Atentado




A reunião àquele dia parecia que iria durar uma eternidade. McGonagall não parava de repetir todo o plano para a segurança de Harry e seus tios, além dos pais de Hermione. Ao que parecia estes últimos estavam sendo visados por Voldemort por serem, além de trouxas, pais da melhor amiga de Harry Potter. Até agora, porém, a Ordem havia conseguido impedir que os Comensais fizessem algo a eles. Também, sempre tinha alguém da Ordem para evitar que isso acontecesse. O mesmo acontecia com os parentes de Harry, os Dursley.

A melhor coisa que poderia acontecer a Annabelle aqueles dias foi o convite de Molly para ajuda-la, juntamente a Tonks, com os preparativos para o casamento, que logo se realizaria. Claro que ela aceitou na hora, visto que já estava saturada de ficar de tocaia na casa dos Granger as tardes. Tonks também se animara com a idéia e, como já estava de férias, decidiu se dedicar a isso, sempre lançando indiretas a Lupin, fazendo-o corar constantemente. Any só não estava preparada para o que a esperava na Toca.

A casa estava entulhada de caixas por todos os lados. Até parecia que os Weasley iriam era se mudar. A mobília toda estava coberta por plásticos, para não pegarem poeira, principalmente as de tecido. Enquanto andava para a cozinha, onde Molly e Tonks a aguardavam, ela sentiu um cheiro estranho no ar e quando se aproximou da parede constatou que se tratava de tinta. “É, eles estão caprichando”, pensou. Quando, por fim, chegou a cozinha encontrou esta uma verdadeira zona. A mesa, de tanta coisa nela, parecia a torre de Babel. A pia estava atulhada de louças e panelas. O chão, ao que parecia, precisava ser varrido. Realmente eles estavam precisando de ajuda.

- Ah! Querida! Que bom que chegou! – A Sra. Weasley a recebeu com um sorriso – Será que poderia ajudar a Tonks, enquanto eu termino aqui?

- Claro! – e se virando para a auror – E aí, Tonks! Vamos?

- Oi! Claro! Claro! – ambas saíram da cozinha.

Tonks a levou para uma antiga garagem. Lá havia muitas caixas de diferentes cores, tamanhos, e formatos. Annabelle, então, pegou uma pequena e esverdeada, abrindo-a por completo. Seu queixo caiu. Dentro dela havia inúmeras tomadas, de diferentes cores e tamanhos. Só, então, Tonks lhe falou que era o Sr. Weasley quem as colecionava. “Interessante”, pensou Any ao ver que até tinha uns pisca-piscas entre as tomadas. Nesse momento a Sra. Weasley apareceu e, vendo a situação das duas, comandou.

- Vamos! Meninas! – quando ambas a olharam, ela indicou – São aquelas caixas pardas, as que têm as cadeiras e mesas. Vamos1 Depressa! – e saiu dali rapidamente. As duas, resignadas, foram para as caixas.

Após o início atrapalhado, Any e Tonks passaram o resto do dia entre arrumar as cadeiras e mesas, e cortar a grama sem deixar nenhuma irregularidade. “Não queremos que ninguém tropece e se machuque”, falara a Sra. Weasley. Depois disso feito elas entraram na Toca para ajudar a matriarca dos Weasley com a bagunça que era a cozinha. Enquanto Tonks ajudava a guardar a louça, Any lançava feitiços no teto para remover qualquer vestígio de poeira, ou possíveis teias de aranha. Ao fim da tarde a Sra. Weasley as liberou, e Any decidiu passar o resto daquele dia em casa. Despediu-se das duas e aparatou em casa.

Ao se aproximar da casa estranhou as luzes apagadas. Instintivamente pegou a varinha do cós da jeans e entrou, cautelosamente. Tudo estava na mais absoluta escuridão, exceto os poucos lugares onde a luz da lua conseguia penetrar pelas janelas de vidro. O coração a mil, ela entrou na cozinha, olhando todos os lugares possíveis, e impossíveis. Subiu, então, para o primeiro andar. A cada porta que ela abria seu coração dava um leve solavanco, e seu estômago despencava. Era a primeira vez que se sentia assim vulnerável, no seu próprio território. Ela estava abrindo a porta que dava acesso ao quarto dos pais quando algo pulou em sua direção. Sem pensar ela lançou o primeiro feitiço que lhe veio a mente, ao mesmo tempo em que se abaixava para sair do caminho de colisão.

Após breves momentos tentando regular a respiração, e os batimentos cardíacos, ela dirigiu um olhar ao amontoado que tentara lhe atacar. Agora completamente imóvel devido ao feitiço “Petrificus Totalus”, no chão. Lançou o “Lumus” sob ele e, conforme se acalmava, começava a se sentir ridícula. Uma risada nervosa escapou-lhe dos lábios. No chão, paralisado feito uma estátua, estava o gato Artêmes, ganho pela mãe durante o último natal. Ela, rapidamente, desfez o feitiço, afagando as orelhas do gato, em um pedido de desculpas.

- Você me assustou, sabia? – o gato miou resignado como quem diz “foi você que me assustou”, fazendo-a rir – Vem! Vamos ver o que tem na cozinha! – e com um gesto de varinha ela fez as luzes se acenderem carregando o gato consigo.

Quando chegou a cozinha ela soltou o gato e começou a vasculhar a despensa. Quando encontrou o que procurava pegou e colocou para o gato, que começou a devorar a ração sem pressa. Dirigiu-se ao armário e pegou talheres e um prato. Sorriu ao ver o gato tão distraído com a ração. Abriu a geladeira e pegou presunto, patê, alface, tomate, maionese e pão, além do suco de morangos. Fez um sanduíche e, só quando voltou a fechar a geladeira, reparou no bilhete que estava ali.

Filha,

Fomos jantar na casa da Marta. Não nos espere.

Mamãe


Era curta e direta, como se tivesse sido escrita as pressas. Recolocou o bilhete na geladeira, sentou-se e começou a comer. Dez minutos depois subiu para o quarto assistir um pouco de TV, antes de tomar um longo e demorado banho. Afinal de contas não é todo dia que se passa por palhaça, levando um susto como aquele, por causa de um gato. Depois de ligar a TV e jogar o controle na cama, ela abriu o armário para escolher uma roupa. Havia se decidido ir para a Ordem. Não ia ficar em casa sozinha e sem nada para fazer.

Uma hora depois ela aparatou no Largo. Concentrou-se e segundos depois a Sede da Ordem apareceu. Ela não perdeu tempo e entrou. Encontrou esta até, para o que estava acostumada a ver, bem calma. O quadro da Sra. Black estava coberto, como sempre, para evitar gritarias. Passou pelo hall e foi a cozinha, onde geralmente as pessoas se amontoavam. Dessa vez, porém, só encontrou o quarteto mais Moody. Pareciam preocupados.

- Aconteceu alguma coisa? – Any perguntou franzindo o cenho, a guisa de cumprimento. Moody olhou-a e respondeu.

- Shacklebolt foi atacado em casa. Foi levado para o St. Mungus. Estamos esperando por notícias! – ele disse sem tirar os olhos de Harry.

- Mas... Como? – foi tudo o que Any conseguiu perguntar, antes de sentar-se atônita.

- Ainda não sabemos! A sorte é que Arthur chegou a casa dele a tempo. – ele continuou mirando Harry com o olho mágico.

Só, então, Any o olhou melhor. Harry estava pálido e estático, com o olhar perdido, como se não visse nada a sua frente. Gina a seu lado não largava sua mão, e com a outra esfregava suas costas, como se com isso ele fosse despertar. Rony e Hermione não paravam de lançarem olhares preocupados ao amigo. Moody também parecia preocupado, mas também espantado. Mas o que diabos estaria acontecendo, afinal? Pois que soubesse não era algo anormal alguém da Ordem ser atacado.

Any virou para Moody a fim de perguntar o que, afinal, havia de errado com Harry, mas a uma negativa dele ela suspirou resignada. Ela, então, levantou-se e começou a preparar chá pra eles. Se ficasse parada, com certeza, teria um treco de tão nervosa. Hermione se levantou e a ajudou. Durante esse processo nada foi dito. E, enquanto eles, dez minutos depois, estavam tomando o chá, o Sr. e a Sra. Weasley, Tonks e Lupin apareceram na cozinha.

Todos eles exibiam expressões cansadas e, talvez por isso, não notaram a presença de Any ao lado de Rony. Tonks não tirava a cabeça do ombro de Lupin. Sua expressão era de pura tristeza. Nem abriu os olhos quando Hermione lhe entregou uma xícara de chá.

- Como ele está Arthur? – perguntou Moody, olhando o amigo esfregar as têmporas.

- Eles lançaram algumas “cruciatus” e feitiços de corte. Ele vai ficar internado durante os próximos dias. Demos sorte!

- Sorte! – exclamou exasperada a Sra. Weasley – Se não fosse pelo Harry a essas horas o Quim estaria morto!

- Molly se acalme! – pediu o marido, apertando os ombros da esposa em consolo – Ele vai ficar bem, ok? – ela concordou.

Any não havia entendido a missa metade. O que Harry tinha a ver com isso? Pois pelo que lhe constava era que ele não devia sair da Sede, mesmo sendo maior de idade. Fato que era apoiado por todos os membros da Ordem, mesmo sob os resmungos furiosos do rapaz. A Sra. Weasley, após tomar o chá, pareceu tomar consciência da presença da jovem à mesa. Rapidamente ela atingiu um tom branco, como se fosse desmaiar a qualquer momento. Any rapidamente identificou os sintomas de “eu falei o que não devia”.

- Alguém pode me dizer o que é que está acontecendo aqui? O que o Harry tem a ver com isso Molly? – Any olhou para todos os presentes a espera da resposta.

- Harry sonhou com o que estava acontecendo com Shacklebolt! –Moody respondeu curta e diretamente.

Any arregalou os olhos e olhou para Harry, a fim de que este se explicasse. Este, porém, baixou ainda mais a cabeça, mechendo os cabelos compulsivamente. Ao que parecia ele havia ficado desconfortável com a conversa. Na verdade, não somente ele, mas também Rony, Hermione e Gina, a qual parou de esfregar as costas do rapaz para mirar Any com extremo desagrado. Any suspirou pesadamente. Pelo visto não ia conseguir arrancar nenhuma informação dele. Pelo menos não naquela noite, com os ânimos exaltados.

Depois do que pareceu horas, Harry, Rony, Hermione e Gina, foram “convidados” por Molly a irem dormir. Eles, claro, começaram a objetar, mas a um olhar faiscante dela, para eles, se calaram e saíram. Any sabia, porém, que eles não sossegariam até descobrirem o que seria conversado ali, embora tivessem uma vaga idéia. Lupin lançou, então, um feitiço de imperturbabilidade na porta da cozinha, para evitar que o quarteto os ouvisse.

- Então! Vão me contar, ou não? – perguntou Any, mandando a educação às favas.

Any não poderia dizer que esperava pelo que veio. Não mesmo. Primeiro sentiu-se com raiva por não terem lhe contado. Pombas! Ela também era da Ordem, no fim das contas. Por que eles não lhe falaram sobre essa ligação com Voldemort? Será que eles a consideravam ainda jovem demais? Porque, francamente, isso fora o cúmulo. E McGonagall que permitira isso? Será que não dera provas suficientes de que era digna de confiança, Pensava Any deitada na sua cama, após uma exaustiva, e longa, conversa com o pessoal, sobre o que, realmente, havia acontecido àquela noite.

- É Artêmes! Estava com tanta raiva que saí de lá batendo a porta! E nem perguntei do Quim! Que droga! – deu uma batida na cama, assustando o gato que a observava. – Desculpe! Melhor eu dormir, que tenho que acordar cedo! – ela arrumou a coberta sobre si e, em pouco tempo, adormeceu.

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A casa dos Granger se localizava em uma rua bem calma onde, ao fim desta, havia um parquinho para as crianças. Àquela hora da manhã, oito para ser mais exata, havia algumas crianças brincando, aproveitando as férias. A atenção e Any, porém, não estava no parque, mas em um casal que saía de carro para o trabalho. Agilmente, Any aparatou para o consultório deles. Teve que esperar cerca de quinze minutos até que eles aparecessem. Ela viu o carro estacionar, eles descerem conversando e entrarem na clínica. Ela suspirou de alívio. Até ali tudo estava indo bem. Any sabia que haviam posto feitiços anti-aparatação. Assim os Granger sempre estariam protegidos tanto na clínica como em casa. Ninguém os atacaria sem antes passar por um membro da Ordem.

A manhã prometia ser bastante tediosa. Any, então, conjurou um banquinho e um refresco, afinal estavam no verão e ela, além e ter que ficar de tocaia, ainda tinha que usar a capa da invisibilidade de Moody. Era a única foram de passar despercebida, infelizmente, nesse calor de verão. Quanto mais o tempo passava, mais difícil ficava ficar embaixo daquela capa. Quando uma movimentação suspeita chamou-lhe a atenção para o lado da esquina.

Estavam se aproximando três pessoas vestindo roupas, no mínimo, esquisitas para a ocasião. Uma calça de moletom, óculos de sol, blusa de golfe, além da bota de cano longo. Assim um deles estava vestido. O da esquerda usava uma bermuda marrom, cheia de bolsos, meias listradas até os joelhos, tênis e uma blusa manga três quartos. O da direita usava uma espécie de saiote, tipo Kilt, óculos de sol e blusa sem mangas, além de um boné extravagante. Eles andavam como que estivessem à procura de algo, ou alguém. Any não teve dúvidas era a ela que eles procuravam.

Sem pensar duas vezes, aproximou-se deles, cautelosamente, por trás, a fim de ataca-los desprevenidos. Com a capa ela tinha uma vantagem. Ela podia vê-los, mas eles não podiam vê-la. E, assim, quando estavam próximos da clínica, any não esperou. Estuporou o da esquerda que segurava a varinha em suas costas. Eles demoraram um pouco para se darem conta do ataque. E, novamente, se aproveitando da vantagem, estuporou o que outrora se encontrava na direita. O terceiro, sem chance de revidar o ar, desaparatou.

Any se aproximou dos dois bruxos estuporados e os amarrou. Depois lançou no ar seu patrono e ficou aguardando. Em menos de cinco minutos dois pops foram ouvidos, e Moody e Tonks apareceram. Quando eles viram os bruxos caídos se aproximaram. Tonks exibia um polegar erguido em congratulações, enquanto Moody não parava de olhar os dois, completamente amarrados e, amordaçados.

- O que aconteceu aqui, Any? – perguntou Moody, já pegando as varinhas dos dois das mãos de Any.

- Eles apareceram e estavam se dirigindo para a clínica dos Granger. Como eles não podem aparatar lá, eles se vestiram, ou melhor, tentaram, se vestir como os trouxas. Então eu me aproximei e os estuporei! – ela falou como se não fosse nada de mais. E, ao ver o olhar descente dele – Eu estava em vantagem. Usei sua capa. Foi moleza!

- Bem! É melhor levarmos eles para a Sede, para serem interrogados! – Moody falou fazendo-os levitarem ao seu lado.

- Só uma coisa, Moody! – a um balançar de cabeça dele, ela continuou – Quem são esses dois?

- Hum! Esse – ele apontou para o que usava a blusa de golfe – é Mcnair. Ele trabalha no Ministério, na sessão de controle e regulamentação de criaturas mágicas. Eu me lembro que ele foi a Hogwarts, uns anos atrás, executar o Bicuço. E esse outro – ele apontou para o que usava o saiote – é Dolohove (se estiver errado me corrijam ta?). Potter falou que ele estava no cemitério, quando Voldemort recuperou o corpo. Agora vamos, não temos tempo a perder.

Moody, então, segurou um dos comensais, enquanto mandou Any segurar o outro. Tonks ficou para proteger os Granger. A última coisa que Any viu, antes de desaparatar, foi Tonks sumir sob a capa da invisibilidade de Moody. Quando abriu os olhos viu a rua deserta e Moody se adiantando para a Sede. Esta, rapidamente, se materializou à frente deles, que entraram o mais rápido que podiam. O quadro da Sra. Black começou a insulta-los, por sob o pano que a cobria, por causa do barulho que a perna de pau de Moody produzia. Eles, claro, a ignoraram.

- Vamos leva-los para o sótão! – falou Moody, seguindo escada acima.

Com o barulho da Sra. Black os ocupantes da Sede começaram a aparecer. A Sra. Weasley levou as mãos a boca, para esconder o grito. Hagrid arregalou os olhos diante da cena. O quarteto ficou estático de surpresa. Lupin, recuperando-se da última lua cheia, olhava tudo com o cenho franzido. Moody, porém, os ignorou e continuou o caminho às escadas, com Any em seus calcanhares. Esta última dando de ombros para os olhares dos demais.

No próximo capítulo:

Após sair da sala, Harry se escorou a parede. Não tinha vontade de conversar ou treinar. Ele, porém, sabia que era inevitável. Quando voltasse para a sala teriam que combinar o que seria discutido no dia seguinte. Sem alternativa caminhou pelo corredor, em direção a escada, lentamente. Ao passar por uma porta entreaberta viu quem queria, Gina. Ela estava sentada de frente para a janela, em uma confortável poltrona. Seus cabelos presos, em um coque mal-feito, deixavam vários fios soltos, brincando ao vento. Ela estava com seus pés apoiados no parapeito da janela. Sorrindo, e sabendo a reação que ela teria, Harry se aproximou lenta e silenciosamente dela. Com um movimento calculado ele puxou a cadeira. Gina deu um berro de susto. As mãos, outrora em um livro, agora estavam firmemente seguras nos braços da cadeira. Aos poucos ela abriu os olhos, deparando-se com um par de íris verdes a encara-la divertidos.

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