O Escorpião-Vampiro



N.A.: *triste* Poxa, só um comentário novo... Tudo bem, me mantenho alegre e feliz escrevendo a Pepitas... Não ligo se vocês não gostam, tá OK?

Ninee Black: Sério que você gostou da lenda? Achei que ficou uma porcaria... Mas que bom que você gostou!

Eu te amo e isso é uma verdade, da Ninee
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Capítulo 4: O Escorpião-Vampiro

Madrugada. Na casa dos Potter, só um dos adolescentes dormia tranqüilo, sem imaginar que todos os seus amigos estavam reunidos no quarto ao lado decidindo o que fariam no seu aniversário.

— Então, o que vamos fazer? — disse Remus aos sussurros.

— Sei lá, podemos fazer ele ficar o dia inteiro com os cabelos roxos — disse Sirius.

— Ah, vocês podem ser mais criativos do que isto — disse Lily. — Já fizeram isso com o Peter no aniversário do quarto ano dele. E, que eu saiba, não estamos discutindo como pregar uma peça no Potter, e sim como vamos comemorar o aniversário dele! Aliás… Não sei o que estou fazendo aqui.

— Ah, Lily, chega! — exclamou Alice. — Vamos aproveitar, o Potter vai fazer uma festa.

— James não vai fazer uma festa — disse Sirius. — Já perguntamos pro Sr. e a Sra. Potter.

— Traduzindo — disse Chloe. — Vamos ter que fazer uma festa surpresa pra ele.

— Aonde? — perguntou Frank.

— Na praia — disse Lee. — É o melhor lugar, na praia.

— E alguém tem que distrair ele enquanto a gente arruma as coisas.

Todos olharam para Lily.

— Que foi?

— Ah, Lily, vamos lá, pra você não custa distrair o James — disse Peter.

— É, ele cai de quatro por você — disse Sirius. — Faz qualquer coisa que você mandar. Se você disser que beija ele se ele ficar duas horas sentado sem olhar pela janela, ele fica.

— Ah, não, eu não vou ficar com a pior parte da história. Ele não vai me deixar em paz.

Sirius fez aquela cara de cachorro abandonado em dia de chuva.

— Ah, vai, Lily… Por favor…

— Não adianta usar essa cara, Sirius. Pra mim não funciona.

— Lily! Lily! Lily! — disseram quase todos, menos Anthony.

— Ah, tá certo… — disse Lily irritada. — Eu aceito, mas eu juro que, se ele
tentar me beijar, eu dou um tapa na cara dele.

Todos riram e voltaram aos preparativos. Até as três da madrugada, já tinham decidido tudo e resolveram parar, pois Camille tinha caído no sono no colo de Claire.

As meninas foram para a casa delas, enquanto os Marauders e Frank (Anthony já tinha ido dormir), combinavam como acordariam James de manhã.

When you feel like you’re alone
(Quando você acha que está sozinho)
And you’ve nowhere to turn
(E não tem lugar pra ir)
I’ll be at your side
(Eu estarei ao seu lado)
(The Corrs — At Your Side)

¬¬¬

Dia seguinte.

James Potter dormia seu sono tranqüilo na sua cama, enquanto murmurava algo cuja entonação parecia com “minha ruivinha”.

Cuidadosamente, passo a passo, Sirius, Peter, Remus e Frank foram se aproximando.

Abaffiato! — sussurrou Sirius, aproximando a varinha de seu ouvido.

Jay não mostrou qualquer sinal de sair do quinto sono, e Sirius disse, falando alto já:

— Ufa, esses feitiços do Ranhoso são muito úteis!

— Concordo — disse Moony.

— Pronto, agora podemos começar.

Aproveitando que James dormia de boca aberta, os quatro garotos despejaram uma poção em sua boca.

— Quando Prongs acordar, terá uma surpresa — riu Padfoot.

¬¬¬

James acordou cerca de trinta minutos depois. Bocejando, viu que o quarto todo estava vazio. Correu para o espelho e verificou a cor dos cabelos. Como ainda estava normal, agradeceu mentalmente por nenhum deles ter conseguido mudar a cor de suas sobrancelhas. Dirigiu-se ao banheiro para tomar banho.

Estava se ensaboando e prestes a começar a cantar no chuveiro, um de seus hábitos matinais, quando percebeu que sua voz não saía. Pelo contrário, cada vez que ele falava, grandes bolhas azuis e perfeitamente redondas saíam de sua boca.

— SIRIUS! — ele gritou, mas só o que saiu foi uma bolha maior do que as outras.

Amuado, chegou para o café e lançou um olhar mortífero para os outros Marauders, que começaram a rir junto com Frank.

— Feliz aniversário, James! — exclamaram os quatro ao mesmo tempo.

— Não se preocupe, é temporário, vai acabar mais ou menos daqui a quatro horas — disse Moony. — Eu que sugeri!

— O que vocês fizeram com ele? — perguntou a Sra. Potter colocando um prato de torradas na frente do filho.

James tentou falar alguma coisa, mas três bolhas enormes saíram de sua boca e ele decidiu ficar quieto.

— Ah, por isso eu não ouvi a poluição sonora costumeira — disse o Sr. Potter, arrancando risadas de todos.

— Vamos pra praia, Jay? — perguntou Sirius.

Outra bolha saiu da boca de Prongs.

— Faz que sim ou não com a cabeça.

James fez que sim, subindo para se vestir com o calção.

Agora
Nós vamos invadir sua praia

(Ultraje a Rigor — Nós vamos invadir sua praia)

¬¬¬

As meninas riram muito ao ver o que os rapazes tinham aprontado com James. Quando este tentava falar, indignado, apenas bolhas saíam da sua boca, e todos riam ainda mais.

Camille deu a James um óculos de sol muito bonito e elegante, que, dependendo da vontade do dono, virava um óculos normal ou até óculos sem grau, mudando de cor as lentes. Chloe lhe deu uma latinha de cera para polir vassouras. Claire, um livro de Defesa Contra as Artes das Trevas, que ela sabia que era a única coisa que James se interessava em ler. Remus lhe deu um Lembrol, disse que sempre era útil. Alice lhe deu uma caneta elegante de pena de águia. Sirius, um pacote de bombas de bosta. Peter, uma grande caixa de caldeirões de chocolate. Frank uma caixa de fogos do Dr. Filibuster. Só Lily e Anthony não lhe deram nada. A primeira nada disse. O segundo pediu desculpas e alegou que não sabia da data do seu aniversário, tendo vindo desprevenido, mas que, quando fosse ao Beco Diagonal, lhe compraria alguma coisa.

Cada vez que Jay recebia um presente, uma bolha saía de sua boca, e os garotos ficavam hesitantes, pois não sabiam se aquilo queria dizer “obrigado” ou “detestei”.

Por fim, perto das duas da tarde, a poção foi perdendo o efeito, e começaram a se ouvir palavras misturadas às bolhas. Às duas e meia, James já estava completamente são, e a primeira coisa inteira que perguntou foi:

— Quer sair comigo, Lily? Sei que não tem muitos lugares por aqui, mas podemos entrar naquela floresta cheia de animais selvagens. Daí você vê uma barata, grita e pula no meu colo.

O que lhe rendeu um belo “NEM MORTA, POTTER!”.

Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino
Viver é uma arte, é um ofício, só que precisa cuidado
Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício
O teu amor pode estar do seu lado

(Nando Reis — Do Seu Lado)

¬¬¬

Os garotos foram jantar na casa dos MacStorm. Dona Janice havia feito uma comida especial para o aniversário de James, que não parava de agradecer, agora que havia recuperado a capacidade de falar.

Depois do jantar, os garotos se estiraram no sofá. Sirius olhou para os outros com aquele seu ar maroto costumeiro, que Remus e Peter retribuíram, olhando para James.

— Vamos pra praia montar a fogueira, então? — perguntou Sirius, lançando um olhar significativo a Lily.

Todos se entreolharam, percebendo a deixa.

— Vamos — disseram.

Lily ficou parada na escada que levava para o segundo andar. Quando viu que James estava indo com os outros, o chamou:

— Ei, er… Jay!

Prongs se virou imediatamente, enquanto que, às suas costas, Sirius e Chloe faziam gestos de encorajamento e fechavam a porta.

— Será um sonho? — perguntou James. — Lily Evans me chamando de Jay?

— Não abusa — riu Lily.

— E rindo, ainda por cima! Cara, esse é o melhor presente que eu poderia ter recebido!

Lily encarou aqueles olhos doces e castanho-esverdeados do rapaz e ficou surpresa. Como ele podia demonstrar tanta alegria por algo tão simples! Sentindo remorsos por tratá-lo tão mal, Lily fez uma nota mental para maneirar com o garoto.

Seus olhos certos, mas não sei o que dizer
Eu não vou, mas o tempo vem
Tá tudo certo, mas não sei o que dizer
Eu não vou, mas o tempo vem aqui

(Detonautas — Olhos Certos)

— É… Potter, pode vir comigo um pouquinho?

— Pra você eu faço qualquer coisa.

E subiu atrás da ruivinha. Lily planejara aquilo a tarde toda, procurando um modo de distrair James tempo suficiente. Levando o garoto para o quarto que ocupava, procurou algo no malão e logo achou.

Era um elegante relógio de bolso de ouro branco, com um aspecto antigo mas ao mesmo tempo bonito. Em cada ponteiro, um rubi engastado. Os números brilhavam incrustados de safiras. E, de tudo o mais encantador, na parte de trás do relógio havia uma foto de Lily com uns onze anos, acenando freneticamente e balançando as trancinhas ruivas.

— Eu não queria que os outros me vissem te dando isso — disse Lily, e falava a verdade. — É o seu presente de aniversário.

James ficou desconcertado. Não esperava receber um presente da garota, ainda mais algo tão bonito, e tão… caro!

— Céus, Lily, não posso aceitar.

— Por quê?

— Ah… eh… isso deve valer uma fortuna!

Lily decididamente não sabia mais o que estava fazendo. Pegou as mãos de James e as juntou com o relógio.

— Aceite. Estou dando de coração.

— Mas Lily, você deve ter pago uma grana nisto!

— Não… Na verdade, é herança do meu avô. Ele sempre gostou muito de mim… E me chamava de minha ruivinha, que nem você. Colocou uma foto minha atrás do relógio. Quando eu vim a Hogwarts, e soube que podíamos fazer as fotos se mexerem, dei esta para ele. Ele morreu no ano seguinte e me deixou o relógio…

Lágrimas discretas correram pelos olhos de Lily. “Como seus olhos são verdes”, pensou James.

— …E …e …e quando, há dois dias, eu estava pensando no que te dar de aniversário, eu vi o relógio… e pensei em você me chamando de minha ruivinha. Daí, sei lá, me deu um estalo… E… e, por isso, cuide bem dele, tá entendendo?!

E, deixando Jay definitivamente aturdido, ela começou a chorar em seus ombros. Com um gesto desajeitado, o rapaz deu uma palmadinha nas costas da garota.

— Desculpe… — disse ela após um tempo. — Não sei o que deu em mim.

“Efetivamente não”, ela continuou em pensamento. “Caindo no choro na frente do Potter, Lily Evans?”.

Ela enxugou as lágrimas e olhou para o relógio, que continuava na mão de James.

— Se quiser, pode tirar a foto. É só tirar o vidro que protege.

— Como se eu fosse querer tirar uma foto tão bonitinha.

— Ah, James!

Prongs se arrepiou todo. A palavra “James” nos lábios de Lily tinham um som tão doce e… suave!

— Ei, Lily, posso te pedir um favor?

— Claro.

— Er… Em vez de me chamar de Potter, me chama de James.

— James?

— É. Ou Jay, Prongs. Só não me chame mais de Potter, como se… fôssemos dois estranhos. É um pedido.

Ela sorriu.

— Tá certo, James.

De repente, os dois ouviram um estampido alto lá fora. Percebendo que era o sinal de Padfoot de “barra limpa”, Lily se sobressaltou.

— Nossa, olha o tempo que estamos aqui! Os outros já devem pensar que a gente morreu.

— Ou coisa pior — disse Jay.

Lily pegou James pela mão (ambos ficaram corados), e o guiou até a porta. Os dois saíram do sobrado e foram andando pela praia.

— Está tudo muito quieto — comentou James. — Não consigo escutar eles falando. Nem o violão.

— Deve ser por causa do vento.

— Que vento, Lily? Nem está ventando!

— Então sei lá.

James, que não era nada tonto, perguntou:

— Vocês não vão me pregar mais uma peça, vão? Já bastou ter ficado quatro horas sem poder falar.

— Credo, Jay, você é muito desconfiado. Não tem nada acontecendo.

— Olha lá, hein? Se alguém me fizer alguma coisa, eu não vou te desculpar.

Lily riu.

— Diz que me ama e não confia em mim.

— Tá certo — disse James com um suspiro. — Vou confiar em você.

Os dois foram até a praia, os pés descalços de James sentindo o contato da areia fria. Só que, quando chegaram lá, não tinha ninguém. Só uma tenda montada e fechada.

— Ótimo — resmungou o rapaz. — Cadê eles?

Nesse instante, ouviu-se um alto coro de:

— SURPRESA!

A tenda se abriu subitamente e uma música ensurdecedora começou a tocar, enquanto os outros nove adolescentes vinham em sua direção cantando parabéns.

Ele olhou atônito para Lily, que ria muito cantando parabéns também, e se sentiu aliviado e alegre. Padfoot e Moony lhe deram tapinhas nas costas e, enquanto cantavam, levaram Prongs até um enorme bolo com uma fileira regular de morangos servindo de moldura (embora faltassem alguns morangos, no que ele tinha certeza ter dedo, ou melhor, apetite, de Wormtail), com cobertura de chantilly e chocolate e, no meio, em letras multicoloridas, escrito: “Feliz aniversário, Prongs!”. Ficou emocionado.

— Pô, caras… Vocês são os melhores amigos que eu posso ter.

Todos, excetuando Anthony, sorriram radiantes.

— Apaga as velinhas e faz um pedido, James! — exclamou Chloe.

James fechou os olhos, e imediatamente a imagem de Lily lhe ocorreu. “Que ela seja muito feliz”, pensou, e soprou com força.

Todos bateram palmas alegres, e, inebriado de felicidade, James fitou novamente os olhos verdes de Lily.

Os meus olhos sentem
A falta dos seus
O meu corpo sente
A falta do seu
A minha alma
Sente a sua falta

(Capital Inicial — Seus Olhos)

¬¬¬

A festa foi muito animada. Havia tanta cerveja amanteigada que parecia que Sirius e Remus tinham assaltado o Três Vassouras, e até duas garrafas de Uísque de Fogo figuravam na mesa. Os dois e Frank tinham passado uma linha anti-som em volta da praia, para que ninguém viesse reclamar da música alta.

Sirius, Chloe e Alice logo estavam “altos”. Remus também parecia que tinha bebido um pouquinho demais, e ria exageradamente de cada piada que Frank contava. Esse estava com mais controle de si, mas também estava mais animado do que de costume (se é que isso é possível). Dos outros, Lily também havia bebido um pouco do uísque, mas não o suficiente para embriagar, e James seguira seu exemplo. Já Claire, Camille, Anthony e Peter não tinham tocado em uma gota de uísque. Peter estava ocupado demais comendo para pensar em beber.

Lá pela uma da manhã, Alice e Sirius dançavam em roda como duas crianças, e caíram no chão da praia, rindo muito. Moony parecia estar dando em cima de Chloe pensando que ela era Claire, e a garota não parava de rir (e não se lembraria daquilo no dia seguinte). Frank tentava empurrar comida para Anthony, e Claire e Camille conversavam animadamente.

Percebendo que ninguém sentiria falta dos dois, James chamou Lily.

— Ei, Lily!

— Que foi, James?

— Quer dar um passeio comigo? Eu queria te mostrar uma coisa.

Lily pareceu hesitar.

— Tá certo.

Ela deu a mão a James e ele a guiou até a floresta. Os dois foram andando, pisando em galhos, e entraram na floresta.

Ele foi se embrenhando na mata, até chegar a uma clareira.

— É… Acho que é por aqui… Ali está! — exclamou James, apontando.

Lily olhou para onde Jay apontava e ficou maravilhada. Um lindo e deslumbrante lírio vermelho ali, solitário, entre as outras plantas. Dele se desprendia um perfume doce e delicioso. Parecia uma majestade entre as flores.

— Ah, James, é lindo! Como… você achou?

— Na verdade, foi o Moony. Ele, Frank e Anthony têm explorado a região atrás de flores exóticas, viu o lírio e lembrou de mim, então me trouxe pra vê-lo. Sabia que você ia gostar.

Ela aspirou o doce perfume do lírio.

— Me lembra você, Lily.

— É lindo.

— Eu sei que a sua flor preferida é o lírio.

— Como você sabe?

— Ah — James deu uma risadinha pretensiosa —, eu sei tudo sobre você,
Lily.

A garota o encarou com um ar divertido.

— Quero ver.


— Bem… Sua flor preferida é o lírio… Você adora cheiro de leite quente de manhã, gosta mais de frio do que de calor, detesta baunilha e suco de abóbora, seu prato preferido é torta de limão… Você tem um vidrinho de essência de lírio, que você põe todas as manhãs no pescoço… Sua cor preferida é vermelho…

E começou a enumerar tudo que sabia de Lily, deixando a garota realmente espantada. Realmente, James parecia saber de tudo sobre suas preferências, sua família, e, quando começou a citar casos engraçados de sua vida, que ela nem lembrava de ter contado, ela teve que reconhecer que o garoto sabia muito dela.

— Nossa, James… Como você sabe de tudo isso?

— Fácil… Assim como Moony se dedica a estudar Defesa Contra as Artes das Trevas e Severus Snape se dedica a estudar Poções, eu me dedico a estudar você.

— Não devia estudar Transfiguração? — gracejou a garota.

— Muito menos interessante que você. Além disso, o Moony ama Defesa Contra as Artes das Trevas e o Snape ama Poções.

A ruivinha o encarou.

— O que você quer dizer com isso?

— Que eu te amo, Lily.

A garota corou ouvindo aquilo. Sempre que James Potter dizia tais palavras, ela sentia uma pontada dolorosa de dúvida no peito.

Falar de amor não é amar
Não é querer ninguém
Falar de amor
Não é amar alguém

(Capital Inicial — Falar de Amor Não É Amar)

O garoto se aproximou e ela recuou até bater num frondoso jacarandá.

— Ah, James, eu…

— O que eu preciso fazer pra você entender, ruivinha? Eu te amo de verdade, do fundo do meu coração.

— Fico imaginando pra quantas você disse isso.

— Pra ninguém. Eu não saio com ninguém desde que você terminou com Anthony Queen. E, quando eu saio com uma garota, sempre esclareço que é só aquilo. Eu só amo você.

Lily olhou para Jay com os olhos cheios de angústia.

— Tenho medo de que você machuque meu coração… Tenho medo de ser mais uma na sua lista de conquistas.

“Pelas barbas de Barnabás, o Amalucado, o que você está fazendo, Lily Evans?!”

James se aproximou e beijou as mãos da ruivinha.

— Eu não vou te machucar — ele disse, e não havia como deixar de confiar naquelas palavras. — Eu não vou te machucar porque as suas lágrimas são minhas, e, cada vez que você chora, a dor no meu coração é maior que a sua. Eu não suporto te ver sofrer.

Mais que a luz das estrelas, ah!
Meu universo é você
Ah, se eu puder ter a chance
Ah, eu juro todo o seu amor merecer

(Roupa Nova — Meu Universo É Você)

Lily não se moveu quando Prongs se aproximou. Seu coração batia apressado como nunca batera quando Anthony se aproximava. Ela fechou os olhos, certa de que James Potter era o cara que iria lhe dar o que ela tanto queria…

E, quando seus lábios se uniram, num longo e caloroso beijo… Quando suas mãos se encontraram, trêmulas e suadas… E quando seus corações bateram no mesmo compasso… Ela sentiu que nunca fora tão feliz. Os lábios de Jay tinham um estranho sabor doce e inebriante…

Foi quando…

— AI!!! — gritou Lily.

— Que foi? — perguntou James, assustado.

— Alguma coisa… me mordeu! — ela exclamou, examinando um ferimento negro no braço, de onde escorria sangue.

James examinou o jacarandá e logo encontrou o culpado, um escorpião sorrateiro entre as folhas. Como ensinara Kettleburn, pegou o bicho logo atrás do ferrão e o manteve suspenso, sem ação.

Mas que escorpião estranho. James não se lembrava de ter visto nenhum assim antes. De um vermelho-vivo e quase berrante, tinha diamantes engastados em toda a sua extensão, e um rubi no ferrão venenoso.

— Que escorpião esquisito — comentou James. — Foi ele que te picou.

— Jay… Picada de escorpião não… mata?

— Mata — confirmou o rapaz. — Mas não se preocupe, o antídoto é bem fácil de fazer, e escorpiões mágicos não tem veneno de ação imediata. Em todo o caso — ele atirou o escorpião numa moita próxima —, vamos voltar, é melhor tratarmos disso logo.

Tomando a mão de Lily, foi guiando a garota para fora da mata, por uma trilha feita por Remus e Frank.

Quando saíam da mata, ela segurou mais firme a mão de James.

— Jay, estou tonta…

— Calma. Deve ser psicológico. Segure em mim. Eu estou aqui.

Ele pôs as mãos nos ombros da garota, e ela foi andando, os passos mais lentos e pesados.

Quando já pisavam na areia da praia, ela parou.

— Acho que…

E caiu inconsciente nos braços de James.

— Lily! — exclamou o rapaz.

Ele pôs a mão em sua testa e sentiu o calor. Ela ardia em febre.

— Ah, meu Deus. SOCORRO! MOONY, PADFOOT, WORMTAIL! MARAUDERS!

Na praia, a turma já havia desligado a música, e quem ainda tinha controle sobre as próprias pernas estava arrumando a bagunça. Sirius, Chloe e Alice estavam estirados na areia, dormindo profundamente. Peter, em cuja boca Sirius havia derramado metade de uma garrafa de uísque de fogo, estava adormecido, debruçado na mesa, a cara melada de chantilly, abraçado com o que sobrara do bolo.

— Ei, estou delirando ou estou ouvindo James gritar? — perguntou Moony com a voz mole.

— Só se estamos tendo a mesma alucinação — disse Frank, bambeando.

Os gritos se repetiram ao longe.

— Eu não sei por que, mas tenho a leve impressão de que ele precisa de ajuda — disse Anthony, irônico.

— Ah, Queen, pare de fazer piadas com coisas sérias! — exclamou Camille. — James precisando de ajuda e você aí, falando idiotices.

— Camille, você…

— Em vez de ficarem aí trocando insultos feito dois débeis mentais, vamos ver do que o Prongs precisa! — exclamou Claire, apontando Remus e Frank, que já avançavam correndo pela areia.

Os dois se olharam feio e saíram atrás de Claire.

James segurou Lily nos braços, enquanto Moony e Frank chegavam.

— Lily! — exclamou Frank.

— Me ajudem!

Remus examinou a ruivinha. De repente, pareceu despertar de qualquer estado de embriaguez.

— Por Merlin, James, ela está ardendo em febre! Onde você a levou?

— Só fomos ali ver o lírio vermelho e ela foi picada por um escorpião…

— Quando foi isso? — perguntou Frank.

— Agora há pouco…

— Mas não faz sentido, o veneno de um escorpião mágico não age tão rápido! — exclamou Moony.

— Eu sei!

Remus tomou o controle da situação.

— Jay, você leva a Lily e eu vou desimpedindo o caminho. Frank,
Anthony, levem Sirius e Peter para a casa dos Potter. Claire, Camille, ajudem a Lee e a Chloe. Nós vamos até a casa dos MacStorm.

Dito e feito. Logo James adentrava a casa dos MacStorm, carregando Lily.

— Sr. MacStorm, Sra. MacStorm! — gritou.

— Sr. e Sra. MacStorm! — gritou Remus. — Ajudem a gente!

De robe e pantufas, os pais de Alice apareceram.

— Ah, meu Deus, o que houve? — perguntou a Sra. MacStorm.

— Ela desmaiou, precisamos levá-la até o quarto!

Com a ajuda dos MacStorm, Moony e Prongs conseguiram levar a garota até o quarto que ela ocupava. Ela tremia de frio.

— O que aconteceu?

Prongs repetiu a história do escorpião.

— Tem alguma coisa errada nessa história — disse o Sr. MacStorm. — O veneno agiu rápido demais.

— Eu sabia que aquele escorpião era esquisito demais — disse Jay.

Moony pareceu interessado nesta parte.

— Como assim, esquisito?

— Sei lá, nunca tinha visto nada parecido… Era escarlate, todo engastado de diamantes, com um rubi no ferrão…

Remus ficou terrivelmente pálido.

— Você tem certeza?

— Claro.

O garoto correu a examinar o ferimento de Lily. Já não havia cor em seu rosto.

— Ah não. Não pode ser.

— O quê?

Remus mostrou o ferimento aos MacStorm. Ambos perderam o fôlego. A
Sra. MacStorm empalideceu.

James já havia percebido que havia algo errado.

— O que foi? O que aconteceu?

Remus estava mortificado.

— Ah, Jay, ela… ela foi picada por um escorpião-vampiro.

— Por um o quê?!

— Escorpião-vampiro, James! — disse Remus, positivamente chocado. — Seu veneno provoca a perda de sangue, até que não haja mais nada pra manter o coração batendo!

James sentiu como se tivessem virado um balde de gelo inteiro no seu estômago.

— Então temos que fazer uma Poção para Repor o Sangue…

— Não… Há alguma coisa no veneno que impede a ação da poção…

Silêncio.

— Mas… então…

— Não há cura, Jay. Lily… Lily vai morrer.

A lua inteira agora é um manto negro
O fim das vozes no meu rádio
São quatro ciclos no escuro deserto do céu
Quero um machado pra quebrar o gelo
Quero acordar do sonho agora mesmo
Quero uma chance de tentar viver sem dor

(Nenhum de Nós — O Astronauta de Mármore)


N.A.: Pois é, um capítulo muito, muito piegas... Mas comentem!

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