Hum É..



‘-Você sabia que eu começaria a trabalhar aqui? – Perguntou ele com o olhar baixo.
-Sim, tive alguns, muitos, informantes. – Disse ela gentilmente, não queria piorar as coisas, já que seria obrigada a conviver com ele ali também.
-É, as notícias voam tão rápido com um pombo, não é mesmo? – Ele tentou desanuviar o ambiente.
-É, correm mesmo. – Aquela conversa estava cômica.
-E como estão as crianças? – Ele mudou de assunto.
-Hum... Ansiosas, muito ansiosas para revê-lo.
-Verdade? – Ouvir aquelas palavras o animou muito. – Quando posso vê-los? – Perguntou inocentemente.
-Acho que hoje mesmo, não haveria problema algum. – Ela notou que a simples idéia de Draco se encontrar com seus filhos o deu uma outra cara, muito melhor que a de antes, e ele precisava disso. – Você pode jantar conosco, se quiser é claro.
-Seria maravilhoso! – Ele quase pulou no pescoço da ruiva, mas se conteve.
-Então, de tarde, no final do expediente, eu passo aqui para irmos juntos, combinado? – Ela sorriu jovialmente.
-Sim! – Disse Draco entusiasmado enquanto observava Gina deixar a sala. – Gin! – Ele a chamou indo à direção a porta.
-Hum? – Ela se voltou para ele.
-Obrigado. – Ele lhe abraçou.
-Draco, não precisa me agradecer. – Ela retribuiu o abraço.

Eles permaneceram assim por um tempo, ele precisava senti-la próxima a seu corpo novamente, sentir seu coração bater junto ao seu, sentir a respiração ofegante dela junto ao seu pescoço, fazendo com que seus cabelos loiros se mexessem no mesmo ritmo. Ela também precisava senti-lo, embora tentasse se convencer do contrário. A mão dele ao redor de sua cintura a fazia ficar ofegante, seu corpo tão próximo a fazia ter idéias e lembranças que a faziam corar.

-É melhor voltarmos ao trabalho. – Ela se afastou de Draco tentando disfarçar sua vontade de ficar perto dele pelo resto da eternidade.
-É, é melhor mesmo. – Ele concordou.
-Precisa de ajuda com alguma coisa por aqui? – Quis ajudá-lo.
-Não, está tudo perfeitamente bem, obrigado. – Ele lhe lançou seu mais charmoso sorriso.
-Tudo bem, até mais então. – Ela se retirou antes que cometesse alguma loucura. – Não vou agüentar isso por muito tempo. – Ela murmurou para si mesma.

Entrou em sua sala e fechou a porta, ela precisava trabalhar, ou ao menos tentar.
A manhã passou vagarosamente, tanto para Draco, quanto para Gina. Na hora do almoço Gina aparatou na cozinha de casa, sua mãe terminava o almoço.

-Olá, mamãe. – Disse ela depositando um beijo na bochecha da mulher.
-Olá querida, como foi sua manhã? – Ela perguntou como quem não quer nada.
-Bem, foi chata e entediante como sempre. – Ela observava as crianças que brincavam no jardim.
-Aposto que não, encontrou com Draco? – Era essa a real pergunta que Molly queria fazer desde o início.
-Sim, eu o encontrei no começo da manhã. – Respondeu tentando não passar informações demais.
-E? – Molly esperava a discrição de cenas com detalhes mínimos e sórdidos.
-E ele parecia abatido, eu disse que as crianças queriam vê-lo, ele perguntou quando, e eu o convidei para jantas conosco hoje, acredito que não há problema nisso, né? – Ela não desviou o olhar de seus filhos.
-Não, é claro que não. – Molly estava animadíssima com a idéia. – Uma ótima notícia, as crianças vão ficar excitadíssimas com a visita do pai, mas o que devo fazer para receber Draco?
-Hum... Faço qualquer coisa, tudo preparado por você é delicioso. – Gina lhe ofereceu um sorriso. – Mas não conte as crianças, quero que seja surpresa, elas vão gostar.
-Claro querida, como queira. – Ela continuou o que estava fazendo.
-Mãe, vou até ali nas crianças.
-Tudo bem. – Disse Molly encantando uma colher para mexer a panela.

Gina saiu da cozinha em direção ao jardim, as crianças estavam de costas e pareceram não notar a aproximação da mãe.

-Tá bom, eu deixo você ficar com o maior hoje. – Devon disse para a irmã.
-Nháí... Devon, eu te amo. – Ela abraçou o irmão e lhe deu um beijo carinhoso na bochecha.
-Tá Guinne, também te amo. – Ele correspondeu ao abraço. – Mas você pode me soltar agora? – Devon tinha uma expressão de nojo, era do conhecimento de todos os Weasleys que ele não gostava de demonstrações explícitas de afeto, o contrário de Guinnever.
-Gostaria que vocês fossem assim sempre. – Disse Gina interrompendo os filhos com um tom sonhador na voz.
-Mamãe! – Gritaram as crianças agarrando o pescoço de Gina.
-Olá queridos. – Ela beijos seus filhos. – Como foi a manhã de vocês?
-Hum... Legal, a gente arrumou nossa cama... – Começou Guinne a descrever os fatos.
-E a gente tomou o café... – Disse Devon interrompendo a irmã.
-E a vovó brincou um pouco com a gente, e a gente tá aqui. – Guinne retrucou a interrupção de Devon.
-Me parece uma manhã cheia.
-Nossas manhãs são sempre assim. – Disse Devon com uma expressão de profundo tédio.
-É, mas eu gosto. – Sorriu Guinne.
-Que bom, querida. – Disse Gina.
-Mamãe, o papai está trabalhando com você, não está? – Perguntou Dev animado.
-Sim, ele está. Por que? – Quis saber Gina.
-Hum... Você o viu? – Perguntou Guinne.
-Sim, eu o vi hoje.
-Você falou com ele? – Devon perguntou.
-Sim, trocamos um simples “Bom dia”, por que? – Ela estava achando graça no interrogatório.
-Só “Bom dia”? – Perguntou Guinne.
-Não, perguntei se ele estava bem, e ele me perguntou o mesmo.
-Só isso? – Os gêmios perguntaram ao mesmo tempo.
-O que vocês querem saber afinal? – Ela resolveu encurtar aquela conversa.
-Nada de mais. – Disse Devon abraçando a mãe, aquilo resolveria por um tempo.
-Hum... Sei. – Ela fingiu acreditar e abraçou o filho, Guinnever com ciúmes a abraçou também.

Molly caminhava pelo jardim se aproximando da filha e dos netos. Ela percebeu uma felicidade nos olhos de Gina, diferente do normal, diferente de quando reencontra os filhos.

-Queridos, o almoço já está na mesa, estamos todos esperando por vocês. – Ela interrompeu a cena.
-Então é melhor irmos, não queremos deixar ninguém nos esperando, queremos. - Disse Gina aos filhos.
-Não, não queremos, mamãe. – Guinne foi à frente agarrando a mão da avó.
-Vamos, to com fome. – Devon ajudou a mãe a se levantar.
-Mesmo? Isso é bom. – Gina estendeu a mão ao garoto, então seguiram Guinnever e Molly.

Os quatro entraram na cozinha chamando a atenção de todos os presentes.

-Tarde. – Disse Arthur da ponta da mesa.
-Olá vovô. – Respondeu Guinne indo abraçá-lo.
-Como vai Guinne? – Perguntou ele abraçando a neta.
-E eu, não ganho abraço? – Perguntou Fred ao lado.
-Claro tio Fred. – A pequena se soltou do avô e deu um abraço apertado no tio e beijou as bochechas de Fred.
-Hei, eu não ganho uma recepção dessas. – Disse Gina se sentando ao lado de Rony.
-Que seção ciúme é essa? – Perguntou Molly colocando as panelas na mesa.
-Você viu o idiota do Malfoy? – Disse Rony num sussurro para Gina.
-Eu vi o Draco, é esse? – Disse Gina com cara de zangada para Rony.
-Que seja. – Ele revirou os olhos. – Conversaram?
-Trocamos algumas palavras. – Disse Gina olhando o que sua mãe colocava na mesa.
-Umas palavras? – Ele queria saber mais.
-Sim, e ele virá jantar conosco esta noite, então se comporte.
-O que? – Ele gritou atraindo a atenção de todos.
-O que foi querido? – Questionou Molly que se assustara com o grito de Rony.
-Nada, mamãe. – Ele sorriu para a mãe e se voltou para Gina. – O Malfoy? O idiota do Draco Malfoy, vai jantar com a gente? – Ele sussurrou para que apenas sua irmã lhe ouvisse.
Gina o fitou com uma mistura de graça e raiva no olhar, ela sabia que o sentimento de Rony por Draco era coisa dos tempos de Hogwards, e era engraçado ele manter isso até hoje, mas ela não gostava de como ele se referia ao pai de desses filhos e ao homem que ela tanto amou, e ainda ama. Quando ela se deu conta do que estava pensando sacudiu a cabeça na tentativa de dissolver tudo que estava em sua mente. – Sim, Ron, Draco Malfoy virá jantar conosco esta noite, só não conte as crianças, por favor. – Disse ela delicadamente enquanto Rony permanecia boquiaberto.
-Tá! – Foi a única coisa que saiu de sua boca.

O almoço continuou calmo, as crianças fizeram a bagunça de todos os dias, Rony lançava olhares de desprezo a comida, recebendo uma bronca logo depois.
Era incrível como alguns Weasleys juntos faziam um barulho extremamente auto. O horário de almoço de Gina acabara, ela se despediu de todos e mais demoradamente das crianças, ela saiu aturdida da cozinha com tanto barulho lá dentro, sua cabeça doía. O ministério parecia o lugar mais calmo, então ela aparatou lá, seguindo direto para sua sala, sem a intenção de fazer paradas, mas ela percebeu que a sala de Draco Malfoy estava com a porta semi-aberta, então ela resolveu ir até lá e confirmar o convite. Ela foi com cuidado porque não queria atrapalhá-lo. Já de frente para a porta ela observa o interior da sala, e encontra Draco com a cabeça encostada na mesa, ela chega mais perto e percebe que ele estava dormindo. “Quem consegue dormir tão bem numa mesa dessas?”, ela pensou, olhando atentamente ele parecia até uma criança descansando de um dia cheio, mas não, era um homem, que aos olhos de Gina era o mais lindo, e à seu coração o único amor que tivera de verdade. Ela queria tocá-lo, mas a razão falou mais alto, nunca pensara que ficaria tão confusa com a volta dele em sua vida, decidiu sair antes que ele acordasse. Deu a última olhada no rosto angelical, deu as costas e caminhou para a saída da sala, mas tarde demais.

-Gina?! – A voz de Draco entregava que ele acabara de acordar.
-Hum... Bom dia. – Brincou Gina, para tentar esconder a vergonha que ela estava sentindo, sorte que ela estava de costas para ele, a cor de suas bochechas a entregariam.
Ele riu sem jeito. – Boa tarde!
-É... Eu passei aqui pra... Pra... – Diante desse ocorrido ela esqueceu o que foi fazer lá. – “Será que ele me viu o observando?” – Ah! Eu só vim pra confirmar o convite do jantar.
-Não houve problema? As crianças gostaram da idéia?
-Sem problema algum e as crianças não sabem. – Disse Gina com um sorriso levado no rosto.
-Não?! –Ele se levantou da cadeira.
-Não, eu quis fazer uma surpresa. – Ela continuou com o mesmo sorriso.
-Mas e se... Se eles não gostarem de me ver lá? – Draco estava aflito
-Francamente, eles vão gostar, já te disse que eles querem te ver, agora é melhor eu ir para a minha sala, até mais tarde. - Gina deu as costas, saindo da sala, quando seu instinto materno aflorou. – Draco, você almoçou, né? – Disse Gina parada na porta.
-Sim senhora. – Disse ele se divertindo com aquilo.
-Hum... E por que você estava dormindo, justo aqui, nesse lugar tão desconfortável?
-Eu vim pra cá, mas não ia dormir, só deitei minha cabeça e peguei no sono, só isso, não se preocupe. – Disse Draco gentilmente.
-Ok, agora eu vou mesmo, se precisar de qualquer coisa me procure. – Ela saiu sem esperar resposta do loiro. – “Ginevra Weasley, o que está acontecendo com você? Por que toda essa merda de interesse por ele?” - Ela perguntava a si mesma, tinha as respostas, mas não queria acreditar nelas.

Ela entrou na sala, fechou a porta e se sentou, fitou a pilha de pergaminhos que havia em na sua frente, e concentrou-se neles. A tarde, ao contrário da manhã, passou rapidamente com o trabalho que ela tinha que completar nem percebeu as horas passando. Ela ouviu bater na porta.

-Entre! – Ela tirou sua atenção da mesa e fitou a porta que estava sendo aberta. – Oh! Por Merlin, eu me esqueci da hora, não é mesmo? – Ela perguntou sorrindo para a figura do loiro a porta.
-Bom, julgando que seu expediente acabou há algum tempo, sim. – Ele entrou na sala sorrindo. – Não sabia que gostava tanto de trabalhar.
-Não gosto. – Ela disse zangada. – Mas é necessário, já estamos indo, deixe-me só arrumar aqui.
-Sim senhora, sem pressa. – Ele se sentou na cadeira à frente da mesa, começou a estalar os dedos.

Gina se levantou, organizou a mesa, colocando pergaminhos e penas em seus devidos lugares. Pegou sua varinha na bolsa e lançou um feitiço Reducio em três ou quatro pergaminhos sobre a mesa, colocando-os em seguida na bolsa, junto com sua varinha.

-Pronto, acho que podemos ir. – Disse ela conferindo tudo. – E perdoe-me por meu atraso, mas perdi a noção do tempo.
-Não tem problema, eu pensei se viria te chamar não queria dar um de “cara chato”, mas eu estava ansioso. – Ele disse sem jeito, sorrindo de cabeça baixa.
-Eu entendo, eu que sou avoada mesmo, prometo que não farei isso da próxima vez.
Ele levantou a cabeça e procurou os orbes castanhos de Gina. – Vai ter próxima vez?
-Claro! – Ele a fitou. – Por que não haveria?
-Não sei.

Eles continuaram o caminho sem trocar mais nenhuma palavra. Aparataram na toca.

-Pronto, em casa. – Ela disse a Draco sorrindo.
-Será que as crianças vão gostar de me ver aqui? – Ele perguntou muito inseguro.
-Claro que sim, mas se você duvida de mim descobriremos em breve, vamos entrar. – Ela apontou para a porta da cozinha.
-Sim, vamos. – Ele a seguiu.
-Mamãe, nós chegamos. – Disse Gina para Molly.
-Hum... Vocês demoraram. – Disse Molly sem tirar os olhos da panela a sua frente.
-É, eu me afundei em relatórios, mas onde estão as crianças? – Perguntou Gina percebendo a aflição de Draco.
Molly olhou para os dois e abraçou e beijou a filha, fazendo o mesmo com Draco, que ficou absolutamente surpreso com a reação da bruxa. – Eles estão lá em cima se arrumando para o jantar.
-Ok, nós vamos até lá. – Gina pegou na mãe de Draco fazendo com que ele a seguisse, o abraço que Molly lhe dera o fazia se lembrar de sua mãe e de quanta falta ela lhe fazia. – Draco, está tudo bem?
-Hum... Sim, ótimo. – Ele respondeu com um sorriso forçado no rosto.
-Então vamos.
-Vamos! – Disse ele energicamente.

Subiram as escadas até o terceiro andar, Gina parou de frente para um quarto, que Draco julgou ser o de Devon por suas paredes e a maioria de objetos serem verdes, entraram e não encontraram ninguém lá. Eles saíram e seguiram para o próximo quarto, este de Gina, onde ela depositou sua bolsa.

-Eles devem estar brincando no quarto da Guinne. – Completou ela saindo do quarto.
-É uma possibilidade.
-Draco, suas mãos estão suando. – Ela falou limpando-as em suas vestes.
-É o nervoso.
-Sim, vamos. – Disse ela.

Eles ouviram a voz das crianças, então confirmaram que eles estavam no quarto de Guinne, mas não brincando. Gina e Draco pararam na porta fechada e olharam pela pequena abertura os filhos sentados na cama conversando, só não conseguiram identificar o assunto.

-Não, Guinne sua besta.
-Devon? O que você disse? – Gina adiantou-se e entrou no quarto.
-Mamãe? Hum... – Ele olha para o pai e vê a chance de escapar de uma bronca. – Papai!
-Oi, como vocês estão? – Draco entra no quarto indo abraçar os filhos.
-Bem, e você? – Diz Devon animado.
-Melhor agora, mas por que chamou sua irmã de besta? – Devon arregalou os olhos diante da pergunta de Draco, o pai não parecia ter gostado do chamamento.
-Hum... – Ele se soltou do abraço. – Saiu sem querer, disculpa Guinne.
-Tudo bem Dev, a gente não deve guardar rancor no coração, principalmente de quem ama, e eu te amo. – Ela sorriu para o irmão e o abraçou, Dev correspondeu ao abraço relutantemente, mas correspondeu. Os dois gêmiose seus pais estavam tão concentrados naquele gesto afetivo que nem perceberam a presença de Molly no quarto.
-O jantar já está servido. – Ela observava aquilo achando tudo tão perfeitamente estranho que resolveu nem comentar.
-Ham... Já vamos mamãe. – Gina respondeu desviando sua atenção dos filhos.

Os quatro desceram e se juntaram aos outros Weasleys. O jantar correu bem, mesmo com os olhares assassinos lançados à Draco por Rony, todos deixaram o loiro muito à vontade, ele quase se sentiu da família. Draco se divertia muito, principalmente com o simples fato de ajudar seus filhos a comer, isto o fazia perceber quanto tempo ele perdeu, mas ele estava disposto a recuperar tudo.
Ao fim do jantar Gina ofereceu ajuda a sua mãe para retirar a mesa, os outros se retiraram e Gina disse a Draco que subisse e brincasse com as crianças, ela já se juntaria à eles. Draco subiu com as crianças no colo.

-Papai, por que você e a mamãe não namoram de novo? – Guinne perguntou quando seu pai lhe sentou na cama.
-Hum... É... – Draco estava espantado com a pergunta, pra não dizer totalmente desconsertado.

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