O Duelo Das Serpentes






               Daniel terminara a curva com apenas uma das mãos agarrada a vassoura, enquanto a outra para trás sentia o vento entre seus dedos e o ajudava a manter o equilíbrio. Estava a mais de quinze metros do chão e sua gravata batia com violência contra seu rosto por causa do vento. Ele a retirara com impaciência, jogando-a fora. 


 


               Seu cenho continuava franzido ao avistar os outros jogadores em suas vassouras mais abaixo. Luke e Roger faziam uma demonstração ridícula de como aniquilar um grifinório usando os dois bastões de uma vez, e o mais ridículo é que se tratava de um grifinório imaginário. 



               Sonserinos prepotentes. Sempre achando que estão por cima. Pelo menos no que diz respeito à Quadribol, ele sempre mantivera a cabeça no lugar. Estavam perdendo, Grifinória vencera Lufa-Lufa e Corvinal enquanto a Sonserina só vencera a Corvinal. Não podiam se dar ao luxo de perderem aquela partida, e o ego absurdo da Sonserina acabaria por causar isso. Daniel balançava a cabeça negativamente. Aqueles idiotas tinham que levar a porcaria do treino a sério. 


 


               Fora então que sentira algo bater contra seu estômago com força, agarrara a goles depressa. Notara então que era Draco quem havia lhe lançado e estava estacionado com sua vassoura a uns dois metros dele com um sorriso debochado, cabelos claros ao vento e as mangas de sua camisa branca dobradas até o cotovelo.



– Vai precisar. – Draco dissera brutalmente, mas com um ligeiro sorriso debochado ainda nos lábios.



– Obrigado. – dissera Daniel engolindo em seco disfarçadamente. – Eu podia ter pegado.



– Sem problemas... Amigão. – respondera Draco deixando o deboche escorrer ainda mais em todas as sílabas. Daniel respirara fundo virando sua vassoura para Draco, que apenas levantara uma sobrancelha divertido. O vento quase arrancava as camisas de seus corpos conforme a sua força.



– Olha, Draco. Se quiser que eu não jogue terá que me pedir. 



– Por que eu faria isso? Eu só sou o capitão do time... – ele debochara mais uma vez, fazendo Daniel se exaltar. 



– É, e eu só sou quem vai salvar esse time. Porque vai ser necessário mais do que 150 pontos para ultrapassarmos a Grifinória. Então se quiser brigar comigo, faça isso lá embaixo, mas enquanto estivermos nas alturas, vamos jogar como um time de verdade!



– Faça o que quiser, Dan.



– Só estou tentando ajudar o time.



– Como ajudou a Hermione? – Draco sorrira maldosamente ao ver o estresse correr nas veias de Daniel fazendo-o respirar pesado e lentamente, sem desviar o olhar de Draco.



– Tudo bem. Se quiser ficar com raiva, fique com raiva. Pelo menos não está mais descontando na pessoa errada.



– Por favor, Daniel. Pode ter gente que caia nessa encenação de auto-censura, mas eu não. Uma esquiva de sete curvas, uma rasgada horizontal, três gols laterais e um vertical... Agora! – dissera Draco com superioridade dando às costas para ele. 


 


            Daniel ainda olhara para o nada amargurado dando um sorrisinho sarcástico antes de seguir a ordem de Draco. “Será um treino exaustivo...”, pensara ele.



           Assim como ordenado, ele rasgara o céu em alta velocidade com sete curvas confundindo os demais jogadores, dando uma última rasgada horizontal em Luke que quase caíra da vassoura. Fizera um gol fronteiro, outro passando a goles pelas costas e outro batendo com a vassoura. Finalizara com um gol de cima, saído por cima do aro tirando aplausos dos demais jogadores da Sonserina. Daniel parara sua vassoura a frente da de Draco que mantinha um olhar sério nada impressionado e o olhara desafiador como que dizendo: “Satisfeito?”.



– Horrível. De novo. – dissera Draco simplesmente. Fazendo Daniel olhá-lo revoltado, ele nunca reclamara de seu vôo antes. Contrariado, Daniel fizera a série mais uma vez, mas ainda assim não impressionara Draco. Obrigando-o assim a refazê-la várias vezes, sendo que suas reclamações não terminavam:
– Gols fáceis de serem abatidos. 



– O que? Nem um dragão seguraria esse tiro!– reclamara Daniel enfurecido.



– De novo!  – ordenara Draco o ignorando. Daniel com raiva refizera a série ainda mais perfeitamente.– Será que devo te informar de que o goleiro enxerga? – reclamara Draco fazendo anotações num bloco. – De novo! – apesar de cansado Daniel fizera a séria mais uma vez, rasgando o céu com tanta ferocidade que podia ser confundido com um dragão. – Chama isso de Horizontal? Precisa de um transferidor? Gina Weasley rasga o céu melhor do que você!



– É isso então? – brigava Daniel exausto e lavado em suor. – Vai ficar descontando sua raiva em mim nos treinos. Eu já disse porquê fiz aquilo!


 


– Agora estou pensando seriamente em convocar Gina Weasley para o time. – dissera Draco indiferente. – De novo!– Daniel dera um rugido histérico e refizera a série mais uma vez.



– Draco, pega leve com o cara. Daqui a pouco ele vai cair da vassoura. – dissera Luke. Mas Draco o ignorara gritando ainda mais alto.



– Você sabe contar? Eu disse sete rasgadas! – Luke e Roger se entreolharam derrotados e voltaram a treinar com o resto do time. Daniel terminara sua série e estacionara novamente de frente para Draco. – Você está jogando contra borboletas ou grifinórios?



– E você? Está jogando contra quem? – dissera Dan acusadoramente.



– Contra a Grifinória. De novo!– Daniel respirara novamente com raiva e obedecera. – Está difícil, Daniel. Nem para Quadribol você está prestando mais...



– Já faz uma semana! Foi só um beijo! Põe essa merda na sua cabeça! 


 


– De novo!



– Het, Draco! Visita! – gritara Luke para Draco antes que ele fizesse mais uma reclamação.



– Tudo bem! Chamem a Weasley para uma entrevista! – dissera Draco finalizando o treino. 


 


          Fora então que notara Hermione no campo olhando para o céu em sua direção com um carinhoso sorriso em seus lábios. Sorrira de canto com uma vontade absurda de voar em alta velocidade até ela. Fora quando notara que ela também pousara os olhos num ponto atrás dele. Olhara para trás e vira que Daniel se distraíra também ao notar a presença da castanha e voara rápido até ele. 


 


            Draco puxara Daniel e sua vassoura pelo cabo para baixo um segundo antes de um balaço passar como um tiro no exato local onde a cabeça de Daniel se encontrava. E então se posicionara a frente de um Daniel ainda atônito dizendo com raiva.


 


 – Como você pretender salvar o time se nem consegue salvar o próprio pescoço? 


 


            E então voara em direção ao chão indo de encontro a Hermione, que notara a cena e ainda via a expressão séria e meio humilhada de Daniel. Daniel novamente encontrara sério o olhar da castanha, mas logo desviara o olhar voando pro chão também, mas direto para o vestiário. Hermione ao estar há poucos metros de Draco quis chamar-lhe atenção, não agüentava mais toda aquela raiva de Draco para com seu melhor amigo e os olhares magoados de Daniel naquela semana, mas nada conseguira dizer. Pois antes de qualquer ação fora capturada pelos lábios sonserinos de Draco Malfoy, que a beijavam com uma ternura e possessão de igual tamanho que pareciam duelar entre si naquele beijo.



– Você não sabe o quanto é delicioso te tomar nos braços sempre que te avisto. – sussurrara Draco ainda sem desgrudar seus lábios dos dela, causando ainda mais arrepios. – Não faz idéia de quantas vezes, por todos esses anos, eu desejei isso.

              


        


                Draco fechara a porta da Monitoria-Chefe de Hogwarts com agilidade, pressionando Hermione contra ele e a beijando de forma feroz e tensa. Suas mãos pressionavam sua cintura marcando o corpo da garota a ferro. Ele descera até seu pescoço sugando-lhe, causando arrepios no corpo da garota. Hermione deixara um sorriso escorregar por seus lábios, Draco sorrira também, beijando-a ainda mais carinhosamente. 



– Imagina o que McGonnagal pensaria se te visse aqui comigo... – dissera Draco acariciando perigosamente a barriga da castanha por baixo da blusa.



– Eu não sou mais monitora da Grifinória... Então não me importo mais. – dissera ela em deboche. – E sinceramente, eu não sirvo mesmo para monitorar... Daqui a pouco, com tudo que anda me acontecendo eles vão me convidar a me retirar da escola, por acharem que eu possa ser uma ameaça aos estudantes de Hogwarts... Não sei como ainda não fizeram isso, com o tanto que tenho aparecido no Profeta de Hogwarts.



– Hum... Falou a voz do otimismo. – debochara Draco entre um beijo e outro. – Veja pelo lado bom, agora eu posso sempre te pôr de detenção aqui comigo... 



– Ah, claro... Arriscando meu futuro acadêmico. Imagino eu o quão cruel você seria nessas detenções. – dizia Hermione sarcástica, Draco abrira um sorriso divertido de orelha a orelha. – Sorte eu terei se você aplicar o mesmo tipo de detenção que você aplicaria um ano atrás.



– Já disse alguma coisa sem esse tom de sarcasmo hoje? – ele brincara, logo a beijando arduamente. Um beijo dessa vez mais demorado, pressionando mais ainda o corpo dela ao seu. – Sabe, é melhor pararmos de nos encontrarmos assim... Todas as horas... Posso acabar enjoando de você. – ele dissera irônico e com fingida impaciência.



– Ah, claro. Também acho... Já estou começando, sabe... A sentir saudades de quando você apenas me xingava de sujeitinha de sangue-ruim e discutíamos por horas sobre o quanto nosso orgulho e ódio mútuo são um milhão de vezes mais forte do que esse sentimentozinho medíocre que a gente adotou por hora pelo outro. – Draco rira gostosamente e beijara a castanha mais arduamente, ela agarrava-lhe a nuca de forma tensa, sentindo entre seus dedos os finos fios loiros de Draco que se arrepiavam ao toque.



– Bons tempos... Quando você apenas tinha de relatar no seu querido diário o quanto você me amava secretamente e eu apenas olhava feio suas caminhadas entediantes com os dois pela-sacos.



– Ou quando você na sua trabalhada sutileza de um elefante num aquário me arrancava de perto deles deixando claro que eu era su... – Draco puxara Hermione contra seu corpo antes que ela pudesse terminar dando passos lentos até caírem no sofá. Ambos caíram deitados se beijavam perigosamente, Draco pressionava mais as coxas de Hermione, que não conseguira segurar uma exclamação fazendo-o beijá-la ainda mais possessivamente. 



– Sempre foi... Mesmo que você custasse tanto a aceitar. – ele dissera entre beijos, Hermione voltara no seu tom brincalhão.



– Verdade. Mas era só uma questão de tempo, até eu me acostumar com o seu cinismo e arrogância e relevar isso a ponto de estar disposta a prestar mais atenção nas outras coisas boas...



– É mesmo? E que coisas são essas?



– Não sei. Até agora só conheci o cinismo e a arrogância. – ela dissera rindo divertida e beijando-o.



– Tá bom... Tá bom... Eu posso fazer isso: oscilar entre o carinho e o sarcasmo.



– Que bom. Porque você sabe que nosso relacionamento se resume a isso.



– Unicamente nisso. – ele concordara beijando-a mais arduamente. – Eu amo você... – ele dissera roucamente olhando-a nos olhos, Hermione sorrira de leve. – Não posso passar pelo desespero de te perder, não de novo. – ela o olhara então sem entender com o cenho franzindo sem saber o porquê daquilo. 



– Não vai perder, Draco. Por que acha isso?



– Essa guerra... – ele dissera abaixando a cabeça preocupado. – Por isso que... – Hermione sentira seu peito se partir e antes que Draco terminasse o beijara novamente, de forma avassaladora. 


 


           Ele logo a enlaçara pela cintura com força, beijando-a ainda mais arduamente. Ambos se beijavam com paixão e desejo quando alguém batera na porta. Ambos ignoraram aquelas batidas, até que elas se repetiram e Draco gritara com raiva para a porta. – Vai embora!



– Draco, é o Snape, está mandando você monitorar a prova do quarto ano agora. – era Luke, Draco continuava a ignorá-lo. – Draco!



– Que é?



– Foi o Snape que me mandou aqui!



– Grr! – rugira Draco socando o sofá. 



– Vai lá, o Snape está te esperando. É o seu trabalho. – dissera Hermione carinhosa se levantando logo depois de um Draco contrariado.



– Eu vou matar o Luke. – murmurara Draco.



– Coitado, ele não tem culpa. O culpado é unicamente você, por ter insistido em ganhar de mim o cargo de monitor-chefe. – dissera Hermione sapecamente.



– Obrigado, Hermione. – agradecera Luke do outro lado da porta, fazendo Draco olhar sarcástico pra porta, abrindo-a com agressividade em seguida, enquanto Hermione prendia o riso. Luke se surpreendera. – Oi... Casal feliz, como vai? É que o Snape, sabe, me fez garantir que você não ignoraria meu recado para ficar se agarrando com a Hermione na sua sala. – ele terminara em defesa, com um sorriso amarelo. Draco continuava a olhá-lo de forma ameaçadora.



– Tchau. – dissera Hermione rindo dando um estalinho em Draco. – Tchau, Luke. – Luke acenara com a mão e encontrara novamente o olhar de Draco.



– Por Merlin, Draco. Pára de ficar olhando os outros assim, parece até que vai conjurar a Marca Negra a qualquer momento... Credo.


**


 



             Querido Diário, 


            


            Que saudade... Sei que fiquei um tempo sem escrever, mas é que... Bem, já me disseram uma vez que quem escreve não vive. Agora eu entendo mais ou menos o que isso significa. Tem me acontecido tanta coisa ultimamente que mal tem me restado tempo para escrever. O ano está quase no fim e é claro que eu já fui convocada para o fechamento do ano. Cantar... Aff. Sabe, antes eles valorizavam um pouco meu potencial acadêmico e meus discursos de fim de ano, agora não estão nem aí se eu passar de ano ou não, desde que eu suba num palco e cante alguma música sem graça. 


 


            Não serei hipócrita, é claro que eu gosto um pouco da atenção, mas é que... Bem, é tanta coisa de uma vez que parece que daqui a pouco meu cérebro vai pedir demissão. Quero dizer, provas finais, fechamento do ano e Magia Elemental que tem que ser controlada por uma poção realmente nojenta até que Dumbledore consiga uma brecha em toda essa guerra para realmente dar alguma atenção para esse assunto e decida o que tem que fazer comigo. 


 


          Ainda tem a porcaria dessa guerra, onde agora temos até horários de recolhimento em Hogwarts, já que ficou mais do que claro esse ano que andar pelos pátios da escola pode ser fatal. Ah, e para completar... Essa birra infantil do Draco com Daniel. Já faz uma semana, uma semana que Draco ignora Daniel pelos corredores ou o olha com profundo ódio. E o pior é que não tenho tido tempo pra falar com Daniel também, não apenas por causa das aulas e toneladas de deveres, mas porque são praticamente nulos os momentos que encontro Daniel sem estar acompanhada de Draco, e eu sei que uma tentativa de contato é só o que Draco precisa para avançar em Daniel. Grr! E tudo por culpa de quem? Minha, claro... Já que culpar os Deuses é a mesma coisa que nada, uma vez que eles estão pouco se importando para minha opinião sobre eles! 


 


          Sério! O que mais precisa acontecer? O que? Sempre tem um conflito idiota na minha vida, eu nunca tenho paz nessa merda! Se eu estou mal com Draco, o mundo está contra mim! Se eu estou bem com Draco, eu sou caçada por Comensais que querem o meu pescoço. E se eu estou bem com Daniel, Draco quer matá-lo. Agora, se eu estou mal com Daniel, eu tenho que aturar minha consciência martelando na minha cabeça me lembrando o egoísta eu sou... E ela, acredite, é a amiga mais cruel que possuo. Gina compete com ela, mas perde por uma diferença considerável, já que minha consciência possui uma imaginação nazista-torturadora e quinhentas vezes mais estupidamente moralista que Gina, por isso Gina nunca conseguiria se igualar. Mesmo que ela fizesse uma faculdade para isso.



          Tudo bem, deixa eu parar de ser dramática. Gina tem me dito para eu praticar mais isso, sabe? Já que ficou claro que minha dramaticidade acaba por contribuir para minha falta de sanidade nos momentos críticos, o que resulta em ações idiotas das quais passo vinte cinco páginas relatando como desabafo.     


           Eu não entendi muito bem isso, mas, resumindo, tenho uma vaga impressão de que ela me chamou de maluca. Não sei muito bem qual foi minha última insanidade a qual ela se referia, preferi por não perguntar já que Gina anda com um humor estranho. Preferi por seguir seu conselho. Então como vê, não ando mais tão dramática assim. Afinal, que culpa tem o Universo, não é mesmo?! E eu prefiro me jogar da Torre de Astronomia do que ter esse dom do inferno dentro de mim, que me obriga a respirar fundo e me acalmar antes de andar, piscar, balançar as mãos, pensar... Já que se eu não fizer isso posso, sei lá, quem sabe... Matar alguém?! Realmente Dumbledore sabe como tranqüilizar as pessoas...



            Tudo bem, deve haver um jeito de fazer Draco e Dan voltarem a ser o que eram antes, quero dizer... Tem que haver um jeito. Afinal, por que eu sou sempre a culpada? Sempre? Tudo bem, é sempre assim em filmes, livros... Sempre assim. A mulher sempre é a culpada. Ela sempre separa dois irmãos, dois melhores amigos...


 


**



– Normalmente essas histórias são escritas por homens... 



          Hermione saltara ao ouvir uma voz em cima do seu ombro. Era Gina, que parecia bastante interessada em sua escrita.



– Gina! Se importa? Eu estou escrevendo no meu diário.



– Você não está escrevendo. Você está se lamentando como sempre. Já disse que tem que parar de ser tão dramática. – dissera a ruiva se sentando em outra poltrona do Salão Comunal. Hermione suspirara em deboche, fazendo pouco caso do comentário.



–Eu não sou dramática...



– Não, Snape é. – respondera a ruiva foliando uma revista. Hermione franzira o cenho mal humorada e voltara sua atenção para o seu diário.


 


**


 



           É incrível como Gina consegue respostas para tudo ultimamente. Quero dizer, esse papel era o meu. Agora eu sou só a perdida na vida, desesperada por soluções que normalmente saem da melhor amiga super inteligente. Quando foi que eu desci do cargo de coadjuvante melhor amiga dessa história e virei a principal? Eu não tenho pique pra ser a principal, é complicado demais, principalmente porque eu sempre me ferro.



          Grr! Ok... Vamos nos focar em Draco e Dan.



          Bem, O Clube de Duelos já chegou na sua terceira etapa... E agora, adivinha? Aprendemos esgrima. Não, não se anime. É uma arte muito bonita de ser apreciada visualmente, mas não muito agradável de ser praticada. Já pode ver minha cara de decepção, não é? 



– Esgrima? Pra quê esgrima? São os feitiços de defesa e ataque que são realmente importantes! – eu reclamava.



– Que feitiço falta ainda aprender, Hermione? Você já conhece todos. – dissera Gina ao meu lado.



– Claro que não. Nem chegamos ao nível dos Comensais. 



– Ok. Mas nem todos aqui estão planejando entrar na Guerra, Hermione. E ninguém realmente espera que o façamos se quer saber. – dissera Harry. – Pra falar a verdade, acho que só nós quatro mesmo entraremos.



– Ah, por favor, não tire minhas esperanças de encontrar o Balazer nas linhas inimigas... – dissera Ron de forma sádica.



– Isso é um absurdo! Como se alguém aqui tivesse escolha. – eu fingi não notar que Harry, Ron e Gina se entreolharam de forma incrédula quando eu disse isso. O que eles pensam que eu sou? Eu só quero me defender, não é como se eu realmente tivesse sede de sangue Comensal... – Ninguém vai fazer nada? Que poder tem uma espada contra uma varinha, afinal?



– Na verdade uma varinha pode ser transfigurada numa espada, tendo assim ambas funções. – dissera uma voz arrastada atrás de mim ao mesmo tempo em que me abraçava pela cintura, dando um sedutor beijo ao pé do meu ouvido. Eu não pude deixar de sorrir, é vergonhoso o modo como Malfoy tem efeito sob meu estado de humor. – Os Comensais usam bastante isso hoje em dia. Acreditem...



– Acreditamos. – responderam os três nos olhando com nojo e com um pingo de sarcasmo. 


 


          Afinal, quem melhor para saber o que os Comensais usam ou não hoje em dia do que um Malfoy? Mas tudo bem, ainda bem que ninguém ali era expert em Legilimência ou poderiam ver a ridícula imagem que se passara pela minha cabeça, de Comensais dando beijos nos pés dos ouvidos de suas vítimas. Como eu sou idiota! Ele estava falando das espadas! 



– Vá se vestir. Vai ser divertido. – dissera ele me entregando minhas vestes brancas com direito a elmo e tudo. 


 


         Ele já estava pronto com espada em mão e tudo, eu o vi se afastar indo em direção a equipe da Sonserina. Como ele estava lindo, cheguei a suspirar. “Mas peraí. Divertido? Não me parecia nada divertido um sujeito qualquer ficar me nocauteando enquanto eu vou engatinhando pelo chão implorando para que ele pare.”, eu pensara. Pois era o que ia acontecer.



– Ai Merlin... O drama de novo. Eu tenho que parar com isso. – eu murmurara para mim mesma.



          Quando eu ia em direção ao provador me vestir eu avistara longe Daniel já todo vestido com as vestes brancas de esgrimista colocando suas luvas de couro. Também estava lindo, me dera um aperto no coração. Fazia dias que eu não falava com ele. Olhei pra Draco que rasgava o ar com sua espada em aquecimento, respirei pesadamente e fui me vestir. Aquele não era o local exato para uma conversa com Daniel. Não com tantos objetos cortantes ali, a mercê de Draco. Eu conheço o namorado que tenho.



           Era incrível! Realmente os Sonserinos tinham uma experiência de esgrima muito mais avançada do que a dos demais. Sei o que deve ser isso. Afinal, a Sonserina se baseia em alunos ricos de famílias antigas, nobres e sangues-puros que tem entre outros costumes a Esgrima. Admito que senti uma ponta de inveja ao ver Parkinson derrubando facilmente uma aluna da Lufa-Lufa, pois eu adoraria deixá-la de fuça no chão. Bem, Harry e Gina parecem estar pegando o negócio da esgrima rápido depois de umas aulas, Ron sempre joga a espada no chão com raiva e ameaça seus pobres adversários magrelos com os punhos, que depois acabam por sair correndo. Na maioria das vezes se trata de Balazer. 


 


           E eu? Já era de se esperar... Sou horrível. Uma vergonha para a esgrima. E eu pensava nisso naquela quarta-feira quando Jonathan Glive da Corvinal dera uma investida que fizera minha espada voar pelo Salão e me fizera cair para trás de forma dolorosa, mas antes de qualquer outra reação sentira uma sombra sobre mim e notei que Draco se encontrava na minha frente de espada em punho em posição de ataque com o porte de um príncipe olhando ameaçadoramente para Jonathan. Me vi suspirando novamente e tentei disfarçar isso.



– O duelo acabou aqui pra você, Glive. E pra sua sorte espero que Hermione não esteja machucada. – dissera Draco. Pude vir Glive engolir em seco, e eu rapidamente me levantei.



– Estou bem, Draco. Eu só tropecei. – Draco imediatamente dera as costas para Glive, segurando meu rosto com carinho. 



– Tem certeza que não se machucou?



– Tenho. Eu... – ele aproximara seu rosto do meu e eu o empurrara de leve. – Estamos em aula, Draco. – eu censurara. Pra que? Draco me olhara irritado e me agarrara pela cintura num beijo sufocador e inebriante. Tudo bem... Eu nem queria me formar em Hogwarts mesmo, na verdade sempre achei que meus talentos estavam além das funções acadêmicas. 



           E que beijo... É complicado falar disso, sabe. Me perco na espessura daqueles lábios que pressionam os meus de forma tensa e arrasadora. Explora minha boca como explora meus sentidos, agarrando firme os cabelos da minha nuca como se eu pudesse ouvi-lo gritar “É minha!”, e isso só me dava mais vontade de beijá-lo. Eu me agarrava cada vez mais ao corpo dele que me prendia também sem pestanejar, como se nós houvéssemos esquecido que estávamos em aula.



            Fora então que Draco me largara do nada se defendendo prontamente de dois discos de cerâmica que voavam em sua direção, que acabaram partidos ao meio no chão. Sério, às vezes o sentido canino dele me assusta. “Uau” eu deixara escapar e não fora a única surpresa naquela sala. 



– Era só pra ver se você estava atento, Draquinho. – dissera Pansy. Vadia! Ele a olhara com desdém e nojo e se voltara para mim. 



– Não ligue para ela. Rejeição não é fácil pra ninguém. – ele dissera sapeca. Eu rira maldosamente ao tom de voz dele. Parece que não consigo parar de rir quando estou com ele. Isso é normal? – Quer sair daqui?



– Como assim sair daqui? Matar aula? – eu disse atônita.



– Não seria a primeira vez...



– Exato, é por isso mesmo que não podemos. Sabe, eu quero passar de ano.



– Hermione, por favor... – ele dissera em deboche. – Você já se formou em Hogwarts desde o primeiro ano. 



– Ahh, quem dera! Não sei se percebeu, mas minhas notas têm abaixado consideravelmente. 



– Têm? E por que será? – ele perguntara com cinismo, me prendendo mais ao seu corpo. Eu rira sarcasticamente.



– E você é monitor de Hogwarts! Tenha responsabilidade.



– Eu tenho responsabilidade. É por isso que nos tirarei daqui sem que ninguém perceba...



– Senhor Malfoy! – chamara o professor francês de esgrima, Sr. Pierre Borjè. Draco se virara para ele com a cara amarrada e eu prendera o riso.



– Sim.



– Devo pedir que pare de incomodar a Srta. Granger e volte ao seu treinamento. – pedira ele com seu sotaque. 



– Treinamento? Não há uma alma viva nesse Salão que eu já não tenha derrotado. Já derrotei até você! – eu olhei com sarcasmo, como ele era prepotente. – Arranje alguém à minha altura que talvez assim chame a minha atenção.



– Eu já arranjei. – dissera o professor sem se afetar com o tom arrogante de Draco. Draco franzira o cenho irritado. – Daniel Conl, venha até aqui. 



       Pronto eu gelara. Todos pareceram respirar ao mesmo tempo naquela sala e darem uma considerável distância de Draco e Dan.



– Só pode ser brincadeira. – murmurara Draco enquanto me largava e ia na direção do outro. Daniel também parecia contrariado, mas não dizia nada.



– Professor, por favor. Não há razão para os dois duelarem. Coloque outra pessoa, menos Daniel! – eu implorava discretamente.



– Está brincando? Conl e Malfoy são os melhores esgrimistas da turma, senão de Hogwarts. Preciso ver isso. Hangar!



          Foi tenso, desesperador... Ambos duelavam muito bem, era como se... Como se... “Eles tivessem aprendido juntos...”, eu finalizara de forma óbvia. É lógico! Melhores amigos a vida toda... Eles aprenderam juntos... O duelo estava chegando na sua hora crítica, num exato empate quando o sinal tocara e eu dera meu suspiro aliviado. 



– Salvo pelo gongo, Daniel. – eu ouvira Draco dizer entre dentes, conforme eu me aproximava às pressas dos dois, ambos ainda com as espadas erguidas. 


 


           Eu colocara a mão no ombro de Draco que baixara a guarda. Encontrara o olhar de Daniel apreensiva, ele apenas fizera o mesmo e se afastara. Uma vez que ele fora embora me colocara na frente de Draco.



– Até quando isso? Ele é seu melhor amigo! – eu reclamara.



– Daniel é a última pessoa de quem quero falar, acredite. – dissera Draco indiferente, indo guardar sua espada. Eu o seguira.



– Precisamos dar um jeito nisso, Draco. Não pode ficar assim!



– O estrago já está feito. Ele me traiu! 



– Não! Foi só um beijo. E ele já explicou o porquê disso. Eu já expliquei! – ele me olhara mal humorado, enquanto arrancava a jaqueta de couro branca.



– Chega, Hermione!



– Tudo bem, então... Pense assim: Nós erramos. Ok. Errar é humano, perdoar é divino. – e dera um sorriso maroto esperançosa para ele. Ele rira de lado se aproximando perigosamente de mim... Estava sem camisa.



– Hermione minha querida, nós sabemos que de divino eu só tenho a aparência. – GRR! Ele é impossível! Eu respirara histérica e dera as costas indo embora. Não valia a pena discutir com ele uma vez que o assunto pousara na sua inatingível auto-estima.



            É isso o que eu venho passando. Draco nem sequer me escuta, no fundo ele sabe que toda a nossa história é verdade, mas ele não consegue perdoar o fato do Dan ter me beijado, de novo. Ele não perdoa isso. Grr! Como se perdoar fosse fácil pra ele, não é? A palavra perdão não existe no vocabulário de Draco Malfoy. E acho que responsabilidade também não, já que ele vem praticamente me seqüestrando das aulas. É sério, vamos repetir o ano.



            Eu estava sentada em dupla com Draco naquela aula de História da Magia, enquanto tinha a vaga impressão de que éramos os únicos que não dormíamos. Dei uma olhada para as carteiras de Harry e Ron que quase babavam em seus pergaminhos; mais atrás Daniel, com as pernas em cima da mesa e de braços cruzados, roncava para o alto.



– Eu imploro, vamos sair daqui. – suplicava Draco baixo, parecendo que ia explodir de tédio.



– Pare de suplicar. – eu dissera sem parar com minhas anotações.



– Sério, Hermione. Eu estou com vontade de matar esse cara. – ele dissera apontando para o professor.



– Ele já está morto, Draco... – ele resmungara um “pelo menos isso” e continuou me encarando. – Você está me atrapalhando... – eu resmungara. Draco suspirara derrotado e virara-se pra frente com a cara amarrada. Fora então que eu começara a sentir algo roçar nos meus joelhos. Me virei pra ele ameaçadoramente. – O que está fazendo?



– Eu? Nada. Pode continuar com suas anotações. – ele dissera prendendo o riso divertido. Ele estava acariciando minha perna e me mandava prestar atenção nas minhas anotações? Mas o que é isso?


 


– Mas o que é isso? – eu optei por perguntar. – Daqui a pouco eu vou ter que denunciar você. Isso já é assédio sexual! – eu brigava baixo com ele. Ele continuava por alisar minha perna, me olhando com fingido interesse. – Eu já perdi a conta de quantas aulas eu já matei por sua causa essa semana, Draco! Me deixe assistir pelo menos esta!



– Pode assistir. Você só não espera que eu preste atenção nela também, não é? Tenho coisas mais interessantes para fazer.



– Ficar me alisando, por exemplo? – eu dissera revoltada.



– É... Mais ou menos isso... Mas se preferir podemos apenas sair da sala. – ele dissera rindo maroto.



– Não!



– Ok, então. Eu tentei. – ele dissera se virando pra frente, mas ainda alisando minha coxa. Eu continuei o olhando sarcástica, mas ele me ignorara. Tentei três vezes tirar sua mão da minha perna, sem sucesso. Então optei por continuar minhas anotações.



          Era impossível... Eu sentia sua pele roçar a minha com carícias repetitivas que me marcavam a ferro. Sentia-o segurar minha coxa levantando de leve minha saia, segurava com possessão e desejo. Arranhava de leve minha pele com suas unhas curtas e com a aspereza de sua pele. Não tinha como prestar atenção, e agora Draco me olhava sério, prestando atenção na minha reação. Eu tentava ser forte. Mas era muito transparente, não parava de ficar arrepiada e desviar minha perna de seu contato. Mas ele a prendera em seu poder e continuara com as carícias. Respirei fundo, nem sabia mais o que estava anotando. O que estava lendo. O que tinha que copiar.



– Merda, Draco! Já li a mesma frase quinze vezes! – eu brigara com ele que não conseguira segurar o riso.



– Vamos embora, você não está se agüentando aí. – eu ficara roxa de vergonha e indignação.



– Como assim não estou me agüentando? Do que é que você está falando?



– Disso. – ele dissera ao mesmo tempo que sua mão novamente subira pela minha coxa me fazendo dar um salto de susto e tirando risadas dele.



– Não teve graça. – eu dissera de leve agradecendo a Merlin por ninguém estar prestando atenção naquele espetáculo. 



– Vamos... E eu prometo que paro de te torturar. – tá bom, como se eu confiasse nele. 



– Sabe, Draco, apesar de eu gostar de você, eu realmente aprecio a arte do aprendizado. – eu dissera sem desviar a atenção do professor. Mas eu notara com irritação que ele sorria perigosamente ao meu lado, eu me recusei a encará-lo.



– Posso te ensinar umas coisas se quiser. – ele dissera roucamente ao meu ouvido.



– Ótimo! Preciso mesmo que me ensine uma coisa. – vi os olhos dele brilhando de espanto e animação. – Quero que me prepare...



– Com certeza!


 
– Fisicamente e espiritualmente. 



– Vamos! – dissera ele decidido na mesma hora me puxando pela mão, mas eu o puxara de volta.



– Quero ser animaga.



– O que? – ele perguntara completamente decepcionado, preferi por não imaginar o que estava se passando na cabeça dele. – Não!



– Como assim não? Você tem que me ensinar.



– Eu não tenho que te ensinar nada, além do mais... Isso é doloroso, ilegal, perigoso e eu sei que você está doidinha para usar na guerra.



– Vai ser muito útil, sim. – eu dissera ligeiramente constrangida. Como aquele filho da mãe me conhecia tão bem?



– Minha resposta continua sendo não. Já disse que não quero você nessa guerra.



– E eu já disse que estarei nela. – então ele batera com força na minha carteira, se virando ameaçador pra mim. 



– Você não está entendendo. Eu não estou te pedindo. Você simplesmente não vai participar dessa guerra! – pra quê, não é? Eu me revoltara.



– Você não pode me dizer o que fazer!


 
– Não posso? – ele dissera perigosamente como num desafio.



– Eu já estou envolvida nessa guerra! 



– Você está envolvida comigo, então faça o que eu disser!



– Grr! – eu o olhava com raiva, tentando ignorar os pergaminhos e penas que flutuavam pela sala de forma raivosa envolta de Draco. Com certeza essa Poção de Dumbledore não tem dado muito certo. Então eu recolhera todo meu material e ignorando os muitos acordados e o professor que exigia explicação daquilo, eu saíra da sala com passos nervosos e decididos para longe de Draco. 



        Como assim “Faça como eu disser?” Quem ele pensa que é? Merlin? Ai como eu o odeio! Se ele estava pensando que aquele namoro servia para ele mandar em mim, então ele estava muito enganado! Prepotente! Arrogante! Grr! Sabe, eu vou abrir uma instituição contra namoros. Pelo menos antes de namorarmos ele me escutava, mesmo que discordasse da maioria dos meus discursos e fizesse enormes palestras contrárias a eles, mas pelo menos me escutava. Agora ele acha que pode mandar em mim. Como foi que ele chegou a essa absurda conclusão eu não sei, mas eu estou com uma estúpida vontade de arrancar os olhos cinza dele fora.



          Precisava fazer algo, precisava de alguém... Gina! Onde estava aquele projeto de melhor amiga? Olhei no relógio, eram seis e meia da noite, Gina estava na aula de Poções. Ótimo! Não podia estar numa aula mais impossível de ser raptada, não?



           Corri para as masmorras, ótimo sem janelas! O universo estava mesmo contribuindo para aquele plano dar errado. Sim, o universo! Dane-se a terapia anti-drama. Eu quero que o universo se exploda e leve esses Deuses gozadores com ele. Andei em frente da porta das masmorras de um lado para o outro com certa agonia, até que tive uma idéia. 



            Arranquei um pedaço de pergaminho da mochila e escrevi “Saia imediatamente desse presídio! H.G.”, dobrei várias vezes e o enfeiticei passando por baixo da porta. “Encontre Gina Weasley” eu murmurara. Eu aprendi essa anormalidade no primeiro ano, quando via Harry passar cola para Ron em Poções. Demorou um pouco até que o pergaminho voltara por baixo da porta e parara magicamente em minhas mãos. Imagine a cena, eu sentada ao pé da porta no meio do corredor... Ainda bem que estavam todos em aula.



“Estou lendo bem? Hermione Granger me intimando a matar aula? O que houve? Harry foi seqüestrado de novo? Hogwarts está sendo atacada? G.W.”.



“Não engraçadinha, apenas preciso pôr para fora meu estresse. Gritar com alguém. Saí logo daí! H.G.”.



“Meu amado irmão já tinha compromisso? É necessário mesmo que eu saia? Porque sabe, eu pretendo mesmo tirar uma nota boa em poções... G.W.”.



“O que? Vai me trocar por esse urubu velho? Pensei que meus sentimentos fossem mais importantes que uma mísera aula de poções! H.G”. 


 


 “Ainda bem que você parou de ser dramática. Estou saindo. G.W.”.



       Então eu ouvira um barulho de coisa se quebrando e gente reclamando, e logo uma Gina Weasley com a cara meio suja aparecera sorridente na porta com a mochila nas costas. Eu a olhei interrogativa e censuradamente.



– O que foi? Eu estou aqui fora, não estou? – ela se defendera e começamos a andar em direção ao lago. – O que houve dessa vez?



– Primeiro: Ele ainda continua com essa ridícula birra com Daniel! Como se Dan tivesse matado o cachorro dele, mas não... ele apenas me beijou!


 


– Quem? – perguntara um intruso e interessado Balazer em cima da árvore. Na boa, ainda mato esse garoto. Eu respondera prontamente assustando o pobre-coitado. 



– Merlin! 



– Some daqui, Balazer! Some! – ordenara Gina enquanto enfeitiçava o infeliz, que se jogara da árvore e agora corria para dentro do castelo. – Continue...



– E agora ele pensa que pode mandar em mim! Me proibiu de entrar na guerra! Que planos ele pensa que eu tenho para o final do ano? Entrar em um Spa? Ficar me embelezando enquanto você lutam por suas vidas?


 


– Hermione, você não está obsessiva demais com essa guerra, não? Faltam dois meses ainda para o ano acabar. 


 


          O que era aquilo? Uma rebelião contra mim? Que revolta era aquela, afinal? Minha melhor amiga e meu namorado contra mim! Será que só eu quero a vadia da Lestrange em Azkaban? Gina parecera ler toda a minha revolta porque começou a falar atônita pondo as mãos na frente como se quisesse me acalmar ou eu fosse explodir. 


 


– Calma, calma, eu sei o que é isso. Você está tendo de novo, a revolta dramática dentro de você está gritando dentro do seu peito de novo, respira... Devagar... Respira...



– Não me mande respirar! – eu gritara enquanto éramos atacadas por uma ventania raivosa, fazendo eu me perguntar o porquê de eu ainda tomar aquele troço que Dumbledore me obrigava.



– Se controla, Hermione! – então aquela ruiva abusada dera dois tapas na minha cara tentando recuperar minha lucidez. Eu a olhei de queixo caído, completamente perplexa, não acreditando no que ela estava fazendo. Ela me olhara receosa dando passos para trás. – Calma...



– Você quer morrer. – eu dissera e então o inacreditável aconteceu. Ela caíra na gargalhada. Bom, é reconfortante saber que posso realmente parecer ameaçadora, sabe? Realmente assustar Bellatrix Lestrange não seria muito difícil. Eu olhara para os lados não acreditando no que estava acontecendo e me sentara ao pé da árvore mal humorada, enquanto aos poucos ela ia saindo do seu ataque. E então me olhara compreensivamente e se sentara de frente pra mim.



– Hermione, não estou entendendo exatamente o que se passa com você. – ela dissera carinhosa.



– Percebe-se.



– Seja mais clara então. – eu olhara emburrada pro lago engolindo em seco, começava a sentir novamente uma leve percepção dele dentro de mim. Ele, aquele que não se encontrava dentro de mim há tanto tempo e de quem eu já começava a sentir uma saudade: meu orgulho. Ele estava dando sinais de vida dentro de mim, ainda estava vivo em algum lugar. 



          É claro que eu não estava aborrecida só pelo fato de Draco não querer me ensinar animagalia ou se mostrar autoritário. Isso eu sempre soube que ele era. Nem apenas pela briga dele com Dan ou a saudade que eu estava dele. Eu sabia que de um jeito ou de outro aquilo ainda ia se resolver, aqueles dois se amavam demais para se manterem afastados por muito tempo.



– O que você tem, Mione? – perguntara Gina novamente, eu a olhara engolindo em seco novamente. 



– Nada, eu não tenho nada. Desculpe ter te tirado da sua aula. – eu dissera seca me levantando e deixando-a para trás, indo às pressas pro castelo como uma fugitiva. E não me pergunte o que eu tenho, ok? Eu sou maluca.


**


 


             Daniel entrara calmamente na direção da Sonserina, onde encontrara Snape, que apontara a cadeira a sua frente para ele. Daniel sentara-se de forma desleixada enquanto Snape terminava suas anotações. Daniel olhava em volta notando então o quanto era desagradável aquela sala escura, tentando se distrair enquanto o diretor de sua casa não lhe dava a devida atenção.



– Então? Por que me chamou, professor? – perguntara Dan naturalmente, mas fora ignorado por Snape que continuava com suas anotações. Depois de um tempo Snape falara.



– Temos de decidir seu castigo. – Daniel franzira o cenho não entendendo o que o professor dissera.



– Meu castigo?



– Sim, Sr. Conl. Seu castigo. O senhor pode ter escapado da acusação de animago, mas não está livre do meu castigo. Afinal, eu ainda sou o diretor da sua casa e você ainda estava na Floresta Proibida na noite do ataque.



– Sim, mas... Os outros não foram castigados.



– Eu infelizmente não tenho poder para interferir na Grifinória, e o Sr. Malfoy... Bem, ele já pagou tudo o que devia levando uma suspeita maldição da morte e ficando em coma. Ou o senhor acha que ele merecia mais? – ele perguntara olhando cinicamente para Daniel, com fingido interesse. Dan gaguejara confuso antes de responder.



– Me deixa ver se eu entendi: serei punido só porque os Comensais não me puniram o suficiente? – Daniel começara uma risada nervosa. – Já comentei aqui que Draco Malfoy está querendo me matar?



– O senhor quebrou inúmeras regras de Hogwarts naquela noite. Ou estou enganado? – Daniel gaguejara ao tentar achar uma resposta. – Pois bem, incluirei o senhor numa atividade extra-classe.



– Como? Não... Eu não...



– O senhor participará do grupo de Dança em Hogwarts. Soube que Trelawney está formando uma turma.



– Trelawney?! Aquela maluca?! – murmurara Daniel.



– Se preferir posso apenas te tirar do Quadribol.



– Se eu sair, perdemos a taça. – dissera Daniel sentindo seu rosto soar em fúria.



– E não queremos isso, queremos, Sr. Conl? – dissera Snape na sua voz arrastada de forma cínica.


 


            “Nunca entrarei nessa sala e receberei boas notícias? Grupo de Dança, ótimo.”, pensara Daniel.



            Daniel andava mal humorado pelos corredores xingando mentalmente o universo por aquela vida que ele possuía. Lembrara-se então de Hermione e do quanto era engraçado vê-la xingar o universo e desabafar com ele. Sentia saudade dessa maluca. Mas Hermione Granger estava ocupada demais namorando o Sr. Draco Estupidamente Orgulhoso e Rancoroso e Escroto Malfoy. 


 


           Ouvira então à frente alguém chamar pelo seu nome “Hey, Daniel Conl?!” reconhecera na hora aquele forte sotaque francês familiar e sem pensar duas vezes dera meia volta indo na direção contrária, mas então ouvira outra voz a sua frente.



– Conl, não está ouvindo? O professor Pierre está te chamando. – ele olhara com um sorriso raivoso para a caçula Weasley sentindo uma vontade absurda de amaldiçoá-la.



– Obrigado. – dissera ele entre dentes e girando novamente nos calcanhares indo em direção ao professor com um falso sorriso na cara. – Professor Pierre, olá.



– Precisava falar com você. Hogwarts vai promover um torneio de esgrima e... – “ah não...” pensara Daniel. – Sabe... Você é um dos meus melhores alunos e... – “por favor, não...” – Eu gostaria muito que você competisse.



– Ahh, que honra, mas eu... Já estou com a agenda cheia e... Muitas tarefas extracurriculares...



– Se ganhar o torneio consigo te livrar de todas elas, aposto que o Snape ficaria feliz com a vitória da sua casa. – Daniel parara no mesmo instante para considerar aquela informação.



– É, isso é... Muito... Muito interessante. 



– Que bom! – dissera o professor feliz. – Sei que se sairá muito bem no torneio.



– Aham... – respondera Daniel ainda pensativo, parado no meio do corredor enquanto o professor se afastava.



– Recebeu boas notícias? – perguntara uma voz ao seu lado, Daniel já estava preparado para responder quando notara de quem se tratava: a ruiva Weasley. A encarara com o cenho franzido e óbvia incompreensão e irritação.



– Está falando comigo?



– Com quem você acha que eu estou falando? Estou de frente pra você.



– É, está. E isso está começando a me assustar... – dissera ele continuando seu caminho.



– HEY! – ele parara no meio do corredor ao ouvir o chamado dela novamente. – Estou falando com você! – ele se virara contrariado a encarando com irritação e com as mãos nos bolsos dera calmos passos até ela. – Sabe onde posso encontrar a Hermione?



– Você por um acaso não é da Grifinória? – ele perguntara sarcástico.



– Quero dizer agora. Você a viu em algum lugar?



– Não, não vi. – ele respondera seco.



– É sério, ela não anda bem. – Daniel respirava com irritação, quanto tempo ainda teria de aturar a presença daquela Weasley, estando sujeito a ser visto com ela por aí? 



– Olha! Eu não sei onde ela está, ok? Pode me revistar se quiser. – ele dissera de braços abertos e terminando com um sorriso canalha de forma debochada. – Aposto que ia gostar. – a garota respirara estressada, indo embora pisando no chão com toda a irritação que sentia. Daniel voltara ao seu humor anterior dizendo pra si mesmo – Se eu parar mais uma vez no corredor para ouvir o que essa Weasley tem a dizer, eu juro que viro trouxa. – e andando, levantara as mãos pra cima olhando pro teto. – Maldita educação que me rasga as veias!




           **


 


            Eu sei que já fiz muito essa pergunta aqui nesse diário, mas... 


               O que pelo amor de Merlin, está acontecendo comigo? Porque definitivamente tem um santo estranho se apossando de minhas forças vitais. Pelo menos foi o que eu pensei naquela noite insuportável de quinta-feira quando eu caíra mais uma vez de crânio no chão jogando minha espada para sete metros longe do meu corpo, pondo a vida de cinqüenta jovens bruxos em perigo pela milésima  vez àquela semana.



             Isso porque eu realmente sou muito eficiente com armas de guerra não-mágicas. Sinceramente... Se o objetivo desse clube era colocar os alunos de Hogwarts longe de perigo, então devo dizer que eles estão sob uma ameaça muito maior dividindo esse Salão comigo todas as noites. Mas se o objetivo era prepará-los para o perigo, então tenho que concordar que Hogwarts está fazendo um ótimo trabalho. Afinal, que melhor preparo do que esse de um Clube de Duelos, usufruindo de uma esgrimista absurdamente sem coordenação motora para o uso de uma espada e de brinde ataques semanais de Comensais da Morte? Fale a verdade, que jovem bruxo não sai de Hogwarts preparado? Podíamos construir um novo país com o nosso preparo. 


 


            Não, eu não estou sendo sarcástica. Essa foi só uma idéia que me surgiu quando eu ouvi aquele desocupado do Pierre gritar o meu nome pela nonagésima vez àquela noite. Eu realmente necessitaria construir um país só pra mim quando sair de Hogwarts. Com o estado emocional em que me encontrarei não serei capaz de boa convivência com nenhum ser humano.


 
            Acho que Draco também sofre desse problema, duvido que ele queira dividir o mesmo continente comigo, e isso porque eu sou a namorada dele. Ou pelo menos era há cinco horas atrás. Mas tudo bem, com o dinheiro que ele possui ele compra um continente para ele, com direito a um dos oceanos e tudo.



– Não, Granger! Sem Condições! – dizia aquele professor com aquele sotaque irritantemente francês, me fazendo lembrar o porquê Daniel me irritava tanto, apontando aquele dedinho boiola pra mim. – Você definitivamente não tem o dom... Não tem a coisa...



– A coisa... – eu repetira. 


 


         Como assim eu não tinha a coisa? Alguém devia comunicar àquele esgrimista de quinta que a última professora que me disse não possuir a coisa acabou com a bola de cristal rolando escada à baixo. “O-ou” eu ouvira de Ron em algum lugar daquela sala.



– Sim, querida... A coisa... Você pode ser muito inteligente para uma série de coisas, mas de fato não possui a coordenação motora suficientemente trabalhada para o uso da esgrima. Você não tem, sabe... A coisa.



          O salão se apossou de um silêncio súbito do qual eu apenas encarava aquele bruxo de insano. Ainda ouvi ao longe e baixo a voz de Ron “Harry, faça alguma coisa... Ela está com aquele olhar...”. Não sei a quê olhar ele se referia, mas todos sabiam a conseqüência de se fazer pouco caso da minha capacidade para com usufruir a “coisa” ou de me dizer que “de fato não a possuo”. “De fato”... De fato eu ia meter aquela varinha no olho dele. 



          Agora eu sei o que você está pensando: mas você mesmo, Hermione Granger, a poucos parágrafos atrás já havia admitido não possuir “a coisa” no que diz respeito à esgrima. Sim! Verdade! Mas uma coisa sou EU me passar atestado de realidade, outra coisa é alguém totalmente de fora da minha roda de seres com permissão pra julgamento tentar me esculachar dizendo do que eu posso ou não ser capaz.



– Entendo... – eu começara deixando meu orgulho ferido falar mais alto do que meu respeito para com a autoridade. 


 


      Eu olhei para os lados e pude ver os olhares apreensivos de Harry e Gina. Ron escondia o rosto nas mãos. Olhei também rapidamente para Dan que parecia se divertir com a cena, que na verdade devia estar sendo para os não envolvidos uma incrível atração cômica, porque já fazia tempo que eu não via um sorriso na cara do Conl. 


 


– O que está querendo me dizer é que eu não sou boa o suficiente para ter aula com o senhor. – Ron gemera, mas eu continuava no meu tom audaciosamente calmo. – Ou melhor, que eu não tenho capacidade para a arte essencial da esgrima. É isso, não é? É isso o que está me dizendo. 



             Fiquei impressionada com a capacidade que a minha mão tinha para produzir suor. Como aquela bicha ousava? Eu não tenho “a coisa” ? Eu ia mostrar “a coisa” para ele! Eu acho que a minha capacidade de ocultar minhas verdadeiras reações com a face anda cada vez mais retardada, pois logo ouvi a voz censurada de Draco atrás de mim.



– Hermione... – bem, acho que isso prova que eu ainda sou a namorada dele, não é?



– Entendo que esteja chateada – entende é? – Ou até mesmo magoada... – dizia o professor. Ron gemera novamente. Ele disse “magoada”? – Mas com certeza encontraremos outra utilidade para a senhorita. 



          Olhei para o lado. Daniel abrira um sorriso ainda mais divertido. “Merlin... Ele disse...” dissera Ron receoso. O que? Uma utilidade para mim? Ahh!


 


– E que utilidade seria... Professor? – eu perguntara entre dentes. Então o cachorro me chamara até o seu escritório e bem, resumindo toda aquela ladainha cansativa que ele disse: ele queria que eu organizasse o Torneiro de Esgrima. 



           Você tinha que ver a minha cara. Daqueles momentos em que eu dou uma risada sarcástica e seca, olho para os lados de forma revoltada, ou melhor, com a revolta estampada no meu sorriso. Acenando afirmativamente com a cabeça pensando “Eu mereço!” ou “Valeu, universo. Dessa vez você foi criativo.”, com a raiva estalando no meu maxilar como só Draco sabe fazer tão bem, olhando por último para o teto como se eu pudesse ver as estrelas e cobrar do universo filho da mãe por mais essa infelicidade na minha vida. 


 


            O querido do Pierre, aquele francês metido, estava me pedindo para fazer o trabalho dele. Ok, não me refiro ao de lecionar esgrima, mas o de organizar o Torneio de Esgrima de Hogwarts. É claro que eu neguei, mas já deve ter ficado claro aqui a facilidade que os professores dessa escola têm para nos obrigar às tarefas antes recusadas. 



– Fiquei sabendo que suas notas andam baixando consideravelmente nesse fim de ano letivo, por causa dessa série de ataques, sua estadia na Ala Hospitalar... É de tirar a concentração de qualquer um. Sabe também que o Clube de Duelos é praticamente um curso extracurricular que pode interferir nas suas notas. Como vê, esse Torneio veio muito a calhar... – ele dissera com um sorriso francês na cara. Sabe? Aquele sorriso canalha e galanteador que Daniel esboçava todos os dias nos corredores... Pode dizer... Convincente, não?
Hogwarts anda mesmo se revelando cada vez mais um poço de oportunistas... 



               Sexta. Ok... O destino realmente não está contribuindo. Ficou claro ontem que Draco não havia desistido de ser meu namorado só por causa do pequeno escândalo que eu fizera com ele na aula de História da Magia, foi um alívio. Um alívio momentâneo porque o pior ainda estava por vir. Depois de eu contar sobre minha nova missão, Draco concordou em me deixar trabalhando nesse novo projeto na sala dele (que na verdade devia ser minha, mas tudo bem) hoje à noite, já que ele teria mesmo mais treinamento de Quadribol com a Sonserina. Isso me animou um pouco, já que se Draco estivesse naquela sala comigo não me deixaria trabalhar um minuto sequer, então eu abrira um sorriso sabendo que as intenções deles eram mesmo puras. Mas... Logo essa idéia me deixara atormentada. Draco não é de ter idéias puras. Por Merlin, ele é da Sonserina... E é um Malfoy. De fato não estava tudo tão bem como ele dissera. 



              Ele ainda estava chateado. Draco não é de apenas aceitar tranqüilamente o fato de eu ter de trabalhar sozinha no meio da noite na sala dele. Muito menos ele é de oferecer a sala pra mim de tão bom grado. No mínimo em seu estado normal ele se aproveitaria disso para me amarrar mais uma vez em seus beijos e abraços. Ele não queria ficar lá comigo... Ele, Draco Malfoy, não queria passar a noite lá comigo, me encarando com seu olhar canino sedutor enquanto eu finjo ainda prestar atenção no meu trabalho. Ele queria ficar longe de mim... Ele ainda estava chateado. E isso... Bem, não melhorou em nada meu humor.



            E me atrevo a afirmar (rindo)... Que o destino não anda nada disposto a ajudar, sabe? Uma vez que eu abrira a lista de candidatos ao Torneio, onde os alunos terão de assinar para competir, uma lista que devia estar em branco primeiramente, mas que por uma jocosa sapequinha do destino, o desgraçado continha um pronome próprio no topo. 


 


            Ai céus, por quê? Eu fechei aquele maldito pergaminho e abri novamente umas cinco vezes na esperança de não encontrar aquele nome francês ali. Ainda ouvi a voz de Draco em meus ouvidos “Ah, esse torneio é ridículo, eu que não perco meu tempo nessa palhaçada...”, pensava em como ele mudaria completamente de idéia depois de ver aquele nome ali e correria para assinar o seu também. 



Daniel Gerard Conl.



– Me mata logo. – eu gemera para o universo, já prevendo a guerra sangrenta que aquilo ia causar.



           Eram quase quatro da manhã e eu me jogara para trás na cadeira exausta, me perguntava se Draco ainda estava no suposto treino, se ele voltaria para o seu quarto. Ahh Draco... Por que ele não conseguia entender? É verdade que somos de lados opostos e que ele fez sacrifícios até demais para que nosso namoro desse certo, mas... A idéia de abandonar Harry, Ron e Gina no campo de batalha... Principalmente Harry... Quem sempre cuidou de mim, meu melhor amigo... Mesmo que estivéssemos um pouco afastados... Era torturante. Eu nunca me perdoaria se acontecesse algo a ele. Por que Draco não podia simplesmente entender isso? Se Dan pelo menos ainda estivesse com a gente... Talvez Draco não estivesse tão perturbado... 



          Fora então que eu notara uma luz vindo do andar de cima, uma luz prateada que iluminava de leve a escadaria. Eu subira intrigada para o quarto de Draco e dera de cara com a penseira que eu lhe dera de aniversário (com o dinheiro dele) em cima da escrivaninha. E uma surpresa maior... Estava cheia. 


 


          Que lembranças Draco depositara ali era a pergunta, e eu me virei pronta pra descer de novo sabendo que a resposta para aquela pergunta definitivamente não era da minha conta. Eu parei. Ai, mas o que afinal de tão perturbadora tinha aquela lembrança que fora necessário ele retirá-la de suas memórias. Ai merda, fui vencida pela curiosidade. Destino do inferno, se você não queria que eu entrasse nas lembranças dele nunca me devia ter feito encontrar aquela maldita penseira. E afinal... Ele já invadiu o meu diário uma vez... Isso nos deixaria quites, não é mesmo? Já era. Entrei.



         Primeiro eu sentira tudo rodar a minha volta. Parecia estar sendo sugada pelo umbigo para dentro de um poço de quinze metros de profundidade, mas inacreditavelmente minha queda não fora assim tão dolorosa. Eu caíra num piso escuro e frio, olhara a minha volta, estava num grande salão sombrio, iluminado por poucas velas, as paredes repletas de quadros com bruxos antigos e grandes emblemas e brasões da Família Malfoy.


 


         Eu estava na Mansão Malfoy. Essa informação não me deixou muito feliz. Logo ouvi uns passos a minha frente, alguém se aproximava, eu me levantei e vi um homem alto e loiro que segurava uma espada de esgrima de qualquer jeito com as duas mãos, uma em cada ponta, como se não fosse afiada. Achei que era Lucius, mas não era. Conforme o homem se aproximava eu notava cada vez mais tensa que se tratava do tio do Draco: Ephram.



– Levante-se, Draco. Você consegue lutar bem melhor que isso. – dissera ele normalmente, olhando em minha direção. 


 


          Por um momento achei que ele pudesse me ver. Mas logo ouvi uma respiração atrás de mim e notei com um salto no coração ao me virar que se tratava de um Draco mais jovem. De mais ou menos treze anos, o Draco que eu vira na Torre das Gárgulas quando o Draco atual estava em coma. 



            Ele se levantara olhando fixo para o tio, eu já de pé notara que mesmo com treze anos Draco já era um pouco mais alto do que eu, um centímetro pelo menos. Realmente ele crescera desde os treze. Ele estava com uma blusa branca de manga de linho toda aberta deixando a vista seu corpo já definido. Mais magro, porém definido. Seus cabelos claros jogados no rosto, quase escondendo seu olhar cinza zangado. Parecia um jovem príncipe da antiguidade empunhando aquela espada. Céus... Como eu não me apaixonara por ele antes? Sempre soubera que ele era bonito, mas meu ódio por ele sempre gritava mais alto que qualquer outro sentimento que eu pudesse vir a sentir por ele. Tantos anos perdidos...



– Vamos. De novo. Hangar. – ordenara Ephram. 


 


            Draco enxugara o suor da testa e ficara em guarda também. Eu logo saíra do meio dos dois para observar melhor o magnífico duelo. Draco desde jovem lutava muitíssimo bem, mas não tinha a força e tamanha elegância que ele possuía no Clube de Duelos. Esse lutava de forma mais raivosa, de fato era difícil lutar contra Ephram. Esse sim mantinha a serenidade, agilidade e confiança que Draco possuia agora. Parecia que eu estava vendo um duelo entre os dois Dracos. Mas o jovem Draco era esperto e saltava como um lobo em volta do tio, só parando mesmo quando o próprio arrancara-lhe sua espada e apontara a própria para o peito de Draco que estava contra a parede. Draco olhara em deboche para a espada do tio em seu peito levantando uma sobrancelha. Ephram abrira um meio sorriso que novamente parecera ter saído de Draco e abaixara a espada. 


 


– Não é à toa que o Lord te quer com a gente. Daqui a pouco estará melhor do que eu e mais em breve o próprio Lord. – Draco sorrira ainda mais. Logo batidas fortes na porta do salão ecoaram dentro daquelas paredes quase me deixando surda.



– Entre. – dissera Draco alto e logo as portas se abriram e um Dan mais jovem também aparecera. Esse quase irreconhecível com os cabelos um pouco abaixo da orelha.



– Hey Draco, Tio Ephram. – dissera Daniel da sua forma sempre contagiante.



– Está atrasado, Daniel. – dissera Ephram de forma severa. – Estou treinando com Draco há mais de uma hora.



– Foi mal, minha mãe ficou me perturbando para terminar minha mala de Hogwarts logo, sabe? 



– É por isso, Daniel, por causa da sua falta de empenho que você sempre vai parar no chão e eu com a espada apontando para o seu pescoço. – dissera Draco de forma debochada.



– Uns são bons com a espada, outros com as mulheres. – respondera Dan de forma sarcástica tirando gargalhadas de Ephram, Draco apenas respondera com um olhar sarcástico.



– Não me faça rir, Daniel, seu sucesso se baseia na minha companhia. – dissera Draco.



– As garotas que só te aturam por minha causa, você é muito antipático. – brincara Daniel fazendo Draco levantar uma sobrancelha em desdém.



– Chega, chega. Os dois no centro, agora. – dissera Ephram. Draco e Dan obedeceram enquanto eu continuava apenas observando tudo empolgada. Ficaram um de frente para o outro com as espadas em punho em posição de ataque.



– Vai ficar até quando? – perguntara Draco.



– Tenho que passar no beco na sexta. Então devo ficar até sexta de manhã. 



– Hangar. – dissera Ephram e os dois começaram a duelar lindamente, praticamente os mesmos passos que eu vira no Clube de Duelos, mas com bruxos mais jovens e rindo divertidos da investida do outro ao invés de olhares frios e raivosos. 



            Depois de um duelo incrível com o som forte das espadas se cruzando no ar e o do vento sendo cortado, com direito a comentários de Ephram: “Bela investida, Draco.” “Perfeita dianteira, Dan,... Defesa mais alta.”, “Draco, cuidado com sua lateral.”. Então eu me surpreendera, Draco e Dan ao mesmo tempo gritaram “Sortia!” e da espada de cada um saíra uma serpente que trocavam ameaças entre si. 


 


            Como assim Sortia? Eu conheço o feitiço como Serpensótia... Ok, eu nunca havia visto feitiços serem feitos por espadas antes. A serpente de Draco era negra enquanto a de Dan era vermelha, eu inconscientemente me afastara mais dos dois me esquecendo que eu não fazia parte daquela realidade.



– Chega! – dissera Ephram se aproximando e transformando com sua “varinha-espada” as duas serpentes em cinzas. – Vocês precisam controlar esse impulso sonserino de vocês de atiçarem serpentes no meio de duelos. Vocês estão aqui para treinar esgrima, deixem a magia para Hogwarts, ok? – dissera Ephram um pouco irritado e voltando para organizar os materiais de esgrima. 


 


           Draco e Dan, eu notara, riam baixo um pro outro. Dan ainda fizera uma imitação cômica de como Ephram andava com a espada em punho apontada pro chão de forma firme e com o outro punho contra a cintura lembrando vagamente o zorro, nem eu conseguira prender o riso. Depois eu vira Draco passando por Dan deixando um baixo comentário debochado pro amigo.



– Com o seu fracasso com as garotas eu esperava que pelo menos na esgrima você se desse bem. 


 


           Dan aos risos respondera apenas com um “Vai se ferrar” e então tudo voltara a rodar e quando eu abrira os olhos eu estava numa espécie de bosque. 



         Eu estranhara, não identificava aquele lugar... Andando eu dera de frente com uma estátua de um bruxo de olhar superior, muito parecido com o Lucius. “Hector Malfoy” estava intitulado, o que significava que eu ainda estava nos domínios dos Malfoy, devia estar num Jardim da Mansão ou sei lá. 


 


          Fora então que eu começara a ouvir um som... Aquele som que eu tanto gostava... Aquele violão que tocava uma melodia sofredora, porém corajosa... Uma melodia que parecia me chamar cada vez para mais perto. Notei com surpresa que eu já ouvira aquela canção antes, uma canção que eu já até mesmo havia me esquecido que existia. Fora a mesma canção que eu ouvira Draco tocar na sala de teatro no dia em que eu fui me despedir dele antes do Halloween. Logo revi aquele momento como um flash em minha cabeça...


FlashBack



“– Boa pergunta... Você perguntou quando eu mudei. Eu não mudei... Nenhum de nós. Continuamos a ser quem sempre fomos e continuaremos assim. O nosso ódio Granger...É o mais saudável para nós. Mudar foi uma idéia tola. Não tente gostar de mim... E eu não tentarei o mesmo. Foram apenas situações, Granger... Que nos uniu um pouco.. Mas o ódio continua. Eu continuo sendo um Malfoy e você... Uma sangue-ruim. Não posso me dar ao luxo de ser seu amigo... Só porque te machuquei, e me arrependi.



– Quem disse que eu queria ser sua amiga? Eu desprezo você, Malfoy! Você pediu desculpas, e eu aceitei... Só, isso não muda nada! Nada do que eu disse no dia que enterramos Norra eu retiro. 



– Ótimo. Antes de eu ir... Tome. Talvez isso te ajude um pouco, a me odiar. 



– Não preciso de ajuda pra isso.”



Fim do FlashBack...


 



          Eu balançara a cabeça irritada tentando afastar aquelas lembranças enquanto andava em direção a melodia. Logo dera de frente com um galpão velho onde o jovem Draco se encontrava sentado de forma desleixada em cima de um banco, tocando o violão. Ele murmurava uma canção junto da melodia que eu não conseguia ouvir, uma pequena estrofe e logo parara para anotá-la em um pergaminho. Céus como eu queria ouvir aquela música.



          Logo, tanto eu quanto ele, ouvimos o barulho de passos rápidos se aproximando. Draco dobrara as pressas aquele pergaminho e o escondera em baixo de algumas pastas. Cinco segundos depois Daniel chegara sorrindo eufórico, colocando seu cabelo atrás da orelha. Ele parecia se irritar tanto com aquele cabelo que ficara claro o porquê dele cortá-lo tão radicalmente mais tarde. Ele trazia um violão também e eu me surpreendera mais ainda. Não era possível, aqueles dois tinham mais talentos ocultados que o normal... 



– Draco, olha, eu fiz uma nova estrofe. Acho que essa ficou mais interessante que a primeira, se encaixa mais na melodia. – dizia Dan se sentando no banco também, de frente para Draco. 


 


            Graças a Merlin eu ouviria a música, mas ao começar a tocar eu notara que não se tratava da mesma melodia que Draco tocava anteriormente. Droga! Mas era bonita também, Draco mantinha os braços jogados sobre o próprio violão e prestava atenção no que Daniel tocava. E eu também prestava, mas mais bonita que o próprio som que ele fazia no violão era a sua voz. Daniel cantava incrivelmente bem, tinha uma voz romântica e moleca ao mesmo tempo, dava arrepios.


I'm a lover I'm not a fighter,
(Eu sou um amante, não sou um lutador)
Hold me close and I'll take you higher than you've
(Abrace-me e eu te levarei ao lugar mais alto que você)
Ever been
(Já esteve)
Raise your hands and lay down your weapons,
(Levante suas mãos e abaixe suas armas)
We could turn this around in seconds flat,
(Nós poderíamos reverter isso em segundos,)
If you believe
(Se você acreditar)




– Então? O que achou? – ele perguntara animado depois de tocar o trecho. 


 


               “Lindo!” eu dissera emocionada, mas não era bem à mim a quem ele fizera a pergunta. Draco dera uma curta risada divertida que ele tentou segurar fazendo Daniel o olhar emburrado.


 


 – Que foi?



– Combina mesmo com você a nova versão: “Eu sou um amante, não sou um lutador”. – ele dissera rindo.



– Ah, cala a boca! – reclamara Daniel dando um soco no braço de Draco que rira mais divertido. – Sério... O que achou?



– Ficou muito bom. Bem melhor. – Daniel abrira um sorriso de orelha a orelha.



– Ahh, sabia que ia gostar. Sério, Draco, eu tenho um talento nato e você também não fica atrás não. Devíamos nos apresentar em Hogwarts. Íamos fazer mais sucesso que a cicatriz do Potter. – ele dissera rindo. 



– Aham, e meu pai me mandaria para Durmstrang na mesma hora. – Draco dissera emburrado. – Ele só precisa de um motivo.



– Hey, o que é isso? – perguntara Daniel puxando um pedaço de pergaminho de baixo das pastas. Tanto eu quanto Draco, notamos que se tratava do pergaminho em que ele anotara anteriormente. Draco se desesperara tentando pegar o pergaminho dele.



– Não é nada! Me devolva, Daniel! – dizia Draco com raiva, mas Daniel já fugira de Draco dando uma distância considerável dele e começara a ler, seu cenho se franzira em interesse e ele lera baixo, mas de forma que se pudesse ouvir.


And I don't want the world to see me
(E eu não quero que o mundo me veja)
Cause I don't think that they'd understand
(Porque eu não acho que eles entenderiam)
When everything's made to be broken
(Enquanto tudo é feito para ser destruído)
I just want you to know who I am
(Eu só quero que você saiba quem eu sou)




             Eu registrava aqueles versos em minha mente sentindo meu peito inflar, não acreditando que algo daquela profundidade pudesse sair de Draco Malfoy, muito menos daquele Draco Malfoy de treze anos que eu conhecia por sua arrogância e insensibilidade. O mesmo Draco Malfoy que eu batera por praticamente condenar o Bicuço naquele ano. Daniel olhara para Draco com o cenho franzido de forma séria e firme.



– É muito bom... É incrível, Draco. – dissera ele. Draco com a irritação e vergonha estampada em seu semblante arrancara o pergaminho das mãos de Dan e guardara-o dentro de uma mochila de forma agressiva.



– Não é nada. Nem está pronto.



– Ora, mas toca para eu ouvir... – pedira Dan animado.



– Não, esquece isso. Nem me lembro mais da melodia. – Daniel fizera então um sorriso perigoso para o amigo. – O que?



– E quem é afinal, que você quer que saiba quem realmente você é? Digo... Como se o mundo inteiro não conhecesse a famosa família Malfoy...



– Vai se ferrar... 



– Qual é, não vai responder pra mim? Seu melhor amigo? É a Pansy, não é? – Draco fizera uma cara de repugnância igual a minha.



– O que? Não. Mas que merda, não é ninguém... – eu mesma já começara achar a situação engraçada e ria sozinha.



– Ah pára, Draco. Não seja tímido. Os Malfoy também amam... – debochara Daniel. Draco ficara sério com um olhar perigosamente Comensal, o que fizera tanto eu quanto Daniel pararmos de rir.



– Não eu. Deixe as baboseiras românticas para as músicas, Daniel. Eu não amarei nunca... E gosto que seja assim. 


 


           Dan respirara pesadamente enquanto Draco se sentava no banco novamente pegando seu violão, aquelas palavras ainda me cortavam profundamente, tão fortes e decididas que eu quase me convencera. Quase não acreditava que aquele Draco agora estava comigo e me amava.



– Eu não acredito nisso. – dissera Dan nada intimidado com o tom dele. Draco e eu o olhamos com surpresa. – Você com certeza vai encontrar aquela garota que vai fazer seu mundo girar de cabeça para o ar e te fazer questionar tudo do qual você tinha certeza. É claro que você não vai notá-la de imediato porque você é idiota, mas eu estarei do seu lado pra te lembrar que aquela realmente é a mulher da sua vida... – Draco apenas continuou por um bom tempo encarando-o como se ele fosse maluco. – Pois ela existe, Draco... A mulher da sua vida realmente existe, todos têm uma perdida em algum lugar... A minha mesmo deve estar me procurando em algum bairro de Londres nesse momento. – Draco rira sarcástico.



– Supondo que isso seja verdade, Daniel, o que te faz pensar que ela realmente esteja me procurando ou me esperando? Talvez a mulher da minha vida não me veja necessariamente como o homem da vida dela. Ou... – ele parecera sombrio e eu senti meu peito inflar novamente de forma mais dolorosa. – Talvez minhas condições ou tradições não permitam que isso seja verdade. – ele olhara então para um Daniel confuso de forma violenta. – Talvez eu não queira que seja. Talvez eu goste do meu mundo e do jeito como as coisas realmente são... E despreze o dela. 



– Não importa. Ela continuará sendo a mulher da sua vida. – dissera Dan ainda sem se afetar. Draco dera uma curta risada seca. 



– E como mulher da vida de um Malfoy, ela vai sofrer, é a sina de todas elas. Eu a farei sofrer antes mesmo de aceitar o fato de que ela é minha.



– Tudo bem, eu cuidarei dela pra você, eu prometo... Segurarei as lágrimas dela até você estar pronto, não a deixarei desistir de você. Por que eu sei que você vai se empenhar bastante para isso. Você está acostumado em ver as pessoas desistindo de você, e isso te conforta. 


 


          Draco o olhava com o cenho franzido de forma descrente, não acreditando exatamente que Daniel Conl havia dito aquilo, nem eu tinha estômago preparado para tudo aquilo. 



– O que é você, afinal? Meu psicólogo? – dissera Draco ligeiramente agressivo.



– Não, cara. Sou seu amigo. – respondera Dan e ambos continuaram se encarando por um tempo. 


 


          Eu sentira um sorriso comovido se espalhar pelos meus lábios enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Eu acompanhara perfeitamente o ritmo de Draco engolindo em seco, tentando esconder seu ar comovido. E Daniel começara a falar no seu tom animado de sempre. 


 


– Tudo bem, agora vamos logo tocar violão, antes que a gente comece a chorar. Somos Sonserinos e bem... Sonserinos não choram. Certo? – Draco rira.



– Sonserinos nem tem glândulas lacrimais. 



– E principalmente: Sonserinos não têm sentimentos. – dissera Dan.



– É. Exatamente. 



– Deixemos os sentimentos para as músicas. 



– Com certeza. De idiota sentimentalista em Hogwarts já basta o Potter. – dissera Draco rindo e eu me censurei por ter rido também. Credo.



– É! Afinal, o psicótico perseguido é ele e não nós. – dissera Daniel alto e ambos caíram na gargalhada por um bom tempo. Céus... Aquela amizade, como pudera ter se acabado assim? Não era possível. 



– Ok... Vamos tocar. Substitua só a primeira estrofe pela sua nova. – dissera Draco enquanto cada um entrava em suas posições e seus violões.



– Ok. 



– Um... Dois... Um, dois, três e quatro... – e ambos começaram juntos a tocar aquela melodia e eu, já sentada no pé de uma árvore, assistia aquilo animada, como se fosse um show particular. Daniel começara a cantar:


"Ouvir Musica"


I'm a lover I'm not a fighter,
(Eu sou um amante, não sou um lutador)
Hold me close and I'll take you higher than you've
(Abrace-me e eu te levarei ao lugar mais alto que você)
Ever been
(Já esteve)
Raise your hands and lay down your weapons,
(Levante suas mãos e abaixe suas armas)
We could turn this around in seconds flat,
(Nós poderíamos reverter isso em segundos,)
If you believe.
(Se você acreditar)

Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
Where we belong, singing.
(Onde é nosso lugar, cantando)




          Os dois começaram juntos então o refrão combinando perfeitamente as vozes, a romântica e sapeca de Daniel com a desafiadora e firme de Draco. Lindo. Daniel finalizando a última frase.


Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde começamos)
Where we belong.
(Onde é nosso lugar)




          Eles continuavam no solo do violão e então a voz cortante e arrepiantemente linda de Draco, um pouco mais grossa, entrara na música, no seu solo. Na segunda estrofe Daniel ainda fazendo uma segunda voz ao fundo. 


Light a fire and write a sonnet,
(Acenda uma fogueira e escreva um soneto,)
Pin your hopes and your dreams upon it, now
(Prenda suas esperanças e seus sonhos sobre ele, agora)
Come and sing with us
(Venha e cante conosco,)

Yeah, Callin' out to your children's children,
(Chamando os filhos dos seus filhos)
Let there be love and let them scream it loud
(Deixa que haja amor e deixe-os gritar alto)
Before we bite the dust
(Antes que nós morramos)




           E então cantaram novamente o refrão mais alto, onde até eu já acompanhava como uma verdadeira fã, não me lembro de já ter estado mais emocionada do que naquele momento. A última frase do refrão fora cantada dessa vez por Draco deixando sua voz desafiadora preencher todo aquele galpão como meu peito.


Singing
(Cantando)
Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
Where we belong
(Onde é nosso lugar)
Come on and sing it
(Venha e cante)
Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde começamos)
Where we belong.
(Onde é nosso lugar)




Então eles apressaram mais o ritmo e começaram um rápido dueto.


Dan: In these troubled days of anger,
(Nesses dias problemáticos de raiva,)

Draco: We're afraid of every stranger,
(Nós temos medo de qualquer estranho,)

Dan: But today we're making history,
(Mas hoje nós estamos fazendo história)

Draco: it's ok just sing it with me,
(Está tudo bem, simplesmente cante comigo)

Dan: Now's you chance think of your lovers,
(Agora é sua chance, pense nos seus amores,)
We are all sisters and brothers.
(Somos todos irmãs e irmãos,)

Draco e Dan: Now's you chance think of your lovers,
(Agora é sua chance, pense nos seus amores,)
We are all sisters and brothers.
(Somos todos irmãs e irmãos,)




Voltaram para o solo até que Daniel começara o refrão mais baixo e lentamente. 


Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
We're England.
(Nós somos a Inglaterra)




E finalmente voltaram juntos para o refrão de forma divertida do qual eu já cantava junto.


Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
Where we belong
(Onde é nosso lugar )




             Eu ria com eles, como se fizesse parte daquela realidade já esquecendo a minha verdadeira vida, quando senti novamente tudo rodar a minha volta e fechei os olhos pra não ficar tonta, quando eu os abrira novamente estava num salão ainda mais escuro e congelante que o primeiro.



             Não consegui reconhecer o lugar, mas senti um desespero e um medo dentro de mim que eu não sabia existir, era um lugar ruim... Maligno, eu podia sentir. Logo minha informação fora confirmada ao ouvir um grito desesperador vindo dos fundos, alguém estava sendo torturado, logo eu ouvira outros gritos e minha respiração se acelerara conforme meu desespero. Então eu notara uma respiração sofrida atrás de mim e vi que o jovem Draco agora se levantava com dificuldade, continha muitos machucados pelo corpo e sua varinha tremia em sua mão. Eu senti uma agonia ainda maior vendo-o daquele jeito. O que estava acontecendo?



– Você entendeu o significado da sua existência, Draco? – dissera uma voz fria e autoritária naquele salão, me virei temendo encontrar Voldemort, mas era Lucius que não parecia nem um pouco afetado pelo estado do filho. – Entendeu tudo o que o Lord impôs a você?



– Sim, pa... Senhor. – dissera Draco com a voz rouca e ligeiramente tremida levantando seus olhos cinza semi-abertos para o homem que nem ao menos podia chamar de pai àquela noite.



– Essa é a sua missão, Draco! Você está preparado para cumpri-la? – perguntara Lucius de forma ainda mais autoritária e firme. Draco fungara fundo não por causa de lágrima, mas sim por sua dificuldade para respirar e engolira em seco como se aquela resposta o condenasse pelo resto de sua vida.



– Sim. – eu me via perguntando idiotamente para o Draco a minha frente como se ele pudesse me ver ou ouvir, de forma desesperada: “Do que é que ele está falando?”, “O que ele está fazendo com você Draco? O que? Você me disse que era só espionar o Harry...”


 


            Eu chorava... Sentia que tinha algo ruim, muito pior ali... “Draco... Com que é que você concordou? O que você terá que fazer... Draco..”. Então eu fora surpreendida com um puxão forte e fora arrancada de forma violenta daquela lembrança e caíra com brutalidade no chão frio do quarto da Monitoria-Chefe de Draco. E me surpreendera mais ainda com o Inácio voltando a vida dentro do meu estômago e saltando de um lado para o outro em desespero ao encarar aqueles frios e acusadores olhos cinza de um Draco de dezessete anos a menos de um metro de mim.



– O que pensa que está fazendo? – ele perguntara secamente, mas ainda com aquele ar acusador. Era um olhar Comensal... Eu sentia como se o houvesse traído e agora fosse sujeita a tortura


.
– Eu... – eu gaguejara enxugando minhas lágrimas, que não pareceram o comover nem um pouco. Eu perdera a voz.



– O que estava fazendo, Hermione? – ele perguntara novamente de forma mais agressiva. Eu gaguejara me levantando, mas não conseguira responder. Ele andava em minha direção de forma ameaçadora. – São minhas lembranças... Minhas... Você não tinha o direito de invadi-las. 



– Foi... Foi sem querer... – eu dissera, mas ele batera com brutalidade na iluminaria em cima da cômoda que caíra no chão destruída. Eu nunca o vira com tanta raiva de mim antes, eu me assustara.– Me... Me desculpe. – eu me apressara a dizer.


 


            Ele fechara os punhos com raiva me olhando com ódio, tentando prender toda a raiva no maxilar, ele me dera as costas como um lobo enfurecido como se quisesse manter uma distância entre nós dois, não confiando muito no seu autocontrole. Empurrara uma cadeira com violência tirando-a do seu caminho e se jogara pra frente da escrivaninha, apoiado nas duas mãos em cima da mesa com a cabeça jogada pra frente, seus fios claros a alguns centímetros da penseira. Eu só conseguia ver suas costas largas subindo e descendo em raiva. Eu me mantinha encolhida onde estava me odiando por meu atrevimento.



– Eu nunca lhe dei o direito de invadir meus pensamentos. Minhas lembranças são muito mais sombrias e assustadoras do que essas que estão aqui. – ele dizia calmamente, mas ainda com a raiva contida em cada sílaba. – Eu não quero dividi-las com ninguém. Nem com você. – eu engolira em seco sentindo o sofrimento dele se arranhar naquelas palavras.



– Eu não tive a intenção... Me desculpe. – eu dissera séria. Ele continuara de costas pra mim. – Mas você não precisa guardar as lembranças ruins só pra você, Draco... Você pode desaba...



– Eu não tenho nada para desabafar! – ele dissera brutalmente se virando pra mim e vindo em minha direção até parar muito perto. – Meu carma pertence unicamente a mim!


 


– Eu só quero ajudar...



– Você não tinha esse direito! Não tinha o direito de invadir minhas memórias, Hermione!


 


– Eu já pedi desculpas. – eu dissera ainda controlada, mas já começando a ficar aborrecida. – Não precisa explodir comigo. 



– Você quer ser desculpada? Então faça por onde...



– Como assim?



– Quero você longe de qualquer coisa referente a essa guerra. Quero que pare de ir sempre atrás do Potter e de se meter nas rixas alheias, longe da Ordem da Fênix, longe de ataques em Hogsmeade, longe de penseiras e pelo amor de Merlin, Hermione: Pare de procurar pela minha tia! Ahh... E fique longe de Conl também!



– Conl? Mas o que...



– Já está mais do que na hora de você entender que eu e Conl não voltaremos a ser amigos nunca mais.



– Isso é ridículo! Um dia você terá de esquecer tudo isso...



– Ainda falta muito pra esse dia chegar... E se você não quiser que eu termine com você é melhor prestar bem atenção nas minhas condições! 


 


             E dizendo isso desceu as escadas e saiu da sala batendo a porta me deixando lá de queixo caído. Tipo... Ele ameaçou terminar comigo! Como... Como ele se atrevia? GRR!!



             Tudo bem... Tudo bem... Ele está nervoso, é só. Ele está zangado porque eu invadi a privacidade dele, nada demais. Ele falou da boca pra fora... Foi só... Eu sei que foi só. 


 




             Eu acordei naquela manhã de sábado e encontrei com Harry, Ron e Gina no Salão Comunal. Íamos tomar café da manhã, os três falando de Quadribol, enquanto a excluída aqui se sentia um caco por ter ficado a noite toda organizando a papelada do Torneio, e ainda por cima sem se esquecer de uma vírgula do que Draco lhe dissera na noite anterior. “Ele me odeia!”.



– Já resolveu seu problema com o Draco? – perguntara Gina em voz baixa pra mim, eu a olhara com derrota.



– E você não conhece a minha vida? Os problemas só tendem a piorar cada vez mais. 


 


         Passamos pelo Hall de Entrada, eu tinha de conferir a lista do Torneio pra ver se eu enfim havia colocado mesmo de forma que chamasse bastante atenção. Eu colocara àquela hora da manhã e já haviam alguns nomes escritos. E foi sentindo o Inácio novamente saltar dentro do meu estômago, que em desespero eu parara no meio do corredor deixando os três andando sozinhos. Logo abaixo do nome de Daniel, eu notara o nome de Draco Malfoy. Só uma frase se passara pela minha cabecinha atormentada: “puta merda!”



– Que foi, Mione? – perguntara Harry notando que eu ficara para trás. Então Ron dera um tapinha no ombro de Harry apontando para a lista e eles notaram o porquê do meu desespero. – Hum... Vai ser sangrento isso. 


 


         Então eu notara mais uma presença atrás de mim e com temor eu já sabia quem era. Daniel se encontrava parado lá, a menos de um metro de mim e notava também o nome de Draco, ele dera as costas e ia embora sem nem ao menos olhar pra mim, eu fui apressada atrás dele.



– Dan, isso não foi idéia minha, mas quando ele põe uma coisa na cabeça ele não tira, você o conhece. Me desculpe. – ele parara de andar e com as mãos ainda no bolso se virara para mim notando meu desespero.



– Se não foi idéia sua, por que está se desculpando?



– Porque é óbvio que você está chateado. – eu disse simplesmente, ele rira com raiva pros lados antes de me responder.



– Eu estou chateado porque não nos falamos há duas semanas e quando finalmente o fazemos, a primeira frase que você fala é sobre o Draco. 


 


         Eu abaixara a cabeça derrotada respirando pesadamente, ele tinha razão, eu não prestava. Mas que droga mesmo, eu não merecia uma folga não? Todos contra mim de uma vez só? Mas o que é isso? Ele respirara também pesadamente.


 


 – Você quer que eu não participe também. – ele concluíra.



– Draco só quer competir com você. Se você falasse com Pierre...



– Pierre? Pierre é o professor... – ele dissera sarcástico.



– Eu sei que estou atrasada na escola, mas sei que é o professor. Justamente por isso.



– Logo eu falar com Pierre?



– É, ele gosta de você. Você é francês também...



– Hermione... Não sei quantos franceses você conhece, mas a maioria deles é insuportável, é por isso que eu saí da França. – eu respirara derrotada e ele rira com raiva novamente. – Que ótimo! Draco não podia ter feito um roteiro melhor que este.



– Como assim?



– Não percebe? Não importa o que eu fizer, ele ganha. Se eu não competir ele ganha. Se eu competir, seremos concorrentes diretos. E se eu derrotá-lo, na verdade estarei derrotando você. Então quem é que sai realmente ganhando? – ficamos um tempo calados, ele tinha mágoa nos olhos, e eu continuava sendo a vilã da história.



– Podia falar com ele... Tentar resolver as coisas. 



– Já tentei e ele não quer falar comigo. E quando fala não é muito educado. – ele dissera rindo irônico.



– Pode tentar de novo? – ele demorara pra responder, mas acenara afirmativamente.



– Se é o que você quer. Se é o que você mais quer...



– É o que eu mais quero.



– Certo. Vou tentar. – ele dissera seco. Eu respirara aliviada e notando que aquela conversa realmente o estava incomodado eu dei as costas para ir embora. – Hey, Granger. – eu me virara. – Foi bom falar com você. – ele dissera simplesmente e fora embora.


 


**




             Já era noite, o treino da Sonserina já acabara. Daniel descia de sua vassoura completamente suado e vira Draco guardando todo o material de Quadribol enquanto os outros iam para o vestiário. Ele notara que Draco estava muito mais aborrecido hoje, a ponto de nem provocá-lo, apenas ignorara-o o treino todo. Sabia que era um território perigoso aquele para tentar contato, mas havia prometido para Hermione. Daniel respirara fundo e passara sua vassoura para outra mão e fora em passos decididos até Draco.



– O que está tentando provar? – dissera Daniel, Draco o olhara ainda agachado com o cenho franzido. “Tudo bem, não fora a melhor maneira de começar.” pensara ele. Draco demorara para registrar do que ele estava falando, mas logo dera um sorrisinho e se levantara ficando de frente para ele.



– Sempre fui muito fã de esgrima. – dissera ele irônico.



– Olha, cara. Por que não me dá um soco?



– Já dei, mais de uma vez...



– Sério, me dá uma porrada. – dizia Dan abrindo os braços. – Acabaria logo com isso e nos pouparia tempo. Não envolveria os amigos.



– Ou o time. – dissera Draco sarcástico.



– Acha que dando uma de Edmund Danté vai provar que é melhor homem do que eu? 



– Não preciso provar isso. Você deixou isso claro quando deu em cima da Hermione. – Dan respirara fundo não conseguindo esconder sua discordância. 



– Pela última vez, Draco: eu errei...



– Aham. – concordara Draco.



– Achei que você entenderia se seu melhor amigo tentasse reviver sua memória. – Draco rira.



– É claro. Um balaço na cabeça também causaria o mesmo efeito...



– Não achei outra solução...



– Claro que não. Beijar Hermione foi muito mais atraente. – cortara Draco já começando a se alterar. Dan tentava manter a calma.



– Você a estava humilhando.



– NADA justifica!



– Sim, justifica. Ela é minha amiga... – Draco se alterara mais ainda não deixando Dan terminar, debochando de suas palavras.



– Dan Conl não tem amigas... Não é mesmo? Ele que é amigo das mulheres.



– Não. Definitivamente Hermione é minha amiga. – Draco então começara a rir com raiva, Dan continuava sério.



– Você acredita mesmo que tem algo de verdade com a Hermione? – Dan fingira não se magoar com o deboche dele.



– Se tenho é por livre e espontânea vontade dela.



– Acha mesmo que umas semanas confusas significam alguma coisa se comparadas à vida que temos juntos?



– E você acha mesmo que pode prender alguém com um ultimato egoísta?



– Responda minha pergunta, Dan. Acha que pode competir com o passado?



– E que passado! – se alterara Daniel não agüentando mais o tom de Draco. – Dezesseis anos trocando farpas para esconder o que realmente sentem. Uma hora juram amor eterno, nas outras semanas seguintes fazem de tudo para provar o contrário e nos meses seguintes ficam se martirizando por isso. Vocês que vivem competindo entre si: faz de tudo para tê-la, mas sempre na primeira oportunidade você a humilha. – Draco se adiantara, mas Dan o cortara. – E agora estava fazendo isso inconscientemente e eu sabia que ia ser fatal! Ela não suportaria mais essa humilhação. Não depois de todas as outras que a fez passar. E você ainda a chama de alma gêmea...



– Chamo e você sabia. E mesmo assim se apaixonou por ela.



– O que? – dissera Dan com o cenho franzido em reprovação e finalmente dando as costas e indo embora. – Eu não sei do que está falando. Ou o que essa sua cabeça canina maluca está formulando! – Draco o seguira.



– Não foi só para reviver minha memória, Daniel. Eu conheço você. – Daniel suspirara em sarcasmo. – Você se apaixonou por ela.



– Pare de comer bosta de dragão, cara...



– Eu pensei que fosse brincadeira da primeira vez, armação para unir a gente, mas acabou virando realidade. – Daniel continuava andando com Draco em seus calcanhares tentando ignorar o que ele dizia. – Eu devia ter levado a sério quando você saiu com ela para Hogsmeade. Não ter esquecido. Mesmo meu amigo, você foi atrás dela.



– Depois que você a rejeitou! – brigou Daniel se virando pra ele com o dedo na sua cara.



– Se aproveitou que ela estava vulnerável, como da última vez. É incrível como sempre que ela está assim você a beija. Perfeito para você, certo? Que só se interessa por mulher que possa salvar ou pegar. – Daniel respirava com raiva tentando manter a calma.



– Não fale assim. Não se trata disso. Hermione é minha amiga, melhor amiga. Como você que sempre foi meu melhor amigo também.



– Sim. O Potter também sempre foi o melhor amigo dela, e não sei... Parece que só está esperando uma brecha para pular em cima dela... – disser Draco rindo sarcástico.



– Eu não vou mais discutir com você. – dissera Dan simplesmente deixando-o para trás.



– Oh claro. O maduro Dan Conl. Comovente a sua dedicação a nós. Se dedique assim no duelo de amanhã e quem sabe com um milagre você me vença pela primeira vez. – dissera parando de frente para Dan dando uma piscadela sarcástica. – Não é, melhor amigo?

**


 


 


“O Duelo das Serpentes”
Por Antonio Balazer




               E mais uma vez a polêmica grifinória Hermione Granger, ex monitora-chefe da Grifinória, que recentemente perdeu o seu valiosíssimo cargo na monitoria por causa dos seus inúmeros casos contra as normas de Hogwarts, se envolve num triângulo amoroso. Dessa vez divida entre dois famosos sonserinos: Daniel Conl, o estudante francês famoso por suas chuva de gols no último campeonato de Quadribol, e o nosso monitor-chefe de Hogwarts e suposto namorado da comentada, Sr. Draco Malfoy.



             Hermione Granger já estava mesmo com saudade de ver seu nome todas as manhãs no Profeta de Hogwarts, isso porque ela andara sumida estando em coma por quase uma semana. Famosa por sempre estar envolvida em ataques de Comensais da Morte, por ser melhor amiga do Menino-Que-Sobreviveu, pelos maiores barracos, escândalos e apresentações ilegais em Hogwarts e por seus inúmeros triângulos amorosos, a grifinória agora queria mais. Sim, ela não estava satisfeita. Precisava ainda separar dois melhores amigos! Fora quando começara seu suposto romance com o melhor amigo de seu namorado, Daniel Conl.



              Há relatos de que eles já estavam inseparáveis já fazia um bom tempo e que até mesmo já teriam tido um encontro em Hogsmeade. Há quem diga também que o Sr. Conl era o único que sabia também que se tratava de Hermione Granger a verdadeira identidade da Misteriosa do Pergaminho (outro recente caso polêmico da dita cuja). E as suspeitas de um possível romance entre os dois só se confirmara quando o francês fora acusado de Animagalia clandestina e a Srta. Granger fora não apenas voluntária para defender o sonserino, como também assumira a culpa  em seu lugar. 



            É, meus caros leitores. Como vemos a amizade e a fidelidade não são bem termos de alguma importância na vida da polêmica Hermione Granger, que só se importa com sua fama devastadora de excêntrica no mundo mágico. Você poderia até mesmo dizer que todas estas evidências não passam de frutos de nossa imaginação, se tanto o Sr. Conl quanto a Srta. Granger não tivessem assumido o seu romance publicamente há poucas semanas. Sim, numa das muitas públicas discussões arrasadores do casal Granger e Malfoy, o Sr. Conl aproveitara uma brecha para assumir seu romance com a dita cuja arrancando-lhe um beijo avassalador, começando assim a guerra entre ele e o até então, último a saber de tudo, Draco Malfoy. 



           Os dois ex-melhores amigos sonserinos, agora passam seus dias se digladiando pela grifinória, colocando em risco até mesmo os treinos para o Campeonato Final de Quadribol contra a Grifinória e de quebra agora se aproveitando do Torneio de Esgrima para se matarem publicamente em nome da ex-símbolo sexual pop de Hogwarts. Agora cabe a nós nos perguntarmos: será que a grifinória se diverte com essa disputa triste entre amigos? Será que ela sacia sua vontade de conflito causando essa guerra entre dois melhores amigos? Não sabemos ainda como o Sr. Potter continua reagindo a essa situação.


 




            Eu insisto. O que foi que eu fiz para merecer isso? O que ? O que? É impossível! Não importa o que eu faça, sempre vou parar na porcaria do Profeta de Hogwarts. Esse tal Balazer tem uma tara por mim, não é possível! Eu sabia, estava demorando muito para eu ser retratada novamente como a maior piranha da face de Hogwarts. Eu queimei as roupas de Merlin e quebrei a varinha dele em sete pedaços, só pode. Por isso que eu odeio os domingos! Odeio! Sempre acontece uma coisa desse tipo, além da sacanagem de termos que dormir cedo e nos preparar para o dia seguinte. Eu rasgava aquele jornal em vários pedaços com ferocidade, como se pudesse com isso destruir também aqueles acontecimentos.



– Eu bem que tento esconder isso de você, mas não posso simplesmente sumir com todos os exemplares do Profeta de Hogwarts. – dissera Gina ao meu lado vendo minha reação.



– Estava demorando mesmo para o Balazer falar dessa briga do Conl com o Malfoy. – comentara Ron de frente pra mim dando uma mordida no seu bolo.



– E eles ainda falaram do Harry! – eu falara com ódio.



– Quando é que não falam... – dissera Harry indiferente passando geléia na sua torrada.



– Quer saber? Já chega. Eu vou matar esse cara! – eu disse me levantando, mas Gina me obrigara a sentar novamente.



– Não, Hermione. Pára. Você não pode se dar ao luxo de se envolver em mais um problema. Você está quase repetindo em Hogwarts, já perdeu seus créditos na Grifinória e agora está organizando esse Torneio de Esgrima pra ver se consegue se estabilizar, então... Não estrague tudo.



– Gina tem razão, Balazer está doido para publicar a sua expulsão. O melhor é esquecer... – dissera Harry.



– É. – dissera Ron de boca cheia. – Depois que isso tudo passar você usa a Magia Elemental nele e o transforma num pedaço de tronco. 


 


         Contrariada eu tentara seguir o conselho deles. Tinha vontade de falar com Draco, mas ele me evitara o dia todo, só aparecendo para os duelos dos quais vencia e depois sumia de novo. Daniel também vencia todos os seus duelos e subia no pódio junto com Draco. O tão esperado duelo dos dois se aproximava cada vez mais. Então, enquanto eu assistia o décimo quarto duelo daquele dia já enjoada de tanto estalo de espada, eu ouvira uma voz conhecida.



– Depois de sete horas, não parece mais tão interessante... Não é? – eu me virara e vira Dan ao meu lado ainda com as vestes de esgrima. Eu sorrira pra ele, mas ele não parecia tão animado.



– Deixou de ser interessante pra mim depois de uma hora. Mas você tem lutado muito bem. Melhorou muito. – ele então me olhara confuso, de fato ele não entendera o que eu quis dizer. Nem eu poderia dizer que já o vira lutando com treze anos de idade. Tentei me corrigir. – Quero dizer... Está bem melhor que nas aulas!... Já viu esse lixo? – eu perguntei, jogando um Profeta de Hogwarts. Ele dera uma curta risada sarcástica.



– Vi sim.



– Não quero nem pensar no que Draco deve estar pensando agora.



– Se te consola eu vi a Pansy mostrando o Profeta pra ele. – eu o encarara com desespero. Pansy? Profeta? Como isso me consolaria? – E ele não fez questão de ler, jogando-o de volta nela. – eu sorrira animada.



– Jura?



– Sim, e tenho até a impressão de ter ouvido ele dizer algo do tipo: “Me poupe do seu veneno, Pansy”. Ele parecia bem zangado. – que lindo... Depois de sorrir eu voltara no meu tom zangado.



– Eu só lamento não poder dar a Balazer a maldição que ele merece. – eu dissera com raiva.



– Não se preocupe, Balazer não vai incomodar por algum tempo. – ele dissera com um sorrisinho divertido. Mas mesmo assim seus sorrisos não eram muito convincentes, ele não se livrara daquela mágoa que tomava conta de seu semblante. 



– Como assim?



– Você o está vendo em algum lugar por acaso? Ele não vai poder cobrir o torneio pelo visto. – eu olhara em volta e realmente Balazer não se encontrava em lugar algum. Eu dera um sorriso animado.



– O que você fez com ele? – ele coçara de leve a nuca de forma cínica e logo ele fizera uma fingida cara de ofensa. 



– Mas o que é isso? Até que seja provado o contrário eu não fiz nada. – e dando um triste sorriso cínico ele se afastara indo se apresentar no próximo duelo.



           Enquanto eu via o duelo de Daniel, pensava nos jovens Draco e Dan da penseira. O que devia ser feito? A amizade deles era o mais importante naquela história toda... Dan tinha muito mais direito à companhia de Draco do que eu.



– Pensando em Daniel e Draco. – concluíra a bruxa satânica da Gina ao meu lado, me fazendo dar um salto de susto.



– É sério, Gina. É melhor você ver um padre logo, você já está começando a me assustar. – eu dissera em defesa.



– Qualquer pessoa que te conheça muito bem te assusta, Hermione. – ela dissera indiferente.



– Está vendo só? Pára. Fica profetizando desse jeito, parece o padre Quevedo. – ela me olhara de forma censurada e eu resolvera parar de brincar. Não que de fato estivesse realmente brincando, sabe? – Estava sim. Não sei mais o que fazer para os dois voltarem a se falar. Draco é muito rancoroso. – eu suspirara derrotada enquanto víamos Dan dar uma investida perfeita arrancando a espada do Colin Grave da Corvinal. – Me dê um conselho, Gina...



– Aceite as conseqüências e faça algo para melhorar. – eu a olhava aborrecida.



– É só isso?



– É o único conselho que eu posso te dar, Hermione... Como melhor amiga. – ela dissera simplesmente.



– Pô... Você anda meio franca de conselhos, sabe? 



– Mas é isso, Hermione. E se você quer tanto assim que eles voltem a se falar, comece dando o exemplo. 



– Dando o exemplo? Não sei a quê exemplo você se refere, Gina. Porque daqui a pouco os dois vão tentar se matar nesse torneio e eu não posso fazer nada.



– Ai, meu Deus. Como você é dramática! Já não falei pra você trabalhar mais isso? Afinal, se dois rapazes querem lutar pela gente, qual é o grande problema? – Gina sempre apelou pro lado romântico da coisa, e devo dizer que o lado romântico dela é quinze vezes mais perigoso que minha dramaticidade. 



           Ela apenas assiste minha vida como se fosse um seriado de TV. Acha tudo completamente romântico e fofo, e quando eu reclamo um pouco de alguma coisa ela diz que eu sou dramática e pior, me critica por isso. Será que minha melhor amiga não vê que eu tenho sentimentos e que não temos como confiar num final feliz uma vez que minha vida não é um seriado adolescente de TV trouxa?


 


          (N/A: ou que essa autora tem caídas para filmes de finais infelizes tipo: No Amor e Na Guerra, Moulin Rouge, O Casamento do Meu Melhor Amigo, Cinema Paradiso... E o pior de todos: Romeu e Julieta)



           Ela fica falando que logo eu vou ter um ataque do coração de tanto ficar reclamando da vida, e ter ataques histéricos e dramáticos por semana. Isso desde que eu voltei do meu coma. Acho que ela ficou meio paranóica. Ah, me desculpa se eu sempre tenho alguém querendo estragar a minha vida ou que realmente acha alguma graça nas minhas desgraças. Se toda hora aparece mais uma tonelada de responsabilidades que são jogadas de forma nada sutil em cima de mim e se eu nunca sou recompensada por isso, pelo contrário. 



           É incrível... Só porque eu consegui o Draco (o que não parece tão verdade assim, já que ele briga mais do que de fato fica comigo) ela pensa que toda a minha vida está uma maravilha. Quero dizer, corrija-me se eu estiver errada, mas namoro não paga as minhas contas, nem me alimenta, nem me deixa impune de uma série de bruxos nojentos e espinhentos que adoram escrever sobre minha índole repulsivamente imoral e repugnante! Eu realmente não tenho nada do que reclamar. Só porque meu único troféu está correndo atrás de mim com uma machadinha, ou melhor, está mantendo distância de mim pra não usá-la contra a minha pessoa? Ah! Como eu reclamo à toa, não é? A vida é bela! Talvez eu faça até um cruzeiro pelo Caribe. Afinal, por que eu não faria? Só porque estamos em guerra? Impressionante como os bruxos usam a Guerra de Voldemort como desculpa para tudo hoje em dia. Coisinha à toa, fala sério. Bruxo é um povo dramático...



             Tudo bem... Muita tensão aqui no salão... São exatamente quinze para a meia noite e finalmente o torneio começa a ficar interessante. Pierre, aquela biba, já veio elogiar falsamente a organização do torneio e agora eu escrevo escondida no meu diário enquanto todos esperamos a presença de Draco e Dan para o duelo final. Está tenso... Está tudo muito tenso aqui...



– Ai, que emocionante... Por que essas histórias lindas só acontecem com você? – disse uma Gina eufórica agora ao meu lado, com certeza portadora de drogas pesadas, a quem olhei de forma insana.



– Porque eu sou a mais desgraçada de todos os seres? – eu respondera, mas antes que ela pudesse criticar minha dramaticidade as portas laterais do Salão se abriram e de uma viera Draco enquanto de outra viera Dan. Eu me encolhi na cadeira. Está tenso, muito tenso... Ninguém parece ser capaz de piscar com medo de perder algum detalhe.



– Hangar! – ordenara Pierre. Os dois começaram um show incrível de saltos e investidas perigosas, o som das espadas ecoava pelo salão com mais estrondo e violência que as anteriores. 



– Merda, nunca achei que me veria nesse dilema. Tenho que escolher entre um sonserino ou outro para torcer. – resmungara um Ron ao nosso lado de forma repulsiva.



– É, nem eu... – dissera Harry. 



– Tem como dar derrota empatada? – perguntara Ron.



– Eu estou torcendo para o Conl. – dissera Gina prontamente. Então nós três nos viramos para ela que logo se apressou em se defender. – Melhor ele do que o Malfoy, não? Lembra? Malfoy, filho de Comensal, inimigo eterno desde os onze anos... 



          O porte principesco de um anicórnio contra a agilidade e ferocidade elegantemente nobres do lobo branco. Era realmente um lindo duelo. Por hora eu tinha impressão de estar vendo os dois Dan e Draco de treze anos, mas logo passara quando um caía para trás e ao invés de gargalhadas presenciássemos olhares frios e ameaçadores. Ambos gritaram ao mesmo tempo “Sortia” e as duas cobras aparecendo surpreendendo todos, mas Snape estraga-prazeres destruíra as cobras ameaçando anular o duelo. Snape fora vaiado por mais de dez minutos antes do duelo recomeçar.


 


          Depois de longo tempo de duelo a luta se apertava de forma mais rápida e perigosa, Daniel parecera o dominador da situação dando mais investidas do que Draco, até que Draco provocara Dan o chamando com sua espada e Dan avançara quase cortando a face de Draco que desviara por um triz numa agilidade inacreditável fazendo Daniel perder o equilíbrio e dar uma outra má investida contra Draco que cruzara sua espada na dele de forma ainda ágil fazendo a espada de Daniel voar em direção a ele que a agarrara com a outra mão e apontara as duas para o peito de Dan. Todos prenderam a respiração na mesma hora naquele salão e fora anunciada o final do difícil duelo. Draco vencera.



– Como nos velhos tempos, hã? – dissera Dan para Draco com um sorriso quase divertido no rosto. Draco apenas o encarava. Todos batiam palmas enquanto os dois permaneciam no mesmo lugar se encarando, até que Draco abaixara as espadas.



         Eu me levantara assim como todos. Dan recebia alguns gracejos dos professores, não parecia exatamente arrasado pela derrota. Eu fui até ele tentando me locomover pela multidão.



– Você lutou bem, Dan. – eu dissera sorrindo. – Tome. – e lhe entregara a medalha de Prata. Pansy ficara com a de Bronze, nojenta... 



– Obrigado. – agradecera Dan com um sorriso amigável. Me virei com a medalha de ouro na mão à procura de Draco e o vi sendo violentamente arrastado e bombardeado pelos Sonserinos que agora o jogavam para o alto em comemoração. 



– Me dê isso, Granger. – dissera Pierre que não parecera muito feliz com a derrota de Daniel, arrancara a medalha de ouro da minha mão antes que eu pudesse questionar e se metera entre os Sonserinos, colocando-a elegantemente no pescoço de Draco.



           Eu apenas olhava de longe já sem esperanças de conseguir me aproximar e então o olhar cinza de Draco pousara em mim, nos encaramos de longe por um tempo e ausentes de todo o resto, passando aquela mensagem criptografada que eu nunca vou decifrar na vida. E quando pareceu que ele ia se adiantar até mim a onda de Sonserinos o levou para fora do Salão e provavelmente para dentro do Salão Comunal da Sonserina.

            **


 


       


         Draco saíra exausto do Salão Comunal da Sonserina ainda rindo consigo mesmo da festa exagerada dos Sonserinos e ia em passos lentos pelos corredores agora vazios e noturnos de Hogwarts até sua sala. Já era madrugada e uma coruja negra de imensos olhos cinza voara em sua direção, posando próximo no muro. 



– Andromeca. – ele dissera indo em direção a coruja e acariciando de leve a ponta do seu bico. Vira que o pergaminho continha o brasão Malfoy e isso o fizera sentir um temor gelado em sua volta, antes de conseguir abrir o pergaminho, esse escapara de suas mãos caindo muro a baixo e jogado pelo vento no anda inferior. – Merda! – dissera Draco contendo um desespero e correu o mais rápido que podia para o final do corredor e pelas escadarias. 


 


         Quando finalmente chegara tenso até o andar inferior notara assustado que mais alguém se encontrava naquele corredor vazio e que esse alguém parecia bem concentrado no seu pergaminho. 


 


– Potter! – gritara Draco com raiva. – Isso é meu! – dissera ele com ferocidade apontando a varinha pro pergaminho e gritando “Accio Pergaminho”. O mesmo fora até ele de forma rápida. 



       Draco ainda respirava ferozmente dividido pela raiva e pelo temor do que podia estar escrito naquele pergaminho, do que o Potter podia ter descoberto. Harry apenas continuava a encará-lo com o cenho franzido e agora ia em passos lentos até ele. Ele notava no semblante de Harry uma revolta e acusação que ele nunca vira antes virados para ele.



– Então é disso que se trata seu namoro com a Hermione? – dissera Harry acusadoramente, Draco preferira não responder sem saber ao certo do que é que ele estava falando. – Você é um sujo, Malfoy!



– Do que é que você está falando? – perguntara Draco agressivamente, tentando não se afetar pelo xingamento dele.



– Leia você mesmo! A cartinha do seu querido papai foragido. – dissera Harry no mesmo tom com repugnância.



– O que está escrito aqui não é da sua conta, Potter. Meta-se com a sua vida, que já não é muito boa. – ele completara com um sorrisinho sarcástico. – E deixe eu e a Hermione em paz. Aliás, trinta pontos a menos para a Grifinória por estar fora da cama há essa hora. – terminara ele com um sorriso debochado. 


 


        Harry se aproximara mais perigosamente do loiro com os olhos ameaçadores e Draco percebera que realmente o Potter nunca o olhara tão ameaçador na vida.



– Eu só quero que saiba, Malfoy, que eu sei que você está enganando a Hermione. E que eu vou descobrir o seu plano, porque eu não verei Hermione sofrendo de novo por sua causa. Se isso acontecer, eu mesmo acabo com você. 


 


          Draco respondera apenas com um suspiro sarcástico e Harry passara por ele indo embora. Só depois que Harry sumira que Draco deixara seu coração bater de forma mais acelerada e preocupada, e então parara para ler o pergaminho já aberto em sua mão.

Draco,
Bellatrix já teve a infelicidade de comentar sobre o seu relacionamento com a Sangue-Ruim. 
Eu sei que isso não deve passar de um estúpido mal entendido, mas aconselho que deixe claro o quanto antes que ainda é leal ao Lord.
Eu, no meu esconderijo não posso fazer muita coisa.
Não se esqueça de sua missão para com o Lord.
Mais breve do que imagina nos reencontraremos e é bom que esteja preparado.

L.M. 

          Draco amassara aquele pergaminho com o mesmo pesar que se apossara de seu peito. “Mais breve do que imagina nos reencontraremos”... Aquela frase o preocupava, não podia receber pior notícia do que aquela no momento.



          Segunda-feira. Hermione estava contra o muro do segundo andar sentindo a brisa em sua pele e o sol aquecer de leve o seu rosto. Faltavam poucos minutos para a aula de Feitiços e pensava que parecia obra do destino não ter tido nenhuma aula junto com a Sonserina ainda, e em conseqüência disso nenhum contato com Draco. Não que realmente estivesse preparada para um. 



– Pensando no Draco. – dissera uma Gina ao seu lado fazendo Hermione dar um grito histérico de susto.



– Pelo amor de Merlin, garota. Essa força que se apossou de você não é do bem! 



– Hermione... Por Favor...


 
– Você não faz um mínimo de esforço para ler a minha mente, estou falando, um espírito maligno está tomando conta de você. Isso para não aceitar o fato de que você realmente se virou pro lado das trevas. Porque isso é magia negra. Então pare de me assustar desse jeito antes que eu comece a rezar o Pai Nosso em volta de você!



– Vocês ainda não fizeram as pazes...



– Não... – Hermione dissera voltando ao seu humor anterior. – Digamos que estamos quites. Agora é ver quem dá o primeiro passo. E eu não sei porquê, mas eu acho que ele não está muito disposto a dar esse passo não. 



– Pois então dê você... – Hermione a encarara com indignação.



– Como assim? E meu orgulho?



– Orgulho, Hermione? Que orgulho? Vocês já passaram dessa fase, lembra? Se continuar nessa babaquice ele não vai voltar a falar com Conl nem que este vire um cavalo dourado e galope de costas em homenagem a ele.



– Ah, sim... Babaquice. Que bom que você nunca faz pouco caso dos meus sentimentos, não é? – dissera Hermione sarcástica e logo saltando atônita assustando Gina. – Espera! O que foi que você disse?



– O que? Sobre o orgulho?



– Não! Não! Sobre o cavalo! – falara Hermione mais atônita ainda.



– Ah que ele não vai voltar a falar com Conl nem que ele se transforme num cavalo dourado e...



– Isso Gina! Você é demais!– dissera a castanha beijando o rosto da garota.



– O que? Não acho que Daniel concorde em galopar para trás... Ele não chegaria a tanto. – mas Hermione já correra para o final do corredor deixando uma Gina confusa para trás.

              


 


 


             Daniel saía das masmorras por último, achara estranho o fato de Draco não ter aparecido para as aulas, mas isso não era mais da sua conta. No mínimo ele não conseguira acordar cedo por causa da comemoração da noite anterior na Sonserina. 


 


          Daniel saíra com a mochila pendurada num ombro quando mal passara da porta e fora surpreendido com uma Hermione sorridente que o encurralara contra a parede. Daniel franzira o cenho e olhara desconfiado para a cara de cumplicidade de Hermione que não dissera nada, já descobrindo sozinho o motivo daquilo.



– De jeito nenhum! – ele dissera simplesmente voltando a andar pelo corredor, sendo seguido pela a amiga.



– Só você pode me ajudar! – implorava Hermione, Daniel olhava para os lados contrariado, sem parar de andar.



– Eu sabia que não ia demorar muito pra você vir me perturbar com isso. Eu sabia. É incrível como sempre sobra pra mim! Sempre! Quem é o amigo protetor? Daniel Conl! Quem é o amigo traidor? Daniel Conl! Quem é que faz de tudo para os pombinhos apaixonados voltarem a ficar juntos? Quem que está agora sendo jurado de morte e que depois de novamente oferecer seus esforços para a melhor amiga realmente vai ser banido do mundo dos vivos? Daniel Conl!



– Draco não quer me ajudar! Ele nem mesmo quer que eu me envolva nessa guerra.



– Uma idéia não muito idiota vindo do idiota rancoroso e mafioso do Draco, uma vez que você, Hermigatinha, já entrou pro topo da lista negra de Voldemort nesse momento. – Hermione se pusera então no caminho de Daniel de forma contrariada.



– Isso não vem ao caso! Eu entrarei nessa guerra com ou sem a ajuda de vocês! Sendo que sem ela eu tenho menos chances. Ou seja, você vai me ensinar!



– A idéia não era fazer Draco voltar a falar comigo? Porque eu não sei, você só está dando mais motivos pra ele querer separar a minha cabeça do meu corpo.



– Sala Precisa às oito da noite! Certo?



– E sua lei por acaso não é: “faça ou alguma coisa pode cair em cima da sua cabeça!”?



– Que bom que você sabe. – rira Hermione.



– Mais alguma coisa, Srta. Intriga?



– Draco não pode ficar sabendo. – dissera Hermione saindo. Dan olhara para os lados nada feliz, esboçando um sorrisinho sarcástico.



– Estou morto. 



 


 


             Daniel fora até a beirada do lago onde vira um Draco encostado na árvore de forma desleixada, com as mãos nos bolsos da calça. Draco o olhara sem muita irritação, tinha mais com que se preocupar naquele momento. Daniel se aproximara até ficar de frente para ele. 



– O que você tem, Draco? – Draco o olhara de lado por um tempo antes de responder e mesmo assim o fizera na sua voz seca.



– Problemas. A realidade vindo depressa em colisão com a minha vida.



– Seu pai voltou? A Tia Bella já abriu o bico sobre a Hermione, não é? – dissera Dan engolindo em seco tentando esconder o quanto era bom ver que conseguira manter uma conversa instável com Draco. Draco fizera que sim com a cabeça olhando para o lago com uma raiva e mágoa estalando no seu maxilar.



– Cedo ou tarde ia acontecer. – ambos ficaram quietos por um tempo, até que Draco voltara a falar. – E é ainda pior. Não sei explicar... Tenho tido tanta raiva de tudo, de todos... Todo o tempo... Principalmente da Hermione.



– Hermione? Por quê? – perguntara Dan confuso.



– Não sei. – dissera Draco com a voz arranhada, engolindo um choro do qual era orgulhoso demais para sair. – Mas eu não consigo parar de gritar com ela... E machucá-la... Ver aquela cara... Magoá-la... É a morte pra mim. – Dan engolira em seco. – E isso também cabe a você. – dissera Draco um pouco mais firme e olhando finalmente pra ele. – Estou com muita raiva de você, Daniel. 



– Eu sei. – dissera Dan. – Acha que voltaremos a ser como éramos antes?



– Com a raiva que estou sentindo... Não. – dissera Draco de forma sincera. – Eu quero ter esperanças, mas não consigo. 



– Se um dia sua raiva passar...



– Eu duvido que passe. – cortara Draco. 



– Se passar... Lembre-se, que você ainda é o meu melhor amigo. – dissera Dan firme. – E não está sendo fácil... – Dan engolira em seco mais uma vez. – Perder esse meu melhor amigo. – ambos ficaram em silêncio por um tempo, Draco apenas o encarando de volta, até que Dan dera as costas para ir embora.



– Não foi nada fácil perder meu único amigo, Dan. 


 


          Daniel parara um segundo ainda de costas e enxugara rápido uma lágrima que ameaçava a cair e voltara ao seu caminho.


 


**


 


 

            Ahh Maldita educação! É sério! Pela última vez! O que está acontecendo comigo? Eu não consigo parar de sentir raiva! Raiva de mim! Eu tenho vergonha de mim, sério! Como eu consigo ser tão submissa assim? Cadê o meu orgulho? Cadê? Orgulho... Cadê você? Sabe, ele podia ser um pouco egocêntrico, rancoroso e até meio agressivo, mas eu gostava dele. Agora parece que eu fico me desculpando por tudo. E eu nem sei ao certo, exatamente pelo o que eu estava me desculpando, mas sabia que tinha que fazê-lo.



            Era horário do almoço e como previsto Draco não estava na mesa da Sonserina. Senti meu estômago afundar sabendo que isso não era bom sinal. Eu comecei a subir as escadas da Torre das Gárgulas e respirei fundo antes de abrir a porta. Levei um susto ao perceber que Draco se encontrava ali virado para mim, de frente para a porta com as mãos nos bolsos da calça. Camisa branca com as mangas dobradas até os cotovelos, aquele cabelo quase branco sendo embaraçado pelo vento. Ele estava encostado no muro, me esperando com o olhar significativo. Como ele sabia que eu ia? Eu sou tão previsível assim? Submissa!



– Oi. – eu disse fechando a porta atrás de mim e me encostando nela. Ele não respondera apenas continuava me encarando sério. – Você está bravo. – eu concluí. 


 


     Por favor alguém me proíba de me relacionar! Eu não sirvo para isso! Ele me olhara sarcástico meio que dizendo “Notou, é?”. 


 


– Merda, Draco! É só que... Eu odeio quando você começa a querer mandar em mim. – ele olhara para os lados irritado. – Se é para eu ser sua escrava compra logo uma coleira e um chicote para me guiar por aí.



– Não tente me fazer rir... – ele dissera seco ainda mal humorado. Pra que? Eu sorrira sapecamente de lado, indo até ele de forma perigosa, ele imediatamente desviara o olhar se endireitando no muro, não querendo dar o braço a torcer. 



– Por que não? Eu adoro quando você sorri. – ele me olhara sarcástico com um sorriso raivoso nos lábios.



– Ahh... Manipulação passional, muito esperta. – ele dissera de forma perspicaz perguntando de forma cínica – Quem anda te ensinando isso? – eu o olhara sarcástica.



– Não faço idéia. – ele abrira então aquele sorriso lindo e divertido de orelha a orelha, me abraçando pela cintura. Causa ganha. Pra falar a verdade acho que não sou tão submissa assim da situação. – Me desculpe por invadir suas memórias. – ele aproximara seu rosto do meu de forma séria de novo e até meio triste.



– Odeio brigar com você.



– Sério? – perguntei divertida e sarcástica. – Parece que tem feito muito isso nos últimos seis anos.



– É sério. – ele rira e depois voltando no seu tom sério. – Já brigamos demais para uma vida inteira. 



– É...



– Mas você me tira do sério, Hermione. Eu larguei todos os meus planos pra essa guerra por sua causa, virei contra a minha família... – aquilo realmente me feriu.


 


        Eu realmente era uma cachorra. Ele fizera um sacrifício por mim, e eu me recusava a fazer um por ele. 


 


– Mas não posso também ficar do lado do Potter. Não mais do que já fiquei... Isso seria traição.



– Não estou te pedindo isso... – eu começara, mas ele me cortara estressado.



– Não, só está pedindo pra eu te deixar ir pra guerra sozinha.



– Sei me cuidar. – então ele rira.



– O que? “Sei me cuidar”? Eu já perdi a conta de quantas vezes você foi parar na enfermaria esse ano, Hermione. Isso estando em Hogwarts. Não é como se você fosse sofrer um acidente, sabe? Na guerra terão pessoas com o objetivo de tirar sua vida. – então ele se acalmara botando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. – Você é muito inteligente, Hermione, e corajosa, mas não sabe lidar com Comensais da Morte. É só lembrar do que minha tia fez com você. 


 


        Eu engolira em seco, envergonhada. Odiava lembrar daquilo, era humilhante. Desviara o olhar com raiva. Fora então que eu notara uma música em meus ouvidos. Não era o Uivo das Sereias, não estava nublado. Era outra música...


"Ouvir Musica"


This year's love had better last
(O amor deste ano deveria durar)
Heaven knows it's high time
(O céu sabe... é alta estação)
I've been waiting on my own too long
(Eu tenho esperado sozinho há tanto tempo)




– Está ouvindo isso? – eu perguntara, ele sorrira traquinas de novo e eu fizera cara de compreensão.



– Eu achei que um clima mais romântico ajudaria nas nossas “pazes”. – ele dissera sapeca, eu rira sarcástica enquanto ele me puxava pro meio da varanda me conduzindo numa dança romântica.


When you hold me like you do
(Mas quando você me abraça como você me abraça)
It feels so right
(Tudo parece tão bem)
I start to forget
(Eu começo a esquecer)
How my heart gets torn
(Como meu coração ficou dilacerado)
When that hurt gets thrown
(Quando a dor se mistura)
Feeling like you can't go on
(Fazendo que você sinta que não pode continuar)




– Você estava planejando tudo então?



– Hey... Eu sei ser romântico às vezes. – ele dissera fingido estar ofendido. - É claro que... Se eu soubesse que você ia descer do seu pedestal e se humilhar de tão bom grado eu não teria me esforçado tanto. – ele debochara me fazendo rodar de seus braços e me puxando de volta no ritmo da música. Eu ri com raiva pra ele, tentando esconder o quanto eu estava comovida.



– Manipulação passiva. Com quem você anda aprendendo esse tipo de coisa? – eu repetira a pergunta de forma ainda mais sarcástica. Ele dera de ombros de forma cínica.



– Você sabe... Um sonserino como eu... Que tem que saber se defender nas ruas, acaba por se meter com o pior tipo de gente barra pesada para aprender alguns meios de sobrevivência. 



– Ah claro, eu me esqueci da sua realidade infeliz. – eu respondera ainda mais cínica. Ele sorrira de novo me fazendo derreter e me rodara mais uma vez. Quando eu voltara, ele começara a mexer os lábios junto da música, fingindo que estava cantando, como se estivesse sendo dublado.


Turning circles when time again
(Mudando os ciclos e o tempo novamente)
It cuts like a knife oh yeah
(Corta feito uma faca... oh não)
If you love me got to know for sure
(Se você me ama, tem que saber com certeza)




– Por que não canta de verdade? Eu ia gostar de ouvir.– eu dissera ainda rindo da palhaçada dele e fingindo que nunca o tinha ouvido cantar. 


 


          Afinal, acho que ele se esqueceu desse fato, coisa que ele deve ter concluído quando me ouviu cantando a melodia dele no Três Vassouras. Mas acho que toda aquela situação o fez esquecer desse detalhe. Ele rira me rodando divertido e respondendo sem incômodo. 



– Um dia eu canto para você. – e então começamos a dançar mais lentamente nos encarando de forma séria, fora então que eu começara a prestar mais atenção na letra da música.


'Cos it takes something more this time
(Porque ele vai querer algo mais desta vez)
Than sweet sweet lies
(Mais do que doces mentiras...oh não...)
Before I open up my arms and fall
(Antes que eu abra meus braços e caia)
Losing all control
(Perdendo todo o controle)
Every dream inside my soul
(Cada sonho dentro de minha alma)
And when you kiss me
(E quando você me beija)
On that midnight street
(Na rua no meio da noite)
Sweep me off my feet
(Me tirando do chão )
Singing ain't this life so sweet
(Cantando... Esta vida não é tão doce...)




– É linda a música... – eu disse pensando no significado daquelas palavras. Amor... Era o que Draco estava precisando. Que eu o amasse. E minha incapacidade de amar me deixara infeliz.



– Pensei em batizá-la como nossa música. – ele dissera carinhoso e fora minha vez de sorrir.



– Pensei que a nossa música fosse a da Misteriosa do Pergaminho ou a da peça Bella e Vinic.


 
– Não! A Misteriosa do Pergaminho marca uma era ruim de nossas vidas, uma era de conflito, orgulho e... – fizera uma cara envergonhada. – Burrice. – eu rira gostosamente. 


This year's love had better last
(O amor deste ano deveria durar)




Então ele sorrira perigosamente.



– Então quer dizer que você finalmente admite que escreveu Breathe pensando em mim? – eu começara a gaguejar enquanto ele me olhava sapecamente, então comecei a disfarçar ridiculamente.



– Pensando bem... Você tem razão. Essa tem que ser a nossa música. É perfeita. Chega de pensar em eras de conflito.


This year's love had better last
(O amor deste ano deveria durar)




            Passamos o resto do tempo apenas dançando, nos olhando, eu me afundando naquele cinza cheio de uma mágoa ocultada, era maravilhoso estar ali com ele.


So whose to worry
(Porque quem terá que se preocupar)
If our hearts get torn
(Se nossos corações serão dilacerados)
When that hurt gets thrown
(Quando aquela ferida é jogada)
Don't you know this life goes on
(Você não sabe que esta vida continua?)
And won't you kiss me
(Você não quer me beijar)
On that midnight street
(Na rua no meio da noite)
Sweep me off my feet
(Me tirando do chão)
Singing ain't this life so sweet
(Cantando... Esta vida não é tão doce...)




– Você realmente me ama? – eu perguntara então do nada com a voz rouca, ele ficara surpreso com a pergunta obviamente não entendendo o porquê daquilo. – Quero dizer... Como você sabe que não apenas gosta muito de mim ou... Está apaixonado? O que te faz achar que me ama?



           Ele ficou um momento calado apenas registrando a pergunta de forma confusa e até mesmo um pouco incomodado. 


This year's love had better last
(O amor deste ano deveria durar)
This year's love had better last
(O amor deste ano deveria durar)




– E se um dia você acordar e descobrir que o que você sente por mim não é tudo isso que você pensa, ou que existem pessoas ou ideais que você ame mais do que a mim? – ele me encarava sério de forma ligeiramente desconfiada com o cenho franzido, ainda me conduzindo cada vez mais lentamente enquanto eu apenas não parava de tagarelar. – E se um dia, um belo dia, você perceber que realmente me ama? Perceberá então que enquanto antes você dizia me amar não era verdade. Será que era ilusão ou você realmente fingia amar? – ele parara então me largando, me olhara com certa revolta não acreditando no que eu estava falando. Eu continuava mais calmamente sentindo meu peito explodir como num desabafo – E se enquanto eu vou descobrindo de verdade o quanto posso te amar... Você for esquecendo o quanto já disse ser capaz? E se amor pra mim tiver um significado maior do que você imagina, maior do que tem pra você... E que uma vez amando e não ser correspondida de igual tamanho me cause um sofrimento maior do que você possa sentir enquanto eu não digo... “Eu te amo”? 


 


             Eu respirara pesadamente enquanto ele ainda me olhava daquele jeito ofendido e sério e mais alguma coisa que não consegui decifrar. Está exigindo demais da minha capacidade emocional, não é?


 


 – Será que você realmente quer que eu diga isso? Tem certeza que isso que você pede pra ser correspondido é amor? Precisa entender... Não é fazer pouco caso dos seus sentimentos, é apenas...


This year's love had better last
(O amor deste ano deveria durar)
This year's love had better last
(O amor deste ano deveria durar)




               Eu não conseguira continuar, não tinha mais voz e qualquer coisa poderia fazer minhas glândulas emocionais me traírem de novo.


              A música terminara e continuamos ali um de frente pro outro por mais um tempo. Fora então que ele se aproximara mais de mim de forma perigosa me olhando com revolta e certa raiva. Ao ouvir sua voz agressiva e friamente cortante senti meu coração se arranhar e meu corpo chorar.



– Se você não consegue decifrar os seus sentimentos... – ele quase encostara seu nariz no meu e engolira em seco com uma sombra sinistra em seus olhos da qual eu nunca tinha visto. – Não coloque em dúvida os meus.



           Ele ainda me encarara por uns dois segundos e saíra da Torre das Gárgulas depressa, batendo a porta com brutalidade e me deixando ali, olhando por onde ele saíra, me sentindo uma onça ferida. Tão ferida por ele não ter entendido e tão ferida por tê-lo machucado.

Continua... 

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