Através de um Espelho Misterio



***

Enroscado em torno do canivete, como uma vinha que se enroscava no tronco da árvore e reluzindo um pálido dourado na luz azul do quarto, estava o Encantamento Epicyclical de Draco em sua fina corrente dourada.

***

Álcool e fogo não se misturam, pensou Draco, olhando para a lareira, onde as chamas se queimavam abatidas em um alicerce incandescente de brasas vermelhas. Ele fez isto agora através de mais três Mai Tais desde o retorno ao quarto, e tudo o que o cercava estava começando a parecer um pouco estranho. O calor do fogo, combinado com o calor do álcool que corria no seu sangue, o estava fazendo suar nas suas roupas, não mencionando o fato de que sua visão estava borrada. Ele se perguntou se era completamente normal que o líquido em seu copo ficasse completamente sólido enquanto o mobiliário parecia estar se movendo para cima e para baixo.

Manchado como estava, o quarto começou a lembrá-lo do escritório de seu pai na Mansão. As mesmas grosseiras pedras nas paredes, sinistras tapeçarias cheias de cobras e aranhas, os mesmos armários pesados; quantas vezes ele viu seu pai afundando em uma cadeira perto do fogo, um copo de Real Uísque de Fogo na mão, olhando depressivamente para as chamas, exatamente como ele estava fazendo agora. Ele quase se sentiu como se estivesse de volta em casa, ou se não em casa, pelo menos em algum lugar outro que não fosse esta fortaleza: um lugar tanto diferente quanto estranhamente familiar, onde a realidade assumia a textura de um sonho.

Através do silêncio, ele ouvia a voz de Slytherin em sua cabeça de novo, falando para ele sobre o pacto que mantinha o mundo junto, a necessidade dos opostos, a escuridão e a luz, a noite e o dia, o bem e o mau. Frio congelante e calor infernal, escuridão mortífera e luminosidade paralizante. Ele viu o rosto de Harry, e a expressão nele quando Harry olhou para ele na cela - não exatamente com raiva, nem com desgosto, nem desapontado, mas uma combinação muito pior dos três.

O que há de errado comigo? Por que eu estou pensando nestas coisas quando elas não são a questão principal? Ele olhou para baixo, e viu seu próprio reflexo distorcido no lado do copo de prata que ele segurava: a superfície lisa de uma bochecha, machucada apenas por uma pequena cicatriz na maça do seu rosto, o prata de seus olhos. Ou talvez eu esteja realmente bêbado. Ele colocou o copo que ele estava segurando na mesa próxima à cadeira, muito cuidadosamente, e agitou uma mão para o fogo. “Incêndio,” ele murmurou, e as chamas se acenderam de novo como se fossem novas. A luz âmbar do fogo lançada através do líquido verde no seu copo, tornava-se ouro. Ele se inclinou para trás, descansando sua cabeça na parte posterior do armário, muito devagar abaixou suas pálpebras de forma que ele viu através da luz do fogo no seu crepitar, uma franja de grama prateada.

Uma sombra cruzou o fogo. Ele a ignorou. As imagens que dançavam na interior de suas pálpebras prendiam sua atenção. O Espelho do Julgamento, sua superfície prateada refletindo de volta para ele: primeiro, a própria palidez de seu rosto assustado, depois...outras coisas. Depois disto, dificilmente ele teria resistido quando Slytherin o arrastou para examinar o “exército” dele. Que era ridiculamente vasto. Dementadores, lobisomens, trasgos e várias outras espécies espalhadas tão longe quanto os olhos podiam ver. Ele nem mesmo se importou. Fleur falou para ele que Slytherin o mostraria coisas tão terríveis que ele possivelmente morreria delas. Bem, ele não tinha morrido, mas o que ele tinha visto deixou um rastro incandescente na sua alma. Algumas coisas você não cura.

Outra sombra passou em frente de suas pálpebras. Desta vez, ele sentiu seus músculos tensos. Havia alguém no quarto com ele. Ele se mexeu na cadeira, meio que esperando ver Fleur, ou Slytherin, ou outro servo aleatório. Mas não foi quem ele viu.

Parada em frente a ele, seu cabelo cor de fogo acompanhado de uma auréola de luz no seu rosto pálido, era Ginny.

***

Começou a chover. A grama em torno dos pés de Sirius e Lupin estava úmida, e ensopava a bainha de suas calças enquanto eles acompanhavam a ladeira. Suas cabeças e ombros estavam secos, no entanto, graças ao Feitiço Parapluieus que Lupin tinha jogado depois que eles deixaram a casa dos Potters. Sirius estava tão absorto em pensamentos para dar atenção ao clima – tão absorto em pensamentos, e não tirou os olhos da bainha que era, sem dúvida nenhuma, a Chave de Gryffindor. Era uma bonita peça, tão bem feita que o artífice que tinha cravado as flores e folhas de ambos os lados da bainha quase não tinha nada para fazer. A idéia de que pertencia a gerações de Potters, James inclusive, deixava Sirius nervoso com o pensamento de que ele podia deixar cair ou danificar a espada. Lupin sugeriu então que ele jogasse um feitiço de Redução para encolhê-la ao tamanho de sua mão. Desta forma, ele poderia escondê-la no interior do bolso de sua capa, e foi isto que ele fez.

“O que nós estamos esperando novamente, Sirius?” Lupin perguntou, tremendo um pouco sob o vento frio. Todo o universo parecia estar levando Sirius para a escuridão, para um temperamento de preocupação - nuvens pretas prateadas se movimentavam rapidamente cruzando um céu cor de ferro úmido, e o vento fazia os galhos das árvores cantarem melancolicamente.

“É mais fácil tomar o nosso percurso por aqui,” disse Sirius, quando eles chegaram ao topo de uma colina atrás da antiga casa dos Potters, Sirius pegou um pequeno apito de prata no bolso de sua capa, e o soprou; era um triste, agudo barulho. Sem mais nenhuma explicação, ele o recolocou no bolso.

Então, em pouco tempo ele percebeu, eles ouviram a batida de asas, e arregalou seus olhos para olhar ao redor –".

Uma coruja?

Uma pequena, coruja águia chifruda cor de damasco.
Lupin pestanejou. “Um pouco pequena para carregar nós dois, você não acha?” ele perguntou, enquanto o pássaro pousava no ombro de Sirius e picava gentilmente seu ombro. Ele pegou o pergaminho que estava amarrado na perna dele, e o desenrolou enquanto a coruja decolava de novo, asas pálidas batendo duramente contra o céu escuro.

“É de Narcissa,” disse Sirius, quando ele terminou, e entregou a carta para Lupin. “Ela arrancou alguma informação deste demônio, aparentemente. Nada muito útil, de qualquer forma”.

Lupin, escaneando a carta, ia replicar quando uma grande sombra apagou a pouca luz que o fraco sol jogava sobre o pergaminho. Ele olhou para cima, e viu uma forma circular de um animal gigantesco descer até eles - o corpo de um cavalo, ornamentado com asas e cabeça de uma ave e cauda sovada de leão.

“Bicuço?” ele perguntou, se virando para Sirius. Ele reconheceu o hipogrifo, é claro, ele tinha visto Sirius o montar antes, e lembrava dele do tempo em que ele vivia amarrado do lado de fora da cabana de Hagrid em Hogwarts. Ele nunca tinha se aproximado tanto dele, de qualquer forma, por muito boas razões. “Sirius...”.

O hipogrifo desembarcou na grama exatamente diante deles, e cavalgou até Sirius. Bicuço era um animal bonito, sua pele cinza escura misturada com uma plumagem marrom-amarelado nas asas, seus olhos cintilantes e brilhantes. Ele abaixou sua cabeça contra o ombro de Sirius, e Sirius estava a ponto de levantar sua mão e acariciar a cabeça dele coberta de penas quando ele viu que o hipogrifo tinha endurecido e estava olhando por cima dele, os olhos estreitados.

Um barulho fraco se agitou da garganta de Bicuço, e ele começou a se afastar. “Biço, o quê...?” Sirius começou, virando-se para acompanhar o olhar contemplativo e ansioso do hipogrifo.

Ele viu Lupin, parado com seus braços cruzados, suas vestes enroladas em volta dele de modo rígido como asas negras dobradas. Ele balançou negativamente sua cabeça por um momento. “Sirius. Sou eu”.

“Ligatus,” disse Sirius, estendendo sua varinha. Uma corda prateada se soltou da ponta dela. Uma extremidade se enroscou em volta do pescoço de Bicuço; a outra se enrijeceu e se remodelou, tomando a forma da ponta de uma coleira na mão de Sirius. Segurando a coleira do hipogrifo firmemente, ele se virou para olhar para Sirius. “O que você quer dizer com “é você”?”.

“Ele sente que eu sou um lobisomem,” disse Lupin, olhando tensamente para Bicuço. “Ele tem medo de mim”.

“Medo de você? Sem ofensa, mas se isto virar um combate mano a mano, eu acho que ele ganharia de voe”.

“Isto não importa. Ele é parte cavalo. Cavalos odeiam lobos. Isto está no sangue deles”.

Sirius acariciou a parte de baixo do pescoço de Bicuço. O hipogrifo ficou de pé rígido, cada parte do seu corpo tenso enquanto ele olhava para Lupin. “Cavalos também odeiam leões, e ele tem uma parte leão. Você acreditou que ele seria um pouco mais tolerante. Eu não conheço animais como você, mas eu pensei - uma criatura mágica como Bicuço - eu quero dizer, você é capaz de lidar como os grindylows -".

“Estes são criaturas das trevas. Um animal mágico como Bicuço, criado a partir de outros animais, tem um instinto animal deles. Ele não sabe o que fazer comigo. Eu não pareço ser alguma coisa mais do que humano - mas eu não sou só humano, e ele sente isto”.

Sirius balançou negativamente sua cabeça. “Você é humano”.

“Eu não sou, você sabe,” Lupin disse, com paciência.

Sirius olhou para ele com severidade.

“Talvez eu não queira ser, tampouco,” ele acrescentou.

“Talvez você não seja”. Sirius descansou sua cabeça brevemente ao lado de Bicuço, então levantou seus olhos. “Mas você ainda tem que montar neste hipogrifo comigo. Eu não vejo outro modo de nós irmos para onde temos que ir. Você sabe o caminho, mas nós não podemos Aparatar. Eu tenho certeza que existem proteções ao redor do castelo, nós iremos enfrentar dificuldades com certeza”.

Lupin balançou sua cabeça, e deu um passo em direção a Sirius.

Bicuço levantou sua cabeça para trás, quase batendo em Sirius. Sirius saiu do caminho, evitando por pouco a batida no roto de uma das asas agitadas loucamente do hipogrifo. “Biço!” ele falou entre os dentes, puxando com força a corda com a qual ele amarrou o hipogrifo. “Bicuço! Acalme-se!”.

Bicuço não parecia que queria se acalmar. Ele continuou a mergulhar e a levantar, seus olhos selvagens arregalados. Lupin não chegou mais perto, mas ficou em pé onde ele estava, não se movendo.

“Bicuço,” disse Sirius de novo, sua voz baixa e suave, puxando o hipogrifo em sua direção pela corrente que ele tinha conjurado. Lupin assistiu, sentindo uma pontada de apreensão no fundo do seu estômago. Era simplesmente um fato que ele tinha crescido aceitando, que animais o detestavam. Depois que ele tinha sido mordido, sua família tinha se livrado de todos os animais de estimação deles, seus gatos e cachorros, até mesmo os coelhos do lado de fora da casinha recuavam e se aconchegavam para longe dele quando ele passava.

Sempre existiu um clã de lobisomens na floresta próxima aonde ele tinha vivido enquanto criança, que foi quando ele veio a ser mordido em primeiro lugar. Ele se lembrava de um dos anciões dizendo para ele quando ele era uma criança, Você está fora do mundo agora, não disto. Animais evitarão você, sabendo o que você é, e prata, o sangue da terra, irá rejeitar você. Para qualquer lugar na terra que você for, tentarão desmascará-lo, por você ser uma coisa não natural e porque a terra odeia aquilo que está fora de sua natureza.

“Nós poderíamos apenas Convocar nossas vassouras,” ele pontuou, falando muito calmo, ainda que ele soubesse que isto não teria utilidade, que nunca teria nenhuma utilidade quando Sirius enviava alguma idéia na cabeça sobre alguma coisa.

“Bicuço...é...mais rápido,” ofegou Sirius, ainda segurando a coleira do hipogrifo com força. Ele estendeu sua mão e firmemente acariciou a plumagem na lateral do pescoço do animal, e bateu ligeiramente no queixo de Bicuço. Muito devagar, depois repetiu acariciando e adulando. Bicuço se acalmou o suficiente para descansar sua cabeça no ombro de Sirus, ainda que seu rabo continuasse a balançar de um lado para o outro.

Sirius olhou em volta, seu cabelo negro colado na sua testa com a chuva, e estendeu uma mão para Lupin. “Venha, Remus,” ele disse.

Lupin se aproximou devagar, se lembrando de repente e sem nenhum divertimento das bandagens que Draco tinha usado no braço por ridiculamente um longo tempo durante o terceiro ano, depois que Bicuço o tinha ferido. Bem, um animal desejoso em acertar Draco do jeito que ele era então não poderia ser tão ruim. Ele estendeu uma mão e a colocou contra as costelas de Bicuço. O hipogrifo hesitou, sua pele se arrepiou sob o toque de Lupin, mas ele não se afastou.

Lupin levantou seus olhos e viu Sirius, parecendo muito cansado mas forçou um sorriso para ele do mesmo modo, seus olhos faiscantes. “Vê?” ele disse, tomando fôlego. “Fácil”.

Lupin não disse nada. Ele deixou Sirius ajudá-lo a subir nas costas de Bicuço e se sentou tranqüilo enquanto seu amigo escalava atrás dele. Ele podia sentir a pele do hipogrifo se agitar e estremecer quando ele o tocou e sabia que Bicuço o tolerava como cavaleiro apenas por afeição a Sirius. O que não era a pior razão, ele supôs, para tolerar alguma coisa.

***

“Harry?”.

“Sim?”.

“Você irá colocar este Encantamento, ou não? Não é seguro, simplesmente mantê-lo assim”

Harry estava calado. Hermione o observava, cheia de curiosidade ansiosa. Ainda amarrado à parede, Harry tinha conseguido girar de forma que seus pulsos amarrados ficaram de frente para ele, ao invés de voltados para as suas costas. Ele continuava parecendo desconfortável, mas um pouco menos do que antes. Ela olhou para baixo, para a mão dela que estava junta com a mão ferida dele, descansando no joelho dele. A outra mão dele segurava o Encantamento Epicyclical, o encantamento segurado pela mão cerrada dele, a corrente de ouro enroscada entre os seus dedos. Como se ele nem quisesse soltá-lo, ou nem soubesse o que fazer com ele.

Ela espiou o ambiente novamente e olhou para Ron, que estava apoiado contra a parede perto da entrada para a cela, folheando um livro que ele achou enfiado entre as almofadas de um dos sofás encostados contra a parede. Parecia estar intitulado Como ser mau, por Steve O Terceiro. Isto não pode servir muito como uma distração para sua ansiedade com relação à Ginny, ela pensou. Ela gostaria de ir até ele e lhe oferecer consolo ou companhia, mas ela podia perceber que ele queria ficar sozinho, e de qualquer forma, Harry precisava mais dela neste momento.

Ela lutou para afastar os seus sentimentos de raiva e pânico. O que estava pensando Ginny, quando ela pensou em desaparecer. Ela tentou ser generosa. Bem, se tivesse sido Harry, ela teria ido atrás dele sem pensar, não teria? É claro, Ginny não podia possivelmente amar Draco tanto quanto Hermione amava Harry. Ela o conhecia muito pouco. Ela ainda não o conhecia tão bem quanto Hermione, não o amava como...bem, isto era uma linha improdutiva de raciocínio. E não podia trazer Ginny de volta, tampouco.

“Eu não sei,” disse Harry enfim.

“Você não acredita em mim, que ele estava apenas representando, não é?”.

Harry deu um suspiro muito longo suando cansado. “Sim. Eu acredito em você. Eu acredito em você, que ele não me enfiou uma faca de propósito, também, ainda que eu acredite que ele provavelmente tenha tido mais prazer nisto do que você gostaria de admitir”

“Por quê?” disse Hermione, com severidade. “Você teria prazer nisto, se a situação fosse inversa?”.

Harry encostou sua cabeça na parede, meio que fechando seus olhos. “Não comece”.

Ela se mexeu sobre seus joelhos até que ela o estivesse encarando. “Harry, eu sei que isto tem alguma coisa haver com o que quer que seja que ele falou para você ter ficado com bastante raiva para colocar abaixo esta porta. Não é?”.

“Talvez”. Harry não abriu seus olhos.

“Você poderia por favor me contar o que ele te disse?”.

Um breve silêncio. “Eu realmente preferiria que não,” disse Harry.

Hermione lutou contra a urgência de sacudí-lo. Ela queria protestar que ele não devia esconder isto dela, que eles sempre contavam tudo um para o outro, mas ela sabia que isto não era verdade. Era Ron que sempre contava tudo para ela; enquanto que ela lia muito bem as expressões de Harry, Harry era muito menos passível de experimentar manter um discurso sobre os sentimentos dele para um dos dois, e quanto mais a coisa o rasgava por dentro, mais duramente ele trabalhava para escondê-la.

“Não é sobre você,” Harry acrescentou, como uma idéia que surge tardiamente.

Uma pequena onda de alívio culposo saltou sobre ela. “Eu não achei que teria sido isto,” ela mentiu.

Outro breve silêncio.

“Harry, por favor,” ela disse.

Os olhos dele se levantaram devagar, ele olhou para ela, as íris dele escurecidas. “Eu apenas direi para você que foi algo realmente, realmente terrível,” ele disse. “Algo que eu não irei esquecer. Jamais. Algo imperdoável”.

Ela balançou a cabeça dela. “Você tem que esquecer isto, Harry”.

“Por quê?”.

“Porque seja o que for que ele tenha te dito, ele apenas estava tentando salvar sua vida. E ele devia bem saber que você o odiaria por isto. Você não pode entender o quão difícil deve ter sido para ele fazer este sacrifício?”.

“Você o está defendendo?”.

Hermione endireitou o queixo dela. “Você iria preferir que eu não dissesse para você o que eu realmente penso? Você iria preferir que eu não dissesse para você quando você está errado?”.

“Ele podia ter feito isto de alguma outra forma”.

“Qual outra forma? Nenhuma outra coisa que ele fizesse levaria você a esta raiva que faria você odiá-lo, não havia outra forma”.

Harry ficou em silêncio. Ele parecia tenso; a pele do seu rosto parecia estar pressionada contra os ossos.

“Harry, ele nunca machucaria você de propósito. Não assim. Eu quero dizer que certamente ele te baterá e que ele tentará te perturbar e parte disto é porque ele não realmente não entende como ele se sente a seu respeito, apenas entende que você significa algo para ele, mas ele não sabe o quê. Isto não se encaixa com nenhuma categoria de experiência reconhecível para ele. Ele nunca teve um irmão, Harry. Ele nunca teve realmente um amigo. Nem alguém que pudesse estar compatível com ele intelectualmente. Nem alguém cujas boas opiniões ele tivesse que manifestar algum esforço para manter. Ele não sabia como se comportar na sua frente. Então ele recorria ao sarcasmo, ou a indecência, e então quando ele é agradável, bom, você não acredita que isto é bondade, e você joga isto contra ele. Reflita sobre sito, ele é de fato bem paciente com você”.

“Paciente?” Harry falou apresado e confusamente, olhando para Hermione com uma descrença tão grande que era quase engraçada. “Malfoy?”.

“Lá vem você de novo, o chamando de Malfoy,” disse Hermione serenamente. “Qual é o objetivo? Você não pode dizer o nome dele? Ele estará ligado a você --".

“Eu não estou ligado ao Malfoy! Ele não é uma parte da minha família!”.

“Mas, de certo modo, Harry, ele é. O que você acha que família é? Pessoas que estão ligadas a você, e que você não vem a escolher quem elas são, e você não pode mudá-las e tem que viver com elas e apenas tem que amá-las de qualquer forma”.

Harry olhou para ela de lado e ela percebeu o quão imprópria era a própria educação infantil dele. Ele mordeu os lábios dela.

“Isto é um pouco demais,” ele disse sem rodeios, “me pedir para amar o Malfoy”.

“Bem, você podia apenas começar usando o primeiro nome dele, e ir trabalhando a partir disto”.

Harry parecia rebelde. “Ele me chama de Potter”.

“Sim, ele te chama”. Hermione inclinou sua cabeça para frente, para a surpresa de Harry, o beijou levemente na têmpora. “Para que algo entre vocês dois mude, você terá que ser o primeiro a mudar isto. Você tem uma vantagem sobre ele, Harry. Você tem amigos. Você sabe como os tratar. Ele não sabe. Ele apenas reage instintivamente. Se você o tratar como um amigo, ele será o melhor amigo que você já teve. E se você o tratar como seu pior inimigo, então isto é o que ele será”.

“Ele não pensa em mim como um amigo,” disse Harry de maneira truculenta, mas Hermione podia ver a teimosia se esfarelando atrás dos olhos dele, deixando uma nuvem de ansiedade que ela podia ler tão facilmente quanto ela podia sempre ler as expressões dele.

“Não,” ela disse, gentilmente, “talvez não. Para alguém que é menos do que um amigo para ele, é estranho você estar com a melhor parte dele”.

Harry olhou para baixo, para ela. E ela estendeu a mão dela, e tirou o Encantamento Epicyclical da mão dele. Ela sentiu seu peso nas mãos dela, tão familiar, e tão leve em vista do que se tratava - a essência de uma vida humana, feita manifesta. Ela tinha se acostumado a usá-lo, a sua pressão em torno do pescoço dela que passados alguns dias, ela tinha acordado estendendo sua mão para ele, assustada e perdida, procurando aquilo que não estava mais lá. Agora, ela soltou a corrente, e olhou para Harry.

Ele curvou sua cabeça, e ela amarrou a corrente em volta do pescoço dele, soltando o Encantamento dentro da sua camisa. “Isto é muita responsabilidade,” ele disse, olhando para baixo, para ele.

“Não para você,” disse Hermione. “Isto é simplesmente...o que você é”.

***

Ginny parou congelada, a Capa de Invisibilidade em volta dela, olhando para Draco. Por um instante, quando ela primeiro entrou, ela quase virou de volta e saiu, querendo falar com ele, e não querendo. Era como se cada vez que ela o via atualmente ele parecesse diferente: outro passo para longe daquilo que era conhecido e reconhecível nele. Na cela, ele tinha estado tão frio, distante e gelado que ela quase não foi capaz de olhar para ele. Ela esperou encontrá-lo sozinho com a mesma postura, mas ao invés disto ele parecia leve...aliviado, como se alguma coisa pesada tivesse sido tirada dele. Ele desmoronou, como se estivesse totalmente relaxado, na poltrona em frente ao fogo vermelho dourado, que projetava um brilho marrom amarelado em tudo no quarto, incluindo Draco, tornando seus cabelos prateados, louros, esquentando sua pálida pele com dourado.

Ela deixou a Capa de Invisibilidade deslizar em torno dos seus pés, e esperou que ele a visse.

Ele não viu. Pelo menos, ele não parecia ter visto. Ele continuou fitando para dentro do fogo como se estivesse hipnotizado. Ela deu outro passo em direção a ele, e outro. Ela estava perto o suficiente para levantar sua mão e tocar o braço dele quando ele balançou, abrindo os olhos cinzas sofridos, fixados no rosto dela.

Ela estendeu sua mão para ele. “Draco?”.

O copo que ele estava segurando caiu de seus dedos. Ele acertou o chão sem quebrar, e rolou para dentro do fogo. Ginny olhou em seguida para isto, pestanejando, não querendo olhar para o rosto dele.

Ele não parecia satisfeito em vê-la. Ele parecia horrorizado. “Ginny?”.

Ela podia sentir o coração dela batendo na garganta. “Você está bem?” ela se aventurou.

Ele simplesmente olhava para ela, ainda com a mesma expressão abalada, fria. Finalmente, ele sorriu. Ela estava, brevemente, surpreendida. Certamente Draco não via nada de engraçado na situação atual deles. “Você veio atrás de mim,” ele disse, e havia agora uma pontada severa de raiva na voz dele, ainda que sua boca ainda sorrisse. “Isto não é esperto. Mas sim algo bem estúpido”.

Ela sentiu alguma coisa dentro dela se contrair. “Você não está contente em me ver”.

“Não. Você realmente achou que eu iria?”.

Ela levantou o queixo dela. “Sim”.

“Por quê? Se você encontrasse seu melhor amigo no Inferno, você estaria satisfeito em vê-lo?”.

Insegura do que ele queria dizer, Ginny olhou para ele, sentindo um calafrio passar por ela.

Ele esticou uma longa perna, e empurrou uma das pequenas banquetas em direção a ela. “Bem, se você não vai embora, por que você não se senta e tome uma bebida comigo. Nós podemos conversar. Contar piadas. Esperar pelo apocalipse”.

“Piadas?” Ginny imitou fracamente.

Draco inclinou sua cabeça para trás contra a cadeira. A luz do fogo projetou uma suavidade para as olheiras sob os seus olhos, para a ponta das maças de seu rosto, pintando seu rosto com as cores dourada e dourada escura. Tornando-o de forma quase nociva bonito para se olhar. Certamente, alguma coisa dentro dela se quebrou. “Certo. Piadas. Por exemplo, quantos Malfoys são necessários para trocar uma lâmpada?”.

Ela olhava para ele quando ele levantou um dedo.

“Apenas um. Mas nos bons velhos dias, uns cem servos trocariam umas mil lâmpadas apenas por um leve capricho nosso”. Ele deu um sorriso de felicidade, deslizando na cadeira. “Um capricho do meu Pai, aquele. Talvez você tenha que ser um Malfoy para achar isto engraçado”.

Ginny enrugou seu nariz. “Você está bêbado,” ela disse, a suspeita se cristalizando em certeza.

“Eu não estou,” ele disse em tom ofendido, penteando para trás os cabelos prateados claros que tinha caído nos olhos dele. “Eu apenas tomei quatro Mai Tais e ele não me afetaram de maneira nenhuma”.

“Você está,” ela falou entre os dentes. “Olhe para você. Você nem mesmo me perguntou como eu cheguei aqui”.

“Isto pressuporia um universo alternativo com o qual eu me preocupo”.

“Eu usei um Vira-Tempo,” ela disse com poucas palavras. “É uma longa história. Nós viemos através do tempo para dentro da cela de adamantio para resgatar você e Harry”.

“Só que,” ele disse suavemente, “eu não estava na cela”.

“Oh, sim. Você estava”.

Ele se sentou de volta. Os amáveis olhos malandros meio serrados olhavam para ela com ponderação. “Você esteve lá? Agora?”.

Ela concordou.

“Você disse nós,” ele observou. Era uma pergunta.

“Eu vim com Ron. E - Hermione,” ela acrescentou, um pouco relutante, sabendo o efeito que isto poderia ter nele. Ela viu as pupilas dos olhos dele se dilatarem um pouco, sua mão tensa sobre a ponta da cadeira. Mas, a não ser isto, sua reação foi mínima. “Nós estávamos debaixo da Capa de Invisibilidade”.

“Realmente”. Havia um fraco código secreto mal brilhando internamente nos olhos dele que a enervava. Um amendoim invisível coberto. E eu nunca advinharia. Eu devo ter parecido bastante estúpido para vocês”.

“Não”. Ela suprimiu um calafrio. “Estúpido? Você não parecia estúpido”.

“Então vocês vieram resgatar Harry,” ele disse, sem rodeios. “Por que vocês não estão ocupados com o resgate? O que é isto? Parada para o cafezinho? Pensaram em vir e dizer um oi?”.

“Nós viemos resgatar vocês dois”.

“Mas como você vê,” e ele se inclinou para trás, conseguindo indicar com um único e compacto gesto de sua mão o quarto, o fogo, os copos vazios sobre a mesa, “Eu não preciso ser resgatado. Eu estou simplesmente bem”.

“Simplesmente bem? Você não parece simplesmente bem para mim”.

Ele se sentou para frente com uma súbita violência que a surpreeendeu. “Você estava assistindo antes lá na cela? Você não me viu?”.

“Eu vi você”.

“Você me viu fatiar Harry? Seu amado Harry, que você tem estado apaixonada por seis anos agora? Você escutou o que eu disse para ele?”.

A voz de Ginny estava firme. “Eu vi você cortá-lo acidentalmente. Eu vi você dizer muitas coisas que você não quis dizer”.

“Como você sabe que eu não queria dizê-las?”.

“Eu apenas sei”. Isto, ela sabia, soava pouco convincente. Ela levantou seu queixo audaciosamente. “Eu sei mais sobre mágica das Trevas do que você acredita que eu sei. Eu posso sentir quando pessoas estão representando pelo próprio livre arbítrio delas. Você não estava”.

“Eu não estava?”.

“Por que você continua me respondendo com perguntas?”.

“Eu estou te respondendo com perguntas?”.

“Agora você está apenas tentando me perturbar,” ela falou entre os dentes, irritada.

“Sim, eu estou,” ele disse. “E contemplo meu sucesso”.

Ela olhou para ele. Ele estava ainda mais afundado nas profundezas da poltrona, e estava olhando para ela com uma expressão cansada, irritada.

“É fácil me irritar,” ela disse. “Tão fácil para você. Como arrancar as asas das moscas. Um pouco como o que você estava fazendo com Harry, antes na cela”.

Agora ele estava olhando para longe.

“Eu calculei que tudo fazia parte de algum grande plano seu,” ela continuou. “Eu pude perceber que você estava representando. Mas você não parece ter muito um plano. A menos que estar de mau-humor o tempo todo faça parte disto de alguma forma”.

“Meu plano atual é me embriagar muito e esperar para ver se Harry decide me matar. Até agora, eu fiz isto, mas ele não. Se isto faz sentido”.

Ginny entendeu apenas parte desta crítica. Ela fez uma careta. “Este é o seu plano? Isto é patético”.

Os olhos dele faiscaram de novo, desta vez com mais energia do que a que ele tinha revelado durante todo o curso do diálogo entre eles. Ele levantou-se, oscilando apenas muito pouco enquanto ele fazia isto. Ele talvez estivesse bêbado, mas ele não mostrou isto da maneira como, por exemplo, Fred e George quando eles se arrastavam para a casa depois de beber várias garrafas de Wiskey de Fogo Envelhecido do Ogden. Ele parecia estar pronunciando as palavras dele até com mais precisão, se obrigando até mesmo a falar com mais força do que ele usualmente fazia.

“Eu sou patético?” ele disse, sua voz suave e perigosa. “Eu não começaria esta competição, Ginny. Não se eu fosse você”. Ele deu um outro passo para mais perto dela, e levantou seu braço para tocar seu cabelo, enroscando uma frouxa mecha nos dedos dele. “O que você achou ia acontecer quando você me acompanhou, Ginny? Você achou que eu iria cari nos seus braços, seguir você para casa como um cachorrinho resgatado? Você achou que eu ficaria agradecido?”. Sua mão deixou o cabelo dela, e toucou sua bochecha, e choques elétricos correram através da pele dela como relâmpago. Assim tão próximo, ela podia sentir o cheiro do álcool que ele tinha bebido, o cheiro que estava saindo dele que ela a fez lembrar de: especiarias e couro e fumaça do fogo. “Talvez você tenha menos imaginação do que eu pensei”.

Ela escutou a voz de seu irmão na cabeça dela. Isto requer imaginação para acreditar que você tenha uma alma, em primeiro lugar, Malfoy.

“Eu não entendo,” ela disse. Ela se afastou dele, do toque dele, e se virou de costas. Seria mais fácil se ela não pudesse ver o rosto dele, e ela não queria que ele visse as lágrimas nos olhos dela. “Você está dizendo que não virá comigo? Eu tenho a Capa de Invisibilidade - não será perigoso -".

“Perigoso,” ele cuspiu. Ela se perguntou, sendo incapaz de vê-lo, se ela ainda podia imaginar o olhar no rosto dele, sua raiva. “Isto é o que você pensa sobre isto? Covardia?”.

“Isto é o que parece”.

Por um instante, ele ficou em silêncio, e ela quase se virou. Então ela sentiu a mão dele perto da parte superior do braço dela, e ele a puxou de costas de encontro a ele. Ela sentiu os músculos do peito e os ombros dele pressionando as costas dela, lâminas correram através dos nervos dela onde ele a tocava. “Deixe-me lhe dizer uma coisa,” ele sibilou dentro da orelha dela. “Você não me conhece. Você acha que conhece, mas na verdade não. Você não entende o que eu realmente sou”.
“E você é o quê?”.

“Maldito seja. Eu vi isto. Você já ouviu falar no Espelho de Ojesed? Bem, Slytherin tem outro espelho exatamente como este. Mas ele não mostra o que você quer. Ele mostra o que você realmente é”. Ele pegou Ginny pelos ombros, e a girou em seus braços. Ela tropeçou para trás, e ele a acompanhou até que ela estivesse encostada contra a parede, Draco em pé em cima dela, ainda tão próximo dela que ela podia sentir o movimento da respiração dele no cabelo dela. “Você gostaria de ver o que eu realmente sou, Ginny? Isto é algo que você acha que iria te interessar?”.

Ela girou nos braços dele e prendeu os olhos dele com os dela em uma contemplação firme. “Eu não acho que isto seria tão ruim”.

Ele riu, um riso que rasgava ao meio, como um frágil bloco de gelo. “Você sabe o que eu vi neste espelho?”.

Ela balançou sua cabeça. Ela tinha perdido o fôlego, mas os olhos dela suplicavam para ele. Me conte.

“Eu vi minha família. Eu olhei no espelho e eu vi meu pai olhando de volta, e as mãos dele estavam cobertas de sangue e parado atrás dele estavam gerações de Malfoys, se desenrolando de volta até Slytherin, que fez de nós o que nós somos, e todos os rostos deles eram como os rostos de demônios. E eu sabia - que é o que eu sou. Todas estas gerações de maldade deixaram sua mancha em mim. Mesmo se ela não se manifesta nos meus ato, isto está no meu sangue: bruxo das trevas, assassinos, necromances. O sangue de pessoas inocentes existe em minhas mãos. Tudo de bom que eu já tenha feito foi uma mentira -".

“Não!” Ela colocou as palmas das mãos dela abertas conta o peito dele, e olhou para ele, tentando desesperadamente passar alguma intensidade do que ela estava sentindo. “Isto não é verdade! Você não é responsável pelas ações de outras pessoas. Apenas porque você é - mesmo que você seja o Herdeiro de Slytherin - isto não torna você mal”.

“Isto engana meus olhos,” disse Draco, sua voz muito amarga. “Isto engana os olhos de Harry, e de Hermione. Isto engana os olhos de todo mundo com olhos. Isto é exatamente o que faz comigo”.

Ginny balançou a cabeça dela. “Não é o que você é que importa. É o que você faz, o que você tem feito. Você não tem feito o suficiente - você não tem provado que não é como seu pai? Você não se colocou contra ele, você não salvou a vida de Hermione, exatamente como Harry teria feito--".

“Oh, maldito Harry!” ele gritou de repente. Ele estava branco como papel de raiva, seus olhos inflamados com um fogo cinza e estelar que era assustador de se ver. Ele tão raramente gritava que era, de fato, preocupante também. “Eu não sou Harry! Eu nunca serei o Harry! Se eu ainda agia como ele, era apenas por causa de um feitiço. Isto não passou pela sua cabeça?”.

“Me escute. Cada gota de bondade em você não vem do Harry. Se você não acredita em sim mesmo, acredite em mim. Eu posso sentir a maldade nas pessoas. Eu senti isto em Slytherin quando ele entrou na nossa casa. Eu nunca senti isto vindo de você. Você tem sido frequentemente um pouco detestável, desprezível, mas voce nunca foi mal. Então você pode apenas...parar. Pare com todo este negócio de “Eu sou o Príncipe Negro do Mal”. Porque você não é. Você é apenas um pessoa, Draco Malfoy, apenas uma pessoa como qualquer outra. E o seu problema não está em você ser mal. Está em você ser assustado. Você sempre esteve fugindo. Voce fugiu da Mansão quando você achou que Harry e o resto não confiavam mais em você, e então você fugiu de mim quando eu te disse para ir para casa. Você fugiu até mesmo do Snape. Você guardou porque isto dava para você uma razão para fugir de Harry e Hermione e de todas as coisas na su vida que você não pode encarar, e então você tentou fugir da escuridao a invocando mas voê não pode, e tudo que você tem feito é fugir de si mesmo e se afastar para mais e mais longe de alguém que podesse te ajudar. Você conseguiu o que você queria, conseguiu? Uma família, pessoas que se preocupam com você. A você fugiu disto tudo! ‘Oh, eu tive que ir embora, eu sou um perigo para todos, eu sou tão mal, alguém já bateu na minha cabeça, blá blá blá’. Que grande bosta de auto piedade!”. Ela o empurrou duramente no peito com os dedos dela, e ele de fato arregalou os olhos para ela com espanto. “Quem disse para você fica sentado aqui durante estes eventos gigantescos que você está tão excitado para que tudo ao seu redor vá pelos ares? Por que você não luta? Porque eu não conheço você, mas eu estou particularmente cometendo um erro e fazendo alguma coisa mais do que estar assustada sem fazer nada!”.

Ela estava pegando o ar de maneira curta, arfando como se ela tivesse corrido uma maratona. O que em nome de Deus ela tinha acabado de dizer? O que ela tinha gritado - para Draco - ainda estava ressoando em suas orelhas. Surpresa, ela levantou o rosto dela devagar e olhou para ele, que olhava para baixo, para ela, com o tipo mais estranho de expressão nos olhos dele. “Draco--" sua voz falhou. “Você me--".

--Desculpe, ela estava a ponto de dizer, mas antes que ela tivesse a chance de dizer a palavra, antes que ela tivesse até mesmo quase a chance de pensar nela, Draco a pegou pelos braços, a puxou para ele, e a beijou duramente.

Foi como relâmpago, passando através dela. E não foi nada como o breve e gelado beijo que eles tinha partilhado no quarto dela. Possivelmente a proximidade deles com o fogo, possivelmente vinda do alcool no sangue dele, possivelmente vinda de alguma coisa mais no global, a pele dele não estava mais fria, mas estava na temperatura do sangue flamejante dela. Ela sentiu o calor das mãos dele nos ombros dela, que queimavam enquanto os dedos dele corriam para baixo nas costas dela, queimando através do vestido. O interior dela parecia ter se liquefeito, se transformando em metal fundido, e a excitação corria através e através dela, queimando em suas veias, fazendo seus ossos virarem vidro.

Quando ele levantou sua boca da dela, ela se sentiu perdida, e o pegou, prendendo a camisa dele um pouco que involuntariamente, mas ele apenas se moveu puxando-a para mais perto (ainda que, ela pensou, seguramente eles não pudessem ficar mais próximos, ela já sentia como se cada polegada dos corpos de ambos estivesse em contato) e a mão dele deslizou de alguma maneira para dentro de um nanoexistente espaço entre eles e começou a tatear a amarração das roupas dela. Era um tatear muito leve, mas notável, e particularmente gostoso. Isto significava que ele estava nervoso. Bom. Então ele devia estar.
Sua veste veio a abrir, e a mão dele deslizou para dentro e sobre a malha fina da camisola que ela vestia por baixo da roupa, que não funcionava como barreira de maneira nenhuma para o toque dele. Ela exatamente se sentia como se não tivesse nenhum material entre as mãos dele e a sua própria pele nua quando as pontas dos dedos dele deslizaram pelo corpo dela seguindo sua espinha dorsal, as asas do omoplata dela, o fundo da parte de trás do pescoço dela. Parecia repentinamente de extrema importância que tivesse até mesmo menos roupa entre eles, e com este objetivo em mente, as mãos dela voaram até a camisa dele e a puxou com tanta força que ela teve uma repentina visão de si mesma rasgando completamente a parte da frente da camisa dele, o deixando parado lá sem nada além das mangas.

Isto a fez sorrir. Ela largou a camisa dele e sorriu desamparadamente contra a boca dele, se apoiando nele. Ele a puxou de novo, e os olhos cinzas olhavam para baixo, para ela, meio fechados e preguiçosos e curiosos. “Ninguém que eu beijei, riu de mim antes,” ele disse, divertido.

Ginny não podia responder. Ela iria gaguejar. Isto não era tão engraçado, e mesmo assim ela não podia absolutamente parar de rir. Os nervos, ela pensou para si mesma. Fazem calar a boca. Mas isto não foi útil.

“Vamos ver por quanto tempo você consegue manter este sorriso se eu fizer isto,” ele disse, com um tipo de sorriso mal intencionado, sua boca foi até a orelha dela, e fez alguma coisa muito interessante lá que fez os joelhos dela virarem água. Aí meu Deus! Agora ela sentia como se fosse desmaiar. Os lábios dele se moveram para baixo, para o pescoço dela, e fizeram alguma coisa lá que era ainda mais interessante e ela achou que não ia sorrir mais, apenas se segurando nele, as mãos dela se enroscando nos cabelos dele, que eram impossivelmente finos e delicados e macios, enquanto a boca dele se movia de volta para a dela, e todos os pensamentos se dissolviam, ou pelo menos toda a habilidade de separar pensamentos entre convincentes e conscientes. Tudo o que importava era a boca dele na dela, o coração dele pulsando contra o dela, e ela queria se afogar nisto, queria se afogar nele, no duro aperto dos braços dele, na suavidade da boca dele, na pressão do corpo dele ---.

“Quanto tempo vocês dois estão planejando continuar com isto?” veio uma voz irritada da cama aos arredores. “Porque eu estou tentando dormir com isto tudo, mas honestamente, vocês estão fazendo uma quantidade enorme de ruídos e isto é muito embaraçoso”.

Ginny sentiu como se alguém a tivesse despertado com um enorme balde de água fria como gelo. Ela se afastou de Dracom com um gritinho, e olhou em volta.

Fleur Delacour estava sentada na cama, as cobertas enroladas em torno da sua cintura, ainda que uma longa e delgada perna estivesse visível saindo debaixo delas. Ela vesita uma camisola branca luminosa que deslizava parecialmente por um dos ombros dela, e seus cabelos prateados escorrianm em volta dela como um cristal cintilante e liso. Ela parecia aterradoramente bonita e Ginny a detestava com uma paixão tão intensa que ela se encontrava completamente inapta para dizer alguma coisa. Em vez disto, ela apenas ficou boquiaberta.

Draco é claro não estava sob o efeito de tal restrição. “Merda,” ele disse, com emoção. “Fleur. Eu esqueci completamente de você”.
“Isto era,” disse Fleur, parecendo arrogante, “bem óbvio”.

Draco balançou negativamente sua cabeça. Olhando para ele, Ginny estava começando a perceber que ela tinha conseguido tirar mais as roupas dele do que ela imaginou à princípio. A camisa dele estava desabotoada atá a cintura, um feito que não parecia pertubá-lo de maneira nenhuma enquanto ele estava parado lá, olhando para Fleur irritado. “Bem, você deveria ter dito alguma coisa,” ele falou entre os dentes.

“Como o quê? ‘Voila!?’ Por favor. Vocês estavam ocupados”. Fleur balançou a perna dela para frente e para trás impacientemente e a corrente prateada muito pequena em torono do tornozelo delicado dela refletiu a luz do fogo. “Eu achei que você tivesse uma queda por mulheres morenas, Draco,” ela acrescentou com um reflexo de um sorriso afetado. “Esta é uma novidade fascinante. Ela tem pequenas sardas engraçadinhas. Mas,” e ela abriu os olhos dela muito amplamente, “Ela pode fazer você gemer?”.

Ginny já tinha ouvido o suficiente. Ela se virou para Fleur. “Você não irá falar de mim como se eu não estivesse aqui!”.

Fleur estreitou os bonitos olhos dela. “Me desculpe,” ela ronronou, com uma voz tão doce que você podia derramá-la no waffle. “Eu acho que eu esqueci o seu nome”.

“Oh!” Ginny deu uma pequena arfada de indignação. “É claro que você esqueceu. Você apenas namorou meu irmão mais velho Bill por exatamente dois anos! Sua maldita prostituta Francesa!”.

Agora foi a vez de Fleur dar uma pequena arfada de supresa. “Eu não sou!”.

“Não o quê? Não é de fato uma loura? Isto é uma história comovente”.

Houve um som fraco vindo do canto. Ginny percebeu que isto foi Draco, se sufocando com uma risada, e revirando os olhos dele. “Me diga agora mesmo,” ela exigiu, apontando o dedo dela com rigor na direção de Fleur, “O que ela está fazendo na sua cama?”.

Draco tirou o sorriso de seu rosto, mas seus olhos estavam dançando. “Bem, por agora ela parece apenas estar sentada lá. Por quê? O que isto parece para você?”.

“Para mim,” disse Ginny entre os dentes serrados, “parece que você transou com a Mademoiselle Yo-Yo Calçinhas aqui. O que é excelente, é claro. Você pode fazer tudo o que você quiser. Mas você podia pelo menos ter me dito que nós tínhamos público!”. Estas últimas palavras vieram com um grito bem determinado.

Draco não parecia perturbado. Ele começou a trabalhar abotoando a camisa dele de um modo vagaroso. “Eu esqueci,” ele disse.

“Você esqueceu?”.

Ele deu de ombros. “Eu esqueci”.

“Eu odeio você,” ela disse.

“Não, você não odeia,” ele disse, e sorriu o sorriso arrogante que antes de tudo ela queria golpear.

Ao invés disto, ela apontou sua varinha para ele. “Sobrietus!” ela falou entre os dentes.

***

Voar pareceu acalmar o Bicuço ansioso. Tendo decolado no ar, ele pareceu ser capaz de ignorar a presença de Lupin nas suas costas, e respondeu ao carinho seguro de Sirius com fracos cacarejos que podiam apenas ser interpretados como carinhosos.

Ele ficou tenso de novo, entretanto, quando eles chegaram a uma parte escura da floresta. Lupin deu um profundo suspiro. A visão da floresta se misturou com as suas memórias de ser Chamado; memórias que de maneira nenhuma eram realmente memórias, mas algo mais primordial do que isto. Ele conhecia a floresta, conhecia os caminhos através dela, sabia, enquanto ele esticava sua mão para frente para bater no ombro de Sirius, onde eles precisavam descer para encontrar o castelo imponente cinza cercado por árvores cobertas de folhas espessas.

Gorjeando com ansiedade, Bicuço permitiu ser guiado para a terra exatamente dentro das paredes que cercavam o castelo. Assim que Sirius e Lupin tinham desmontado, ele decolou de novo no ar, as asas batendo vigorosamente enquanto ele sumia acima das copas das árvores. Sirius sorriu ironicamente e tocou o apito de cobre em volta do seu pescoço. “Eu suponho que ele não goste muito deste lugar, também”.

Lupin voltou sua atenção para a vizinhança que os cercava. Eles estavam em pé exatamente dentro das altas paredes cinzas que cercavam o castelo de Slytherin. Mesmo sem ter estado ali antes, Lupin sentiu uma sensação aguda de reconhecimento enquanto eles se aproximavam, como se ele estivesse revisitando um local previamente visto em um sonho. As altas paredes eram familiares, assim como era o jardim crescido demais que cercava todo o castelo. O céu sobre eles era azul perolado, riscado com fracas imagens violetas de pôr-do-sol.

Sirius inclinou sua cabeça para trás e olhou ao redor. “E daí, o que nós fazemos agora?”.

Lupin deu de ombros. “A minha experiência está na mesma medida que a sua. Por que você me pergunta?”.

“Porque. Você tem um problema a resolver. Uma destas pessoas que adquirir o hábito de irrigar este jardim receberá inteiramente uma tarefa complicada e gastará um dia inteiro para se livrar disto. Você gosta deste tipo de coisa”.

“Não, eu não gosto”.

“Sim, você gosta”.

“Eu não gosto”.

“Sim, você gosta. Algumas vezes eu tento imaginar você sentado em uma praia com absolutamente nada para fazer”.

“E?”.

“E, a imagem sempre termina com sua cabeça explodindo”.

Lupin deixou cair suas mãos. “Eu desejo que você não me conheça tão bem”.

“Nós somos velhos conhecidos. Se habitue a isto,” Sirius forçou um sorriso.

“Eu estava apenas pensando”. Lupin retornou sua atenção para o castelo e os arredores dele. As paredes negras eram lisas e se erguiam acima deles, as poucas janelas visíveis eram tão altas que não existia chance de se escalar até elas. A única entrada que ele podia ver na construção era a porta principal imóvel, gigantesca, completamente esculpida de bronze. “Sirius. Como nós iremos entrar? Nós não podemos simplesmente andar até a porta de entrada e bater nela”.

“Oh, é mesmo?”.

Lupin lançou um olhar para ele. Sirius tinha aquele olhar nos olhos dele. Aquele olhar que dizia “Quem disse que eu no posso montar na minha moto nos terrenos da escola?”. Ou que dizia também “Quem disse que eu não posso escalar a Torre de Astronomia usando um Fio Dental de Hortelã?”. Ou ainda aquele “Que disse que eu não posso ir direto até a porta da frente e bater nela?”.

Sirius andou até a porta da frente, e bateu.

Lupin correu atrás dele. Ele não estava certo exatamente por que, mas ele tinha uma certa prática anterior em impedir que Sirius fosse morto. Se necessário, ele sentiu que podia fazer isto de novo.

A porta balançou e abriu, sem o típico barulho de rangido ameaçador que se podia esperar vindo de uma tal porta de entrada com uma aparência muito imponente. Uma enorme e encapada criatura estava parada na entrada, envolvida em um longo manto cinza.

Lupin viu que Sirius ficou branco, antes certamente percebendo que ela não era, de fato um dementador. Não era alto o suficiente, e as mãos que saíram das mangas de seu manto cinza eram longas e magras, não perfuradas e podres. “Eu sou o Guardião da Porta,” ela disse com arrogância, arrumando os curtos ombros dela. “O que vocês querem?”.

Ele abriu sua boca para dizer alguma coisa, mas Lupin o cortou.

“Eu sou Remus Lupin,” ele disse. “Eu sou um lobisomem, e esta é, é a minha primeira vez aqui”. Ele parou. “eu estava sendo Chamado para cá,” ele acrescentou, visando clarificar sua fala.

“Sim, muito interessante”. A criatura agitou para eles uma mão longa, cinzenta de maneira irritada. “Você na leu a placa?”.

Lupin e Sirius levantaram os pescoços deles para olhar para onde estava sendo indicado. Uma placa de bronze estava afixada na parede de pedra, à esquerda da porta. Lia-se lá: Criaturas das Trevas que estão sendo Chamadas: Por favor, Usem a Entrada Lateral.

“Oh,” disse Lupin, agarrando com força o braço de Sirius, e o arrastando para longe da porta. “Desculpe. Nós iremos para a entrada lateral”.

“Experimente fazer isto,” fungou a criatura, e bateu a porta, fechando-a.

A entrada lateral era muito mais modesta. Uma entrada alta, arqueada com uma complicada viga mestre esculpida que estava meio escondida por vinhas e répteis. Sirius as empurrou para o lado e bateu.

Um instante mais tarde, a porta foi aberta por uma mulher alta em uma longa veste cinza que parecia ser o uniforme dos servos de Slytherin. Entretanto, as dela eram muito mais justas, revelando a forma impressionante de um relógio de areia. Ela era muito alta, quase tão alta quanto Sirius, e longa, fina como papel, cabelos negros fluíam ao redor dela, passando por sua cintura e chegando até os seus joelhos. Os olhos dela eram largos e muito negros, seus lábios eram vermelho sangue, seus dentes brancos e planos. Ela sorriu quando viu Lupin e Sirius. “Bem, olá,” ela bramiu. “Vocês simplesmente vieram para dizer oi, ou finalmente encontraram um restaurante que entrega um homem-refeição trolls?”.

Sirius parecia estar ocupado revirando seus olhos para trás, e não disse nada. Lupin o empurrou para o lado com o ombro. “Eu sou Remus Lupin; eu sou um lobisomem,” ele disse. “Eu estou respondendo ao Chamado”.

Ela levantou as duas delicadas sobrancelhas escuras com curiosidade. “A maioria dos lobisomens chegaram há dias atrás,” ela pontuou.

“Eu me perdi”.

“Se perdeu?”.

“Me perdi,” repetiu Lupin fimemente. “Você é a Guardiã aqui? Existe alguém com quem nós pudéssemos falar?”.

“Vocês podem falar comigo. Eu estou prestando atenção. Meu nome é Raven”. Havia uma fagulha brilhante que podia ser de suspeita, ou podia ser alguma coisa outra, enquanto ela corria seu olhar sobre Lupin, e se voltava para Sirius. “E você é?”.

“Eu sou --" Sirius começou.

“Ele é um vampiro,” disse Lupin rapidamente. “Isto exigiu de nós um tempo maior para que chegássemos aqui, porque nós podíamos, uh, apenas viajar de noite”.
Ela olhou para Sirius com interesse. “Você é um vampiro?”.

“Ele é chamado de William, o Sanguinário,” disse Lupin, embromando. “Ele é muito conhecido por sua crueldade e sua, um....sede de sangue”.

“Vocês dois são Nascidos-Humanos? Isto é pouco comum. E um vampiro e um lobisomem viajando juntos...bem, eu suponho que você podia manter vigília contra as cruzes e estacas e ele podia proteger você da prata. Mesmo assim, isto parece impraticável”. Ela se apoiou contra o batente da porta, aspirando com um notável efeito. “Seu amigo vampiro fala? Porque eu perguntei a vocês dois as Questões”.

“As Questões?” Sirius imitou, rangendo os dentes.

“Elas são três. A primeira seria ‘De que espécie das Trevas você são produtos?’ mas eu suponho que vocês já responderam a isto. Então tem ‘Vocês vieram aqui para serem purificados?’”.

“Purificados?” imitou Lupin, brevemente impressionado.

“As almas de vocês devem ser purificadas,” disse Raven severamente.

“Certamente elas devem,” disse Sirius. Eu tenho achado ultimamente que eu preciso de uma boa purificação de alma. Eu tenho tido uns pensamentos impuros que você não iria nem acreditar. Realmente uma coisa pavorosa. Teve este sonho que eu tive, onde eu estava dançando com um bando de elfos domésticos com calças justas reluzentes -".

“As almas de vocês devem ser purificadas da humanidade,” corrigiu Raven, olhando para Sirius como se ele tivesse vindo de outro planeta.

Lupin se colocou na frente dele. “Humor de Vampiro,” ele disse apressadamente. “Ele bebeu algum sangue ruim na Holanda. Ele tem estado um pouco fora de si desde então”.

Ela levantou as sobrancelhas dela. “E vocês estão querendo aceitar o Lorde das Cobras como o mestre de vocês e reconhecem a superioridade do sangue puro dos bruxos?”.

Lupin serrou uma mão firmemente no pulso de Sirius. “Nós estamos,” ele anunciou.

Sem dizer nada, ela se inclinou para trás contra a porta aberta, criando um espaço suficiente para que eles passassem, ainda que não fosse um espaço suficientemente grande para eles passarem sem esbarrar nela. Uma vez que eles estavam dentro, ela fechou a porta atrás deles e levantou uma pequena lanterna que produziu uma luz com uma intensa cor azulada. “Sigam-me,” ela disse, e começou a descer o corredor.

“O que ela é?” Sirius murmurou para Lupin enquanto eles seguiam particularmente hipnotizados pelo balançar de quadris de Raven. “Uma veela? Não...ela é tão morena”.

“Eu supus que ela é um demônio da morte,” Lupin murmurou de volta. “E eu já mencionei que quando tem mulheres bonitas ao redor, você é um idiota completo? Agora, cale a boca”.
Raven diminui a velocidade um pouco quando eles viraram uma esquina, permitindo que eles a alcançassem. Lupin olhou em volta com grande interesse. Então esta era a fortaleza de Salazar Slytherin, uma dos maiores Bruxos das Trevas que já tinha vivido, que tinha inspirado tantos imitadores, como Grindelwald, Voldemort e Steve, o Terceiro, que não foi tão bem sucedido na maldade quanto os outros, mas tinha escrito vários livros famosos de auto-ajuda. As paredes eram de pedras antigas que sustentavam as marcas das ferramentas usadas para escavar uma passagem, os tetos eram feitos de uma madeira escura e pesada. Por toda à parte tinham serpentes - não cobras vivas, mas com um motivo evidentemente de réptil: cobras esculpidas retorcidas para cima e para baixo nas vigas mestras, nos mosaicos no chão, adornando os suportes de bronze brilhante das tochas. Era de fato muito quente dentro do castelo - fogos estavam acessos em quase todos os cômodos, brilhando e enfraquecendo o brilho enquanto eles passavam, alguns deles tão grandes, volumosos como fogueiras. Quente o bastante para as criaturas de sangue-frio, Lupin pensou.

Eles viraram outra esquina. Raven estava olhando para Sirius de novo. “Nós iremos manter você longe das veelas,” ela disse, animadamente. “Elas simplesmente comeriam você. Não literalmente, é claro. Bem, não a maioria delas”.

Sirius parecia alarmado. “Por que a mim em particular?”.

Raven o empurrou gentilmente com o dedo indicador dela. “Vamos. Você tem se olhado no espelho ultimamente? Oh. Bem, não, eu suponho que você não tenha, sendo um vampiro e tudo. Mas elas gostam de um homem bonito de cabelos negros compridos”.

Sirius forçou um sorriso. “Eu tenho, você sabe, meu amigo Remus aqui que teve totalmente um encontro com as veelas antes, de onde nós viemos”.

Raven parecia discordar. “Relacionamentos entre veela e lobisomem nunca dão certo,” ela disse para Sirius em um cochicho em voz alta para todos ouvirem. “Ainda que eles tenham os bebezinhos loboveela mais fofinhos. Oh vejam, nós estamos aqui”.

Ela parou em frente a uma larga porta de marfim - ou pelo menos, Lupin teria pensado ser marfim se alguma criatura viva fosse grande o bastante para produzir tal lâmina contínua branca. Ele piscou os olhos, e a porta balançou particularmente aberta sob o toque de Raven. Ela olhou para ele. “Você vai por aqui, para o Teste”.

“Mas--" ele se virou para olhar para Sirius.

Raven parecia irritada. “O que há com vocês dois? Não podem estar separados por um minuto?” ela falou entre os dentes. “Nós estamos segregados aqui - lobisomens separados das veelas, demônios separados dos trolls. A menos que você realmente queira se virar com os dementadores?”.

Lupin olhou em direção à porta semi-aberta. “Este cômodo está cheio de lobisomens?” ele questionou, se perguntando se isto queria dizer, conseqüentemente, que Sirius logo teria que se deparar com um cômodo cheio de vampiros.

“Você diz isto como se fosse uma coisa ruim,” disse Raven, e o empurrou para dentro. Ele quase teve uma chance de olhar para Sirius antes que a porta se fechasse entre eles, tirando seu amigo do seu campo de visão.

***

Draco sentou com toda força na cadeira perto do fogo e segurou sua cabeça. A débil mancha em sua visão e a sensação agradável de ser levado pela corrente foram embora, e foram substituídas por uma dor que ressoava como se um pequeno troll montanhês tivesse levantado residência em sua cabeça e tinha simplesmente decidido adicionar um segundo andar e talvez uma agradável porta balcão. “Owww,” ele disse, cuidadosamente tocando seu rosto e olhando para Ginny de forma culposa. “Por que você fez isto?”.

“Você estava bêbado,” ela disse severamente, guardando sua varinha em seu bolso. Raiva estava subindo nela em ondas trêmulas como o calor de uma miragem; seu rosto pequeno, sardento estava pintado de rosa e seu lábio inferior redondo estava tremendo.

“Eu devia estar,” ele disse em poucas palavras, achando que ele só podia ter estado completamente bêbado para esquecer que Fleur ainda estava dormindo na cama.

O rosto de Ginny se enrugou. Draco olhou para ela com surpresa por um instante, antes de perceber o como devia estar soando o que ele disse. Ele se colocou de pé, se esquecendo da dor na sua cabeça. “Ginny--".

“Cale a boca”. Ela se afastou da mão levantada dele, os olhos dela brilhando de maneira esquisita. “Não me toque”.

Draco balançou as mãos dele com irritação. “Olhe--".

Mas neste momento, Fleur produziu uma perturbação repentina, mesmo sem fazer um som, descendo da cama com um inanimado desmaio.

Draco se jogou para frente no momento exato para segurar a cabeça dela antes que batesse no chão. Ele a pegou nos braços dele, colocando as costas dela no colchão, e se inclinou sobre ela, seu coração batendo desagradavelmente. “Fleur?”.

A cabeça dela tombou para trás nos braços dele, os olhos dela ainda fechados, as pálpebras dela azuladas.

“Fleur!” Ele toucou com a parte de trás de sua mão a testa dela, que estava fria e úmida. Pelo menos ela ainda estava respirando, seu peito se movendo rapidamente, com movimentos superficiais.

Um segundo depois Ginny estava do lado dele, o empurrando para o lado. Ele se inclinou sobre Fleur com a sua varinha, murmurando alguma coisa que Draco não conseguiu ouvir. Houve um flash de luz brilhante, e Fleur pulou, seus olhos saltando abertos. Ginny se levantou e se afastou enquanto os olhos de Fleur estavam cheios de lágrimas.
“O que aconteceu?” ela perguntou, se esforçando para sentar.

Um pouco relutante, Draco se inclinou para ajudá-la a se sentar. Ele podia sentir o olhar de Ginny sobre ambos. “Você desmaiou,” ele disse.

Ela estendeu sua mão e se segurou nele. Eu estou morrendo.

Draco se jogou para trás. O que você está fazendo? Ele pode nos escutar.

Draco. Não. Ele não pode. Ele não tem todos os poderes dele ainda - ele não os terá até que a Esfera seja aberta. Ele não pode ouvir você falando comigo, ou com o Harry. Eu sei que você não quer acreditar em mim, mas por favor, se você tem algum resto de confiança em você de qualquer forma - por favor, acredite nisto.

Ele acreditou nela. Pela primeira vez desde que ele percebeu a traição dela, ele acreditou nela, porque finalmente ele sabia que ninguém era capaz de mentir enquanto falavam daquela maneira. Ele estava consciente do olhar faiscante de Ginny sobre eles, e sabia que isto devia parecer que ele e Fleur estavam se encarando em silêncio, um olhando para os olhos do outro. Isto não podia estar ajudando, de qualquer forma.

Eu posso ajudar você, disse Fleur. Por favor, me deixe. Eu quero. Eu sei das coisas. Eu posso de contar -.

Ela parou, e, enquanto ela olhava por sobre o ombro de Draco, os olhos dela se arregalaram. Ele se virou rapidamente para ver o que esta estava olhando, e viu que a porta do quarto esta se abrindo, e um dos servos de Slytherin estava parado ali, magro e mudo vestido de cinza, coberto pela veste.

Ele girou imediatamente, seu coração batendo no seu pomo de Adão - mas Ginny tinha sumido. Ela deve ter se escondido com a Capa. Garota esperta.

Ele levantou sua cabeça, e se endireitou, extraindo arrogância e segurança em volta de si com a sua própria capa. Seus olhos se estreitaram enquanto ele olhava para o servo. “O que você está fazendo aqui?”.

“Eu venho com uma mensagem,” disse o sevo, olhando para Draco.

“Eu realmente gostaria de mais alguns Mai Tais, de preferência,” disse Draco.

“O Lorde das Trevas disse que você não terá mais bebidas,” disse o servo em um tom sem humor. “Ele deseja ver você. Eu levarei você. Venha”.

Draco olhou novamente para Fleur, e para o espaço vazio que era (esperançosamente) Ginny. Ele abaixou sua mão e agarrou com força sua capa, a levantando do chão. “Tudo bem. Vamos”.

O servo conduziu Draco para um cômodo que ele nunca tinha visto antes. O teto era alto, e as paredes pareciam ter a aparência de um gigantesco bloco de pedra. Não tinha janelas, e as paredes estavam arrumadas com livros expostos em estantes e uma variedade de mágicos e bonitos objetos. Não parecia ter sentindo para a escolha deles ou para o design do cômodo. Palavras mágicas de Artes das Trevas colocadas lado a lado com livros de encantamentos e feitiços domésticos. Um gato Egípcio claro e de linhas alongadas contrastando com um ícone Russo enfeitado de vermelho, preto e dourodo. Uma pintura miniatura de um rei montado sobre o cavalo enforcado em cima da mesa onde Slytherin estava sentado, suas mãos cruzadas em frente a ele. Ele estava sentando na sombra, de forma que Draco podia muito pouco ver seu rosto.

O servo saiu silenciosamente, fechando a porta atrás dele. Draco parou em frente a mesa, suas mãos no seus bolsos, se sentindo estranho, desajeitado. Sua cabeça estava pulsando de forma ritmada. “Você queria me ver?”.

Slytherin olhou para cima, para ele, e não sorriu. Não que Draco estivesse esperando que ele o fizesse. “Eu queria”.

“Por quê?” disse Draco, sentindo repentinamente como se tivesse 12 anos.

“Por que você acha?”.

Draco hesitou. “Olhe,” ele disse finalmente. “Não me faça uma pergunta para a qual você já sabe a resposta. Então eu apenas finjo que você me perguntou, e eu não soube a resposta, então eu minto, você me pega, me repreende, e agora nós podemos corta isto e ir direto ao ponto. Por que você queria me ver?”.

“Você em algum tempo se preocupou,” disse Slytherin, empurrando sua cadeira para trás e ficando em pé, “que com uma tal inteligência afiada, você um dia irá se cortar com ela?”.

“Eu tenho me preocupado bastante em ser cortado por pontas reais, obrigado”.

Slytherin saiu de trás de sua mesa e andou em torno dela parando perto de Draco. Draco hesitou quando a mão de Slytherin apareceu e pousou no seu ombro. “Venha aqui perto da luz,” disse o Lorde das Cobras, e Draco o seguiu relutantemente para perto do fogo, onde Slytherin parou, suas mãos nos ombros de Draco. “Levante seus olhos para mim,” ele disse.

Draco levantou seus olhos, e viu, com um temor próximo a náusea, seu próprio rosto refletido nos olhos de Slytherin, cada polegada. O Lorde das Cobras o segurou ali, deste jeito por um momento, procurando o rosto de Draco com os olhos dele. Draco olhou para longe, desesperado para olhar para qualquer outra coisa, e seu olhar varreu a mesa de Slytherin. Tinham vários pergaminhos em branco lá, pilhas de livros de Magia Negra, e próximo aos livros...

Uma onda de náusea o varreu. Entre uma pilha de livros e outra, estava colocada uma espada. Ou, parte de uma espada. A lâmina, para ser mais preciso. Longa e brilhante, da cor do luar na água, tão longa quanto a lâmina da espada de Draco e com a mesma ranhura descendo. A única diferença é que esta espada não tinha no fim um punho. No final tinha um pedaço de tecido ensangüentado que era apenas um pouco reconhecível como sendo parte de um pulso humano.

Sem ser capaz de assistir a isto, um som cravado na garganta escapou de seu peito.
Slytherin se virou e olhou por sobre o ombro. Seus olhos pousaram sobre a mesa, e ele sorriu. “Você reconhece isto,” ele disse.

Draco balançou a cabeça relutantemente. “Da última vez que eu vi isto, era uma parte de Rabicho”.

“A Lâmina Viva se torna uma coisa mais útil do que o servo que estava ligado a ela,” disse Slytherin, estendendo sua mão e a correndo ao longo da lâmina. Ele a levantou brevemente, olhando a luz correr para baixo na sua superfície como água, então a colocou para baixo. “Você sabe, Draco, como é feita uma Lâmina Viva?”.

Draco balançou sua cabeça. “Não, mas eu tenho a sensação de que você vai me contar”.

“Mesmo eu não sei de todos os segredos da criação de um tal item. Mas eu sei que as lâminas, depois de frias, são lavadas três vezes, nas lágrimas de um fênix, no sangue humano, e então no sangue dos unicórnios.

Draco sentiu uma sacudida tão violenta que ele quase esperou que seu coração fosse parar. Os olhos de Slytherin se ligaram nele de novo.

“Você não gostou disto,” ele disse. “Qual parte? O sangue do unicórnio? O sangue do unicórnio é muito útil. Ele pode prolongar a vida, até mesmo salvá-la”.

“Então por que você não dá um pouco para Fleur?” disse Draco, entre os seus dentes.

“Logo chegará o tempo que eu não precisarei mais dela,” disse Slytherin.

“E logo existirá um tempo que você não precisará mais de mim?”.

“Isto depende de você. O que você tem feito recentemente, Draco? Ficando de mau humor no seu quarto e bebendo o suficiente para um batalhão, pelo menos de acordo com o seu servo. Você parece ser capaz de tomar seu licor, que é certamente de uma qualidade estimada, mas não era isto o que eu estava procurando quando eu fiz de você o general do meu exército”.

“O que você estava esperando? Eu não tenho nenhuma experiência para falar sobre isto. Eu não tenho até mesmo nenhuma experiência para não falar sobre isto”.

Por um instante, Slytherin apenas olhou para ele, de forma constante. Ele não parecia com raiva, o que não deixava de ser uma mudança de estilo. “Quando eu tinha a sua idade, eu ansiava por experiência em batalhas. Eu supus que você também iria querer ver como uma guerra era lutada, muito duramente”.

Draco se privou de responder, pois se era o plano de Slytherin lutar uma guerra muito dura, então ele não conseguia perceber por que o Lorde das Cobras via alguma utilidade em um general em primeiro lugar. “Isto é apenas...”.

“Isto é apenas o quê?”.
“O mundo não é mais como era quando você estava...vivo da primeira vez. Existem armas de fogo diferentes, leis diferentes, até mesmo se desenvolveram magias, se mudou –“ Ele parou, duvidoso do por que em nome de Deus ele estava contando aquilo para Slytherin.

“Eu confio nisto,” disse Slytherin, indicando com a cabeça. “Eles me esqueceram. Eu sou uma lenda agora, não real, não uma ameaça. Quando eu os atacar com meu exército, eles terão meios com os quais para resistir a mim. Isto levará mais cedo as minhas vãs realizações pela comparação. Aqueles como você e eu viverão para sempre. E os milhares que foram assassinados comprarão esta imortalidade que será um marco de nosso grandesa, de nosso poder”.

“Assassinatos. Você disse isto como se não fosse nada”.

“Trouxas. Sangues-sujos. Aqueles que se opuserem a nós. Apenas estes irão morrer”.

“Todos irão se opor. Não é como era nos tempos antigos. Ninguém no mundo dos bruxos esperar ser governado. Não mais”.

“Se todos se opuserem, todos morrerão”.

“Por que você simplesmente não me mata?” Draco perguntou, levantando seu queixo. “Para quê você precisa de mim, para quê você tem me mantido vivo quando você sabe-“.

“Que você não é confiável? Você não pode lutar contra mim. Isto seria impossível”.

“Para quê você precisa de mim?”.

“A Profecia declara que eu deverei subir ao poder com meu descendente ao meu lado, e que juntos nós levaremos destruição e caos ao mundo bruxo. Agora, profecias não são imutáveis. Eu sei disto. Mas quando eu construí a linhagem que resultou no seu nascimento, misturando o meu sangue com o sangue de criaturas que eu fabriquei a partir de elementos das Artes das Trevas, eu criei algo único. Eu sempre intencionei este momento. Quando eu tiver aberto a Esfera, quando a barganha estiver concluída, então eu farei de você minha Fonte. E quando isto acontecer, eu irei comandar tais poderes, eu irei fazer tantas coisas, que eu serei o terror sobre a terra”.

Os olhos de Slytherin estavam faiscando com uma luz negra estranha. Draco quase não podia tolerar olhar para ele. “Você não tem medo?” Draco perguntou, sua voz instável.

“Medo de quê?”.

“Eu não sei”. Draco olhou para baixo, para os sapatos dele. “Retaliação”.

“Não”. Slytherin disse. “Eu não tenho medo de nada”.

“Ninguém não tem medo de nada. Deve existir alguma coisa...” Draco disse, não impressionado, mas horrorizado. A falta de medo em tal proporção parecia para ele uma qualidade inteiramente não-humana, como se faltasse a capacidade de admiração ou surpresa.

“Não. Medo nasce do cuidado, do zelo. Eu não me importo com nada”.

“Você nunca amou nada?”.

“Não. Eu nunca amei nada, nem pessoa, nem lugar, nem objeto. Até mesmo Rowena que era uma parte de mim”. Ele virou seus olhos para Draco. Eles brilhavam na escuridão como olhos de gato. “O amor é uma doença. Cure-se, ou eu irei te curar”.

Draco olhou para baixo, para o chao, um arrepio de frio deslizou pela sua espinha. O amor é uma doença. Ele tinha acreditado que ele mesmo, deitado acordado à noite na masmorra da Slytherin naquelas últimas semanas de escola, olhando para o teto, sentindo como se um grande peso estivesse pressionando seu peito. Se perguntando se era possível se sentir tão horrível e continuar vivendo. A culpa que girava em torno dos pensamentos pela perda de Hermione atualmente se amontoava com os pensamentos de seu pai atrás das grades, que era o que ele deveria estar pensando, mas não conseguia. Sabia que ele estava sendo estúpido, infantil, que as pessoas que amam em suas vidas repetidamente, seus corações se quebram e se restauram, ainda que de algum jeito medroso ele seria a exceção, que ele, de todas as pessoas, poderia ter finalmente encontrado alguma coisa que ele não podia comprar ou ignorar ou ridicularizar de alguma maneira, que alguma coisa tinha atualmente acontecido para ele e da qual ele nunca iria se curar. E eles não tinham ido embora, aqueles sentimentos. Que ele sabia agora que parte disto que o fez nascer de Slytherin, que alguma das emoções que surgiam e se quebravam dentro dele, que tinham seu nascimento no sangue histórico de mil anos, quase não importavam mais. Dor é dor, entretanto, misteriosa é sua origem.

A realidade chegou até ele com um golpe, e ele percebeu, alarmado que Slytherin tinha dito alguma coisa que ressoou como um acorde nele. Ele engoliu a seco, e olhou para cima. E viu que a porta do cômodo estava aberta, e um servo estava parado lá, falando com Slytherin. Aparentemente ele tinha ido para lá há poucos instantes, pois eles pareciam estar no meio de uma conversa.

“--terminou o teste do sangue que você nos deu, Mestre,” a criatura estava dizendo. “Esta limpo de encantamentos e feitiços, ainda que nossos resultados não sejam sem utilidade. Você gostaria de vir e ver?”.

Slytherin concordou com a cabeça. “Sim, eu gostaria”. Ele se virou para Draco. “Espere por mim aqui”.

Uma vez que Slytherin tinha ido, Draco foi capaz de relaxar muito pouco. Ele começou a examinar os livros arrumados na estante, dispostos em nenhuma seqüência determinada, a maioria deles parecia se tratar de Artes das Trevas. Slytherin tinha cópias de Elaborações Epicyclicais de Bruxaria, A Necromância, Como Levantar os Demônios e os Mortos, e alguma coisa chamada O Manual do Supremo Senhor do Mal, que parecia que não tinha sido muito lido. A esmo, Draco ergueu um livro intitulado O Espelho do Dragão, que caiu aberto em uma ilustração de um dragão vermelho em vôo. Ele tinha apenas começado a folheá-lo quando a porta atrás dele se abriu com um suave clique, e alguém empurrou sua cabeça para dentro do cômodo.

Ele se virou e piscou os olhos. Era uma mulher parada na porta de entrada; alguém que ele reconheceu do seu passeio pelos exércitos no dia anterior. Uma impressionante figura de cabelos longos e negros, e de olhos negros puxados para cima de um demônio. “Raven,” ele disse devagar, puxando seu nome de algum lugar da memória. “O que é que é?”.

Ele endireitou-se, e caminhou para dentro do cômodo, seguida de perto por um homem alto em uma capa de viagem preta, que Draco reconheceu instantaneamente e com um enorme e crescente choque, como sendo Sirius.

Ele ouviu muito pouco Raven falando, dizendo que dois que tinham sido Chamados tinham chegado esta manhã, um, que era um lobisomem, tinha colocado com os outros de sua espécie, mas que este outro era um vampiro e que conseqüentemente não havia lugar para ele. “Nós simplesmente não temos nenhum lugar para vampiros,” ela suspirou, parecendo exasperada. “Alfabeticamente, eu poderia colocá-lo com as veelas, mas eu não acho que isto seja de qualquer modo uma boa idéia, não é?”.

Draco tentou encontrar sua voz, que temporariamente o tinha abandonado. Ele estava olhando para Sirius, que ele podia perceber que estava tão chocado quanto ele estava, ainda que ele estivesse fazendo um excelente trabalho para esconder isto. Todos aqueles anos de treinamento para Auror, sem dúvida. “Deixe-o aqui comigo,” ele disse finalmente, sua voz saindo levemente aguda.

Raven pestanejou. “O quê, por favor?”.

“Eu disse para deixá-lo aqui. Eu quero lhe perguntar algo”.

“Mas, Mestre -".

“Eu disse para deixá-lo aqui!”

Ela pulou de surpresa, então acenou com a cabeça, e saiu, em silêncio fechando a porta atrás dela. O coração batendo como um martelo contra suas costelas, Draco se virou para encarar Sirius.

***

Ginny observava enquanto Fleur se sentava devagar na cama. Ela estava branca como papel e sua respiração estava simplesmente começando a se tornar estável, mas ela parecia estar melhor. Ele olhou para onde Ginny está parada, coberta pela Capa de Invisibilidade.

“É muito rude ficar invisível quando as pessoas sabem que você está lá,” ela disse friamente.

Ginny deixou a capa deslizar até o chão perto dos pés dela e olhou furiosamente. “É muito rude fingir que você não sabe os nomes das pessoas quando você perfeitamente os sabe,” ela falou entre os dentes.

Fleur repentinamente sorriu. “Faz quase dois anos desde a última vez que eu vi você,” ela disse. “Você mudou. Para melhor”.
Ginny hesitou, duvidosa se isto tinha se transformado em um elogio ou um insulto.

“A Ginny Weasley que eu conheci não repreenderia Draco Malfoy em tais termos duvidosos. Eu estou...impressionada”.

“Você está com ciúme,” disse Ginny, particularmente com grosseria.

“Eu não estou. Eu estava um pouco receosa que eu estivesse sendo tratada mais como uma expectadora do que eu gostaria. Eu não sou uma voyeur”.

Ginny ruborizou furiosamente. “Eu não estava - nós não estávamos -".

Fleur se inclinou para trás nos travesseiros e deu um sorriso. “Vocês estão completamente certos disto?”.

Ginny levantou seu queixo com teimosia. “Ele não estava. Ele realmente não me quer”.

Fleur deu um pigarreio pouco feminino. “Isto não é o que estava parecendo”.

“Ele estava bêbado,” disse Ginny com poucas palavras, adiando a si mesma pela venerabilidade que ela escutou vinda de sua própria voz. Ela não merecia nada melhor, ela pensou, por ser estúpida o suficiente para se envolver com Draco em primeiro lugar. Não que eles tivessem, por si mesmo, se envolvido. Por ser estúpida o suficiente para se permitir ter sentimentos por ele, então. É claro, sentimentos que não podiam ser controlados. Ela tentou pensar no passado – foi lá em algum momento particular que o estranho ódio dela tinha sido varrido como se por um fogo, e este novo sentimento tinha nascido das cinzas? Não era o mesmo sentimento que ela tinha tido por Harry, que englobava uma admiração sincera e apreço. Este era mais fundamental, até mesmo mais primordial, como se isto tivesse crescido de algum lugar muito profundo no seu coração que não podia ser controlado, nem compreendido, nem aliviado em suas decepções. Para o horror dela, ela sentiu lágrimas fluindo de seus olhos.

Fleur estendeu sua mão, e colocou um braço em volta dos ombros dela. “Não há razão para chorar”.

Ginny abriu totalmente os olhos dela, querendo que as lágrimas fossem embora. “Você não entende”.

“Eu entendo,” disse Fleur, e deu um tapinha nos ombros dela. “É Draco. Ele é especial”.

Ginny bufou, as lágrimas desaparecendo. “E por especial, você quer dizer sexy. Não é?”.

Fleur deu de ombros. “Isto é um fato. Que o garoto nunca terá a preocupação de ficar sozinho. Ele recebe provavelmente sessões de snog anônimas pelo correio. Ele pode ter qualquer garota”.

Ginny sorriu frouxamente, e empurrou um travesseiro com a ponta do seu sapato. “Exceto a única que ele realmente quer,” ela disse, sua voz soando mais triste do que ela tencionava que estivesse. “Ele nunca poderá tê-la”.
Fleur olhava para ela com atenção. Quando ela falou de novo, sua voz era gentil. “Draco tem apenas dezesseis anos,” ela disse. “É um pouco cedo para ‘apenas’ e ‘nunca’ e tudo isto”.

“Não se você é Draco Malfoy,” disse Ginny firmemente. “Mas você provavelmente sabe disto”.

Fleur se arrumou novamente entre os travesseiros. “Nós apenas nos beijamos algumas vezes, e isto é tudo”.

O coração de Ginny batia com força contra o peito dela, mas ela não mudou sua expressão. “Você quer dizer que vocês não tiveram - vocês não fizeram --?”.

Fleur balançou sua cabeça negativamente.

“E quando foi que toda esta moderação aconteceu?” Ginny falou entre os dentes.

“Foram apenas dois beijos, e eu não acredito que ele tenha querido nem dos dois”. Fleur sorriu. Ela tinha a fácil confiança de uma garota que sabia que, para cada Draco Malfoy que não queria beijá-la, existiam uns outros dez que queriam. “Ele não é uma pessoa fácil, ele. Ele tem segredos, e muita escuridão; ele pode ter alguma coisa de muito especial, mas isto nem sempre é uma coisa feliz, perfeita”.

Ginny hesitou. Ela estava imaginando Draco agora, na cabeça dela. Às vezes, quando ela fechava os olhos dela e o imaginava, ela via Tom no lugar dele. Tom que ela nunca tinha realmente visto nitidamente, apenas nos sonhos com as páginas do diário, mas aquele rosto estava marcado a ferro quente em sua memória. Tom com seus cabelos pretos como os de Harry, e seus olhos azuis como os dos irmãos dela, com melhor aparência do que qualquer garoto que ela já tinha conhecido, e mais assustador. Tudo esta terrível beleza apodrecia diante da maldade, esta mente esperta fermentada em um esgoto, muito mais terrível do que tudo o que ele poderia ter sido.

Ela olhou para baixo. “Fleur,” ela disse. “Por que você está sendo tão amável comigo? Harry me contou o que você fez, mas eu não posso acreditar - ele estava errado? Você não os traiu?”.

“É uma longa história”. Fleur olhou para longe, deixando as mãos dela caírem na sua coberta. “Minha irmã,” ela continuou, um pouco hesitante. “Gabrielle”.

“A mais jovem de vocês? Eu a conheci. Ela está doente, ou morrendo...?”.

Fleur balançou sua cabeça negativamente. “Não. Ele nasceu sem nenhuma magia”.

“Oh”. Ginny abriu sua boca, então a fechou novamente. “Uma Aborto?”.

“Sim, é como é chamado aqui”.

“Bem, isto é bem terrível, mas existem coisas piores -".

“Não para a minha família”. Fleur balançou sua cabeça negativamente. “Se uma criança não manifesta qualquer evidência de habilidade mágica antes da idade de quatorze anos, elas serão renegadas pela família, enviadas para viver em um orfanato de Trouxas. A criança não pode herdar nada, e ninguém da família pode mais ter contato com elas”.

Ginny arregalou os olhos. “Isto é horrível!”.

“A minha família é exatamente como a de Draco. Muito antiga, e orgulhosa do sangue bruxo deles. Abortos não existem, e se eles aparecerem, eles fazem como se não mais existissem”. A voz de Fleur era amarga. “Gabrielle é muito frágil. Ela não tem poderes mágicos, mas ela sofre de algumas indisposições que apenas a magia pode ajudar. É minha crença de que se ela for abandonada para viver entre os Trouxas, ela logo iria morrer”.

“Fleu...” Ela levantou sua mão para toca o braço da outra garota, então o puxou de volta. “Mas eu não entendo por que...”.

“Eu queria conseguir uma fonte de poder,” disse Fleur amargamente. “Eu pensei, se eu pudesse fazer isto, eu poderia canalizar um pouco disto para Gabrielle. Ajudá-la... eu tentei induzir o Professor Lupin a me contar sobre isto na escola. Ele me falou que existiam modos de transferir magia, de objetos muito poderosos para pessoas. Eu tentei usar a espada, mas ela não me deixou manipulá-la. Mas isto tinha, mesmo que por pouco tempo, chamado a atenção do Lorde das Cobras para mim. Ele entrou em contato comigo. Prometeu ajudar Gabrielle se eu concordasse em ser sua Fonte. Ele disse que isto seria por breve tempo”.

“Ele mentiu, então,” disse Ginny.

“Não. Ele não mentiu. Isto será por um breve tempo. Eu estou morrendo”. Os olhos dela se moveram para os de Ginny. “Você entende, de qualquer forma? Eu pensei que eu estava ajudando minha irmã. Você faria o mesmo, por um de seus irmãos, não faria?”.

“Eu faria,” disse Ginny suavemente. Então ela parou. “Bem. Talvez não por Percy”.

O sorriso de Fleur iluminou o seu rosto. Ela ainda estava, mesmo tão fraca quanto ela estava, espantosamente bonita. Ginny teria tido ciúmes, mas ela se sentiria tão horrível que ela controlou isto.

“Eu entendo,” disse Ginny, séria outra vez. “Eu não sei se eu teria feito a mesma coisa. Eu não poderia tolerar fazer alguma coisa que pudesse ferir Harry ou Draco”.

“Eu não sabia. Eu pensei que ele os queria apenas para lutar contra a manticore. Eu sabia que eles podiam fazer isto. Juntos, eles são muito poderosos, muito mais do que imaginam. E Harry já tinha matado monstros antes”.

Ginny balançou sua cabeça negativamente. “O que Slytherin faria se ele te escutasse falando tudo isto?”.

“Me mataria, eu estou certa. Isto me causa dor até mesmo para dizer tais coisas sobre ele,” disse Fleur. “Mas ele acha que eu estou fraca. Não represento um perigo. Ele é tão poderoso, tão forte, você não tem idéia do que ele é capaz. Ele destruiria um exército que se fosse contra ele”.
Ginny sentiu seu coração afundar - e então bater com movimentos interrompidos. “Um exército?” ela ecoou.

“Um exército,” disse Fleur firmemente. “Você deve ter visto o poder que ele comanda. As criaturas que se aglomeram para serví-lo. Existem centenas. Milhares. E quando ele viajar, mais irão se levantar e se unir a ele. Nesta época, ele exterminará exércitos inteiros com um só golpe, os destruirá com relâmpagos, os afogará em enchentes de bruxos. Uma vez que ele tiver feito isto todo o exército que tiver se levantado contra ele irá desaparecer sem deixar sinal. O Ministério não está preparado para isto. Eles não podem entender isto. Não é como foi há mil anos atrás, quando pessoas acreditavam em milagres e no verdadeiro mal. Eles não podem ser preparados para isto”.

“Você soa como se tivesse certeza que ele irá ganhar,” disse Ginny, sua voz baixa e firme.

“Eu tenho certeza,” disse Fleur, olhando em direção à janela. “Eu não vejo outro caminho”.

Houve um curto silêncio Então Ginny se colocou de pé, e levantou a Capa de Invisibilidade, e a entregou para Fleur. “Quando Draco voltar,” ela disse suavemente. “Dê isto para ele. Diga a ele para devolvê-la a Harry”.

Fleur arregalou os olhos. “Mas por quê? Onde você está indo? Você não precisa dela?”.

Ginny colocou sua mão sobre o Vira-Tempo preso em volta do seu pescoço, e balançou a sua cabeça negativamente. “Não, para onde eu estou indo, eu não preciso,” ela disse.

“Mas o que Draco irá dizer quando ele voltar e vê que você se foi?”.

“Draco,” disse Ginny, com satisfação, “ficará muito, muito irritado” e com isso, ela saiu do cômodo. Fora do cômodo, ela se encostou na parede por um instante, olhando para um lado e para o outro no corredor, seu coração se apertou. Então ela olhou para baixo, para o Vira-Tempo, hesitou por um breve momento - e o girou.

***

Por um momento, Sirius simplesmente abriu os seus olhos. Então, ele deu alguns passos para frente cruzando o quarto, agarrou Draco com força, e o abraçou duramente. Ele podia sentir o quão frio o garoto estava, os ossos dos ombros dele apontando até mesmo através do material grosso de sua capa prateada, e por apenas um instante, Draco devolveu o abraço, as mãos dele segurando as costas de Sirius com força e sem jeito como se ninguém em tempo algum o tivesse abraçado antes, a cabeça dele enterrada no ombro de Sirius.

Então ele o empurrou para longe, e deu um passo para trás, balançando sua cabeça. “Não faça isto”.

“Nós estávamos achando que vocês talvez estivessem mortos,” disse Sirius, com o objetivo de explicar, e sabendo que ele soava um pouco como a mãe de alguém.

Draco forçou um sorriso sem alegria. “Eu estava. Eu me recuperei”.

“Draco -". Sirius deu outro passo para frente quando, para o seu assombro sem fim, Draco alcançou alguma coisa atrás dele, e agarrou com força uma das armas ,tipo lança, longas, decoradas com pompom que estavam dependuradas na parede, e a apontou para ele.

“Não se aproxime,” ele disse.

Sirius simplesmente o encarou, sua boca aberta. De novo seus olhos escanearam o quarto, desta vez mais devagar, dando conta da rica tapeçaria, do brilho da luz do fogo nas armas, e Draco, todo de dourado e prateado e preto, parecendo como se ele pertencesse a aquele lugar, como se ele fosse uma peça comum da decoração.

“O que diabos,” disse Sirius, “é isto? E por que você está apontando isto para mim?”.

Draco olhou para baixo, para o objeto de metal em suas mãos e deu de ombros. “É uma lança. Feita pelos Gigantes. Forte o suficiente para perfurar uma porta de pedra. Por quê?”.

Sirius estreitou seus olhos. “Raven disse que eu deveria esperar aqui para me encontrar com o general de Slytherin. Isto é...”.

“Você está olhando para ele,” disse Draco com um tipo de divertimento desesperado. “Gosta do uniforme?”.

“Não realmente,” disse Sirius. “Eu não gosto do uniforme, da sua atitude em geral ou do fato de que você parece estar em condições de camaradagem com Slytherin. O que está acontecendo com você?”.

“O que não tem acontecido comigo?” Draco replicou de forma afiada.

“E você cheira a álcool. Você andou bebendo? Você devia saber mais”.

“Eu devia saber mais? E quanto a você? O que você está fazendo aqui e por que maldito seja você não resgatou Harry e foi embora? Tudo aqui está a ponto de vir a baixo. Você pelo menos sabe onde Harry está? Você o encontrou?”.

Sirius levantou uma mão. “Não. Ainda não. Remus --".

“Ele está aqui? Aplausos para a grande reunião. Nós deixamos alguém em casa, ou todos vieram para a festa do ‘se deixar ser assassinado’?”

“Draco--".

A voz de Draco subiu uma oitava. “Harry já podia morto de verdade, você sabe”.

“Não é verdade” Sirius estendeu braço dele, mostrando a Draco o bracelete com uma pedra escura que produzia uma luz. “Encantamento Vivicus,” ele disse resumidamente.
Um pouco da tensão foi embora dos ombros de Draco. “Como vocês entraram no castelo?”.

Sirius explicou, tão resumido quanto possível. Os olhos de Draco se estreitaram confusos. “Um vampiro?” ele ecoou. “Mas o Teste -".

“Sim. Eu ouvir dizer que tinha um Teste,” disse Sirius. “Raven queria que eu me encontrasse com você primeiro”.

Draco xingou, finalmente. Sirius estava impressionado. Ele tinha completamente uma fluência e uma atitude de alguém de sua idade, sem falar na mão hábil com imagens.

“Isto soa como se realmente fosse algo realmente doloroso,” ele disse gentilmente, quando Draco acabou. “Pressupondo que você pudesse pegá-lo para esticar muito”.

“Cale a boca, Sirius. Me deixe pensar”.

“Eu tenho que fazer qualquer coisa que você queira, de maneira bem gentil, não tenho, considerando que você está apontando uma lança para mim. Isto é realmente necessário?”.

“Sim. Você disse que tem a Chave de Harry?”.

“Eu disse”.

“Me dê a Chave”. Draco esticou sua mão. “Depressa”.

“Você sabe,” disse Sirius em tom de conversa, “se eu realmente quisesse, que podia tirar esta lança de você, e quebrar o seu braço”.

Draco ficou um pouco pálido, mas manteve sua mão para o alto. “Eu sei dito”.

“Talvez você possa me contar o que você quer com a Chave, então”.

Draco abriu sua boca para responder - e parou. Sirius ouviu o clique quando a porta atrás dele começou a ser aberta. E Draco girou a lança -- tão rápido que os olhos de Sirius mal seguiram o seu movimento -- e com a ponta dela golpeou o seu próprio braço. Sirius assistia a tudo com assombro enquanto o sangue jorrava e molhava a manga de Draco. E Sirius o encarou atordoado, Draco, agora sorrindo um sorriso tenso e muito desagradável, fez a lança se movimentar, a girando em suas mãos, e a jogou com a ponta cega virada para Sirius.

Que a pegou. E parado lá, olhando, enquanto Raven, entrando no quarto neste momento, aspirou uma respiração chocada e sacou sua varinha. “O que está acontecendo aqui?”.

Draco apontou uma mão com rapidez para seu braço ferido, e assumiu um olhar furioso e injuriado. “Raven,” ele disse, apontando para Sirius. “Este vampiro acabou de tentar me atacar”.

“Atacar você?” ecoaram Raven (agora mantendo Sirius sob a mira da varinha dela) e Sirius, em uma só voz.
“Sim. Ele me golpeou com esta lança”. Draco apontou para ela, e Raven, parecendo pálida, a requeriu para ela rapidamente. “É contra a Lei colocar as mãos em cima de Slytherin, ou por extensão no seu Herdeiro. Tal ato é punido com a morte, é claro”. Draco levantou seu queixo. A luz vinda das tochas formava em volta do seu cabelo uma auréola prateada particularmente irônica. Sirius simplesmente o encarava. Seus olhos diziam confie em mim, mas as suas ações diziam outra coisa.

“Pode ter sido o sangue doente,” Raven interrompeu, parecendo preocupada. “Vampiros fazem isto algumas vezes. O sangue doente os faz se comportar de forma totalmente estranha”.

“Isto é o que eu estava pensando,” Draco concordou facilmente. “Visto que não há outros vampiros aqui para que nós pudéssemos fazer uma consulta, eu sugiro que você o leve para baixo, para as masmorras e o mantenha preso lá até que a doença passe”.

O tremor de Draco era quase imperceptível, mas ele o ignorou.

“Eu terei que tirar a varinha dele,” disse Raven, os olhos dela brilhando para Sirius. “E revistá-lo”.

“Faça o que você tem que fazer,” disse Draco. “Apenas - não o danifique”.

“É claro que não,” disse Raven. “Eu deixarei isto para você, Mestre”.

“Obrigado,” disse Draco, e havia um tipo de histeria desesperada em sua voz, ainda que nada disto estivesse presente nos sues olhos quando estes encontraram os de Sirius do outro lado do quarto. Ele se virou de costas então, e Sirius não pode ver o rosto dele enquanto ele dizia, “Você faria melhor o levando agora, Raven. Eu tenho trabalho com que me preocupar”.

“É claro,” disse o demônio em percalços, e colocou sua mão no braço de Sirius. Ele a seguiu sem protestar.

***

A porta se fechou atrás de Lupin com o clique metálico de uma porta corrediça que se movimenta. Ele tossiu, e olhou em volta um pouco nervoso.

Ele estava em um cômodo grande, arqueado de pedra, cujo teto alto desaparecia em uma névoa. Não, ele percebeu - não era uma névoa, era fumaça, uma fumaça adocicada, inebriante que enchia o cômodo com vapores. Ele deu uma olhada em volta, tentando ver através do ofuscamento. O cômodo parecia ser projetado quase como um anfiteatro, com um nível mais baixo, o palco central afundado no chão e um anel em volta com longas e altas filas de bancos ornados com travesseiros. Esparramadas nos travesseiros estavam várias figuras que ele não era capaz de descrever totalmente, ainda que elas fossem obviamente humanas -.

--Não totalmente humanas, ele lembrou-se de si mesmo. Homens-Lobos; outros lobisomens, como eu. O pensamento se alterou. Fazia anos desde a última vez em que ele tinha se encontrado cercado por outros lobisomens em grande número. Vinte e cinco, talvez trinta anos.
“Olá”. Uma figura saiu da fumaça do seu lado. Um lobisomem de uns vinte e cinco anos, vestindo uma túnica de um verde chocante e com o seu cabelo curto colado ao redor de sua cabeça, gritou com um sotaque Americano. “Pegue”.

Alguma coisa voou no rosto de Lupin. Sem pensar, ele pegou a tal coisa no ar e a segurou por um momento - era um objeto parecido com uma varinha com uma das pontas afiada, e a outra ponta estava decorada com algum tipo de bugiganga de vidro. Ela soltou um breve brilho de luz quando ele a tocou, e então ficou escuro.

“Certo, então, você é um de nós,” disse o lobisomem, puxando a coisa que parecia uma varinha da mão de Lupin, e a fazendo desaparecer nas vestes dele. “Este era o Teste. Você passou. Parabéns. Qual é o seu nome?”.

Lupin se apresentou, então olhou ao redor. “Agora o quê?”.

“Eu também gostaria de saber,” disse o lobisomem, parecendo melancólico.

“Bem -- quem é o responsável, aqui?” Lupin questionou, se perguntando se ele poderia dar uma olhada nos planos ou nas estratégias de batalha deles.

“Sou eu,” respondeu seu companheiro, parecendo ainda mais cheio de melancolia.

“E você não...?”.

“Bem, olhe com o que eu tenho trabalhado!” O lobisomem varreu um braço em direção ao resto do cômodo, que Lupin foi capaz de ver um pouco mais claramente agora. Parecia como se tivessem trinta ou quarenta lobisomens no cômodo, todos eles apenas estavam reconhecíveis enquanto formas turvas sentadas ou reclinadas ao redor de travesseiros, dando risadas e apalpando um ao outro. “Um bando de crias apáticas, inúteis, peludas,” o lobisomem murmurou. “Eu te digo, todo o espírito de luta tem sido tirado de nós através dos séculos. O que havia de violento em nós foi abatido, massacrado. Olhe o que restou. Um bando de débeis. Hey, você tem alguma coisa para comer com você?”.

“Não,” Lupin respondeu com distração, ainda escaneando o cômodo. “Você quer dizer que Slytherin - o Lorde das Cobras apenas deixou vocês aqui, relaxando desse jeito, sem fazer nada? Onde estão os planos de batalha, as estratégias de vocês?”.

“Eu escrevi uns poucos planos estratégicos no quadro negro, mas ninguém prestou à atenção. Você não tem nenhuma comida? Carne de hipogrifo, talvez? Pipoca de carneiro? Pedaços fritos de bode? Amendoins?”.

“Eu disse que não”. Lupin deu uma olhada para baixo, para o quadro colocado em pé no anfiteatro. Parecia ser um quadro branco que estava escrito em tinta verde escura Plano para a Dominação do Mundo, sobre uns poucos rabiscos. Também, parecia que alguém tinha jogado jogo da velha. “E isto é tudo que você tem?”.

“Muito mais. Este é o nosso Conselho de Guerra. Eu ouvi dizer que os trolls estão bem melhor organizados. Você realmente não tem nenhuma comida? Tudo o que nós temos aqui são ovos cozidos. Eu adoraria comer alguns biscoitos”.

“Não, eu não tenho nenhuma -". Lupin se conteve, e colocou a mão no bolso. Ele tirou de lá um punhado de Feijões de Todos os Sabores nos sabores Energia Floral, verificando para ver se tinham algumas unidades roxas (tinham duas) e colocou todo o resto na mão estendida do companheiro. Então ele voltou sua atenção de volta para o cômodo. “Esta não parece a estrutura de uma Conselho de Guerra,” ele disse de modo irritante. “Esta parece a estrutura de uma leitura de poesia. Qual é a estratégia? Levar o inimigo a morte com prosa livre e chá de erva?”.

O lobisomem gargalhou. “Eu gosto do jeito que você pensa,” ele disse. “Você gostaria de ser um almirante, ou possivelmente um barão? Você poderia me ajudar a colocar estes filhotes em forma. Planejar estratégias. O que você acha?”.

“Eu acho que ‘almirante’ é um termo naval, e eu não estou preparado para ser um barão tampouco. Mas eu seria um general”.

Ele empurrou sua mão em direção ao lobisomem, não tão certo se isto era um comportamento adequado, mas querendo arriscar. Depois de um instante, o outro pegou sua mão, e a balançou. “General Lupin,” ele disse. “Bem-vindo à guerra”.

***

Draco ficou em pé olhando para a porta do quarto, imaginando Ginny e Fleur lá dentro, esperando por ele, sentadas na cama. Elas perguntariam a ele “O que ele queria? O que aconteceu?” E ele lhes contaria sobre Sirius e Fleur provavelmente não iria se importar, mas Ginny...Ginny iria odiá-lo ainda mais do que ela já o odiava.

Ele suspirou e descansou sua cabeça por um instante na fria porta de madeira fechada. Eu coloquei meu pai atrás das grades. Talvez não diretamente, mas eu deixei isto acontecer. Agora eu coloquei meu padrasto na prisão, e eu fiz isto com as minhas próprias mãos. Eu tenho boas intenções. Mas isto realmente importa? Ele escutou sua própria voz, falando com Slytherin. Você não pode fazer o bem com poderes que vêm do Inferno.

Você não pode fazer o bem.

Ele empurrou a porta a abrindo, e entrou. Ele viu Fleur, sentada na beirada da cama, e os olhos dele imediatamente perpassaram por todo o cômodo, procurando por um sinal dos cabelos vermelho fogo, um lampejo de um vestido verde.

Nada. Ela se foi.

Ele se dirigiu rapidamente para Fleur. “Onde ela está? Onde ela foi?”.

“Ela não disse”. Fleur balançou sua cabeça negativamente. “Ela apenas saiu. Ela mesma deixou a Capa de Invisibilidade aqui para você. Eu imagino que ela tenha voltado para Harry e para os outros. Ela provavelmente não queria ver você, depois do modo como você se comportou”.

“O modo como eu me comportei? Oh quê ótimo. Maldito Inferno flamejante”. Draco se jogou na cadeira, olhando para ela.

“Não é muito agradável ficar beijando pessoas se você não tem em vista isto,” disse Fleur com exatidão.

Draco fez um barulho estrangulado. “Olha quem está falando”.

Fleur parecia martirizada. “Homens,” ela disse.

Draco ignorou isto. “É bem chato,” ele disse “especialmente porque eu estava esperando que ela voltasse comigo”.

“Para onde?”.

“Eu ia falar com Harry”. Ele começou a ficar de pé. “E eu deverei fazer isto tão logo seja possível”.

“Mas o Lorde das Cobras -".

“O que ele não sabe, não o fere”.

Fleur balançou negativamente sua cabeça, olhando para ele. “Eu não entendo,” ela disse. “Você não sente a dor?”.

“Eu sinto a dor de estar tendo uma dor de cabeça, se é isto o que você quer dizer”.

Fleur se sentou ereta, os ombros dela imóveis, e esticou a mão para baixo para dobrar a manga de sua camisola, expondo seu braço. Draco brevemente vislumbrou a cicatriz desfigurada da Marca Negra, queimada na pele cremosa dela antes que ela puxasse a manga de volta para o lugar. “Isto não causa dor em você?”.

“Isto me machucou quando ele a queimou no meu braço. Mas parece ter cicatrizado. Eu não gosto dela. Mas, de qualquer forma, ela não doe”.

“Bem, deveria,” ela disse. “Eu sinto uma dor aguda toda vez que eu falo o nome dele. Se eu agisse contra ele, como você faz, a dor seria ofuscante. Eu não entendo como você faz isto”.

“Talvez seja porque você é a Fonte dele”.

Ela balançou sua cabeça negativamente. “A Marca nos conecta a ele, como as Criaturas das Trevas que ele comanda estão conectadas a ele pelo Chamado. Isto não faz sentido. Com os encantamentos que você tem em voe, e acrescido a isto a ligação da Marca Negra, de nenhuma maneira sobre a terra você devia ser capaz de resistir. De nenhuma maneira. Isto não faz nenhum sentido, de maneira nenhuma. Devia ser impossível. Ele sabe disto. Eu sei disto”.

“Pode ser a poção da Força-de-Vontade,” disse Draco, um pouco distraído - mas ele sabia que não era, ele se lembrou da sensação da poção se exaurindo enquanto ele estava com Harry na frente da porta de adamantio, e então -.

Fleur olhou para ele com desconfiança. “Eu não acho que você acredita nisto”.

“Não importa no que eu acredito,” ele disse rapidamente, agarrando com força a Capa que estava no mesmo lugar onde Ginny a tinha deixado: perto do pé da cama. “Nós não temos tempo para um grande estudo ontológico sobre o que está acontecendo comigo. Eu tenho que chegar a Harry e os outros”.

“O que está acontecendo -".

“Não,” ele disse, com severidade, e viu que ela hesitou. “Você irá me perdoar,” ele acrescentou, de maneira um pouco incisiva, “se eu não te contar ainda todos os meus planos em todos os detalhes. Você não está exatamente bem do meu lado”.

Ele estava na porta quando Fleur falou de novo.

“Fique bem,” ela disse.

Ele olhou para trás, para ela, acenou com a cabeça, e saiu.

***

“Duas horas,” disse Ron.

Foi a primeira coisa que ele disse escassamente desde que eles tinham percebido que Ginny ido embora. Ao menos, ele tinha voltado para se sentar com Harry e Hermione; eles estavam sentados um do lado do outro encostados na parede, Harry no meio, com Hermione de um lado e Ron do outro, os ombros de todos eles se tocando. Ela podia sentir que Harry estava feliz em ter Ron de volta com eles, mesmo se ele estivesse em silêncio e quieto. Harry era sempre uma pessoa levemente diferente quando Ron estava lá, e certamente um alguém mais feliz; a presença de Ron o permitia ter um certo tipo de paz com o mundo em torno dele e nada mais parecia fornecer isto completamente.

“Ela irá voltar,” disse Harry, as suas correntes chacoalhando enquanto ele tocava o ombro de Ron. “Olhe, não é sua culpa”.

“É claro que não é. É culpa do Malfoy”.

“Este é o espírito,” disse Harry, com um meio sorriso.

Ron simplesmente balançou sua cabeça, se inclinando para trás, contra a parede. Enquanto ele fazia isto, Hermione observou alguma coisa peculiar. Ela se inclinou para frente, piscando os seus olhos, e então levantou sua mão passando por Harry para tocar Ron no ombro. Ele olhou para ela, e ela viu de novo -- havia uma marca no lado de sua tempora, exatamente acima e do lado de sua sobrancelha, uma marca fraca, prateada exatamente onde Rowena o tinha beijado. Parecia quase como a cicatriz de uma queimadura que tinha sido curada há anos, apenas ela sabia que Ron não tinha tido uma tal marca esta manha. “Ron,” ela disse devagar. “Você não - você não consegue - sentir alguma coisa sobre o lugar onde ela possa estar, você consegue?”.

Ron olhou para ela como se ela estivesse gritando alguma loucura. “Eu não consigo o que?”.

“Rowena disse que você era um Adivinho,” disse Hermione. “Eu achei que talvez você pudesse adivinhar alguma coisa”.

“Bem, eu não posso muito,” disse Ron com raiva. “Eu não posso simplesmente executar isto sob encomenda. Eu não posso fazer isto de nenhuma maneira, na verdade. Espere, isto não veio à tona certo”. Ele esfregou as costas de suas mãos de um lado para o outro em cima de seus olhos. “Eu apenas quero dizer, eu nunca adivinhei nada. Eu realmente não me imagino começando isto agora mesmo”.

Hermione suspirou. “Não faz mal”.

Ron se alegrou brevemente. “A menos que eu estivesse adivinhando alguma coisa horrível para torturar o Malfoy. Isto eu poderia fazer”.

“Oh, Ron”. Hermione deixou escapar um suspiro exasperado. Por mim, eu desejaria que ele estivesse aqui. Ele poderia explicar o que está acontecendo”.

“Certo, porque ele fez um bom trabalho explicando quando ele esteve aqui mais cedo,” disse Harry, embora ele dissesse isto sem rancor.

“Eu desejo muito que ele aparecesse também,” disse Ron, amargamente. “Então eu poderia esmurrar sua cara”.

A abertura misteriosa na parede balançou e se abriu, e Draco entrou.

Houve um curto silêncio.

“E agora eu desejo que eu tenha um milhão de galeões,” disse Ron, e deu uma olhada em volta esperançosamente.

Hermione olhava para ele.

“Apenas checando,” ele disse.

Ela voltou sua atenção novamente para Draco, que estava caminhando rapidamente, cruzando o quarto em direção à eles. Ginny não estava com ele. Ele estava carregando sua espada, desembainhada, em suas mãos, e sua expressão era tão extraordinariamente fria que isto quase fez o coração dela parar. Antes que ela pudesse formular muitos pensamentos, rápido como um raio, Ron se colocou de pé e andou para o lado se colocando assim entre Draco e Harry.

Draco parou imóvel, e olhou para ele. “O que você está fazendo, Weasley?”.

Ron cruzou os seus braços sobre o seu peito. Ele não precisava levantar o seu queixo - ele já era mais alto que Draco - mas ele o fez assim mesmo. “Não chegue mais perto,” ele disse.

“Saia do caminho,” disse Draco.

Ron balançou sua cabeça negativamente.

“Você quer se mover,” Draco disse, com os olhos estreitados, “ou você quer descobrir o que um sapato italiano de bico fino pode fazer?”.

Ron pestanejou para ele. “O quê?”.

“Eu acho que ele tem em vista chutar você na cara,” disse Hermione na tentativa de ajudar.

Draco revirou seus olhos. “Eu estou tendo um péssimo dia,” ele disse. “As minhas ameaças não estão surtindo o efeito que elas deveriam. Vamos começar isto novamente. Saia do caminho, Weasley”.

“Não,” disse Ron.

“Saia do caminho, ou eu cortarei em fatias sua perna e espancarei você até a morte com a ponta da bota,” disse Draco.

“Oooh, esta foi muito melhor,” disse Hermione super esportiva. “De verdade, boas imagens”.

“Eu ainda não estou me movendo,” disse Ron.

Hermione olhou de Ron para Draco. Harry estava atrás dela, ela não podia ver a expressão dele. A expressão de Draco parecia oscilar entre a surpresa e um divertimento amargo.

“Não tome parte disto,” ele disse. “É isto que eu quero dizer”.

“Coloque esta espada para baixo primeiro”.

“Weasley, nós não temos muito tempo. Saia do caminho”.

Ron não se moveu. Draco lançou um olhar para Hermione, que levantou os olhos dela para ele. Por um instante, seus olhares se capturaram e se entrelaçaram, e ela se lembrou que aqueles olhos pertenciam a um garoto da mesma idade que a dela e que eram de alguém que ela tinha amado e confiado. Ela tinha olhado dentro deles tantas vezes e visto o próprio amor dele por ela, refletido de volta, apenas agora estavam revestidos com alguma coisa mais, e de alguma forma mudados.
Foi Harry o próximo a falar, e pela a primeira vez desde que Draco tinha entrado no quarto. “Ron. Está tudo bem. Deixe-o”.

Relutância temperada com confusão, Ron foi para o lado, e Draco se moveu para ficar no lugar onde ele tinha estado. Hermione viu o brilho lampejante de luz azul na lâmina da espada enquanto ele a erguia acima da cabeça dele. E Harry - Harry estava de joelhos, e segurou suas mãos feridas para o alto, de forma que a corrente se esticasse rígida entre eles. Ele estava olhando para o alto, para Draco, e os olhos verdes estavam firmes.

“Faça,” ele disse.

Draco deixou a espada descer, tão rápido e tão forte que pareceu assobiar enquanto cortava o ar. Ela dividiu em pedaços, golpeando os anéis de adamantio da corrente que mantinham as mãos de Harry amarradas, e as cortando exatamente ao meio. Elas caíram no chão, não com o som do metal ressoando, mas com um tipo de barulho sibilado como o de uma cobra desfolhada de sua pele.

Hermione prendeu sua respiração e começou a andar para frente, mas uma mão segurou o braço dela a impedindo. Ela sabia sem olhar que era Ron, mas não sabia por que ele a estava segurando.

Harry se colocou de pé bem devagar, colocando sua mão na parede para mantê-lo firme. Ela viu Draco estender a mão como se fosse ajudá-lo, então colocou sua mão para trás rapidamente. Harry, que estava olhando para baixo, não reparou.

Ron soltou o braço dela. Ela correu para frente, para Harry, e colocou os braços dela ao redor dele, o ajudando a ficar de pé. Ela o sentiu segurar nos ombros dela, como se ficar em pé depois de tanto tempo fosse encadear dor nele. Provavelmente sim. Ele ficou parado por um momento, como se avaliasse a estabilidade de suas pernas. Então, ele deu um passo rápido para frente, agarrando com força um muito surpreso Draco pela parte da frente da camisa dele, e o empurrando duramente contra a parede. “Tudo bem, Malfoy. Maldito seja, onde está Ginny?” ele disse.

***

“Olhe, fazer um strip-tease para me revistar não é realmente necessário”.

“Oh, mas eu acho que é,” disse Raven, que estava em pé com as mãos dela no quadril, olhando para Sirius como se ela realmente desejasse chocolate e ele fosse a última trufa Crème Brulee da caixa. “Agora tire suas roupas”.

“Não sem jantar e flores primeiro”.

Raven olhou de lado para ele, e sorriu. “Prisioneiros devem ser desvestidos de suas varinhas e outras armas, estas são as regras. Você deve ter escondido sua varinha em algum lugar no seu corpo. Tudo o que eu tenho que fazer é gritar,e este cômodo ficará cheio de dementadores desejosos e ávidos para me ajudar. Então, você deve tirar suas roupas, ou eu amarrarei você e as tirarei”.
“Não, por favor, eu apenas darei minha varinha para você. Olhe, aqui está ela”. Ele estendeu sua mão segurando a varinha, e Raven a pegou e a colocou no bolso, com um pequeno sorriso brincando nos lábios vermelhos dela. Havia uma certa fome negra nos olhos dela que fazia a herança demoníaca dela de repente parecer muito evidente. Sirius se sentiu muito desgostoso que em algum momento ele tivesse pensado que ela era atraente. Talvez fosse karma. Ele mandou uma desculpa silenciosa para Narcissa, de quem ele de repente sentiu muitas saudades.

“Como eu sei que você não tem duas varinhas?” Raven perguntou. “Como eu sei que você não tem um Encantamento Abridouro de Fechaduras (Lockpick)?”.

Diante deste inevitável lógica, Sirius não tinha resposta.

“Agora tire suas roupas,” ela disse.

Ele começou a desafivelar suas vestes, se perguntando como tudo isto tinha acontecido. Ele tinha a pretensão de resgatar seu afilhado, e ao invés disto ele estava fazendo um strip-tease para uma exigente demônio em uma masmorra muito fria. Ele se perguntou se Draco sabia que este encarceramento poderia envolver nudez. Melhor não pensar sobre isto. Ele começou a trabalhar na camisa dele enquanto Raven pegou a sua capa deixada de lado e passou a revistar os bolsos. Ela deu um sorriso para os Feijões de Todos os Sabores no sabor Poder Floral, e observou com olhar examinador os Lápis Realmente Mágicos da Zonko’s e uma pilha de antigas cartas. “Eu gosto de você,” ela disse, correndo o dedo vermelho-fino para baixo no peito desnudo dele, de um modo muito familiar. “Eu deixarei você guardar estas coisas”.

“Se você realmente gostasse de mim, você não me faria tirar minha calças,” ele assinalou, andando para trás, para longe.

Ela sorriu para ele. “Não se preocupe. Eu sei que está muito frio nesta masmorra. Eu não farei um mau juízo”.

Sirius suspirou, e começou a trabalhar nas suas calças.

***

“Eu não sei,” disse Draco, não tirando os olhos dele dos de Harry. “Eu achei que ela estivesse aqui. Por isto que eu vim. Parte do motivo, de qualquer jeito”.

“Você não sabe?” Desta vez foi Ron quem falou. Ele estava pálido de raiva, suas sardas se sobressaiam em manchas. “Ela foi procurar por você”.

“Ela encontrou você?” investiu Hermione ansiosamente.

“Sim,” disse Draco. “Ela me encontrou”.

Todos eles não tiravam os olhos dele esperando.

“Você não gostaria de me soltar?” ele disse para Harry, quase queixosamente. “Você está arruinando minha camisa”.

“Isto é um vexame,” disse Ron, “especialmente quando ele deveria realmente estar arruinando a sua cara”.

Harry soltou Draco e andou para trás. “Fale,” ele disse, de forma sintetizada.

Os olhos de Draco procuraram os de Hermione. “Eu estava no meu quarto. Ginny me encontrou. Eu a deixei lá com Fleur quando eu fui intimado para falar com Slytherin. Quando eu voltei ao quarto, ela tinha ido embora. Fleur disse que ela não disse para onde estava indo, ela simplesmente foi”.

“E por que nós devemos acreditar em você?” disse Ron em um tom suave e perigoso.

“Você está certo, Weasley. Ela me encontrou, eu a matei, e então eu decidi vir e contar para você sobre tudo isto porque eu não ainda não tinha alcançado minha quota pessoal de abuso diária e eu pensei que você pudesse me ajudar a enchê-la”.

“Bem, eu acho que você está mentindo,” disse Ron. “Esta é a minha sopinião”.

Draco parecia como se tivesse chegado ao fim de sua paciência. “Esta é a sua opinião? Bem, como você gostaria que eu colocasse a minha mão na sua opinião?”.

“É o suficiente!” disse Harry com severidade. “Vocês dois, ou vocês caem de uma vez no braço, ou calem a boca e se entendam. Mas isto...isto...um rali de sarcasmo não está ajudando. Ron, ele não teria motivos para ter vindo aqui se fosse responsável pelo sumiço de Ginny. Malfoy, comece a falar nos próximos cinco segundos ou eu farei você engolir esta espada”.

Draco forçou um sorriso. Foi um tipo de riso cansado, mas um daqueles bem reais. “Bem, desde que você me pergunte gentilmente,” ele disse. O sorriso murchou rapidamente, e os olho dele se escureceram como ardósia. “Ela deixou disto,” ele disse, e estendeu a mão segurando a bem dobrada Capa prateada. Harry a pegou sem com comentar. “Este é um tempo muito ruim para ela ficar vagando pelo castelo,” Draco acrescentou. “Eventos estão em andamento. Parte do motivo d’eu ter vindo aqui foi porque eu estava procurando por Ginny. E parte do motivo d’eu precisar encontrá-la é que, se o que ela me contou for verdade, que ela era o meio pelo qual todos vocês chegaram aqui, então, ela é o único meio que vocês tem de poder sair daqui. E vocês precisam sair daqui agora”. Agora ele estava olhando para Harry. “Slytherin quer você morto,” ele disse asperamente. “Eu o ludibriei e o impedi de vir matar você; eu disse a ele que havia algum tipo de encantamento em sua vida. É para isto que ele queria o seu sangue. Agora que ele o examinou, ele saberá que eu estava errado, ou mentindo, e ele virá até você. Você tem que sair daqui antes que isto aconteça”.

Hermione sentiu como se o sangue dela tivesse se tornado água gelada. “Você entrou na cela,” ela disse para Draco. “Você não pode nos soltar?”.

Ele balançou sua cabeça negativamente, evitando os olhos dela. “Eu posso soltar você, ou Ron. Mas as proteções estão encantadas para reconhecer Harry como o prisioneiro daqui. Se ele sair, os alarmes irão tocar como um foguete. Nós estaríamos rodeados de dementadores em segundos”.

“Então Harry fica aqui,” disse Ron, firme. “Eu irei procurar por Ginny”.

“Eu irei com você,” disse Hermione depressa.

“Hermione, não,” disse Harry, ainda mais rápido. Ele tinha se tornado totalmente pálido.

Ela se virou para trás, para ele. “Harry, faz sentido. O Lycanthe pode sentir a presença de outros objetos mágicos poderosos. Ele será atraído pelo Vira-Tempo. Ele nos ajudará a encontrar Ginny, mas ele não funcionará com Ron, então sou eu quem tem que segurá-lo e ir com ele. De outra forma, ele simplesmente ficará perambulando perdido, e nós nunca tiraremos você daqui. Nós usaremos a Capa; ela nos manterá a salvo”.

“Existem dezenas de objetos mágicos poderosos no castelo-“ Draco começou. E parou.

“Mas estes dois foram feitos para ser usados juntos,” disse Hermione calmamente. “Eu não quero ficar vagando por aqui assim como Ron também não. Mas faz sentido”.

Draco olhou para baixo, para o chão; Ron parecia preparado e determinado. Ela sabia que ele iria atrás de Ginny até mesmo se ela não chegasse. Ela se virou para olhar para Harry - e o encontrou olhando para ela seriamente.

“Eu preciso falar com você, Hermione,” ele disse, em um tom feroz, baixo. “Agora”.

Ela permitiu que ele pegasse a mão dela e a puxasse para o outro lado do quarto, do lado do armário, onde havia um pouquinho de privacidade. É claro, ela ainda podia escutar a voz de Draco, dizendo a Ron para pegar a Capa, e ele estava dando a Ron algumas instruções de como encontrar o caminho dele ao redor do castelo. “Draco Malfoy, dignando-se a nos ajudar,” Ron replicou, irritado. “Finalmente eu posso morrer feliz”.

“Isto pode ser arranjado,” respondeu Draco, em seu tom frio.

“Escute, Malfoy. Você pode pegar suas instruções e enfiá-las exatamente no seu--".

“Hermione, você está escutando?” Harry disse.

Ela se virou e levantou o seu rosto para o dele, e prendeu sua respiração. Ele estava muito branco, tão branco quanto ele tinha estado no dia que eles tinham ficado em pé diante do Espelho de Ojesed e ele tinha dito a ela que a amava. Ela sabia o quão duro isto tinha sido para ele, que era exatamente como ele estava naquele momento, que ele tinha algo tão pouco e tão atrasado para dizer. Ela se perguntou qual coisa terrível, equivalente a aquele outro momento, estava pensando sobre a cabeça dele agora; ou talvez era simplesmente o perigo que eles estavam...

Ela levantou sua mão e pegou as dele, olhando para baixo, para elas enquanto fazia isto. As mãos de Harry, tão familiares e tão conhecidas, até quando ele tinha onze anos e era magro e pequeno, ele tivera aquelas mãos articuladamente bonitas e delicadas. Elas eram muito parecidas com as mãos de Draco, os mesmos dedos finos, o indicador um pouco mais longo do que os outros, a mesma cicatriz na palma, mas elas eram de modo único as de Harry -- mãos que passavam para ele sua pena na aula de Poção, que carregavam os livros dela, que se erguiam para pegar o Snitch, que a segurava com força no escuro.

“Eu não quero que você vá,” ele disse, com uma intensidade repentina e surpreendente. “Eu tenho uma péssima, péssima sensação sobre isto, Hermione. Eu quero que você fique aqui”.

“Eu tenho que ir. Ginny-“.

“Eu sei”. Ele a puxou em direção a ele pelos pulsos dela. “Eu sei, mas--".

“Eu realmente não estou entendendo porque você está tão aterrorizado,” ela disse, com um tipo de sorriso vacilante. “Esta não é a primeira vez que nós temos estado em perigo, nós já olhamos para o rosto da morte antes, não está sendo pior do que isto-“.

As mãos de Harry apertaram as dela. “Existem coisas piores do que simplesmente morrer,” ele disse, sua voz baixa e feroz. “Eu não poderia suportar - se alguma coisa acontecesse a você - e eu me perguntando, se você estaria em algum lugar, esperando por mim para - para -".

“Harry!” Não tendo a menor idéia do que ele estava falando, mas reagindo sem pensar na dor da voz dele, Hermione quase tropeçou nela mesma na sua pressa para se aproximar dele. Ela lançou seus braços em volta dele e o abraçou duramente, e ele tocou de leve o cabelo dela com uma mão hesitante.

“Eu sempre fui apaixonado pelo seu cabelo,” ele disse.

“Oh, certamente não,” disse Hermione, antes que ela pudesse consertar isto. “Você e Ron costumavam dizer que parecia que eu tinha um gato muito raivoso na minha cabeça!”.

Harry se engasgou. “Sim, quando nós tínhamos doze anos”.

“Ainda assim era muito rude de sua parte,” disse Hermione. “Você deveria fazer alguma coisa para se retratar comigo”.

“Eu não estou certo de que nós tenhamos privacidade suficiente para isto,” disse Harry, parecendo solene.

“Vocês certamente não têm!” chamou Draco irritado do outro lado do armário. “Por favor – tenham piedade de nós”.

Harry fechou seus olhos. “Eu apenas vou fingir que eu não escutei isto”.

Hermione levantou sua mão e puxou a cabeça dele para baixo, e o beijo profundamente. Isto sempre a surpreendia, mesmo agora, que ela tivesse que alcançar Harry, que ele tinha se tornado tão alto e flexível e...crescido. Não que crescido fosse ruim. Crescido era bom, especialmente quando isto satisfazia a alguém e também parecia estar satisfazendo a Harry o fato de ter ficado mais alto e mais largo nos ombros.

Foi um breve beijo, apesar de tudo. Ela o interrompeu, e deixou Harry a levar de volta para o centro do quarto, onde Draco estava encostado contra a parede perto da porta de entrada da cela, todo elegante olhando de cara feia e as longas pernas cruzadas e os braços colocados sobre o seu peito. Ela olhou para ele. “Onde está Ron?”.

“Eu estou aqui,” disse a voz de Ron, de um ponto próximo a Draco. “Por quê?”.

“Erm,” disse Hermione, encarando.

“Eu joguei a Capa de Invisibilidade nele,” disse Draco suavemente. “Eu estava ficando doente de olhar para a cara dele”.

Houve um som bravejante, e Ron reapareceu, tendo se esquivado sorrateiramente debaixo da capa que ele não tinha, aparentemente, percebido que estava usando. Ele estava olhando para Draco de novo, e completamente rosa em volta das orelhas. “Você - se manda - bastardo -".

Hermione o segurou e o arrastou em direção à saída.

***

Tendo girado o Vira-Tempo, Ginny percebeu a si mesma caindo entre nuvens violetas vazias, mas em nenhuma direção reconhecível. Provavelmente, tinha sido para cima, para baixo, ou para os lados através do espaço. Tudo tinha desaparecido em um nada violeta. Ela conhecia este momento sem fim de vertigem e movimento rápido, então o vazio vertiginoso desapareceu em um instante e ela estava parada com seus pés no sólido chão, cercada pela escuridão.

Ela forçou seus olhos para ver, seu coração palpitando. Ela tentou ajustar o Vira-Tempo para levá-la de volta ao passado no instante depois que ela o tinha deixado, mas ela ainda não era uma perita em ajustar isto. Talvez ela tenha errado seu objetivo em algumas horas, e estava de noite.

Mas ainda na escuridão da noite, ela era capaz de ver suas próprias mãos em frente ao seu rosto.

Ela escorregou sua mão para sua varinha, e a tateou para fora do seu bolso. “Lumos,” ela murmurou.

A luz floresceu da ponta da varinha, iluminando seus arredores. Ela estava parada em um corredor, exatamente onde ela tinha esperado chegar. Parecia muito o mesmo, ainda que o chão estivesse coberto por uma camada espessa de poeira, e as tochas estivessem faltosas nos suportes da parede.

Ela se apressou para frente, repentinamente desesperada para sair do castelo, que despertava um tipo se sensação terrível, amarga, abandonada. Seus pés batiam no chão empoeirado fazendo o único ruído: não havia nenhum assobio do vento, nem mesmo o som de insetos. Ela alcançou o fim do corredor, encontrou uma pesada, curva escada de pedras, e se moveu para baixo tão rápido quanto a segurança permitia. Quando ela alcançou no fim das escadas, ela encontrou a si mesma em uma grande ante-sala cujo chão, como um tabuleiro de xadrez, era modelado com quadrados de mármore verdes e brancos. Ela correu cruzando o chão em direção a uma gigantesca porta dupla, as puxou com força abrindo-as, e caminhou para fora.

E pestanejou, por um instante incapaz de entender totalmente o que era isto que ela estava olhando. Aqui, havia mais luz - uma luz fraca, cinza quase bloqueada inteiramente por uma enorme parede que cercava o castelo. Ginny encarou surpresa. Ela não tinha idéia de onde a parede vinha: circular e gigantesca, parecia se esticar em todas as direções em torno do castelo, e subir,subir, subir até onde seus olhos podiam ver, desaparecendo dentro da escuridão em contraste com uma pitada de céu azul, a forma de uma criança de mármore. Enquanto ela descia as escadas devagar, ela percebeu que a parede não era de jeito nenhuma tão lisa, mas irregular e assimétrica, e consteladas com estranhas flores vermelhas...

Rosas. Não era de maneira nenhuma uma parede, mas um enorme cerca de espinhos. Como os arbustos que cercavam o castelo da Bela Adormecida, ela pensou, quase dando uma risada diante da intensidade do nervosismo que ela sentia. O Príncipe tinha conseguido abrir seu caminho através dos arbustos - ela pensou muito brevemente em Draco, e sua espada - mas não havia nenhum Príncipe aqui, ela estava com ela mesma.

Dirigida por um impulso que ela não conseguia identificar totalmente, ela esticou sua mão e gentilmente tocou o Vira-Tempo pela borda do pingente.

Por um momento, nada aconteceu. Então, com um ruidoso sussurro, como o som de uma grande quantidade de água correndo, os galhos começaram a se enroscar para longe dela, se entortando para trás, abrindo um caminho para deixá-la passar. Através do espaço aberto pela cerca viva, ela vislumbrou uma grama verde brilhante, constelada de flores brancas. Ela caminhou através delas depressa, e a cerca viva se fechou atrás dela como se nunca tivesse existido uma lacuna.

Ela olhou em volta assombrada. Ela estava em pé em uma clareira, e na distância ela podia ver a linha negra de árvores de onde a floreta começava. A floresta que tinha crescido até muito próximo a margem do castelo no próprio tempo dela. Mas agora ela estava bem longe, e na frente dela se estendia uma clareira longa e cheia de grama, no meio da qual estava um grande número de tendas multicoloridas. Ela estava fortemente se lembrando do campo de guerra que ela visitou com Ron e Hermione.

Ela começou quase a correr, repentinamente cheia de um desespero para ver as pessoas - ela sentiu que qualquer pessoa teria feito isto. O castelo era tão silencioso, tão assustador. Ela alcançou o centro do campo, e deu uma olhada ao redor. Tinham tentas de muitas cores: azul, verde-clara, laranja, e a esquerda dela tinha uma tenda vermelho escarlate, alta, fortificada que sustentava na aba (porta) fechada o emblema de um leão dourado.

Gryffindor.
Ela correu para a tenda, e parou na entrada. Não havia nenhum lugar para bater, que ela pudesse perceber. Cuidadosamente, ela esticou sua mão para frente e puxou para trás a ponta da aba da tenda, e olhou para dentro da escuridão.

Como a maioria das tendas dos bruxos, o interior não tinha semelhança com o exterior. Do lado de dentro, as paredes eram feitas de madeira escura, almofadada, havia uma lareira (vazia -- já que o dia estava quente e claro), algumas pequenas janelas, sem vidraça, e uma mesa de mogno larga e redonda no centro do cômodo, que estava ornado com modelos de estralas e luas douradas. Encostada contra o pé de uma mesa, totalmente casual, estava uma longa espada de prata em uma bainha decorada com folhas esmaltadas brilhantes, flores e animais.

Um movimento no canto do cômodo capturou seu olhar. Ela se virou, e encarou.

E viu alguém a encarando de volta. Sentado em um canto da tenda, em um escabelo feito de madeira, estava um homem alto com um cabelo preto incontrolável, e olhos negros brilhantes. Ele parecia com se tivesse 20 anos, e mais interessante, estava sem camisa, vestindo um par de calças de couro, e aparentemente no meio do processo de descalçar suas botas.

Ele olhou para Ginny.

Ginny olhou para ele.

Ele encontrou sua voz primeiro. Deixando cair sua bota no chão, ele ficou de pé, e com uma voz algumas oitavas mais profunda do que tinha sido da última vez que ela a ouviu, disse, “Quem diabos é você e o que você está fazendo na minha tenta?”.

Percebendo-se entre o choque e um insano desejo de rir, Ginny tirou sua mão para longe de sua boca. “Bem?” ela disse.

***

A masmorra era uma masmorra. Ela tinha uma aparência assustadora como as outras masmorras que Sirius tinha estado. A masmorra do Malfoy, por exemplo. Pesadas paredes de pedra cotejando uma umidade desagradável. Pesadas barras de ferro cinzas revestidas com proteções mágicas. O cheiro de musgo, de suor velho e de medo. Masmorras eram todas iguais.

Pelo menos ele tinha suas roupas de volta. Raven o tinha permitido tê-las de volta, junto com todos os seus pertences salvo sua varinha. Ele se perguntou quanto tempo seria possível sobreviver com Feijões de Todos os Sabores. Ele se perguntou se ele estava preparado para descobrir.

O silêncio da masmorra parecia se expandir continuamente. Para se distrair, Sirius levou sua mão até seu bolso e começou a espalhar o conteúdo dele no chão em frente a ele. Os lápis da Zonko’s. As cartas das antigas namoradas. Ele apanhou uma ao acaso e a movimentou para abrí-la. Querido Sirius, eu estou sentada aqui na aula de História da Magia --pensando que se eu pegasse no sono eu sentiria saudade da última noite enquanto nós estávamos -- um.. olhando as estrelas...De qualquer forma, é apenas eu ou é o Professor Binns que está pegando um tipo de poeira?

Sirius forçou um sorriso e empurrou a carta de volta para dentro do seu bolso. Então tinham outras cartas, endereçadas a James, na delicada letra a mão de Lily, a visualização disto fez a garganta dele fechar e seu peito se apertar. James Potter, 30 Galloping Drive, Godric’s Hollow, Wales. A visualização do endereço escrito lá pela mão de Lily trouxe a memória da casa assim como a visualização de suas ruínas amaldiçoadas, a memória da casa como ele tinha visto da última vez, não tinha se dispersado junto com o entulho dela sob um céu listado de verde e negro.

Ele apertou seu punho no pergaminho, o dobrando em sua mão. James. Elas vinham agora, as memórias, densas e rápidas: os pensamentos sombrios de fantasmas. James. Ele não foi capaz de encontrar Lily de maneira nenhuma naquela noite. Ela foi enterrada, se foi, cascalho a cobriu. Mas James. Ele não tinha sido esmagado, ou machucado de uma forma visível, mas era uma mentira, Sirius pensou



que o morto lembrava alguém vivo, apenas dormindo. Ele sabia agora mesmo que James estava morto. Ele estava deitado onde ele tinha caído, de costas, uma mão se moveu e agarrou com força a varinha que, no fim, não tinha sido usada por ele, a outra mão no seu peito. Seus óculos estavam perdidos, tinham caído, esmagados em algum lugar, e Sirius queria encontrá-los e dá-los de volta a ele porque era claro que James não podia ver corretamente, de nenhuma maneira, sem os óculos dele, ele nunca pode, mas não havia mais tempo para isto, havia? Dobrando seus joelhos, Sirius pegou os ombros de seu amigo e o puxou perpendicularmente. Ele parecia verdadeiro e genuíno sob as mãos de Sirius -- ainda as mesmas mãos que passavam para Sirius a pena na aula, os mesmos braços que o abraçaram no casamento de James, os mesmo ombros que ele encurvava quando ele estava injuriado -- e mesmo assim, ao mesmo tempo ele estava mudado para sempre, como se qualquer um o mostrasse que James se foi.

Lá, na casa quebrada, engasgando na poeira tóxica, Sirius colocou seu rosto para baixo, no ombro de James e chorou, um choro tão terrível e tão profundo para produzir qualquer lágrima. Ele murmurou sob sua respiração enquanto ele chorava, se perguntando se James voltaria, implorando que ele voltasse. Se James estivesse vivo, ele teria retornado para Sirius, entretanto tão longe ele talvez estivesse que a única coisa que ele desejava era chamar pelo seu amigo desesperadamente. Mas os mortos são viajantes egoístas e relutantes. Eles não voltam, não se importam o quanto eles são necessários, não se importam o quanto de forma gigantesca eles farão falta. Não se importam se a perda deles possa ter deixado para trás aqueles a quem eles abandonaram.

***

“Isto não está funcionando,” disse Hermione, em descrença, segurando o Lycanthe na mão dela e olhando para ele.

“O que você quer dizer com isto não está funcionando?” Ron perguntou.
Eles estavam aconchegados, a capa os cobrindo, sob uma escadaria precisamente fora da cela. Agarrando com força o Lycanthe, com tanta força que ele estava marcando a palma da mão dela, Hermione olhou para ele. “Não está captando nada,” ela disse, sua voz tingida de pânico.

“Agora o quê?” Ela podia sentir a tensão dos ombros de Ron onde eles espremiam os dela. “O que nós fazemos?”.

Ela se endireitou, deixando o Lycanthe cair no fim da corrente ao redor de seu pescoço. “Nós vamos - neste caminho,” ela anunciou, ao acaso, puxando Ron do alto da escadaria e para baixo no corredor. Ele não protestou enquanto ele a seguia, que era, ela pensou, algo que não combinava com ele. Ele estava provavelmente sem idéias também.

O corredor terminava em uma escadaria, cujos degraus eram tão gastos que alguns deles aparentavam quase não mais do que irregularidades na pedra. Hermione se perguntou qual pé originalmente os tinha gastado enquanto ela e Ron começaram a descer correndo por eles. Uma clara memória se formou na cabeça dela de uma descida correndo por estes degraus antes, de mãos dadas com alguém. Alguém que não era Ron. Alguém com cabelos prateados.

Ela parou, e colocou uma mão firme sobre si mesma. Ela ouviu a voz de Ron em sua orelha. “Hermione, o que há de errado?”.

“Nada - eu estou bem”.

Mas ela não estava. Eles viraram uma esquina e se encontraram a si mesmo em um amplo e semicircular corredor cujas paredes estavam enfileiradas com inúmeras portas. O teto acima desaparecia em uma névoa esverdeada. As paredes estavam desnudas, mas Hermione sabia, como se pela memória, que uma delas tinha sido ornada por uma tapeçaria com o desenho da caçada de um unicórnio. E o teto tinha sido adornado com estrelas. Tinham estado ali poltronas junto das paredes, longas poltronas cobertas de travesseiros vermelho escarlate e esmeralda e azul, e ela se lembrava de deitar nestas poltronas, e não sozinha, tampouco...

Hermione se sentiu ruborizar e estava contente de que ela estava invisível. Ai! Ela olhou para baixo, percebendo que ela estava agarrando com força o Lycanthe, e o largou imediatamente. A sensação da memória a pressionando perdeu um pouco a força. Ela estava bastante certa de que ela continuava resplandescentemente vermelha, de qualquer forma. Como alguém pode fazer isto em uma poltrona sem cair dela?

“Hermione”. Era Ron, falando dentro da orelha dela de novo, ou próximo da orelha dela. Ele não podia vê-la, então ele estava falando muito gentilmente no pescoço dela. “Você escutou isto?”.

Ela levantou sua cabeça, um pouco com vertigem. “O quê?”.

“Escute. Alguém está chorando”.

Hermione girou sua cabeça, ouvindo. E escutou isto. O som fraco de choro, vindo detrás de uma das portas fechadas. “Isto não soa como Ginny,” ela disse, positivamente, mas Ron já tinha agarrado com força sua mão e a estava puxando em direção a porta. Ela percebeu que ele olhou ao redor, então empurrou a porta abrindo-a, e eles passaram por ela.

Este cômodo tinha o teto baixo e desnudo, e não invocou nenhuma memória em Hermione. Pelo menos, parecia desnudo a primeira vista, e estava muito escuro. Mas então, enquanto ela olhava, ela viu uma mancha ainda mais escura, uma figura aconchegada como uma poça de sombra, em um canto, do qual o som de choro se originava. Enquanto ela e Ron se moviam incertos em direção a figura, ela percebeu - ela sabia - que não era, é claro, Ginny. O choro era o fraco, triste choro de uma criança, mas quando eles chegaram mais perto, tornou-se claro que era de fato, um adulto. Um homem adulto, redondo, e gorducho, cujo processo de queda de cabelo da cabeça refletia em uma luz fraca e cujos lamentos chorados eram muito, muito familiar...

“Rabicho,” assobiou Ron, com assombro.

O corpo de Rabicho sacudiu em consideração ao som agitado, e Hermione viu que havia uma bainha em torno da perna dele, o encadeando a parede. Não era uma bainha de adamantio, apenas metal enferrujado, mas por outro lado, ele não era um Magid. “Quem está aí?” ele gritou com voz estridente.

Hermione tentou pegar o braço de Ron, mas isto foi tarde. Ele saiu debaixo da Capa de Invisibilidade e estava parado com sua varinha para Rabicho, seus olhos azuis brilhando de raiva. “Você,” ele sibilou. “Assassino”.

“Eu nunca matei ninguém!” guinchou Rabicho, batendo com suas correntes como se ele pudesse se colocar mais afastado, para longe de Ron de alguma forma. Os olhos dele estavam bem abertos e eram terríveis. “O que você está fazendo aqui?”.

Hermione puxou a capa de cima de si mesma e correu para Ron, pegando o braço dele. “O que você está fazendo?”.

“Eu vou matá-lo,” disse Ron. “Alguém já devia ter feito isto, há muito tempo”.

“Ron! Você não sabe como fazer a Maldição da Morte -".

“Eu posso tentar isto até que eu consiga,” ele disse, sua varinha ainda apontada para o coração de Rabicho.

“Vá em frente,” disse Rabicho, com um tom de voz gritado e desprezível. “Existem proteções em todas as direções neste cômodo. Um feitiço, e todos os guardas estarão atrás de vocês”.

Ron parecia furioso. “Você está mentindo”.

“Ron!” Hermione se arremessou para ele, agarrando com força o braço dele que segurava a varinha e o empurrando para baixo. “Não!”.

“Eu não vou fazer,” ele disse calmamente, seus olhos ainda fixos em Rabicho. “Mas eu quero saber o que ele sabe. E se eu não posso fazer um feitiço, eu irei quebrar cada osso do corpo miserável dele”.

“Eu pareço saber de alguma coisa?” cuspiu Rabicho. “Eu pareço ainda ser o confidente mais confiável de meu Mestre? Ele disse que eu o traí - eu quase deixei seu Herdeiro morrer. Ele me mantém vivo mas ele me tirou - isto". E com uma respiração chorosa, ele levantou sua manga do lado direito, e estendeu seu braço.

Hermione engoliu sua náusea. A mão dele tinha sumido; o braço pálido, gorducho dele terminava na ponta escura de uma cicatriz recoberta por um tecido. Ela não tinha nenhuma simpatia por ele - se existia alguma pessoa no mundo que ela mais odiava sem dúvida era Rabicho - mas a visão disto ainda lhe causava náuseas.

“Você não sabe quais são os planos dele?” ela perguntou, os olhos dela se fixando na cara gorducha e medonha de Rabicho. Ele estava abundantemente suado, como ele usualmente costumava estar quando ele tinha medo, o suor parecendo vir de um lugar mais profundo do que dos poros dele, como se de fato ele suasse de medo. “O que ele quer com Harry?”.

Os olhos de Rabicho se arregalaram. “Ele pegou Harry?”.

Ron quase pareceu estar vibrando de raiva. “Não finja que você não sabe,” ele falhou entre os dentes. “É sua culpa - tudo isto é sua culpa”.

Em resposta, Rabicho, seu rosto listrado com suar e sujeira, olhou de volta para Ron, e cuspiu no chão perto do pé dele. “Continue e me torture se você quiser,” ele disse, sua voz ainda aguda. “Eu não posso escapar. Eu não posso parar você. Faça”.

Ron não se moveu, apenas ficou parado onde ele estava, ondas de raiva pulsando pelo seu corpo. Hermione colocou a mão dela no braço dele. “Ron, vamos,” ela murmurou. “Ele não vale isto. Nós temos que ir”.

Ron permitiu que ela o levasse para longe, ainda que ele olhasse de volta sobre o ombro dele para Rabicho enquanto eles iam embora. O coração dela sentiu dor por ele - ela sabia que ele sentia de alguma forma como se Rabicho tivesse sua responsabilidade, como se ele realmente soubesse sobre Scabbers e tivesse feito alguma coisa. E apenas não era da natureza de Ron torturar um homem que estava acorrentado e não podia escapar, não importando o quão tolo ou mau que este homem podia ser. Ele estava provavelmente se culpando a si mesmo por isto, também. Ela estava para dizer alguma coisa para ele, alguma coisa para acalmá-lo, quando Rabicho falou por trás deles.

“É a Esfera que você quer,” ele disse.

Hermione se virou, Ron perto dela. “O quê?”.

“A Esfera”. O queixo redondo de Rabicho estava afundado no seu pescoço gordo, seus olhos brillhando com o que podia ser malícia, ou podia ser medo. “Se você pegar a Esfera e abrí-la antes d’ele conseguir completar a barganha dele com os demônios - você talvez terá uma chance. Isto é a última coisa que ele quer”.

A mão de Ron estava apertando o pulso de Hermione. Ela se lembrou de Rowena com voz calma, contando para ela sobre a Esfera, seus poderes. “Onde está a Esfera?” ela disse, sua voz instável. “Onde ele a está guardando?”.

“Quando você esteve aqui pela primeira vez, você se lembra que ele levou você para um cômodo com um tapeçaria? É lá. Encontre-a, a abra - se você for capaz de saber como fazer isto - você talvez tenha uma chance”.

“E como nós sabemos que você não está mentindo?” ela perguntou.

Os olhos de Rabicho brilharam brevemente. “Você não saberá”.

“Bastardo,” Ron assobiou sob sua respiração, e Hermione começou a leva-lo em direção a porta de novo, suas costas espetando de náusea e medo. Quando a porta se fechou entre eles e Rabicho de novo, ela desenrolou a capa, e a jogou em cima de Ron. Então, ela alcançou seu pescoço, e tirou de lá o Lycanthe. Ela o colocou na palma da mão dela. “Ultima thule,” ela disse, e o Lycanthe balançou em volta apontando para o norte.

“O que você está fazendo?” Ron perguntou.

“O cômodo do qual ele falou estava na parte oeste do castelo. Eu lembro de ter visto o pôr-do-sol do lado de fora da janela enquanto eu estava olhando a tapeçaria”.

“Hermione,” protestou Ron, balançado a cabeça dele de forma que o cabelo vermelho dele caiu nos olhos dele. “Você não acredita nele, não é? Ele está provavelmente nos levando para uma armadilha. Se ele quer que a gente vá para o oeste, eu digo para nós irmos para o leste. Oeste é provavelmente algum cômodo cheio de guardas ou alguma coisa do tipo”.

“Nós temos a capa,” disse Hermione, um pouco fraca. “Não faria mal checar isto”.

Ron deu a ela um olhar penetrante, firme. Relutantemente, ela indicou com a cabeça, e recolocou o Lycanthe em volta do pescoço. “Certo. Nós iremos para o leste. Talvez eu começarei a ter algum sinal de Ginny nesta direção”.

Eles se embrulharam com a capa, em volta de si mesmos, e se dirigiram ao corredor mais ao leste possível. Ele se deformava severamente para a direita, depois para a esquerda, então para direita de novo, e da mesma forma que eles viraram a última esquina escura, eles correram diretamente e sem nenhum prólogo em direção a um grande grupo armado de guardas trajando vestes cinzas.

***

A abertura negra na parede se fechou atrás de Hermione e Ron, e Harry sentiu uma onda de medo varrer sobre ele. Isto tirou cada pedaço de auto-controle que ele não tinha tentado pará-los, e por isto sua preocupação estava aumentada pelo fato de vê-los partindo, pela visão de Hermione olhando para trás, sobre o ombro dela brevemente, os olhos dela preocupados e obscurecidos e fixos nele, quase o arruinando.

Ele se afastou, voltando para trás contra a parede, se inclinando duramente contra ela, e fechando seus olhos.

Quando ele os abriu de novo, a primeira coisa que viu foi Draco, olhando de volta para ele, os olhos cinzas dele muito bem abertos e quase transparentes na claridade da luz azul.

Draco, como um camaleão, freqüentemente tinha a habilidade de parecer em casa em quase qualquer ambiente. Agora, entretanto, ele parecia extraordinariamente desconfortável, como se ele desejasse muito estar em qualquer outro lugar e de fato estava imaginando que ele estava em algum outro lugar. Ele quase não parecia ver Harry, de nenhuma maneira, ou pelo menos os olhos dele não estavam focados propriamente em Harry até ele se mover, sua mão indo até sua garganta, tirando o Encantamento Epicyclical pela sua corrente, e o puxando sobre sua cabeça. Ele o levantou, o dependurando em frente dos olhos de Draco, e disse,

“O que diabos é isto, Malfoy?”.

Agora Draco reagiu. Ele sorriu, seus olhos no Encantamento. “Feliz Aniversário?” ele sugeriu gentilmente.

Harry pestanejou, surpreso. Ele se esqueceu que tinha sido seu aniversário há duas semanas. O fato de que Draco tinha de fato se lembrado disto era também perturbante, mas não do modo que ele queria cuidar no momento.

“Você não podia ter talvez me dado um relógio?” ele disse de modo irritante. “Ou você, quem sabe, talvez não tivesse cortado um grande buraco no meu braço? Em homenagem a ocasião”.

“Não é este o grande buraco no seu braço,” Draco apontou.

“O que foi isto? Isto foi um pedido de desculpas? Oh, espere, não, isto foi apenas você sendo insolente um pouco mais”.

“Da última vez que eu pedi desculpas para você, você disse para eu me mandar”.

Harry pestanejou. Ele não tinha lembrança de Draco pedindo desculpas a ele, de qualquer modo. Toda sua memória antes de Draco lhe dizendo sobre seus pais, até o ponto onde Fleur e Slytherin vieram até eles, era um borrão de ruídos agudos, de sangue respingado, e de um zunido vazio e claro na sua cabeça. “Você pediu desculpas?”.

“Abundantemente”. O lado da boca de Draco se contorceu. Harry olhava para ele com suspeita.

“Então faça de novo”.

“O quê? Pedir desculpas”.

“Sim”.

“Eu pedi desculpas para você uma vez. Você riu de volta na minha cara. O dia em que eu pedir desculpas para você de novo, Satã estará patinando no gelo para trabalhar”.

“Por quê? Seu pai não ensinou a você boas maneiras?”.

Draco hesitou imperceptivelmente, embora sua expressão não tenha se alterado. “Significaria alguma coisa para você mesmo se eu fizesse isto? Se eu pedisse desculpas de novo?”.

“Você acha que isto é fácil?” Harry sentiu sua raiva se ascender de novo. “Uma palavra, e tudo isto está resolvido?” Suas mãos estavam apertadas. “Bem, só para você saber, não é”.

“Eu sei”. Draco deu um profundo suspiro. “O que você quer fazer então? Me bater?”.

“Não, eu não quero”. Harry parou. “Isto não machucaria você suficientemente”.

“Você não quer?” Draco sorriu sem humor. “Eu duvido. Se eu fosse você, eu iria querer me bater. Algumas vezes, eu quero me bater”.

“De verdade?”.

“Sim”.

“Tudo bem, então,” disse Harry, e puxou para trás seu punho e o esmurrou fortemente no estômago.

-Alguns minutos mais tarde-

“Desculpe, Malfoy”.

“Urgh”.

“Eu realmente sinto muito. Eu não sabia que você estava machucado. Você devia ter me dito alguma coisa”.

“Urgh,” disse Draco de novo, e se sentou, cuidadosamente. No mesmo instante em que Harry tinha feito contato com ele, ele se tornou branco, se dobrou e caiu como uma rocha, com suas mãos enroladas em torno de seu estômago. Quando ele as tirou de lá, havia sangue nos dedos dele. Harry ficou completamente espantado. Ele não tinha acertado o outro garoto tão fortemente, não é? Ele caiu de joelhos próximo a Draco, que o tinha agarrado com força a frente de sua veste e lhe disse vários termos profanos exatamente expressando o quanto doeu receber um soco no estômago quando já se tinha uma ferida de espada lá, e como, se Draco pudesse de fato se colocar de pé, ele faria realmente Harry se sentir muito desgostoso. As visões de todas as lutas de soco que eles já tinha dito dançaram na cabeça de Harry. Ele nunca tinha de fato conseguido nocautear Draco antes com um soco. Ele não se sentia tão bem com isto no momento, de qualquer forma.

“Tanto para me acertar e não me acertou o suficiente,” disse Draco, quando ele conseguiu respirar novamene, e parou de blasfemar. “Em retrospecto, não é uma teoria exata”.

“Por que você não arrumou isto?” Harry perguntou, com distração amarrando o Encantamento Epicyclical de volta em torno de seu pescoço pois era muita preocupação para segurar em sua mão. “Por que andar por aí com um grande corte se você não precisa disto?”.

“Me mantém honesto”. Draco se sentou, tocou o seu rosto com os seus dedos cuidadosamente, hesitou, e balançou sua cabeça. “Meu pai usava dizer...”.

Ele parou, se inclinando para trás contra a parede como se ele estivesse muito cansado.

“O quê?” disse Harry, curioso.

“Nada”. Draco tocou de novo seu rosto, e recuou.

“Alguma coisa doe?”.

Ele fechou seus olhos. Deixe isto para lá, Potter.

Harry pulou. “O que você está fazendo, Malfoy?”.

Não conversando em voz alta. Não que isto provavelmente seja significativo, mas, eu tenho algumas coisas que preciso te contar.

Os olhos de Harry se lançaram em volta do quarto. Mas...ele não pode nos ouvir?

Não de acordo com Fleur.

Eu acho que eu perdi a parte onde acredito em alguma coisa que ela diz. Na realidade, eu talvez tenha perdido a parte onde eu acredito em alguma coisa do que você diz.

Draco abriu os olhos dele e olhou para Harry tenso. Eu teria dado a você o Encantamento, o meio para me matar, se eu não fosse digno de confiança?

Você sabe que eu não o usaria.

É óbvio que você usaria.

Harry não estava certo se ou não estava apavorado. Mesmo se eu quisesse você morto -- este seria um modo covarde de matar alguém.

Os olhos de Draco estavam fixos em Harry. Você faria isto se você fosse obrigado. O que aconteceria se eu ameaçasse Hermione? Você não acreditaria no que você é capaz de fazer, Potter, se você fosse pressionado. Você não é totalmente diferente de mim. Não realmente.

Deixe-me entender isto direito. Harry sentiu sua cabeça começar a doer. Você me deu o Encantamento para mostrar que eu podia confiar em você. Você tinha algum tipo de plano?

Eu tinha um plano. Mas houve uma pequena falha neste plano.

Qual foi?

Besteira.

Harry girou seus olhos. Você tem um plano melhor, agora?

Não. Eu não tenho nenhum plano. Eu estou simplesmente boiando. Mas há algo que você precisa saber.

É algo que irá realmente, realmente me preocupar?

Draco parou por um instante. Sim.

É absolutamente necessário que eu saiba disto?

Outra pausa. Sim.

Ótimo. O que é?

Sirius está aqui, no castelo.

O coração de Harry saltou e bateu dolorosamente contra o seu pomo de adão. O quê? Onde?

Na masmorra.

Slytherin o jogou na masmorra.

Não. Draco inclinou sua cabeça, e olhou para Harry diretamente nos olhos. Eu o joguei na masmorra.

Um longo momento de silêncio. Harry em silêncio contou até dez, o que não ajudou de tudo. Quando ele falou de novo, ele pôde escutar a frieza na sua própria voz. “Isto simplesmente nunca para com você, não é?”.

Os olhos de Draco se estreitaram. Ele começou a se colocar de pé, apoiando suas mãos contra a parede. Harry se levantou, de pé na medida que Draco se colocava de pé, não esperando o outro garoto se erguer sobre ele.

“E você me contou isto por quê?” disse Harry. “Você quer que eu te odeie?”.

“Eu te contei porque é a verdade e você devia saber,” disse Draco, com uma voz sem tom.

“Agora há uma nova atitude vinda de você,” resmungou Harry. “Eu achei que sua idéia de um caminho direito, justo para lidar com estes coisas era esperar até você precisar quebrar uma parede, e então olá, aí vem a verdade! Deixe-me ver como posso conseguir despedaçar Harry! Deixe-me falar para ele sobre seus pais mortos! Deixe-me jogar seu padrinho na prisão por brincadeira!”

Os olhos de Draco tinham se estreitado para uma fenda. “Parabéns,” ele disse. “Você tem verdadeiramente aperfeiçoado a fina arte de choramingar. Você acha mesmo que talvez nada disto tem a ver com você?”.

“É de Sirius que nós estamos falando! Jogá-lo na prisão, não é exatamente como prender qualquer um! Ele passou doze anos em uma prisão, você alguma vez--".

“Eu estava tentando salvar sua vida!” Draco gritou a plenos pulmões, tão furioso agora que até mesmo seu cabelo parecia estar arrepiado de raiva. “Ele teria morrido se eu não o tivesse jogado na prisão! E então você teria morrido, seu maldito, se eu não tivesse feito o que eu fiz por você!”.

“Sim, porque você teria me matado!” gritou Harry. “Há uma lógica circular para você! Você me salva de você! Parabéns! Dêem uma medalha para este garoto, ele é um herói. Você salvou Sirius do que?” Ele estava gritando tão alto agora, suas palavras estavam ricocheteando nas paredes da cela, se misturando com o eco da voz de Draco. “Você estava quase correndo para ele e você decidiu ao invés disto, nah, jogá-lo na prisão?”.

“Ele veio aqui disfarçado, seu estúpido trasgo,” Draco resmungou, seus olhos brilharam como cobre de raiva, como os de gato. “Ele se disfarçou de vampiro, mas todas as criaturas das trevas que vieram para o castelo tiveram que ser Testadas, e o Teste é fatal para humanos. Então eu o coloquei onde eles não seria capazes de pegá-lo, não agora, de qualquer modo. E ele está salvo lá. E eu terminei me explicando para você, Potter! Eu estou cheio e cansado de você não acreditar em mim! Se você acha que eu sou um maldito não confiável porque você não pega este Encantamento e pisa nele me mandando para o inferna! Eu não irei impedir você -- na realidade, eu o encorajarei a isto, porque eu prefiro morrer do que passar mais um segundo escutando você mugir, seu boca de farinha, cara de rato, quatro olhos bastardinho!”.

Draco produzia uma curta, arfada respiração como se ele tivesse corrido. Seus olhos estavam quase pretos de raiva, seu punho apertado do seu lado.

Harry olhou para ele surpreso. Geralmente Draco expressava sua ira através de uma expressão dura. Harry nunca o tinha visto tão visivelmente com raiva antes. Era um pouco do choque e, de alguma forma, do golpe de sua própria raiva. Harry sentiu sua própria raiva sendo drenada dele como se alguém tivesse puxado a tampa de uma pia cheia de água fervente e venenosa. Ele levantou sua cabeça e olhou para Draco com sinceridade.

“Você pode repetir isto?” ele disse.

Draco simplesmente pestanejou para ele, a raiva bloqueando a compreensão. Finalmente, ele rangeu os dentes, falando quase em um murmúrio, “O quê?”.

“Foi um belo e impressionante discurso,” disse Harry. “Eu meio que gostaria de escutá-lo de novo”.

As mãos de Draco devagar relaxaram do seu lado. Sua voz estava instável. “Qual...parte?”.

“Eu acho que estava particularmente tentado pela parte onde eu tenho cara de rato,” disse Harry, completamente sincero.

Draco balançou sua cabeça, devagar. “Você está falando como alguém louco, Potter”.

Me desculpe também.

O quê? Os olhos de Draco se arregalaram. A fraca luz azul encontrou as fagulhas cor de cobre vindas dos olhos dele. Pra quê?

Por um monte de coisas, mas principalmente porque eu nunca te disse que eu senti muito pela morte de seu pai.

O choque perpassou pelo rosto de Draco, seguido pela suspeita. Eu calculei que era porque você não estava sentindo muito. Você sabe, nenhuma grande perda na cadeia genética e tudo mais. Ele não era o mais legal dos caras. E ele estava planejando matar você. Você pode ser perdoado por não sentir...

Eu sou a última pessoa que quer ver qualquer um perdendo seus pais, Harry replicou.

Por um momento, este relato simplesmente travou lá, tão pesadamente que Harry podia quase imaginar suas palavras desenhadas no ar entre eles. Draco parecia como se estivesse engasgado com as palavras, o que Harry não teria imaginado ser possível antes disto. Finalmente, ele ajeitou seus ombros e olhou para Harry com sinceridade.

Sobre seus pais, Potter...sobre o que eu disse...

Esqueça isto.

Esquecer isto?

Agora era a vez de Harry dar um profundo suspiro. Eu suponho que você não possa, não é? Porque eu sei que nunca irei. Eu não irei perdoar você por isto.

Draco parecia, bem resumidamente, branco de choque. Seja o que for que ele tinha esperado Harry dizer, não era isto. O choque foi embora, e foi substituído por algo pior. A infelicidade em sua expressão era assustadora. Harry sentiu isto cortá-lo como se fosse nele próprio. Bem. Até mesmo a voz interna de Draco soou tensa e miserável. Eu suponho que seja seu direito.

Ele olhou para longe. Harry o observava, e se sentiu repentinamente - arrependido. Mais do que arrependido. Como se ele tivesse machucado Ron duramente, ou Hermione, ou alguém bastante próximo dele que a dor deles tivesse se tornado, de algum jeito, sua própria responsabilidade.
Malfoy. Espere.

Os olhos de Draco se arregalaram fracionariamente e ele parou. O quê?

Eu não devia ter dito isto. Eu posso perdoar você. Eu posso fazer.

Draco simplesmente olhou para ele.

Hermione. Eu estava falando para ela sobre isto hoje.

E daí? Ela me odeia agora, também?

Não. Ela não te odeia. Ela não vê você do modo que você se vê, Malfoy, ou até mesmo do modo como eu vejo você. Ela não me vê deste modo, tampouco. Ela vê o que nós podemos ser, o que nós podemos fazer, e isto é o que é real para ela. Aos olhos dela, nós somos melhores do que somos, mais corajosos do que nós somos, mais honestos do que nós somos. Ela acredita em você. E eu não vou negar que ela pode estar certa. Ela geralmente está. Então eu quero - eu pretendo, eu faço. Eu perdôo você.

Um pequeno sorriso voltou a pairar em volta dos cantos da boca de Draco. Em algum lugar na expressão dele, Harry encontrou uma memória de um pequeno menino na loja de vestes da Madam Malkin’s, pálido e pequeno e um tanto perdido em suas vestes pretas, que olhava para ele com olhos superiores e falava lentamente como Harry nunca tinha visto antes um garoto de onze anos falar. Era o primeiro estudante de Hogwarts que Harry tinha visto. E tinha sido o primeiro e quase a última vez que Draco tinha sorrido para ele.

Foi, e até mesmo a própria voz de Draco, Harry pensou, tinha um pouco de um falar lentamente ao falar isto, um porre de discurso, Potter.

Sim. Um pequeno sorriso tocou a ponta da boca de Harry. Eu tenho praticado. Ele olhou para baixo brevemente, viu o Encantamento Epicyclical cintilando em volta de sua garganta, e em um impulso, o segurou firmemente em sua mão, se sentindo um pouco tolo enquanto ele fazia isto. Então está tudo certo com a gente, então.

Eu não sei. Draco olhou para a mão dele com as sobrancelhas levantadas. Você ainda pensa que eu te apunhalei pelas costas?

Talvez, respondeu Harry. Mas eu decidi que, diante de tudo que nós passamos, você merece um voto de confiança. No entanto, da próxima vez. Da próxima vez, eu arrancarei sua cabeça.

Draco ficou de pé ali por outro longo momento, olhando para mão estendida de Harry, seus olhos cinzas ilegíveis. Harry estava se lembrando de Draco com onze anos, estendendo sua mão na cabine do trem para Harry pegá-la. E Harry não a pegou. Agora ele estendia a sua própria mão, e esperava que Draco estendesse a dele, pensando se seria apenas justiça poética se ele se recusasse a isto.

Finalmente um sorriso irrompeu no rosto de Draco, um dos seus raros, infreqüentes, mas reais sorrisos que era como música ou nascer do sol e lembrava a Harry que era provavelmente por isto que Hermione gostava tanto dele.

Draco estendeu a mão, e pegou a mão de Harry: sua mão esquerda, e a mão direita de Harry. As cicatrizes nas palmas das mãos deles se tocaram de leve, e Harry sentiu uma faísca de gelo atravessar sua mão.

Eu realmente senti muito pelo seu pai. Isto não foi justo.

Os olhos de Draco se desfocaram um pouco, quase como se ele estivesse olhando para alguma coisa para além de Harry. Isto é verdade, ele disse, mas pense o quanto pior seria se a vida fosse justa, e todas as coisas terríveis que aconteceram para nós acontecessem porque nós de fato as merecemos. Para mim, há um grande conforto nesta completa hostilidade impessoal do universo.

Uau. Esta é de verdade uma visão de mundo deprimente, Malfoy.

Obrigado. Então você confia em mim?

Eu confio em você.

***

Você acha que nós iremos morrer?” disse Ron, soando curioso.

Hermione tirou o rosto dele de trás de suas mãos e olhou para ele vagarosamente. Com ela, ele estava sentado no chão, as costas dele para a parede. Isto era provavelmente porque a cela que eles estavam trancados não tinha cadeiras, nem mesmo um banco para se sentar. Era um cômodo de pedra, sem janelas sem nem mesmo uma palha no chão. As paredes eram úmidas e frias ao toque. Ela começou a desejar que ela tivesse o jeans dela de volta, desde que a bainha e as mangas da veste azul dela tinham se arrastado na poeira e na umidade, e um guarda tinha rasgado um buraco irregular na sua manga quando ele a jogou na cela. Com Ron tinha acontecido uma coisa um pouco pior: um dos guardas bateu nele quando ele resistiu que lhe tirassem a Capa de Invisibilidade, e ele adquiriu uma escoriação dramática e velozmente roxa em uma das bochechas.

“Eu não sei,” ela disse suavemente, e olhou para baixo. Um golpe de sorte era que nenhum dos guardas tinha lhe tirado o Lycanthe, provavelmente supondo que isto era algum tipo de jóia. Entretando, ela não tentou nenhum feitiço dentro da cela que parecia ser feita para empedir isto de qualquer forma. Isto deve, ela julgou, ser completamente e perfeitamente bem guardado. “Eu imagino que eles vão informar ao Slytherin que nos encontraram, e ele provavelmente...virá até nós”.

Ron estava olhando para longe agora. “Nós perdemos a capa de Harry,” ele disse, depois de um momento.

“Eu sei”.
“Pertencia ao pai dele”.

“Eu sei disto. Não precisa enfatizar isto, Ron”.

“Ele vai-“.

“Ficar em pânico quando souber onde nós estamos, não preocupado com a estúpida capa dele. Oh, Deus,” disse Hermione, com algum tipo de desespero. Ela não podia tolerar pensar o quão preocupado Harry ficaria. Ela não podia tirar da cabeça a visão do rosto dele quando ela e Ron o deixaram na cela - branco de preocupação, tentando sorrir, não porque ele queria, mas por ela. Ela se afastou de Ron, e, miseravelmente, começou cutucar um tijolo solto na parede com a ponta do Lycanthe.

Ron ficou em silêncio por um instante. Então, ela sentiu, mais do que ouviu, ele se colocar de pé e vir se sentar ao lado dela. Do canto do olho dela, ela podia ver um pouco do cabelo vermelho, os joelhos dos jeans dele desgastados, uma mão sardenta descansando no joelho dele. “Você não está tentando construir um túnel para fora daqui, para a nossa liberdade, está?” ele disse, depois de um instante.

“Não. Eu não estou”.

“Bom. Porque eu acho que você está simplesmente construindo um túnel para a cela ao lado, de qualquer forma”.

Hermione parou de cutucar a parede, e se virou, descansando suas costas contra as pedras. Ao olhar para o rosto de Ron, ela demonstrou um pouco de piedade. “Nós já estivemos em situações onde pensamos que íamos morrer, não estivemos?” ela disse gentilmente. “E todos nós estamos bem”.

“Sim”. A voz de Ron estava distante. “Mas nós estávamos geralmente com Harry”. Ele ficou quieto por um instante, fitando o espaço. “Hermione?”.

“Uh-huh?”.

“Se nós vamos morrer de qualquer forma...”.

“Não seja derrotista,” ela reprovou, cutucando a parede com o Lycanthe de novo.

“Bem, você tem que admitir que isto parece ruim para nós”.

“Eu não tenho que admitir nada”.

“Sim, você nunca admite”.

“Eu não vou brigar com você neste momento”.

“Olhe, eu estou simplesmente dizendo que se nós vamos morrer de qualquer jeito...”.
“Não diga isto!”.

“Eu sempre achei que faria sexo antes de morrer,” ele acrescentou com ponderação.

Hermione deixou cair o Lycanthe. “Ron! Muita comunicação!” Ela abaixou sua mão para pegar o Lycanthe, e acidentalmente comprimiu uma das pontas do lado do X contra o seu polegar. “Ouch!”.

“Está tudo bem com você?”.

“Eu estou ótima”. Ela colocou o corte na lateral do seu polegar na boca e chupou melancolicamente por um instante.

“Bom”.

“Não graças a você,” ela acrescentou, de maneira um pouco infantil.

Ron ignorou isto. “Sendo que talvez, como nós estamos, obviamente, indo para a morte, então há uma coisa que eu tenho que contar para você”.

Ela olhou para a expressão repentinamente séria dele com um atordoamento espantado. “Do que você está falando?”. Alguma coisa ocorreu a ela então, e ela chegou mais perto dele, olhando ansiosamente para dentro do rosto dele. “Ron, Está tudo bem com você? É tudo - você não está doente, ou morrendo, ou--".

Ele a cortou com um tipo de risada curta e melancólica. “Não. Não é isto”. Ele esticou sua mão então e pegou segurando as mãos dela, fechando os dedos dele um pouco sem jeito em torno dos dela. Ela olhava para ele com absoluto atordoamento, surpreendida pelo quão pálido e determinado ele parecia, pelo olhar perturbado e obscurecido dos olhos azuis. “Eu espero que isto não faça você me odiar,” ele começou, sua voz muito baixa e urgente, “porque eu não sei o que eu farei se você me odiar, mas eu tenho que contar isto para você-“.

“Psst!”.

A cabeça de Hermione se moveu com rapidez procurando em volta. “Você ouviu isto?”.

Ron parecia insurreto. “Eu não ouvi nada”.

O barulho veio de novo. “Psst! Hermione! Ron!”.

Hermione tirou sua mão com força da de Ron e se girou em volta, escutando a fonte do barulho.
“Quem está aí?” ela murmurou, seus olhos arregalados.

Ron estava abrindo os olhos agora também. “Isto soa como Sirius,” ele murmurou.

“Sou eu,” veio a voz de novo, e desta vez Hermione foi capaz de estimar a localização do barulho que estava se originando - da parede. “Eu acho que vocês conseguiram desprender um dos tijolos ao cutucá-lo, então eu o puxei da parede. Vocês podem me ver?”.

Ron do lado dela, Hermione olhou para a parede até ela encontrar a abertura misteriosa que Sirius tinha feito. Então ela se arrastou em direção a ela, se curvando para baixo, para ver, e encontrou os olhos negros e brilhantes de Sirius olhando de volta do outro lado.

“Sirius!” ela arfou, ambos loucamente aliviados e horrorizados de vê-lo ao mesmo tempo. “O que você está fazendo aqui embaixo?”.

“Na prática,” ele disse, e havia uma nota de quase divertimento em sua voz, “eu estou trancafiado. De que modo eu cheguei até aqui, é uma história um pouco longa e eu não estou certo se vocês acreditariam em mim se eu lhes contasse. A questão atual é, vocês estão todos bem? Vocês estão feridos de alguma maneira?”.

“Eu estou bem,” ela disse, com um bloco gigantesco se formando em sua garganta. “Eu estou bem, não estou ferida--".

“E Ron?”.

Hermione se curvou para trás enquanto Ron tomava o lugar dela na parede. Ele parecia tão aliviado e chocado quanto ela se sentia. “Sirius!” ele exclamou. “Eu estou bem, também, mas e quanto a você? Quanto tempo tem que você está aqui embaixo?”.

“Algumas horas,” disse Sirius brevemente, com um tom de eu-não-quero-falar-sobre-isto em sua voz. “Eu estava escutando vocês dois falarem por um momento até perceber que eram vocês. A nenhum de você vai morrer. Tudo bem?”.

“Tudo bem,” disse Ron, conseguindo dar um meio sorriso.

“E não se preocupem com a capa de Harry. Nós a pegaremos de volta”.

Ron acenou com a cabeça. “Okay”.

“Oh, e Ron?”.

“Sim?”.

“Não se preocupe com este assunto de não ter feito sexo,” disse Sirius de modo magnânimo. “Você tem apenas dezessete. Boas coisas vêm para aqueles que esperam”.

***

Eles se sentaram, um encarando o outro por cima da pequena mesa redonda: Ginny de um lado, Benjamin Gryffindor do outro. Ele tinha se vestido e estava olhando para ela, como ele não parava de fazer desde que ela chegou, como se ele tivesse visto um fantasma. A espada de Gryffindor ainda estava encostada contra a mesa; toda vez que ela a via, ela se lembrava de Harry, e o restante deles, no futuro onde ela os tinha deixado. Estava tão quieto aqui e tão tranqüilo, com todas as bonitas tendas multicoloridas entre a grama verde e a vista do castelo para além da cerca viva de arbustos, parecendo tão bonito e inocente quanto uma gravura de um livro de história.

“Então, deixa ver se eu entendi,” disse Bem, ainda olhando para ela, de olhos abertos. Ainda era um pouco estranho ver olhos negros no rosto que parecia com o de Harry. “Você quer tomar emprestado um exército?”.

Ginny suspirou, e colocou os dedos dela todos juntos embaixo do queixo dela. “Olhe,” ela começou, tentando encontrar as palavras para explicar. “Nós não temos recursos para encarar Slytherin no futuro. Nós não temos exércitos como vocês tem, e o Ministério ainda não acredita que ele retornou, principalmente porque eles não querem acreditar”.

Bem olhou para ela com um olhar examinador. “O Ministério? É como o Conselho dos Bruxos?”.

“Provavelmente. Espere, deixe-me ver se eu consigo lembrar da História. O Conselho foi abolido em 1612 porque--".

“Não. Não me conte muito sobre o futuro. Eu não quero saber”. Ele suspirou, e balançou sua cabeça negativamente. “Eu tenho que dizer que realmente nunca pensei que te veria de novo. Eu realmente lembro de você, mesmo tendo apenas doze anos naquela época”.

“Bem, eu lembro de você,” sorriu Ginny, “mas é porque para mim, isto foi ontem”.

Bem acenou com a cabeça. “Rowena disse que ela deu a você as informações que você iria precisar para derrotá-lo no seu próprio tempo”.

Ginny balançou sua cabeça negativamente. “Não foi o suficiente. Eu não sei se ela entendeu que no futuro, a comunidade mágica simplesmente não estaria preparada para lidar com um perigo como este. Ele tem todas as criaturas das Trevas do lado dele - os lobisomens e os trolls e os dementadores - têm exatamente muitos deles”.

Ele levantou suas sobrancelhas. “Como você sabe tanta coisa sobre os meios de defesa de Slytherin e as forças que ele comanda?”.

“Através dos meus amigos. É complicado...mas...” Ginny parou. “Ben, onde estão os Herdeiros?” ela perguntou bruscamente.

Ben parecia surpreso, embaraçado. “Quem?”.

“Os outros Herdeiros. Além de você”.

“Bem”. Ben os enumerou com os seus dedos. “A filha de Rowena tem onze; ela apenas começou em Hogwarts. O resto das crias de Helga estão em direção à Irlanda neste momento. E eu estou aqui, tomando conta de tudo. Apenas alguns meses do ano, mas alguém tem que...”.
“E o Herdeiro de Slytherin?”.

“Gareth?” Os olhos de Ben se moveram rapidamente para longe dos dela. “Ele não fica muito por perto”.

“Você o conhece? Vocês são inimigos?” Ginny perguntou, repentinamente fascinada, visto que ela tinha a possibilidade de ver um estranho eco do complicado e muitas vezes confuso relacionamento entre Harry e Draco.

“Por quê? Isto é algo que acontece com o Herdeiro de Slytherin no seu próprio tempo?” Ben de forma bem ordenada se virou na mesa para ela, colocando seu queixo nas mãos dele. “Como ele é?”.

“Draco? Ele é...complicado,” disse Ginny. “Ele não é uma pessoa simples de entender. Ele não é muito fácil de fazer amizades, ainda que seja leal, e nunca minta, até mesmo quando ele quer esconder as coisas. Ah, meu Deus. É difícil de explicar. E ele trata as garotas de maneira aterrorizante,” ela acrescentou como uma idéia tardia perpassada pelo seu rosto.

Ben levantou suas sobrancelhas negras. “Ele te tratou de maneira aterrorizante?”.

“Não ainda,” disse Ginny. “Mas eu estou trabalhando nisto”.

Ben fez um barulho que soava muito com um riso que ele estava tentando encobrir. Neste momento, a aba da tenda se abriu e um elfo doméstico entrou com frutas e pão e queijos em uma bandeja. Repentinamente se sentindo esfomeada, Ginny correu em direção à comida. Quando ela levantou os olhos de novo, Ben ainda a estava observando, uma linha fraca de preocupação entre suas sobrancelhas. “Eu não entendo este negócio de querer um exército,” ele disse. “Eu quero dizer, sim, os soldados que lutaram na Guerra ainda estão por aqui, e nós poderíamos formar um exército agora se fosse preciso, mas o que de útil isto seria para você? Nós estamos aqui, no nosso próprio tempo”.

“Eu achei que poderia levá-los,” disse Ginny, fixando os olhos dela nos de Ben. “Esta Chave de Helga, este Vira-Tempo, é muito poderosa. Se eu pudesse tomar emprestado o seu exército, eu estou bem certa de que poderia levar todos eles para o meu próprio tempo. Eu não posso explicar como eu sei que poderia fazer isto, mas eu poderia”.

Mas Ben estava balançando sua cabeça negativamente, e Ginny viu, com uma sensação de naufrágio, que ele não parecia fascinado pela sugestão dela, mas apavorado.

“Ginny, não--".

“Eu sei que cheguei aqui oitos anos depois do que eu tinha a intenção, mas eu acho que sei o que fiz de errado, eu posso consertar isto, fazer isto funcionar desta vez-“.

“Não é isto!” Ben saltou, e colocou as mãos dele sobre a mesa, se inclinando para frente. “É com a natureza do tempo que eu estou preocupado,” ele disse, não olhando para ela. “Ginny, se você levar as pessoas para o futuro, você os estará tirando do próprio tempo deles. O que acontece se eles morrerem lá? E o que acontece às pessoas que supostamente nasceriam destas que podem morrer lá? Elas nunca viriam a nascer? Helga costumava a falar sobre o paradoxo do tempo. Isto é exatamente o que você está tentando produzir. O resultado talvez seja um futuro alternativo, um aonde você, ou seus amigos, nunca viessem a nascer”.

Ben balançou sua cabeça negativamente, seus olhos escuros cheios de pesar e tristeza. “Me desculpe,” ele disse. “Eu não posso ajudar você”.

***

Eles estavam sentados ombro a ombro no chão da cela de adamantio, como Harry tinha se sentado mais cedo com Hermione e Ron. E para a surpresa de Harry, era igualmente reconfortante, de uma forma estranha, ter Draco ali. Ele nunca teria pensado que a proximidade de Draco Malfoy pudesse ser uma fonte de consolo. Como as coisas mudaram.

“Uma moeda pelos seus pensamentos, Potter,” disse Draco, que tinha seus joelhos puxados até o seu queixo, seus braços em torno deles.

“Eu estava me perguntando se você ainda tem daqueles súbitos impulsos para me matar,” disse Harry. “Não, você sabe, que eu fosse julgar você se você os tivesse”. Ele forçou um sorriso. “Mas eu talvez mande você buscar para mim um colete a prova de balas de um material não inflável, apenas por segurança”.

Uma linha de confusão apareceu entre os olhos de Draco. “Um o quê?”.

“Nada. Piada ruim. Mas eu estava falando sério sobre a coisa de me matar”.

Draco balançou sua cabeça negativamente. “Não”.

“Não? Isto simplesmente foi embora?”.

“Uh-huh”. Draco deu de ombros, parecendo pouco disposto a elucidar. “Desde que nós lutamos contra a manticore. Eu não sei porque. É apenas uma outra longa lista de coisas que não fazem nenhum sentido”.

Houve uma pausa introspectiva durante a qual os dois garotos pareciam perdidos em seus pensamentos. Finalmente, Harry suspirou. “Você sabe, eu estou ficando um pouco cansado disto tudo aqui, ficar parado aqui, esperando pelo mal que inevitavelmente virá e nos matará. Não que eu já tenha morrido, mas isto é uma questão de tempo. Eu quero fazer alguma coisa”.

“Vamos, Potter. Cadê o seu senso de mistério e de aventura? Eu quero dizer, eu já morri. Não foi tão ruim”.

Harry preguiçosamente observou Draco enquanto ele fez voar a espada em sua mão, a luz refletindo na superfície entalada dela. “Você está tentando me encorajar?”.

“De modo algum. Eu não sonharia com isto”.
“Bom. Pois realmente me deprime quando você faz isto”.

“Neste caso, deixe-me pontuar que Slytherin provavelmente tem alguma coisa realmente horrível planejada para você. Eu quero dizer, ele disse que usaria de todos os meios necessários para exterminar a linhagem de Gryffindor. Usando uma linguagem mais dura e imagens perturbadoras, eu acho que isto indica que ele intenciona passar por cima de você”.

Harry se sentou repentinamente reto como uma flecha. “Que se exploda todo este negócio de ficar sentado calmamente e esperar. Vamos fazer alguma coisa. Vamos praticar”.

“Praticar o quê? Sacrifício humano?”.

Harry se colocou de pé, foi até onde a lâmina de Godric estava colocada, apoiada contra a mesa. Ele a levantou em sua mão, assustado como sempre com o quão bem o punho de metal suave da espada parecia se adequar a forma de sua mão. “Isto,” ele disse.

Draco se colocou de pé, seus olhos inquisidores. “Você quer lutar?”.

“Eu quero praticar. Eu estive acorrentado por dois dias. Eu preciso de exercício”.

Draco se ajeitou vagarosamente. “Tudo bem”.

Draco levantou sua espada, e caminhou até o centro do quarto. Ele se virou e encarou Harry, e o saudou. Harry retornou o gesto de maneira tão idêntica que ficou parecendo até uma zombaria, e levantou sua espada. Então, cortando o ar com a espada, ele demonstrou a Draco uma fita muito profissional, seguida por um golpe que ultrapassou a guarda dele e que teria cortado em fatias o braço de draco se ele tivesse se desviado para longe. Ele escutou o tecido de sua camisa se separar sob a lâmina com um sussurro, ainda que a espada não tivesse cortado sua pele. Ele olhou para cima, para Harry surpreso.

E Harry deu um sorriso. Eu melhorei. Não é?

Ele tinha melhorado. Isto, é claro, deveria ter sido impossível. Draco podia apenas supor que isto era resultado do fortalecimento da conexão metal deles. Ele quase tinha se esquecido do prazer de praticar esgrima com alguém que fosse um adversário a altura dele. As espadas bateram uma contra a outra com a leve e regular rapidez das teclas do piano golpeadas em casa -- e os ouvidos de Draco produziram elas próprias uma música muito agradável. Era interessante, ele pensou, que ainda que Harry tivesse absorvido o conhecimento dele de esgrima diretamente de Draco, ele tinha apesar disto desenvolvido seu próprio estilo. Ele lutava como jogava Quadribol, instintivamente e sem nenhum medo. Que era uma boa qualidade quando isto se tratava de Quadribol; mas não quando se tratava de esgrima, onde um entendimento da potencial morte de um dos combatentes era essencial. Ele também lutava de modo muito direto, franco, com movimento muito à frente. Draco lutava com uma cautelosa traição, tendo sido educado nos truques de traição pelo seu pai, ainda que ele não os estivesse utilizando aqui. Não contra Harry.

Ele colocou sua espada do seu lado, e então, da mesma forma que Harry se moveu para bloquear e responder, ele olhou sobre o ombro de Harry e viu que Salazar Slytherin estava parado de pé na entrada da cela, os observando.

Ele parou imóvel. Ele ficou vagamente consciente de um flash de prata no canto de seu olho, e então a voz de Harry explodiu dentro do seu cérebro.

Pelo amor de Deus, Malfoy, Eu quase matei você! Por que diabos você não me bloqueou—

Olhe atrás de você.

Harry se virou lentamente. E congelou. E deu um passo para trás. Eles estavam ombro a ombro agora, encarando Slytherin. Ele que estava parado com seus longos braços cruzados, um dedo branco me frente de seu queixo, seus olhos negros e ilegíveis.

Finalmente, Draco encontrou sua voz, ou pelo menos uma voz. Ela soou um pouco mais estridente do que ele gostaria. “Você me seguiu,” ele disse a Slytherin.

“Eu não te segui,” disse o Lorde das Cobras, descruzando seus braços e encostando contra a parede. “Eu vim aqui por causa do Herdeiro de Gryffindor. Eu não esperava ver você”. Ele olhou de Harry para Draco e de volta novamente. “Eu devo dizer que de modo algum estou certo do que pensar,” Slytherin continuou, e sua voz estava baixa. “Aqui está o meu Herdeiro, tentando, aparentemente, matar o Herdeiro de Gryffindor. O que é um comportamento admirável de sua parte, e deveria ser aplaudido. E mesmo assim. E mesmo assim, eu tenho que me perguntar. Por que ele simplesmente não liquidou nosso inimigo enquanto ele estava amarrado à parede? Por que o libertou e não apenas o libertou, mas o armou com uma espada? Isto não faz nenhum sentido”.

Draco não disse nada. Ele estava em pé com sua mão apertada no punho da espada. Ele não se moveu, pois ele não podia.

Foi Harry quem falou, Harry quem olhou para Slytherin com os dois olhos verdes queimando como carvão, e falou com uma voz que era mortífera. “Eu contei para ele que a única razão pela qual você foi capaz de matar Godric é que você fez um complô contra ele às escondidas e o apunhalou pelas costas. É o que está nos livros de história. Você é famoso, ok, mas um famoso covarde. E eu perguntei a ele se ele queria seguir a linha de Slytherin e ser conhecido como um covarde para sempre”.

Os olhos de Slytherin se moveram rapidamente para longe de Harry. Draco tinha a impressão de que ele odiava Harry tanto que isto de fato feria Slytherin só olhar para ele. Em vez disto, ele olhou para Draco.

“Então ele importunou você,” ele disse. “E você o libertou”.

Draco limpou sua garganta. “Eu queria uma luta justa”.

“Uma luta justa. Não existe tal coisa”. Slytherin balançou sua cabeça negativamente. Mas seus olhos estavam divertidos. “Muito bem então. Cabeças mais iguais do que a de vocês tem se permitido serem influenciadas por tal zombaria. Eu suponho que para que falem bem de você, você deseja defender a honra de nossa Casa. Então. Continue”.

Draco ficou boquiaberto para ele. “O quê?”.

“Você me ouviu,” disse Slytherin. “Continue”. Ele se inclinou para trás contra a parede. “É especialmente divertido”.

Draco encarou.

“Faça como eu digo,” o Lorde das Cobras disse.

Draco olhou para Harry que levantou sua espada, e deu de ombros. Ele parecia pálido, mas não com medo ou consternação. Seu rosto estava fixo e um pouco distante. Então ele iria procurar o fantasma de seu pai, quando ele se encontrasse na outra vida. Harry encontrou os olhos de Draco firmemente. Por quanto tempo nós podemos protelar isto?

Automaticamente, Draco levantou seu braço, e o saudou. Harry retornou o gesto. Protelar? Você quer dizer até que os outros cheguem aqui?

Harry simulou um ataque em direção a ele. Isto é o que eu quero dizer.

Isto exigiu de Draco um momento para reagir, e o bloquear. As espadas se tocaram uma contra a outro, se golpeando ao ponto de produzir fagulhas. Eu não acredito que nós estamos fazendo isto. Então ele parou, enquanto a espada de Harry o atacava de novo, desta vez incidindo sobre ele. Draco o bloqueou, sem muito entusiasmo.

Os olhos de Harry encontraram os de Draco por cima do metal brilhante. O que você pretende com isto, Malfoy.

Certo.

A lâmina de Harry cortou para baixo, e Draco saltou para longe dela, se contraindo enquanto ele se abaixava como tinha sido ensinado pelo seu pai, e empurrando sua própria lâmina por baixo da guarda de Harry. A ponta dela cortou ligeiramente o material da camisa de Harry, antes de se mover rapidamente para longe.

Harry pestanejou. Talvez não seja muito isto que você pretende.

Draco olhou de relance para ele rapidamente. Eu machuquei você?

Não importa. Um movimento mínimo da cabeça de Harry. Me corte se você tiver que me cortar.

Do canto do seu olho, Draco podia ver Slytherin, os observando. Ele estava sorrindo.

Bem, disse Draco, se você vê as coisas deste jeito -- e com um riso forçado ele levantou sua espada, duramente, com toda a força do seu braço a colocando para trás. E Harry levantou a sua própria espada em resposta. No meio do ar, elas se encontram. Ligadas pelo esperado som de lâminas se tocando, o barulho de trituração de metal se quebrando que se seguiu ao encontro das espadas, deixou Draco completamente surpreso. Ele tropeçou para frente, transpôs a guarda, como se sua própria Lâmina Viva (lapso, parecendo a sinceridade de suas intenções) cortou caminho através da espada de Gryffindor como se ela fosse feita de vidro. Sua lâmina se partiu no meio, Harry xingou, se assustou, e levantou sua mão livre para pegar Draco e mantê-lo firme.

Juntos, ele se colocaram de pé na medida em que olhavam para baixo, quietos, para a espada arruinada. A lâmina tinha se quebrado em três partes que estavam agora perto do pé de Harry. Estava destruída.

“Bem,” disse Slytherin, quebrando o silêncio impressionante com um assobio muito pouco disfarçado de deleite, “Quem imaginaria que a lâmina de Godric seria feita de um material tão barato, fajuto? Eu falei para ele que aqueles ciganos funileiros baratos não eram bons, mas ele gostava de me escutar? E agora olhe”. Sua voz tinha alcançado um patamar de divertimento que irritava os nervos de Draco como agulha serrando as cordas de um violino. “Mate-o, Draco,” o Lorde das Cobras acrescentou, abanando um braço imperioso.

Draco olhou para Harry. Harry olhou de volta. O cabelo dele estava colado na sua testa suada que manifestava uma interrogação obscura. Ele não parecia o mínimo possível preocupado. De fato, ele parecia como se estivesse tentando não rir. Maldita seja esta mão de obra barata dos ciganos.

Draco sentiu suas mãos tremerem. A adrenalina ainda ondeando através dele em estouros explosivos. Oh, cale a boca, Potter.

Se ao menos esta coisa viesse com um certificado de garantia.

Eu QUERO DIZER, cale a boca.

“Ele está desarmado,” disse Draco, levantando sua voz tão alto de forma que Slytherin pudesse ouví-lo.

“Sim, e isto não faz com que seja muito cedo para matá-lo, não é?” Slytherin pontuou. “Considere isto um atalho”.

“É desonroso,” disse Draco de maneira sucinta. “Este era o propósito principal disto tudo”.

“Ele lutou com você. A arma dele era inferior. Foi uma luta justa. A luta acabou. Mate-o”.

Draco balançou sua cabeça negativamente. “Dê a ele uma outra espada”.

“Não existe uma outra espada que possa se opor a uma lâmina viva,” falou entre os dentes Slytherin, soando impaciente.

“Então nós podemos duelar de uma outra forma. Me dê uma outra espada. Qualquer uma que você tenha para fazer desta uma luta justa”.

“Nós podemos brigar,” disse Harry, parecendo inocente.

Draco lutou contra o desejo de chutá-lo no tornozelo. “Eu não fui educado para tirar vantagem de um oponente desarmado--".

“Você foi treinado para fazer conforme deva ser feito!” gritou Slytherin, perdendo a sua paciência finalmente. “Você espera que eu acredite que seu pai te ensinou a mostrar piedade para com os seus inimigos? A família Malfoy não sobrevive a mil anos com esta filosofia!”.

O rosto de Draco se deformou em um resmungo. “Eu não farei isto,” ele disse, usando alguns insultos, os olhos teimosos. “Eu não sou um covarde. Talvez você tenha matado Godric armando contra ele. Mas eu não sou como você”.

“Você,” disse Slytherin, seus olhos em Draco, cheios de luz e raiva. “Você é exatamente como eu, e sua obrigação é para comigo, e para com uma linhagem que fez o que você é”.

“Quem você é para pensar que sabe o que eu sou?” disse Draco, com uma voz tão aguda quanto cristal, e tão transparente. Havia desprezo nela, e raiva, e medo, e um pouco de um deleite de revolta selvagem.

“Você me desafia?”. Os olhos de Slytherin passaram por cima de Draco como uma faca. “Isto seria impossível,” ele disse, claramente e um pouco febril. “Os encantamentos em você são o que eles são, perfeitos. Eu posso apenas concluir que é você quem é defeituoso”.

Eu venho te dizendo isto há anos. Era a voz de Harry em cabeça dele, divertida e descolada e gentil, e não importava o que ele tinha dito, apenas que ele tinha dito alguma coisa. O som da voz dele era como sanidade, uma âncora para a realidade. Draco olhou para ele e viu que Harry tinha largado sua espada quebrada e estava olhando para ele, seus olhos verdes escuros brilhantes, e sobre o ombro de Harry ele podia ver Slytherin observando ambos.

“Você não sabe o que eu sou,” Draco disse de novo, sua voz suave com ameaça. “Eu mesmo não sei o que eu sou. Mas eu sei o que eu não sou. Eu não sou seu Herdeiro”. O Lorde das Cobras, o rosto dele branco como osso embranquecido, deu um passo em direção a ele, e outro. Draco levantou a espada, apontando a ponta da lâmina em direção a Slytherin, seu pé balançando ligeiramente, como seu pai o tinha ensinado. “Eu não sou seu general. Eu não sou nenhuma propriedade sua,” ele disse, e sentiu alguma coisa dentro dele se tornar mais leve, mais claro, um peso sendo tirado finalmente de suas costas.

Ele estava um pouco consciente de que Harry o observava, estava até mesmo quase consciente do que ele estava dizendo, sabia que ele não podia matar Slytherin, nem mesmo com sua espada enfeitiçada, mas neste momento ele se sentiu perfeitamente feliz em morrer tentando. Ele segurou a espada com força enquanto Slytherin dava outro passo em direção a ele, e outro e então finalmente, com um passo para o lado, Draco percebeu em uma brecha e ofuscante e horrível segundo que Slytherin não estava andando em direção a ele no final das contas.
E congelou, quando ele percebeu -- mas neste momento já era tarde demais. Tendo dado alguns passos para frente, Slytherin agarrou Harry firmemente pela parte de trás de sua camisa e o empurrou para frente tão duramente quanto ele pode para cima da lâmina estendida da espada de Draco.

E Draco soube que era, repentino e terrível e inesquecível, matar outro ser humano com a Lâmina Viva.

A lâmina atravessou rapidamente o corpo de Harry como se perpassasse através de algo sem mais substância do que papel. Draco viu os olhos de Harry saltarem arregalados e olharam imediatamente para si próprio antes de cambalear para trás, puxando com fora a lâmina, demais tarde. Ela deslizou em silêncio para fora do corpo de Harry, vermelha no punho.

Draco ficou onde ele estava, segurando a espada, tão atemorizado para se mover. E em frente a ele, parado, estava Slytherin, suas mãos pálidas ligeiramente manchadas com sangue, segurando Harry próximo como se ele quase não pudesse tolerar se separar do que ele tinha feito.

***

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