No Beco Diagonal



“O QUE ERA AQUILO? COMO TERIA ACONTECIDO?” – Harry continuava andando em círculos pelo quarto, tentando explicar o que ocorrera, poucos momentos atrás. Sabia que havia pequenos feitiços, geralmente azarações, que bruxos mais experientes conseguiam realizar sem utilizar uma varinha, já presenciara alguns exemplos, como acender ou apagar velas, fechar ou abrir ferrolhos e convocar objetos. Mas, pelo que entendia, o feitiço que lançara poderia ser considerado com sendo das trevas, e com terrível poder destruidor.
Pensando melhor, em seu primeiro ano em Hogwarts, também foi vítima de um encantamento que visava derruba-lo de sua vassoura em uma partida de Quadribol, o que seria com certeza um feitiço das trevas e, o professor Quirrell, na ocasião, também não usou sua varinha, e alguns anos depois, presenciara Sirius transformar-se em cão sem auxilio do artefato, assim como Rabicho e a professora McGonagall também o faziam quando se transfiguravam...
CRAQUE! ... CRAQUE!
Um novo sobressalto apoderou-se do garoto ao ver os dois elfos se materializarem à sua frente, devia estar com os nervos em frangalhos para se assustar assim repetidamente, uma vez que já estava habituado a ver toda sorte de magia ocorrendo ao seu redor quando se encontrava em Hogwarts.
— Mestre Harry Potter! – disse Dobby com uma profunda reverência que quase o fez tocar o nariz no chão, a seu lado Winky repetiu o gesto – Dobby já falou com Winky e ela aceitou trabalhar para Harry Potter. – disparou o novo criado – Professora McGonagall também já foi informada que temos um novo mestre. – concluiu, aparentemente satisfeito com o relatório.
— Fico muito satisfeito que tenha aceitado me servir, Winky. – disse o bruxo – Mas, a exemplo de Dobby, não quero que seja apenas uma criada, quero que seja minha amiga também.
A pequena elfo pareceu muito envergonhada e apenas concordou com a cabeça. Ao contrário do companheiro, que vestia um colorido suéter de lã, touca e meias, Winky ainda usava o trapo sujo e tradicional dos elfos domésticos, à guisa de uma pequena toga.
— Só tenho uma pequena exigência a fazer Winky: enquanto estiver a meu serviço quero que se vista dignamente! Assim que acertarmos alguns detalhes, você e Dobby deverão lhe comprar um vestido novo e bonito, e estes trapos velhos que você usa deverão ir para o lixo. – disse o bruxo em tom carinhoso – Mas, o mais importante é que você se sinta bem consigo mesma!
E, olhando um pouco mais demoradamente para o companheiro da pequena elfo, completou:
— A touca e as meias você só deverá usar se quiser...
Repentinamente a tímida elfo caiu aos pés de Harry, agarrando as barras de suas calças, aos prantos.
— Dobby havia falado da grandeza de Harry Potter para Winky, meu senhor... Winky está muita satisfeita do mestre a ter chamado para servir a ele... Winky, assim como Dobby, não havia conhecido bruxos dignos como Harry Potter... Veja só menino Bartô: matou o próprio pai... – e, lutando para conter alguns soluços, continuou – Agora vive sem alma em Azkaban... Mas Harry Potter pode confiar em Winky, sim! Winky se atirará à lareira em chamas se um dia desobedecer alguma ordem do mestre!
E, concluindo o desabafo enquanto enxugava as lágrimas nas vestes esfarrapadas, olhou para o outro elfo, que ostentava um enorme sorriso de satisfação.
— Certo... – murmurou Harry, agradecendo intimamente que Hermione não estivesse ali para ouvir aquelas juras de lealdade. Em seguida levantou-se e, certificando-se que a porta do quarto estava trancada por dentro, chamou:
— Monstro!
O velho e horrendo elfo surgiu à sua frente quase que instantaneamente, resmungando entre dentes enquanto fazia uma exagerada reverência.
— O mestre chamou Monstro, o que Monstro pode fazer para o mestre? – e continuou em voz alta, como se mais ninguém pudesse ouvi-lo – “O que este miserável traidor do sangue quer com Monstro? Não basta afasta-lo da casa de sua adorada dona?”
— Se Monstro continuar ofendendo Harry Potter, Dobby vai quebrar os dentes que sobraram nessa cara feiosa! – ameaçou o outro elfo, encaminhando-se para o rival com os punhos fechados, Winky também avançou, indignada.
— Pode deixar, pode deixar! – apaziguou o jovem – Já resolvo isto! – e dirigindo-se a Monstro – Escute bem Monstro, ordeno que você conduza estes dois elfos até a mansão dos Black, onde você deverá informa-los de todo e qualquer tipo de magia que estiver protegendo o lugar, eles passarão doravante a viver lá e serão responsáveis pela guarda e manutenção da casa e de tudo que estiver dentro dela. Depois disto você deverá retornar às cozinhas de Hogwarts, onde irá ficar trabalhando até que eu o chame novamente, entendeu?
A criatura contorceu-se dramaticamente, tentando encontrar alguma forma de desobedecer à ordem, mas depois de alguns instantes concordou com um balançar de cabeça, resignado.
— Vocês dois... – disse agora se dirigindo aos novos “criados” –... deverão ir com ele e aprender todos os segredos da casa e, caso haja visitantes no local, não deverão ser vistos, certo? Depois que Monstro voltar ao castelo, Winky deverá começar a organizar o lugar, mas você... – frisou dirigindo-se a Dobby –... deverá voltar aqui para uma nova missão. Podem ir!
Os três desaparataram logo a seguir e, o recém assumido senhor da mansão dos Black, retornou aos seus pensamentos.


Recostado a um antigo aparador de madeira maciça que ladeava a entrada de acesso ao cômodo principal, o atarracado bruxo esmagava um tipo de castanhas com sua mão prateada, enquanto admirava a força descomunal que nela adquirira após a transformação, quando foi tirado de seus devaneios por um imperioso chamado:
— Rabicho! – a voz do Lorde das Trevas soou fria e quase como um sibilo, sobressaltando o lacaio que montava guarda na ante-sala.
— Sim mestre! – respondeu prontamente o comensal adentrando no aposento e executando uma grotesca reverência – Às suas ordens!
O rosto viperino do feiticeiro, que um dia encantara bruxos e bruxas com seu charme, deixou transparecer uma expressão de desdém quando seus olhos vermelhos avistaram a figura do animago prostrada à sua frente.
— Está pronto para cumprir a incumbência que eu lhe designei? – o tom de sua voz não admitia réplicas.
O bruxo atarracado comprimiu ainda mais a cabeça contra o peito e soltou um breve guincho, como que reprimindo um lamento.
— O mestre sabe que estou sempre pronto a servi-lo, mas... – levantou levemente os olhos até seu interlocutor –... não seria arriscado demais repetir a mesma estratégia que das outras vezes? E... – balbuciou, procurando buscar coragem para continuar –... porque tem de ser esta garota... que está tão distante...
— Cale-se! – o tom era firme e resoluto, apesar da voz não passar de um leve sussurro – Não tenho que lhe dar satisfações e, se quer mesmo saber, a garota irá me pagar uma dívida que lhe foi herdada da avó e, quanto a Hogwarts, nunca esteve tão desprotegida como agora.
— E o jovem Potter? Como teremos certeza de que ele continuará seus estudos, depois do ocorrido? – prosseguiu o outro, aproveitando-se da oportunidade de debater o assunto.
— Se ele tiver um ínfimo da esperteza que demonstrou até agora, saberá que o melhor lugar para ele continuará sendo sob os olhos dos seguidores do velho Dumbledore.
E, afastando-se em direção a um dos cantos da sala que era mais mal iluminado que o restante do aposento, tomou assento em uma majestosa cadeira que aparentava ser uma antiqüíssima raridade, e concluiu:
— Chame Belatriz, ela lhe ajudará a dar inicio ao plano, agora suma da minha frente!


Arnaldo, o Mini-Pufe roxo, caminhava lentamente sobre as pernas estiradas da caçulinha Weasley, que se encontrava sentada ao chão em um dos cantos da cozinha d’A Toca, os olhos perdidos na paisagem que vislumbrava pela abertura da janela e o pensamento voando longe.
— Gina, querida. – a voz da mãe soou gentil e suave, mas ocultando um leve tom de impaciência – Você precisa arrumar o seu quarto, meu bem. Nunca te vi tão relaxada com suas coisas como nessas férias. – e, olhando para a colega de quarto da filha, que descia as escadas, acompanhada de Fleur, acrescentou – As coisas da Hermione estão super organizadas, procure imita-la, sim?
A ruivinha fuzilou a “amiga perfeita” com o olhar e, acariciando o bichinho de estimação com uma das mãos, respondeu resignada:
— Tá, tá, eu vou arrumar mamãe... – e voltou a lançar seu olhar pela janela escancarada da cozinha.
A mais recente integrante da família Weasley – após Hermione ter retribuído, em reprovação, o olhar da colega – procurando romper o instante de silêncio que se fez no momento seguinte, disse – abaixando-se para também acariciar o animalzinho de cor berrante:
— Em mon país non temos estes tipes de biches, son raríssimes. Mas o mais estranhe de todos biches que já vi, foi um camaleon de uma garrote de Beauxbatons, Michelle... vocês irram conhecerr ela este ano, quam vierr pra Hogwarts.
Houve um novo momento de silêncio em que todos os presentes se entreolharam com uma expressão de dúvida e curiosidade no rosto, inclusive Rony que havia acabado de entrar no recinto e ouvido as palavras de Fleur.
— Oh, vocês non saberr ainda... – continuou a garota, meio indecisa.
— O que nós “non saberr”, digo, não sabemos ainda? – questionou o garoto recém chegado à belíssima francesinha.
Agora foi à vez de Fleur proporcionar um instante de silêncio, enquanto aparentemente resolvia se deveria prosseguir o assunto ou não.
— O que é que não sabemos Fleur? – repetiu a Sra. Weasley à jovem nora, que havia chegado da viagem de núpcias na manhã do dia em que foi realizado o feitiço do fiel do segredo.
— Bien, vocês son de famille e poderr saberr... – e, tomando fôlego – Com a morrt des dirretorres de Hogwarts e Durmstrang, e a relutânsse de alguns famílles em enviarr seus filhes parra a escole neste novo perríode, foi acerrtad que todos os alunes que quiserrem continuarr seus estudes, pertencentes a ests deux academias e tambã de Beauxbatons, serrom reunides em um só grrupe no Castell de Ogwarts.
E, após novo período de silêncio e nova troca de olhares, a recém-casada completou.
— Foi Madam Máxime que me falarr, ela e dirretorra McGonagall tem trratade de assunte.
— Vamos voltar! – gritou Hermione dando pequenos saltos e batendo as mãos repetidamente, como uma foca que quer ganhar um peixe como prêmio.
E todos se aproximaram uns dos outros e, entre abraços e vivas, o ambiente tornou-se um verdadeiro caos de conversas paralelas.


Harry juntava, a um canto do quarto, os cacos do objeto danificado a pouco, quando Dobby materializou-se a seu lado.
— Tudo certo? – indagou ao elfo.
— Sim! – respondeu satisfeito – Winky já está organizando tudo e o elfo malvado retornou a Hogwarts.
O bruxo colocou uma das mãos no queixo como se buscasse uma anotação mental e, depois de algum tempo, disse:
— Dobby, eu não posso aparatar porque sou menor e estou sendo monitorado pelo Ministério da Magia, mas já aparatei antes, auxiliado por outro bruxo. – a menção de Dumbledore fez seus olhos marejarem – Você poderia fazer o mesmo? Isto é, poderia desaparatar e me levar junto com você?
— Claro! – respondeu prontamente o pequenino com um largo sorriso – Dobby leva Harry Potter onde ele quiser!
— Ótimo! – disse satisfeito e, vestindo sua capa da invisibilidade disse ao elfo enquanto segurava seu braço com uma das mãos:
— Vamos ao Gringotes, no Beco Diagonal! – e, imediatamente a um gesto da criatura mágica, ambos desapareceram com um estalo seco.
Os dois aparataram no final da escadaria que dava acesso à enorme e magnífica porta de entrada do banco Gringotes, rapidamente Harry ocultou-se atrás de um imponente vaso onde havia uma enorme variedade de plantas e retirou a capa da invisibilidade, dobrando e guardando-a com cuidado num dos bolsos de suas vestes, em seguida adentrou ao edifício e caminhou saguão adentro, com Dobby em seus calcanhares, procurando aparentar a maior naturalidade possível.
Ao chegar ao balcão em que um duende terrivelmente mal-encarado, já conhecido do rapaz de sua última visita, escrevia muito absorto, pronunciou:
— Sou Harry Potter e vim fazer uma retirada.
— Pois não Sr. Potter! – retribuiu de maneira atenciosa, recolhendo a chave que o jovem estendia em sua direção – Um de meus auxiliares irá acompanha-lo até seu cofre. – e, batendo palmas chamou a atenção de um outro duende, um pouco menor que este, mas igualmente mal-encarado, que aguardava às suas costas.
— Também desejo que meu elfo doméstico seja autorizado a efetuar retiradas em meu nome. – proferiu num tom que não admitia negativa.
O duende olhou para o elfo, apanhou um velho e carcomido pergaminho onde, a um gesto seu, apareceram algumas palavras escritas, em seguida estendeu-o para o bruxo e disse.
— Por favor, os dois coloquem suas mãos aqui. – no que, após ter sido prontamente atendido, realizou um novo gesto e o documento sumiu no ar.
— Aproveitando, Sr. Potter. – continuou o banqueiro – Devo avisa-lo que, conforme instruções recebidas, a herança recebida do último descendente da família Black foi incorporada ao seu patrimônio.
Harry assentiu com a cabeça e, com Dobby a seu lado, afastou-se acompanhando o segundo duende pelo longo caminho até o seu cofre onde, depois de aberto, disse ao pequeno elfo:
— Você deve saber melhor do que eu o quanto é preciso para manter a casa por um mês, pegue o necessário e acrescente também o seu salário e de Winky, e vamos embora.
Depois de concluída a tarefa, os dois dirigiram-se à saída do banco onde, com um ar apreensivo, “o Eleito” olhou à sua volta.
Harry não pode deixar de observar que a porta da loja de Olivaras estava aberta, estranhou o fato, pois, há quase um ano atrás ouvira falar que seu proprietário havia sumido – provavelmente por uma intervenção maléfica dos Comensais da Morte.
— Espere um pouco, Dobby, ainda tem uma coisa que quero fazer. – e, vestindo novamente a capa da invisibilidade, seguiu em direção ao prédio de comercio de varinhas. O pequeno elfo, um pouco confuso e valendo-se de seus instintos, procurou seguir seu mestre.
Ao chegarem em frente à vitrine que existia na entrada do estabelecimento, o bruxo fez um sinal para que Dobby aguardasse ali fora e, abrindo a porta entrou na loja, fazendo soar uma pequena sineta que anunciou sua presença.
Como não houvesse nenhum freguês no momento, apenas um velho bruxo magro que se distraía organizando uma enorme prateleira repleta de empoeirados estojos retangulares, o invisível visitante despiu-se rapidamente de sua proteção, em tempo de que, seu anfitrião o visualizasse por inteiro, assim que levantou os olhos de seus afazeres.
— Oh! Senhor Harry Potter! Que surpresa! – exclamou o velhote com um ar de espanto e, em seguida, aparentando extrema preocupação. – Aconteceu alguma coisa com sua varinha?
— Olá Sr. Olivaras! – respondeu cortês. – Não se preocupe, é apenas uma visita de cortesia, não nos vemos desde o evento da pesagem das varinhas no Torneio Tribruxo e, também gostaria de lhe fazer uma pergunta.
O velho aguardou amável que o rapaz desse seqüência à questão, não sem antes olhar disfarçadamente para os dois lados e certificar-se que não havia mais ninguém no recinto.
— É sobre a real necessidade do uso da varinha para se realizar feitiços, uma vez que, em determinadas circunstâncias, não é realmente necessária sua utilização para se executar certos tipos de encantamentos.
— Oh, uma questão acadêmica! – maravilhou-se o homem e, tomando fôlego, ensinou – Na verdade, Sr. Potter, não é a varinha que dá poderes ao feiticeiro, senão qualquer um poderia comprar uma e sair realizando proezas, não senhor, o verdadeiro poder vem do interior do bruxo: do seu espírito, sua alma. A varinha, por ser criada a partir de um fragmento de um ser mágico, funciona como um amplificador deste poder interior, mas os mais poderosos podem realizar feitiços, muito complexos até, sem a ajuda de uma. É sabido que o grande Merlin, o precursor de toda a história da magia, nunca usou uma varinha mágica, ela foi criada mais tarde por seus seguidores. E, cá entre nós Sr. Potter, o bruxo que conseguir controlar seus poderes sem a ajuda de uma varinha, terá uma enorme vantagem sobre os demais, concorda? – concluiu o velho bruxo, dando uma rápida e quase imperceptível piscadela.
Aparentemente satisfeito com a resposta, mas não querendo esticar muito a conversa, Harry comentou, incisivo:
— Obrigado, Sr. Olivaras... soube que o senhor andou sumido... por algum tempo...
O bruxo mostrou uma expressão de súbita estranheza, inclinando a cabeça levemente de lado e semicerrando os olhos, como se fizesse um profundo esforço para entender as palavras do visitante. Então, repentinamente, alterou seu semblante para uma expressão de controlada preocupação e, olhando rapidamente para os dois lados ao mesmo tempo em que abaixava sua cabeça em direção a Harry, disse, num quase sussurro:
— Ouça Sr. Potter, não sou homem de meias palavras, há algum tempo atrás tive o desprazer de sentir a irmã gêmea de sua varinha apontando para o meu coração... – sua voz tremia, agora – Mas não sou um covarde, fiquei sabendo o que aconteceu com o velho Alvo, e acredito que o senhor, Sr. Potter, seja realmente “o Eleito”... – tornou a olhar rapidamente para os dois lados e, baixando ainda mais a voz – Mas, também sei que estou sendo constantemente vigiado... o que posso fazer é... – o comerciante parecia lutar contra si mesmo para completar a frase –... dar-lhe a minha... lembrança... do meu encontro... com... ele... – Olivaras parecia exaurido.
— Certo. – limitou-se a dizer o jovem, quase não acreditando que aquela oportunidade estava lhe caindo ao colo daquela maneira.
Com uma agilidade impressionante, para a sua idade, Olivaras sentou-se ao chão atrás do balcão e, retirando um pequeno frasco de cristal de uma das mangas – num excepcional feitiço convocatório – e uma longa varinha da outra, aplicou a mesma próxima à fronte e puxou um fino e sedoso fio branco, que depositou com cuidado no pequeno frasco, arrolhando-o em seguida.
— Vá Sr. Potter, não perca tempo. Espero, com isto, lhe ajudar de alguma forma. – disse, passando-lhe o frasco por sobre o balcão e permanecendo sentado ao chão, escorando-se na prateleira que, há pouco, procurava organizar.
Harry agradeceu com um gesto de cabeça, enfiou rapidamente o objeto nos bolsos e virou-se ágil, encaminhando-se em direção à porta. Porém, pouco antes de tocar a maçaneta, parou abruptamente, voltou os olhos para o velho bruxo e, como o mesmo permanecesse inerte no mesmo local, com o queixo apoiado sobre o peito, murmurou baixinho:
— Dobby!
O elfo apareceu instantaneamente ao seu lado, como se já aguardasse o chamado do mestre, ao que foi solicitado:
— Acho melhor desaparatarmos daqui mesmo!
O servo e amigo assentiu com a cabeça, tomou o braço do bruxo com as suas duas mãos, como se temesse que o outro se perdesse na viagem e, num estalo, desapareceram.

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