Pop
Três dias. Três dias eram o que faltavam para finalmente fazer o tão esperado teste. E cinco para o casamento de Gui e Fleur. É incrível que quanto mais eu quero que o tempo passe, e eu possa cumprir minha missão, mais ele demora. Não que eu esteja ansioso para meter, mais uma vez, meus amigos em apuros, mas é o meu destino. E quanto mais rápido eu o cumprir mais rápido poderei viver minha vida ao lado de Gina, e daqueles que eu amo.
Harry pára de repente suas divagações ao sentir que era observado. Vira-se lentamente e encontra o companheiro de quarto, Rony Weasley, a olha-lo inquisidoramente. Dá de ombros e volta a olhar pela janela as estrelas. Mais brilhantes do que se lembrava de já tê-las visto. Podia até ver nelas Sírius, com seu sorriso maroto, e Dumbledore, com seus olhos percrustadores. Suspirou apoiando a cabeção com as mãos. O cotovelo na escrivaninha.
- Harry, você está bem?
Ele ouviu a voz do amigo preocupada. Sentia-se mal ao ver o quanto Rony, e os outros, se preocupavam com ele, enquanto ele só conseguia pensar numa coisa, Voldemort. Olhou mais uma vez as estrelas, se apoiou na escrivaninha e se levantou. O dever de transfiguração a muito esquecido. Arrumou o material, ainda em silêncio, e se virou para Rony, cuja cara de preocupação o fez se sentir mil vezes pior.
- Estou bem, sim, Rony! Volte a dormir! – falou, dirigindo-se ao armário a fim de pegar o pijama e ir dormir.
- Estava pensando... nele? – Rony perguntou hesitante.
Harry fechou o armário já com o pijama em mãos. Virou-se na direção de Rony e foi para a sua cama, ao lado da do amigo. O olhar nunca encontrando os do amigo. Se trocou lentamente, como se pensasse em algo para dizer. Quando, por fim, fechou o último botão do pijama, voltou seus olhos esmeraldas na direção dos azuis de Rony.
- De um certo modo... sim!
- Merda Harry! Eu e Hermione já lhe dissemos mil vezes. Sozinho você não vai!
- Mas Rony... escuta, eu...
- Não, Harry! Escuta você! E é bom que leve a sério! Eu entendo que você quer nos proteger. De verdade, eu entendo. Mas eu e Hermione somos bem grandinhos para sabermos o que é melhor pra gente. – ele pára para tomar ar – e eu sei que foi por isso que você terminou com Gina.
Harry arregalou os olhos. Isso ele não esperava.
- E eu não sei o que sentir com isso. Quer dizer, por um lado eu estou feliz porque a Gina não irá entrar de cabeça nisso tudo, mas por outro não gosto de vê-los assim, tão tristes. Afinal ela é minha irmã, minha única irmã, e você é meu melhor amigo.
Harry estava simplesmente sem saber o que dizer diante do que Rony acabara dizendo. Embora soubesse que ele tinha razão. Era incrível como as vezes Rony conseguia demonstrar uma maturidade que, para quem não o conseguia, diria que ele a tem. Por isso Harry ficou completamente sem palavras.
- Rony, eu... – Harry tentou falar, mas novamente foi interrompido.
- Tudo bem, Harry. Só promete que não vai mais pensar nisso porque, cara, isso já foi decidido! – Rony disse sorrindo.
- Ok! Rony! – e após isso, ambos caíram na risada – Boa noite, Rony!
- Boa noite, Harry! – e ambos caíram no sono.
22 de agosto
O dia seguinte amanheceu nublado e frio. Indícios de que chovera à noite. A janela, aberta, deixava o frio da manhã entrar no quarto, bem como a claridade, sem serem convidados. Isso, porém, não impedia que quem ali estava continuasse a dormir a sono solto, tendo sonhos agradáveis e sossegados. Algo raro nos últimos tempos devido a tudo que acontecera no fim do ano letivo.
Harry começou a acordar, incomodado com o vento frio que batia em seu rosto. O mais estranho, porém, era que continuava a sentir mãos delicadas lhe acariciando o cabelo. Ele ficou lá, deitado com os olhos fechados, apenas sentindo aquele toque tão delicado. Até que sentiu dedos deslizarem pela sua testa alisando a cicatriz em forma de raio. Seus lábios, involuntariamente, se curvaram num sorriso. Ele, então, abriu os olhos encontrando outros castanhos o fitando com carinho.
- Bom dia! – Gina falou sorrindo para ele.
- Bom dia! – ele falou ainda com resquícios de sono – O que você ta fazendo aqui, Gi?
- Vim te chamar pro café da manhã! – ela olhou para a outra cama – Pelo visto Rony já entrou no banheiro – e voltando sua atenção a Harry – E... Acho bom vocês não demorarem. Mamãe não está com um humor muito bom, hoje! – ela disse.
- Por que não? – ele ficou sério de repente, sentando-se num átimo – Aconteceu alguma coisa, Gi? – ele perguntou apressado.
- Calma, Harry! – Gina disse sorrindo diante da apreensão dele – Não é nada grave! Somente que a Fleur quase teve um treco só porque mamãe disse que os vestidos das damas de companhia iriam ser azuis-bebês. Você tinha que ter visto a cara que ele fez. Foi cômica!
- É, eu imagino! – Harry respondeu de bom humor.
Após essa breve conversa um silêncio constrangedor se abateu entre os dois. De repente Harry achou a colcha da cama muito atraente. Ele não sabia como sair disso. Por um lado ele queria agarrar a ruiva a sua frente e dizer o quanto a amava. Mas seu lado racional, todavia, sempre o lembrava dos perigos que ela correria caso eles reatassem. Ele observou Gina com o canto do olho e ele percebeu que ela parecia estar travando uma luta consigo mesma. Quando Harry fez menção de falar, Gina o interrompeu.
- É melhor eu ir, ou mamãe vai ter um ataque! – e, se levantando – Não demore! – Harry apenas confirmou com a cabeça, incapaz de falar.
Ele ficou lá deitado na cama vendo a ruiva ir-se embora do quarto. Foi como se ele estivesse vendo a cena em câmera lenta. Quando ela se levantou e sua saia, meio amassada, deu uma perigosa balançada. Seus cabelos se agitando com os movimentos que ela fazia. Seu perfume de flores invadindo suas narinas, trazido pelo vento que entrava pela janela. O sorriso que ela lhe dirigiu ao alcançar a porta e por fim fechá-la.
Harry suspirou não sabendo mais quanto tempo mais iria conseguir manter a razão. Aquela ruivinha o estava deixando maluco. O monstro do seu peito rugiu querendo o que ele não podia, ter a ruiva em seus braços. Ele deixou a cabeça despencar no travesseiro, olhando o teto. Até quando iria agüentar? Ele não sabia. Tudo o que sabia era que não podia pô-la em perigo, ou nunca se perdoaria.
- Quem era que estava aqui? – Rony perguntou, fazendo Harry ter um leve sobressalto.
- A Gina! – Harry falou, sem tirar o olhar do teto, completando – Ela disse que sua mãe não está de bom humor e que é pra gente descer rápido, pra tomar o café da manhã.
O resto do dia foi tranqüilo, na medida do possível. Uma vez que Hermione já tinha a licença para aparatar ela os ajudou a treinarem para os testes. Claro que eles não gostaram nem um pouco da idéia, mas pelo menos estavam se divertindo. Parecia até que quem havia tido a idéia não fora Hermione, mas Lupin, para mantê-los ocupados enquanto a maioria dos ocupantes da Sede se ocupavam nos preparativos do casamento, que logo se realizaria.
23 de agosto.
Eu nem posso acreditar que amanhã, finalmente, terei minha licença para aparatar, pensou Harry, ao acordar aquele dia. Olhou para o lado só para constatar que o amigo ainda dormia. Sorriu. Rony devia estar tão cansado quanto ele, devido os puxados treinos de Hermione. Era incrível como ela não se cansava, sempre os explicando como deveriam agir. Hermione é sem dúvida uma grande amiga, pensou, preparando-se para se levantar.
Ele foi até o banheiro e se olhou no espelho. Seus cabelos estavam tão bagunçados que parecia que ele havia enfrentado um furacão. Ele, então, começou a penteá-lo, só para constatar de que não funcionava. Suspirou derrotado largando o pente na pia. Escovou os dentes e lavou o rosto. Saiu e trocou o pijama por uma roupa leve; uma blusa branca com o desenho de um hipogrifo, uma bermuda jeans, e uns chinelos. Passou um pouco de desodorante e perfume, e saiu do quarto.
Enquanto descia as escadas não conseguia pensar no que faria quando a licença estivesse em suas mãos. Por causa da distração ele quase cai escada abaixo, fato evitado com a ajuda de alguém que o segurou por trás. Tudo o que ele, porém, conseguia fazer era ficar olhando assustado para a escada. Ficou parado por um tempo, assimilando o que quase ocorrera, virando-se para o seu salvador.
- Você está bem, Harry? – a voz soou bastante preocupada.
- Si... sim! – Harry falou ainda com o coração a mil – Obrigado, Lupin.
- Não há de quê! Mas tome cuidado da próxima vez!
- Não haverá próxima vez. Prometo.
- No que estava pensando pra te deixar tão distraído a ponto de quase cair escada abaixo? – Lupin perguntou maliciosamente, fazendo Harry corar.
- Não é nada disso! Só.. hum... pensando no teste de amanhã! – Harry respondeu já reiniciando a descida.
- Não se preocupa. Pelo que Hermione me contou você e Rony estão indo muito bem!
- Tomara, Lupin, tomara! – foi tudo que Harry conseguiu dizer.
Quando chegaram a cozinha encontraram apenas Hermione e Gina tomando o café da manhã. Ao que parecia somente Lupin ficara com eles novamente. De certo para garantirem que eu não fuja, pensou Harry entrando na cozinha. A meninas, ao os verem, desejaram bom dia, e ambos se sentaram. Em menos de cinco minutos, Rony apareceu com a cara amassada, soltando um longo bocejo. Ele se sentou ao lado de Lupin, servindo-se de panquecas, cortesia de Hermione.
24 de agosto, dia do teste.
A Ordem àquele dia amanheceu calma e tranqüila, até o momento que Rony e Harry saíram do quarto. Tudo o que eles conseguiam fazer era correr de um lado para o outro, tentando fazer mil coisas ao mesmo tempo. Por exemplo, comer e se vestir, escovar os dentes e pentear os cabelos, e assim por diante. Hermione e Gina também não ficavam atrás. Elas os acompanhariam e, enquanto eles iriam fazer os testes, elas iriam se divertir na loja dos gêmeos. Isso seria para compensar as semanas trancadas na Sede.
O beco diagonal estava simplesmente vazio. Parecia que todas as pessoas decidiram-se se manterem trancadas em casa, achando que era o lugar mais seguro. As poucas pessoas que andavam no beco o faziam apressadas comprando o material para a escola, visto que faltavam apenas oito dias para 1º de setembro. Outra coisa que eles notaram foram umas pessoas circulando o lugar como quem o vigiassem. Eles usavam túnicas brancas e capas, também brancas, com uma estrela dourada. Nela era possível ver um A maiúsculo, inscrito na estrela, em azul. Decerto o A deve ser de Auror, pensou Harry.
Depois, então, de despedir-se de Hermione, Gina, a Sra. Weasley e Lupin, Harry, Rony, o Sr. Weasley, Tonks e Gui seguiram para o Ministério da Magia, para que Harry e Rony pudessem fazer os testes, este pela segunda vez. Caminharam até o mundo trouxa, pegaram o Daybus e foram para lá. Quando chegaram a cabine telefônica o Sr. Weasley discou o número e uma voz soou dentro dela. Após informarem a quê haviam ido, o elevador começou a descer.
Após passar pela recepção eles entraram no elevador. A cada andar que desciam, mais ansiosos os garotos se sentiam. Quando chegou ao andar onde o Sr. Weasley trabalhava, ele se separou do grupo. O mesmo fez Tonks ao chegar a sessão de Aurores. Por fim só ficaram no elevador Gui, Rony e Harry, sendo que o primeiro os acompanhariam até a sessão dos testes. Lá encontraram alguns colegas de Hogwarts. Entre eles Neville, que também havia ido tentar o teste pela segunda vez. Tinha alguns sonserinos que quando os viram os olharam com superioridade. Claro que eles não se incomodaram com isso, e foram dar seus nomes a mulher do balcão.
Enquanto esperavam Gui começou uma acalorada discussão sobre Quadribol, com a recepcionista. Ao que parecia eles se conheciam já a algum tempo. O que levou Harry a supor que eles estudaram juntos. Neville se juntou a Harry e Rony e começou a contar sobre as férias e que estava ansioso para regressar a Hogwarts. De acordo com ele em casa a situação era horrível, uma vez que a avó não o perdia de vista. E isso chegava a ser constrangedor as vezes.
Quando a vez de Harry chegou, ele olhou nervoso Rony, o qual lhe desejou boa sorte, seguido de Gui, que lhe apertara o ombro. Ele, então, entrou na sala, indicada pela recepcionista.
A sala era média, tinha uma mesa e uma cadeira a um canto, uma parede coberta por livros e pergaminhos, e mais duas cadeiras acolchoadas. O inspetor que o avaliaria já o aguardava em pé. Ele tinha, aproximadamente, um e sessenta de altura, era careca, mas pelas sobrancelhas Harry supôs que tivesse sido loiro. Era gorducho e parecia um pouco cansado. Seus olhos azuis transmitiam paciência. Usava uma veste marrom com um cinto preto. O casaco, também preto, estava sob a mesa. Ele se aproximou de Harry com um sorriso e a mão estendida.
- Prazer Sr. Potter! Eu sou Anthony Stanford. Eu serei seu avaliador!
- Prazer, Sr. Stanford! – Harry, então, olhou para os lados incerto do que deveria fazer.
- Bem! Primeiramente, quero que você preste bastante atenção onde pretende aparatar. Não queremos acidentes. Depois você deve pegar um pergaminho com um auror que o estará esperando. Quando o fizer retorne. Bem, é isso. Alguma pergunta? – Harry negou com a cabeça – Excelente! Aqui está! – e entregou a Harry um pergaminho – Bem, pode começar!
Harry olhou o pergaminho. Nele tinha o lugar, descrito com detalhes, onde deveria ir. Guardou o pergaminho e, se concentrando nos três D’s, desaparatou. Ao abrir os olhos ele se viu em frente a Dedosdemel. Olhou para os lados a procura do auror que deveria encontrar. Ele usava uma roupa com o símbolo do Ministério da Magia. Aproximou-se. O homem o olhou já segurando um pergaminho.
- Vejo que conseguiu, Sr. Potter! – quando Harry parou a sua frente – Acho que tem algo para mim! – Harry, então, entregou o pergaminho do Sr. Stanford – Obrigado! E aqui está a sua licença! Parabéns Sr. Potter, agora pode aparatar quando quiser. – Harry abriu um largo sorriso – Agora pode voltar.
Harry, então, desaparatou de Hogsmead para o Ministério da Magia. Ao abrir os olhos estava de frente ao Sr. Stanford. Este lhe sorria. Ele passou-lhe o pergaminho, que era a licença. O Sr. Stanford, então, se dirigiu a escrivaninha e abriu-o. Com um toque de varinha ele se duplicou. Ele assinou ambos e entregou o original a Harry, liberando-o logo em seguida.
Quando Rony foi liberado, eles foram para juntos das garotas na loja dos gêmeos, “As Gemialidades Weasley”. Elas ficaram superfelizes por eles terem passado, e decidiram permanecerem no Beco pelo resto do dia. A Sra. Weasley mandou, então, uma coruja avisando o marido. Assim quando o Sr. Weasley e Tonks saíram do Ministério se encontraram com os demais, e juntos voltaram para a Sede da Ordem.
No próximo capítulo:
Tonks a levou para uma antiga garagem. Lá havia muitas caixas de diferentes cores, tamanhos, e formatos. Annabelle, então, pegou uma pequena e esverdeada, abrindo-a por completo. Seu queixo caiu. Dentro dela havia inúmeras tomadas, de diferentes cores e tamanhos. Só, então, Tonks lhe falou que era o Sr. Weasley quem as colecionava. “Interessante”, pensou Any ao ver que até tinha uns pisca-piscas entre as tomadas. Nesse momento a Sra. Weasley apareceu e, vendo a situação das duas, comandou.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!