Da realidade ao sonho
Draco e Gina encontravam-se sozinhos no quarto agora, acabaram de ver seus filhos baterem a porta atrás deles, permaneceram num silêncio um tanto quanto constrangedor. Ela não sabia como começar o diálogo, ele não sabia como deveria prosseguir. Então Gina respirou fundo, abriu a boca, parou sem reação, respirou mais fundo ainda, o que fez Draco a fitar profundamente, decidiu quebrar aquele tormento, pra ele e pra ela.
-Então...
-Então o que? – Pergunta Draco.
-Acho que, bom, querendo ou não, temos coisas a tratar, é inevitável. – Disse ela pesadamente.
-É, acho que sim. O que quer conversar primeiro?
-Não sei, são tantas coisas, acho que podemos começar com uma pergunta bem simples. Com que freqüência você pretende vir visitar as crianças?
-Na verdade eu não parei pra pensar nisso, mas sempre que possível.
-E conveniente.
Draco rolou os olhos.”Claro que quando fosse conveniente!”. Francamente, Draco esperava que Gina entendesse o quanto ele estava nervoso por tratar de assuntos tão delicados, afinal, ele acabara de descobrir que era pai.
-Sim, há algum dia que não seja conveniente pra você... Cês?
-Não especificamente, há alguns dias que fazemos reuniões em família, que eles saem comigo ou com os tios, só gostaria que fosse avisado antes, eu sei que são seus filhos, mas eles estavam acostumados com uma vida, com uma educação, não quero mudar isso bruscamente, espero que entenda. – Disse Gina calmamente.
-Claro, senhorita Weasley, mandarei cordialmente uma carta informando-lhe quando gostaria de passar algum tempo com meus filhos. – Disse ele ironicamente.
-Agradeço a preocupação, senhor Malfoy. – Respondeu com o mesmo tom. – Sempre preocupado, sempre cartas.
Na hora, veio na cabeça de Draco o motivo daquelas palavras, percebeu que tinha escolhido as palavras erradas, definitivamente, a simples palavra traria fim a uma conversa civilizada, e ele não poderia saber como reagir, ou como a mulher a sua frente reagiria. Se arrependeu profundamente.
Para sua total surpresa, para não dizer total espanto, Gina debulhou-se em lágrimas, pôs-se a chorar como uma criança quando lhe é negada alguma coisa.
-Foi a pior carta que eu recebi. – Desabafou finalmente. – Você não sabe, e nem nunca vai saber como eu me senti.
-Pra mim também não foi fácil. – Disse Draco tentando se aproximar, mas aos poucos.
-Fizemos planos, juras de amor eterno, pra tudo acabar num... – Foi cortada por um alto soluço. – Pra tudo acabar em uma merda de carta.
-Não era pra acabar. – Disse ele com uma dor no coração vendo a mulher que tanto amou, e que tanto ama chorando ao seu lado.
-Então era pra que? Você acha que eu ficaria de braços cruzados? Esperando por notícias suas, que talvez nem chegariam? – Deu uma pausa. – Não! Eu estava disposta a fugir, sumir com você, estava disposta a enfrentar quantos malditos comensais fossem necessários, eu morreria com você, eu morreria por você, eu briguei com a minha família por você. Uma carta. Foi tudo que eu recebi. – Continuou ela, botando pra fora as palavras que estavam entaladas na sua garganta há cinco anos.
-Eu quis te proteger.
-Será que você não entende? – perguntou ela se virando pra ele. Draco respondeu com um silêncio sincero. – Eu não queria ser protegida, eu só queria ficar com você.
-Eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você por minha causa, não foi bom pra mim. Eu só pensava em você, nem dormia pensando em como você poderia estar... Eu também só queria ficar com você, nunca deixei de te amar durante todos esses anos, nenhuma mulher substituirá o que você foi, e ainda é pra mim. Eu não pedi pra ter esse futuro.
-Eu sei, mas ficar sem você foi pior, será que não percebe? Quando eu mais precisei, onde você estava, como você estava? – Disse ela chorando mais ainda. – Eu te odiava... – Fez uma pausa dramática, Draco a olhou com profunda tristeza que expressava em seu olhar, mas Gina sequer a vira. –Eu te amava tanto, tanto que entrava em contradição comigo mesma, a todo instante. – Draco passou as mãos sobe os ombros da ruiva.
-Eu não sei o que dizer, palavra nenhuma expressaria o que estou sentindo nesse momento. Te vendo chorar. A imagem de suas lágrima descendo por seu rosto não me sai da cabeça. – Deu um suspiro. – Passei noites em claro pensando nisso, pensando em como você estaria. Sonhava com você acordado. Sonhava com nossa família.
Gina ficou imóvel, não sabia mais o que dizer diante daquele comentário de Draco, “Sonhava com nossa família”. Ela existe, de certo modo. Há um pai, uma mãe, e não só um filho, mas dois, gêmeos, um casal, seria a família ideal e desejada por todos, se não fosse marcada por separações e lágrimas insistentemente derramadas em travesseiros e lenços.
Draco percebeu que aquela conversa já estava totalmente esgotada, não conseguiriam mais nada um do outro, principalmente de Gina, a não ser mais choro, e Draco sabia que já havia feito a mulher chorar demais por um dia, ou pela vida toda.
-Acho melhor eu ir embora. – Draco disse se levantando.
Gina não conseguiu dizer nada, era como se, se simplesmente tivesse ficado muda, como se tivesse desaprendido as palavras corretas.
-Entrarei em contanto em breve, Ginervra. – Disse o Loiro abrindo a porta a sua frente e retirando-se do aposento.
Draco descia as escadas silenciosamente, pensativo, não queria chamar atenção, não queria falar com ninguém, mas sabia que assim que chegasse na cozinha da casa dos Weasley teria de enfrentar no mínimo dois olhos encarando-o, isso se tivesse sorte, e pra piorar, quando chegasse na mansão teria um interrogatório a responder, isso resolveria depois.
Entrou na cozinha, com os olhos fechados, para seu alívio, profundo alívio, não houve disparo de perguntas. Nem vozes estridentes, estava calmo, bem calmo, calmo demais pelo que ele imaginava ser aquela casa, pelo que Gina havia lhe contado, a agitação que ela queria tanto participar. Mas naquele momento, só naquele momento, ele não achava a paz incômoda, como nos últimos anos, ela a acha tranqüilizante. Então pôde seguir o caminho de casa com seus pensamentos.
Gina fitava a porta há alguns minutos, parecia estar hipnotizada, não havia pensamento, nem expressão, nada. Permanecia assim, calma, serenamente, e ao mesmo tempo preocupante, então, respira fortemente, como alguém que sai da água após minutos sem respirar. Gina acorda de seu transe, de seu estado de choque.
-MALDITO! – Ela praguejou. – Eu disse que não choraria mais por ele.- “Você é fraca” – Essas palavras ecoavam por sua mente.
Ainda chorando Gina deita-se no chão, como quando era criança, lança um feitiço na porta para trancá-la, ela precisava ficar sozinha, paz interna e externa.
Seus olhos foram ficando pesados, ela lutava contra aquilo, não queria dormir, só pensar, mas seu corpo parecia não querer, então, inconscientemente, rendeu-se ao sono profundo.
“-Já posso abrir, amor? - Disse Gina impaciente.
-Não, só mais um pouco Gin. – Guiando a ruiva pelo corredor do prédio. Parando na frente do apartamento devido e abrindo a porta ele indica que Gina entre.
-E agora? Pronto. – Disse Gina dentro do recinto.
-Pronto amor, pode abrir. – Draco olhou atentamente a expressão de Gina. – O que achou?
-É perfeito! – Gina disse pulando nos braços do loiro.
-E você ainda não viu o melhor.
-O que pode ser melhor que isso?
-Você quer que eu diga, ou quer que eu mostre? – Perguntou Draco com um tom sugestivo.
-Adoraria que você mostrasse.
-Se me permite. – Disse Draco estendendo o braço para que ela segurasse, ela o fez. – Por aqui amor. Draco a levava para o interior do apartamento, seguiu o corredor até o fim e virou a primeira porta a esquerda. – É aqui. – Draco indicou um quarto enorme, daria no mínimo três do seu n’A Toca, bem no centro se encontrava uma coma de dossel com lençóis de seda verde claro, todos os móveis eram mogno, as cortinas combinavam perfeitamente com o lençóis, tudo em harmonia.
-Nossa! – Foi tudo o que Gina disse diante daquele ‘paraíso’.
-Gostou?
-Se gostei? Eu amei. – Disse ela andando pelo quarto.
-Se você quiser pode mudar alguma coisa.
-Não, não, pra mim tá, perfeito.
-Que bom que gostou amor. – Gina retribuiu-lhe com um sorriso. Draco se aproximou dela. – Vem aqui, quero te mostrar outra coisa.
-O que? – Percebendo que ele a levava para um porta na outra extremidade do quarto. – O banheiro?
-Sim, vê se gosta. – Disse abrindo a porta e permitindo que ela entrasse primeiro.
-Eu... Eu to, sem palavras pra ser mais exata.
-Posse encarar isso como...
-Essa banheira é bem grande heim? – Disse ela lançando um olhar cheio de segundas intenções a Draco.
-O suficiente pra dois.
-Podemos experimentar mais tarde.
-Isso seria bom.
-Muito bom. – Disse a ruiva se jogando nos braços do homem. – Eu amo você, Draco Lúcios Malfoy.
-Também te amo, Ginervra Molly Weasley, futura senhora Malfoy. – Draco se abaixou para encontrar os lábios de Gina. Ela se deixa soltar.
-Acho melhor guardarmos nossas coisas antes.
-Antes? – A ruiva revirou os olhos.
-Antes de descansarmos, Malfoy.
-Ah! Sim, Weasley.
Eles retiraram as malas de seus bolsos e desfizeram o feitiço Reducio, então passaram a guardar todos os pertences. Draco terminou primeiro.
-Vocês, mulheres, são enroladas demais pro meu gosto.
-Vocês, homens, é que não fazem as coisas direito. – Voltou-se para o que estava fazendo novamente.
-Eu faço as coisas direito, ou não?- Draco se direcionava a Gina.
– Pra sua enorme felicidade já estou acabando.
-Você não me respondeu. – Disse ele passando seus braços ao redor da mulher.
-O que você quer que eu diga?
-Que eu sou o homem da sua vida, pra começar.
-Tá, você é o homem da minha vida. – Disse ela com desanimo, provocando-o.
Ela se virou para ele, de modo que seus olhos se alinhassem, um fitava o outro, eles se perdiam nos olhos do outro.
-Gina, você quer ser a mãe dos meus filhos?
-Não! É lógico seu idiota. – Ela disse rindo, e logo deu um beijo na ponta do nariz de Draco. – Eu quero ser a mãe dos seus filhos, sua esposa, o que você quiser de mim.
-Eu quero que você seja minha. Só minha.
-Draco Malfoy, pra quê tanta possessividade?Sua mãe não lhe ensinou a dividir as coisas?
-E desde quando você é uma coisa? E quer ser dividida?
Draco ergue a sobrancelha esquerda e faz menção de se afastar. Gina percebendo a intenção, ou as intenções, de Draco o puxa para um beijo extremamente quente. Envoltos pela paixão que sentiam um pelo outro, o mundo poderia acabar, ou o teto desabar sobre suas cabeças que tendo um ao outro estaria tudo bem.
Gina tira o paletó de Draco e joga-o no chão, em seguida tira a camisa de baixo, desabotoando botão por botão, como um ritual místico, deixando a mostra o tórax muito bem desenvolvido do loiro, Gina beijava cada parte a mostra do corpo do homem. Ele por sua vez se abaixou capturando os lábios da ruiva, subiu sua mão até a alça do vestido dela e a abaixou gradativamente, aos poucos.
Em minutos, estavam os dois nus, deitados sobre os lençóis verdes que faziam contraste com seus corpos brancos, se uniram de tal forma que não era possível identificar o começo e fim do outro. Os movimentos se intensificaram, a cada momento, mais e mais, essas intensificações eram intercaladas por beijos e carícias calorosas. Mais intenso, mais intenso, então relaxaram. Draco deitou sobre o colo de Gina, ela passava a mão pelos cabelos macios dele, ele passava a mão pela pele macia de seu tronco, percorrendo suas curvas, fazendo-a arrepiar.
-Esse momento bem que podia durar pra sempre. – Disse ele quebrando o silêncio.
-Não sei se pra sempre, quem sabe a morte consiga nos separar.
-Eu te persigo.
-Será mesmo, Malfoy?
-Pode ter certeza, Malfoy.
-A quem está chamando de Malfoy?
-A você mesma.
-Como? Se ainda não estomas sequer noivos.
-Moramos sob o mesmo teto, acho que isso é mais do que o suficiente.
-Você acha?
-Na verdade não, abre a primeira gaveta desse criado ao seu lado e pegue uma caixinha de veludo verde.
-O que tem nele?
-Por que não abre e confere?
Gina seguiu as instruções de Draco, abriu a gaveta e pegou a caixinha. Ficou olhando de Draco para a caixa, várias vezes seguidas.
-Que tal você abrir?
-Tá!
Os olhos da ruiva saltaram de órbitas tamanha a surpresa que tivera. Quando abriu a caixa se deparou com um anel, um enorme brilhante ao centro, com penas esmeraldas ao redor, era lindo.
-Ginervra Molly Weasley, você aceita se casar comigo? – Draco disse num tom extremamente cordial.
Gina, que ainda estava totalmente encantada, não sabia o que responder pulou pra cima do homem e lhe deu um beijo, como nunca havia dado.
-Acho que isso responde minha pergunta. – Disse ele sem fôlego.
-Espero que sim. – Disse ela com um sorriso no rosto
-Eu te...”
-Mamãe? – Gritou Devon do corredor.
-Mamãe, a vovó mandou a gente ver como você está. – Disse Guinnever impaciente.
-Mamãe, fala com a gente. – Disseram os dois em uníssono.
Gina acordou ao ouvir a voz de seus filhos, foi até a porta e destrancou-a.
-Nossa mamãe, a gente tá te chamando tem um tempão já. – Disse Guinnever com as mãos na cintura.
-É, por que não abriu logo? – Interrogou Devon.
-É que eu peguei no sono. – Disse Gina sonolenta. – E por que essa preocupação toda?
-Mamãe. - Guinnever puxou o braço de Gina pra baixo para que ela se agachasse. – Você estava chorando?
-Não, só dormindo.
-Seu rosto tá bem inchado. – Disse o pequeno preocupado.
-Não é nada, vocês já tomaram banho?
-Já, a vovó arrumou a gente, ela disse pra você se arrumar também porque o jantar.
-Tá, podem descer que eu já vou.
-Tá. – Saíram os gêmeos de mãos dadas.
Gina observou seus filhos descerem as escadas e logo trancou a porta do quarto novamente. Se olhou no espelho e viu que seu rosto realmente estava inchado. Então ela foi em direção ao banheiro e retirou sua roupa, entrou de baixo da água fria, para que despertasse, “Foi só um sonho.” Ela repetia pra se mesma. “Foi uma lembrança.” Ela só precisava acordar. Só acordar.
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