Diga Boa Noite, Não Adeus.
Os cascos do cavalo negro de porte superior, faziam em alta velocidade, uma trilha a mais naquela estrada abandonada e tapada pela neve no meio da Floresta de Gasgarl. Um ser encapuzado agachado sobre o cavalo deixara um sorriso sarcástico escorregar sobre os seus lábios firmes quando avistara a velha cabana que marcara sua infância. Os cascos do cavalo frearam na frente da cabana, o homem abaixara o capuz revelando um rosto firme que não aparentava muito mais de quarenta anos de uma beleza confiante só pertencente à família Malfoy.
Ele descera do cavalo, que balançara rebeldemente a crina negra, e fora até a porta velha da cabana. Olhara para o nada rindo debochado e dera uma simples piscadela para a porta, que fora magicamente arrancada com uma força absurda de seu local de origem, indo parar na margem de um rio próximo, dando passagem para dentro da cabana. Então o homem de cabelos curtos tão claros, quase brancos, penteados para trás, entrara elegantemente na cabana, onde outro homem de queixo erguido já o esperava.
O bruxo rira observando melhor o lugar que continha uma mobília rica, com certeza feita por magia, diferente de seu aspecto anterior abandonado.
– Você deu um jeito melhor do que eu aqui dentro, Lucius. Eu teria agradecido a uns vinte anos atrás.
– Não podia bater na porta como as pessoas normais fazem? – perguntara Lucius indiferente.
Estava jogado em seu elegante sofá com apenas uma calça negra e uma camisa branca de manga comprida, com os primeiros botões abertos. Uma garrafa de vinho tinto jazia ao lado do homem, que bebia descontraidamente. Seus cabelos igualmente claros como os do outro homem, mas compridos e presos num caído rabo-de-cavalo. Mas diferente do outro ele tinha os caninos olhos cinza dos Malfoy, ao invés de olhos bem negros e profundos.
– Como sempre me dando alguma lição, não é? Mas usufruir de meu esconderijo de garoto... Tsc-tsc... Veja só, foi bem aqui que tive minha primeira noite de amor com a Evans. – Lucius cuspira o vinho no chão sentido desprezo pelo nome citado, parecendo razoavelmente mais irritado.
– Por que voltou, Ephram? – perguntara Lucius de forma arrastada, no seu elegante sofá. – Com certeza não foi por causa da minha atual situação. – Ephram, que andava pela cabana como um gato marcando seu território, sorrira de lado perigosamente, o que fez Lucius sentir uma pontada de raiva ao ver em sua mente o rosto do filho.
– Lucius Malfoy foge de Azkaban... – debochara Ephram. – O que papai diria dessa matéria no Profeta Diário? Você sempre foi o filho favorito...
– Você veio para me perturbar?
– Não, Lucius. Bella me chamou. – respondera Ephram vendo Lucius sorrir sarcástico.
– Claro... Bella. É incrível como Bellatrix sempre chama você quando precisa de algo. – dissera Lucius com raiva, mas ainda rindo irônico.
– E é incrível como isso sempre incomodou você. – dissera Ephram divertido, fazendo Lucius calar-se e apenas olhá-lo com superioridade. Então Ephram lamentara de modo discreto, já que tal ação já era difícil para um Malfoy. – Pobre, Narcisa. Você se casou com a Black errada. – Lucius não conseguira segurar uma risada seca para a face sombria do irmão.
– Pelo menos eu não perdi a minha garota para um Maroto. Não é mesmo,... Ephram?
– Narcisa nunca foi a sua garota. Sua garota sempre foi a outra Black.
– Quem? Andrômeda? – debochara Lucius. Ephram apenas o olhara censuradamente. – Por favor, não me diga que está falando de Bellatrix. – dissera ele com desprezo.
– Você nunca vai admitir essa sua paixão por Bella...
– Ahh... Por favor... Bella é estressante, eu não sinto nada por ela... E ela... – Lucius parecera pensativo – Ela só ama o próprio poder e o do Lord...
– E não seria a única. – brincara o irmão olhando significativo para Lucius, que o ignorara.
– Ela é...
– Mais poderosa que você... E isso, você nunca suportou.
– O que você quer aqui, Ephram? – alterara-se Lucius, levantando furioso de seu sofá. Ephram, indiferente, apenas observara o lugar.
– Como vai Draco?
– Muito be...
– Você ainda o obriga a ficar naquela estúpida missão? – cortara-o Ephram.
– Draco é o Herdeiro de Slytherin...
– Ah, claro... Coisa que você devia ter sido, não é mesmo? Tem que parar de fazer do Draco o que você queria ter sido, Lucius. Draco, diferente de nós, ainda está com a alma intacta. Ainda é um bom rapaz... Por mais Malfoy que seja.
Lucius começara uma risada fria e sarcástica, Ephram apenas o encarava sério.
– Você e sua pequena atenção para com os civis... Ou será que é apenas uma compaixão para com o filho dos Potter?!
– Não se trata disso...
– Você só voltou para o lado do Lord após a morte deles... – Lucius encarara o irmão de perto, com um olhar desafiador. – Você sempre foi um sujeito difícil de se entender.
Ephram rira de lado de forma divertida para o irmão, indo em direção a porta da cabana.
– Sorte a sua se Draco não tiver puxado mais de mim do que a aparência.
**
Querido diário...
Acho que é a primeira vez que escrevo sorrindo. Me chame de doida, mas acho que é a primeira vez que sorrio de verdade em semanas. E o mais inacreditável de tudo é o motivo do meu sorriso: Draco Malfoy.
Acho que enfim ele é mesmo tudo aquilo que as meninas dessa escola dizem que ele é e que eu sempre neguei. Lindo, maravilho... E meu.
Existe garota mais feliz do que eu? Céus, se um dia eu voltar a odiá-lo, arrancarei todas essas páginas que virei a escrever sobre ele. Claro que você está bastante desatualizado e eu poderia passar todo o Natal apenas descrevendo as últimas semanas, ou poderia pelo menos descrever o quanto essa manhã está sendo maravilhosa, mas eu só consigo escrever o quanto estou feliz... Realmente muito feliz. E posso escrever essa frase mais umas vinte vezes, por mais que Gina, já estressada, esteja tagarelando enquanto anda de um lado para o outro no meu quarto, enquanto eu escrevo com esse sorriso abobado nos lábios.
– HERMIONE! – ela grita tentando chamar minha atenção.
– Hmm? – eu pergunto indiferente, sem tirar o sorriso dos lábios ou parar de escrever.
– Me conta o que aconteceu! – ela ordena pela quinta vez naquela manhã, eu respondo apenas com uma risada divertida bem rápida, ainda escrevendo. – HERMIONE!
– Ele não é lindo...?
– De quem diabos você está falando? – ela pergunta totalmente atormentada, estranhando, logicamente, essa minha cara de retardada.
– De mim. – respondera uma voz próxima, assustando-nos com o barulho estrondoso que fizera ao cair da janela para o tapete com vassoura e tudo, com uma cara linda de dor. Era o meu Malfoy. E eu nem conseguia acreditar que ele estava ali, apesar de achar a cena muito engraçada! – Faz idéia de quantas janelas existem na Torre da Grifinória?
– Malfoy?! – surpreendera-se Gina.
– Draco?! – eu dissera dividida entre a alegria e a preocupação, levantando da cama.
– Draco? Como assim? Desde quando ele é apenas “Draco”? – perguntava Gina confusa, enquanto Draco levantava-se desajeitado e me puxava de encontro a ele, me prendendo possessivamente num beijo avassalador.
Apesar de não conseguir distinguir exatamente nada ao meu redor naquele momento, agora eu sei que Gina devia estar em algum lugar daquele quarto completamente desnorteada pela quantidade de informações que estava recebendo indiretamente naquela manhã. Então do nada Draco largara meus lábios e, ainda me segurando, se virara para Gina completamente ameaçador.
– Vai. – ele ordenara simplesmente com um olhar por demais Comensal. Como sempre olhava para um Weasley ou até mesmo para mim... Antes. Ela rira revoltada, não acreditando no atrevimento de Draco, mas optara por não dizer nada e saíra do quarto batendo a porta com força.
Eu mal me recuperara do beijo para ver Gina sair, quando ele novamente me agarrara se apoderando de meus lábios como se fosse uma única fonte de vida. Tudo girava novamente e eu tentava ignorar aqueles formigamentos pelo meu corpo, que eu tinha a mera impressão de não ser a única a percebê-los. Percebi que devagar eu ia sendo empurrada para trás até cairmos em algo macio que agora, apenas agora, eu identifico como minha cama. Draco mordera tensamente meus lábios antes de descer pro meu pescoço e começar a beijá-lo estrategicamente, o que fizera com que meus joelhos se contraíssem ainda mais, me enroscando ainda mais no seu corpo. Ele agarrara uma de minhas coxas, pressionando-a no mesmo ritmo e intensidade que beijava o caminho do meu pescoço à boca. Eu tentava me focar em alguma coisa além de suas carícias para manter algum controle, temendo o seu objetivo, mas era difícil... Porém não podia me dar por vencida.
– Nós não... Combinamos... De nos encontrarmos no Baile? – eu perguntara roucamente e vogalmente atrapalhada pelos formigamentos. Agradecendo à Merlin pela bendita voz que conseguira sair, por mais impossível que isso parecesse.
– Combinamos? – ele perguntara cinicamente entre uma mordida e outra ainda no pescoço, pressionando a minha coxa ainda mais, completamente controlador da situação.
– Sim... – eu disse tentando manter a voz firme. – Há uma hora atrás, não lembra?
– Me desculpe... Realmente não sou muito bom com compromissos. – “mas como é bom nisso!”, eu pensara, enquanto ele se apoderara dos meus lábios novamente logo após sua resposta.
Beijo ainda mais avassalador. Parar de beijá-lo era um ato realmente impossível. Logo me vi puxando-o pela nuca aprofundando mais ainda o beijo, uma ação não muito inteligente da minha parte, já que ele deve ter entendido isso como um convite, uma vez que agarrou minha cintura e se sobrepusera ainda mais sobre mim. E quando eu realmente achei que ele fosse rasgar as minhas roupas de forma animal, eu reuni todas as minhas forças e saí de seus braços o mais rápido possível me levantando da cama e ficando o mais longe possível dele, o que na verdade era um metro de distância.
Merlin, eu sou uma vadia. Repara só nas cenas que causamos. Isso porque nos reconciliamos há uma hora atrás. O que vai ser de mim daqui a uma semana? Estarei lançando um livro sobre dicas de cama? Por que ele tem que ser tão... Loiro?
Ele se sentara na cama e me encarara de lado como que me analisando. Eu ficara vermelha e desviara o olhar. Putaquepariu por que eu tenho que ser tão transparente?!
– Está fugindo de mim? – ele perguntara curioso e ligeiramente divertido.
– Eu? Claro que nã...
– Ótimo! – ele cortara, me puxando pela cintura tão rapidamente que eu não tive tempo de qualquer ação, caindo em cheio em cima dele, o que levantou minha saia quase completamente, deixando praticamente as minhas coxas toda de fora, o que não deixou de ser notado por ele.
É claro que se eu esperasse por isso não teria trocado minha calça jeans tão segura por essa saia filha da mãe. Quando dei por mim ele já estava em cima de mim de novo e já estávamos em outra cena completamente crítica. Eu tentava pensar num jeito de por limite naquilo, mas é praticamente impossível pensar com os lábios e mãos dele na minha pele.
– Draco... Hmm... Sério... Não precisamos... Sabe... Ficar... Mos... Nessas situações tão... Sabe... Constrangedoras...
– Você quer que eu pare? – ele dissera ao pé do meu ouvindo, em seguida sugando, novamente, meu pescoço e eu tinha inveja do modo como ele conseguia falar sem gaguejar.
– Bem... Não que eu... – eu perdera o raciocínio por alguns segundos enquanto ele pressionara meu corpo mais contra o colchão e mordera meu pescoço de forma tensa. – Queira... Exatamente... Mas...
– Eu sei... – ele disse me agarrando pela cintura e apoiando a testa no meu colo e eu pude sentir sua respiração passar por dentro de minha blusa e correndo pela linha entre os seios e... Merlin! Tirem esse homem de cima de mim! Eu ainda sou a correta Hermione Granger da qual me orgulho... eu sei que sou!
Então ele se apoiara com um cotovelo na cama, sem se levantar completamente de cima de mim, me encarando carinhosamente, com um sorriso travesso nos lábios. Eu desviara o olhar sem conseguir prender um sorriso também. Então ele me beijara de forma carinhosa e voltara a me encarar, ficamos assim pelo menos uns cinco minutos. E seu olhar cinza e profundo começava a me constranger. Afinal, o que era que ele tanto me encarava? Como se tivesse algum pergaminho colado na minha cara do qual ele estava lendo muito concentrado.
– O que? – eu perguntei divertida, já não agüentando mais aquele silêncio. Então ele sorrira ainda mais.
– Nada. – ele respondera no mesmo tom. Então eu o encarara insistente. – É só que eu estava lembrando... De quando eu te chamei de Sangue-Ruim pela primeira vez. – então ele rira ligeiramente (será possível?) tímido. – Foi a primeira vez que quis te tomar nos braços. – então eu me surpreendera.
– Como? Mas isso foi no segundo ano... Você me desprezava. – ele fez cara de pouco caso e eu fiquei ainda mais pasma.
– Eu sei... Você não sabe o quanto eu me odiei por isso. E isso só contribuiu para que eu te odiasse ainda mais, claro. – ele terminara com um sorriso maroto. Então eu rira também e ficamos em silêncio por mais um tempo.
– É meio inacreditável, não é? – eu dissera pensativa, ainda encarando-o.
– É... – então ele sorrira perigosamente, descendo novamente até meu rosto. – Ainda mais pra você, que protestou tanto. – ele alfinetara um segundo antes de me tomar os lábios novamente. Eu fingidamente revoltada o afastei.
– Não protestei nada.
– Protestou sim. – ele respondera como que para uma criancinha de cinco anos, me beijando novamente, mas desta vez prendendo-me embaixo dele, de forma que eu não pudesse fugir e me entregasse completamente aos seus beijos.
Céus, eu estou quase perguntando como ele faz para conseguir raciocinar e manter o controle perante uma situação daquelas. Eu devo mesmo ser novata no assunto.
– Eu te amo. – ele dissera ao pé do meu ouvido.
E foi como uma carícia a mais no meu corpo. Me senti afundar naquelas palavras, incapaz de abrir os olhos, só apreciando o sabor delas. Merlin! Sei que jurei não amar ninguém... Mas como é delicioso ouvir isso. Como é delicioso ser amada por Draco Malfoy. Eu o prendia pela nuca num abraço apertado sentindo o seu corpo pesado sobre o meu e sua respiração tensa na minha orelha. Eu ficaria daquele jeito pra sempre.
– Você já é minha, Hermione. Pra sempre. Independente do que aconteça. – ele dissera ainda rouco, numa voz séria.
Eu sabia que a idéia de pertencer a alguém era uma das coisas que me fariam matar alguém, mas por mais que eu não venha nunca admitir isso a ninguém, a idéia de pertencer a ele era ainda mais acolhedora e gostosa. Eu não sei exatamente o que ele quis dizer com essas palavras, mas não me importo. Não posso mais fugir da melhor coisa que já me acontecera: ele. Foi então que eu me ouvira falar, sem nem perceber.
– Acho que sempre fui. – então a respiração dele parara, do mesmo jeito que parara quando ele disse ter me ouvido dizer que o amava.
E eu abrira os olhos assustada, não acreditando de fato no que havia dito. Merda! Por que eu simplesmente não tenho coordenação motora dos meus lábios? Antes que eu registrasse direito que aquilo não fora fruto da minha terrível imaginação ou pensasse num jeito desesperado de sair daquela, ele levantara o rosto me encarando atônito. Eu conseguia ver perfeitamente seus neurônios batalharem furiosamente em busca de uma reação não muito desesperada dentro de sua cabeça. Eu sei disso porque os meus estavam travando uma batalha igual.
Então, antes de qualquer coisa, eu levantei da cama desesperada, ajeitando meu cabelo e roupas, e tentando me focar em qualquer lugar naquele quarto, já que o maldito do meu cérebro não me mandava nenhuma informação mais inteligente do que a contínua respiração de Draco ainda na cama, pasmo. Eu me negava terminantemente a encará-lo e já implorava a todos os magos para que Bichento aparecesse e pulasse nos meus braços para eu me distrair com os nós dos pêlos dele. Mas ele apareceu? É claro que não. Aquele gato é um ingrato que nunca demonstra carinho ou atenção para com a minha pessoa. Me abandonou. E eu estava sozinha. Completamente sozinha e ferrada.
– Como você pretende sair dessa? – eu o ouvi alfinetar às minhas costas, mas com uma voz estranhamente agradável. E eu não achava um maldito foco interessante o bastante pra prender minha atenção. – Hein? Dessa vez eu ouvi muito bem... – eu respirara pesadamente massageando de leve a testa, não acreditando na situação em que eu me metera.
– Acho melhor você ir embora agora, Draco. – eu disse séria, ainda sem encará-lo.
– Ah... – ele dissera divertido, se levantando da cama e vindo em minha direção, eu olhara de leve e me virara de costas, tentando ignorar seus passos perigosos. – Boa tentativa.
– É sério, Draco. Não é um bom momento para termos essa conversa... – eu disse tentando parecer madura, mas só o fato de eu não conseguir me virar pra ele já me entregava.
– E quando vai ser um bom momento? Quando você não admitir seus sentimentos por mim? – ele dissera atrás de mim. Eu respirara tensa e pesadamente.
– Eu não quis dizer o que você pensa que eu disse.
– Eu sei muito bem o que você disse. – ele dissera com a voz rouca, me virando com brutalidade e obrigando-me a encará-lo. Me prendendo ao seu corpo com apenas um braço, a alguns centímetros do chão, de forma que o encarasse na mesma altura. E com a outra mão acariciava o contorno dos meus lábios sedutoramente. – Não desperdice palavras tentando provar o contrário, Hermione. Já pertencemos um ao outro muito antes de nos conhecermos. – e ficamos naquele silêncio por mais um tempo, até que algo se passara pela minha cabeça, eu desci de seu colo e ri de lado olhando-o curiosa. – O que?
– O que você pensou? – ele me olhou ainda mais confuso. – Qual foi a primeira coisa que te passou pela cabeça quando me beijou no armário de vassouras? – ele demorara pra registrar a pergunta, mas então rira divertido indo se sentar numa poltrona qualquer e pegando um livro qualquer para foliar.
– Nada.
– Como assim nada? – eu perguntei ofendida. – Alguma coisa você deve ter pensado. – ele não respondera, ainda foliando o livro com um leve interesse, o que já estava me deixando estressada. – FALA! – então ele fizera uma expressão estranha com o cenho franzido e me encarara apontando para o livro qualquer.
– Sabe? Por mais verminosa e leprosa que você ache a minha... – então ele se virara novamente para o livro meio que conferindo algo. – Aparência interior... – então eu senti meu estômago cair de uma altura absurdamente alta. NÃO! Ele se virara pra mim novamente com uma cara fingidamente ofendida. – Eu realmente sou um bom sujeito. E... Sabe? Só pra ajudar... Eu chamaria esse... – ele fora conferir novamente. NÃO! NÃO! NÃO! – Maldito sentimento... – ele se virara pra mim agora com um sorriso divertido. – De amor!
O DESGRAÇADO ESTAVA LENDO O MEU DIÁRIO! COMO FOI QUE EU NÃO NOTEI ISSO? FAZ TANTO TEMPO QUE EU NÃO ESCREVO AQUI QUE EU JÁ HAVIA ATÉ MESMO ME ESQUECIDO DO CONTEÚDO PERIGOSÍSSIMO QUE ELE ABRIGA? GRR...
Acho que a minha fúria foi muito bem percebida, pois ele mudou sua expressão imediatamente para uma arrependida, colocando o diário sobre o móvel novamente e dizendo com uma voz suplicante.
– Se acalma... Foi só um... Um parágrafo. E pensando bem acho que nem o li tão atentamente assim. – eu não disse nada, mantendo apenas meu olhar ameaçador, que eu podia apostar que estava soltando fogo pelas íris. Então ele se levantara passando longe de mim. – É, acho melhor eu... Ir... Nos vemos à noite, não é? – eu não respondi apenas o olhava passar sua vassoura pela janela e se sobrepor sobre ela. – É... À noite, então. E não esqueça que eu te amo, ok? – eu apenas mantive o olhar ameaçador, que ele entendeu como resposta. – Ok, tchau!
Mais tarde eu estava no Salão Comunal da Grifinória, encolhida na poltrona de frente para a lareira e comendo bovinamente o prato de comida que Gina havia pego para mim. Sim, porque com tudo que acontecera naquela manhã eu havia até mesmo me esquecido de, não sei... Me alimentar.
Eu estava de pijama, que eu vestira após um demorado e quente banho, e roupão, bem quentinha, vendo Gina na poltrona da frente me encarando de forma preocupada, isso causaria um pequeno estresse em alguns dias atrás, sabe? É meio revoltante o fato dela não pular de alegria por eu ter voltado com o Draco, uma vez que ela me encheu razoavelmente para que isso acontecesse.
Mas inacreditavelmente isso não me incomodava naquela hora, era até engraçado. Uma coisa de se estar feliz é que você acha estranho o fato de todo o resto da população não estar compartilhando essa imensa felicidade contigo. Quero dizer... Eu estou tão bem e feliz, como o resto do mundo pode não estar também? Nossa, é uma sensação estranha, sabe... Como se fosse uma espécie de...
– Egoísmo! É isso o que está escrito na sua cara. – dissera a ruiva enquanto eu comia.
– Como é?
– Você não se lembra que tem uma guerra lá fora, Hermione? Harry está com a maníaca idéia de que os Comensais vão atacar essa noite, nem chamou ninguém pro baile. Quero dizer... ATÉ RON TEM COMPANHIA!
– Harry? Ah sim, Harry. Lógico... O que tem ele?
– HERMIONE! Sério... O que deu em você? Está amando, é? – então meu sorriso retardado desaparecera dando espaço para a cara mais ameaçadora que eu já conseguira fazer.
– Amando nunca! É só que... – então o sorriso idiota aparecera e eu me derretera toda, vi Gina revirando os olhos estressada. – Ele é tão lindo...
– É, e o pai dele está querendo matar a gente!
– Está?
– HERMIONE, NA BOA! – então ela respirara fundo, enquanto eu mastigava uma torrada. – Eu sei que você está feliz... Por causa do Draco, fico feliz por você. Mas eu não estava torcendo pra que isso acontecesse e você ficasse ainda mais ausente do mundo do que já estava.
Então o quadro da Mulher Gorda girara com um barulho forte, e Harry e Ron entraram de forma descontraída, vindo em nossa direção. Ron me olhara como seu eu fosse uma leoa comendo um búfalo no meio do Salão Comunal da Grifinória.
– Ah, aí está você. – disse Harry pra mim parando na minha frente, eu o encarara de boca cheio enquanto Ron cochichara algo com Gina enquanto se sentava ao lado dela.
– Fegling Natgal, Garry! – eu disse de boca cheia.
– Eu estava te procurando à manhã inteira, onde você se meteu?
– Estava com Malfoy. – respondera a ruiva por mim. Quero dizer... Me desculpe, mas você se chama Hermione? ISSO, Gina. DÁ A NOTÍCIA ASSIM, DE FORMA TÃO SENSÍVEL.
– Isso é verdade? – ele se virara pra mim de novo com o cenho franzido. Eu engoli o resto da comida e me preparei para a resposta. – Vocês voltaram?
– É... Acho que sim. – eu disse receosa, ainda não sei bem o porquê, mas então todos ficaram em silêncio por um tempo, até que Harry resolvera por dar alguma resposta. Ele ajeitara a garganta e respondera.
– Bom... Era o que vocês queriam, não é mesmo? O que todos queríamos, não é mesmo? – é claro que eu estranhei, quero dizer... Não estou acostumada com simplesmente Harry aceitando amigavelmente minha relação com Draco. Vai ver que realmente... Me esqueceu. Ok, isso é bom, não é?
– Você está sendo irônico? – eu perguntara desconfiada. Então ele se jogara na poltrona de forma descontraída.
– Não, claro que não. Vocês se gostam... Por mais que seja o Malfoy... Já estava na hora de vocês se entenderem mesmo. Mas então? Ninguém vai abrir os presentes? – ele terminara de forma animada se levantando de novo e indo em direção a árvore de Natal.
– Mas é mesmo! Eu já havia me esquecido! É Natal! – dissera Gina levantando também alegre.
– Ah, você nem se atreveria, seu presente foi caro! – disse Ron de forma rabugenta, enquanto todos abríamos os presentes.
O que foram? Bem, eu dei a Ron um livro que faz suas próprias anotações sozinho, os fatos interessantes das aulas. Para Gina eu dei uma saia de seda da qual ela já havia comentado comigo. E à Harry eu dei um pomo de ouro falso, para ele se divertir em casa. Ah, e comprei também um presente para Dan, um espelho mágico que rebate os argumentos convencidos que ele se faz sempre que se admira. Caso ele olhe pro espelho e diga “Merlin, eu realmente sou muito gato.” o espelho dirá: “Não, não é tanto assim, vou te falar que seu cabelo nem está tão bonito hoje.”. Ha... Ele realmente está precisando de alguém que diminua o ego dele de vez em quando, eu não posso sempre.
Bem, Gina me deu um colar camafeu lindíssimo; meus pais tradicionalmente me deram livros; Ron me deu uma barra de chocolate inacabável, daquelas que o gosto fica na boca por semanas, e são caras. Harry me deu um diário novo, mas diferente, esse é apenas para eu anotar as músicas que eu vier a compor... E quando eu mandar, ela até toca seguindo as notas... Interessante, vindo de um diário. Muito fofo. Daniel, não sei o porquê, mas ele me deu umas garrafas de Fugaz-Mandras 17 anos importados. O que ele quis dizer com isso? “Já está na hora de você cair na gandaia e se perder”?! Se bem que se eu for lembrar dos acontecimentos dessa manhã, acho que essa bebida causaria um estrago muito maior do que apenas uma Hermione Granger tarada. Tenho que ficar longe dessas garrafas. Mas foi o último embrulho que me surpreendeu, grande e quadrado... E vinha com uma nota.
“Sei que no momento juramos mais uma vez ódio eterno um para o outro, e que provavelmente não nos falaremos mais... Mas bem, eu não te dei nada no seu aniversário, então para me redimir... Pelo menos disso, espero que aceite esse presente. Achei mesmo que uma Sangue-Ruim relaxada que nem você não fosse mesmo arrumar nada de mais interessante para usar hoje à noite. Se bem que depois de destruir o meu coche você não mereça muito isso. Bem, que seja...
Feliz Natal, Granger!
Draco Malfoy”
– Merlin... – eu disse do nada ao terminar de ler a carta. – Ele me comprou um presente... Mesmo antes de fazermos as pazes... É tão... Tão...
– LINDO!!- respondera Gina por mim maravilhada, agora completamente indiferente a todo aquele seu discurso sobre egoísmo e etc... – ABRE LOGO!
Era um belíssimo vestido de baile cinza ou prateado, não sei direito, com alguns detalhes num azul muito claro e brilhante. Era lindo. Realmente lindo. Ficamos encarando aquele vestido de boca aberta, até Gina falar:
– Isso porque vocês haviam jurado ódio eterno um para o outro mais uma vez. – ela sussurra espantada.
– Me lembre de fazer isso mais vezes. – eu respondi no mesmo tom. Então começamos a rodar abraçadas. Rindo à toa.
– Por que só você arruma um desses? Não é justo! O máximo que eu já consegui foi o Harry!
– HEY! – reclamara o próprio com raiva, ambos nos encarando de cara amarrada.
– O máximo? Eu fui apaixonada por ele durante séculos. – eu brinquei.
–Está vendo só, Harry? Isso que dá não notar sua melhor amiga. Agora ela tem outro. – disse Gina, nós duas rindo horrores enquanto os dois se encaravam de caras ainda mais amarradas. Então Harry voltara a dizer com raiva...
– Oras, me desculpe se eu te notei primeiro. – eu e Gina começamos então a rir mais ainda, como se o coitado não tivesse sentimentos. Sério, esse troço de egoísmo pega.
– Ahh, de que adianta eu ter sido a primeira a ser notada se você no fundo amava mesmo a Hermione?
– Bem... – ele começara, mas eu o cortara ainda rindo horrores.
– Que nada, ele só sentiu uma paixãozinha passageira por mim porque eu me declarei pra ele ridiculamente e porque ele estava com ciúmes do Draco, mas era tudo impressão mesmo, uma paixãozinha à toa de adolescente. – então eu fiz uma fingida cara de sermão para ele. – Em pensar que eu quase caí na tua, meus sentimentos tão puros alimentados durante anos por você. Mas como eu disse, nada de mais... Nunca passou de um pequeno remorso e atração, não é mesmo, Harry? Isso de fato, você nunca vai deixar de sentir por mim. – eu finalizei rindo.
Engraçado que só eu e Gina parecíamos achar a cena engraçada. Ron estava de telespectador muito concentrado na cena e Harry me encarava sério, meio que me analisando e registrando tudo que eu dissera.
– É, acho que sim. – ele respondera sério e decidido, depois de um tempo de puro silêncio. Só então o clima ficara pesado.
Eu, não entendendo nada, é claro. Quero dizer... Harry é meio paranóico com esse troço de indiretas, e elas sempre me deixam maluca. Mas não sei o porquê, de certa forma, ele não havia achado graça na brincadeira, e começara a subir as escadas depois disso. É lógico que eu não ia deixar por isso, não é? Fui atrás dele parando no pé da escada.
– Hey, aonde você vai? – eu o chamara completamente confusa, então ele se virara já nós últimos degraus e dissera num sarcasmo meio agressivo. Agora, o porquê, eu não sei.
– Eu vou subir e pensar em um plano, Hermione. Porque pelo menos alguém aqui tem de pensar no risco que estamos correndo esta noite. Me desculpe não poder pular e rodar de alegria com você, mas é que... Ainda tem alguém lá fora querendo a minha cabeça. – e dizendo isso ele subira, me deixando ali completamente perdida.
Sério, se isso tudo faz ALGUM sentido para você, por favor, me esclareça.
**
Daniel Conl se encostara com receio atrás da pilastra olhando para os lados, quando avistara Draco mais adiante, com uma das mãos dentro do bolso enquanto com a outra se apoiava em outra pilastra. O francês ajeitara suas vestes negras de gala e olhara mais uma vez para os lados quando um grupo de garotas que cochichavam entre si animadas passara por ele, fazendo com que ele se virasse enfiando a cara completamente no canto da parede. Uma vez que elas haviam passado ele fora em passos rápidos até o amigo, parando disfarçadamente ao lado dele, batendo as mãos descontraído.
– Nunca achei que ia ter de ver essa cena. Daniel Conl fugindo de mulher. – dissera Draco brincalhão sem deixar o charme de lado. O amigo rira nervoso.
– Você fala como se elas não tivessem unhas afiadas, caninos atiçados e idéias de torturas muito sinistras. E olha que você namora com a Hermione. – Draco rira divertido do amigo, enquanto Dan ainda olhava para os lados preocupado. – E não é só isso, não estamos falando de uma mulher, mas de todas de Hogwarts... Sinceramente, da próxima vez venho com uma só. Mulher é um ser que dá muito trabalho.
– Isso que dá querer convidar todas...
– Hey! Eu sou a vítima aqui, está bem? E eu não as convidei. São elas que me convidam. – ele finalizara com um sorriso canalha. – Sinceramente, dá muito trabalho ser gostoso. Mas sabe como é, Hogwarts é nossa. – ele terminara com um sorriso de orelha a orelha. Draco revirara os olhos divertido e os dois ficaram mais um tempo ali enquanto muitos casais iam entrando para o iluminado Salão Principal. A música já estava alta e Draco olhava para o relógio da torre pela quarta vez. – E Hermione? Não vem?
– Está demorando, não é? HEY, VERMELHA! – ele chamara quando avistara Gina Weasley, no seu vestido verde cintilante, passar com Jack Millinton. Gina se virara para os dois sonserinos com profunda irritação indo até eles, enquanto Jack prendia o riso atrás dela.
– O nome é Weasley, Malfoy. – ela dissera entre dentes.
– Eu não ligo. – ele dissera brutalmente e então abrira um sorriso bem Malfoy e canalha. – Minha trouxa ainda vai demorar muito? – a ruiva irritada não tivera tempo de resposta, já que Dan a cortara.
– Aí na boa, espero que não vire moda essa de sonserinos saírem com grifinórias. O que é isso? “Adote uma sangue-sujo”?
– Para a sua informação, Conl... Hermione mesmo tendo nascida trouxa é a mais inteligente de Hogwarts. – a ruiva dissera de nariz em pé.
– Eu sei que é... – respondera Dan de modo divertido e um pequeno tom sedutor.
– E caso não saiba, eu venho de uma linhagem de bruxos muito antiga, uma das poucas de sangue-puro. Sou uma Completa e Autêntica Weasley!
– É muita coragem sua admitir isso. – disseram Dan e Draco ao mesmo tempo em deboche, deixando a garota ainda mais vermelha de raiva.
– Gente, pega leve, tá bom? Estamos namorando. – dissera Jack descontraído. Daniel se virara pra ele desesperado e com fingida preocupação.
– Shiii... Não fica dizendo isso em voz alta. As pessoas podem ouvir. – nem mesmo Jack conseguira prender o riso.
– JACK! NÃO RIA!
– Me desculpe... – corrigira-se Jack e então se voltara para os amigos ainda rindo. – Qual foi gente, Hermione também é grifinória e vocês a tratam bem. Qual foi, Draco? Eu nunca fui contra o namoro de vocês, eu até gostava muito dela.
– É. Eu lembro disso. – respondera Draco agora sério e com um pequeno ar sarcástico.
– E, Dan... Cara, se você gosta da Hermione também pode gostar da Gina.
– É. Mas Hermione é quente. – debochara Dan, fazendo Gina inflar ainda mais de raiva. Draco olhara sério para Dan ainda com as mãos nos bolsos e apoiado na pilastra, e dizendo calmamente:
– Pro seu próprio bem: nunca mais repita isso.
– DANIEL! – gritara uma voz aguda em direção a ele, logo uma garota de cabelos negros e sedosos se jogara ao pescoço dele beijando-o arduamente, antes mesmo dele responder.
– Depois eu que sou a corajosa? – perguntara Gina com nojo.
– Sério, Margaret. Me dá só um tempo para respi... – mas o tempo não lhe foi cedido, a morena o agarrara de novo, enquanto Draco ria de lado da cena. Fora então que Draco notara as doze garotas reunidas próximas a ele com um olhar idolatrado e apaixonado. Ele engasgara e dissera com receio:
– O que foi? Não olhem pra mim! Eu sou comprometido. Foi ele que marcou com todas vocês, não eu.
– Valeu, cara. – respondera Dan irônico numa escapada dos lábios de Margaret, mas logo sendo capturado de novo.
**
Eu ali, novamente de frente para aquele espelho mirando um reflexo realmente radiante de felicidade. Dois meses atrás eu não queria descer para o Salão Principal, não queria ter de encontrá-lo ou contracenar aquela peça idiota com ele, e agora eu me continha de ansiedade para vê-lo e entrar naquele baile como sua namorada.
O vestido ficara perfeito, as costas nuas e as camadas quase transparentes que davam uma leveza e suavidade ao vestido. Eu prendera meu cabelo com alguns cachos caindo para o lado direito do pescoço e uma maquiagem leve que combinasse com o vestido. Era a hora de descer.
**
– Sério, Harry... Você não precisa disso. – dissera Ron para um Harry que relia um livro avançado de feitiços. – Podíamos, sei lá, curtir a festa? Sério, você está parecendo a Hermione. Não sei mais o que inventar para Luna.
– Da última vez que os Comensais estiveram aqui...
– Você acabou com eles. Simples assim.
– Não. Você foi ferido e Hermione quase foi morta... E Lucius está livre novamente, não vou deixar que aconteça de novo. – dissera Harry indiferente, virando as páginas com brutalidade. – Deve ter algo aqui que eu ainda não conheça.
– Harry, na boa, eles não seriam tão idiotas de... – então Harry olhara Ron com desdém. – Tá, é claro que seriam, mas pense por esse ângulo: agora Mione é namorada do filho de um deles, não vão exatamente querer fazê-la mal, não é? Acho que isso lhe dá alguma imunidade. – então Ron fizera bico completando a frase com rancor. – Pelo menos da parte dos Comensais.
– Pelo contrário, se eles sabem... Se Lucius sabe... Acho que ela corre muito mais perigo agora.
– Ok ok ok, Harry, mantenha a calma! Olha pra mim! – dissera Ron virando o amigo para ele a contra gosto. E dizendo de forma paterna. – Hermione está bem, estamos todos bem! A segurança está reforçada...
– Dumbledore não está no castelo...
– O que significa que eles reforçaram ainda mais a segurança, não é? E cara... Não é como se aparecesse a Marca Negra no céu e Hermione fosse correndo em direção a ela. Isso é bem coisa sua. – ele completara censuradamente. – E, eu duvido que o Malfoy fosse permitir que ela se machucasse, não é?! Sério, é horrível admitir... Mas ela parece estar feliz. – Harry soltara um suspiro entediado. – E cara! Por Merlin! É Natal! Você não convidou ninguém! Mas tudo bem, estale os dedos e aparece uma fila de garotas que dariam a vida só para virem com você. Não pense em guerra, nem em Malfoy e Hermione, eles finalmente se acertaram...
– Eu não quero conquistá-la, Ron, ou destruir o namoro deles... Quero manter nossa segurança. Mas faça como quiser... Vou pegar o Mapa do Maroto, pode ser muito mais útil que esta merda aqui.
Harry subira as escadas ignorando a manada de gente que passava por ele e as garotas que pareciam suspirar ainda mais ao vê-lo tão elegante em trajes a rigor. Fora em passos rápidos até o dormitório masculino e pegara o mapa. Descera novamente para o Salão Comunal vazio e fora até a luz da lareira, onde abrira o mapa para dar uma espiada.
Vira de relance o que indicava Draco Malfoy e Daniel Conl no Hall de entrada, no mínimo esperando Hermione; vira Ron com Luna muito juntos, e Gina com Jack Millinton, o que lhe fez soltar um resmungo qualquer. A verdade é que pensara em chamá-la para o baile, mas não estava com saco nenhum para pensar em festas ultimamente. Sem contar que ele e Gina estavam meio que brigados, assim como estava meio que brigado com Hermione. Mas sentia uma pequena falta da ruiva, ou pelo menos de quando ele só pensava nela, e na felicidade que sentira ao descobrir que ela o amava. Na época, tudo parecia que estava perfeito e que mais nada podia mudar o que ele sentia.
– Gina. – ele murmurara e então se concentrara em outro canto do mapa. Vira a Torre da Grifinória, seu próprio nome planando no mapa, e então notara que não estava sozinho.
O nome de Hermione Granger se encontrava no dormitório das garotas e se dirigia para a escada que dava no Salão Comunal. Harry olhara apreensivo para a escada e voltara a olhar para a lareira sem conseguir entender o porquê disso o incomodar. Guardara o mapa no bolso da calça quando ouvira a castanha o chamar surpresa.
– Harry? – ele se virara com cautela quando vira a castanha no seu vestido, que ganhara de Draco Malfoy naquela manhã, ao pé da escada encarando-o surpresa. – O que faz aqui? Por que não está no baile?
– Vim buscar uma coisa – ele dissera sem jeito indo em direção a ela, e então completara de forma sincera. – Você está linda. – ela rira tímida e o encarara também.
– Você também está. – ela rira de novo de forma divertida.
– O que foi? – ele perguntara também rindo.
– Parece que em todo baile é sempre você que me espera no pé da escada. Não “espera” quero dizer, mas que “está” pelo menos.
– É mesmo. – ele rira meigamente. Então ela mudara a expressão e abaixara a cabeça de modo triste.
– Olha, sobre a minha brincadeira de hoje cedo... Me desc...
– Você me mataria se eu tentasse te beijar? – ele dissera do nada sem nem ao menos pensar. Ela ficara espantada e abaixara a cabeça envergonhada. – Ok, eu sei. Só não podia perder o hábito de te perguntar isso sempre que você desce a escada num vestido. – ele dissera de modo brincalhão. Ela rira divertida então.
– Você não me perguntou isso no quarto ano. – ela dissera no mesmo tom.
– Hey, eu tinha acabado de enfrentar um dragão, ok? Estava passando por muita pressão. Bem... E Krum era muito mais forte que eu.
Ambos riam da piada quando o quadro da Mulher Gorda se abrira, dando espaço para que McGonnagal passasse.
– Me desculpe se atrapalho alguma coisa, mas Sr. Potter, preciso ter uma palavrinha.
– Sobre o que professora? – ele perguntara curioso.
– Na minha sala, por favor. – ela dissera simplesmente saindo do Salão.
– É, pelo visto não sou mais digna de confiança. Não depois de ter feito strip-tease no intervalo. – dissera Hermione divertida.
– Bem... Eu vou lá então. – despedira-se Harry indo embora, antes dando um leve beijo na mão direita de Hermione.
Hermione vira Harry sair do Salão Comunal dando uma piscadela divertida para ela e se sentira estranha. Parecia que aquele era o verdadeiro adeus. Estava se despedindo do que sentira durante anos por Harry Potter, como se fosse algo do qual nunca fosse se separar dela. Aquele sentimento dava agora espaço para outra pessoa, seria uma nova vida com Draco Malfoy, mas mesmo assim dizer adeus para o amor que sentia por Harry era difícil. Era triste. Como todas as despedidas.
Harry entrara na sala da diretoria da Grifinória logo após Minerva McGonnagal, que sentara apressada em sua mesa acenando a cadeira à frente para ele. Harry sentara-se ansioso para ouvi-la, uma vez que desse notícias de Dumbledore ou até mesmo Voldemort.
– Harry, eu te chamei aqui... Porque preciso que me prometa uma coisa.
– Prometer o quê? – perguntara Harry surpreso.
– Que haja o que houver esta noite não saíra do castelo, por nada!
– E o que vai acontecer?
– Não estou dizendo que vai acontecer alguma coisa, Harry. Nossa segurança está muito bem equipada. Mas não devemos mesmo assim ignorar o fato de que esta noite Hogwarts se tornou um alvo muito apreciado para os seguidores D’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, ainda mais com Dumbledore ausente.
– É, ainda mais agora com Malfoy e Lestrange soltos por aí.
– Exato, então prometa-me. – Harry engolira em seco contrariado.
– Mas se vierem atrás de mim...
– O senhor vai imediatamente para o Salão Comunal da Grifinória.
– E ser alguém for pego?
– Nós cuidaremos disso...
– Eles vão querer me atrair...
– E você não vai ao chamado deles. Lembra-se muito bem como foi da última vez que foi até eles na Floresta Proibida. Então dessa vez não irá! Certo? – terminara McGonnagal olhando-o severamente, Harry engolira mais uma vez em seco e contrariado fizera que sim com a cabeça. – Ótimo, pode ir então, Sr. Potter. E Feliz Natal!
**
Eu me encostara atrás da pilastra sentindo um formigamento absurdo. Eu ouvia as pessoas abaixo da escada no Hall rindo alto e se direcionando para o Salão Principal. Ouvia a música alta e lenta que começara a tocar num piano sofrido. Sabia que já havia passado por uma situação parecida: eu nervosa para encontrar meu par, que na verdade era Vitor Krum, mesmo que eu sonhasse que fosse Harry, que no caso só tinha olhos para Cho. Mas ele estava lá quando eu descera, me sorrindo meigamente, me dando força e proteção, mesmo que isso não significasse que houvesse notado algo mais em mim. Pra falar a verdade fora a primeira vez que ele parecera realmente me olhar de verdade.
Mas agora era diferente, era Draco, alguém que por mais improvável que pudesse parecer, estava me esperando, não para me dar força, mas sim amor. Alguém que realmente me queria. Então eu estalara meus dedos das mãos, espiara discretamente lá pra baixo de forma rápida, onde eu vira os vultos de Draco e Dan, e começara a descer cautelosamente as escadas enquanto uma nova melodia começava.
Say goodnight not good-bye
(Diga boa noite, não adeus)
You will never leave my heart behind
(Você nunca deixará meu coração para trás)
Like the path of a star
(Como o trajeto de uma estrela)
I'll be anywhere you are
(Eu estarei onde você estiver)
Logo eu sorria de lado ao encontrar os olhos sonserinos e cinzas de Draco, que estava apoiado de qualquer jeito numa pilastra qualquer e só então se endireitara com tamanho interesse. Me olhara de lado de forma marota deixando um meio sorrisinho perigoso escorregar pelos lábios, ainda de braços cruzados.
Já Daniel que eu via se agarrar (ou ser agarrado, não sei) com uma garota de cabelos negros a um canto abrira de leve os olhos no meio do beijo e então largara da garota indiferente para prestar atenção na minha... simples descida da escada?! Não me pergunte. Sei apenas que a garota caíra desajeitada no chão assustada com a surpresa interrupção dele, que nem notara o ocorrido.
Mas quando Draco viera até mim, no seu andar lento e perigoso eu me sentira atraída a me jogar nos braços dele, apenas por assim ficar.
In the spark that lies beneath the coals
(Na faísca que está abaixo do carvão)
In the secret place inside your soul
(Em um lugar secreto dentro da sua alma)
Ele estava magnificamente lindo, todo de preto e elegante, seus cabelos soltos ao vento gelado, numa certa sutileza. Levantara o rosto deixando aquele pescoço magnífico amostra como um convite, me olhando de forma superior e debochada, mas que na verdade era irônica, deixando o sorrisinho ali, fazendo o seu papel de me tentar. Eu respondera no mesmo sorrisinho implicante e antes de dizer qualquer coisa, ele se arrastara até mim, preguiçosa e tensamente, e me beijara.
Keep my light in your eyes
(Mantenha minha luz em seus olhos)
Say goodnight not good-bye
(Diga boa noite, não adeus)
Parecia que tudo havia se congelado à minha volta, as únicas coisas que tinham efeito sobre mim eram a superfície dos seus lábios tensos, seus braços que rodeavam minha cintura e a música ao fundo que parecia que estava sendo tocada apenas para a gente.
Don't you fear when you dream
(Não tenha medo quando sonhar)
Waking up is never what it seems
(Acordar nunca é o que parece)
Like a jewel buried deep
(Como uma jóia escondida)
Like a promise meant to keep
(Como uma promessa para cumprir)
Ele me abraçava contra seu corpo sem parar de me beijar, enquanto que tudo o que conseguia fazer era corresponder. Seus lábios ásperos e ao mesmo tempo suaves preenchiam os meus como se há anos já os conhecesse, como se ambos tivessem sido feitos sob medida um para o outro. Era um beijo tenso e calmo, com uma paciência que deixava claro que não precisávamos ter medo ou pressa, já que pertencíamos um ao outro e faríamos isso muitas vezes ainda, mas ao mesmo tempo era algo impossível de se acostumar. Cada beijo parecia o primeiro, parecia novo, parecia mais forte e profundo. E então nos separamos...
You are everything you want to be
(Você é tudo aquilo que você quer ser)
So just let your heart reach out to me
(Então apenas deixe seu coração me alcançar)
Tudo o que eu via eram seus olhos cinza caninos me encararem, eram lindos e parecia que eu nunca os havia visto. Ele me olhava como se pudesse realmente ver algo tão interessante em mim como aquele olhar cinza dele. Não, nada se igualava àquilo, como era bom estar de frente para ele.
I'll be right by your side
(Eu estarei ao seu lado)
Então ele pegara na minha mão, esquentando-a instantaneamente e fomos sem dizer nada a caminho do Salão Principal, ele me sorria comprometedoramente e então quando chegamos à porta do Salão, elas se abriram instantaneamente e eu pude contemplar de boca aberta a maravilha que estava o lugar.
Say goodnight not good-bye
(Diga boa noite, não adeus)
Como no quarto ano, todo o Salão estava decorado de gelo, mas tinha algo mais... Algo mais bonito que eu não conseguia identificar. No céu do Salão estava uma noite escura, apenas com o brilho das estrelas e das tochas em alguns cantos do Salão. O Salão também estava todo enjanelado, o que dava uma vista nua e bela dos campos desertos de Hogwarts cheios de neve àquela hora da noite.
Muitos casais dançavam a música lenta, mas era como se toda a Hogwarts (como acontecera algumas vezes esse ano) tivesse parado o que é que estivesse fazendo para nos ver chegar, surpresos e boquiabertos nos olhavam, enquanto eu podia vê-los formulando pensamentos intrigantes sobre a gente e cochichando-os ao próximo. Mas nada me incomodaria aquela noite. E assim continuamos nosso caminho pelo Salão. Até Draco me pegar suavemente pela cintura fazendo nossos olhares se cruzarem novamente. Naquele cinza anestesiante. Me conduzindo à melodia.
You are everything you want to be
(Você é tudo aquilo que você quer ser)
– Não terei de te forçar a dançar comigo desta vez, terei? – ele brincara ao pé do meu ouvido. Eu rira baixo sentindo o seu cheiro.
So just let your heart reach out to me
(Então apenas deixe seu coração me alcançar)
– Eu gosto dessa música. – eu dissera confortada em seus braços e de olhos fechados.
– Curioso. Foi Slytherin quem a compôs. – ele dissera simplesmente. Eu franzira o cenho um pouco chocada, enquanto ele ainda me embalava na pista, então eu o olhara estranhando aquela informação e ele apenas terminara sua frase ainda com aquele olhar do qual nunca conseguirei traduzir.
Keep my light in your eyes
(Mantenha minha luz em seus olhos)
– É, ele não era só maldade, por mais que seja assim como a maioria das pessoas o vejam ou pensem.
Say goodnight not good-bye
(Diga boa noite, não adeus)
Depois de ouvi-lo continuei a encará-lo confusa e significativa, ao mesmo tempo que íamos parando junto com a música que também ia chegando ao fim. Draco ainda me olhava daquele jeito, sem quebrar o contato visual, e novamente tudo parecia distante.
Say goodnight not good-bye
(Diga boa noite, não adeus)
Então todos explodiram em aplausos para a mulher bruxa de aparência meio triste que cantara no palco, e finalmente nos desligamos de tudo e batemos palmas também. Então Draco viera atrás de mim me segurando pela cintura e respirando no meu pescoço, o que me causava colapsos anormais.
– Gostei do vestido, obrigada. – eu dissera carinhosamente para ele.
– É, eu achei que ele estava bonito no cabide, mas ficou bem melhor em você. – ele respondera brincalhão em voz baixa.
– E a cor... Azul acinzentado, como sabia que era a minha cor favorita?
– É a cor dos meus olhos. – ele dissera sorrindo perigosamente na curva do meu pescoço. Eu revirara os olhos divertida e me virara para ele encarando aqueles olhos azuis acinzentados prestes a beijá-lo novamente, quando algo nos interrompera.
– E é com grande honra que eu chamo aqui o Monitor-Chefe de Hogwarts, Sr. Draco Malfoy. – dissera McGonnagal do palco.
– É, estão chamando você. – eu dissera mal humorada para ele, mas ele nem sequer me largara.
– Quem? – ele respondera indiferente.
– McGonnagal. Está chamando no palco. – eu dissera não acreditando em como ele era distraído.
– Ah, deixa chamar. – ele dissera me prendendo mais ainda ao seu corpo.
– Por Merlin, Draco, seja responsável! – eu dissera fingindo irritação e
empurrando um Draco contrariado em direção ao palco.
Eu vira Draco subir ao palco em meio aquela gritaria, que vinha em grande parte das garotas mal amadas de Hogwarts, e me divertira ao vê-lo acenando com um sorriso canalha para o público. Então a gritaria aumentara e ele abrira os braços agradecido e exibicionista, andando mais pra frente do palco e girando de braços abertos elegantemente e com o sorriso mais canalha e convencido de todos. Nem eu conseguira prender o riso.
Depois ele pegara o microfone e dissera “Boa noite...” para todos, o tom da sua voz só fez as garotas gritaram mais ainda. “Eu sou Draco Malfoy!” como se alguém em todo mundo mágico já não soubesse. “Qualquer dúvida que não seja... Da minha vida pessoal, podem vir falar comigo.”, ele dissera ainda sorrindo canalhamente. Fora então que uma voz conhecida se pronunciara bem alto.
– Tanto porque da sua vida pessoal podemos ler no Profeta de Hogwarts, não é, Draco? – era Dan escandaloso ao meu lado. Eu o olhara rindo e então ele me mandara uma piscadela. Draco rira de leve e se despedira indo então de encontro a Minerva McGonnagal, tendo de ficar num papo por demais extensivo com ela.
Merda! Ele veio ao baile comigo ou com ela? Ai credo, agora eu falei como uma namorada obsessiva. Fala sério, ter ciúme da McGonnagal? Merlin, onde foi que eu cheguei? A mulher é mais velha que o Rio Nilo e com certeza só está lhe passando instruções ou tarefas. E eu tendo ciúmes? Essa é uma daquelas horas em que o chão devia apenas abrir sob os meus pés me dando passagem para um mundo obscuro e excluso da sociedade.
Então alguém totalmente desesperado pegara na minha mão me puxando para o meio do Salão novamente, alguém loiro e de cabelo engraçado.
– Dança comigo, Granger. – era Daniel que me conduzia horrivelmente e meio nervoso por entre os outros pares.
– É que eu estava esperando... Ai. – eu exclamara quando ele pisara no meu pé.
– Isso não foi um pedido, Hermigatinha. – ele dissera censurado e eu fizera cara de confusa, fugindo das suas pisadas, porque Daniel Conl pode ter muitas qualidades, que eu não conheço, mas dançar realmente não é uma delas. – Está vendo aquelas meninas na sua direita? – eu espiara para a direita vendo um grupo de meninas que pareciam prestes a caírem no choro. – Estão me perseguindo o baile todo, está dando medo mesmo, de verdade.
– Foi você quem pediu por isso... Ai. – eu jogara na cara com um sorriso nos olhos e logo reclamando de outra pisada. Ele apenas me ignorando. E ignorando minha dor.
– E o que me diz do grupo de meninas a sua esquerda? – eu olhara para a esquerda e vira umas oito garotas com olhar diabólico que socavam a própria mão em ameaça. – Eu não me lembro de ter pedido por isso.
– Merda, Dan, elas vão me matar! – eu disse realmente desesperada e tentando sair dos braços dele, mas ele não deixara.
– Ah, vamos combinar que sua vida já corre um percentual perigo agora que voltou com Draco. – ele dissera divertido e então ele fizera uma cara pensativa engraçada. – Isso porque eu nem contei com a quantidade de Comensais da Morte que querem a cabeça do seu melhor amigo. A propósito, você dança muito mal! – eu fechara totalmente minha cara, como ele tinha coragem de dizer aquilo de mim?
Foi então que eu notara algo realmente estranho. Eu vira Pansy Parkinson passar por mim no seu vestido vermelho escarlate com um sorriso sinistro, o que me fez fechar a cara numa desconfiança na hora. E antes que eu pudesse cogitar qualquer possibilidade de Draco ter algo haver com isso, eu ouvira a voz de Minerva McGonnagal do palco novamente.
– E agora o Monitor-Chefe de Hogwarts chama a segunda Monitora-Chefe, a Monitora-Chefe da Sonserina Srta. Parkinson, para uma valsa.
COMO É QUE É? Fora tudo o que eu conseguira pensar no momento. Como assim aquele animal ia dançar valsa com o MEU namorado?? Nem eu havia dançado uma música inteira com ele ainda. Como aquela idiota ia ser a primeira a dançar com o MEU Draco? Como ela se atreve a chegar perto dele? Segurar na mão dele? Oferecer aquela tábua de passar que ela chama de cintura para ele segurar? E pelo amor de Merlin! Como assim segunda monitora-chefe? Eu sempre fui a monitora-chefe mais indicada para ser segunda monitora-chefe de Hogwarts! Como aquela imbecil podia sequer monitorar alguma casa? Mesmo que a Sonserina. Vai ser seguda monitora-chefe da droga do castelo todo? Então é assim? Eu mal esfriei e já me substituíram assim? Como que Parkinson toma o cargo que devia ser meu? Mas eu devo ter colocado fogo na Cruz!
Eu e Dan paramos de dançar na mesma hora para “apreciar” aquela cena nojenta. Draco ia indiferente até aquela monstra e me olhara rápido como que tentando mandar alguma mensagem justificativa totalmente indecifrável pelo meu radar de fúria e pegara na sua mão de forma que esse leve toque fora o suficiente para me estremecer completamente em fúria. Então ambos começaram a dançar graciosamente pelo Salão. Pansy na sua bela cara de puta barata e Draco com cara de quem está pensando em Quadribol. Ou na cor da calcinha que ela estava usando, sei lá, como eu vou saber? Homem é tudo igual!
**
Draco conduzia friamente Pansy Parkinson pelo Salão tentando fugir da imagem de Hermione atacando-o com um Avada Kedavra que surgia em sua cabeça. A garota de pele branca e curtos cabelos negros o olhava sedutoramente, e de vez em quando olhava vitoriosa para a castanha.
– Parece até que foi ontem que dançamos a valsa no Baile de Inverno no quarto ano. – dissera Pansy na sua voz esganiçada e irritantemente carinhosa. Draco apenas ignorara ainda guiando-a pelo Salão. Então a garota olhara com pouco caso para a castanha e continuara. – A única coisa que você mencionara era que a Granger realmente escondia umas curvas interessantes debaixo daquela imagem sangue-ruim. – então Draco rira por dentro relembrando de suas palavras com graça. – Quem diria que ia dar nisso?
– Pois é... As pessoas mudam.
– Realmente. Você mudou, e não foi pouco. Nunca achei que uma garota teria tanto efeito sobre você, ainda mais... Ela. Eu achava que mesmo apaixonado, você nunca mudaria sua personalidade... Que ela era forte o bastante...
– Minha personalidade está intacta! – dissera Draco irritado e ofendido.
– Ah, por favor, Draco, eu te conheço desde que nasci. Você nunca foi do tipo que procura pela... Misteriosa do Pergaminho ou se humilha por alguém. Ainda mais por uma garota. Você mudou, isso é fato.
– Mudei pra melhor, Pansy... Mudei por ela. – ele dissera com um sorriso desafiador para Pansy.
– É. Mas será que foi para melhor? Me pergunto o quanto mais você ainda vai mudar e se realmente vai ter valido a pena. Será que daqui a pouco você vai começar a andar com o Potter e os Weasley’s também? Vai passar as férias com eles? Defender os fracos e oprimidos? Virar um grifinório? O ano está acabando, Draco, a guerra se aproximando de nós numa velocidade da qual mal percebemos, e na hora H o que você vai fazer? Se virar contra seu pai? Lutar ao lado da sangue-ruim?
– Não a chame assim. – ameaçara Draco, mas obviamente abalado com o que ela dissera.
– Vai ficar do lado dela, é?
– Vou protegê-la, matarei qualquer um que toque nela.
– Hmm... E depois? Vai entrar para Ordem da Fênix? Lutar ao lado do Potter, virar auror...
– Eu sou um Malfoy. Eu nunca trairia a minha família. – Draco dissera com raiva de forma ameaçadora e a valsa parara e ambos pararam de dançar também.
– Não é isso o que está fazendo? – dissera ela se distanciando de Draco que ficara apenas olhando-a ir embora, desejando quebrar o pescoço dela e se roendo de ódio por não conseguir contradizê-la.
**
Eu via Draco ficar quieto e com a expressão estranha no meio da pista, ainda olhando pra onde Pansy saíra e logo Dan ao meu lado fora agarrado novamente por outra garota, o que me faria morrer de rir, mas que na verdade não melhorara em nada meu humor. Então Draco se virara pra mim e viera em minha direção com um sorriso leve nos lábios.
– McGonnagal me obrigou. – ele dissera simplesmente, eu dera de ombros fingindo não me importar. – Não vai dizer nada?
– Eu não ligo. Pra falar a verdade nem vi que se tratava da Pansy.
– É mesmo? – ele dissera sarcástico, achando algo engraçado na minha cara. Eu optei por não perguntar. – Então? Vamos dançar?
– Não, não estou muito a fim. – eu dissera indiferente, mas então ele fizera uma cara censurada e me rodara em direção a ele no ritmo da banda de rock “As Esquisitonas” que estava tocando.
E começou a dançar de frente pra mim lindamente, como num show de rock, sorrindo de forma canalha e convencida. Eu não agüentara e rira também dançando junto dele, alegre e doidamente.
Depois Dan viera ao nosso encontro totalmente desnorteado e sem fôlego e se virara para Draco.
– Cara... Arrumar uma namorada foi realmente a coisa mais inteligente que você já fez.
**
– Finalmente eu te encontrei! – dissera uma Gina totalmente atônita atrás de Hermione que perambulava pelo Salão atrás dos seus três amigos, enquanto Draco e Dan discutiam irritantemente sobre Quadribol.
– E onde você estava? – perguntara Hermione para a amiga.
– Esclarecendo algumas coisas para Jack, como o fato de não sermos namorados.
– Mas vocês ainda estão juntos?
– Viemos juntos... Estamos vendo no que vai dar. Mas namorar? Sem chance. Pelo menos agora.
– E posso saber o por quê? – então o semblante de Gina ficara sombrio, assombrando até mesmo Hermione.
– Essa guerra pode ser mesmo muito inconveniente.
– Ou conveniente... – respondera Hermione sabendo que de fato a guerra não era o real motivo. As duas ficaram em silêncio por mais um tempo, até que Gina abrisse um sorriso de orelha a orelha.
– Quer dizer que acabou? Você e Draco finalmente viverão felizes para sempre?
– Cala a boca. – dissera Hermione tímida deixando a amiga rindo sozinha.
**
Eu voltara até Draco e Dan sentindo todos aqueles olhares assassinos na minha nuca, pronto agora eu tinha dois exércitos de garotas atrás de mim. Pelo menos quando me acusavam de ser drogada não pareciam ter, exatamente, a intenção de me matar.
– Bem, Draco, Hermigatinha... Quinze para a meia noite e eu vou indo me encontrar com a 27.
– 27? – eu perguntara completamente confusa, mas podendo jurar que se tratava de mais uma de suas garotas.
– Não vai querer saber, é sério. – debochara Draco.
– Draco, não a deixe sozinha, sabe como o novo símbolo sexual pop de Hogwarts tende a se meter em problemas ultimamente. – debochara Dan.
– Engraçadinho. E vê se pede para a 27 te ensinar a dançar. – eu dissera com raiva, aquele loiro era impossível.
Não é que eu não goste dele, eu gosto. Mas ele é tão irresponsável e irritante que me estressa. É como Draco, mas eu só aturo Draco porque eu “gosto” dele daquele outro jeito do qual não sei como classificar. Agora Dan... Não sei o porquê de aturá-lo. Quero dizer: do tipo esnobe, arrogante, que chega bêbado nas reuniões e sem contar todos aqueles critérios dos sonserinos que eu tanto detesto!
– Que calúnia! Eu sei dançar! Você que é toda dura! – ele dissera na defensiva e eu abrira minha boca em revolta.
– Pra falar a verdade ele já ganhou alguns concursos de dança. – dissera Draco indiferente. Acredita?
– De que lado você está? – eu perguntara revoltada pra ele, ele ficara tão surpreso com meu tom de voz que ficara sem falas.
– Eu vou nessa. Cuidado pra ela não pisar nos seus pés também. – dissera Dan pra Draco quando saíra. INACREDITÁVEL!
Quando eu ainda estava olhando com a boca aberta revoltada para onde Dan se fora, eu ouvira Draco rir de leve e quando me virei para ele foi lindo, ele se inclinara de forma elegante estendendo a sua mão, num convite lindo para dançar novamente numa nova valsa.
E finalmente conseguimos dançar uma música inteira. Me conduzia perfeita e lindamente pelo Salão, enquanto ríamos de nossas próprias piadas. Realmente sentia como se fosse viver feliz e para sempre.
Quando a valsa acabara e estávamos novamente num ninho particular de carícias, ouvimos McGonnagal falar alternadamente com o seboso do Snape.
– E disseram que Conl veio com 30 garotas! 30! E muitas nem passaram do quinto ano! Isso é um absurdo! Precisamos achá-lo, Severo.
– Acho que o vi indo em direção a Sala de Troféus. – eu e Draco nos entreolhamos preocupados, enquanto eles se direcionavam para fora do Salão.
– Fique aqui, tenho que chegar em Dan mais rápido. – ele dissera meigamente me dando um beijo rápido nos lábios e pegando um atalho a caminho da Sala de Troféus.
Eu ficara ali, no meio da pista, entre outras pessoas, obediente, a única coisa que eu lamentava era o fato de já ser quase meia-noite e Draco não estar ali comigo para ver a Linda Flaw cantar a música escolhida para a apresentação do final do baile, antes da ceia.
**
Gina vira ao longe o vulto de Harry nos jardins brancos do castelo e saíra pela varanda até ele em passos simples, sem se tocar que fazia tempo que não ficava a sós com ele.
– Potter vagando sozinho na neve? Não acha isso perigoso? – brincara a ruiva. O moreno se virara surpreso para ela e então rira amigavelmente. Começou a andar com a ruiva pela extensão do jardim perto das altas janelas do Salão, de onde se podia ver o que se passava lá dentro.
– Não se preocupe, prometi que não me meteria em confusão esta noite. – Gina dera uma risada sarcástica.
– Ah! E desde quando isso adiantou alguma coisa? – os dois pararam de frente para uma das janelas apenas observando as pessoas lá dentro.
– Então você veio com o Jack. Vocês estão juntos agora? Oficialmente?
– Não... Nunca daria certo. E você? Veio com quem?
– Ninguém. Acabei me esquecendo de convidar alguém.
– E convidaria quem?
– Não sei... – Harry dera de ombro sem olhá-la exatamente, distraído demais com as pessoas dentro do Salão. – Você, provavelmente... – Gina se surpreendera com a resposta direta dele e ficara vermelha. – Pra ver se dávamos certo desta vez.
– Harry, nunca daremos certo enquanto você não esquecer a Mione. – Gina dissera muito madura. Harry a olhara de cenho franzido totalmente ofendido e desnorteado.
– Mas eu esqueci... Eu e Hermione não temos mais nada para esclarecer. – Gina respirara fundo e olhara para dentro do Salão de novo, Harry vira Hermione, linda em seu vestido ciano no meio das pessoas, sozinha, esperando ou procurando alguém.
– Eu realmente queria acreditar que isso um dia seria possível. Mas nunca será. O que vocês sentem um pelo outro é tão estranho... Não dá pra entender. Uma vez querem apenas ser amigos, outras querem ficar juntos. – Harry engolira em seco ouvindo as palavras sinceras da ruiva e vendo Hermione tão distraída no meio do Salão. – Só sei que seja o que for o que sintam... Nunca poderá ser esquecido... – então a ruiva o olhara com os olhos cheios de lágrimas e Harry engolira mais uma vez em seco e dolorosamente. – Por mais que vocês tentem ignorar.
Então antes que Harry dissesse qualquer coisa, um jato de luz verde acertara Gina jogando-a a metros de distância. Ele sentira seu estômago congelar e ao virar-se atônito para a fonte daquilo sentira algo forte e esmagador em seu peito fazendo-o cair de dor e não conseguindo ver mais nada.
Hermione olhava para os lados a procura de Draco, enquanto Linda Flaw cantava a sua música romântica e tocante. Começava a sentir algo pesado em seu peito e a ausência de Draco só a preocupava mais. Então do nada todo o Salão silenciara, percebendo isso olhara para Linda Flaw que estava em choque olhando pela janela os terrenos de Hogwarts, e imitando a todos Hermione procurara o motivo daquilo. E notara que todo o salão se escurecera, sendo iluminado apenas por uma forte luz verde que podia ser vista de todas as janelas do Salão.
A Marca Negra. Hermione demorara um segundo para agir, mas saíra às pressas, ignorando os gritos dos alunos em volta, para alguma saída do castelo, sem se importar com qualquer sensação de perigo que lhe ocorresse.
Draco e Dan riam no caminho de volta para o Salão quando tudo se escurecera e eles ouviram os gritos vindos do Salão. Fora então que eles viram por uma das janelas a Marca Negra planando no céu.
– Hermione. – dissera Draco mais pra si mesmo do que pra qualquer um, indo às pressas para o Salão Principal a procura dela. Dan também vira a Marca Negra e sentiu-se frustrado, dizendo alto e nervoso para Draco, antes de ir atrás dele:
– MERDA, DRACO. EU DISSE PRA NÃO DEIXÁ-LA SOZINHA!
**
Pelo visto Harry estava certo, a segurança realmente não estava reforçada. Antes que McGonnagal ou outro professor selasse algum feitiço de saída em todos os lugares, metade dos alunos já poderiam ter saído do castelo.
Eu pulei uma das janelas de chão a teto para fora do castelo indo o mais rápido que meus saltos permitiam para os jardins. Logo eu identifiquei uma cabeleira ruiva se levantar tonta da neve. Era Gina, e isso só me desesperou mais ainda.
– Gina! – eu exclamei indo ao seu encontro.
– Hermione... Levaram o Harry... – ela dissera tonta e meio desnorteada. Fora então que eu senti algo congelante descer pela minha garganta de forma afiada e dolorosa, era medo. Muito medo... Se algo acontecesse a Harry... Eu simplesmente sentia que iria morrer.
Então eu começara a sair o mais rápido possível em direção a Floresta Proibida com a minha varinha já em punho quando eu senti um puxão forte no meu pulso me fazendo voltar e bater de frente com ninguém mais, ninguém menos que Draco, que me olhava sério e quase ameaçador.
– Não. – ele ordenara simplesmente. Eu respirei pesadamente com certeza sem condições de discutir ali com ele, mas seu olhar firme e totalmente autoritário por um momento me freara para qualquer determinação.
– Você sabe que isso não é discutível. – eu respondera no mesmo tom e tentando voltar ao meu caminho, mas ele não largara do meu pulso.
– Eu disse não. – então eu me virara pra ele tão ameaçadora como sempre fomos um para o outro.
– Você. Não. Manda. Em... – mas eu não terminara de falar, pois ele me ignorara me puxando de volta para o castelo.
Então já viu tudo, não é? Eu comecei a protestar não acreditando naquilo. Quero dizer, estamos em guerra e ele ainda quer dar uma de maridão machão pra cima de mim? Por favor, a vida do Harry era muito mais importante do que nossos conflitos. Ao ver que ele não respondia a nenhum dos meus protestos optei por apontar a minha varinha pra cara dele firmemente. Então ele parara e se virara pra mim calmamente olhando indagador da varinha pra mim com o cenho franzido.
– Acha mesmo que isso aí vai me impedir? – ele dissera ainda naquele tom. – Não estamos mais no terceiro ano, Hermione.
– Eu não tenho tempo pra isso. Me solte. – eu ordenara sem me abalar com o que ele dissera. Minha frustração por Harry me perturbava por dentro.
– Não.
– Draco, ele é meu melhor amigo! – não chegava nem perto de um pedido, parecia mais uma ameaça mesmo, mas ele respondera indiferente.
– Não posso salvar o Potter, mas posso proteger você.
– Não quero um ato heróico, quero apenas sua compreensão porra! – eu dissera já estressada.
– Pelo visto não poderei te dar o que você quer desta vez.
– É, nem eu. – eu disse um segundo antes de bater com o meu punho no punho dele que me segurava, obrigando-o a me soltar e empurrando-o de costas na neve e indo o mais rápido possível em direção à Floresta de novo.
Vi que tanto Ron quanto Dan e Jack haviam com muito sacrifício chegado ao local. Jack indo ao encontro de Gina ajudando-a a se manter de pé.
Logo eu sentira algo me prender no chão e me virei pra trás pra ver que Draco já estava de pé e me enfeitiçara. Eu sentira minha fúria crescer e desfizera o encanto, me protegendo dos feitiços que ele ainda fazia pra me impedir de ir.
– Não achei que esse momento chegaria tão rápido, mas já que chegou temos de discutir algumas coisinhas sobre esse namoro. – ele dissera.
– Não tenho tempo pra isso. – eu me irritara.
– Não posso te manter viva se você ficar indo sempre em direção a morte por livre e espontânea vontade.
– Harry está em perigo nesse exato momento... – eu disse ignorando-o.
– ESTÁ ME ESCUTANDO, HERMIONE?
– Malfoy, chega. – disse Ron de forma séria, vindo em minha direção e colocando o braço nos meus ombros. – Harry precisa da gente.
– E VOCÊ CALE A BOCA, WEASLEY!
– Essa guerra é uma merda, mas já escolhemos o nosso lado muito antes de vocês se envolverem. – respondera Ron de forma séria e severa, como eu nunca havia visto antes. Eu vira Draco se corroer de raiva.
– Ela não vai. – ele dissera tentando manter a calma, mas com o olhar de um Comensal. Eu respirara fundo querendo enfim abraçar Draco, mas isso era impossível.
– Não é você quem decide isso. – respondera Ron, então Draco perdera a paciência de vez.
– Você quer entregá-la aos comensais? Ela não é sangue-puro, Weasley! O que farão com ela é muito pior do que farão com você ou o Potter! – Ele rosnara de raiva.
– Eu a protegerei.
– Ahh... – Draco rira em deboche ainda raivoso.
– Draco. – eu me virara pra ele então de forma calma e compreensiva, dando alguns passos em sua direção até ficar bem próximo a ele. Ele me olhara totalmente contrariado e eu dissera em voz baixa. – O que eu te disse hoje cedo não é mentira... – ele estalara o maxilar ainda sem querer dar o braço a torcer. – Mas ainda sim eu também pertenço aos meus ideais. E tanto Harry quanto esta guerra fazem parte deles. Eu preciso ir. Eu vou. – ele me encarara por um tempo muito contrariado, via-se a raiva e estresse em seus olhos. E depois de algum tempo de profundo silêncio ele se virara para Ron com a voz mais controlada.
– Quem você quer? – ele dissera de forma estratégica.
– Voldemort. – Ron respondera aliviado por Draco querer cooperar. Eu também me sentira aliviada por mais que a raiva ainda não saísse das feições contrariadas dele.
– Não. Ele não está aqui. Devem ter vindo apenas seus Comensais de maior confiança. Como meu pai... – e então me olhara rápido. – Ou minha tia.
Eu sentira meu peito inflar de uma ansiedade absurda. Bellatrix... Aquela assassina estava lá dentro na Floresta Proibida, eu precisava ir ao encontro dela e se ela tocasse em Harry...
– Pode nos levar até o Harry? – perguntara Ron. – Sabe pra onde eles podem tê-lo levado?
– Eles ainda devem estar na Floresta, seria muito arriscado sair pelos campos abertos de Hogwarts para aparatar. Ainda mais sabendo que isso é impossível em Hogwarts.
– Então vamos. Antes que alguém venha revistar essa parte do jardim – eu dissera decidida indo em direção a Floresta.
– Millinton leve minha irmã para a Enfermaria. – dissera Ron. Jack acenara positivamente com a cabeça.
– Bem, falando nisso, acho que vou com vocês. – disse então uma voz descontraída às nossas costas. Nos viramos e vimos Dan tentando sorrir amarelo. – É sério, vocês com certeza vão precisar de uma alma atraente nesse grupo resgate de vocês.
– Não, não vamos não. – eu respondera totalmente contra aquela idéia absurda.
– Sério, não precisamos de mais alguém pra correr perigo. – dissera Draco para o amigo.
– Acredite: corro mais perigo lá dentro com aquelas homicidas, do que aqui fora com Comensais. E além disso, Draco,... Você, graças a Merlin, não é meu namorado, então nem tente protestar. – e dizendo isso fora passando pela gente em passos decididos e descontraídos para dentro da Floresta Proibida, depois nós três o seguimos, achando qualquer coisa daquela noite menos engraçada.
**
Eles já estavam há um bom tempo andando dentro da Floresta Proibida e seguindo os poucos sinais de presença do lugar, quando alguns vultos apareceram em volta deles, cercando-os.
– Fiquem juntos. – ordenara Draco para os demais. Os quatro apontavam suas varinhas para os seres encapuzados a sua volta, Dan ainda conseguindo fazer uma piadinha da situação. “É, não se vê disso todo dia.” Então Draco se virara ameaçador para os Comensais e perguntara em voz alta e autoritária, mais ainda apontando a varinha para eles. – Onde está o meu pai?
– Malfoy filho, lutando ao lado de traidores? – dissera um Comensal olhando de Ron para Dan.
– Sinto cheiro de sangue-sujo. – dissera outro comensal em deboche.
– Respondam minha pergunta. – dissera Draco ainda mais ameaçador.
– Lucius não se encontra aqui esta noite. Mas se sente falta da família pode falar com nossa senhora. – respondera um terceiro Comensal. Draco olhara rápido de forma tensa para Hermione e se voltara novamente para os Comensais. – E o Potter, onde está?
– Na boa, Draco, eles não parecem muito a fim de cooperar... – cochichara Dan ainda em posição de duelo.
– Ele tem razão, Sr. Malfoy. Com todo o respeito, estamos proibidos de confraternizar com traidores e sangues-ruins. – respondera um Comensal irônico.
– Querem saber? Cansei disso! – dissera Hermione um segundo antes de enfeitiçar o Comensal que falara, fazendo-o voar a metros de distância e então todos ali começaram a batalhar de forma descontrolada.
Eram flashes de luz para todos os lados, derrubando um ou outro de forma avassaladora. Hermione notara que os feitiços não falados que Draco usava, faziam muito mais efeito nos Comensais do que os dela ou de Ron e Dan.
– Que feitiços você está usando? – gritara Hermione para ele enquanto se defendia de um outro feitiço. Draco parecera meio desconcertado, mas respondera.
– Ah... Uns aí... – dissera logo batalhando com outro Comensal.
– Ok... Isso não é como o Clube de Duelos, mas até que não é chato. – dissera Dan ao derrubar outro Comensal.
– Pois você é o único que está se divertindo. – dissera Ron caindo para trás. Percebia-se também que os Comensais evitavam duelar com Draco, sendo que ele comprava a briga.
Hermione caíra para trás ferindo a nuca, o que lhe fizera lacrimejar por um instante, um instante fatal que se não fosse por Draco, que aparecera para enfeitiçar o Comensal que ia em direção a ela, estaria morta. Os quatro, por mais difícil que parecesse, conseguiram passar pelos Comensais e saíram vivos por mais dois ataques, continuando seu caminho.
Draco aproveitara a distração de Hermione para puxar Daniel num canto qualquer de forma decidida.
– Ok. Eu não digo para Hermione que feitiços você está usando se me der sua Nimbus. – brincara Daniel em voz baixa antes que Draco falasse.
– Quando eu mandar, quero que tire Hermione daqui. – Daniel o olhara irônico.
– Só isso? Não quer que eu leve as árvores comigo também, não? – então dissera mais estressado. – Porque é mais fácil levar uma comigo do que fazer Hermione desistir desse resgate.
– Se batermos de frente com Bella ou qualquer outro da minha família, Hermione está morta.
– Ah, pode ter certeza que sua tia mata a gente também. Eu nunca gostei dela mesmo, apesar dela ser uma gostosa.
– Daniel!
– Eu ouvi! – brigara Daniel de volta. – Eu tiro Hermione daqui na hora certa. Por que você acha que eu vim afinal? Pra montar o clube dos poetas mortos com os Grifinórios? Você não é o único que se preocupa com ela aqui, Draco. – Draco respirara fundo percebendo que exagerara com o amigo. Daniel botara a mão no ombro do amigo e dissera firme. – Hey, Hogwarts é nossa, lembra? – e dera então uma piscadela para o amigo, fazendo-o rir de lado, e foram juntos atrás dos outros dois.
E então novamente se viram em mais uma emboscada de Comensais, mas para a adrenalina de Ron e Hermione, Harry estava desacordado entre eles.
– Soltem-no! – ordenara Hermione com os outros três aos calcanhares. Draco apenas cuidando da segurança de Hermione.
– Como ousa nos dirigir a palavra... Sangue-Ruim? – dissera um dos Comensais.
– Chame-a assim de novo e eu acabo com você. – dissera Ron ameaçadoramente para o Comensal que apenas rira.
– Se acalme, Weasley. Sei que você nunca foi bom em matemática, mas se não percebeu, estamos em absurda minoria aqui. – dissera Draco em voz baixa, mas ainda arrogante, para o ruivo que apenas o olhara emburrado.
– Ah, que coisa ultrapassada... – dissera Daniel descontraído – Sangue-ruim, sangue-puro... Somos todos bruxos. Não podemos apenas resolver isso amigavelmente? Vocês nos entregam o Potter, a gente dá o fora daqui, e vocês continuam o ataquezinho de vocês. Que tal?
– Não será possível. – respondera outro Comensal.
– Ok, então. A gente tentou... Vamos? – dissera Daniel já preparado para dar o fora dali.
– Daniel! – brigara Hermione.
– Eu não vou sem Harry. – dissera Ron decidido.
– Eu não vou sem Hermione. – dissera Draco irritado.
– Ok, e eu não vou sozinho porque não consigo achar o caminho de volta pra Hogwarts. Muito obrigado, Potter. Muito obrigado mesmo. – reclamava Daniel. Um dos Comensais se pronunciara ameaçador para Hermione.
– Vamos acabar logo com isso, a presença dessa imunda já está me irritando...
– É, você não é muito cheiroso também. – dissera Daniel para o Comensal.
– Eu ia adorar quebrar o pescoço dela.
– Eu ia adorar ver você tentar. – dissera Draco ameaçador, se pondo entre Hermione e o Comensal.
Logo foram ouvidos barulhos de cascos e galopes, e um majestoso cavalo negro saltara sobre a cabeça de alguns Comensais, saltando para dentro da roda de Comensais ao lado dos jovens. Hermione vira um homem belo, que por um momento achou ser Draco, só diferenciando o penteado e a cor dos olhos. Mas tinha o mesmo porte majestoso, o mesmo ar superior. O homem que observava a cena com o cenho franzido encontrara o olhar de Hermione e estranhara mais toda aquela cena.
– Tio? – dissera Draco surpreso.
– Draco? – dissera o homem no cavalo de volta, analisando ainda mais o lugar e as pessoas em volta e notando a presença de Harry desacordado, o que Hermione notara causar algum efeito desconhecido nele. – O que está acontecendo aqui?
– Tio Ephram? – dissera Dan completamente divertido. E rindo alegre e aliviado. – Estamos salvos.
– Por que estão apontando estas varinhas inúteis para o meu sobrinho? – perguntara Ephram de forma ameaçadora e superior para os Comensais que tremeram à sua voz. – E vocês... – se virara então para Draco e Daniel. – O que estão fazendo com este traidor? E... – notara Hermione. – Uma sangue-ruim? – franzira então o cenho. – Aqui?
– Ah é mesmo, tinha me esquecido desta parte. – dissera Daniel em voz baixa, totalmente derrotado.
– Você não está fazendo a guarda desta menina... Está?– dissera Ephram rigorosamente para Draco.
– VAI! – dissera Draco alto para Daniel que puxara Hermione em alta velocidade para dentro da Floresta antes que a coitada ou Ron conseguissem entender o que estavam fazendo. Mas na mesma hora que todos os Comensais começaram a atirar feitiços em suas direções, Draco enfeitiçara Ephram que acabara por cair do cavalo para trás.
– Como eu sentia falta da família. – debochara Ephram ao se levantar e atacando Draco com um feitiço, fazendo-o cair para trás também, batendo de costas numa árvore e se virando para uma penca de Comensais que vinham cheios de atitude para cima do sobrinho. – E vocês o que estão fazendo aqui? O ruivo está indo em direção ao prisioneiro! – os Comensais obedientes correram para o ruivo que se defendia com a ajuda de um Harry semi-acordado.
Ephram ia em alta velocidade até seu cavalo quando Draco finalmente o atacara já de pé, Ephram apenas usara o “protego”, e subira no cavalo com superioridade, galopando em alta velocidade na direção em que Daniel e Hermione haviam ido, desviando facilmente de Draco, que se colocara em seu caminho.
– Não! – gritara ele para o tio inutilmente. Draco se adiantara para ir atrás dele quando ouvira um grunhido de dor atrás de si e revirando os olhos se virara para Ron e Harry que lutavam uma batalha perdida contra os Comensais. E dissera para si mesmo: – Eu não acredito que vou fazer isso...
E no mesmo instante usara um feitiço mudo que derrubara metade dos Comensais e logo atacando a outra metade junto dos outros dois, com maior intensidade e resultado.
Daniel corria numa velocidade absurda, que fazia os joelhos de Hermione gritarem por descanso. Ela mal agüentava o ritmo de Daniel, caindo diversas vezes e logo sendo puxada pra cima por ele, que não parava em nenhum momento.
– Dan... Calma... Espera... Me explica... – mas Daniel não respondia, só tinha atenção para o caminho. Então ouviram novamente o barulho de cascos e Daniel apertara ainda mais o passo com Hermione que começara a sentir o peito inflar.
– Não precisa fugir de mim, Daniel... Você é praticamente da família. – dissera Ephram em voz alta à procura dos dois, mas Daniel não parara um minuto sequer.
Quando Daniel parara totalmente esgotado, olhando para os lados sem uma única saída, empurrando Hermione para trás de uma árvore. Hermione nunca vira Dan tão tenso e nervoso na vida.
– Não precisamos fugir, podemos ficar... E lutar. – dissera Hermione de forma compreensiva para o amigo, que parecia ter como objetivo tirá-los dali em segurança.
– Não dessa vez, Hermigatinha. Não dessa vez. – ele dissera sério e decidido sem encará-la, ainda olhando as árvores em volta. Hermione respirara tensa e inquieta querendo, apesar de toda a atenção de Dan, correr de volta para Draco, Harry e Ron. Daniel então a encarara parecendo chegar numa solução. – Você consegue se defender? Digo... Está escuro, você consegue enfeitiçar sem errar? Consegue pensar em feitiços suficientes agora? Isso não é um Clube de Duelos. – ele dissera seriamente.
– Claro que consigo. – ela dissera meio ofendida, então Daniel respirara pesadamente desviando o olhar, ainda tentando se convencer de que aquilo era o certo, Hermione então se estressara. – Eu não consigo entender essa absurda super proteção de vocês comigo, eu sei me defender muito bem... Sempre soube. E eu costumava ser de muita ajuda antigamente. – Daniel nem prestara atenção no que ela dissera e voltara-se novamente para os sons dos cascos que se aproximavam. E então se virara para Hermione mais uma vez, ainda mais decidido e sério.
– Escuta, presta muita atenção. O único jeito de eu te tirar daqui antes de Ephram nos encontrar é se eu me transformar... Mas eu não poderei usar minha varinha pra proteger você.
– Transformar em que? Quem é Ephram? – perguntara Hermione confusa.
– Tio do Draco. Você entendeu? Vai precisar ter a máxima atenção, ainda mais porque vai ser a primeira vez que vou tentar concentrar toda a minha mente animaga, que ainda não é das melhores.
– Você também é um animago? Você e Draco... – mas ela não terminara de falar, Daniel tampara a boca dela com uma das próprias mãos e os dois viram um cavalo negro passar ao lado deles.
Os dois nem respiravam e Hermione novamente quase se perdera na beleza surpreendente do cavaleiro.
Daniel, após o cavalo passar, com muito cuidado para não fazer barulho, puxara Hermione ainda para mais longe por entre as árvores até manterem uma distância confiável. Então Dan se virara novamente para a castanha.
– Vai ser agora. – ele dissera, Hermione fizera sim com a cabeça e Dan para descontrair um pouco dera uma pequena piscada debochada, tentando esconder sua seriedade ao máximo, o que fizera Hermione dar um leve sorriso triste.
Então uma luz dourada tomara conta da Floresta e uma brisa gelada balançara os cachos castanhos de Hermione para trás, deixando a garota boquiaberta ao ver o amigo. Em sua frente não havia mais um garoto bonito de sorriso debochado, mas um lindo e majestoso cavalo marfim de uma crina tão loira e brilhosa como os cabelos de Dan. Era o cavalo mais lindo que Hermione já vira. Hermione também ouvira os cascos de outro cavalo se aproximarem de forma rápida. Com certeza o tio de Draco percebera a presença deles.
Logo o animal balançara a crina inquieto e abaixara-se, Hermione entendendo a mensagem subira instantaneamente em suas costas, segurando firmemente em sua crina sedosa e loira. O animal ágil na mesma hora levantara-se e Hermione segurara sua varinha em punho de forma preparada. O animal então começara a galopar de forma rápida e segura para quanto mais longe do lugar, obrigando Hermione a se desviar dos galhos de árvores que apareciam.
Logo ela olhara para trás e vira o homem belo cavalgar atrás dela de forma sombria e mais ágil que ela. “Um pouco mais rápido, Dan.” ela sussurrara para o cavalo que instantaneamente começara a dar galopes mais largos e rápidos. Então Hermione sentira algo arranhar seu ombro direito o que a fizera gemer dolorosamente vendo o imenso corte que o feitiço do outro a fizera no ombro. Ela voltara sua atenção para o caminho, mas logo outro feitiço fizera tudo à sua frente fechá-lo instantaneamente. O cavalo parara de supetão e Hermione se virara então para o homem parado em seu cavalo de frente para ela com a varinha apontada e com um sorriso desdenhoso que instantaneamente a fizera se lembrar de Draco.
– Não vai a lugar nenhum, sangue-ruim. – dissera o homem com a voz arrastada fazendo seus olhos negros brilharem em perigo. Hermione vendo que não havia mais nenhuma saída apontara a própria varinha para o homem de forma desafiadora. O homem apenas rira de lado.
– Saiba que seu parentesco com Draco não me comoverá em nada, Comensal. – ela dissera com a voz decidida.
– Meu parentesco com Draco? – ele debochara. – E por que isso haveria de te comover? Está apaixonada por ele? – Hermione apenas pressionara os dentes em ódio por aquele homem. – Psiiii... Grande erro.
Hermione sem mais nem menos então o enfeitiçara com um feitiço não-verbal, que não causara nenhum efeito, uma vez que o homem se protegera com facilidade.
– Só existiu uma única sangue-ruim capaz de me ferir, menina, e ela já morreu faz muito tempo.
– Você a matou? – perguntara Hermione de forma bruta e desafiadora. O homem respirara pesadamente sentindo uma leve irritação por ela.
– Isso não é da sua conta. – Hermione então soltara uma risadinha desdenhosa.
– O que foi? É um assunto doloroso pra você? Quer sentar e desabafar?
– Você tem passado tempo demais com meu sobrinho, não tem? – dissera o homem de forma curiosa percebendo o mesmo tom de Draco nas palavras dela. Hermione não dissera nada apenas mirando-o com ódio.
– O que você fez com ele?
– Com quem? Draco? Por favor, garota... É meu sobrinho, acha que eu faria mal a ele? Já quanto aos seus amiguinhos... Não posso prometer nada. – Hermione novamente o enfeitiçara sem resultado.
– O que foi? Não vai me matar? – ela dissera novamente desafiadora, já ofegando em desgasto.
– Por que? Você quer morrer? – ele dissera perigosamente um segundo antes de levar um susto com o cavalo que Hermione montava, que se erguera nas duas patas traseiras guinchando contra ele protetoramente. O homem o olhara de forma divertida. – Daniel Conl... Finalmente domado por uma garota. – o cavalo ainda balançava a crina dourada de forma ameaçadora para o homem. – Não consigo entender toda essa proteção. Conheço Draco desde que nasceu e sei muito bem que ele nunca faria algo parecido, ainda mais para com uma sangue-ruim.
– Talvez você não o conheça tão bem assim. – dissera Hermione ainda desafiadora, o homem apenas a encarava de modo analisador. – Aliás, o que você quer comigo?
– Com você? – rira ele. – Não seja tola, garota. Eu sou um Comensal... Devia saber que sangues-ruins como você são alvos muito apreciados por nós. Não é pessoal... Ainda.
– Se você fizer algo ao Harry... Ou ao Ron...
– Ou a Draco. – ele respondera por ela, lendo a sua mente. Ela sentira sua raiva aumentar. E então ele olhara para o cavalo dela que ainda o encarava ameaçador. E rira de lado finalmente somando um mais um. – Parece que a história nunca muda, não é mesmo?... – ele comentara. Hermione parecera não entender. – Lucius vai achar interessante. – ele dissera massageando a testa.
– Seja claro. – ordenara Hermione.
– Não me dê ordens, garota... Você não é uma Malfoy, e nunca será...Lamento.
Hermione sentira como se levasse um tapa na cara, sem conseguir entender o porquê de ele falar coisas daquele tipo. Então o homem apontara a varinha para Hermione indiferente.
– Infelizmente, há um destino ainda mais cruel para aquelas que se apaixonam por um Malfoy. – disse ele meio segundo antes de enfeitiçá-la, Hermione usara um feitiço protetor, mas não fora forte o bastante.
O feitiço fez ela ser jogada para trás com brutalidade, batendo numa árvore. O cavalo marfim se adiantara ameaçador contra o homem que o enfeitiçara também fazendo-o ser jogado para trás. Hermione, que se levantava com dificuldade, gritara pelo nome de Dan ao vê-lo sendo ferido. Quando caíra, Dan já não era um bonito cavalo, mas sim um belo rapaz desacordado. Ephram descera do cavalo indo até o garoto com desgosto, abaixando-se até ele.
– NÃO TOQUE NELE! – ordenara Hermione agressivamente enquanto tentava se manter de pé.
– Tem que parar de ficar sempre me dando ordens, Sangue-Ruim. – dissera o homem indiferente, apenas levando dois dedos até o pescoço de Daniel, sentindo sua pulsação, e logo se levantando e indo em direção a castanha, já bastante machucada e despenteada e com o vestido todo sujo.
Ele guardara a varinha nas vestes indiferente enquanto Hermione se preparava para atacá-lo. Mas quando dera por si o homem já estava atrás de si agarrando-a pelo pescoço ameaçadoramente, enquanto que com a outra mão prendi-a pela cintura. Hermione surpresa soltara uma exclamação de temor, sentindo raiva dos próprios nervos ao sentir a mão áspera do homem em seu pescoço. Ele tinha as mesmas ações de Draco e o mesmo toque, mas de forma mais segura de si e perigosa.
O homem a analisava atentamente sentindo certo efeito sobre a pele lisa e macia dela e o seu sangue quente que ele sentia correr em seu pescoço. Aquela raiva que a castanha sentia, aqueles gestos desafiadores e aquele rosto bonito. Tudo o fazia se lembrar dela. E isso o irritava ainda mais. Depois do que pareceu mais de uma eternidade para os dois o homem sussurrara, fazendo seu hálito quente arrepiá-la, o que não passou despercebido por ele.
– Eu não sei o que você fez com o meu sobrinho... Mas nenhuma outra Sangue-Ruim vai interferir na vida de um Malfoy. – ele dissera ameaçador, ela parecera confusa e logo fora puxada por ele com brutalidade até o seu cavalo negro.
Fora posta sobre o cavalo e o homem subira logo atrás dela, segurando-a firmemente sobre o animal. Ela lutando contra ele inutilmente. E então ele se aproximara ainda mais dela quase tocando os lábios firmes e sedutores em sua orelha.
– Agora é pessoal. – e fora em toda velocidade para o outro lado da Floresta, levando-a consigo.
Draco caminhara cansado, já sem o smoking e apenas com uma camisa branca de manga comprida com os primeiros botões abertos, sujos tanto de terra como de um pouco de sangue. Harry e Ron vinham logo atrás dele observando o lugar quando os três avistaram um corpo jogado ao relento.
“Ali!” dissera Ron e os três correram até então para o corpo de um desacordado Daniel. Draco se abaixara nervoso vendo um filme em sua cabeça onde ele e Daniel com nove, dez anos subiam em árvores jogando feitiços um no outro. Segurara o rosto do amigo com as duas mãos encarando-o tenso.
– Daniel. – ele chamara, sem resposta. Ele olhara em volta à procura de Hermione sentindo seus olhos arderem, mas se segurando. Nunca demonstraria fraqueza perto daqueles dois. – Daniel. – ele chamara novamente sem sucesso.
Então fechara os olhos murmurando um feitiço antigo que acordava uma pessoa por pior e profundo que fosse seu desmaio. Daniel acordara aos poucos de forma zonza e Draco respirara disfarçadamente aliviado.
– Draco... – ele dissera tentando levantar nervoso.
– Calma, cara, fique deitado.
– Não... Hermione...
– O que houve com ela? – perguntara Harry ainda mais nervoso, mas Daniel não respondera para ele.
– Sai daqui... Vai... Vai logo... – dizia Daniel para Draco empurrando-o. – Ele está com ela... Vai! – Draco percebendo o conteúdo daquilo se desesperara, levantando e correndo a toda velocidade para dentro da Floresta, ignorando o chamado de Harry e Ron, com apenas Hermione na cabeça.
As corujas e árvores presenciavam a corrida desesperada daquele belo rapaz loiro por entre os galhos e raízes altas, com a Lua Cheia como única luz presente, como se ele pudesse sentir por onde o tio havia ido. Num momento era o rapaz que corria, no outro era um lobo branco como o luar que saltava por entre a neve e os obstáculos da Floresta em ainda maior velocidade, com o olhar cinza concentrado no caminho que farejava. Um lobo tão belo quanto assustadoramente perigoso, de uma beleza e fúria selvagens que só o luar parecia não temer.
**
Só de lembrar me causa arrepios. Quando finalmente chegamos num ambiente ainda mais sombrio e meio gótico, que com certeza não fazia mais parte dos campos de Hogwarts e agora pensando nisso, não estávamos mais em Hogwarts há séculos, desde o primeiro ataque. O tal tio de Draco cavalgava em volta a procura de alguém que ele chamava, e que meu peito se esquentara numa fúria absurda só de ouvir aquele nome.
– Bella! Bella! – chamava o homem na sua voz fria e rouca. Logo seres encapuzados pareceram surgir do nada de forma fantasmagórica.
Vários Comensais da Morte e na frente deles uma mulher bonita de longos cabelos negros e bem lisos e um olhar grande, forte, e azul... Como os de Sirius. Um sorriso perigoso e feições superiores que só aumentaram minha vontade de partir pra cima dela. O homem parecera perceber pelo modo que eu me debatia contra o seu braço.
– Vocês já se conhecem? – Bella apenas me olhara indiferente.
– Não é ela quem eu quero. Onde está o Potter?
– Potter não era problema do Draco? – eu não entendera exatamente o que eles queriam dizer, tudo o que eu queria era sair dos braços dele para arrancar os cabelos daquela assassina.
– Draco anda muito afastado... Queria ver se ele se tocava. – dissera Bellatrix, arrastando aquele manto roxo pela neve.
– Bem, e aqui está o motivo desse afastamento. – dissera ele segurando meu pescoço e dizendo de modo divertido, só então Bellatrix parecera me olhar de verdade.
– O que quer dizer?
– Acho que nosso sobrinho está tendo um caso um pouco incomum. – só então eu me sentira sendo puxada pelo umbigo de forma bruta até a alguns centímetros do rosto superior daquela desgraçada. Eu estava erguida magicamente do chão de forma que ficasse cara a cara com ela.
– Você não está se referindo a esta... Sangue-Ruim amiga do Potter... Está? – ela dissera séria com certo desprezo.
– Por incrível que pareça, parece que esse tipo chamou a atenção de um membro da nossa família. – dissera o homem ainda divertido. Só então Bellatrix se virara para ele de forma censurada.
– Não seria a primeira vez. – o homem não respondera e então ela se virara para mim mais uma vez. Como se lesse a minha frente, e com certeza lera, pois sorrira de leve. – Você me odeia. Você queria esse encontro. Por quê?
– Você matou Sirius... – eu disse com a voz rouca, sentindo meu ombro ainda sendo perfurado e cuspindo ódio por todos os poros.
– Sim, matei. E o mesmo acontecerá ao seu melhor amigo. – eu sentira o cavaleiro um pouco inquieto, mas nada me distraíra daquele olhar debochado dela.
– Eu não vou deixar.
– E o que você vai fazer? Duelar com...
– Eu vou matar você. – eu dissera antes que ela conseguisse responder e por um momento ela apenas me encarara interessada, como se considerasse o que eu acabara de dizer.
– Você me lembra Lílian Evans... – ela dissera entre dentes com certa ameaça, o que primeiramente me deixara sem reação, ela pousara os olhos então no tal Ephram e se voltara para mim novamente que mantinha o olhar desafiador. – Tudo bem, sangue-ruim... Você quer me enfrentar? Terá a sua chance. – e instantaneamente eu fora jogada no chão em um baque e eu pegara minha varinha ainda não acreditando no que estava acontecendo enquanto ela dava ordens para que ninguém interferisse no duelo.
– O que? Do que é que você está falando? – dissera o tio de Draco parecendo um pouco tenso.
– Não quer ver a história se repetir, Ephram?
– Não há motivos para isso. Pra quê esse duelo? Mate-a de uma vez.
– E qual seria a graça? – dissera ela para ele com um sorriso.
Ficamos então em posição de ataque. Mas antes que eu terminasse de dizer o feitiço “expelliarmus” ela usara o crucio em mim, me fazendo cair no chão e gritar desesperada por todos os meus ossos e músculos que pareciam se partir. Eu nunca sentira tanta dor em toda a minha vida, e é como se eu continuasse a senti-la para sempre.
O duelo não rendia em nada, era vergonhoso o modo como eu estava obviamente inferior a ela, ela usara o Crucio diversas vezes em mim, rindo do meu patético show. Quando eu sentira a dor cessar eu ainda não conseguia levantar do chão sentindo como se uma tonelada de pedras estivesse sobre minhas costas. Eu respirava e gemia de dor sem nem conseguir forças suficientes para disfarçar isso. Meus dedos doíam apenas pelo contato sobre a terra. Meus olhos ardiam e todo som parecia distante. Eu não conseguia identificar nada, nem um pensamento com perfeição naquele momento. Mas ainda tenho a impressão de ter ouvido as seguintes palavras:
– Chega! Não foi pra isso que eu a trouxe aqui. Não pra isso!
– Você e sua ridícula compaixão para com as Sangues-Ruins, Ephram.
– Não tem razão para torturá-la.
Então eu ouvira uma pequena risada em resposta com certeza dela, e eu fora novamente erguida no ar o que me fizera novamente gemer em dor por todos os poros. Não parecia haver uma parte de mim que não estivesse totalmente destruída. Então eu a ouvira dizer:
– Se tivessem feito isso com a Evans vinte anos atrás, teríamos evitado problemas muito maiores.
E um segundo depois, antes de eu mesma digerir aquelas palavras ela veio numa velocidade absurda até mim e enfiara algo afiado um pouco abaixo de minha cintura. Um punhal torto que me fizera dar qualquer suspiro de dor que ainda me faltava, e qualquer esperança de que eu sobreviveria.
“PARE, BELLA. EU ESTOU PEDINDO!” eu ouvira ao longe, eu sentia a lâmina dentro de mim firme e fria, abrira os olhos com dificuldade e vira o olhar azul e bonito, frio dela me encarando enquanto ainda segurava o punhal em minha barriga.
– Você não disse que ia me matar? – ela sussurrara. E retirara o punhal de dentro de mim de modo brutal me fazendo cair novamente na neve esperando pela morte.
Eu não escutava mais nada a minha volta, tudo não passava de um borrão a minha frente. Eu conseguira sentir apenas as folhas secas que batiam na neve numa brisa que começara do nada. A brisa começava a aumentar do mesmo jeito que o som das folhas secas.
Deixei a cabeça cair para o lado e mirei o vale vermelho de sangue que entrava em contraste com a neve, e eu conseguia senti-lo, conseguia sentir o calor daquele sangue como a aspereza da neve que começara a se misturar à brisa.
**
O lobo continuava a saltar sobre a neve sentindo a presença de Bellatrix, de Ephram e de Hermione cada vez mais perto. Sentira do nada uma poderosa corrente de ar bater sobre o seu rosto e apertara ainda mais o passo para o caminho de onde tal ar vinha.
Bella se virara indiferente para Ephram enquanto analisava o próprio punhal. A garota estava jogada naquela roda de Comensais silenciosos que apenas observavam com muita atenção enquanto Bella encarara um Ephram totalmente pasmado. Ela elevara o punhal até a altura do rosto e passa a língua no sangue contido na lâmina. Ephram apenas franzira ainda mais o cenho em desaprovação.
– Quando foi que se tornou uma mulher assim? – ele resmungara com mágoa.
– Uma Comensal? – ele engolira em seco sabendo que realmente fizera uma pergunta idiota. Afinal ele era o Comensal estranho, e não ela. – Parece que o estrago que a sangue-ruim te causou não tem mais cura, não é mesmo?
– O que está acontecendo? – dissera um outro Comensal alterado. Bella se virara para ele assim como Ephram e viram que os Comensais em volta pareciam nervosos e assustados. “Que magia é essa?” gritara um. Então Bella olhara para a garota jogada na neve.
Um redemoinho de neve havia surgido do nada em volta da garota. Bella franzira o cenho sem entender e logo vira o gelo sob os pés dos Comensais se partir. Estes, desesperados tentaram correr, mas muitos acabaram por cair na água congelada. Bella enfeitiçara a neve em volta de si, Ephram fizera o mesmo e ficaram seguros, mas os outros Comensais optaram por entrar em pânico tentando diversos feitiços contra a garota, que rebatiam no redemoinho.
Quando o redemoinho cessara, Hermione já estava de pé e com a varinha em punho, apesar do sangue que ainda escorria de seus ferimentos.
– O que... – dissera Bella sem entender. Hermione respirava com dificuldade e deixara a própria varinha cair na neve. Todos estavam cada vez mais confusos, até que uma massa de ar parecera sair dela indo sobre os Comensais brutalmente derrubando-os. Bella pegara a própria varinha, mas algo segurara seu pulso firmemente e então encontrara os olhos negros de Ephram.
– Já chega, Bella.
– Ela não é Lílian, Ephram. – dissera Bella entre dentes enfeitiçando então Hermione, mas o feitiço batera numa fina parede de gelo que surgira do nada à frente da garota. – Mas o que diabos está acontecendo? – se estressara a Comensal. – PEGUE-A! – ordenara então para Ephram que respirara pesadamente, mas acabara por subir novamente em seu cavalo negro e ir a passos rápidos até ela.
Ele vira Hermione encará-lo e ele apontara a própria varinha para ela, mas ela apenas se inclinara para ele e os cascos do cavalo acabaram por serem presos ao gelo, deixando o animal agitado e fazendo-o cair. O homem sem entender fora até o cavalo usando um feitiço para soltar os cascos do cavalo do gelo. Parou assustado de frente para a garota que parecia totalmente possuída por alguma coisa e não fazia a menor idéia do que estava acontecendo. Que parecia exercer de um poder incrível, então ele começara a entender o que acontecia ali, já vira aquilo antes. Ele se virara para Bella gritando para ela.
– Ela está usando Magia Elemental!
– O que? – gritara Bella de volta, sem ouvi-lo direito por causa de todo o barulho sendo causado.
– Magia Elemental! – ele repetira.
Bella não conseguia acreditar no que acabara de ouvir, com certeza aquilo parecia mesmo Magia Elemental, mas não tinha como aquela pobre garota ter alguma noção de uso de tal poder, em toda a sua vida ela só vira tal magia ser executada uma única vez.
– A mesma que Evans usava! – gritara Ephram para ela, praticamente adivinhando seus pensamentos.
– Mas como é possível?
– Eu não sei! – então o poder parecera ter chegado numa proporção ainda maior atingindo todos os Comensais de uma vez, que desesperados começaram a aparatar, sobrando apenas Ephram que fora atingido dolorosamente, Bella que também fora jogada para trás com brutalidade e um outro Comensal robusto de confiança de Bella, que a ajudara a se levantar.
E então tudo se acalmara novamente, a neve abaixara assim como a ventania e Hermione aparecera novamente respirando com ainda mais dificuldade, parecendo totalmente perdida, mal conseguindo se manter de pé, com a mão presa em sua cintura que sangrava ainda mais.
– Acabou... – dissera Bella para Ephram e seu Comensal de confiança. Ephram levantava totalmente surpreso, olhando para Hermione de forma pasma. Bella encarava Hermione com ódio e serrara os próprios dentes para manter o controle, então se virara para o Comensal. – Mate-a.
O Comensal ouvindo a ordem, acenara afirmativamente e andara em passos calmos até Hermione que tentara dar alguns passos para trás sem muito sucesso, já que ficar de pé já parecia muito para ela. Então o Comensal de pele clara e olhar assassino dera um meio sorriso para ela um segundo antes de acertá-la no queixo com um bruto soco, fazendo-a cair na neve cuspindo sangue e totalmente zonza. Até mesmo Ephram se surpreendera com a ação do homem, então ele vira o Comensal apontar a varinha para o peito da garota estirada na neve e levara outro susto.
O homem não conseguira dizer o feitiço fatal uma vez que um lobo branco saltara sobre ele atacando-o ferozmente, enquanto o homem berrava de dor e desespero. Mordendo e arranhando-o, o lobo atiçava ainda mais os caninos brancos para o Comensal de forma selvagem. O homem desesperado conseguira depois de muito ferido se esquivar e se virara para correr do animal, mas então sentira não garras, mas alguém pegá-lo e jogá-lo de cabeça contra uma árvore o deixando zonzo, tal pessoa o virara para encará-lo, e então ele vira o filho dos Malfoy encarando-o com intenso ódio.
Draco Malfoy encarara-o por um tempo como se ainda tivesse caninos de lobo sem conseguir dizer nada para aquele verme, apenas acertando-o um soco no queixo e outro no olho, e não parara mais, acertando o homem de todas as formas possíveis até o homem cair desacordado na neve. Então ele continuara por encarar o homem de cima, respirando ódio por todos os poros quando ouvira alguém chamá-lo.
– Draco... – chamara Ephram numa voz quase acolhedora.
– Fique longe de mim! – Draco gritara de volta com a varinha em punho, então virando-se para a tia, que encarava a cena apenas com um olhar superior. Começara em passos decididos a ir até ela quando Ephram entrerara em seu caminho segurando-o.
– Não faça isso, não faz idéia da percussão que isso causaria. – dissera o tio enquanto Draco apenas a encarava com ódio e sede de matar. E então ele ouvira outra voz.
– Dra... Draco... – ele se virara totalmente atônito e correra de volta para o corpo de Hermione jogado na neve, ele a abraçara sentindo uma lágrima escorrer de seus olhos sem saber o que fazer por ela que sangrava de quase todos os lugares. Seu vestido quase todo rasgado e os cabelos soltos na neve e seu rosto marcado pelo soco do Comensal. Ele encostara a própria testa na dela de forma sofredora, beijando-a dolorosamente.
– O que fizeram com você? Merlin... – ele sussurrara pra ela totalmente desesperado. Mas a garota não prestava atenção em nada a sua volta quase inconsciente chamando por ele. – Não durma... Não durma... Preste atenção em mim, não durma. – ele dissera firmemente para ela vendo então o ferimento profundo em sua cintura causado por um punhal, ele levara a mão a testa sem saber o que fazer. Deixando outras lágrimas caírem... E as enxugara de forma rápida se virando para os tios novamente com ódio. – Quem de vocês fez isso? QUEM?
– Eu... – dissera Bella um segundo antes de ser acertada por um feitiço mudo por Draco que a ferira profundamente no ombro. – Como ousa me atacar? – ela dissera para ele que já estava de pé.
– Eu vou matá-la, Bella. – Dissera Draco fazendo Ephram revirar os olhos.
– Me matar? – rira ela. – Então é verdade? Você está mesmo namorando essa sangue... – novamente Bella fora acertada por outro feitiço dele que atravessara agora dolorosamente sua perna. – Eu lhe fiz um favor! Faz idéia do que Lucius fará quando descobrir isso? Faz idéia do que o Lord fará?
– Você não tem nada haver com isso! – dissera ele irritado.
– Você é meu sobrinho, eu quero o seu bem. Você sabe muito bem que não há futuro para vocês dois.
– Vamos descobrir. – dissera ele ameaçadoramente. Então ele ouvira algo atrás de si e vira que Hermione tentava novamente se manter de pé e fora até ela segurando-a. – Hermione... Vou te tirar daqui.
– Avada Kedavra! – amaldiçoara Bellatrix com sutileza.
Com desespero Hermione vira Draco abraçá-la levando o feitiço em seu lugar, os dois caíram, o corpo dele sobre si. Bella e Ephram trocaram olhares enquanto Hermione virava Draco de forma desesperada e dera de frente para o rosto belo dele com os olhos fechados e a boca entreaberta enquanto seus fios claros apenas batiam em sua pele.
– Não, não... – dizia Hermione totalmente horrorizada. – Draco... Não... Não pode ser... Por favor... Não... Não faz isso comigo.
– Alguém se aproxima. – dissera Bella indiferente aparatando na mesma hora.
Hermione não conseguia prestar atenção em mais nada a sua volta. Então sentira a presença de mais alguém a seu lado e vira totalmente atônita Ephram se agachar ao se lado encarando o sobrinho.
– Ele está vivo. – ele dissera simplesmente fazendo o coração de Hermione dar um salto e esquecendo por um momento completamente o perigo que aquele homem proporcionava.
– Do que está falando? Foi um Avada... – ela não conseguira terminar a frase, sua voz sendo roubada por uma sessão de lágrimas.
– Ele não foi acertado diretamente... No coração... Acho que o feitiço apenas passara de raspão por ele.
– Mas isso... Isso faz... Diferença? – disse ela tendo certeza que de acordo com tudo que havia lido sobre Avada Kedavra era para Draco estar morto.
– Acredite em mim: faz. Ele está bem, só está desacordado. – Hermione então respirara profundamente aliviada, ainda sem conseguir parar de chorar pelo susto que tomara. – Mas o que Bella disse é verdade. – o homem dissera voltando ao seu ar seco e cruel. – Vocês dois não têm futuro juntos. – Hermione o encarara apenas engolindo em seco em pura mágoa. – Mas você é muito poderosa... Se usar esse poder a seu favor... Talvez tenham uma chance.
– Do que é que está falando? – perguntara Hermione completamente irritada, se obrigando a não ouvir o que aquele Comensal tinha a dizer, ainda sem se recuperar do choque.
– Estou falando que nenhum lado desta guerra se atreveria a negar tamanho poder. Se você escolher o lado certo talvez você e Draco tenham uma oportunidade de ficarem juntos.
– Eu estou do lado certo. – ela respondera entre dentes.
– Você sabe que independente de qualquer coisa, Draco ama apenas você... O que ele fez aqui... Foi apenas por sua causa, não pense que ele faria o mesmo para salvar outras pessoas... Ele ainda é um Malfoy... Ainda trabalha com Comensais... Ainda está do nosso lado. Ele não pode se transformar em outra pessoa só pelo amor que tem a você.
– Não. Ele é bom. – ela dissera confiante.
– Essa santa ingenuidade de vocês que sempre os condenou. Essa mania de rotular todos de “bons” ou “maus”. Tudo não passa de interesses, garota. Você acha o que? Que se Voldemort for derrotado o mau do mundo vai desaparecer? Não... Talvez exista um pior, até mesmo entre vocês. Todos conseguem ser “bons” à custa de alguém. – Hermione franzira o cenho sem palavras, enquanto o homem se levantara e andara até seu cavalo montando-o. – Enquanto ainda somos inimigos... Me diga pelo menos o seu nome.
– Serei sua inimiga para sempre. – dissera Hermione com ódio para o homem que apenas a encarava.
– E seu nome...? – ela respirara estressada, mas optara por responder.
– Hermione Granger.
– Bem, Srta. Granger... Vai ser um honra matar você em campo de batalha. – ele dissera elegantemente, fazendo Hermione encará-lo ainda mais irritada. – Agora eu sei o porquê dessa super proteção deles com você. Nós tínhamos a mesma para com ela também.
E antes que Hermione entendesse melhor o que ele dissera, o homem já havia galopado para dentro da Floresta novamente. E logo ouvira vozes conhecidas chamando por ela e indo ao seu encontro. Enquanto isso ela se virara novamente para Draco, acariciando seu rosto com o alivio de que tudo havia acabado e que agora poderiam voltar para o castelo. E antes que pensasse mais alguma coisa e identificasse os bruxos que corriam em sua direção, uma exaustão tomara conta de si, fazendo-a desmaiar também, junto dele.
Keep my light in your eyes
(Mantenha minha luz em seus olhos)
Say goodnight not good-bye
(Diga boa noite, não adeus)
Continua...
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