O Segredo de Rony



— CAPÍTULO DEZ —
O Segredo de Rony




O barulho da chuva a acordou antes da hora, golpeando com força as janelas do dormitório. Embora já tivesse amanhecido, estava escuro por causa das nuvens cinzentas que tomavam conta do céu. Hermione desceu à sala comunal, onde a lareira ainda crepitava timidamente num fogo que se extinguiria logo, e foi diretamente checar as latas de lixo; todas vazias. Os gorros não estavam em parte alguma, os elfos os tinham levado embora.
— O que diabos aconteceu para você ficar tão feliz? — perguntou Rony mais tarde, durante o café da manhã.
Ela não estava demonstrando tanta animação assim, pensou, mas afinal não era ruim que Rony percebesse sua menor demonstração. Por um momento sentiu-se inclinada a provocá-lo, dizer que tinha recebido outra carta de Vítor Krum. Acabou dizendo a verdade, a respeito dos gorros.
— Parece que eles querem ser liberados, afinal — acrescentou alegremente.
— Eu não confiaria tanto nisso — disse Rony, em tom desagradável. — Talvez eles não tenham percebido que eram peças de roupa. Eu mesmo não saberia que eram gorros, parecem mais bexigas de lã.
Hermione parou de comer imediatamente e se retirou do salão principal, decidida a não falar mais com Rony por um bom tempo. Sentou longe dele e de Harry nas aulas de Feitiços e Transfiguração e não foi ajudá-los com o dever de Poções na biblioteca. Sentou-se sozinha no salão principal, observando o teto encantado; parara de chover e as nuvens já não pareciam mais tão densas.
Gina chegou não muito depois e almoçou com ela. Em determinado momento, a conversa das duas acabou indo parar em Luna Lovegood, quando Gina contou algumas coisas engraçadas sobre a garota. Hermione ficou em dúvida sobre contar ou não à amiga que no dia anterior Cho Chang tinha procurado Harry para conversar. Por sorte, Gina estava com pressa para ir à aula de Herbologia e deixou o salão antes dela, impedindo-a de contar qualquer coisa afinal de contas.
Depois do almoço, Hermione seguiu até a orla da floresta para a aula de Trato das Criaturas Mágicas, lançando à cabana de Hagrid um olhar triste ao passar por perto. Ele diria que eu não deveria me aborrecer com isso, pensou. Hagrid lhe daria uma xícara de chá e a aconselharia a não se magoar tanto com cada coisa que Rony dissesse. Ela abraçaria seu corpo enorme com um nó na garganta e voltaria ao castelo sentindo-se bem melhor.
Mas Hagrid continuava desaparecido. Em seu lugar, a profa. Grubbly-Plank esperava os alunos da Grifinória e da Sonserina, à frente de uma mesa cheia de gravetos e como sempre com aquela expressão de eficiência no rosto. Hermione não podia negar que gostava das aulas dela, mas isso nada tinha a ver com sua amizade por Hagrid e seu desejo de que ele voltasse a Hogwarts são e salvo e o quanto antes.
— Tronquilhos — murmurou.
Os objetos sobre a mesa não eram gravetos, e sim tronquilhos. Lera sobre eles no livro que ganhara de Hagrid, A Enciclopédia das Criaturas Mágicas.
— Sozinha, Granger? — era Pansy Parkinson, de mãos dadas com Draco Malfoy, os distintivos de monitores dos dois colocados na mesma altura em suas vestes. — Onde estão seus amigos?
— Não é da sua conta. — ela resmungou em resposta, saindo de perto dos dois.
Não demorou muito para que Rony e Harry aparecessem e se juntassem a ela, sem uma palavra sequer. Rony tinha no rosto, entretanto, um olhar de quem sabe que deve pedir desculpas, e lembrando-se mais uma vez de Hagrid, ela decidiu que já ficara tempo suficiente sem falar com ele. A profa. Grubbly-Plank perguntou se todos os alunos já haviam chegado, e a seguir deu início a aula.
Hermione ganhou dez pontos para a Grifinória com suas respostas certas sobre os tronquilhos, mas isso não a ajudou a lidar com as criaturas na prática. Precisavam desenhá-los, mas ela e Rony não estavam tendo sucesso em tentar fazer com que um deles permanecesse parado. Harry, que tinha se afastado deles, retornou instantes depois dizendo:
— Perguntei à professora se ela sabia alguma coisa sobre Hagrid, mas ela não sabe de nada. Malfoy... — ele hesitou. — disse que talvez Hagrid esteja lidando com algo grande demais para ele.
Pelo tom e pelo olhar de Harry, Hermione percebeu o que ele temia, mas não se assustou tanto quanto ele. Acreditava que Malfoy estava blefando, tentando assustá-los.
— Dumbledore saberia se algo tivesse acontecido a Hagrid — disse imediatamente. — Não podemos demonstrar medo do que Malfoy diz, pois é exatamente o que ele quer. Precisamos ignorá-lo. Agora nos ajude aqui com esse tronquilho...
— Meu pai — dizia Malfoy, não muito longe deles — esteve falando com o ministro, e parece que eles estão realmente determinados a acabar com o ensino ruim dessa escola. Portanto, mesmo que aquele retardado enorme consiga voltar, provavelmente vai ser despedido!
Apertando os olhos, ela engoliu em seco as risadas do grupo da Sonserina. O tempo da aula não demorou muito a passar, e quando estavam chegando às estufas para ter Herbologia cruzaram com os quartanistas da Grifinória e da Corvinal. Hermione viu Gina dirigir um “oi” bem corajoso a Harry antes de acenar para ela e se retirar.
Luna Lovegood também apareceu, com os cabelos desgrenhadamente presos no topo da cabeça e brincos que lembravam rabanetes laranjas. Ela disse a Harry que acreditava na história dele sobre o retorno de Voldemort. Ernesto MacMillan fez o mesmo, e Hermione pôde perceber o ânimo de Harry melhorar um pouco.
A caminho do salão principal os três foram novamente abordados, desta vez por Angelina Johnson, a nova capitã do time de quadribol da Grifinória. Ela criticou Harry duramente por ter “arranjado um compromisso” que o impediria de comparecer ao treino que se realizaria na próxima sexta-feira.
— Eu não decidi cumprir uma detenção, está bem? — defendeu-se ele. — Foi a profa. Umbridge quem quis assim.
— Pois trate de ir até ela e dar um jeito de se livrar na sexta-feira. Precisamos do time inteiro para testar os goleiros, para termos certeza de que encontraremos alguém que se ajuste com todos!
Rony perguntou, quando já estavam sentados à mesa da Grifinória jantando:
— Alguma chance de ela liberá-lo na sexta-feira?
— Menos que zero... — Harry respondeu desanimado. — Em todo o caso, vou tentar. Me oferecer para cumprir mais duas detenções, sei lá. Espero que ela não me prenda lá por muito tempo, pois nós temos muitos deveres para fazer!
— E parece que vai começar a chover — Rony acrescentou pesaroso, olhando para o teto encantado.
Hermione virou-se para ele e terminou de mastigar a batata que tinha na boca, antes de perguntar com o cenho franzido:
— O que isso tem a ver com os nossos deveres?
— Nada — disse Rony, suas orelhas tingindo-se de vermelho vivo.
Depois que Harry os deixou para ir cumprir sua primeira noite de detenção com a profa. Umbridge, Rony ficou inquieto, sem dúvida parecia nervoso com alguma coisa. Remexia a comida no prato com impaciência enquanto parecia estar juntando coragem para fazer alguma coisa. Hermione o observava com estranheza desde o comentário sobre a chuva.
— Está tudo bem com você, Rony?
Ele fez cara de quem não queria ter de responder àquela pergunta.
— Olha — disse ele, por fim, encarando-a ainda com aquela expressão exasperada. — Eu preciso fazer uma coisa, certo? Vejo você depois.
E ele deixou o salão principal e uma Hermione atônita para trás.

— Mimbulus Mimbletonia — disse ao retrato da mulher gorda, e ela abriu passagem.
Hermione vasculhou com os olhos por toda a sala comunal à procura de Rony, mas ele não estava lá. A um canto, Fred e Jorge discutiam e anotavam idéias em pranchetas, como se estivessem em uma reunião de negócios. Ela teve vontade de perguntar a eles se sabiam do irmão, mas não o fez. Desanimada, subiu ao dormitório e trocou-se, para depois sentar em sua cama, com o dossel fechado em volta de si, para tricotar mais gorros para os elfos domésticos.
Agora que podia usar magia, ela tinha condições de fazer muitos mais de cada vez, além de estar aprendendo técnicas novas com um livro que retirara na biblioteca, Aprenda a tricotar com suas próprias mãos e uma varinha. Planejava ficar tricotando por algum tempo e depois tornar a procurar Rony quando descesse à sala comunal para esconder os gorros, mas acabou adormecendo por cima da lã e das agulhas. Só voltou a acordar bem mais tarde, e quando desceu levando os gorros, a sala comunal já estava completamente deserta.
Rony e Harry não apareceram para o café da manhã do dia seguinte, e como eles tinham Adivinhação e Hermione Aritmancia no primeiro horário da manhã, ela só os viu novamente na aula de Transfiguração. Mesmo assim, não houve tempo suficiente para que perguntasse a Rony aonde ele fora na noite anterior, e o que fizera. Ao final da aula, ele e Harry disseram que não almoçariam para terminar o desenho dos tronquilhos, e separaram-se dela novamente.
Só na hora do jantar surgiu oportunidade para que ela fizesse sua pergunta a Rony. Ele comentou da quantidade de deveres que tinham para fazer e ela aproveitou a deixa para perguntar, aflita:
— Por que você não fez nada ontem à noite? Aonde foi, afinal?
— Fui andar, só isso — respondeu ele sem mais detalhes.
Durante os dias que se seguiram, entretanto, Rony continuou desaparecendo logo depois do jantar, enquanto Harry cumpria sua detenção em que, conforme ele contara, ficava escrevendo até tarde. Sozinha, Hermione fazia seus deveres e tricotava furiosamente, sentindo-se feliz por todos os gorros estarem sumindo, todos os dias.
Na quinta-feira à noite, ela se surpreendeu ao ver Rony e Harry chegando mais cedo à sala comunal, juntos, Rony segurando a vassoura nova que ganhara de seus pais. Transbordando de ansiedade, ela correu até eles.
— Rony, você vai me explicar ou não o que estava fazendo com essa vassoura e o que tem feito todas as noites?
Contrafeito, Rony deixou caírem os ombros e disse:
— Não ria. Estive treinando, penso em ser o novo goleiro do time da Grifinória.
Uma onda de alívio percorreu Hermione pela espinha. Ela não saberia dizer, ou não gostaria de admitir, mas estivera temendo que o compromisso dele de todas as noites envolvesse outro tipo de coisa. Abriu um sorriso largo, em resposta ao qual Rony corou e também sorriu, encabulado.
— Isso é... seria ótimo! — ela exclamou, por fim. — Tomara que você consiga, Rony!
— Obrigado — murmurou ele sem olhar para ela, o rosto muito vermelho.
Enquanto tricotava, mais tarde naquela noite, Hermione pensava sobre Rony se candidatando à vaga de goleiro. Não entendia de quadribol, mas perguntava-se se ele era um bom jogador. Queria que ele conseguisse a vaga, mas também temia que ele fosse mal nos testes, que fosse dispensado, que se sentisse humilhado. Ficou pensando e tricotando até tarde; era uma hora quando escondeu o último gorro e subiu para o dormitório.

A sexta-feira foi um dia nublado e chuvoso como todos os outros daquela semana, e Hermione mal conseguia concentrar-se nas aulas devido ao nervosismo que Rony irradiava. A cada intervalo ele comentava alguma coisa a respeito dos testes para goleiro no final de tarde, deixando-a mais e mais nervosa.
Harry separou-se deles depois do jantar para ir cumprir sua última noite de detenção com a profa. Umbridge, então os dois subiram juntos até a sala comunal. Rony subiu ao dormitório masculino para se trocar e voltou instantes depois. Hermione levantou-se para ir desejar-lhe sorte, a poucos passos do buraco do retrato.
— Vai dar tudo certo — disse. — Vou ficar aqui torcendo, está bem? Boa sorte.
Rony corou furiosamente. Hermione conteve ímpetos de abraçá-lo.
— Obrigado — disse ele saindo, quase errando o caminho da porta.
Mesmo sem dispor de toda a sua concentração, ela tratou de ocupar-se com os deveres de casa. De quando em quando quase adormecia sobre os livros e pergaminhos, repreendendo-se por ter ficado acordada até tarde na noite anterior. Quando finalmente estava fechando os livros e guardando tudo na mochila, Fred e Jorge entraram na sala comunal trazendo caixas e mais caixas.
— Festa! — gritou Jorge. — Comemoração, pessoal! Temos um novo goleiro, e ele é um Weasley!
Hermione deixou o livro sobre a mesa de qualquer jeito e correu até os gêmeos.
— Onde ele está?
— O campeão? — respondeu Fred. — Está vindo, se não se perdeu pelo caminho de tanta felicidade.
— Quer dizer que ele... ele... realmente...?
— Isso mesmo! Inacreditável, não?
Fred e Jorge começaram a abrir as caixas, que estavam cheias de comida e cervejas amanteigadas. Hermione saiu pelo buraco do retrato para procurar Rony. Andou pelos corredores ao redor da entrada da torre da Grifinória e depois foi até as escadas para ver se enxergava Rony subindo por alguma. Alguns instantes depois o viu subindo, com sua vassoura em mãos. Recuou para que ele não a visse lá debaixo e esperou pacientemente até que ele terminasse de subir todos os degraus.
Rony estava corado, mas quando a viu corou mais um pouco. Sorriu, e disse:
— Mione... Eu consegui.
Ela aproximou-se dele.
— Entrar para o time? — perguntou.
— Sim! Sou o goleiro, Mione... Consegui!
— Rony! Que... Que fantástico! — ela exclamou, preparando-se para abraçá-lo, mas foi interrompida por dois alunos do primeiro ano.
— Monitores! — disse um deles, e ao olhá-lo Hermione viu que ele sangrava muito pelo nariz. — Aqueles garotos estão distribuindo doces outra vez, aqueles que fazem sangrar o nariz!
Sentindo o sangue ferver, Hermione saiu correndo atrás dos garotinhos até a entrada da torre da Grifinória. Chegando à sala comunal, havia uma bagunça tão grande de pessoas andando para todos os lados com comida e copos de cerveja amanteigada que ela não conseguiu encontrar os gêmeos em parte alguma. Instantes depois, Rony apareceu pelo buraco do retrato, sozinho.
— Eles estavam bem aqui — disse um dos garotinhos.
Dividida entre procurar os gêmeos e terminar de parabenizar Rony, ela disse:
— Olhem... Vão até o banheiro lavar esses rostos, está bem? Fiquem tranqüilos, pois eu irei punir Fred e Jorge quando os encontrar.
Os garotinhos saíram correndo e Hermione foi até Rony, que servia cerveja amanteigada num copo. Envergonhado, ele olhou-a e perguntou, estendendo o copo:
— Quer?
— Obrigada — ela respondeu, aceitando o copo. — Como foi o teste?
— Ah, nós...
Um grito estridente os interrompeu mais uma vez. Hermione procurou de onde viera e encontrou uma garotinha loura com o rosto ensangüentado.
— Você não vai querer ver o que eu vou fazer com Fred e Jorge quando os encontrar! — disse, olhando para Rony e dirigindo-se para onde estava a garotinha. — Vá lavar o rosto — disse a ela — e não se preocupe, vou pegar os responsáveis por isso.
— Eles estão por toda a parte — disse a garotinha. — Quero dizer, os doces que eles estavam testando, estão por toda a parte agora, não há como saber quais são os de verdade.
— Está bem, está bem, eu cuidarei disso. Agora vá lavar o rosto...
Aquilo era ridículo... Hermione tomou um gole de sua cerveja amanteigada, procurando por Rony outra vez. Quando o achou, ele estava conversando com Dino e Neville, e pelos gestos devia estar contando detalhes sobre os testes. Ela não quis ir até eles e, sentindo as pernas pesarem toneladas, foi largar-se em uma poltrona. Ficou olhando para o copo de cerveja amanteigada em sua mão, e a imagem ficava borrada de tempos em tempos. Aos poucos, os barulhos da sala comunal foram se extinguindo e as luzes se apagando, e foi como se ela enxergasse em sua mente um extenso corredor caindo na escuridão.
Ela sentiu uma presença se aproximando e o barulho de algo tocando o chão muito perto a despertou. Quando abriu os olhos, Hermione percebeu que ainda segurava o copo de cerveja amanteigada e que agora Harry estava sentado a seu lado. Teve vontade de ir correndo direto para o dormitório, sem ter que se importar com narizes sangrando ou dar um abraço em Rony.
— Harry, é você — disse, se recompondo. — Que bom sobre o Rony, não acha? Estou tão cansada... Fiquei acordada até tarde ontem tricotando gorros, todos os que eu fiz até agora sumiram quando os escondi!
— Ótimo — disse Harry, sem indício algum de ter ouvido alguma palavra do que ela dissera. — Escuta, Mione... Acabo de vir do escritório da Umbridge, e ela tocou meu braço antes de eu sair. No momento em que ela me tocou, senti uma dor alucinante na cicatriz.
Hermione piscou os olhos repetidas vezes para assimilar a informação e espantar o sono que teimava em envolvê-la.
— E você acha que ela pode estar sendo controlada por Você-Sabe-Quem, como Quirrell?
— Bem... É possível, não é?
— É, mas não exatamente da maneira que foi com Quirrell, porque naquela época Você-Sabe-Quem não tinha um corpo próprio, não é, e agora tem. Talvez seja a maldição Imperius... Mas a dor na cicatriz também pode ter a ver com o que Você-Sabe-Quem está sentindo, como Dumbledore disse no ano passado, não acha? Quero dizer, talvez tenha sido coincidência doer bem quando você estava perto dela.
— Ela é cruel. Maligna.
— É horrível, concordo. Talvez você devesse contar a Dumbledore sobre a sua cicatriz ter doído, não acha?
— Não vou incomodá-lo com isso, não é importante.
— Acho que ele ia querer ser incomodado com isso...
— É, a cicatriz é o único pedaço de mim com que ele se importa, não é?
Hermione achou que não tinha ouvido direito, mas havia uma expressão de raiva e ressentimento no rosto do amigo.
— Não diga isso! — exclamou, em voz baixa. — Não é verdade!
— Vou escrever para Sirius, contar a ele.
— Mas você não pode mencionar isso em uma carta! E se for interceptada?
— Tá bom. Vou dormir, então. Conte ao Rony por mim, está bem?
— Ah, se você vai dormir eu também vou, só não queria ser mal-educada... Olha, se você quiser me ajudar com os gorros amanhã, saiba que é bem divertido, e eu tenho aprendido técnicas ótimas com um livro que eu peguei na biblioteca.
— Não — disse ele, subindo. — Amanhã não vai dar, tenho muita lição para fazer.
Um pouco desapontada, ela lançou um último olhar a Rony, que conversava animadamente com Neville, e também subiu para ir se deitar.

No dia seguinte, havia duas notícias intrigantes no Profeta Diário quando Hermione o abriu à mesa do café da manhã. Uma falava sobre Sirius ter sido visto em Londres e a outra dizia que Estúrgio Podmore, membro da Ordem da Fênix, tinha sido preso por ter invadido uma seção restrita do ministério.
Além disso, apesar de toda a preocupação com os deveres que Harry demonstrara na noite anterior, ele não se importou nem um pouco em deixá-los para depois quando Rony pediu que ele o ajudasse ensinando alguns truques para voar melhor antes do treino de quadribol. Hermione os advertiu sobre a quantidade de deveres que tinham para fazer, mas eles a deixaram e foram até o campo de quadribol assim mesmo.
Quando Rony e Harry voltaram à sala comunal ela perguntou, com displicência, como tinha sido o treino.
— Uma droga — respondeu Rony, atirando-se na poltrona ao lado dela.
Hermione suspirou. Temera que aquilo acontecesse e agora, ao vê-lo ali tão desesperadoramente desamparado, só teve vontade de aliviá-lo daquela decepção.
— Bem, foi seu primeiro treino, — disse — vai levar algum tempo para...
— Quem disse que fui eu quem estragou tudo? — perguntou ele, agressivamente. — Você pensou logo que só eu poderia ter estragado tudo, não é?
— Não! — ela respondeu, surpresa com a reação dele. — É que você disse que tinha sido uma droga, então eu...
— Vou fazer os deveres — disse ele, saindo em disparada para o dormitório masculino.
Ainda chocada, Hermione perguntou a Harry se ele tinha jogado mal.
— Não — respondeu Harry, sem muita convicção. — Poderia ter jogado melhor, mas... Foi apenas o primeiro treino dele.

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