.

***

A abertura negra na parede apenas se fechou depois que Slytherin e seu cortejo passaram, foi
quando Hermione se livrou da capa de invisibilidade e se lançou em direção a Harry, Ron nos calcanhares dela.

Harry estava sentado do mesmo modo que ele estava quando Draco estava de pé: não tirando os olhos do braço ferido com uma expressão muito, muito estranha. Hermione se ajoelhou ao lado dele. “Harry. Você está bem?”.

Ele concordou com a cabeça. Havia um olhar distante em seus olhos, como se ele tivesse ido para algum lugar muito escuro. Ela colocou o braço dela ao redor dos ombros dele e gentilmente acariciou a parte de trás de seu pescoço. Ele não reagiu.

“Ele estava representando, Harry,” ela disse. “Ele estava apenas representando”.

“Eu não estaria tão certo disto,” disse Ron.

Ela girou seu olhar irritado para ele. “Ele estava. É claro que ele estava”.

“ ‘Eu sou Draco Malfoy, e esta é a minha representação de um Completo Louco Psicopata,’”disse Ron, em uma imitação particularmente estridente da voz de Draco. “Eu não acho isto, Hermione. Vamos, ele estava totalmente mau. Você viu sua vestimenta”.

“Sua vestimenta? Ron, se você não tem nada mais útil para dizer-“.

“Tudo que eu tenho a dizer, é que se ele estava representando, isto foi espantosamente convincente”.

Hermione deu um suspiro exasperado. “Ele é um bom ator. Todos nós o conhecemos”.

“Ele é um pequeno miserável trasgo, nós sabemos isto sobre ele também,” pontuou Ron.

“Ele nunca machucaria Harry,” disse Hermione, sua voz saindo com um sopro furioso.

“Ele o feriria, Hermione,” disse Ron, começando a aparecer furioso.

“Ele deve ter sido obrigado a fazer isto!” ela falou entre os dentes, se virando para Harry. “Ele estava tentando dizer a você alguma coisa, Harry, eu diria--".

“Esfaqueado o braço de Harry?” Ron balançou a cabeça negativamente. “Alguns dizem isto com flores,” ele falou de maneira mortalmente critica, “o discurso de Malfoy é com um canivete”.

Hermione levantou seu queixo e olhou para Ron com sinceridade. “Você ainda o odeia tanto assim?”.

A expressão de Ron se suavizou. “Não. Mas Hermione – ele provavelmente não teve escolha. Você sabe, certo? Ele podia estar sob a Maldição Imperius. Nem todos podem lutar contra isto como Harry. Esta espada pode o ter finalmente possuído --".

“Ron,” disse Harry, falando pela primeira vez.

“--Lupin disse que ela era realmente poderosa. Talvez Slytherin o tenha ameaçado com alguma coisa. Talvez tenha se esgotado esta coisa de Poção da Força de Vontade. Talvez --".

“RON,” disse Harry mais firmemente. “Onde está sua irmã?”.

Ron parou no meio do gesto, e se virou para onde ele, Hermione e Ginny tinham estado de pé a alguns minutos antes. “Ginny?” ele disse, hesitante. “Saia debaixo da Capa, você quer?”.

Não houve resposta.

“Ginny?” disse Ron de novo, mais fracamente desta vez.

Nada. Tornando-se muito branco, Ron se inclinou para trás contra a parede como se suas pernas tivessem enfraquecidas.

“Oh meu Deus,” disse Hermione, sua mão indo parar em sua boca. “Ela foi atrás dele. Enquanto a porta ainda estava aberta - ela foi atrás de Draco”.

Ron deslizou pela parede e desmoronou no chão. “Ela não teria,” ele disse de forma entorpecida, “Ela não faria algo tão estúpido”.

“Se fosse a Hermione,” disse Harry suavemente. “Eu teria ido atrás dela”.

“Mas ela não está apaixonada pelo Malfoy,” disse Ron diretamente. “Está?”.

Hermione apenas olhou para ele.

“Quê foda,” ele disse, e cobriu o seu rosto com suas mãos.

Harry olhou para Hermione. Ela concordou com a cabeça, se levantou, e foi se ajoelhar perto de Ron. “Ron,” ela disse suave, gentilmente tocando seu ombro. “Ela tem a capa e o Vira-Tempo. Ela pode escapar. Ela ficará bem”.

Ron não se moveu. Hermione não podia culpá-lo. Ela não tinha irmãs ou irmãos, Ron era a coisa mais próxima de um irmão para ela, e a idéia de algo acontecendo a ele era horrível demais até mesmo para ser imaginada.

“Eu não posso acreditar que ela foi atrás do Malfoy,” disse Ron, finalmente, com a voz seca. “Bem, eu suponho que nós descobriremos rapidamente se ele é ou não é confiável, não é mesmo?”.

“Não diga isto,” Hermione começou desesperadamente, quando uma respiração repentina e explosiva de surpresa vinda de Harry a interrompeu. Ela se virou com supressa para ver o que Harry estava olhando.

Ele parecia estar olhando para baixo, para a parte da frente de sua própria camisa. Hermione franziu as sobrancelhas dela confusa. “Harry?”.

“Hermione, venha aqui,” ele disse com urgência.

Ela se levantou e caminhou de volta para perto de Harry, seguida por Ron.

“O canivete,” disse Harry, ainda olhando para baixo, para sua camisa. “Tire-o de meu bolso”.

Ela se curvou para tocar a bochecha de Harry, e então ela se inclinou e levou sua mão para dentro do bolso dele.

Ela tirou de lá o canivete.

E parou, olhando.

O canivete parecia o mesmo. Fechado, a estúpida ponta da lâmina refletia um brilho prateado estúpido. O punho feito de osso estava gravado com as inicias de Harry: HJP. Havia uma pequena sujeira de sangue em um lado da lâmina. Mas nenhuma destas coisas foi o que motivou Hermione, Ron e Harry a contemplarem.

Enroscado em torno do canivete, como uma vinha que se enroscava no tronco da árvore e reluzindo um pálido dourado na luz azul do quarto, estava o Encantamento Epicyclical de Draco em sua fina corrente dourada.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.