A Magia Elemental
O silêncio se apossara da sala de Transfiguração naquela tarde, com exceção somente das penas que arranhavam os pergaminhos em cada carteira. McGonnagal caminhava por entre as carteiras garantido o silêncio dos demais.
Uma jovem na primeira carteira mordera os próprios lábios vermelhos ao preencher uma última anotação em seu pergaminho. Seus dedos sujos de tinta agora lutavam contra as mechas avermelhadas que lhe escapavam de seu coque. Era assim que gostava de trabalhar, com os cabelos presos, sem nada para distrair-lhe de suas anotações.
– Acabou? - chamara a professora.
A jovem subira os grandes olhos esmeraldas para McGonnagal ao ser surpreendida pela voz da professora. Era sempre a primeira a acabar seus exames e já era a terceira vez que McGonnagal perguntava se ela já havia terminado. De fato ela já terminara há um bom tempo, mas se negava até então a entregar o próprio pergaminho sabendo que faltara alguma coisa.
– Creio que já está pronto, professora. – dissera a jovem respirando fundo e levantando de sua própria cadeira.
– Tem certeza que não falta agora reler seu pergaminho pela quadragésima vez, minha querida? – dissera uma voz a algumas carteiras atrás de si, o que fizera os outros alunos rirem. Não era necessário virar-se para saber quem a provocara e não se deu ao trabalho de mostrar-lhe seu mais novo olhar de irritação.
– Chega, senhor Potter. – se dirigira McGonnagal para um jovem bonito de cabelos escuros bagunçados e óculos – Quando é que vai passar pelo menos uma aula minha sem perturbá-la?
– Ahh... Não leve para o lado pessoa, professora. Ele me perturba em todas as aulas. – respondera a própria baixo para a professora, porém não baixo o bastante, fazendo Potter cair na gargalhada.
– Basta sair comigo... – dissera ele galanteador e se virando para trás encontrando o olhar do amigo que rira junto com ele.
Este, que mantinha as pernas em cima da carteira de forma desleixada, ria de leve com os braços cruzados. Tinha os cabelos muito claros e um olhar negro profundo. Então ele levantara do nada e fora no seu andar de gato selvagem até a professora.
– Terminei, professora... – dissera ele simplesmente. Seu olhar se encontrara com o da garota. “Como pode Potter se interessar por ela?” pensara ele e logo desviara o olhar.
– Ah, senhor Malfoy...Deixe-me ver. – dissera McGonnagal recolhendo seu pergaminho – De fato, pode não ser tão concentrado e obediente quanto seu irmão, mas se ele deixasse de lado um terço de sua arrogância para ter pelo menos um quarto de seu talento...
– Eu também sou arrogante... – brincara o jovem fingindo estar ofendido.
– Ela se refere àquele ar de “que está com alguma coisa fedida em baixo do nariz” de Lucius. – dissera Potter em voz alta de onde estava, tirando risadas de todos, em exceção de McGonnagal e da garota.
– Sem contar aquele rabinho de cavalo dele, é grotesco. – comentara um jovem que estava sentado em dupla com ele. Tinha os cabelos castanhos escuros, porte elegante, e olhos azuis debochados, com certeza pertencente a uma família nobre. Potter rira ainda mais escandalosamente.
– Chega, Black. – censurara McGonnagal para o outro, mas fora ignorada.
– Na boa, vamos corta aquele cabelo dele? Ele está pedindo isso há anos, por favor. – dizia Potter em meio a risos. – É uma família que realmente veio para abominar os bruxos decentes. Sem ofensas, Ephram. – dissera ele por fim para o rapaz loiro de frente para a professora.
– Que isso... – dissera o próprio achando graça.
– É cara, não liga não. Minha família também é assim. – dissera Black rindo novamente com Potter.
– Já chega! Estamos em aula! A Srta. Evans tem um trabalho para apresentar. – dissera McGonnagal implorando para que o horário daquela aula terminasse.
– Ok, já chega! Acabou a graça, a minha Evans vai apresentar! – brigara Potter com os outros, tirando risos de Black.
– Cala a boca, Potter! – brigara a garota virando-se para ele furiosa, não acreditando no que estava acontecendo.
O próprio levantara as mãos em inocência informando que já estava quieto e que ela poderia continuar. Depois para mais irritação da ruiva ele abaixara as mãos para ajeitar os óculos dando um sorriso canalha em sua direção. A ruiva virara rugindo de raiva.
– Ok, então. Sr. Malfoy, pode se sentar em seu lugar, o senhor será o próximo. Quem for terminando vai se adiantando depois deles. – dissera McGonnagal.
Ephram obedecera McGonnagal, voltando a sua carteira, mas não esquecendo de jogar um pergaminho amassado para Potter que o agarrara na mesma facilidade com que agarrava um pomo de ouro. Potter e Black se apertaram para ler o pergaminho que continha nada mais nada menos que as respostas do trabalho de Transfiguração.
– É disso que eu gosto nos Malfoy, sempre prestativos. – dissera Black baixo e acenando em agradecimento para Ephram. Potter rira baixo. Logo seu ombro fora cutucado e eles se viraram para trás onde um garoto de cabelos castanhos claros e aparência cansada os olhava com censura.
– Por que não se dão pelo menos ao trabalho de ler as questões? Por favor... Nunca precisaram de cola em matéria alguma.
– Remo quer fazer o favor de ficar quieto? – reclamara Black com impaciência.
– Sabemos que não precisamos, Aluado. Mas é só pelo fato de que realmente não queremos nos dar ao trabalho... Preguiça é um mal de estudante. – brincara Potter. Remo apenas revirara os olhos. Logo Potter se virou para frente, enquanto Evans ia até a mesa da professora de frente para a turma e começava a apresentar seu trabalho. – Aliás... Ela já o faz tão bem...
– Ah, Merlin! – reclamaram Black e Remo entediados, se ajeitando melhor em suas carteiras.
Evans estava de frente para a turma e abrira seu pergaminho em cima da mesa. Em seu pergaminho continha uma caligrafia antiga e delineada como a de um cientista. Continha também pequenas ilustrações explicando o processo da magia da qual falava. McGonnagal a olhava com entusiasmo, não era segredo que Lílian Evans era a favorita de muitos professores. James Potter, Sirius Black e Remo Lupin que sempre andavam juntos, também eram muito conhecidos pela sua inteligência. Mas não ocupavam cargo de favoritos pelo número de confusões em que se metiam por dia e o número de detenções que sujavam bem suas fichas. Abrindo exceção apenas, e às vezes, de Remo, que era monitor-chefe da Grifinória assim como Evans.
– A Magia Elemental... – começara Evans decidida para a turma que prestava bastante atenção. – Ou a Magia Elementar, não é uma magia que pode ser aprendida, mas sim um dom. O dom de se familiarizar com os elementos da natureza.
– Se eu tivesse esse dom já teria há muito tempo transformado o Ranhoso num pedaço de graveto. – murmurara Black indiferente, fazendo Potter prender uma risada.
– Um dom que poucos bruxos conhecidos até hoje já conseguiram controlar. Assim como até mesmo o ofidioglotismo: o dom de falar com as cobras. – continuava Evans.
– É, porém só bruxos das trevas são ofidioglotas. – dissera uma voz feminina com certo deboche.
Era uma jovem bonita de longos cabelos negros e grandes olhos azuis que passavam um ar intimidador. Evans não gostava dela, notara o ar desafiador dela, mas não se abalara.
– Bella, por favor... – pedira a dupla de Bella. Uma jovem loira que Evans sabia ser irmã da outra. Porém, Bella a ignorara.
– O que quer dizer? Que há alguma restrição para portadores da Magia Elemental? Bruxos “bons”, por exemplo? – ela continuara ainda em mais deboche. Evans respirara fundo antes de responder.
– Não há nenhum registro que prove o tipo de restrição tanto para portadores da Magia Elemental, quanto para o dom de falar com as cobras. Salazar Slytherin, por exemplo, foi o ofidioglota mais famoso, e não há provas suficientes de que ele realmente tenha sido um bruxo das trevas.
– Provas suficientes? Além da Câmara Secreta? – perguntara Bella ainda desafiadora.
– Srta. Black! – censurara McGonnagal.
– A Câmara Secreta não passa de uma lenda, até onde se sabe. – dissera Evans. – De qualquer forma, bruxo das trevas ou não, eu duvido que seu dom tenha dependido disso. Como eu disse Slytherin foi o ofidioglota mais famo...
– Pensei que Voldemort fosse o mais famoso. – cortara Bella.
– Srta. Black! Exijo imediatamente que pare já com esse assunto!
– Estamos apenas discutindo a matéria... – dissera Bella indiferente.
– Você está sempre “apenas discutindo a matéria”, não é, priminha? Discutir sempre é sua atividade favorita. – debochara Sirius. Bella apenas o olhara com um pingo de irritação e dissera indiferente.
– Mantenha-se apenas em sua insignificância, Sirius. – o rapaz apenas rira em deboche.
– Chega! Os dois! Continue, Srta. Evans. – dissera McGonnagal massageando a cabeça.
– Sim, professora. Como eu ia dizendo... Não há relatos sobre uma possível restrição para com o portador das citadas magias. A bruxa Antares Sérpia, por exemplo, a mais famosa portadora da Magia Elemental, era conhecida por sua ambigüidade na era da Guerra dos Bruxos.
– Uma bruxa do bem que mantinha um romance com um bruxo das Trevas. – dissera Ephram de onde estava. Alguns se viraram surpresos pelo conhecimento dele.
– Exato. – dissera Evans. – Há relatos sobre um possível relacionamento amoroso entre Sérpia e seu maior inimigo...
– Salazar Slytherin. – completara Bella indiferente.
– Não somos sempre nós que interferimos na aula? – murmura Sirius para Potter.
– Shiii, está interessante. – respondera Potter sem desviar a atenção da ruiva.
– Então como podem ver, não tem como relacionarmos o dom da Magia Elemental ao caráter do bruxo. Assim como bruxos bons já adquiriram o ofidioglotismo...
– Cite um. – desafiara Bella.
– Como eu disse não há relatos sobre o verdadeiro caráter de Slytherin...
– Por favor... – debochara a morena. – Não há relatos? Estamos falando de Salazar Slytherin...
– Muito observadora... – murmurara Sirius em deboche.
– O bruxo das trevas que se virou contra os outros fundadores de Hogwarts por seu ódio aos sangues-ruins. – dissera Bella maldosamente para Evans.
– Black... – tentara McGonnagal já derrotada.
– Que os desprezava a tal ponto, que se recusava a lecionar a eles. Fundador da Câmara Secreta, um dos que deu origem a Guerra dos Bruxos...
– A propósito... – dissera Evans calmamente, cortando-a. – Sérpia era nascida trouxa. – um silêncio se alastrava na sala de aula, Bella mantinha um olhar raivoso para a ruiva que riu de lado. A troca de olhares só foi interrompida com o sinal da escola que tocara.
– Ah, Merlin, a aula acabou... – dissera McGonnagal aliviada. – Evans querida, terminará sua apresentação na próxima aula.
– Sim, professora. – respondera Evans indo até sua carteira e recolhendo seu material assim como os outros.
– E quem não terminou o trabalho me entregue na próxima aula, sem falta!
– Aqui, professora, o meu e o de James. – dissera Sirius entregando os pergaminhos à professora com um sorriso amarelo. McGonnagal recolhera os pergaminhos com um olhar desconfiado. – E a senhora é uma ótima professora, de verdade... O modo como impõe...
– Tudo bem, Black, pode se retirar... – dissera a própria revirando os olhos.
Evans recolhia seu material, guardando seus livros dentro de sua mochila, quando se virara levara um susto ao dar de frente para um sorridente Potter, que se mantinha a um centímetro de distância dela.
– Lily... Tudo bem?
– Tudo bem? – dissera ela em fúria. – Fique pelo menos um dia numa distância de um quilômetro de mim e talvez assim as coisas fiquem bem. – ele abrira ainda mais o sorriso ainda não a deixando passar. – E me deixe passar!
– Sabe... Prestando atenção em todo aquele debate sobre a Magia Elemental e o Sr. Blá-blá-blá... Eu pensei: “Por que não chamar a Evans para sair?”.
– Por que você sabe que eu vou dizer “não”? Ou melhor, você já me chamou quatrocentas vezes e olha que coisa: eu sempre digo “não”! – dissera ela tentando passar.
– Eu não guardo ressentimentos...
– Ah, que pena...
– É sério, Lily, até o idiota do Slytherin teve uma chance.
– Incrível, não é? Sorte a minha que o mesmo não acontecerá com você. – dissera ela em deboche, logo forçando passagem e saindo de fora da sala.
– Mulheres... – resmungara Potter para um divertido Sirius. – Qual é o problema dela? Eu sou irresistível...
Lílian caminhava decidida pelos corredores do primeiro andar da escola quando notara que o sol já terminava de se pôr. Ela parara debruçada sobre a murada para admirar o fim da tarde, aos poucos os raios de sol iam morrendo sobre sua face, ela fechara os olhos sentindo apenas aquele ritual sobre seu rosto.
Quando abrira os olhos o céu já estava quase totalmente escuro, fora então quando notara algo se formar no céu. Algo grande, numa tonalidade verde, uma caveira e logo uma cobra saíra por dentro de sua boca. A escola estava sendo atacada. Logo ouvira as exclamações surgindo atrás de si: “São os Comensais da Morte do qual o Profeta Diário falou.” e “Mas o que eles querem aqui em Hogwarts?”. Logo Lílian se virara para todos nos corredores de forma autoritária e decidida.
– Alunos da Grifinória juntem-se! Preciso que voltem imediatamente para o Salão Comunal! Agora! Andem! Alunos do primeiro ano na frente! – fora quando vira um vulto correr em direção a Floresta Proibida, pressionara a vista e reconhecera-o. – Potter!
Lílian mandara mais uma vez todos para o Salão Comunal e correra irritada atrás de James, não acreditando no que estava acontecendo.
– Potter! – ela chamara, mas ele não ouvira. – James Potter! – ela chamara novamente, o rapaz se virara para trás sem parar de andar.
– Volte para o castelo, Evans. – ele dissera indiferente.
– Com o Senhor junto! O que pensa que está fazendo? – brigara ela já bufando, o rapaz a ignorara e ela estressada o enfeitiçara fazendo-o cair e logo ela o alcançara. – Você ficou maluco? Há Comensais da Morte lá, sabia?
– Eu sei. – dissera James indiferente, livrando-se do feitiço, se levantando com o olhar irritado e continuando seu caminho, mas Evans se colocara na sua frente. Então ele a olhara irritado. – A Grifinória não está precisando de você?
– Exatamente, Potter. E como monitora eu tenho a obrigação de garantir que todos estejam dentro do Salão Comunal, inclusive você!
– Isso não vai ser possível. – dissera ele tentando andar e ela o empurrara para trás mais uma vez.
– Não me faça petrificar você!
– Eles mataram os meus pais! – dissera ele de forma séria com raiva e a ruiva engolira em seco ainda sem abaixar a cabeça.
– Eu sei, mas você nada vai poder fazer agora...
– Quer apostar? – ele dissera entre dentes.
Logo uma luz verde os atingira fazendo ambos caírem no chão. Lílian caíra para trás desacordada com seus cabelos vermelhos já soltos espalhados no chão. E então o liso começara a ganhar cachos, o vermelho ia virando cobre até se transformar num castanho, assim como o rosto ia virando outro, assim como o tempo ia se adiantando...
**
Mais ou menos vinte anos se passaram. No lugar de uma garota ruiva, era Hermione Granger que se encontrava desacordada sobre uma cama hospitalar na sessão especial da Ala Hospitalar de Hogwarts.
O único barulho naquela Ala Hospitalar era o dos passos apressados de Madame Pomfrey indo do seu caldeirão medicinal à cama de Hermione.
McGonnagal notara apreensiva Pomfrey encher uma seringa de uma poção púrpura contida em seu caldeirão. Logo a enfermeira puxara o braço da castanha e antes que introduzisse a agulha McGonnagal se pronunciara.
– Pomfrey... Acha necessário?
– Granger se encontra num coma profundo. É horrível, mas eu não posso curar os ferimentos dela enquanto estiver desacordada.
– Mas assim ela vai sentir... Ela já foi muito torturada. – McGonnagal sentia sua voz falhar ao falar da aluna.
– Descobriram mais alguma coisa? – perguntava a enfermeira enquanto injetava a poção na castanha.
– Nada novo. Somente que eles foram encontrados dentro da Floresta Proibida, não sabemos exatamente o que aconteceu. – a enfermeira suspirara com irritação abrindo mais a camisola da garota e analisando ainda mais sua cintura.
– O que mais me preocupa é esse ferimento. – McGonnagal ao notar a ferida aberta que se encontrava na cintura da garota levara aos mãos à boca horrorizada. – Eu não consigo identificar esse ferimento... – dissera a enfermeira passando um algodão em volta da ferida. – Digo... Foi feito com um punhal, mas há uma Magia Negra que me bloqueia a passagem na ferida.
– Mas quem faria uma coisa destas? E com que propósito? – dissera McGonnagal ainda mais tensa.
– Não sei dizer... Nunca vi nada igual, só sei que devemos chamar Dumbledore o mais urgente possível.
– Não conseguimos encontrar o diretor em lugar algum... Ele disse que voltaria esse mês, mas não especificou data.
– Dumbledore devia parar com suas missões fora de Hogwarts, é aqui que estão acontecendo os ataques. – desabafara Pomfrey com irritação.
– Ele confiava que nós professores daríamos conta... – dissera McGonnagal sentindo o peito inflar em culpa. Houve uma pequena pausa. – E o Malfoy... Como está? Severo e eu nem acreditamos quando o encontramos vivo. Definitivamente a magia contida nele era um Avada Kedavra...
– E ainda é. Não sei como é possível, mas independente se está acordado ou não, o Sr. Malfoy está absolutamente vivo.
– Não conseguimos entrar em contato com nenhum integrante da família Malfoy...
– A Sra. Malfoy deve estar bastante ocupada visitando o marido, onde que quer que ele esteja escondido. E os pais da Srta. Granger?
– Eu não tive coragem... Eles são trouxas... Esperava que Dumbledore voltasse e falasse com eles. O problema é que a escola está alarmada...
– Tenho pena do Sr. Potter... Cada dia acumula mais motivos para ser o assunto da escola...
**
Já era a terceira vez que Harry caía em meio a uma raiz alta indo de encontro com a neve. Sentia suas pernas doerem, a neve estava densa, dificultando a passagem cada vez mais para a Floresta Proibida, contando ainda com uma tempestade de neblina que tomava todo o lugar, não o deixando enxergar um palmo à frente.
Harry apontava sua varinha para frente, iluminando um pouco o lugar e chamando insistentemente, percebendo então que sua voz também começava a falhar.
– Hermione! – ele chamara deixando sua voz ecoar entre a neblina. Logo ouvira uma voz não muito longe exclamar.
– Avada Kedavra!
Harry correra desesperado às cegas para dentro da neblina à procura da amiga. Logo tropeçara em outra raiz caindo na neve novamente, seus óculos voaram alguns metros, deixando-o ainda mais cego. Apalpara a neve enquanto engatinhava por um tempo procurando seus óculos e então o achara repondo-os nos olhos.
Fora então que notara uma mão caída um pouco a sua frente, de pé Harry exclamara um feitiço fazendo a densa neblina afastar-se um pouco e então vira que a mão pertencia a Hermione que estava com Draco, caídos na neve, um ao lado do outro. Hermione parecia ainda muito mais machucada e com ferimentos gravíssimos, os cabelos castanhos espalhados na neve fazendo o contraste com sua pele que mantinha um tom meio acinzentado. Ela estava morta...
***
Harry levantara sobressaltado do sofá aonde cochilara sem perceber, quando notara um par de olhos azuis a sua frente.
– Calma, Harry! Sou eu. Gina. – dissera a ruiva tentando acalmar o garoto que suava frio tendo quase um ataque do coração. – Você estava sonhando, calma... Isso que dá ficar aqui enclausurado. Eu falei pra você ir para aula. Já é o terceiro dia que falta.
Logo Ron entrara pelo quadro da Mulher Gorda se jogando numa poltrona em frente dos dois, enquanto Harry se ajeitava melhor no sofá, tentando esquecer o pesadelo.
– É um absurdo! – reclamara Ron jogando um Profeta de Hogwarts com raiva para os dois, que juntaram as cabeças para lê-lo. – Outra matéria vagabunda sobre o resgate do Harry. Agora estão dizendo que você e Malfoy tentaram duelar até a morte na Floresta Proibida. Nem preciso dizer quem levou a pior, não é? E estão achando também que foi você quem atacou Gina antes de ‘fugir’ para a Floresta Proibida. E Hermione? Fugiu desesperada pra dentro da Floresta, por ver Linda cantando no lugar dela, não agüentou ver seu cargo roubado, tanto de monitora quanto de símbolo sexual pop de Hogwarts. Na boa, Antônio Balazer devia pagar Hermione por vender jornais para ele. Filho da mãe! Agora eu a entendo, sabe?
– Duelo até a morte? – dissera Harry tentando não gritar de fúria enquanto lia aquela matéria absurda. – Estão achando que EU dei o Avada Kedavra no Malfoy? Bem que eu gostaria, mas...
– E o Conl? Onde fica nessa história toda? – perguntara Gina.
– Engraçado a única coisa da qual acusam Conl é de ser animago... Todos os dias. Animago! Animago! Animago! – debochara Ron ainda nervoso.
– Fala como se fosse pouca coisa, ele não é legalizado, pode ir para Azkaban. – dissera Gina.
– Por favor... – ironizara Harry sem tirar os olhos dos jornais, afinal Conl era íntimo dos Malfoy, se Lucius Malfoy, Comensal da Morte, consegue manter o ministério longe dele, Daniel Conl que não seria preso por se transformar num bichinho.
– Você não está entendendo. – ironizara Ron se curvando para Gina de forma raivosa. – Conl é acusado de animago e Harry de assassino! Quero dizer... Viva Daniel Conl o poderoso animago! E eu? Eu fui resgatar o cara que tentou matar a minha irmã... – terminara Ron de forma espalhafatosa, fazendo Harry achar graça.
– Como você é dramático, Ron... – dissera Gina revirando os olhos.
– Não! É incrível como Balazer tem criatividade, ou melhor... É impressionante como o canalha consegue informações. – dizia Ron encostando-se na poltrona ainda de forma irônica e raivosa. – Igual na matéria de ontem, ele citou a raça do cavalo do Comensal Chefe lá, disse que era um imenso corcel negro. Vocês por acaso notaram isso? Porque eu não havia notado que se tratava de um corcel negro, o cavalo podia ser rosa-choque que era possível eu não notar. Eu estava mais preocupado com o tio do Malfoy que estava em cima dele vindo em nossa direção, que por sinal estava tentando nos matar!
– Nada de novo. – reclamara Harry jogando o Profeta de Hogwarts no chão ignorando o amigo. – Nada sobre o tio do Malfoy, Lestrange, Voldemort... Nada. Não consigo entender o que aconteceu lá, por mais que eu tente... Quero dizer... Malfoy? Não... O máximo que se passa pela minha cabeça é que ele pode ter levado o feitiço no lugar da Hermione, por mais que não seja do feitio dele...
– Toda a escola está comentando que Malfoy levou um Avada Kedavra e sobreviveu... – dissera Gina também pensativa. – Dumbledore vai ter realmente muitos problemas quando voltar.
– Que tenha! – explodira Ron enquanto os outros dois continuavam pensativos. – Aquele velho lá! Que abandona a escola em meio a guerra dos bruxos! É impressionante como ele é prestativo, não é? Ele vê que Hogwarts não foi atacada por duas semanas e viaja! O que ele espera que a gente faça? Que a gente chame os Comensais para um churrasco no domingo enquanto jogamos uma partida de Quadribol?
– O ministério vai colar em Dumbledore... – dissera Harry sério como se não ouvisse o amigo.
– Ah, eu quero mais é que Dumbledore se exploda!
– Rony! – brigara Gina. – A culpa não é de Dumbledore nem de ninguém se...
– Não, a culpa é do Voldemort que cismou com a cara do Harry... – cortara o ruivo ironizando.
– Rony... – dizia Gina massageando a testa enquanto o irmão continuava no seu discurso.
– Ou melhor... A culpa é do Harry que não morreu nas mãos dele quando tinha um ano.
– Pelo menos não temos que nos preocupar com a matéria que muda todos os dias, ao contrário de Hermione que continua inconsciente e Merlin sabe até quando. – dissera Harry ainda sem se importar com o escândalo do amigo.
– Ah claro... – voltara Ron na sua ironia – Com sorte amanhã dirão que fui eu quem transformou Conl num cavalo.
– Harry é verdade que você tentou matar o Malfoy? – perguntara um primeiranista para Harry de forma maravilhada. Porém fora Ron quem respondera de forma bruta.
– É claro! E isso foi antes da Hermione virar um pterodátilo e chamar seu exército de opa-lompas para me comerem vivo!– dissera ele irônico fazendo os garotos correrem.
– Você é impossível. – censurara Gina.
– Eu vou melhorar depois que eu tiver a cabeça do Balazer numa bandeja.
Ele estava de costas, mirando o lago enquanto um vento forte batia em sua face espalhando seus cabelos loiros. Snape caminhava em sua direção a contra gosto. Já sabia como lhe retribuiria a conversa, era um garoto impossível, espalhafatoso, que só queria saber de se divertir e exibir-se. Não lhe parecia um bom sonserino, pelo contrário, lhe lembrava mais um dos malditos Marotos. Com certeza ao chamá-lo se viraria para ele com aquele sorriso debochado e olhar cínico, faltando-lhe o respeito. Ao estar enfim às costas dele o vira com as mãos nos bolsos da calça, ainda sem notar sua presença.
– Conl. – chamara Snape.
Daniel demorara um pouco para se virar, mas quando o fizera surpreendera até mesmo o professor que vira um olhar sério, sem nenhum sorriso debochado... Uma cara que realmente ninguém naquele castelo já vira em Daniel Conl, ele que sempre fora responsável pelas risadas e brincadeiras. Agora estava apenas sério e quem sabe até mesmo... Era uma expressão estranha. Snape fingira não notar a aparência do rapaz, continuando no seu tom intimidador.
– Venha a minha sala... Na ausência do diretor falará comigo e com Minerva. E agora. – e sem dizer mais nada dera as costas indo em direção ao castelo, sendo seguido por um sério Daniel Conl.
Enquanto caminhava pelo castelo, Daniel atraía o olhar de todos os estudantes nos corredores, que cochichavam sobre o ocorrido. Não era mais segredo para ninguém que Daniel Conl fora encontrado desacordado na Floresta Proibida, no local onde acontecera uma transformação animaga ilegal, na noite do ataque dos Comensais. Sem contar que só ele parecia saber o que acontecera de fato com Draco e Hermione, já que Harry e Ron ficaram para trás.
Foram dias muito difíceis para Daniel. Seus melhores amigos estavam em coma e ainda tinha de aturar todo o falatório e as pessoas que vinham lhe fazer perguntas.
Snape abrira a porta da diretoria da Sonserina dando passagem para que o francês entrasse. Logo que Dan entrara, vira que McGonnagal também se encontrava na sala, sentara-se na cadeira de frente para o diretor da Sonserina, enquanto McGonnagal continuava em pé olhando de um para outro com o olhar apreensivo.
– Já falou com o Potter e o Weasley? – perguntara Snape para McGonnagal.
– Sim, Severo. – dizia McGonnagal mais para Daniel do que para Snape. – E a história termina quando eles e o Sr. Malfoy vão atrás do Sr. Conl e a Srta. Granger. Nada mais sabem daí, apenas que o Sr. Conl fora encontrado desacordado e...
– Eu estava lá, eu me lembro. – murmurara Dan sem encarar nenhum dos dois.
– Então... Conte-nos o que aconteceu. – suplicara a professora.
– Como Draco está? – perguntara ele ainda sem encará-los.
– Ainda desacordado. – dissera a professora com a voz fraca.
– E Hermione...? – perguntara Dan engolindo em seco ainda sem encarar ninguém.
– Também... – dissera a professora depois de um tempo sem conseguir responder. Porém Snape que estava inquieto levantara-se agressivo de seu acento.
– O que queremos saber, Sr. Conl, é o que exatamente você, o Sr. Malfoy e mais três grifinórios estavam fazendo dentro da Floresta Proibida e em meio ao ataque de Comensais, uma vez que todo o mundo mágico sabe do interesse deles no Sr. Potter. E também gostaríamos de saber o que aconteceu com a Srta. Granger e o Sr. Malfoy e porque eles se encontram num estado muito mais crítico do que o Sr. Potter. Ah! E já íamos nos esquecendo. Desde quando o senhor é um animago? Responda, Conl! – dissera o professor de forma acusadora, Conl apenas o olhara sério de forma nada intimidado. Então ouvira a voz mais compreensiva da professora McGonnagal.
– Nos responda, Conl, por favor... É importante.
– Pode ir para Azkaban, sabia disso? – brigara novamente Snape.
– Chega, Severo. Por favor. – suplicara Minerva. Snape contrariado, sentara-se em seu acento ainda encarando um Dan que não se abalara em momento algum com o tom do professor. – Daniel?
– Os Comensais atacaram a Weasley e levaram o Potter. Fomos... – começara Daniel tentando não se abalar. – Resgatar o Potter...
– Ah! Que idéia mais estúpida! E é incrível como o Potter sempre é o motivo disso...
– Severo, deixe-o continuar. – brigara McGonnagal.
– No caminho... Apareceram Comensais e o tio do Draco...
– Tio do Draco? Refere-se a...
– Ephram Malfoy. – respondera Severo em seu lugar. Minerva levara as mãos à boca.
– Merlin... Não tinha ouvido falar dele por anos, achei até que podia ter morrido... Lembro dele, era um bom rapaz.
– Ele geralmente é muito legal, o problema é quando vê uma nascida trouxa. Draco me mandou tirar Hermione de lá... E eu o fiz, mas... Não fui rápido o bastante. – então Dan parara de falar, sentindo sua garganta engasgar e algo muito pesado cair sobre seu peito... “Hermione...” pensara ele.
– Continue, Conl. – insistira Snape irritado.
– Ephram nos alcançou e levou Hermione com ele... Eu não pude fazer nada, já havia sido nocauteado. Depois Draco apareceu com o Potter e o Weasley,... E eu falei que Ephram a tinha levado para ele salvá-la. Eu o mandei ir atrás dela, eu não podia. E ele foi...
– Você o mandou ir? – brigara Snape. – Mandou Draco ir de encontro a Comensais?
– Eu não achei que algo lhe aconteceria... Ele sempre teve imunidade entre eles...
– Pois Draco levou uma Maldição da Morte e a culpa é toda sua!
– Severo, Chega! Isso não é verdade
– Isso é imunidade pra você? – continuava Snape acusador, ignorando McGonnagal. Dan apenas mantinha o contato visual com o professor. Logo o sinal do almoço tocara.
– Daniel, querido... Vá almoçar e assistir suas aulas, depois chamamos você. Severo também precisa se acalmar. – completara McGonnagal entre os dois.
– Vocês três podem entrar. – chamara Madame Pomfrey para Harry, Ron e Gina que esperavam sentados do lado de fora da Ala Hospitalar.
Os três a seguiram até a ala especial, onde encontraram Draco e Hermione num coma profundo. Gina parara perplexa entre as duas camas olhando de um para outro.
– É horrível... – dissera a ruiva quase sem voz. – Parecem... Mortos.
Ron sentara na poltrona ao lado da cama de Hermione, de cabeça baixa como um cão leal, tentando não chorar. Harry tirara as flores já mortas do vaso de cabeceira de Hermione e colocara um novo buquê de margaridas amarelas. Depois sentara na beirada de sua cama, acariciando sua mão fria.
– Eu queria que estivesse aqui, Hermione... Precisamos de você. Sempre precisaremos... – dissera se lembrando de quando vira a amiga no mesmo estado no segundo ano. – Quantas vezes teremos de passar por isso?
**
Evans virara a cara com brutalidade ao ser acertada mais uma vez pelo pesado punho do Comensal. Cuspira sangue ao cair no chão, sentindo seus olhos lacrimejarem e seu queixo latejar. Sentia-se fraca, incapaz de permanecer de pé. Vira de canto James muito machucado e desacordado, sentiu uma onda de dor invadi-la e começou a sentir algumas lágrimas escorrerem de seus olhos. Logo fora virada magicamente de barriga pra cima com brutalidade pela varinha de outro Comensal.
– O Lord das Trevas ficará orgulhoso da surpresa que estamos preparando para quando Dumbledore voltar. Seus preciosos alunos mortos... Começando pelos sangues-sujos. – dissera ele amaldiçoando a garota com o Crucio, fazendo-a gritar de dor até cair exausta e sem sentidos no chão. Fazendo uma roda inteira de Comensais explodir em gargalhadas.
– Mate-a logo, estamos torturando-a a mais de duas horas... – dissera outro Comensal ainda rindo. Logo outro Comensal exclamara assustado chamando a atenção de todos: “O que é isso?!”.
As madeixas vermelhas de Evans começavam a se debater no ar num ângulo contra o vento. Logo todas as árvores próximas pareciam ser sugadas por um furacão violento. Todo o ambiente parecia sofrer com uma ventania. Os Comensais mal conseguiam se manter no lugar. O corpo da garota estava escondido atrás de um redemoinho de folhas secas e terra que a contornavam magicamente.
– Que magia é essa? – gritara outro Comensal.
Todos tentavam feitiços que batiam contra o redemoinho em volta da garota e voltavam contra eles. E então tudo cessara. O vento parara assim como o redemoinho cessara, dando lugar apenas para uma Lílian Evans que se mantinha em pé respirando com dificuldade como se estivesse ausente de tudo e todos.
Os Comensais a observaram receosos por um tempo, até que o Comensal no comando fizera sinal para que os outros prosseguissem. Em passos lentos, eles começaram a cercar a garota, com varinhas em punho. A garota não fazia nada, nem mesmo parecia notar a presença deles a dois metros de si.
– Quando eu fizer o sinal... – dissera o Comensal.
E então vira a garota se virar indiferente para ele. Ele vira tenso os olhos verdes da garota se tornarem ainda mais profundos enquanto uma brisa quente parecia radiá-la, fazendo seus cabelos vermelhos flutuarem contra a gravidade novamente. “AGO... “ mas antes que terminasse um anel de fogo surgira em torno da garota, separando-os dela. Os Comensais foram jogados para trás com força, enquanto as chamas ficavam cada vez mais densas, até que o anel se apagara mostrando apenas uma Lílian Evans tensa de braços abertos.
– Vamos sair daqui!– gritara um Comensal. Mas o outro não conseguia desviar a atenção da garota que agora abaixara os braços e parecia soar frio. – Vamos! – pressionara o Comensal enquanto muitos já iam debandados. – Ela não é importante! Vamos!
Depois que os Comensais já haviam saído do local, Evans passava seus grandes olhos verdes a sua volta, de forma perdida, enquanto sentia uma grande exaustão cair em cima de si. Caíra de joelhso sobre a terra apoiando as mãos no chão de forma que seus cabelos cobrissem seu rosto. Sentia como se um poderoso vulcão estivesse dentro de si e aquilo machucava demais, perdia o oxigênio e suava cada vez mais frio. Não tinha noção de tempo nem espaço, não reconhecia nada, só sentia uma dor alucinante sobre os olhos e começara a perder os sentidos novamente, caindo agora de vez desmaiada dentro da Floresta Proibida a menos de dois metros de onde o corpo do Potter também se encontrava desacordado...
*****
A Sala de Transfiguração, onde Harry e Ron faziam totalmente desanimados um dever passado por McGonnagal, estava silenciosa naquele dia. Como também estava silenciosa a Sala de Feitiços, onde Gina apoiava a testa sobre a mão para não cair em cima do próprio dever, o qual não tinha ânimo algum para fazer. E como também estava silenciosa as masmorras, onde jogado em sua carteira Daniel observava os outros alunos arranharem seus pergaminhos.
Toda a escola que permanecia quieta naquela manhã, acabara por se assustar. Algo mágico parecia correr pela escola. Todas as velas se apagaram de uma vez, as vidraças e os objetos de vidro começaram a estremecer e as portas e janelas das salas começaram a bater. Todos os alunos levantaram sobressaltados, enquanto os professores tentavam manter o controle da situação.
– Calma! Calma! Fiquem quietos! – ordenava McGonnagal.
– Acha que é outro ataque? – murmurara Ron alarmado para Harry.
– A essa hora? Duvido muito.
– Fiquem todos juntos, cuidado com os objetos cortantes! – dizia o professor de Feitiços para uma turma desesperada. Gina explodira uma carteira que ia para cima de dois alunos que correram desesperados.
– O que está acontecendo aqui? – dissera a ruiva para si mesma.
Nas masmorras, Daniel aproveitara o tumulto para sair escondido da sala e correra em direção à Ala Hospitalar. Não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que era lá que deveria estar.
Fora então que tudo parara. Todo barulho e o tremor, assim como os gritos assustados, deixando a escola novamente em silêncio. Daniel parara de correr observando o lugar, tentando entender o que acontecera. Logo todos os alunos começaram a sair assustados de dentro das salas para ver o que acontecera, deixando o corredor lotado.
– Conl, onde você pensa que vai? – chamara Snape que aparecera também no corredor. – Volte já para as masmorras!
Pomfrey que acabara de presenciar assustada toda a Ala Hospitalar estremecer e os materiais rodearem a cama de Hermione como um ímã, fora nervosa em direção a cama da castanha, levando um susto em ver que a garota abrira os olhos sentindo uma grande animação dentro de si.
– Srta. Granger? – chamara a enfermeira emocionada. A garota virara os olhos para ela, fazendo a enfermeira soltar uma exclamação de alegria. – Bem vinda de volta.
A professora McGonnagal ainda enfeitiçava a sala repondo tudo em seu lugar com a ajuda dos alunos quando recebera uma coruja da torre. Ron que notara dera um tapa no braço de Harry chamando a atenção dele para o fato. Ambos viram McGonnagal ler o pergaminho recebido e esboçar um sorriso alegre e emocionado. Logo a professora procurara pelos dois na sala, logo os encontrando com o olhar e dizendo sem conter a emoção.
– A Srta. Granger... Ela está de volta. Vocês deviam ir até a Ala Hospitalar agora. – dissera ela e ambos completamente em êxtase correram para o local citado.
As portas da Ala Hospitalar foram abertas com um estrondo e Hermione, que já estava vestida com uma roupa transfigurada de seu quarto, vira Harry, Ron e Gina entrarem correndo e vindo desesperados em sua direção. A castanha abrira um sorriso e correra em direção a Harry que a abraçara fortemente por um longo tempo, sem vontade ou condições de se largarem.
– Tem que parar com essa mania de entrar em coma... – dissera o moreno sem soltá-la. Ron e Gina riam da cena.
– Estou aqui, Harry... – dissera a castanha no mesmo tom. Depois Hermione abraçara Ron e Gina fortemente e se virara para os três aliviada por estarem bem. Logo entrara McGonnagal entrar às pressas na enfermaria abraçando a castanha, que rira com os outros da cena.
– Srta. Granger... Graças a Merlin... Como está se sentindo?
– Muito bem... – dissera a castanha até achando estranho esse fato. – Quero dizer... Estou ótima.
– Ótima? – dissera Harry achando estranho. – Você estava em coma... Hermione, você passou quase uma semana desacordada... O que aconteceu lá? – o sorriso de Hermione se apagara aos poucos, vendo a imagem embaçada apenas de um vulto segurando-lhe o pescoço por trás.
– Eu não me lembro... Exatamente.
– Mas isso não é hora para perguntas. O importante é que a Srta. está boa. – dissera McGonnagal. – Eu só não entendo essa sua recuperação...
– Realmente não faz sentido algum... Era para Srta. Granger ainda estar de cama. – dissera Pomfrey para a professora.
– Ah, quem liga? O importante é que você está bem. – dissera Ron carinhosamente.
– E Draco? Onde ele está? – dissera Hermione séria, para os cinco presentes.
– O Sr. Malfoy... Ainda se encontra desacordado. – dissera Pomfrey. Hermione engolira em seco sentindo os olhos arderem.
– Quero vê-lo. – dissera a castanha.
Pomfrey abrira a cortina em volta da segunda cama e Hermione se apressara para estar ao lado do loiro, segurando-lhe a mão gélida sem conseguir segurar uma lágrima ao ver o belo rosto pálido de Draco.
– Parece morto.
– Vamos torcer para que ele melhore, assim como ocorreu com você. – disse Minerva com os olhos cheios de água.
Mas Hermione não prestava atenção em mais nada a sua volta, só sentia seu peito inflar em angústia ao ver Draco daquele jeito. Fechara os olhos forçando-se a se lembrar, mas não conseguia. Mas sabia que era a culpada daquilo, pois lembrava de Draco tentando impedi-la de entrar na Floresta Proibida. “Isso não devia ter acontecido com você...” pensara ela sentindo uma leve enxaqueca.
– Quando é que você vai sair desse estado sereno idiota...? – murmurara ela para si mesma. Sentira então uma mão no seu ombro que sabia muito bem a quem pertencia.
– Vamos, Hermione. Depois a gente volta... Você precisa comer, sair um pouco daqui. – dissera Harry carinhosamente.
– Ele tem razão, Srta. Granger. – dissera Pomfrey. E então Hermione se virara calmamente para Gina, ignorando os outros dois.
– E Dan? – Gina respirara fundo antes de responder com seu olhar ligeiramente preocupado.
– Dan está bem, mas... Muita coisa aconteceu desde aquela noite. Conl está passando pela maior perseguição já vista em Hogwarts.
– Perseguição? – perguntara Hermione com o cenho franzido.
– Infelizmente o Sr. Conl infligiu uma lei gravíssima. Ele é, não se sabe desde quando, um animago não registrado. – dissera Minerva, Hermione virara o rosto contrariada, sentindo uma revolta dentro de si.
– Onde ele está?
Daniel fora chamado para entrar na Diretoria de Hogwarts, onde se encontrava a professora Minerva McGonnagal, que se sentara no lugar do diretor Dumbledore e indicara a cadeira da frente para Daniel se sentar. A volta estavam todos os outros professores de Hogwarts e até mesmo Antônio Balazer com papel e caneta à mão, fazendo Dan imaginar como é que o desgraçado conseguia acesso a tanta coisa. Tudo parecia mesmo um tribunal. Daniel se sentara na cadeira indicada e Minerva se pôs a falar.
– Bem, Sr. Conl. Estamos aqui como uma cópia de uma edição de um Tribunal de Justiça para resolvermos o seu caso. Isso porque não queremos expor um aluno nosso, ainda mais na ausência do Diretor. Tentaremos arrumar uma punição para o senhor caso seja declarado culpado, não tão severa quanto a do Tribunal do Ministério. Temos aqui o professor Snape, quem fará a acusação. – dissera Minerva apontando para Severo, Dan apenas o olhara sério. – E na sua defesa temos uma aluna que se ofereceu como voluntária na sua defesa. – dissera ela apontando para outro lado onde uma aluna de trança castanha ajeitava algumas papeladas de costas para ele. Dan ficara surpreso e logo apertara os olhos em direção a aluna reconhecendo aquela trança cheia, sentindo seu peito inflar de inquietação. – Bem, que comece então.
– O Sr. Daniel Conl está sendo acusado de manter a identidade secreta de animago por anos, sem ser registrado no Ministério da Magia. Isso por ser encontrado no local e hora exata em que fora registrada a mutação. – dissera Snape logo sendo cortado pela voz determinada da voluntária a defesa.
– Há um erro de identidade. – Dan vira Hermione virar-se para Snape não acreditando que ela estava ali, viva, acordada e ainda fazendo a sua defesa.
– Hermione! – exclamara Dan agarrando-a num abraço apertado pouco se importando com os outros.
– Ok, agora não, Dan. – murmurava Hermione sem graça.
– Me desculpe, eu devia ter lutado mais... Enfrentado ele... – murmurava Dan de modo culpado.
– Pare de falar besteiras, estamos no meio de uma audiência...
– Será que os senhores... – começara Snape rispidamente pros dois que se soltaram rápido antes que ele terminasse a frase, se ajeitando melhor como se nada tivesse acontecido.
– Como eu disse, houve um erro de identidade. – repetira Hermione.
– Como? – perguntara McGonnagal confusa. Dan tentava chamar a atenção da amiga com os olhos. Porém ela o ignorava, assim como ignorava seus murmúrios. “Hermione, o que está fazendo?!”.
– Daniel Conl não é um animago. – dissera Hermione.
– Ah, ele é sim. – dissera Snape na mesma hora irritado. Daniel começara a entender o que a amiga estava fazendo e se desesperara.
– Sim, eu sou.
– Está vendo? – dissera Snape infantilmente.
– Ele está protegendo alguém. – disse ela.
– Não. – negara Dan.
– Sim, está. – dissera ela indiferente.
– Não estou não!
– Sim está... Não. – dissera Snape confundindo-se.
– Protegendo quem? – perguntara McGonnagal. Hermione virara-se para Daniel, encarando-o ao responder.
– Alguém que lhe deve muito. Uma amiga. – dissera Hermione para ele de forma profunda. Daniel contivera uma irritação no maxilar querendo não se comover com as palavras dela. Ela estava prestes a fazer uma grande burrada e ele sabia disso. – Se é um animago... – ela continuara, desafiando-o. – Poderia me responder: em que animal se transforma?
– Um cavalo. – respondera ele.
– Errado. O animal se trata de um Anicórnio jovem, ainda sem chifre. É uma raça especial, prima distante do unicórnio, tendo como diferença a pelagem dourada.
– Ou seja: um cavalo. – dissera Dan já irritado com a castanha e se virando para o tribunal. – Eu já disse que sou um animago, não basta?
– Temos de escutar essa inconveniente? Ele já confessou. – dissera Snape com nojo.
– Isso é tudo que exigem? Uma confissão? – dissera Hermione. McGonnagal dera de ombros meio confusa.
– Bem... Sim... Imagino que sim.
– Bom. – dissera Hermione. – Porque eu tenho a mesma carga mágica de mutação contida no meu corpo desde aquela noite e também estava na Floresta Proibida...
– Pra falar a verdade, tem até muito mais... – murmurara McGonnagal.
– E eu tive conseqüências dessa irresponsável mutação. Sou a única com a prova de que eu sou uma animaga.
– Você? – perguntara Snape ignorando a discussão dos dois.
– Hermione... – murmurara McGonnagal abalada.
– Agora estamos quites. – murmurara Hermione para Dan ao se pôr ao lado dele.
– Você é louca. – respondera ele irritado, sem se virar pra ela.
– Então, soltem Daniel Conl. – dissera McGonnagal mais aliviada.
– Calma! – dissera Snape para todos. – Não vamos nos esquecer que isso aqui é uma cópia de um Tribunal de Justiça. E a punição da Srta. Granger? Conl pode ter sido declarado inocente, mas ainda há uma culpada aqui! – Daniel encarara Hermione ao seu lado de modo sério com uma irritação contida.
– E como é que você espera se livrar dessa, gênio?
– Senhores. – dissera McGonnagal. – A acusada esteve em coma por quase uma semana, além de ter sido torturada por Comensais da Morte. Devemos levar em conta que a acusada já foi suficientemente punida por sua irresponsabilidade. – logo todo o tribunal começara a concordar, e Dan e Hermione apenas assistiam com satisfação Snape ter uma crise consigo mesmo. – Daniel Conl e Hermione Granger, portanto ficam aqui declarados inocentes.
– Pra falar a verdade eu estava doido de saudades de você. – brincara Daniel com um sorriso cínico para a castanha.
Mais uma semana correu em Hogwarts e aos poucos o assunto do ataque foi cessando pelos corredores, em exceção apenas do fato de Draco ainda estar em coma e ter sobrevivido a um Avada Kedavra. Como de costume Hermione fora passar algumas horas na Ala Hospitalar, tentava ficar o máximo de tempo ao lado de Draco e com seus pensamentos. Lembrava dos dois dançando no baile, fora tão perfeito. Nunca que eles imaginariam que horas mais tarde...
De repente começara a ver alguns flashes a sua frente. Um homem cavalgava até eles na Floresta Proibida separando-os dos Comensais. Lembrava disso. Draco mandara Dan tirá-la de lá. Ela se lembrava disso. Lembrava-se do tal Ephram levá-la para outro lugar... Mas então... Uma dor de cabeça absurda a invadia, não conseguindo pensar em mais nada. Então Hermione fora distraída por duas vozes que vinham do escritório da Madame Pomfrey. Antes que Hermione pudesse registrar o que estava fazendo, ficara atrás da porta, notando que se tratam da Madame Pomfrey e McGonnagal.
– Minerva, acalme-se... Não disse isso para que ficasse neste estado. Eu só não entendo como é possível. O Sr. Malfoy levou a Avada Kedavra e ainda respira! Não sei o que pensar. O Potter sempre fora um caso inacreditável... E agora mais este.
– Não posso negar que o estado do Sr. Malfoy me preocupa, mas nada me assusta mais que esta recuperação repentina da Srta. Granger. Dá para ver em seus olhos mais dor que qualquer um pode imaginar... Ela foi torturada. Ela corre muito mais perigo do que pensa. Eu sinto isso. – Hermione sentira-se arrepiar, sabia que Minerva chorava.
– Está falando como a Trelawney, Minerva. – falara a enfermeira tentando acalmá-la.
– Tem algo muito estranho acontecendo com eles dois. Como eles sobreviveram? Dois estudantes contra um grupo de Comensais? Como é possível? E Malfoy... Ele é quase dado como morto! – Hermione dera um passo pra trás transtornada, esbarrando numa pilha de materiais que caíram no chão. As duas saíram do escritório encontrando uma Hermione toda atrapalhada recolhendo tudo. – Senhorita...
– Me desculpem, eu não queria ouvir... Foi só...
– Tudo bem, Srta. Granger. Eu vou indo então, Pomfrey. – despedira-se McGonnagal ainda abalada.
– Ah, professora! – chamara Hermione fazendo Minerva parar. – E se... A maldição, tivesse o acertado de raspão? – perguntara a garota receosa sabendo que era uma idéia idiota.
– O que? – perguntara a professora.
– Ou não sei... Se não tivesse acertado o coração... Não sei porquê, mas tenho a impressão de já ter ouvido sobre isso antes. – completara a castanha um pouco confusa.
– Pois ouviu de um maluco, só pode. – dissera a professora.
– Mas quem diria um absurdo desses? – rira-se a enfermeira.
– Eu não sei... – dissera Hermione pra si mesma.
– É impossível. Uma vez a maldição esteja em contato com a pessoa já faz efeito. Não importa onde tenha mirado.
– Mas então... Como...?
– Eu não sei, Srta. Granger. Acho que o Sr. Malfoy teve o mesmo anjo da guarda que o Sr. Potter teve há dezesseis anos atrás. É melhor esperar Dumbledore retornar para que nos dê uma teoria melhor.
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Evans caminhava nervosa até a Biblioteca xingando mentalmente Potter de todos os nomes possíveis. Aquele garoto a irritava mais do que qualquer coisa e não entendia como ainda aturava aquilo. Como passara por cima da sua moral, do seu orgulho e se deixara apaixonar por alguém como James Potter?! Como namorara com ele?! “Muito bem, Lílian Evans. Eis a sua recompensa.”, pensara ela, ainda lembrando da cena que presenciara há pouco. Potter e Bloostrud aos beijos.
Aquela arrogante ex dele metida a super sensação de Hogwarts. Todos sabiam que ela só se pendurara no pescoço de James nos últimos meses por popularidade e que todo incrível charme e esplêndida beleza, sem contar aquele corpo maravilhoso dele não tinham nada haver com isso. “Aff, pára de pensar nisso!”, brigara a ruiva novamente consigo mesma.
Ele a traíra, não conseguia acreditar. Jurara amor por tanto tempo e agora a traíra. Chegara até mesmo a sentir um pouco de pena do desgraçado quando gritara na sua cara todo o tipo de verme que ele era, ameaçando matá-lo friamente caso se aproximasse dela novamente. Não querendo ouvir as dúzias de “Perdão!” ou “Eu posso explicar...”, “Não é nada disso”, “Confia em mim, eu não queria...”. Grr... O cinismo dele era o que mais a irritava. Filho da mãe. Nunca mais se permitiria sofrer daquele jeito. Nunca mais. Por mais ninguém.
Caminhava entre as estantes da Biblioteca vazia, exausta por procurar por um livro interessante o bastante para livrar-lhe de seu estresse. Parara de cabeça baixa, respirando com dificuldade, apoiando as mãos na estante à frente. “Ele é um idiota... Idiota...” pensava ela. “Ele é um idiota... E você é doida por ele... Doida por aquele galinha que só queria completar a listinha dele contigo...”.
Fora quando sentira seus olhos arderem e uma lágrima escapar. Ela notara surpresa a lágrima ir em direção ao chão quando a própria parara. A lágrima congelara no ar sem cair. Evans levantara surpresa mantendo certa distância da lágrima que continuava parada no ar e olhara para os lados certificando-se de que estava sozinha. Então se agachara até a altura da lágrima ainda congelada no ar, analisando-a com o cenho franzido. Colocara então sua mão direita de costas um pouco abaixo da lágrima e quase instantaneamente ela descongelara caindo em sua pele.
Lílian levantara assustada batendo com força contra outra estante, olhara pra cima assustada e em desespero notara um enorme número de livros que começavam a cair em sua direção. Num reflexo levantara as mãos e logo abrira de leve os olhos notando que esses não caíam e se mantinham congelados no ar com uma espessa camada de gelo. Então se sentira respirar com dificuldade, seu nervosismo aumentando junto com a palpitação no seu peito. Andava pra trás cada vez mais tensa, sentindo uma dor de cabeça horrível aumentando. As mesas pelas quais passava eram violentamente jogadas pro alto, assim como as lâmpadas do ambiente que começavam a explodir.
Lílian virava-se assustada para cada ponto da Biblioteca que parecia rebelar-se contra ela, seus cabelos vermelhos já não estavam mais num coque, mas sim flutuava no ar, como que carregados de uma fonte de energia. Lílian começava a sentir sua pele arder, assim como seus olhos, os quais fechara com violência, agachando-se de dor.
– Pare... Pare... – suplicava ela para o desconhecido. Logo todas as vidraças da Biblioteca explodiram em pedaços que acabaram por irem em sua direção.
Ela botara o braço na frente em defesa, mas quando abrira os olhos viu que os cacos de vidro estavam congelados no ar cobertos de gelo a alguns centímetros dela. Virara-se numa revolta sentindo seu peito prestes a explodir quando sentira bater de frente para alguém que a segurara quase num abraço sustentador. Vira a sua frente um par de olhos negros preocupados, mesmo no seu jeito orgulhoso.
– Evans, o que foi? – dissera Ephram a sua frente, mirando aqueles imensos olhos verdes arregalados de medo, os cabelos dela estavam bagunçados em torno de seu rosto como uma fogueira.
Ela suava frio, encarando-o como se passasse alguma mensagem e antes que percebesse que fora seu primeiro contato com ela, a vira cair desmaiada em seus braços. Assustado, Ephram deitara Evans com cuidado no chão da Biblioteca chamando por ela, olhara para os lados, não havia ninguém, e então notara o rosto pálido da garota desacordada. Seus cabelos lisos e vermelhos espalhados no chão. Notara que ela segurava com força uma pulseira de couro de aspecto antigo, que possuía um cristal em seu centro. A pulseira da sorte de Lílian havia se desprendido de seu pulso...
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Hermione acordara sobressaltada em seu quarto sentindo seus olhos arderem demais, sentindo-se numa febre de cinqüenta graus. Suava frio e tremia, agarrando seu cobertor. Colocara a mão na barriga de onde vinha toda a ardência. Jogara-se para o lado a procura de seu diário e agarrara-o como se ele pudesse protegê-la de algum mal. Desesperava-se em não saber o que estava acontecendo.
Lembrava vagamente de seus pesadelos, não entendendo o que eles significavam. Lembrava-se de alguém apanhando, de alguém falar de Salazar e a Guerra dos Bruxos. Lembrava de sentir muita dor, alguém nocauteia-la no rosto fazendo-a cuspir sangue. Lembrava-se de um anel de fogo, de mesas e vidros explodindo. Mas era tudo muito confuso, muito rápido, não via rostos, não escutava quase nada. Só sentia, raiva... Desespero...
– O que está acontecendo comigo? – dizia-se Hermione sozinha fechando os olhos com força tentando ignorar a dor que se alastrava pela sua cintura.
Não agüentando de dor correra até seu banheiro acendo a luz às presas e jogando água nos rosto, tentando refrescar aquela pele que ardia em febre. E então tudo parara. Olhava-se no espelho, seu reflexo descabelado e cansado. Mas não sentia mais nada, estava ótima de novo. Então subira a camisa de seu pijama um pouco, encarando surpresa uma fina cicatriz em sua cintura. Uma linha forçada, cicatrizada às pressas e há pouco tempo.
– O que fizeram comigo?
***
Ephram estava jogado em sua carteira no fundo da sala não prestando a devida atenção naquela aula de poções. Mas ele não era o único. Olhara de lado para Potter que mantinha um olhar sério e perdido, o amigo ainda sofria pela ruiva, mesmo não entendendo o que de tão especial havia nela, Ephram sentia pelo amigo.
Hogwarts não andava mais tão animada quanto antes. Mas mesmo assim não conseguia esquecer o pedido que ele lhe fizera. Respirara com irritação não acreditando que ele mesmo concordara com uma loucura daquelas. Logo ele... Era inacreditável. “Por que ele não pedira isso para o Sírius, afinal? Grr...”.
Então o loiro olhara para mais a frente, onde Evans também não prestava atenção na aula. Ela mantinha apenas seu olhar parado para um lápis a sua frente que mantinha-se magicamente em pé sobre a ponta e girava lentamente em sentido horário. O dedo indicador da ruiva mantinha-se apenas a alguns centímetros acima do lápis. Ephram franzira o cenho pasmo com o que aquela ruiva parecia estar fazendo...
***
Logo os olhos esverdeados tornaram-se castanhos, as madeixas ruivas se tornaram cheias e cacheadas num tom castanho também. Hermione mantinha o olhar concentrado sobre o seu lápis que girava magicamente a sua frente, arranhando sua carteira. Logo sentira alguém cutucar seu ombro desconcentrando-a e instantaneamente fazendo com que o lápis caísse e ela mesma se atrapalhasse ao pegá-lo no chão.
– O que foi? – perguntara ela meio aborrecida.
– Já soube? Dumbledore volta essa tarde. – dissera Harry com o olhar atônito para a amiga.
– Já era tempo, aquele miserável dar as ca... – resmungara Ron ao lado do amigo ainda copiando o seu dever.
– Talvez ele consiga explicar o que aconteceu... E quem sabe trazer Draco de volta. – aquilo realmente fizera uma alegria se espalhar pelo estômago de Hermione, ela engolira em seco tentando manter a calma.
– É... Talvez.
– Você está bem? – perguntara Harry pela terceira vez naquela manhã. – Parece estranha... Dormiu bem? – Hermione respirara fundo sentindo uma angústia terrível em seu peito, não agüentava mais fugir daquela pergunta. – Hermione?
– Tenho tido alguns pesadelos estranhos...
– Que pesadelos? – a garota olhara pros lados tentando achar palavras e coragem para o que ia dizer, a essa altura até mesmo Ron já se interessara.
– Harry... Sei que pode parecer estranho, mas... Eu tenho a impressão... Na noite do ataque... Ah! – Hermione massageara a cabeça não conseguindo continuar, não sabia exatamente o que tinha de dizer, tudo parecia confuso demais.
– O que foi? Diga... – perguntara Harry com a voz compreensiva.
– Harry... Está acontecendo alguma coisa. – dissera Hermione mirando o amigo de um jeito sério. – Algo que envolve a sua mãe.
– O que? Como assim...
– Srta. Granger! – dissera Snape na sua voz arrastada, a garota o olhara e vira o mesmo olhar de irritação e nojo de sempre. – Já que a senhorita está aproveitando seu tempo livre para jogar conversa fora, deve significar que já entende a matéria perfeitamente. Estou certo?
– Professor... – dissera Harry tentando se controlar.
– Calado, Sr. Potter! Você não é a Srta. Granger, é? – dissera Snape para o garoto. E olhara de volta para a castanha. – Por que não vem até aqui e nos dá uma demonstração do quanto você entendeu?
– Senhoras e senhores mais uma brilhante demonstração da incrível Miss Hermione Granger. – brincara Dan do outro lado da sala tirando risada dos outros. Hermione rira do amigo de leve, vendo-o piscar pra ela de forma encorajadora.
Hermione respirara fundo segurando uma irritação, com tantas dúvidas e complicações na cabeça ainda tinha que aturar um idiota como professor. Hermione levantara emburrada de sua cadeira indo até a mesa do professor de frente para sala onde tinha um caldeirão, algumas ervas e vários manuscritos.
– Poção Olictavus... – começara a castanha para a turma. – Ou melhor, a poção para esquecer um amor. É a poção que tem como função desencadear de sua mente e coração mágoas passadas. Uma poção muito eficiente e sem antídoto, criada pela bruxa Antares Sérpia nos anos da Guerra Bruxa. Sérpia uma bruxa nascida trouxa que gerara muita polêmica em sua época também por ser a Bruxa Elemental mais famosa...
– Bruxa o que? – cortara um aluno. Todos se entreolhavam perdidos na explicação da castanha. A própria parara de falar não entendendo de onde tirara aquela informação.
Logo a castanha, ainda confusa, vira o olhar do professor. Snape a olhava com um estranho olhar pasmo, era óbvia a surpresa e indignação dele. Era o melhor olhar que ela vira nele desde quando o professor também flagrara Harry falando com as cobras.
– De onde tem tanta informação sobre Sérpia das Pedras e como sabe sobre a Magia Elemental? – indagara Snape rispidamente. Hermione fechara e abrira a boca várias vezes.
– Eu... Eu não sei. Eu nunca ouvira falar sobre “Sérpia das Pedras”. Tudo o que eu sei sobre Antares Sérpia é que ela inventou a Poção Olictavus, que é até mesmo proibida e considerada uma magia das trevas. Eu... Eu não sei nada sobre “Magia Elemental”... Eu nem sei de onde veio isso... – dizia a garota confusa sentindo fortes dores na cabeça.
– Só isso? Responda-me, Granger! Onde ouviu sobre a Magia Elemental? Que livros anda lendo?
– O que? – dizia-se a garota confusa... Ouvia a voz do professor ao longe, pois outra estava em sua mente, sua consciência parecia falar consigo. “Não. Você sabe muito mais do que isso.” – Nenhum...
– Não minta, Granger... Fale-me o que sabe sobre a Magia Elemental! – “Você sabe muito mais que isso... Magia Elemental... Lembra... Eu sei mais.”.
– Ela tinha o poder de controlar os elementos... Digo, o dom... O dom de se familiarizar com os elementos da natureza. – dissera Hermione quase sem voz se assustando com o que estava acontecendo.
Snape e os alunos a olhavam com espanto. Ela começava a respirar com dificuldade. Via em sua mente com clareza uma jovem ruiva e dizer em voz alta.
“... Não é uma magia que pode ser aprendida, mas sim um dom. O dom de se familiarizar com os elementos da natureza. Um dom que poucos bruxos conhecidos até hoje já conseguiram controlar. Assim como até mesmo o ofidioglotismo: o dom de falar com as cobras...”
Hermione tapara os ouvidos com as mãos sentindo seu corpo e seus olhos arderem. Ouvia ao longe Snape dizer alguma coisa e mais longe ainda Harry e Ron exclamarem seu nome.
“...É, porém só bruxos das trevas são ofidioglotas...”
Vira em sua mente uma jovem bonita de longos cabelos negros e olhos azuis que passavam um ar intimidador. Via flashes confusos em sua mente, Comensais caindo, muita neve. Uma mistura de informações que doíam da mente ao corpo.
– Bella... – ela sussurrara, Daniel se levantara de onde estava, enquanto Harry e Ron ficavam ainda mais desesperados pela amiga.
“...Você não disse que ia me matar?...”
Hermione apoiara-se na mesa acabando por esbarrar no caldeirão que caíra pra frente despejando todo seu conteúdo.
“...Não há relatos sobre uma possível restrição para com o portador das citadas magias. A bruxa Antares Sérpia, por exemplo, a mais famosa portadora da Magia Elemental, era conhecida por sua ambigüidade na era da Guerra dos Bruxos...”
“...Uma bruxa do bem que mantinha um romance com um bruxo das Trevas...”
Dissera um jovem loiro em sua mente, sentado ao fundo da sala.
“...Só existiu uma única sangue-ruim capaz de me ferir, menina, e ela já morreu faz muito tempo...”
Hermione começara a tombar em direção ao chão gritando de dor quando alguém a segurara pelos ombros sacudindo-a e forçando-a a abrir os olhos e encarar as pupilas verdes escuras de Daniel.
– Hermione, fala comigo! O que está acontecendo? – perguntara o loiro decidido sem soltá-la.
– Eu não sei. – dissera Hermione ao mesmo tempo em que chorava de dor. Sem conseguir registrar mais nada além dos flashes em sua frente.
“...Parece que a história nunca muda, não é mesmo?...”
Hermione tentara voltar ao controle apoiando-se na mesa, tentando afastar-se dos outros, esbarrou nos materiais em cima da mesa do professor quando sentira algo cortante e vira a sua frente um punhal torto do qual olhara com espanto e outra dor avassaladora a percorria.
“...Se tivessem feito isso com a Evans vinte anos atrás, teríamos evitado problemas muito maiores...”
Hermione começara a correr desesperada pra fora da sala, ignorando todos que iam atrás dela. Corria pelos corredores sentindo seu coração acelerado e algo percorrer-lhe as veias. Via em sua mente com clareza o momento que Bellatrix a apunhalara. Hermione caíra de joelhos no corredor gritando de dor, com a mão na cintura no local exato em que o punhal a ferira.
“...Infelizmente, há um destino ainda mais cruel para aquelas que se apaixonam por um Malfoy...”
– Draco, acorda,... Por favor... – dizia Hermione em meio ao choro, logo gritando de dor novamente, sem conseguir se conter. Sua cicatriz na cintura ardia com absurda intensidade e ela sentia que na mesma velocidade que algo se espalhava pelo seu corpo sua, a vida ia sendo sugada. Sentia-se morrendo. – Draco...
“...Eu não sei o que você fez com meu sobrinho... Mas nenhuma outra Sangue-Ruim vai interferir na vida de um Malfoy...”
Via uma jovem ruiva caindo e cuspindo sangue no chão da Floresta Proibida. Sendo torturada.
“... Você sabe muito bem que não há futuro para vocês dois...
...Vamos descobrir...”
Vira Draco sendo acertado por um Avada Kedavra em seu lugar e gritara ainda mais de dor e desespero. Os alunos a rodeavam, enquanto outros buscavam ajuda.
“...Você sabe que independente de qualquer coisa, Draco ama apenas você... Ele não pode se transformar em outra pessoa só pelo amor que tem a você...”
– Não. Ele é bom. – dissera Hermione em delírio. Enquanto se contorcia de dor no chão.
– O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM ELA? – gritara Harry para Snape que apenas a observava atônito e surpreso. Logo McGonnagal aparecera entre os alunos e colocara as mãos na boca em espanto.
– Srta. Granger...
Logo Balazer aparecera entre os muitos alunos com uma máquina fotográfica, mas antes de tirar uma foto fora puxado pelo colarinho com brutalidade e jogado na parede por um Ron Weasley furioso.
– Por favor, me convença que você é só fruto da minha imaginação e de que não está me implorando pra te dar a maior surra da sua vida. – dissera Ron com raiva e ameaçador.
Enquanto isso Daniel apenas acariciava o rosto da castanha tentando acalmá-la. E então vira que Hermione segurara firme a cintura e fizera força pra tirar a mão dela de cima para que pudesse ver a cicatriz. Ele vira espantado e nervoso uma linha fina que representava a cicatriz e veias em volta arroxeadas que pareciam ter vida dentro da garota que continuava aos berros.
“...Essa santa ingenuidade de vocês que sempre os condenou. Essa mania de rotular todos de ‘bons’ ou ‘maus’... Todos conseguem ser ‘bons’ à custa de alguém...”
– Amuldul. – dissera Dan pra si mesmo e olhara para a castanha, que continuava aos delírios chamando por Draco. E então se virara para todos dizendo em voz alta. – Ela foi envenenada! – e a pegara no colo, levando-a às pressas para a Ala Hospitalar.
“... Agora eu sei o porquê dessa super proteção deles com você. Nós tínhamos a mesma para com ela também...”
Via em sua mente Lílian virar-se assustada para cada ponto da Biblioteca que parecia rebelar-se contra ela, seus cabelos vermelhos já não estavam mais num coque, mas sim flutuavam no ar, como que carregados de uma fonte de energia. Lílian começava a sentir sua pele arder, assim como seus olhos, os quais fechara com violência, agachando-se de dor, suplicando para o desconhecido “Pare... Pare...”
– Pare... Pare... – dizia Hermione aos delírios ao ser colocada sobre a cama da Ala Hospitalar, agora só continha Harry, Ron, Dan, Snape, McGonnagal e Pomfrey com ela.
– O que aconteceu? – dissera Gina assustada ao entrar correndo na Ala Hospitalar.
– Essa dor vem da cicatriz... – dissera McGonnagal.
– Um corte de punhal não devia causar isso tudo. – dissera-se Pomfrey atordoada.
– O punhal estava envenenado por Amuldul. – dizia Dan de forma consciente e séria.
– Amuldul? Mas como... – perguntara Snape.
– O que é Amuldul? – perguntara Harry nervoso.
– É um veneno mágico das trevas feito com uma planta muito rara, tinha uma plantação atrás da Mansão dos Malfoy. Precisa fazer o antídoto... – dissera o loiro agora para o professor Snape. – Basta recolher um pouco do sangue dela e seiva de Amargenélia do Norte, deve saber fazer.
– Sei... – disse Snape na sua voz arrastada.
– Então rápido porque não temos muito tempo. – pressionara o loiro.
– Tome, tinha um pouco do sangue da Srta. Granger guardado. – dissera Pomfrey entregando para Snape às pressas.
– ANDA! – pressionara Ron para Snape que o olhara assassinamente. – Digo... Professor. - Milagrosamente Snape saíra as pressas da Ala Hospitalar para as masmorras.
“...Enquanto ainda somos inimigos... Me diga pelo menos o seu nome...”
Hermione via-se dançando alegremente com Draco no baile, tudo era lindo e perfeito.
“...É meio inacreditável, não é?”
“...É, ele não era só maldade, por mais que seja assim que a maioria das pessoas o vejam, ou pensem...”
“...Serei sua inimiga para sempre...”
***
Uma lágrima escapara dos grandes e reluzentes olhos verdes de Lílian Evans enquanto olhava para o nada além da vidraça da diretoria de Hogwarts. Seus cabelos vermelhos estavam em contraste com a sua pele pálida.
– Não chore, Lily. Esse dom que possuis é algo maravilhoso. Mais maravilhoso que um carma em si. – dissera Dumbledore meigamente de sua cadeira, chamando a jovem para sentar-se de frente para ele.
Lílian se virara para ele ainda tensa. Tremia da cabeça aos pés de nervoso e angústia, enquanto os muitos quadros cochichavam entre si.
– Eu não quero esse dom. Não posso carregar essa responsabilidade. Não dá... É doloroso demais. Isso... Isso é demais para mim. Você não sabe como é. Carrego mais poder do que posso controlar. – dissera a ruiva tentando conter as lágrimas.
– Não terá de fazê-lo sozinha. Eu estarei aqui, e para os estudos e treinamento terá um parceiro, mais do que isso, um amigo. – dissera ele meigamente.
– Quem? Não posso contar com ninguém!
– O Sr. Malfoy. – Lílian o olhara com indignação e descrença, não acreditando no que estava ouvindo.
– O que? Lucius?
– Não. Lucius é um jovem disperso demais para lhe dar com tal circunstância. Não creio que seja o bruxo certo para ajudá-la nisso. Refiro-me ao mais jovem. Ephram.
– Não há diferença nenhuma entre os dois para mim. – dissera a ruiva com raiva. – Ambos são arrogantes, mesquinhos e superficiais em minha opinião.
– Não, acabará por descobrir que Ephram não tem nada de superficial, por exemplo. Aliás... Fora ele mesmo que se candidatara a este cargo.
– O que? – perguntara ela sem entender. Logo as portas da diretoria foram abertas novamente e um garoto loiro de vestes negras e olhar sério, e até mesmo contrariado, com as mãos nos bolsos da calça, entrara. Dumbledore anunciara com uma sorriso confiante.
– Srta. Evans, apresento-lhe seu novo parceiro no treinamento da Magia Elemental: o Sr. Ephram Malfoy.
****
Quase uma hora havia se passado desde que Severo Snape voltara com o antídoto e introduzira-o diretamente na cicatriz dela, quando Hermione Granger voltara a abrir os olhos. A primeira coisa que ela encontrara ao abrir os olhos, fora o sorriso aliviado do seu amigo extrovertido Daniel.
– Eu sempre soube que realmente dava muito trabalho ser amigo de um grifinória. Eu nunca quis me meter contigo, mas você praticamente me conquistou com esse seu jeito marrento e zangado de ser. – dissera Daniel no seu jeito despojado, fazendo a castanha sorrir. – Como se sente?
– Eu não sei... Eu... Eu não consigo explicar o que tenho. Mas eu sinto que se eu quisesse te matar... Eu poderia... Tenho poder pra isso. – ela disse de modo sombrio, não se sentindo nada bem, porém sendo totalmente sincera.
– Disso eu nunca tive dúvidas. Por que acha que sou seu amigo? – brincara ele novamente, fazendo-a sorrir meigamente.
– Obrigada. – dissera ela enquanto o garoto acariciava seu rosto. Ele ficara sério sem entender.
– Pelo o que?
– Por cuidar de mim. – ele rira comovido.
– Só estou fazendo o que prometi para Draco há alguns anos atrás. – ele respirara pesadamente. – É claro que... Eu não contava com alguns elementos surpresas. Mas a vida sempre arruma um jeito de nos fazer sofrer sempre que tentamos fazer o bem para alguém.
– Eu não entendi... – o loiro rira dando de ombros.
– Esquece. Só estou filosofando. Eu já devia ter aceitado mesmo que o meu lugar não é nos livros e sim nos palcos, levando a ralé do sexo feminino à loucura. – a garota rira com dificuldade. – Agora vamos que seus amiguinhos pela-sacos já estão me perturbando com notícias suas. – dizia Dan, enquanto ajudava a garota a se levantar. – É sério, o Potter tem que se conformar com o fato de que o cargo de melhor amigo não pertencer mais a ele. Francamente. E vê se não conta sobre essa sua nova capacidade que você me revelou porque não sei, algumas garotas de Hogwarts podem vir e tentar subornar você.
– Então... Eu comecei a ter muitos flashes, comecei a relembrar de tudo o que eu acabei de te contar. Os sonhos, a noite do ataque. Só que numa velocidade ainda maior. Eu gritei de dor e depois eu apaguei. Lógico que... Foi um pouco mais detalhado e angustiante que isso. – terminara Hermione para Dumbledore, que estava sentado a sua frente a mais ou menos uma hora, apenas ouvindo toda a história que a castanha contara nos mínimos detalhes. O diretor respirara fundo antes de falar qualquer coisa.
– Eu realmente sinto muito que a senhorita tenha passado por tudo isso, Srta. Granger. Eu não esperava que passasse por uma situação igual tão cedo.
– Como? – perguntara a castanha sem entender.
– Como pode já ter percebido, Hermione, os sonhos que têm tido são obras causadas pelo veneno contido no punhal utilizado por Bellatrix Lestrange na noite em que te atacou. O Amuldul é um veneno muito forte do conhecimento de “poucos” bruxos das trevas. Foi realmente uma sorte termos o Sr. Conl, amigo muito íntimo dos Malfoy, presente para reconhecer tal magia. – a castanha sentara-se em sua cadeira ainda mais ereta, prestando tamanha atenção nas palavras do diretor da escola. – Esse veneno causa uma morte lenta e angustiante com mais sintomas do que apenas pesadelos. Mas esses sintomas foram felizmente combatidos pela própria magia existente dentro de você. Uma magia realmente muito poderosa que estivera adormecida no seu íntimo por bastante tempo. – dissera o velho com um sorriso meigo.
– Que magia é essa?
– Acho que você já faz uma idéia de que magia seja. – dissera o velho para ela, que olhara para o chão sem um pingo de felicidade. Pelo contrário, com uma angústia forte. – Os pesadelos que o veneno causara não foram sem conteúdo. Pelo contrário, foram bastante reveladores. Uma vez estando em conflito com essa nova magia que despertara dentro de você, acredito que ela mesma tenha se aproveitado desses sintomas para gerar-lhe as informações necessárias. No caso, baseados na mãe de Harry, Lílian Evans. Uma jovem portadora de uma grande inteligência e poder do qual poucos eram cientes, a Magia Elemental. – dissera ele apontando com o dedo indicador para o coração da castanha. – A Magia Elemental, Hermione, é o dom de se familiarizar com os elementos da natureza. Como já sabe. Um dom, não uma maldição. É claro que é uma magia exigente, necessitada de muito treinamento e dedicação. Uma magia poderosa demais, que se você não conseguir dominá-la ela acaba por dominar você. Veja bem, ela é uma magia consciente que busca exatamente tudo o que precisa. Do mesmo jeito que ela usou o veneno de Bellatrix ao seu favor para passar-lhe algumas informações, ela pode se aproveitar de outros artifícios.
– Por exemplo?
– Por exemplo, seus sentimentos. Raiva, alegria, tristeza... Suas maiores emoções. Por isso ela é desperta na adolescência. Porque é quando os sentimentos se afloram.
– Mas por que eu tenho essa magia? Esse... Dom?
– Porque ela escolheu você. Veja bem... Eu vejo muito da Lílian em você, sei que não sou o primeiro a te dizer isso. – ela abaixara a cabeça constrangida. – Você possui muita das características de personalidade e poder dela. Assim como também da própria Antares Sérpia e outras bruxas elementares. Eu não entendo muito sobre a Magia Elemental. Só o básico. Essa é uma matéria proibida e antiga. Essa é apenas a minha idéia do porquê ela pode ter te escolhido.
– Mas então... Quem vai me ajudar nisso? Me explicar tudo sobre a Magia Elemental? Porque eu não posso lidar com isso sozinha. É muita responsabilidade... E é perigosa... – dizia Hermione sentindo-se engasgar transtornada.
– Eu sei... Eu sei... – dissera Dumbledore. Ele respirara profundamente massageando a testa. – É incrível como a vida brinca conosco. Parece que sempre que estamos de frente para uma guerra aparece uma Bruxa Elemental. Isso devia nos significar esperança, não tristeza e angústia.
– Não conhece ninguém que tenha lidado com a Magia Elemental? Alguém que possa me ensinar? – Dumbledore respirara pesadamente mais uma vez, como se tais lembranças fossem dolorosas demais.
– Só existiram dois alunos experientes na Magia Elemental. Eles se comprometeram a estudar profundamente pelo mundo nas férias, treinar, traduzir todos os manuscritos antigos... Eles realmente foram os ícones de conhecimento da Magia Elemental. Os únicos também. Veja bem, não é uma magia muito segura de se ter conhecimento.
– E quem foram eles? – perguntara a castanha inquieta.
– Um deles está morto. Refiro-me a Lílian. Ela demorou a aceitar seu destino de bruxa Elemental, mas se dedicou inteiramente a ele. Pena que o destino realmente não fora muito bom para com os Potter... – Hermione sentira seu peito disparar em tristeza ao pensar em Harry. – O outro... Bem, tentou te matar na semana passada. – Hermione subira os olhos para Dumbledore surpresa. Essa era uma das informações de seus pesadelos que ela preferira ignorar por não fazer sentido algum.
– Eu pensei...
– Não. De fato o Sr. Ephram Malfoy fora o outro estudante. Ele e a Srta. Evans apesar das diferenças entre si concordaram por investigarem e treinarem juntos a fundo sobre a Magia Elemental. A Srta. Evans, portadora da Magia Elemental, necessitava de um parceiro, como você necessita agora. E o Sr. Malfoy ofereceu-se por livre e espontânea vontade ao cargo. Ambos já sabiam alguma coisa sobre a matéria e eram alunos muito capacitados. Não fora de fato nenhum erro juntar os dois nessa pesquisa. O problema fora o que o futuro reservara aos dois... O Sr. Malfoy pelo que me consta, mesmo pertencendo a uma família bem “tradicional”, fora um dos melhores amigos de James Potter. – o diretor rira de leve. – Já imaginou? Se Harry soubesse de uma coisa dessas...?! Um Malfoy amigo do pai dele. Pois é, Ephram era amigo do quarteto maravilha, bem pelo menos de James, Sirius e Remus. É um mistério porque ele não fez parte dos Marotos, disse Sirius uma vez. Mais tarde por causa dos treinamentos, Ephram acabara por se tornar muito amigo também de Lílian. Bem... Quando os Potter morreram... Inacreditavelmente Ephram se voltou para o lado das trevas.
– Mas por quê? – perguntara Hermione atônita.
– Não sei... Ninguém sabe. Ele sumiu por muito tempo, se exilou de tudo e todos. Quando tivemos noticias dele, já era um Comensal. Poucos se lembram do jovem alegre e divertido que ele era. – dissera Dumbledore com uma expressão de saudade no rosto. – Entenda, Hermione. Poucos têm caráter suficiente para não se deixar manipular pelas dores e artimanhas que a tristeza pode trazer.
Hermione sentia o vento gelado ir de encontro ao seu rosto. Seus cachos castanhos batiam no ar por causa da ventania. Olhava para a incrível vista do lago, onde as nuvens por sobre o sol estavam refletidas. Já fazia tempo que a Torre das Gárgulas se tornara também o seu lugar favorito. Mas sentia uma absurda saudade de Draco. Passava os dedos pela capa de seu diário. Teria tanta coisa para contar... Ela ali, bruxa Elemental... Mas não conseguia fazê-lo naquele momento. Não tinha ânimo para escrever. Não sem Draco por perto. Abrira seu diário e lera com um sorriso triste nos lábios o dia em que fora ali pela primeira vez.
“... – Se chama ‘O Uivo das Sereias’ – disse ele ao meu lado olhando para o mar como se dividissem um segredo, me olhou com aquele olhar de professor sem ligar para os fios que batiam em seu rosto... Ventava demais e meu rosto já estava gelado e percebi que logo choveria forte... Mas nada me faria parar de ouvir aquela música. – Acontece quando o sol está se pondo e seus raios batem na água ao mesmo tempo em que o reflexo das nuvens... As sereias começam um canto que só conseguem cantar uma vez... Nenhum uivo das sereias é igual ao outro. Elas cantam para o sol... Para que ele tenha coragem e atravesse as nuvens, vencendo-as e transformando-as em chuva. Uivam para o sol. O mesmo acontece com os lobos... Mas para a lua. Por isso o nome uivo... Porque lembra o uivo dos lobos. – ele nunca estivera tão lindo como naquela hora... Como se ele fizesse parte daquele ritual... O sol, a chuva e o lamento das sereias.
– É lindo... – foi tudo o que eu consegui dizer... Estava sendo sincera e estava falando da música e da vista... A vista do lago. – Mas como eles não conseguem ouvir?... – me referi aos demais lá em baixo.
– Certa vez Salazar Slytherin – não era possível! Como um ser tão demoníaco como Slytherin podia ter algo a ver com isso?! – Trouxe uma bruxa aqui... Pra mostrá-la a vista. Acho que para conquistá-la, então ele ouviu o uivo das sereias... Ele pesquisou e entendeu que aqui era o único lugar do qual a música dava eco... Sob essas estátuas. – disse apontando para as gárgulas. – E não sei se você percebeu, são as únicas em todo o castelo.
– É mesmo... Por quê?
– Havia mais, mas os fundadores da escola acharam melhor retirá-las, pois dava incentivo a falsas lendas e maldições, sem contar que davam um aspecto sombrio à escola. Mas depois que Slytherin fez a descoberta do eco nas gárgulas, ele não permitiu que tirassem essas duas
.
– Hum... Interessante. – eu disse quase hipnotizada com o canto que agora parecia aprofundar... Como um choro. – Quer dizer... Que o único meio de ouvir o ‘uivo das sereias’ é vindo aqui em cima...
– Foi o que Slytherin achou... – completou o loiro com um meio risinho. – Então ele perguntara a amada se ela ouvira o canto. E ela não entendera do que ele estava falando.
– Ela não conseguia ouvir? Mas como?
– É... Ele ficara por mais um bom tempo tentando compreender isso... Então ele entendeu que os uivos, em especial de certos lobos só são ouvidos pelo seu lobo ideal... Seu parceiro. Ele pesquisou mais e descobriu que os sereiânos não possuem um parceiro em especial... O que dificultava a teoria de só seu parceiro poder ouvir o canto. Então ele pesquisou mais e mais, e descobriu que os sereiânos não possuem parceiros, mas conseguem compartilhar sentimentos. E que esses uivos só são ouvidos pelos que estiverem aqui em cima, por causa do eco, e por aqueles que compartilharem do mesmo sentimento do deles.
– E como saber que sentimento é esse?
– Você vai ver... – ele disse misterioso apontando pro lago... Logo começou a chover muito forte e os raios de sol pareceram ficar só em certo lugar do lago, como um arco-íris. Eu nunca vira algo tão lindo... Logo vi que os raios de sol começaram a formar uma palavra no lago... Roma.
– Roma?
– Uma das únicas palavras sereiânas que podem ser compreendidas pelo ser humano... Pois podem ser lidas de trás pra frente... – parei para ler a palavra novamente na ordem que ele dissera.
– Amor? As sereias estão amando?
– As que estão cantando sim...
– Isso quer dizer que os únicos que podem ouvir...
– São os que estão amando... – ele disse me encarando sério... E eu comecei a entender onde ele estava querendo chegar... Estava me persuadindo a dizer que o amava. Olha só até onde aquela cobra chegou pra fazer isso... Muito esperto, me enrolou pra caraca... Eu dei uma pequena risada seca.
– Muito engraçado, Draco... Mas eu não estou amando ninguém...
– Você está ouvindo a música... – ele disse sorrindo maroto...”
Hermione fechara o diário rindo-se sozinha da cena e de como sentia saudade do sorriso de Draco, seu jeito brincalhão. Não poderia passar por tudo aquilo sozinha... Precisava de Draco, mais do que nunca. Fora quando sentira um frio na espinha, um frio mais gelado do que o vento que batia em seu rosto.
Havia mais alguém ali. Olhara para sua esquerda e vira ali, sentado sobre o muro de forma desleixada, encarando a paisagem como se ela não estivesse ali... Draco.
Hermione sentia seus olhos lacrimejarem e seu coração bater numa velocidade absurda. Não conseguira segurar um suspiro e dissera seu nome. Ele a olhara então, mas havia algo de diferente nele. Não era o Draco que estava na Ala Hospitalar, mas sim um Draco mais jovem, de uns treze anos.
Ela vira confusa ele a olhar sério, com o olhar invocado de sempre, seus cabelos muito claros batiam-se contra o vento. E ainda tinha certa transparência, como um fantasma ou uma lembrança. Hermione abrira e fechara as bocas várias vezes sem saber o que falar. Mas então fora a voz firme do garoto que soara.
– Eu estou aqui. Só pra que saiba, eu não vou abandoná-la tão cedo. – e um fino e quase inexistente sorriso surgira em seus lábios, um sorriso quase totalmente escondido, que fizera Hermione não se conter em lágrimas, fechando os olhos e sorrindo abertamente, mas quando os abrira ele não estava mais ali.
Daniel aparecera após uma aula de Poções na Ala Hospitalar e fora até a sessão especial onde Draco se encontrava. Vira o amigo ainda adormecido de forma sinistra e engolira em seco lembrando da falta que o amigo fazia.
– E aí, cara... – dissera Dan em voz baixa, enquanto deixava a própria mochila pendurada num ombro só. – A Hermione anda sentindo muito a sua falta, sabe? Ela... Passa aqui todos os dias, e praticamente tem que ser arrastada pra fora da Ala Hospitalar pra se lembrar de comer e dormir. Mas você sabe disso tudo, não é? É impossível não sentir a presença dela, não é mesmo?
o amigo francês respirara fundo antes de continuar.
– Eu só queria que você soubesse... Que você precisa voltar... É sério. Precisa acordar... E logo...
Ele dizia sentindo o peito inflar de dor, e então começara a falar energeticamente.
– Tanto porque eu apostei quatro galeões com o Roger que você acordava essa semana ainda, então é melhor você dar as caras porque não estou nada interessado em perder dinheiro por sua causa.
Daniel respirara fundo novamente dando uma pausa apenas olhando o amigo inconsciente.
– O Quadribol também é um saco sem você. E... Hogwarts é um saco... E tenho que falar, realmente pela primeira vez você conseguiu chamar mais atenção do que eu. É sério, eu ando todos os dias pelos corredores e só sou abordado para dar notícias sobre você. Eu achei que o “boato” sobre eu ser um animago ia fazer sucesso, mas... Estou desiludido... Fama é uma coisa que dá e passa. Hermione tem passado por muita coisa, sabia? Ela precisa de você, cara. E eu, eu não posso dar conta de tudo sozinho. Quero dizer. Ela é uma garota muito difícil. Eu superei as expectativas, é sério. Eu fiz algo realmente especial por ela. Sério...
- Vou lhe dizer uma coisa: não é moleza. Eu sei que prometi que cuidaria dela, mas, cara... Ô garota chata! Sabe... Tem uma opinião sobre tudo, é sobrenatural, não consegue manter a boca fechada por mais de dois segundos. Às vezes eu penso que meus ouvidos vão explodir de tanto a ouvir falar. Sério, eu não sou o melhor encarregado para cuidar dela. Assim que você quiser retornar ao seu lugar me avise. Porque eu estou doido para voltar pros nossos papéis tradicionais. Lembra? Andando pelos corredores, esbanjando meu poder de sedução nas mulheres sem me preocupar com mais nada. Então, era lá o meu lugar. Eu gostava dele. E cara... Não é como se eu pudesse largá-la sozinha por aí.
- Esses amiguinhos dela não são de confiança se é que me entende. Quero dizer... O Potter? O cara é um lunático perseguido desde que nasceu e ainda tem aquela coisa estranha no meio da testa. Sem contar aquela síndrome de pânico por tudo. Eu tenho medo de esbarrar nele nos corredores e o moleque cair no choro achando que eu quero matar ele ou que estou planejando a morte de alguém. E os Weasley... Por favor! Eles têm a cabeça vermelha, preciso dizer mais alguma coisa?
Sem que Daniel percebesse, um par de olhos cinza se abrira de um modo exausto. Draco sentira seus olhos arderem, como se fosse a primeira vez que os abria na vida. Olhara para Daniel com o cenho franzido e logo erguera uma sobrancelha ao ver que o amigo continuava a tagarelar sem sequer notar sua presença, como se falasse num celular trouxa invisível.
– Então... Só um conselho. É melhor você voltar logo. Tanto porque algumas pessoas por aqui realmente sentem a sua falta. Não me refiro a Pansy aquela safada, mas... Você sabe... Hogwarts é nossa.
– Se você não calar essa boca eu vou achar que você está apaixonado por mim. – resmungara Draco enquanto tentava se sentar melhor, fazendo Dan dar o maior salto assustado da sua vida. – Se acalma, eu estou vivo.
– Draco? Draco! – gritara Daniel abraçando o amigo desesperado.
– Está maluco? Me solta, quer estragar a minha imagem?
– Eu não acredito... Você acordou! Você está bem! Ahh, Merlin!
– O que foi dessa vez? Fui acertado com um balaço de novo? Quanto tempo eu apaguei? – dissera Draco analisando seu pijama horrível e indo em direção ao escritório onde Pomfrey tomava um café calmamente. O amigo rira.
– Um pouco pior do que isso.
– O que você fez com as minhas roupas? – perguntara Draco irritado para a enfermeira que dera um salto assustado derramando café em tudo. Daniel caíra na gargalhada.
– Senhor Malfoy! Merlin seja louvado!
– Ok, ok. Cadê minhas roupas? Não posso ser visto usando isso. Quanto tempo fiquei aqui? – perguntara ele para Dan enquanto vestia suas roupas. Então virara-se para Pomfrey que ainda mantinha um olhar emocionado para ele. – Se importa?
– Ah claro, me desculpe... Qualquer coisa estou aqui fora. Avisando aos outros que está bem. – dissera ela se retirando. Draco retirara a camisa do pijama e vestira a sua enquanto o amigo falava.
– Você ficou apagado três semanas. Você não lembra de nada? Foi envenenado também ou foi o choque?
– O que? Do que é que você está falando? – perguntara ele enquanto saíam da ala especial da Ala Hospitalar.
– Putz... Hermione vai surtar. – dissera Dan rindo.
– Como assim Hermione? – perguntara Draco e então Dan apenas apontara para a porta da Ala Hospitalar onde se encontrava uma Hermione perplexa e sem ação ao vê-lo ali de pé, a camisa branca colocada de qualquer jeito na pressa.
Hermione ainda ficara parada por um tempo, até murmurar “Draco” e começar a correr em direção ao loiro. Draco levantara os braços assustado enquanto Hermione agarrara-o num abraço. Draco olhava de Hermione para Dan sem entender, com o cenho franzido totalmente atordoado. E então a desgrudando dele com certo nojo dissera.
– Se afaste de mim, Sangue-Ruim!
Hermione permanecera em choque de frente para os dois, castanho encarando o cinza, confusa e ferida, enquanto o cinza encarava o castanho com raiva daquela sujeitinha que o abraçara. O abraçara... Como ela se atrevia?
– Nunca mais toque em mim. Ouviu bem? – dissera ele com rispidez batendo de ombro ao passar por ela e saindo da Ala Hospitalar. Deixando uma Hermione em choque para trás.
– Eu já falo com você, está bem? – dissera Dan com um sorrisinho sem graça para a garota, antes de correr atrás do amigo.
Draco andava estressado às pressas pelos corredores de Hogwarts, ignorando todos que paravam surpresos e vinham até ele emocionados. Logo ouvira Dan correr atrás de si chamando-o, mas ele estava aborrecido demais para parar. Queria ir para o dormitório da Sonserina o mais rápido possível. Então sentira ser puxado por alguém.
– Por aqui. – Dan puxara Draco para dentro de uma sala e se virara para os outros no corredor. – Sim. Ele está vivo e muito aborrecido, então comemorem... Mas à distância. – dissera ele sorrindo amarelo e fechando a porta na cara de todos.
– Como ela se atreve? Aquela Sangue-Ruim nojenta! Me abraçar daquele jeito. Ahh, mas eu estou com uma vontade de quebrar aquele pescoço dela!
– Tenho certeza que está.
– Por que me trouxe aqui? – brigara Draco enquanto andava de um lado para o outro como um lobo enjaulado.
– Porque esta é a sua sala. – dissera o amigo para ele.
– O que?
– É. Você não se lembra, mas você é monitor-chefe de Hogwarts agora. Esta é a sua sala, lá em cima é o seu quarto e este é um vaso muito caro, então, por favor, não o quebre.
– Monitor? Mas há quantos metros eu estava do chão? Foi o Potter que me acertou, não foi? Diga-me que foi! – Daniel rira nervoso.
– Ok, vamos por partes. Draco... Camarada... Você levou um Avada Kedavra.
– Eu o que? - perguntara Draco totalmente espantado e nervoso.
– Tudo bem eu não comecei tão bem assim. – dissera Dan para si mesmo. – Vamos só dizer que você passou realmente por um choque e que se esqueceu de um bom pedaço da sua vida.
– Dessa parte eu sei, Daniel! – dissera Draco com irritação. – O que eu quero saber é o que deu na cabeça daquela Sabe-tudo desgraçada para me agarrar daquele jeito! Ela me abraçou Daniel!
– Eu sei. É trágico. Terrível, eu mesmo tive vontade de... Sabe, dar uma porrada na cara dela. – dissera Daniel irônico. Draco apontara para ele ameaçador.
– Não zombe de mim.
– Você realmente não lembra? Hermione... Hã? – pressionara Daniel.
– É claro que eu lembro! Hermione Granger, a Sabe-Tudo Sangue-Ruim! Ela me abraçou. Aquela nojenta acabou de me abraçar! Você não viu?! E eu a odeio. – completara Draco ameaçador.
– Ok. – dissera Daniel desanimado para si mesmo enquanto olhava para o teto, não acreditando no que estava acontecendo.
Hermione mantinha o olhar invocado para o lago, enquanto ficava sentada no pé da árvore esperando por Dan. Logo ouvira passos rápidos e vira o amigo chegar e se sentar ao seu lado.
– Foi mal, tive que inventar uma desculpa qualquer. – dissera Dan.
– Eu não posso suportar isso! Primeiro Draco, e agora você tem que mentir para vir me ver?
– Hermione, calma... Temos que agir como antes, até que ele se lembre.
– Já faz uma semana, Daniel! Uma semana! Já saiu em todos os jornais. Todos já até esqueceram do ocorrido, mas Draco continua a passar por mim e me olhar como se eu fosse uma... Uma sangue-ruim.
– Mas você é. Brincadeira. – completara ele ao ver o olhar irritado da amiga.– Como você vai? E seus poderes?
– Dumbledore está me fazendo tomar uma poção que me faz conter os poderes. É melhor adormecê-los enquanto não passo por um treinamento, diz ele.
– A gente ainda podia pedir ajuda pro tio Ephram se você não fosse tão rancorosa... Por Merlin, Hermione. Pare de me olhar assim, estou brincando caramba. – Hermione respirara fundo, contrariada. – E mais alguém sabe disso?
– Não. Só você, Harry, Ron, Gina e McGonnagal mesmo. Os outros só sabem mesmo da parte que fui envenenada. Mas nada disso me importa agora... Draco. Quanto tempo ainda vai durar isso?
– Hermione, o choque dele foi um pouco maior que o teu, ele quase morreu. Deve demorar mais para que ele retorne a memória. – Hermione respirara contrariada, tentando conter as lágrimas.
– É todo o dia isso, Dan. Vê-lo me olhar desse jeito... Depois de tudo o que a gente passou. Vê-lo bem, e não poder abraçá-lo... É a morte pra mim, Dan.
– Eu sei... Temos que arrumar um plano pra ele se lembrar. O que te fez recuperar a memória?
– Não sei. Eu comecei a explicar a poção. Tipo... Já tinha visto isso antes no meu sonho. Depois eu vi o punhal... Foi o choque... Temos que fazê-lo levar um choque...
– Um choque? Que dizer... Um choque maior do que ser abraçado por você? – Hermione revirara os olhos entediada. – Ok, temos que fazer Draco levar um choque. Presenciar algo trágico.
– Algo que o entristecesse ou enfurecesse, sei lá... – Hermione respirara tristemente ainda encarando o lago, Dan dera de ombro com ela meigamente.
– Podia ser pior...
– Disseram isso antes do Rei Lear pirar e a filha dele se matar. – dissera Hermione normalmente e então franzira o cenho. – Ou será que foi o contrário?
– Você precisa admitir, esse é apenas mais um obstáculo da vida. – falara ele rindo, fazendo Hermione olhá-lo como se ele fosse insano. – São necessários muitos desses para que o romance se torne realmente inesquecível. Não é como se um beijo fosse salvar o dia, sabe? Romeu e Julieta, por exemplo... Depois daqueles dois ninguém nunca mais tentou se fingir de morto pra fugir com o amor de sua vida. Sinceramente que falta de criatividade, eles não podiam simplesmente pegar uma vassoura e ir embora?
– Dan... Mais um clichê desses e eu vou ficar com dor de dente.
– É. Olha, eu tenho que ir para o treino agora... Vai pensando em alguma coisa, eu também vou pensar. Pede ajuda para aquela ruiva, sei lá. Ela deve servir para alguma coisa.
– Não fale assim dela!
– Mas que droga, Gina. Você devia servir para alguma coisa!
– Se acalma, Hermione. Ele só está passando pela mesma coisa que você passou. Não é nada demais, por isso os professores nem estão preocupados. – dissera Gina enquanto fazia um dever de feitiços, ignorando o estresse da amiga.
– Danem-se os professores. Eu só esqueci o que aconteceu aquela noite, não me esqueci de ninguém nem de mais nada!
– Apenas seja paciente...
– Grr!
Hermione deixara a amiga sozinha e começara a andar estressada por Hogwarts. Não agüentava mais todos os dias ver Draco olhá-la como um inseto. Comentando com ódio a ousadia que ela tivera ao abraçá-lo. E se ele não se lembrasse nunca mais? O que aconteceria? Fora então que notara onde estava.
Estava de frente para o campo de Quadribol, correra para trás de uma pilastra onde vira no alto os jogadores da Sonserina treinarem para o próximo jogo. E antes que percebesse o que estava fazendo já estava procurando com os olhos por Draco Malfoy.
– Perdeu alguma coisa aqui, Sangue-Ruim? – dissera Draco atrás dela com rispidez. Hermione se virara e dera de frente com um Draco todo lavado em suor e sem camisa, deixando a mostra aquele belíssimo corpo completado com sua feição enfurecida, segurando apenas sua Nimbus.
– Não, eu não perdi nada... Eu só...
– Então o que está fazendo aqui? Some! – Hermione respirara fundo não contendo sua irritação dentro de si.
– Olha, pare de falar assim comigo. Eu só estou relevando porque você perdeu a memória... Se esqueceu de tudo o que...
– Tudo o que? – brigara ele pressionando-a contra a pilastra. – Você é uma sujeitinha nojenta, irritante e nascida trouxa que não serve para bosta nenhuma. Você me dá nojo.
– Não fale assim... – dissera Hermione tentando não se ofender com aquele tom e olhar dele.
– Então pare de ficar me seguindo.
– Eu não estou te seguindo! Eu só... – ela engasgara e ele a olhara com fingida curiosidade. Ela calara-se virando a cara.
– Está me seguindo sim! E eu quero saber porquê! Estou cansado disso. O que é, garota? Primeiro você me abraça que nem uma maluca! Quero dizer... Eu gostava da parte em que você correspondia ao meu ódio... E agora você fica me seguindo? E Daniel anda estranho... O que você quer de mim afinal?
– Olá... – dissera Dan, também lavado em suor e sem camisa, descendo de sua vassoura até os dois que continuavam a se encarar. Logo os outros jogadores desciam até eles para também presenciarem o espetáculo. – Estamos nos matando aqui?
– Então você quer mesmo saber a verdade? – dizia Hermione contornando Draco ficando às suas costas largas e não contra a pilastra. Ele se virara para ela como um lobo ameaçador. – Você quer saber de tudo? Por que estamos agindo como se você fosse uma criança retardada? – Draco olhara para os lados notando que muitos riam da cena. E então olhara para ela novamente e dissera ainda no seu jeito intimidador.
– Diga. – Hermione respirara fundo e recolhera coragem antes de continuar.
– Porque, Draco, você se esqueceu... Que somos namorados. – Draco a olhara com o cenho franzido em confusão como se ela tivesse de vez perdido o juízo.
– Em que planeta eu acordei?
– Nós participamos de uma peça de teatro. Você me deu aulas de teatro para isso. Ficamos amigos. Nos odiamos. Namoramos. Nos odiamos de novo e namoramos. Até o baile de Natal onde houve o ataque de Comensais. Eles levaram Harry e nós fomos salvá-lo...
– Ahh, eu fui salvar o Potter... – debochara Draco.
– Não, eu fui. Você foi por minha causa. Para me proteger.
– Ah ok, me desculpe. “Eu fui salvar a sangue-ruim.” – dissera ele ainda em deboche, tirando risadas de alguns. Hermione respirara tentando ignorar o comentário.
– Lá fomos atacados e você levou um Avada Kedavra em meu lugar e ficou desacordado até então. – a garota respirara fundo como se tivesse dito num fôlego só. Draco ainda a encarara por um tempo com cinismo nos olhos e então se virara a procura de Dan.
– Isso é algum tipo de pegadinha? Porque meter essa nojenta miserável não teve graça nenhuma! – terminara ele com ferocidade.
– Ok, então estamos nos matando aqui. Vamos todos embora, por favor. – dissera Daniel espantando os demais de perto da cena sem muito sucesso. Draco se virara para Hermione novamente com ferocidade.
– Eu não sei o que você bebeu ou que plano absurdo é esse, mas...
– Não é plano nenhum, eu estou apaixonada por você. – dissera Hermione suplicante para que acreditasse nela. Draco a olhara surpreso com o cenho franzido e a boca entreaberta, completamente pasmo.
– Mas você só pode ter batido com a cabeça, Granger. Sou eu! Draco Malfoy! Somos inimigos desde o primeiro ano. Lembra? Sua maluca.
– Não. Digo, teoricamente sim, mas não de verdade. Lembra? Você me disse na manhã do baile. Você gosta de mim, sempre gostou desde o segundo ano...
– Tudo bem agora você realmente está me aborrecendo! – dissera Draco com ferocidade apontando para a cara de Hermione.
– Desde a primeira vez que você me chamara de Sangue-Ruim. Foi exatamente nesse lugar, quando descobrimos que você estava no time da Sonserina. Eu disse que “Pelo menos ninguém da Grifinória pagou pra jogar, só entrou quem tem talento”, você me olhou daquele jeito feroz e disse “Ninguém pediu a sua opinião, sujeitinha de Sangue-Ruim!”... – Draco a olhara com o cenho franzido lembrando do tal dia, mas ainda sem querer concordar com ela. – Foi naquele dia que você começou a gostar de mim. Foi por isso que você me odiara mais ainda. Na verdade você não conseguia conviver com esse sentimento.
Draco a olhava com ódio, sentia ódio por aquela garota por todos os poros. Respirava tensamente, como se fosse uma fera prestes a atacá-la. Hermione mantinha-se encolhida com certo medo dele e sentindo seus olhos lacrimejarem. Hermione dissera numa voz mais baixa apenas para ele.
– Não me olhe assim. Mesmo que você não se lembre, você sabe que eu estou falando a verdade. Afinal, como eu poderia saber disso se não tivesse sido você mesmo quem me contara?!
Draco se contivera rindo de lado de forma cruel para a castanha que engolira em seco sentindo seu coração doer horrivelmente.
– Precisa lembrar, Draco... Preciso muito de você agora. – dissera Hermione baixo para si mesma. Mas Draco ouvira, olhando-a com estranho interesse.
– Em que mundo seu eu me importaria com isso? – dissera Draco alto na frente de todos de forma debochada. – Em que mundinho seu todas essas coisas que você disse poderiam ser verdade? Hein, Granger?
– Chega, Draco. – dissera Dan para o amigo, tentando tirá-lo dali. Mas Draco se desviara precisava atacar a castanha.
– Você é uma Sangue-Ruim e nada interessante. Eu sou um Malfoy! Em que mundo eu me apaixonaria ou me interessaria por você? Nunca ouvi nada mais insano do que isso. Nunca poderíamos ficar juntos... Meu pai preferiria morrer 15 vezes antes de assistir isso. Eu morreria 30. Como você poderia sequer cogitar a possibilidade de eu me sentir atraído por você?
– Então por que você ficou tão puto com o fato de eu ter simplesmente te abraçado? – perguntara Hermione tentando não chorar.
– Porque eu odeio você.
– Só por causa disso? Não tem nada haver com fato de você me querer nos seus braços há anos, e só então ter tido? Não foi pelo fato de você ter sentido que queria me abraçar mesmo que nunca queira admitir isso? A primeira coisa que você fez após me beijar pela primeira vez foi me abraçar. – Draco a olhara com ódio por um tempo, mas ainda estranhando tudo o que estava acontecendo.
– Você é louca.
– Mas você me ama. – dissera ela baixo.
Draco permanecera mirando-a com ódio por um tempo e então fora em passos lentos, porém decididos até ela, aproximou bem o seu rosto do dela e dissera na sua voz fria e cortante.
– Eu não amo ninguém. Nem nunca vou amar. E mesmo que eu estivesse errado, eu nunca amaria alguém tão absurdamente ridícula e nojenta como você.
Cinza no castanho, castanho no cinza, por longos segundos. Hermione engolira em seco, sentindo uma lágrima escorrer de seus olhos, Draco olhara todo o processo da lágrima sentindo algo estranho dentro de si e se afastara numa expressão estranha, porém dera as costas a ela, se direcionando para longe do lago. Hermione continuava a encarar as costas de Draco quando Dan respirara entediado e contrariado caminhara decidido até Hermione.
– Essa é a última vez que lhe beijo, Hermione Granger. E espero que Draco não me bata desta vez. – dissera Dan simplesmente um segundo antes de agarrar Hermione pela cintura e pescoço e beijá-la arduamente nos lábios.
Todos em volta exclamaram com a cena, mas Hermione só conseguia ouvir o disparo do seu coração. Se assustara com a reação do amigo, não entendendo ao certo o objetivo daquilo. Mas era um beijo terno e acolhedor, como só sua tristeza precisava naquele momento. Dan conforme beijava Hermione sentia seu peito doer numa constante agonia. Nunca beijara uma garota com tamanha intensidade e sentimento, e saber que nunca poderia repeti-lo era torturante.
Depois do que pareceram longos segundos, separara seus lábios dos dela com certa dificuldade e se afastara um pouco, pondo suas mãos nos bolsos da calça, sem encará-la diretamente nos olhos e tentando disfarçar seu estado tenso. Hermione apenas o olhava com interrogação, mas não raiva. Pelo contrário, sentia um carinho ainda maior pelo amigo.
– Foi um choque e tanto, não é? – dissera Dan tentando sorrir de lado um segundo antes de ser atingido por um feitiço que o fizera voar pra trás e cair dolorosamente no chão. Ao cair Daniel dera um sorriso irritado, porém aliviado. – É, ele voltou.
– É melhor você se esforçar bastante para contar a maior mentira da sua vida, porque eu realmente estou implorando por uma razão para não te matar nesse exato momento. – dissera Draco com raiva, ainda apontando a varinha para a cara de Daniel.
– Porque somos melhores amigos há mais de dez anos? – dissera Dan com um sorriso. Draco apenas mantivera a sua fúria preferindo por não responder. – Tá bom, eu posso explicar.
– Por favor. – ironizara Draco com raiva.
– Você acordou de um coma e se esqueceu de tudo, tudo mesmo, inclusive de Hermione. Você estava humilhando ela e precisava de um choque desses para recuperar a sua memória, tanto que deu certo. Não deu? – terminara Dan energeticamente com um sorriso. Draco franzira o cenho vendo que realmente fazia sentido e lembrando dos acontecimentos anteriores. Mas ainda sem abaixar a varinha pro amigo.
– Não sei porquê, mas ainda estou com vontade de matar você.
– Dá pra relevar? Já tem uma penca de garotas em Hogwarts com essa mesma vontade. Você sabe que esse beijo foi estritamente profissional, eu não estou atrás de um relacionamento sério, sou um cara livre. E mesmo se estivesse não seria com a Hermigatinha. Com todo o respeito, Hermi, mas você fala demais.– dissera ele para Hermione que o encarara sarcástica.
– Você a beijou! – brigara Draco.
– Ahh, não me lembre isso, por favor. – dissera Dan com fingida agonia. – Eu não posso conviver com essa realidade, é sério. Você não faz idéia do amigo que tem. Sério, só eu mesmo para me sacrificar dessa forma por você... Sério, não sei como você agüenta isso.
– Hey! – brigara Hermione sentindo-se totalmente ofendida. – Como se atreve, foi você quem me beijou seu idiota!
– Eu tinha esperanças de que você pelo menos escovasse os dentes de vez em quando...
– Ora seu...
– Ok... Ok... Chega. – dissera Draco se colocando entre os dois e guardando sua varinha. – Eu cuido de você mais tarde. – dissera ele para Dan ainda com um olhar assassino.
– Mal posso esperar... – dissera Dan com um sorriso divertido, se levantando do chão. E logo vendo, com uma expressão mais séria e um aperto no peito, Draco se direcionar a Hermione. Dera um sorrisinho triste de lado coçando de leve a orelha. – Missão cumprida. – dissera ele para si mesmo e saindo então do campo.
– Agora você... – dissera Draco indo em direção à Hermione, que o olhava ainda magoada e séria. Draco engolira em seco, pegando-a pelos braços. – Me desculpe... Eu... Eu não lembrava... Eu... Me desculpe. – Hermione olhara para o chão engolindo em seco. – Tudo o que você disse era verdade, você sabe que naquela época eu não admitira nem a pau mesmo. Mas eu amo você... Amo demais. Sinto muito por toda essa semana. – Hermione o encarara com os olhos cheios de lágrima.
– Eu senti a sua falta... Eu tive tanto medo de você nunca mais... – mas antes que ela terminasse Draco a abraçara forte.
– Eu estou aqui. Não vou te abandonar tão cedo, isso seria a morte pra mim. – Hermione o abraçara forte, lembrando instantaneamente do Draco mais jovem que vira na Torre das Gárgulas. Ele grudara sua testa na dela de forma calorosa. – Vamos embora daqui.
Hermione fora jogada contra a porta da Sala da Monitoria-Chefe que acabara de ser trancada. Seus lábios logo foram pressionados pelos firmes de Draco de forma tensa, suas respirações num ritmo sufocante. Draco agarrava o frágil corpo de Hermione encaixando-o perfeitamente contra o seu, fazendo a garota se arrepiar. Suas mãos a mapeavam das costas às coxas. Beijava seu pescoço, no mesmo instante em que ela perdera a sensibilidade dos joelhos, segurando-a com mais firmeza ao seu corpo.
Draco ia em passos lentos até a escada, subindo-a numa habilidade só. Hermione beijava-o sem conseguir pensar ou registrar mais nada a sua volta. Os dois caíram sobre a cama, Draco por cima dela, subindo uma de suas mãos pela cintura dela, a qual pressionara beijando-lhe os lábios mais ferozmente.
Ele abria cada botão da camisa dela lentamente, em meio às carícias e beijos como num ritual mágico. Sentia as mãos dela suarem frio e tremerem de leve num nervosismo, mas beijava-lhe toda face para acalmá-la. Levantara seu rosto um pouco acima do rosto dela, seu cinza passando uma mensagem terna ao castanho. Abrira a camisa dela deixando amostra apenas seu sutiã branco forrado e delicado. Draco pousara sua mão sobre a barriga da garota que agora subia e descia em nervosismo e beijara-lhe os lábios novamente.
Hermione nunca vira Draco tão paciente e calmo como naquele momento e não conseguia entender isso. Ele a beijava sem pressa e profundamente, mordera-lhe os lábios fazendo a garota não segurar uma exclamação. Ele fizera um caminho de beijos até o pescoço dela, mordendo-o e beijando-o com desejo. Hermione sentira todo o seu corpo gritar por ele quando ele apenas a acariciava pela cintura, tentando se manter afastado do tórax da garota que subia e descia conforme sua respiração. Engolira em seco em vê-la ali linda e entregue em seus braços, quando a olhara nos olhos apaixonadamente.
– Me diga novamente... – ele pedira. Ela franzira o cenho não prestando muita atenção. Não conseguia registrar o que ele estava falando.
– O que? – ela dissera rouca sem entender.
– Me diga novamente... Que me ama. – ela demorara para registrar aquelas palavras e fizera um olhar de interrogação. – Você disse que estava apaixonada por mim...
– Eu... Eu disse... – ela dissera, implorando mentalmente para ele parar de acariciá-la na cintura, para que ela pudesse voltar ao normal. – Apaixonada... Mas eu não... Eu não disse... Amar... Draco, eu já te disse... Eu nunca vou amar...
– Mas você disse... – dissera Draco o cenho franzido não entendendo.
– Paixão é diferente de amor... Eu... Eu não posso amar. O sentimento mais forte que consigo sentir eu sinto por você, nem sei explicar o que é isso. Mas não posso ficar vulnerável de novo a esse ponto, eu... – Hermione explicara nervosa enquanto Draco se levantara sentando de costas para ela. Aquilo doera demais nele, por um momento achara que ela o amava. Hermione segurava a camisa fechada a sua frente sentada as costas dele. – Draco, não fica assim comigo... Eu... A culpa não é minha, eu já consegui me recuperar uma vez, mas não conseguiria fazer isso de novo. Não posso abrir mão da minha maior força...
– O seu orgulho. – dissera ele adivinhando que força seria essa. – Hermione... Eu não posso amar alguém que nunca vai me corresponder. – ele dissera ainda de costas para ela. Ela olhara para os lados perdida, sentindo seu coração disparar em desespero. Ele se virara para ela com um olhar sério e segurara seu rosto entre suas mãos. – Mas também não posso viver sem você. Como vou lidar com isso?
– Eu também não posso viver sem você.
– Eu também tenho o meu orgulho. O único motivo pelo qual eu passei por cima dele é a certeza, certeza absoluta tanto de que sou loiro quanto a de que você me ama. – O coração de Hermione saltara de um lugar bastante alto, mais alto do que conseguira imaginar. – Não importa o quanto você venha esconder ou lutar contra isso. Eu já disse milhares de vezes. Essa certeza eu tenho muito antes de nos beijarmos no armário de vassouras. E eu também te amo desde muito antes disso. Mas aquela noite mudou tudo. Aquele beijo traçou todo o nosso destino. Porque aquele beijo me fez ver o que eu perderia se não tivesse você. – ele dizia sério e decidido, enquanto Hermione apenas ouvia encarando seus olhos cinza com surpresa e lágrimas nos olhos. – Eu nunca fui feliz antes daquela noite. Você quer saber o que eu pensei quando eu te beijei? Eu pensei que agora, eu tinha um motivo...
– Motivo pra quê?
– Para ser bom. – ele dissera dando uma longa pausa para continuar, ela percebia o quanto era difícil para ele dizer aquilo e nunca o quis tanto na sua vida. – Eu sempre gostei de ser um Malfoy. Por mais terrível que isso possa parecer. Mas eu sempre fui assim. Sempre quis ser um Comensal, ser igual ao meu pai, deixá-lo orgulhoso. Nunca tive um motivo para querer ser diferente. Lutar do lado do “bem” nessa guerra maldita. Ou ser uma pessoa melhor. Que se importa com os outros. Nunca tive. Naquela noite, no armário eu tive. E esse motivo é você. – Hermione lágrimas rolarem de seus olhos – E é por amar você que eu conheço você. Soube que você me amava muito antes de você sequer imaginar que gostava de mim, como sei que vai ser minha por maiores que sejam os conflitos que passamos. Sempre soube disso. Mas o fato de você não dizer... Faz uma parte de mim duvidar disso, me faz querer acreditar que de fato você não me ama, nem nunca venha a amar. E essa é uma parte pequena, porém muito poderosa, e se ela tomar conta de mim eu temo que um dia eu vá desistir de você. E se isso acontecer... Eu vou perder o único motivo que eu tenho para ser bom.
– Draco, você é bom! – dissera Hermione enxugando as lágrimas e mais confiante.
– Só por você, você sabe que eu nunca...
– Não... Você foi criado assim, mas você tem noção do que é certo e errado. Eu estou contigo pelo que você é de verdade. O verdadeiro Draco Malfoy bom, por quem eu me apaixonei. – Draco continuava a encará-la sério, era estranho vê-la realmente acreditar que há algo de bom nele. Ela era ingênua e indefesa e não se convenceria do contrário assim. Ele tirara uma mexa castanha de seu rosto com carinho.
– Hermione... Tenho que te pedir uma coisa.
– O que?
– Quero que se afaste da Ordem da Fênix. – Hermione o olhara com o cenho franzido não entendendo o motivo daquilo, não entendendo o porque dele a estar pedindo aquilo.
– Como? – havia uma revolta naquela pergunta e Draco sabia disso, mas manteve seu tom calmo.
– Preciso que me prometa, que não vai lutar na guerra.
– Não posso prometer isso! – ela dissera ainda mais revoltada, se levantando da cama e fechando os botões de sua camisa com ferocidade.
– Hermione... Eu não posso ficar do lado do Potter nessa guerra por sua causa. Eu não preciso lutar contra ele, mas não posso ficar ao lado dele. Isso nos condenaria para sempre...
– Do que é que está falando? – perguntava Hermione que bufava de raiva, enquanto caminhava pelo quarto.
– Eu sou uma peça muito importante nos planos de Voldemort. Se eu me virar contra ele, ele vai me caçar e terá muito prazer em matar você na minha frente, maior do que minha tia teve em torturá-la.
– Ah, eu sei! Por causa dessa sua missão maldita. Aliás, acho que já está mais do que na hora de você me contar tudo sobre essa sua missão. – Draco olhara contrariado para o nada.
– Hermione... – A castanha parara de frente para ele com o olhar desafiador e ele sentira que ela estava certa. Ele estalara uma pequena raiva em seu maxilar e começara a falar. – Começou quando eu tinha treze anos...
Hermione respirara fundo prestando a máxima atenção, enquanto Draco olhava para o nada ao contar sua história.
– Meu pai me informou que o Lord demonstrara interesse em mim. Pediu para que me treinasse bem para um dia me tornar um Comensal, um Comensal de sua confiança. Meu pai já me treinava mesmo desde muito cedo, ele só se empenhou mais. Voldemort me escolheu para... Para descobrir os planos de Dumbledore, ser seus olhos dentro de Hogwarts.
– Só isso. Dumbledore. Não tem nada haver com o Harry? – Hermione pressionara de forma acusadora.
– Espionar Potter também faz parte, claro. Indicar suas maiores fraquezas... – dissera ele olhando para Hermione de forma significativa e contrariada.
– E você fez isso? Indicou para ele a maior fraqueza do Harry?
– O problema é que eu descobri que eu e o Potter temos essa fraqueza em comum. – Hermione engolira em seco tentando não se comover. – Mas eu falhei, não importa o quanto eu me esforçasse para te manter afastada dos Comensais, eles acabaram por te descobrir mesmo. Você entende? Você corre agora tão ou mais perigo que o Potter. Acredite quando eu digo, a última coisa que você deve fazer agora é aparecer num campo de batalha.
***
Ephram entrara de qualquer jeito na Casa dos Gritos, fechando a porta com o pé. Encostara-se no batente da porta pegando um cigarro e um isqueiro no bolso, enquanto olhava com indiferença para James, que permanecia olhando pelas tábuas da janela.
– Não acha que é um pouco cedo para vir para a Casa dos Gritos? A Lua não está nem crescente. – dissera o loiro com o cigarro na boca, enquanto acendia-o com o isqueiro e logo guardando este no bolso.
– Pensei que tinha largado o cigarro... – dissera o moreno ao olhar de relance para o amigo.
– Estamos apaixonados. – satirizou Ephram de forma inocente, olhando para o cigarro enquanto jogava a fumaça no ar. – Me diga, o que está fazendo aqui?
– Eu e Lily terminamos.
– É mesmo? – perguntara Ephram indiferente, tragando novamente.
– Ela me viu com a Val. Entendeu tudo errado e me disse pra nunca mais me aproximar dela.
– Que merda, hein... – dissera Ephram ainda indiferente, James virara-se então para o amigo. Ephram fingira não se importar com o olhar de quem chorou a noite toda de James.
– Preciso que faça um favor pra mim. – Ephram olhara com o cenho franzido para ele, não entendendo onde ele queria chegar.
– Que favor?
– Preciso que cuide da Lily pra mim.
– Como é que é? – perguntara o loiro sabendo que só poderia ter ouvido errado.
– Ela vai precisar de alguém, um amigo por perto... Ela não tem ninguém. Preciso saber que ela vai ficar bem...
– Ela vai ficar bem...
– É sério, Ephram. Você é o único que pode fazer isso pra mim. Sirius não sabe cuidar nem de si mesmo e não leva nada a sério. Mas você... Você é protetor, saberá ser amigo dela, consolá-la...
– Você está completamente equivocado. – dissera Ephram já se estressando. – É sério, James. Você sabe que eu faria qualquer coisa por você, mas... Ela? Ela é tão...
– Essa é a única coisa que te peço. Por favor... Preciso saber que ela vai ficar bem. Faz isso por mim. – Ephram olhara para os lados contrariado e irritado. – Por favor, Ephram. Faz isso pra mim.
– Aham. – dissera Ephram balançando a cabeça afirmativamente, olhara James nos olhos, duvidando de sua capacidade de não voar no amigo de raiva. James por outro lado dera um sorriso agradecido.
– Eu sabia que você faria isso por mim. Você vai acabar vendo que ela não é tão chata e mandona quando parece.
*****
Vinte anos se passaram. Ephram fechara os olhos com força tentando afastar certas lembranças de sua mente e montara o seu corcel negro de forma elegante. Cavalgara rápido por saber que o local desejado já estava próximo, e parara quando dera de frente para uma caverna grande e profunda. Havia dois Comensais de guarda na entrada da caverna, Ephram saltara de seu cavalo e entrara decidido na caverna, sem ser impedido pelos guardas.
Seguira belas tochas de fogo por muitos túneis até reconhecer a voz alterada de Bellatrix adiante. Dera um sorrisinho de satisfação e entrara numa sala onde a mulher se encontrava de pé no centro da sala. À sua frente, num pequeno trono escuro, se encontrava um homem de aparência alterada. Como se lhe tivessem feito uma mutação com uma cobra.
– Ephram... – dissera o homem. Bella olhara de forma assassina para o loiro, que agora estava ao seu lado.
– Lord Voldemort. – cumprimentara Ephram abaixando de leve a cabeça. – Bella. – cumprimentara agora a mulher, que não respondera e apenas olhou-o furiosa.
– Incrível como os anos não se passaram para você. – dissera Voldemort na sua voz fria e cortez. – Parece até que não passara dos vinte e cinco anos. Enfim, aquela maldição não lhe fizera tão mal assim. – Ephram sentira uma pontada de raiva bater em seu íntimo com o comentário de Voldemort.
– É, eu não reclamo muito.
– Estávamos justamente falando do ataque à Hogwarts. Parece que meus leais falharam novamente ao seqüestro de Potter.
– A culpa não foi nossa, Milorde. Eu disse... – começara Bellatrix, mas logo fora cortada pela voz fria de Voldemort.
– Já sei. Draco apareceu... – ele respirara entediado. – E agora? O que você acha que eu devo fazer, Ephram? Meu próprio herdeiro se vira contra mim para salvar o Potter e a namoradinha Sangue-Ruim...
– Eu não creio que se trate disso, Milorde. Aposto que Draco nos surpreenderá com um plano. – dissera Ephram confiante.
– Será? Ou será que teremos de ter a mesma conversa com ele que tivemos com você há vinte anos atrás?
– Não é Draco o problema agora... Não conseguem ver? Aquela Sangue-Ruim... Ela sim! Temos de eliminá-la.
– Mais uma Bruxa Elemental em nossas vidas... – dissera Voldemort massageando a testa. – Ahh, estou começando a ficar zangado...
– Não acho que devemos matá-la. – dissera Ephram para Voldemort.
– Como é que é? – brigara Bellatrix. – Aquela garota quase nos matou!
– Exatamente. É poderosa demais para ser jogada fora, é justamente a peça chave que necessitamos para vencermos essa guerra.
– Ou que Dumbledore necessita... – dissera Voldemort estrategicamente.
– Exato. Mas para Dumbledore ela é inútil. Não sabe controlar seus poderes. Agora se eu puder treiná-la... Torná-la uma arma mortal e trazê-la para o nosso lado...
– E como é que você pretende fazer isso? – perguntara Voldemort para o homem. Bellatrix começava a se alterar entre os dois.
– Draco. É claro. – dissera Ephram.
– Acha que ela vai vir pro nosso lado por amor? – perguntara Voldemort com um certo desprezo.
– Ou por tristeza... – dissera Ephram. – Muita coisa ainda pode acontecer até o final do ano. E nas férias ela estará vulnerável, sem Draco e sem Potter... É aí que eu apareço. Conquisto sua confiança e começo a treiná-la. Não vai poder negar minha ajuda. Dumbledore já deve ter-lhe informado que eu sou o único que sabe alguma coisa sobre a Magia Elemental.
– Estamos falando sério aqui? – perguntara Bellatrix alterada. – Aquela garota pode ser a nossa ruína. Perdemos a guerra da primeira vez por causa da Evans. Morrendo depois ou não, ela fez um estrago maior do que podíamos imaginar. Evans não veio para o nosso lado...
– Lílian amava o Potter. – dissera Ephram simplesmente para ela. – E tinha uma família para proteger. Ao contrário de Hermione que ama Draco.
– E você acha que Draco vai concordar com isso? Acha que vai permitir que Hermione se envolva com a gente? – dissera Bellatrix rispidamente para Ephram. – Engraçado... Tenho a impressão de já termos passado por essa história antes. – Ephram ignorara o tom irônico de Bella e se virou para Voldemort de forma decidida.
– Quero a vossa permissão para cuidar do caso de Hermione Granger. Para treiná-la.
– O que? Não! Isso nunca vai dar certo! – brigara Bella nervosa.
– Calada, Bellatrix. – dissera Voldemort na sua voz calma. – É um bom plano. Uma vez com uma Bruxa Elemental ao nosso lado, teríamos uma vantagem nunca tida nas outras guerras... Tens a minha permissão, Ephram. – Ephram agradecera com um aceno de cabeça, Bella se revoltara ainda mais.
– Ela me desafiou! Eu não vou descansar até ter a cabeça da Sangue-Ruim!
– A sua maior batalha sempre fora com Lílian Evans há vinte anos atrás. Já está na hora de aceitar o fato de que felizmente ela não está mais entre nós para você saciar sua cede de vingança, Bellatrix. – dissera Voldemort calmamente, fazendo Ephram sorrir satisfeito para a mulher que estava inquieta de ódio.
– Eu quero a Sangue-Ruim morta! – dissera Bellatrix entre dentes.
– Hermione Granger agora é responsabilidade minha, Bella... – dissera Ephram sério. – E se você se meter em meus planos, vai se dar muito mal.
Continua...
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