O Plano e a Esperança Renovada
O PLANO E A ESPERANÇA RENOVADA
Cansado, acabado e um lixo, Draco passou o resto do dia em seu quarto, depois de horas remoendo cada minuto da estadia de Gina na mansão, caiu no sono, exausto, e sonhou com Hogwarts, um professor de três cabeças (nenhuma delas gostava dele e todas o acusavam de não ter coração) e torres caindo sem parar, como feitas de baralho. Só podia ter sido o álcool da festa. Seu subconsciente e o consciente fizeram um trato silencioso de nunca, jamais, pensar em Hogwarts... Foi tudo um borrão cheio de perdas de tempo, para que lembrar?
Quando finalmente acordou da manhã seguinte estava se sentindo estranhamente vazio e sozinho. Não conseguiu levantar da cama, nem ao menos abrir os olhos logo que registrou o fato que Gina não estava mais na mansão. Qual razão tinha para levantar?
“Está agindo como um idiota. Levanta.”
Como ela conseguia? Como era capaz de deixar uma marca tão forte nele?
“Eu sou Draco Malfoy. Malfoy. Posso viver muito bem sozinho. Sou a melhor companhia que terei. E isso não é um pensamento amargo.”
Riu.
“Até parece.”
Abriu os olhos e tentou não pensar muito... Como sentia falta dos tempos mais narcisistas, quando suas preocupações se limitavam a ser popular na Sonserina e Quadribol.
Sentia falta de Quadribol. Sentia falta de tanta coisa... Por mais odioso, revoltante e humilhante fosse o fato.
Gina Weasley teria que ser apenas mais uma coisa para adicionar a lista. E fim.
Levantou, tomou um longo banho, escovou os dentes e quando finalmente chegou no momento crucial de pentear e prender seus cabelos... De repente uma raiva incontrolável cresceu ao ver seu reflexo no espelho. Revirou, angustiado sem saber por quê, todas as gavetas do banheiro até achar uma tesoura afiada.
Era como se todos os momentos ruins desde seu sexto ano até a noite do baile explodissem perante seus olhos... Tudo que tinha dado errado em sua vida está representada por aquele cabelo cumprido. Era vital que o cortasse.
Uma por uma, as mechas de loiro prateado caíram no chão aos seus pés e, com elas, cada memória ruim se dissolvia. O cabelo que antes estava na altura um pouco abaixo dos ombros tornou-se curto novamente, como sempre usara. Não tentaria mais ser algo que não podia ser... Nem mesmo por sua mãe.
Parecia que um peso havia sido retirado de seus ombros. O antigo, as tradições, os costumes, a imagem... Tudo aquilo que queria preservar pela família Malfoy não fazia mais sentido.
O fato era que Gina estava errada sobre ele. Não estava sendo centrado só nos seus problemas, não pensara nele... Na verdade antes de ela chegar tudo girava em torno de recuperar prestigio do nome Malfoy. Afinal, não tinha nada além disso. Ninguém tinha ensinado a viver sua própria vida ou o que fazer quando tudo que aprendera não servia mais para nada. Estava perdido. A ilusão de controle veio na obsessão com sua família, que nunca mais voltaria. Queria desesperadamente que tudo voltasse para trás.
Não voltaria.
Não tinha como trazer seu pai da morte, recuperar o tempo perdido, ou curar sua mãe. Era apenas ele. Só ele e o que faria com sua vida agora.
E de repente... Um novo caminho se abriu.
Pegou sua varinha e arrumou o cabelo, para que o novo corte ficasse perfeito, equilibrado e penteado. Vendo o resultado satisfatório, sorriu... Não, soltou uma risada alta e nada Malfoy. Sem mais nem menos, sentia-se livre. Quebrou quaisquer ligações ruins que tinha com o nome Malfoy... Devagar, o sobrenome não era tão pesado quanto antes, não era algo que tinha vida própria... Era só e apenas um sobrenome.
Algo que lhe trazia orgulho, não obrigação.
- Groger!
O elfo corcunda apareceu imediatamente, esperando ordens.
- Prepare meu café da manhã.
De repente sentia muita fome.
- Devo levar em seu escritório, mestre?
- Não. Vou tomar na varanda do jardim.
Groger, apesar de obediente e um elfo-doméstico extremamente tradicional, piscou seus olhos grandes duas vezes, não escondendo a confusão.
- Perdão, mestre Malfoy... Na varanda?
- Isso mesmo. Suas orelhas gigantes ainda estão funcionando... Agora vá.
Com uma reverência menos preparada desapareceu. Draco se trocou, escolhendo uma capa verde, a menos escura e sóbria que possuía, e saiu do quarto estranhamente contente. Não devia estar se sentindo assim. Tinha acabado de se humilhar, confessando seus sentimentos para Gina, e para aumentar ainda mais a ferida além de recusá-lo enfaticamente ela havia ido embora para sempre, naquele momento devia estar nos braços de Potter são e salvo.
Porém... Draco não deixaria mais o assunto abalá-lo. Ao invés disso admitiu finalmente que não tinha chances. Ela não estava apaixonada por ele. Gina queria alguém como Potter e Draco jamais seria assim, graças a Merlin.
Poderia tentar lutar por Gina... Afinal era o que o Cicatriz fazia, lutava com todas as garras por aquilo que queria, mas Draco nunca tinha feito algo assim. Ou algo lhe era dado de mãos beijadas ou então desdenhava do que não tinha. Não ia atrás. Esperava que o caminho lhe fosse aberto antes.
Mesmo no sexto ano, mesmo quando tinha sido aceito no círculo de Voldemort, não tinha sido uma decisão sua, e sim o natural a fazer. Sua obrigação, algo que deveria fazer porque simplesmente devia ser feito. Não que Draco não possuísse escolhas ou mesmo que não achasse certo o que havia feito... A verdade era que nunca havia buscado algo ferozmente, por medo das reais conseqüências.
Medo. Depois de um dia todo pensando em sua vida percebeu que era o que o dominava, aquilo que o impedia de crescer e sair da sombra do pai. Medo de deixar a vida que tinha para trás e começar uma nova, de mudar as regras do jogo.
Mas não mais. Pretendia colocar sua vida de volta nos eixos... Estilo Malfoy. Problema era que, infelizmente, mesmo que tentasse lutar por Gina não adiantaria... Não era uma competição com Potter pelo Pomo de Ouro. A decisão era somente dela e na noite que brigaram deixara claro que ele não era sua escolha. Draco odiava o mau gosto dela.
Podia ter admitido derrota mas não seu orgulho o impedia de esquecer as palavras dela. Estava apaixonado, não surdo. Sentia raiva toda vez que lembrava do que aconteceu. Não só o tinha rejeitado mas também humilhado. Demoraria até o sentimento desaparecer.
Parou seu caminho até o andar debaixo e abriu a porta do quarto dela. Estava estranhamente vazio, sem as malas velhas e de segunda mão espalhadas pelos cantos. A cama está feita e em cima dela estava a máscara de sua mãe que Gina usara sem permissão para o baile.
Quando viu a loira desconhecida andar pelo salão claramente perdida mas fingindo que pertencia àquele mundo sua reação inicial foi choque... Era tão parecida com sua mãe e se não fosse pelo andar acharia que Narcissa estava em sua frente. Mas Gina não possuía a classe e a confiança de sua mãe e a ilusão rapidamente se dissolveu, dando lugar a um sentimento possessivo, principalmente depois de ver Blaise a pegando nos braços. Quando dançou com ela por alguns minutos teve que se controlar para não confessar seus sentimentos ou beijá-la na frente de todos. Felizmente, estava loira e sem sardas, o que diminuiu o desejo e lhe deu forças para tratá-la mal como havia planejado.
Encarando os detalhes e a delicadeza da máscara que sua mãe havia tantas vezes usado em bailes onde apenas ricos e influentes participavam, Draco concluiu que o melhor a fazer era realmente esquecer Ginevra para sempre. Weasley e Malfoy juntos.. O que seu pai pensaria? Qual seria a reação de sua mãe? Afinal, Voldemort e alianças antigas era apenas o começo das diferenças entre eles. Pertenciam a mundos diferentes, quase universos opostos.
O irônico era que nada daquilo mudava o fato que queria estar com ela. O feudo entre Weasley e Malfoy não estava mais em pauta. Ligações indignas ou não, Gina valia a pena. Agüentaria até mesmo Potter se isso a fizesse voltar. O triste era que agora não fazia mais diferença o quão estava disposto a sacrificar por ela.
Desviando o olhar da máscara, Draco reparou que ao lado havia um papel dobrado e uma partitura amarelada. Surpreso, pegou o bilhete e abriu, lendo a mensagem enquanto seu coração, para seu desgosto, acelerava na expectativa.
“A partitura estava no porão, encontrei junto com a máscara.”
Apenas uma linha, nada mais. Nem um adeus ou assinatura. Mas o que mais poderia esperar? Dobrou o papel outra vez e colocou no bolso, tentando ignorar a decepção que sentia. Devagar, como se tivesse medo que desaparecesse se chegasse perto, pegou a partitura antiga.
Era aquela que tanto procurou. A música que sua mãe tocava para fazê-lo dormir, sua favorita. Aquela que ela compusera para ele, seu filho... Sua alegria.
Tu est ma joie, petit.
Estava em suas mãos uma das coisas mais importantes que lhe restavam, uma pequena lembrança de tempos mais simples e felizes. E Gina foi quem lhe deu. Havia se lembrado... Havia se importado o bastante para lhe entregar mesmo depois da briga.
Draco tentou não ficar muito feliz. Não queria migalhas.
Estava prestes a descer até o salão para tocar a música inteira quando se lembrou da aula de piano, do rosto dela perto do seu e dos fios de cabelos ruivos passando de leve em seu pescoço.... Imediatamente perdeu totalmente a vontade de tocar piano. Faria isso outro momento, quando as memórias dela naquela casa não o afetassem mais. Quando Gina Weasley não passasse de um acidente de percurso.
Após guardar em segurança a máscara e a partitura, foi até a varanda e comeu tudo que estava servido com gosto, apreciando cada pedaço de bolo, torrada e gole de suco de abóbora.
No dia seguinte passou em Gringotes para checar os cofres da família (pois um não bastava) e comprou uma vassoura nova, o modelo mais recente que havia. Sentia saudades de voar e não havia nada o impedindo de voltar a praticar um pouco. Quem sabe compraria um time de Quadribol para passar o tempo... “Serpentes de Wiltshire”.
Visitou sua mãe em St. Mungos, trocou as flores do vaso ao lado de sua cama e conversou com o médico responsável. Ainda não havia melhora, mas era possível que em alguns meses respondesse ao tratamento novo.
Tudo estava indo perfeitamente bem. Não pensou sequer uma vez nela o dia todo e estava de ótimo humor até voltar de noite para a mansão, sentar na sala de visitas, acendendo a lareira e tomando um cálice de firewhisky. Em questão de minutos Groger resolveu aparecer e iniciou uma cadeia de eventos que destruíram qualquer chance de esquecer Ginevra.
- O mestre gostaria ler o jornal?
- Claro, por que não?
Foi seu primeiro erro.
Logo que abriu não houve escapatória... Em letras gigantes bem na primeira página estava a manchete vinda do inferno:
“Harry Potter e a Ordem da Fênix presos em Azkaban!”
Claro que sua primeira reação foi abrir um enorme sorriso de satisfação e quase mandar Groger abrir uma das garrafas mais cara de seu pai para comemorar. Potter em Azkaban! Era maravilhoso!
Exceto que não era.
Cinco segundos depois Draco lembrou que Gina fazia parte da Ordem. O sorriso desapareceu logo em seguida. Continuou a ler a notícia, na esperança que o nome dela não fosse mencionado e que pudesse voltar a comemorar o destino de Potter. Não teve sorte, como sempre.
“Após um mês de busca feroz o Ministério finalmente conseguiu descobrir o esconderijo de Potter e seus comparsas. Estavam todos reunidos no local, planejando modos de destruir o Ministro e tirá-lo do poder. Além de Potter foram capturados Hermione Granger, Neville Longbottom, Luna Lovegood, Ronald Weasley, Fred Weasley, Jorge Weasley e Gina Weasley. Todos pertenciam ao grupo de Harry Potter durante seus anos escolares e serão julgados por seus crimes no dia 15 de janeiro...”
Parou de ler. Não estava interessado no resto da notícia. Como aqueles idiotas conseguiram ser tão estúpidos para cair numa armadilha tão óbvia? Seqüestrar Potter e não o matar logo de cara? Tinha que ser o Ministério... Só eles ganhavam mais com a prisão do que com o funeral de Potty. Mártires eram muito mais perigosos que criminosos jogados e esquecidos em Azkaban. Não era para Granger ser inteligente? Anos tirando notas maiores que a dele não serviam para nada? Incompetentes! E agora Gina estava presa naquela ilha... Sua felicidade, sua coragem idiota, sua teimosia e provocações sendo sugadas pelos dementadores... E se... E se resolvessem a sentenciar ao beijo?
Maldito Potter e seus lacaios estúpidos!
Jogou o jornal no fogo e as labaredas ganharam mais vida. Ele não deveria estar se importando, não era assunto dele. Não tinha nada a ver com ele. Nada.
Mas tem, você colocou eles lá. Você colocou ela lá. Para salvar a própria pele. Exatamente como ela falou: só pensa em si mesmo.
Odiava sua consciência.
E daí que tinha mentido sobre Potter idiota para sair de Azkaban? Não tinha feito nada de errado. Foi perfeitamente lógico aceitar a oferta de Higgs. Seria muito burro se perdesse a oportunidade de sair daquele lugar horrível. Não era sua culpa que a Ordem besta era incapaz de fazer algo direito!
Continue mentido. Um dia se convence.
Frustrado, levantou do sofá confortável e bufou. Passou as mãos no cabelo curto, tentando organizar seus pensamentos... Odiava as crises de culpa que recentemente estavam insistindo em aparecer. Culpa não era seu estilo. Não sabia lidar com ela.
Não devia nada a Potter. Depois de anos sempre perdendo dele e de seus amiguinhos uma mentira era pouco. Ele merecia apodrecer em Azkaban.
Mas, admitiu, Gina não.
Aquele foi seu segundo erro.
Draco a libertaria. Sofreu o bastante lá dentro e não queria que o mesmo acontecesse com ela. Não deixaria que sofresse, mas como?
Se fosse outra pessoa e não um Malfoy a solução estaria clara: como bom cidadão, confessaria que tinha mentido, inocentaria a Ordem da Fênix e voltaria para Azkaban, cumprindo sua pena pelos crimes que cometeu no passado.
Como não era um idiota hipócrita teve outra idéia.
- Groger, me traga outra cópia desse jornal.
Draco tinha 11 dias para preparar o jogo... Mas antes daria o bastante para que Gina agüentasse os dementadores.
Era tão frio. Não se lembrava de sentir tão frio quando vinha visitar Draco, parecia que faziam -30º graus naquela cela. Suas unhas estavam azuis e seu lábio seco. Não havia janelas para a luz do sol tentar aquecê-la, nem sequer para lhe dizer se era de dia ou de noite.
Sentia-se sozinha e apática.
- Harry?
- Estou aqui.
A voz dele era rouca e quase impossível de ouvir mas estava lá, na cela ao lado. Havia um pequeno buraco na parede por onde conseguiam ouvir um ao outro.
- Sinto muito.
- Não. Você não fez nada de errado, Gina. É tudo culpa desse desgraçado do Higgs. E, como sempre, do Malfoy. Quando eu achar aquele... – sua voz sumiu e Gina não pegou o resto da frase.
Melhor assim, não queria ouvir nada sobre Draco. Doía demais. Cruzou os braços para tentar se aquecer, o que não fez diferença.
- O que vão fazer conosco? Será que acabou? Vamos ficar aqui para sempre...
- Não, eles não vão perder a oportunidade de fazer um show disso. Vamos ter um julgamento público e vamos perder, claro. É só para Higgs se vangloriar mais.
- Sem chances de sermos inocentados.
- É...
Houve um silêncio longo, nenhum dos dois queria falar em voz alta que viveriam o resto de suas vidas em Azkaban. Era tão injusto... Depois de tudo que passaram, que Harry fez! Como que o mundo mágico poderia esquecer tudo tão rápido?
- Espero que os outros estejam bem.
- Estamos em Azkaban. Ninguém está bem.
- Eu sei – engoliu seco, sentindo a necessidade de contar a Harry sobre Draco voltando à tona com mais força, devia a verdade para ele. – Harry, eu...
Eu estava na mansão de Draco todo o tempo que ficou preso... Eu... Eu não sei mais o que sinto por você...
Acho que... Acho que estou apaixonada por Draco.
- Eu... Senti sua falta.
- Senti sua falta também. Vamos sair daqui, eu prometo.
Covarde... Não passava de uma covarde. Fechou os olhos por um momento, na esperança que todos os problemas desaparecessem e que a culpa que sentia diminuísse.
De repente a porta de sua cela se abriu e algo foi jogado no chão.
- Pacote para você, Weasley. Se contar qualquer coisa sobre isso vai se arrepender. Não vou perder meu emprego por vinte galeões.
Abriu os olhos para vê-lo mas o guarda já tinha trancado a porta novamente e apenas um pequeno pacote em papel marrom estava no chão a sua frente.
- O que aconteceu? – perguntou Harry.
Pegou a entrega e abriu com rapidez, curiosa para saber o que tinha dentro. Quando viu, abriu um sorriso.
- O que houve? – repetiu Harry, preocupado.
- Vamos conseguir sair daqui!
- Por que diz isso?
- Não sei, é apenas um pressentimento.
Sorrindo, olhou o sanduíche de mortadela com sua esperança renovada.
Durante os três primeiros dias coletou o maior número possível de informações. Pesquisou em jornais, foi atrás de pessoas que pudessem ajudar, deu dinheiro para qualquer alma gananciosa que se vendesse por informações. No final de todo o trabalho exaustivo tinha todo seu plano formulado e preparado.
Ah, ele acabaria com Higgs. Destruí-lo em pedacinhos e jogar aos cães... E, felizmente, aquele era só o primeiro passo.
Talvez Draco não fosse o melhor apanhador de Quadribol, o aluno mais inteligente de Hogwarts, o cara mais gostoso do mundo mágico, o herói perfeitinho ou mesmo o Comensal mais assustador... Mas ele era filho de seu pai. E não havia ninguém que o derrotasse no campo político. Era sua arena, seu local de domínio. Seu reino.
Quem precisava de varinha e palavras mágicas quando se tinha pilhas e pilhas de ouro?
Colocou sua pena de volta no tinteiro e fitou o resultado de seu trabalho com satisfação.
Principais Membros do Wizengamot:
1) Higgs – Ministro da Magia
2) Gawain Robards – Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia
3) Davis Croaker – Chefe do Departamento dos Mistérios
4) Nina Pleasegood – Chefe do Departamento de Uso Indevido da Magia
5) Griselda Marchbanks – Juíza da Suprema Corte de Justiça Mágica e Grã Mestre
Cinco pessoas... Bastava cuidar de cinco pessoas para que o resto do júri seguisse o exemplo e inocentasse Gina (e, infelizmente, o resto da Ordem, mas era um preço que Draco estava disposto a pagar).
O julgamento aconteceria em uma semana, não podia perder tempo. Começaria por Higgs e com gosto. O mandato daquele gorducho repugnante já tinha durado tempo demais.
Foi um choque tremendo quando ouviu da primeira vez e teve que ter certeza que não era um sonho.
- O quê?
- Draco Malfoy está na porta, madame Pansy.
- Tem certeza? – fitou Nitsy com desconfiança.
- Sim, sim! Devo o deixar entrar?
- Claro que sim, sua coisa burra! Não acredito que ainda não fez isso!
A minúscula elfa soltou um gritinho agudo e desapareceu rapidamente deixando Pansy arrumando desesperadamente o cabelo e colocando mais maquilagem ainda.
Draco Malfoy! Em sua casa finalmente! Riu sozinha, mal acreditando. Quem sabe a loira cafona não tinha dado um pé no traseiro dele! Seria ma-ra-vi-lho-so!
Puxando o decote frontal de seu vestido para baixo mais ainda, Pansy deu uma última olhada no espelho e desceu para a sala de visitas apressada.
Draco estava sentado no sofá como se fosse dono do lugar, olhava cada centímetro da sala com desdém e superioridade... Ele estava lindo! Quando percebeu que ela se aproximava, virou de leve seu rosto e abriu um sorriso sedutor.
- Olá Pansy.
Não precisou mais nada para que ela se derrete-se toda. Sentou ao lado dele e teve que segurar muito para não colocar a mão na coxa dele. “Ele é tão lindo!”.
- Não esperava por você, Draco. Achei que estaria ocupado com outras coisas.
- Nott está em casa, por acaso?
- Claro que não, como sempre está trabalho... Sabe, com toda aquela história do Potter sendo preso – sorriu tentadoramente. – Estamos totalmente sozinhos.
- Ótimo, porque tenho algo para você.
Seus olhos brilharam de alegria.
- É mesmo? Oh, que maravilha! O que é?
Draco tirou do bolso várias fotos e jogou na mesa de centro, espalhando-as sem delongas.
- Achei que ia interessá-la.
Confusa, Pansy pegou uma das fotos e, para seu horror, viu Theodore e Daphne Greengrass se beijando em plena luz do dia no Beco Diagonal, seu marido bastardo passava a mão no traseiro gigante de Greengrass e ela enfiava sua língua ácida na boca dele como se tentasse desentupir a garganta do desgraçado. E tudo isso na frente de pessoas! Na frente de todo mundo que Pansy conhecia!
A humilhação era terrível! O escândalo!
Pegou as outras fotos e a coisa toda piorou, Nott e a piranha acenavam para a câmera em uma festa na casa do Ministro... Pansy estivera naquela festa! Eles estavam juntos bem na frente do nariz dela! Não tinham senso de descrição?! Não importava o que faziam, se dormiam juntos o resto de suas vidas, desde que fizessem isso em segredo! Ela era a esposa do político influente, não Daphne Greengrass!
- Eu vou matar aquele desgraçado! – gritou, fúria a fazendo rasgar a foto que tinha em mãos. – Vou matar ele! E aquela vadia junto!
- Tenho uma idéia melhor – sorriu Draco. – Me dê tudo que você tem das contas secretas de Nott e Higgs, todas as sujeiras que cometeram nesses anos. Eu te prometo que Nott vai ser humilhado dez vezes mais do que ele te humilhou.
- E quanto a Daphne?
- Ela junto.
- Então, Draquinho... Se prepare, porque você não tem idéia do quanto aqueles dois estão na lama...
Foram dois dias extremamente produtivos.
No dia seguinte de sua visita a Pansy uma edição especial d’O Profeta Diário foi enviada para o mundo todo saber dos desvios de milhões de galões de verbas do governo que, misteriosamente, pararam em contas nos Estados Unidos no nome de T. Higgs e T. Nott.
Horas depois o mundo mágico estava em caos. As acusações, e provas, eram tão graves que o julgamento da Ordem, que tinha sido manchete principal por dias, foi esquecido totalmente em questão de instantes. Milhares de berradores foram mandados para o escritório do Ministro e outras centenas para o de Nott. A população exigia justiça... Melhor ainda se fosse linchamentos em praça pública.
O conselho Wizengamot foi reunido assim que possível e depois de apenas duas horas de discussão foi decidido que Terence Higgs fosse deposto do cargo e que Adrian Pucey, seu assistente sênior, o substituísse até que outro candidato fosse eleito, e que Theodore Nott fosse demitido imediatamente.
Não se esquecendo de Pansy, no entanto, Draco foi fiel à sua promessa e, para humilhar ainda mais Nott, logo após, na terceira página da mesma edição especial que destruiu Higgs, havia fotos extremamente vergonhosas de seu marido e Daphne em uma praia nudista do sul da França. Nunca mais alguém convidou Greengrass ou Nott para qualquer festa. Ao contrário de Pansy, que se divorciou mais rápido que uma serpente dando o bote.
Tudo isso em dois dias de trabalho. Ah, ele era bom.
Sem a influência negativa de Higgs, o julgamento da Ordem poderia ser muito mais justo, algo que não seria necessário de qualquer jeito, mas deixaria as coisas mais fáceis. Ainda faltavam quatro membros do conselho e Draco seguiria com a lista assim que garantisse algo de Pucey.
- O Sr. Pucey vai atendê-lo agora, Sr. Malfoy – a secretária anunciou, mais preocupada em olhar as unhas horrendas do que notá-lo.
Com um sorriso satisfeito nos lábios entrou na sala do agora Ministro Adrian. Sem esperar que lhe fosse oferecido, Draco sentou na cadeira à frente da mesa de Pucey, que estava de pé olhando a janela com paisagem falsa mas que quando ouviu o barulho proposital que Draco fez ao sentar-se virou, assustado.
- Ah, erm... É você, Malfoy.
- Sim, sou eu. Que bom que lembra.
Pucey soltou uma risada fraca que mais pareceu uma tosse.
- C-Como poderia esquecer? Você apareceu ontem no meu escritó-tório. E-Eu não esperava que agisse tã-tão rápido quando disse que ia m-me fazer Ministro.
- Sou eficiente. Está gostando do novo cargo? – quando Adrian abriu a boca para responder Draco já continuara. – Ótimo, porque agora tem um favor para me pagar. Vai cumprir sua promessa?
- C-claro. Amanhã mesmo vou discutir o assunto numa reunião.
- Amanhã não é o bastante. Hoje. Entendeu? Não se esqueça o quão rápido tirei Higgs desse escritório. Amanhã pode ser você.
Observou com satisfação Pucey engolir seco, apavorado. Draco amava o poder. Como podia ter ficado tanto tempo longe daquela sensação? Era viciante. Para não perder o timing levantou da cadeira.
- Onde é o escritório de Gawain Robards?
- Gawain? Primeiro andar... P-Por quê?
- Não é da sua conta – riu, saindo da sala. – Se quer ficar no cargo, Pucey, é melhor parar de gaguejar.
Em dez minutos estava entrando em outra sala, dessa vez do chefe mal encarado do Departamento de Execução das Leis da Magia. Robards requeria um certo cuidado a mais, era da geração de Scrimgeour e definitivamente tão fanático na caça de Comensais como Bartolomeu Crouch foi em seus tempos. O que significava que Draco não seria bem-vindo.
Mas tinha todo o tipo de truque em sua manga e estava preparado.
Bateu na porta do homem ao mesmo tempo que a abria, não lhe dando tempo para recusar entrada. Encontrou Robards de cabeça baixa, lendo um papel com raiva.
- Quem é? Já não me basta toda essa papelada daquele Ministro imbecil? Não tenho tempo para porcaria nenhuma.
- Você vai ter tempo para mim, Robards. Sou Draco Malfoy.
A cabeça careca de Gawain imediatamente levantou para fitá-lo e sua expressão escureceu.
- E o que o filho daquele Comensal desgraçado quer na minha sala?
- Lembrá-lo que sua esposa está realmente muito doente e que o tratamento dela vai sair caro.
- Quem você pensa que é para falar da minha mulher assim, moleque? Quer que eu te prenda aqui mesmo?
- Você poderia curá-la se ao menos ganhasse mais aqui, se o Ministro lhe desse um aumento... Uma pena. Eu poderia ajudar.
- O quê?
- Poderia lhe emprestar o suficiente para ajudar sua situação infeliz. A única coisa que pediria em troca, nada mais justo, claro, seria que seu voto fosse a contra a inocência dos membros da Ordem da Fênix no julgamento que acontecerá em menos de uma semana. Que acha? É uma troca justa.
Os olhos de Robards estreitaram e sua expressão era de fúria gigantesca. Draco teve que se segurar para não rir, tão previsível.
- Você está insinuando que meu voto está a venda? Que eu posso ser subornado? Seu ratinho Comensal presunçoso! O que quer que você ganharia com a prisão da Ordem, não vai ter! Vou pessoalmente garantir que votem a favor daquela gente! Agora saia da minha frente antes que eu te estupore e jogue em Azkaban.
- Como quiser.
Fechando a porta atrás de si, Draco segurou o sorriso de triunfo até que saísse da vista do resto dos funcionários do Departamento.
Dois fora, três faltando. Precisava fazer aquilo mais vezes, era muito divertido.
Faltando seis dias para o julgamento Draco continuou sua cruzada, subornando substancialmente Davis Croaker, do Departamento de Mistérios, para que voltasse a acreditar em tudo que a Ordem fez de bom. A Ordem da Fênix se tornou, depois de mil e duzentos galões, a organização mais heróica e inocente de todas da história para ele. Para garantir ainda mais seu silêncio, Draco lhe deu mais quinhentos galeões e um tapete voador. Croaker continuaria com a tradição dos Inomináveis de não nomear os contribuintes de suas crescentes riquezas. Sem dúvida o melhor departamento do Ministério da Magia, pelo menos era o favorito de Draco.
Três fora, dois faltando.
Com cinco dias para a decisão sobre a inocência de Gina, Draco prestou uma visitinha amigável a Nina Pleasegood que, fiel ao seu sobrenome*, foi muito educada e boazinha. Com uma promessa de convidá-la para jantar que nunca seria cumprida, Draco deixou sua casa com a garantia sorridente e açucarada de Nina que ela faria de tudo para que os amigos de Draco fossem soltos como mereciam. Silenciosamente ele mal pôde acreditar o quão burra a mulher era... Francamente, amigo de Potter? Só uma toupeira para acreditar em algo tão ridículo... Mas quem era ele para julgar a capacidade cefálica dela? Claro que tinha se apresentado com um nome falso e mudado a aparência de forma que a coitada nunca seria capaz de saber que quem realmente a tinha visitado.
Deixando o último nome da lista propositalmente para o final, Draco passou os três dias seguintes tentando descobrir a opinião de Griselda Marchbanks sobre a Ordem. A mulher era uma rocha velha e teimosa e seria impossível comprá-la ou enganá-la. Tentou achar alguma neta influenciável ou um neto tapado para descobrir se a juíza do julgamento era parcial a Potter... Mas a carranca não era casada, obviamente... Quem casaria com aquela múmia seca?
Estava começando a achar que teria que se contentar com os quatro principais membros do conselho aos seus pés quando descobriu algo muito interessante no arquivo de matérias d’O Profeta Diário (teve a autorização mais que feliz do Editor Chefe para acessar os arquivos. Afinal quem lhe deu a notícia do ano havia sido Draco).
Griselda e Augusta Longbottom era muito amigas. Encontrou uma foto das duas sorrindo e conversando animadamente em um chá beneficente para as vítimas da maldição Cruciatus.
Perfeito.
Quem diria que Neville Cabeça-de-Melão serviria para alguma coisa! Com certeza a vovó dele seria uma grande influência na hora de Marchbanks decidir o destino da Ordem.
Voltou para a mansão e finalmente pôde relaxar em dias. Jantou fartamente, deitou na cama e olhou para o teto, descansando. Tudo estava indo conforme o plano, tudo perfeito...
Garantir a vitória no julgamento foi seu terceiro e último erro. Porque em dois dias Gina estaria livre para viver sua vida com Potter e nenhum plano de Draco faria diferença.
Altruísmo era uma merda.
N/A: Ow, ufa. Acabou o capítulo e em tempo recorde. Espero que gostem... Será que a saída de Higgs foi a surpresa que eu gostaria que tivesse sido? Risos. Draco foi o herói do momento, do jeito dele, claro. Se fosse o Harry teria invadido Azkaban e tirado Gina a força, huahuahua. Mandem reviews JÁ! Uma das últimas chances de expressar sua opinião sobre a fic. O final está próximo! Mhuhauaua.
*Pleasegood querer dizer “por favor” e “bom”. Sugerindo, na minha cabeça pelo menos, risos, alguém muito educado e bom. Ou, para Draco, alguém muito burro.
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