Voltando à Toca.



-Olá a todos - Dizia Gina num tom confiante, mas triste.
-Hum... Gina, como tem passado? – Disse Rony, o único que não tinha tantas magoas quanto à garota.

O resto da família que se encontrava na cozinha permaneceu calado, apenas balançaram a cabeça em sinal de cumprimento.

-Oh! Minha querida, por que não pede a Rony para a ajudar a levar seus pertences ao seu quarto? – Diz Molly a filha.
- Ah! Sim, bom, queria pedir desculpa pra todos vocês, fui uma inconseqüente, sem juízo, desorientada, idiota, burra, egoísta, mal educada, retar...- Foi interrompida por Fred.
-Tudo bem Ginervra, pare de se xingar, não vai melhorar nem mudar nada, nós, acho que falo por todos, te perdoamos, não se preocupe! Agora vêm cá pra um abraço em família! – Puxando-a para o bolo de pessoas ruivas.
-Ok, acho que chega por agora, melhor deixar a irmã de vocês respirar. - Aconselhou Molly. – Rony, ajude-a a subir com as coisas dela.
-Mas mãe, eu ainda não termin...
- Agora senhor Ronald Weasley!
-Hunf... Tá bom! Vamos logo Gina, eu tô com fome. – Disse o irmão pegando a mala de Gina no chão com uma mão e puxando a irmã com a outra.

Subiram até o quarto que pertencia a Gina, tudo estava como ela havia deixado, nada mudara de lugar, tudo como a um mês atrás.
Rony deixara a mala em cima da cama.

-Precisa de mais alguma coisa?
-Não, pode ir terminar seu café seu gordo!
-Hum... Se precisar tô lá em baixo, terminando meu café, que foi interrompido por uma fedelha ruiva! - Já ia saindo quando disse. – De nada!
-Bom café maninho, obrigada! – Disse fechando a porta.

Quando Gina fechou a porta e se viu sozinha voltou a sentir o que sentia mais cedo, lágrimas caiam de seu rosto, ela passara a manhã inteira afirmando para os outros e até para si mesma que tudo iria ficar bem, que começaria uma vida nova a partir dali, mas não é tão fácil assim. Ela queria se esconder do mundo e apenas chorar.
Terminou de guardar tudo perto da hora do almoço, então desceu pra ver se a mãe precisava de ajuda, não era um dia incomum, era um sábado como qualquer outro, nada daquelas grandes reuniões Weasleys, mas ela queria e precisava se sentir um pouco útil naquele momento.

-Mãe, precisa de algo? – Disse Gina.
-Hum... Acho que não, mas porque não se senta e colocamos o papo em dia?
-Ok. Acho que preciso mesmo saber das novidades, digamos que eu estive ausente por um tempo.
-Querida, eu sei que é difícil, mas, tente esquecer o passado, mesmo que no momento você se sinta sozinha e desamparada, lembre-se que você tem a nós! Não deixaremos que fique mal novamente.
“Como ela fez isso? Como ela adivinhou exatamente o que eu tô sentindo? Será que ela lê pensamentos e nunca nos disse? Por Merlin, pare de pensar!” - Ham... Mãe, não se preocupe, acho que vou ficar bem, não foi e nem vai ser a primeira vez que eu terminei um namoro, mas dessa vez eu pensei que seria...
-Pra sempre? – Disse a mulher com uma voz animada.
-É! – Disse Gina com um olhar confuso pra mãe, ela andava boa.
-Sempre achamos que um simples namoro é o mais intenso, às vezes é bem intenso, mas, bem, muita coisa não é pra sempre.
-Eu sei, mas, eu pensei que seria diferente com ele. Suas palavras pareciam tão sinceras, eu só tenho que entender que acabou. – Disse essas palavras com lágrimas rolando em seus olhos. – Mas eu vou entender, e nunca mais eu deixo um homem fazer isso comigo de novo! Eu te prometo mãe!
-Espero que não, mas se precisar, sempre tem o colo da mamãe, e você sabe, certo?
-Hum... Sei sim! Obrigada mãe! Mas me diz, como estão Harry, Hermione, e todo o pessoal?
-Hermione e Harry vêm aqui com uma certa freqüência, continuam morando juntos, pessoalmente eu não concordo com aquilo, eles nem namorados são, mas vocês jovens têm uma mente muito aberta. – Disse a mulher em tom de desagrado. – Gui e Fleur estão esperando mais um filho, tem a possibilidade de ser outro par de gêmeos. – Essa noticia pareceu a animar de uns tempos pra cá pela voz da matriarca. – A loja de Fred e Jorge continua um sucesso, Carlinhos está namorando sério com uma romena, quem sabe saia casamento? – Gina não conseguia imaginar Carlinhos casado, ainda mais com uma romena.
-Isso parece ótimo, todos parecem estar felizes. – Disse a jovem tentando passar alegria pela voz numa tentativa frustrada.
-E você também vai ficar querida, pode apostar nisso!

Harry e Hermione acabam de entrar na cozinha com Rony.

-Hei Gina! Não sabia que tinha voltado a morar aqui. – Diz Hermione se encaminhando para abraçar a amiga.
-Verdade, eu também não sabia. – Diz Harry.
-Eu cheguei hoje de manhã, bom, pra ficar por um bom tempo!
-Isso é ótimo, nos veremos com mais freqüência, certo? Você vai mesmo trabalhar no ministério? – Perguntou Hermione.
-Ah! Sim, começarei na semana que vêm, mas devo admitir que estou um pouco nervosa, não sei como vou me sair não é mesmo?
-Calma, tenho certeza que dará tudo certo, você é bem dedicada! – Disse Harry encorajando-a.
-Hora do almoço meninos! – Molly entra na conversa.
-Ok – Dizem os quatro em coro.

O almoço correu calmamente, na medida do possível, os Weasleys eram naturalmente escandalosos, Gina não se importava com aquilo, sentia falta de todo aquele barulho e toda a bagunça que pudesse ver e fazer. “Com Draco, era, era tudo com modos demais, mas era perfeito”, Gina sacudiu a cabeça na tentativa de afastar o pensamento. Todos riam, e colocavam Gina informada de tudo, o que Molly dissera na cozinha não era tudo.
Gina e Hermione ajudavam Molly a arrumar a cozinha do almoço, os homens estavam na sala conversando, e as mulheres fofocando.
Gina secava os pratos, quando se sentiu mal, uma tonteira repentina, se sentou com a desculpa de estar cansada, mas logo sentiu o estômago se revirar, sentiu que deveria sair dali rapidamente para o banheiro. Saiu correndo, não conseguiria disfarçar.
Saindo do banheiro percebe um aglomerado de gente, todos preocupados.

-O que foi? - Pergunta Arthur preocupado. – Sua mãe disse que você saiu correndo da cozinha.
-Calma papai, eu só me senti um pouco mal, deve ser sei lá, a emoção. – Disse Gina com ar de despreocupada.
-Querida, o que exatamente você sentiu? – Pergunta Molly com um sorriso estranho no rosto.
Não entendendo toda o alvoroço. – Eu só fiquei um pouco tonta, me sentei e o meu estômago deu uma volta.
-Ela tá atrasada? – Pergunta Molly.
-Hum?! – Pergunta Gina fingindo não entender. - “Ela tá me perguntando isso mesmo? Na frente de todo mundo?”.
- Você sabe querida. Sua menstruação! Ela está no período normal? - Insiste a mulher.
-Mãe! Precisa fazer esse tipo de pergunta na frente de todo mundo? Assim? – Gina tenta mudar o rumo da conversa. – Quer me matar de vergonha?
-Ginervra Weasley! – Diz Molly com uma voz nada amigável
-Ok sra. Weasley, você venceu, sim! Ela está atrasada! – Diz Gina em um tom púrpura.
-Isso não te sugere nada? – Pergunta Hermione se manifestando.
-Tonteira, enjôo, e menstruação atrasada. – Lembra Molly.
-Não! – Em sua cabeça havia um mistura de vergonha, confusão, e medo. – Vocês estão querendo dizer que eu estou...
-Grávida! – Completou Hermione e a sra.Weasley.
-O que? – Perguntaram todos os homens presentes, parecendo que não entenderam uma única palavra.
-Isso mesmo. Ela tem todos os sintomas iniciais. – Diz Molly com um sorriso. – Mais um neto querido. – Diz esses ultimas palavras ao marido.
-Acho que eu preciso de um copo de água. – Diz Gina tentando assimilar a noticia. – “Já se foi a minha tentativa de esquecer aquele maldito!”.

Os últimos dias passaram como minutos, Gina queria ter aquele filho, mais do que tudo, só não queria que a criança carregasse o sangue dos Malfoys, tentava esconder esses pensamentos. Pegava-se muitas vezes na frente do espelho olhando sua barriga, tinha a esperança que crescesse ao menos centímetros, já amava aquela criança, já a desejava mais que qualquer coisa em todo o mundo mágico.
Segunda chegou, e ela foi trabalhar, seu primeiro dia de trabalho, sua vida mudara tão rápido, e de uma maneira absurda, já seria mãe, trabalhava em um local respeitável, e não tinha a mínima noção de como ou onde encontrar o pai de seu filho, mas isso não a preocupava no momento, ela ainda curtia a novidade, ia ser mãe.
O dia foi agradável, o nervosismo passou rápido, e ela percebeu que daria conta de seu novo trabalho, isso a confortava momentaneamente.

-Como foi o primeiro dia filha? – Pergunta Molly quando a filha chega e se senta na cadeira mais próxima.
-Foi bom, não era o trasgo que eu pensei que seria.
-Por que não sobe e toma um banho para o jantar? Parece cansada.
-É sim! É o que vou fazer, já volto mamãe. – Sai depois de dar um beijo na bochecha da mãe.

O banho foi relaxante, parece que um peso saiu de suas costas, mesmo que não houvesse peso algum, a não ser é claro, ser mãe dentro de alguns meses. Aquilo não era um peso, era uma felicidade.
Desceu para o jantar, e percebeu uma coisa engraçada, inconscientemente, ou conscientemente, todos da casa a paparicavam, sem exceções. Até mesmo Rony, aquilo era hilariante.

-Filha, você já se decidiu quando vai informar ao pai dessa criança sua existência? – Pergunta o pai com a cara mais séria que possui.
-Acho que ele não vai ser informado desse fato. – Disse a garota como se aquilo fosse natural.
-Como “não vai ser informado desse fato?” – Pergunta Molly entrando na conversa.
-Ele não seria homem o suficiente para assumir ou entender o quanto isso significa. – A garoto disse séria e fria.
-E o bebê vai nascer sem pai? – Pergunta Molly.

Todos a mesa olhavam de um lado para o outro.

-Ele não vai ter um pai presente, mas vai saber que tem um. - Disse a garota pegando a salada. – Se no futuro ele quiser conhecer o pai, eu o ajudarei a encontrá-lo.
-Ginervra Weasley, você gostaria de não ter um pai presente por egoísmo meu?
-Se o meu pai tivesse feito o que o pai do meu filho fez comigo, eu acabaria entendendo. E meu filho vai entender.
-Você tem certeza de que isso é o certo?
-Não, mas, que ainda tenho oito meses para pensar nisso, e mais, se eu não contar ao Draco, sempre direi ao meu filho do pai dele, não como um monstro. – Disse se levantando. – Agora, com licença, vou pro meu quarto, tive um dia exaustivo.
-Boa noite! – Todos disseram em uníssono.
-Boa noite. – Disse Gina da escada. – Até amanhã.

Gina subiu até seu quarto, se preparou para dormir e deitou, aquela discussão não lhe fizera bem. Já na cama pensou no que a mão havia lhe dito, “você gostaria de não ter um pai presente por egoísmo meu?”. Por que aquelas palavras ecoavam por sua mente tão intensamente? Seria o melhor pra vida de todos se Draco não se envolvesse nisso, para a sua, para a do próprio Draco, para a do bebê, e até mesmo pra toda a família que não seria obrigada a conviver com o Malfoy mais jovem. “Se um dia meu filho quiser conhecer o pai, eu posso ajudá-lo a encontrar, mas só nesse caso!”.
De repente veio a sua cabeça um pensamento que a fez rir, “Qual será o nome dele? Ou dela?”, parecia absurdo a sua mente pensar naquilo tão cedo, nem sabia se era menino ou menina. “Sempre gostei de Guinnever ou Devon”, adormeceu com a possível imagem da criança em mente.

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