Dor
Da última vez em que estivera no Largo Any tivera a ligeira impressão de que tinha visto Gina ter um acesso de ciúmes. Embora a própria tivesse dito que ela e Harry haviam terminado, e não estavam mais namorando. Porém, as atitudes dela diziam exatamente o contrário, e que ela ainda o amava. Respirando fundo Any dirigiu-se a janela. Pensar no que tinha que fazer tirava-lhe toda a sua paciência e, principalmente, concentração. Aquela noite, porém, isso seria essencial se quisesse que o plano desse certo. E, terminando de se arrumar saiu, ao encontro de Moody e Shacklebolt.
O lugar onde tinham marcado o encontro era próximo de um cemitério( i eu não acredito que aceitei vir com eles /i ), de modo a não serem vistos pelos trouxas. As luzes do lugar pareciam queimadas, mas todas, no entanto, tinham sido apagadas por Moody, tornando o ambiente ainda mais sombrio( i não estou gostando nada disso /i ). A cada passo que eles davam, olhavam para todos os lados. Tudo que havia de iluminação provinha ou da lua, que dominava o céu, ou das varinhas, prontas para um possível ataque. Caminharam em silêncio até os portões do cemitério e, encostado à parede displicentemente, estava o contato que esperavam.
- Demoraram! – ele disse enquanto acendia um charuto. Any estranhou, pois nunca o havia visto fumando.
- Segurança! - rosnou Moody.
- Então! Trouxe? – perguntou Shacklebolt, antecipando uma discussão.
- Aqui! – o homem tirou um embrulho do casaco que usava, entregando-o a Moody – E o meu dinheiro? – ele perguntou enquanto dispensava o charuto, apagando-o com a ponta do sapato. Moody, assim como Any, parecia estranhar o comportamento dele, tão apressado.
- Aqui! – disse Shacklebolt. Moody, porém, segurou seu braço, e olhou inquisidoramente para o informante.
- O que você tem? Por que a pressa? – Moody perguntou, agarrando-o pelo colarinho do casaco que usava.
Disfarçadamente, Any colocou os seus óculos infra-vermelhos, e olhou para o cemitério. Fez, então, um movimento com a cabeça para Shacklebolt, que imediatamente se preparou. Moody, também entendendo o recado, jogou o informante no chão e, com uma agilidade desconhecida para Any, atacou os Comensais da Morte, escondidos no cemitério. Estes, pegos despreparados, levantaram-se lançando feitiços para todos os lados, a esmo. Any se abaixou rapidamente, sentindo um feitiço passar raspando por sob sua cabeça.
Com os óculos infra-vermelhos, Any pode localizar onde se encontrava três deles e, para o seu desespero, dois estavam atrás de Moody. Any não pensou duas vezes, levantando-se gritou o primeiro feitiço, não verbal, que lhe veio à mente( i Incarcerous /i ). Isso fez com que o comensal, desequilibrado, caísse sobre o que estava a seu lado(isso!). Do nada, Any sentiu uma dor terrível no braço esquerdo e quando o olhou, viu-o enegrecido, como se tivesse sofrido uma queimadura. A dor, porém, parecia que queimava agora o interior, como se quisesse destruir seu braço, fazendo-a entrar em pânico. Ela, porém, se recompôs rapidamente, rolando para um lado, evitando outro feitiço, que destruiu a lápide onde, outrora, ela estava.
Ela ergueu-se com dificuldade por causa do braço, agora inutilizado, e lançou um feitiço no comensal que quase a matara. Ele, porém, foi mais rápido utilizando-se do i “protego” /i para se defender. O que a assustou um pouco. Quando tentou correr para se esconder atrás de outra lápide, um feitiço a atingiu no tórax, fazendo-a voar alguns metros, batendo em uma lápide com as costas, violentamente. Enquanto se recuperava, respirando com dificuldade, pode sentir o comensal perto de si com um sorriso demoníaco. Então ouviu a voz de Moody gritando i “Avis” /i , antes da escuridão a envolver por completo.
i Onde será que eu estou? /i , foi a primeira coisa que Any pensou ao abrir os olhos e se deparar com um quarto na completa escuridão. Ela não se lembrava de já ter estado ali anteriormente. O ambiente cheirava fortemente a anticéptico. i Será que eu estou em algum hospital? /i , pensou, à medida que seus olhos se acostumavam a escuridão. Logo que isso se sucedeu, ela pode visualizar um armário a sua frente, o qual não era o único. Olhou, então, para os lados e viu que havia mais três camas, além da que ocupava. Sem dúvidas aquilo era uma enfermaria. Restava saber onde.
Com um pouco de dificuldades, pois o braço doía-lhe até o cotovelo, ela tentou se sentar para averiguar até onde tinha se machucado. Ela, porém, sequer conseguiu erguer o tronco. Uma dor aguda nas costelas a fez desistir. Com o braço bom, ela apalpou o local dolorido, contatando que este estava enfaixado. Devia ter quebrado alguma costela ao cair de mal jeito, pensou. Resignada recostou na cama, ainda sentindo resquícios da dor que sentira. O que será que aconteceu após ter sido atingida por aquele feitiço? E que feitiço era aquele, Pensamentos desse tipo a assolaram até o momento que adormeceu.
Flashes rápidos começaram a surgir em sua mente no momento em que adormecera. Rostos agonizantes, pessoas rindo sadicamente, e calor, muito calor. O lugar parecia completamente em chamas. Pessoas correndo desesperadas a esmo, tentando fugir dos seus agressores. Crianças chorando desesperadas a procura dos pais. Feixes multicoloridos sendo lançados em todas as direções. Pessoas feridas corriam em busca de um lugar seguro, largando tudo o que carregavam. Um par de olhos cinzas, então, a olha maliciosamente é tudo o que vê, antas de acordar.
i O que foi isso? /i , perguntou-se Any mentalmente tentando entender o que sonhara. Colocou, instantaneamente, a mão no peito, sentindo a respiração, completamente, descompassada. Além de sentir a testa úmida de suor. i ”Ainda bem que eu não gritei! Ia ser um alvoroço dos diabos!” /i , pensou ao notar que continuava na enfermaria. Tentou se sentar, esquecida completamente, do motivo de estar ali. Relembrada, porém, no minuto em que tentara se levantar, pois a dor aguda na altura das costelas se intensificara.
- Ai! Tinha me esquecido completamente! – e olhando o braço enfaixado – É! Parece melhor! – pensou ao não sentir tanta dor como na noite anterior. Nesse momento a porta que ficava a esquerda da cama de Any se abriu, e por ela entrou uma sorridente Sra. Weasley.
- Ah! Querida! Que bom! Você acordou! – ela se aproximou e ajudou a garota a se sentar, o que ela fez com uma careta de dor – Ah! Desculpe! – a Sra. Weasley falou, vendo a careta dela.
- O que aconteceu, Sra. Weasley? Tudo o que me lembro, antes de apagar é de Moody gritando o feitiço “Avis”! – ela falou, sentindo um frio na barriga.
- Bem, depois que você foi atingida e desmaiou, Moody lançou as aves, como o combinado, e os demais foram ao auxilio de vocês!
- E como eles estão? – Any perguntou ansiosa.
- Não se preocupe! Estão todos bem! – A Sra. Weasley a ajudou a se acomodar – Pronto! Agora tente descansar.
- E, há quanto tempo estou aqui? – perguntou completamente perdida.
- Dois dias! – ao ver o olhar espantado da garota acrescentou – Mas não se preocupe. Inventamos uma história para seus pais, como você insistiu em nos pedir. Dissemos que você estava incomunicável em uma missão e, por isso, não conseguiam entrar em contato. – Molly suspirou cansada e prosseguiu – Eles foram embora depois disso. Mas pediram que assim que você voltasse de sua missão incomunicável, entrasse em contato com eles. Para saberem que está tudo bem com você.
Any se aconchegou melhor na cama, soltando um longo suspiro, fechando os olhos por alguns momentos. Iria ser muito trabalhoso explicar a eles sua incomunicação. Eles iriam, no mínimo, dar uns belos berros. Mas fazer o quê, se ficara inconsciente todo esse tempo? Mas é claro que eles não podiam saber isso senão lhe dariam outro sermão sobre responsabilidade e bom senso. Como se eles não fizessem isso sempre que saía para a Ordem.
Quando, finalmente, madame Pomfrey a examinou no dia seguinte, ela foi liberada, desde que tomasse alguns cuidados, como por exemplo evitar levar novos feitiços por, no mínimo uma semana. Any suspirou de alivio e frustração. Alívio, pois o braço se recuperaria. Frustração por não poder ir a campo por uma longa semana. Sem alternativa ela concordou com todas as recomendações. Quando madame Pomfrey foi embora, Any se arrumou e deixou a enfermaria da Ordem. No caminho se encontrou com Tonks que lhe desejou melhoras, para que elas pudessem ir a ação de novo, ao que Any concordou avidamente, rindo em seguida. Era bom sair daquele confinamento dos últimos três dias.
Ao alcançar a sala encontrou Rony, Hermione, Harry, Gina e Lupin, conversando animadamente. Ao notarem Any a chamaram para participar da conversa. Eles estavam comentando os andamentos para o casamento de Gui e Fleur. E, pelo que Any havia entendido, ele se realizaria no final do mês, mais precisamente no dia 29. Uma sexta-feira. Quando Gina perguntou a Any se ela iria, ela respondeu que sim, pois até lá já estaria 100 recuperada.
Quando eles perceberam já era noite e a Sra. Weasley os estava chamando para o jantar. Lupin, porém, reteve Any para lhe explicar algumas coisas. Curiosa, ela o seguiu. Andaram até o primeiro andar, onde ficava a biblioteca. Lupin abriu a porta e deu passagem para Any passar. Era a primeira vez que entrava ali. Era um cômodo retangular com livros por todas as paredes. Havia, em seu meio, uma enorme mesa retangular de madeira, com lugar para até dez pessoas. Ela se sentou e esperou pelo que Lupin queria lhe dizer.
Bem, eu queria lhe contar uma coisa que aconteceu hoje, enquanto você estava desacordada! – ele pigarreou como que tomando coragem e, então, começou – Houve um desmoronamento em um prédio, comercial, em Nova York e, descobrimos tratar-se de um ataque de comensais da morte. Infelizmente não houve sobreviventes! – ele falou sem encara-la.
Mas Lupin, o que eles estavam fazendo lá, se Voldemort está aqui? Isso não faz o menor sentido! – então, uma pergunta surgiu em sua mente – e, por que você está me contando isso, se nós não podemos fazer nada? O que isso tem a ver comigo?
É que ... hum ... seus avós ...
O que tem eles? – então, a compreensão a atingiu, como um balde de água gelada.
Eles estavam no prédio! – Lupin falou – Sinto muito! – ele completou sem conseguir encara-la.
Annabelle não sabia o que sentia. Se dor pela perda dos avós, raiva por eles ou impotência, por nada ter podido fazer para impedir. Ela ficou em um estado de letargia tão grande que nem notou quando Lupin se aproximou e a envolveu em seus braços. Nem notou que tinha começado a chorar compulsivamente. Nem quando ele a conduziu para a sala de estar, no térreo. Nem quando ele lhe deu algo para beber. Tudo o que ela se lembraria daquela manhã seriam desses flashes, meio confusos, e da voz de Lupin dizendo-lhe: “Eles estavam no prédio ... sinto muito”
No dia seguinte foi o enterro dos avós de Any. Alguns membros da Ordem, os mais íntimos dela, tinham ido saber se ela estava bem, visto que ao acordar do efeito da poção, havia desaparecido da Sede, sem nem ao menos se despedir, não dando notícias desde então. Isso deixou a Sra. Weasley muito preocupada, pois nunca havia visto a jovem tão transtornada. Ao que Lupin dizia que era normal ela agir assim, já que fora tão apegada aos avós. Ficou-se decidido, então, que ninguém tocaria no assunto na frente dela. Todos concordaram, e Any agradeceu mentalmente a isso, quando retornou dois dias depois.
N/A: Espero que tenham gostado desse capítulo. Até sábado eu vou tentar postar o capítulo quatro. Deixem um comentário. PLEASE!!!
No próximo capítulo:
Enquanto descia as escadas não conseguia pensar no que faria quando a licença estivesse em suas mãos. Por causa da distração ele quase caiu escada abaixo. Fato evitado com a ajuda de alguém que o agarrou por trás. Tudo o que ele, porém, conseguia fazer era ficar olhando assustado para a escada. Ficou parado por um tempo, assimilando o que quase ocorrera, virando-se para o seu salvador.
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