Criaturas Invisíveis



— CAPÍTULO DEZOITO —
Criaturas Invisíveis




— É ela! — sussurrou Rony.
— Venham! — Harry chamou, estendendo a capa da invisibilidade.
Os três moveram-se com cuidado para não derrubar a capa e acomodaram-se em um canto, Harry espremendo-se no meio de Rony e de Hermione, que tremia apreensiva e lutava para acalmar o ritmo de sua respiração para não ser ouvida. Foi claro, desde o momento em que Dolores Umbridge entrou na cabana, que seu objetivo era encontrar Harry.
— Há três pares de pegadas que vêm até a sua casa — ela chegou a dizer em um determinado momento.
Hagrid ficou inventando desculpas para as pegadas, a caneca quebrada de Hermione e seus ferimentos, enquanto devia estar estranhando a presença ali daquela mulher que nunca vira, com toda aquela postura acusadora. Antes de ir, Umbridge informou a ele que estava inspecionando todos os professores e suas aulas, em tom de ameaça. Isso plantou em Hermione uma semente de terrível angústia.
— Inspecionando pessoas, é? — Hagrid perguntou enquanto olhava pela janela logo após Umbridge ter deixado a cabana.
— É, — Harry confirmou — Trelawnay já está em observação.
— Que tipo de coisa — Hermione começou ansiosa — você está planejando fazer com a gente em aula, Hagrid?
— Ah, não se preocupe. — ele respondeu animado. — Tenho um monte de aulas preparadas. Criei alguns bichos especialmente para o ano do N.O.M. de vocês.
— É? Ah... Que tipo de bichos?
— Ora, não vou dizer, é claro! Não quero estragar a surpresa.
— Escute Hagrid — Hermione disse, agora privando-se de qualquer cuidado no que tinha a dizer. — Umbridge pode não ficar satisfeita se você trouxer para a aula alguma coisa perigosa demais.
— Perigosa? Não seja boba, eu jamais traria alguma coisa perigosa para vocês...
— O fato é que você precisa passar na inspeção dela. — olhando agora para o amigo e especialmente para o estado em que ele estava, a perspectiva de vê-lo demitido por Umbridge a aterrorizou completa e terrivelmente. — Hagrid, por favor... Ela está procurando qualquer desculpa para se livrar dos professores que considera mais próximos de Dumbledore. Por favor, nos ensine qualquer coisa sem graça que esteja no exame...
— Olhe... — disse Hagrid depois de um bocejo. — Foi um longo dia e está tarde.
Ele deu uma palmadinha no ombro de Hermione que a derrubou de joelhos, mas no instante seguinte ele já a puxara de volta pela gola das vestes e estava pedindo desculpas. — E pare de se preocupar comigo, está bem? — ele pediu. — Juro que tenho um ótimo material para as aulas. É melhor irem voltando para o castelo, e não esqueçam de dar um jeito de apagar as pegadas que deixarem.
Os três saíram à rua cobertos pela capa da invisibilidade. Andando de costas, apoiada no ombro de Rony, Hermione ia executando um feitiço que apagava os vestígios que estavam deixando na neve conforme andavam. Quando alcançaram o castelo, pararam um pouco enquanto Harry verificava o mapa do maroto. Depois do OK dele, recomeçaram a andar. Rony comentou com Hermione, quebrando o silêncio:
— Não sei se Hagrid conseguiu entender o que você disse.
— Então voltarei lá amanhã — ela retrucou com convicção. — Vou planejar aulas para ele, fazer o que for preciso. Se Umbridge quer mandar Trelawnay embora eu não me importo, mas não vou deixar que se livre de Hagrid.
Na manhã seguinte, então, Hermione preparou-se para voltar à cabana de Hagrid depois do café da manhã.
— Também quero ir — reclamou Rony, reforçado por Harry.
— Impossível — ela respondeu com calma depois de esvaziar o copo de suco de abóbora. — Vocês sabem que não podem; com toda essa coisa do quadribol acabaram atrasando os deveres de novo.
— Para que serve um domingo se não se pode nem sair do castelo? — gemeu Rony.
— Com um pouco de organização vocês podem manter os deveres em dia e não precisar chegar a isto.
— Com um pouco da sua ajuda também seria legal — disse Harry, com um sorrisinho. — Estou brincando.
— Bem, eu já vou indo — ela disse, levantando-se e enterrando o gorro mais fundo na cabeça. — Não vou demorar, até mais.
Apesar do sol forte, estava incrivelmente frio na rua. Os lábios de Hermione tremiam com as rajadas de vento cortante e sua perna afundava até a altura dos joelhos na neve a cada passo que dava. Com algum esforço através da neve, chegou à porta da cabana de Hagrid e bateu, contemplando o estado de suas calças, encharcadas. Como Hagrid não respondesse, bateu novamente.
— Hagrid! — chamou, quando batia pela terceira vez.
Ela andou ao redor da casa, que parecia vazia. Tornou a bater várias vezes, pensou em desistir e refutou a possibilidade, e por fim esperou sem saber bem o que fazer. Após cerca de trinta minutos desse impasse, Hagrid simplesmente saiu do meio das árvores, andando de modo esquisito. — Hagrid! — ela exclamou. — Onde estava?
— Ora, de onde eu pareço estar vindo? — respondeu ele com um sorriso que Hermione achou muito esquisito. — Da floresta, claro!
Ele mancava e seus ferimentos pareciam ainda piores vistos à luz do dia. Não apenas o sorriso, mas também o jeito dele estava totalmente estranho. Ele parecia não prestar muita atenção a ela, parecia perdido em pensamentos.
— Você está bem? — ela perguntou.
— Ótimo, ótimo. — ele respondeu com displicência e depois passou a falar consigo mesmo. — Será que eu devia levar mais comida? Ah, mas acho que já dei o suficiente...
— Hagrid... — ela chamou. — Será que podemos conversar um pouco?
— Claro, Mione. — ele respondeu, muito distraído, depois deu um empurrão na porta que sacudiu a cabana inteira.
Hesitante, Hermione entrou. Havia muita sujeira pelo chão e sobre a mesa, e os cacos da xícara que ela quebrara na noite anterior continuavam no mesmo lugar.
Reparo! — ela disse, apontando a varinha para a xícara, abaixando-se em seguida para juntá-la.
Depois disso, usou um feitiço para limpar a mesa e o chão, e o aspecto geral do interior da cabana melhorou muito. Hagrid não pareceu notar nem o que ela fizera e nem o resultado conforme entrava, fechava a porta atrás de si e tirava a pesada capa, o tempo inteiro murmurando perguntas e respostas ininteligíveis. De súbito, ele a olhou e disse:
— Mas o que a traz aqui tão cedo, Mione? Só lembro de vê-la aqui, sozinha, num domingo de manhã, naquela época em que me ajudava com o processo do Bicuço.
Aquilo lembrou Hermione de algo que guardara para dizer a ele.
— Eu o vi, Hagrid! Eu vi Bicuço! — ela se aproximou dele, sorrindo. — Ele está na sede da Ordem da Fênix, está ótimo, Sirius tem cuidado muito bem dele!
— Que ótimo — ele respondeu sorrindo, mas ainda parecia um tanto distraído.
Decepcionada, ela tornou a se afastar e desfez o sorriso.
— Bem... Vim aqui para ajudá-lo também, como fazia naquela época. Você se lembra daquilo que conversamos ontem à noite, sobre Umbridge estar inspecionando os professores?
— Onde está aquilo que eu tinha... Ah... Sim, claro, lembro... Ah, não, não está aqui, pensei que estivesse aqui...
Aquela falta de atenção era agonizante. Ela aumentou o tom de voz.
— Pois então, eu preciso que você me diga o que planejou para as aulas, e eu posso ajudá-lo a replanejá-las, podemos tirar o que ela não aprovaria e o que... Hagrid, você está me ouvindo?
— Claro, claro... — ele pareceu se obrigar a ficar quieto e escutar.
Hermione soltou o ar com ruído. Durante muito tempo tentou convencê-lo a usar o programa das aulas feito pela prof. Grubbly-Plank e perdeu as contas de quantas vezes repetiu seus argumentos a respeito das inspeções de Umbridge. Tudo isso foi em vão, pois Hagrid não estava disposto a ouvir. Ele só fazia repetir que ela estava exagerando, que não havia motivo para tanta preocupação, que suas aulas estavam prontas e ótimas e que não precisava de ajuda ou do programa de outra professora.
— Pelo menos me diga, então — ela disse, já esgotada, na hora em que resolvera desistir e voltar ao castelo. — o que planejou para as aulas, que criaturas são essas que...
— Não! Você é esperta, mas não vai me enrolar... Não vou contar nada! Será surpresa!
— Hagrid! — disse ela em tom de súplica, numa última tentativa. — Como foi que você conseguiu esses ferimentos? Me diga, por favor!
Ele pareceu inclinado a contar por um instante, mas no seguinte já dizia:
— Ora, esqueça isso, eu já estou melhorando. Não está na hora do almoço? Você precisa voltar logo para o castelo para comer, vá logo.
Ela saiu dali, andando ainda com dificuldade pela neve e sentindo as calças, que já haviam secado durante o tempo que passara na cabana com Hagrid, tornarem a se encharcar. Chegando ao castelo, contou a Harry e Rony sobre a tentativa frustrada.
— Bem... Você tentou, não é? — Rony disse em tom de consolo. — Vá trocar essa roupa molhada e vamos almoçar... Você deve estar morrendo de frio e de fome.
Ela olhou para o garoto com estranheza; ele não costumava demonstrar tanta preocupação com ela. Enquanto se trocava, no entanto, chegou à conclusão de que ele devia estar arrependido da maneira como a tratara na noite anterior. Ela pensou sobre como seria melhor se ele simplesmente pedisse desculpas.

Hagrid voltou a dar aulas na terça-feira. Hermione tremia de apreensão e de frio conforme andava junto com Rony e Harry a caminho da cabana do amigo, imaginando se Umbridge apareceria para inspecionar a aula. Assim que a turma inteira já se encontrava em frente à cabana, Hagrid anunciou que a aula seria na floresta proibida, alegando que “eles” estavam lá e preferiam o escuro.
— O que prefere o escuro? — Malfoy perguntava a Goyle e Crabbe em algum lugar, soando apreensivo.
Hermione observou com preocupação que Hagrid parecia ter novos cortes pelo corpo e pelo rosto, além dos ferimentos de antes, que não pareciam ter melhorado nem um pouco. Imaginou que tipo de criaturas ele estaria criando, pois só poderia ser alguma ou várias delas que continuavam a machucá-lo, se ele já estava de volta da missão com os gigantes.
— O que vamos estudar hoje é bem raro — Hagrid dizia com orgulho. — Calculo que eu seja a única pessoa na Grã-Bretanha que conseguiu domesticá-los.
— Tem certeza de que estão domesticados? — Malfoy perguntou, parecendo agora ainda mais assustado do que antes.
— É claro que estão domesticados! — Hagrid respondeu, ajeitando no ombro o que parecia ser um bom pedaço de uma vaca morta.
— Então o que aconteceu com o seu rosto?
— Ora, cuide da sua vida! Agora, se terminaram de fazer perguntas bobas, me sigam!
Ninguém parecia muito disposto, mas, com algum esforço, Hermione, Rony e Harry tomaram a iniciativa de seguir Hagrid, sendo seguidos depois pelo restante da turma. Levou alguns minutos até que ele finalmente parasse de andar, deixasse o pedaço da vaca no chão e decretasse que haviam chegado. As árvores eram tão próximas umas das outras naquele lugar que nem mesmo a neve ou a luz penetravam as copas, unidas umas às outras como se fossem uma única. A escuridão era quase total.
Hagrid anunciou que ia chamar as criaturas que estudariam naquele dia, e o fez através de gritos esquisitos e muito agudos. Hermione sentia seu coração pulando irregularmente dentro do peito, incerta de qual era o motivo mais forte para isso; se era o medo de que Umbridge aparecesse e desaprovasse a aula ou o medo das próprias criaturas que veria em poucos instantes. Qualquer que fosse o motivo, no entanto, era bastante agravado pela atmosfera sombria daquele local em que se encontravam.
Hermione corria os olhos pelas árvores, esperando o aparecimento das criaturas. Rony, a seu lado, cochichou:
— Por que ele não chama outra vez?
— Ah, e aí vem mais um! — Hagrid exclamou.
Rony virou-se para ela imediatamente, com uma cara de confusão completa, e os dois trocaram um olhar de dúvida. Havia, então, alguma criatura ali? Ela olhou bem para o meio, onde Hagrid deixara a carne de vaca. Imaginou que deviam ser criaturas minúsculas ou invisíveis, e começou a procurar em sua memória algo que tivesse lido. Foi quando um pedaço da carne da vaca simplesmente se soltou do resto da carcaça e sumiu.
— Agora... — disse Hagrid com animação. — Levantem as mãos... Quem consegue vê-los?
Hermione se surpreendeu, pois Harry levantou a mão bem alto. Imaginara que ele também não estivesse enxergando, como ela e Rony. Mais atrás, viu que Neville também estava com a mão erguida e, bem longe, perto de Goyle e Crabbe, um garoto da Sonserina era o último dos únicos alunos que tinham erguido as mãos.
— Com licença, — Malfoy perguntou com desdém — mas o que exatamente eu deveria estar vendo?
Sem responder, Hagrid indicou a carcaça da vaca, e foi possível ouvir muitos murmúrios de horror conforme as pessoas percebiam a carne sendo comida por criaturas invisíveis. Parvati, trêmula, perguntou:
— O que está fazendo isso?
— Testrálios — Hagrid respondeu com simplicidade e orgulho. Hogwarts tem um rebanho deles aqui na floresta.
Hermione lembrou-se instantaneamente da página dedicada aos testrálios na Enciclopédia das Criaturas Mágicas. Parvati ainda comentou que ouvira dizer que testrálios traziam má sorte, mas Hagrid negou. — Na verdade, eles são muito inteligentes e úteis. Esses aqui não trabalham muito, só puxam as carruagens da escola.
— Então são eles! — Rony murmurou muito baixo. — Eles puxam as carruagens...
— Agora, — disse Hagrid — quem é capaz de me dizer por que alguns de vocês conseguem vê-los e outros não?
Hermione ergueu o braço. Enxergou de longe Pansy Parkinson imitando-a e depois tendo um acesso de risinhos que abafou com as mãos. Hagrid lhe sorriu, pedindo que respondesse, então.
— Só podem ver os testrálios pessoas que já viram a morte. — ela respondeu, lembrando que Harry vira Cedrico Diggory morrer no ano anterior e imaginando quem Neville teria visto morrer.
— Isso mesmo, dez pontos para a Grifinória. Agora, os testrálios...
Hem, hem.
Era Umbridge, Hermione sabia, mesmo antes de se virar para olhar. Ela trazia em mãos sua prancheta e perguntou a Hagrid se ele lembrava de ter recebido, naquela manhã, o aviso de que teria sua aula inspecionada. Hagrid foi gentil, respondendo que recebera, que ficava satisfeito que ela não tivesse tido dificuldade em encontrá-los e que estava ensinando sobre testrálios naquele dia. Umbridge agiu como se não conseguisse compreende-lo. Confuso, Hagrid repetiu, sacudindo os braços:
— Testrálios! Cavalos alados, grandes... sabe?
Ela meramente ergueu as sobrancelhas e começou a anotar na prancheta, murmurando:
Tem... de... recorrer... a... grosseira... gesticulação.
Hagrid voltou-se para a turma, ainda confuso.
— Bem... O que é mesmo que eu ia dizendo?
Parece... esquecer... o... que... estava... dizendo.
Hermione sentiu uma intensa onda de calor pelo corpo inteiro; era uma raiva tão enorme que parecia consumir todo o ar de seus pulmões.
— Ah, sim — disse Hagrid. — Eu ia contar a vocês como formamos um rebanho...
— Você tem ciência — Umbridge interrompeu — de que o ministério da magia classifica os testrálios como perigosos?
— Eles não são perigosos! Tudo bem, são capazes de tirar um pedaço de alguém que realmente os importunar...
Manifesta... prazer... à idéia... de... violência.
As coisas estavam indo da pior maneira possível. Hermione podia ver Umbridge reprovando Hagrid e o mandando embora. Sentiu um nó na garganta e os primeiros indícios de lágrimas chegando por detrás dos olhos.
— Ora, vamos! — argumentou Hagrid. — Um cão morde quem o açula, não é?
Umbridge continuava anotando como se não ouvisse Hagrid. Quando terminou, disse, gesticulando ao mesmo tempo para representar o que dizia, como se Hagrid fosse incapaz de entender inglês:
— Continue sua aula como sempre, eu vou andar um pouco entre os alunos e fazer perguntas — ela apontou para sua boca como que para indicar a fala.
— Sua megera, sua megera maligna! — Hermione sussurrou, sentindo as lágrimas descendo devagar pelo rosto.
Umbridge foi fazendo perguntas tendenciosas aos alunos, como que para obter as respostas que dissessem o pior possível a respeito de Hagrid.
— Você consegue ver os testrálios, não é? Quem você viu morrer? — ela perguntou a Neville, sem a menor delicadeza.
— Meu... Meu avô. — ele respondeu, apreensivo.
— E o que acha deles? — ela indicou os testrálios.
Neville hesitou, olhando para Hagrid, antes de dizer:
— Ah... Tudo bem.
Os... alunos... se sentem... demasiado... intimidados... para admitir... que têm... medo.
— Não! — Neville protestou. — Não tenho medo deles.
— Está tudo bem — disse ela.
Enquanto isso, Hagrid estivera tentando prosseguir com a aula, coisa que só conseguiu realmente fazer depois que Umbridge se retirou, depois de anunciar que já vira o suficiente e que enviaria o resultado da inspeção a ele depois. Conforme a observava sumir no horizonte, Hermione amaldiçoava-a em pensamento e secava as lágrimas.
Depois da aula, quando voltavam ao castelo, ela esbravejou à vontade.
— Aquela velha nojenta, mentirosa, deturpadora! Vocês perceberam o que ela está tramando? É por causa daquele preconceito idiota, ela quer faze-lo parecer um trasgo retardado só porque a mãe dele era giganta! A aula nem foi ruim, os testrálios são ótimos se comparados a explosivins, por exemplo!
— Mas ela disse que eles são perigosos — Rony disse.
— Ora, como Hagrid disse, eles apenas se defendem... Mas eles são muito interessantes, isso de nem todos poderem vê-los, eu gostaria de poder.
— Gostaria? — Harry perguntou.
Ela parou de andar, arrependendo-se até o último fio de cabelo.
— Ah, Harry... Desculpe... Não, é claro que não, que burrice dizer isso...
— Não se preocupe — Harry apressou-se em dizer, com calma.
— Mas é surpreendente que tanta gente pudesse vê-los... — disse Rony. — Três em uma turma...
— É, Weasley, estávamos mesmo imaginando... — disse a voz asquerosa de Malfoy, que andava atrás deles sem ser percebido, em companhia de Crabbe e Goyle. — Será que se já tivesse visto alguém morrer você veria melhor a goles?
Malfoy, Crabbe e Goyle caíram na gargalhada e os ultrapassaram, começando depois a cantar “Weasley é nosso rei”. As orelhas de Rony ficaram escarlates.
— Não ligue para eles — Hermione disse, recomeçando a trilhar um caminho por entre a neve com o ar quente que saía de sua varinha. — Ignore.
Era difícil dar aquele conselho, quando ela mesma se encontrava em um estado de nervos em que poderia facilmente ter pulado no pescoço de Malfoy, por cantar aquela música horrorosa outra vez, ou no de Umbridge, enquanto ela estivera escrevendo aquelas coisas horríveis sobre Hagrid.

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